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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL MARA CRISTINA RIBEIRO DA COSTA FARELO DE GÉRMEN DE MILHO DESENGORDURADO: INGREDIENTE NA DIETA DE SUÍNOS E FONTE DE ANTIOXIDANTE ENDÓGENO NA CARNE Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação, em Ciência Animal, da Universidade Estadual de Londrina, como requisito à obtenção do título de Doutor. Orientador: Prof. Dr. Caio Abércio da Silva Londrina 2009

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

MARA CRISTINA RIBEIRO DA COSTA

FARELO DE GÉRMEN DE MILHODESENGORDURADO: INGREDIENTE NA DIETA

DE SUÍNOS E FONTE DE ANTIOXIDANTEENDÓGENO NA CARNE

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação,em Ciência Animal, da Universidade Estadual deLondrina, como requisito à obtenção do título deDoutor.

Orientador: Prof. Dr. Caio Abércio da Silva

Londrina2009

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Mara Cristina Ribeiro da Costa

FARELO DE GÉRMEN DE MILHO DESENGORDURADO:INGREDIENTE NA DIETA DE SUÍNOS E FONTE DE

ANTIOXIDANTE ENDÓGENO NA CARNE

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação, em Ciência Animal, da UniversidadeEstadual de Londrina, como requisito à obtençãodo título de Doutor.

Comissão Examinadora:

Prof. Dr. José Maurício Gonçalves dos Santos Centro Universitário de Maringá - CESUMAR

Profa. Dra. Elza Iouko IdaUniversidade Estadual de Londrina - UEL

Prof. Dr. Massami ShimokomakiUniversidade Estadual de Londrina - UEL

Profa. Dra. Ana Maria Bridi Universidade Estadual de Londrina - UEL

Prof. Dr. Caio Abércio da SilvaUniversidade Estadual de Londrina - UEL

Londrina, 22 de Maio de 2009

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O presente trabalho foi realizado na Fazenda Escola e no Laboratório de

Nutrição Animal, Departamento de Zootecnia, Centro de Ciências Agrárias,

Universidade Estadual de Londrina como requisito para a obtenção do título de

Doutor em Ciência Animal pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência

Animal, área de concentração em Produção Animal, sob orientação do Prof. Dr.

Caio Abércio da Silva.

Os recursos financeiros para o desenvolvimento do projeto foram obtidos junto

à agência e órgão de fomento à pesquisa e empresa abaixo relacionados:

– Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e

Tecnológico do Paraná;

– CAPES/MEC – Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior/Ministério da Educação

– Caramuru Alimentos S/A

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“Grandes realizações são possíveis quando

se dá atenção aos pequenos começos”

(autor desconhecido)

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DEDICATÓRIA

À minha base e a coisa mais importante da minhavida: Meus pais Hermínio e Mariko, meus irmãos

Marli, Marlene e Marcelo... pelo amor, apoio,confiança e estarem sempre comigo;

Aos meus sobrinhos: Pedro Henrique (Pedruxo) eJaqueline (Caquinha), por preencherem a minha

vida;

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AGRADECIMENTOS

À Deus...

Ao professor, “sempre” orientador, “boss” e, principalmente, amigo Prof. Dr.Caio Abércio da Silva pela orientação, aprendizagem, confiança e incentivodesde o terceiro ano da graduação até hoje. Muito obrigada por todas as portasabertas neste período, conselhos e ser um exemplo. Que esta não seja adespedida da orientação, mas o começo de parcerias;

À professora Ana Maria Bridi pela amizade, colaboração e apoio durante toda após graduação;

Aos membros da Comissão Examinadora: Profa. Dra. Ana Maria Bridi, Prfa.Dra. Elza Ida, Prof. Dr. José Maurício Gonçalves dos Santos e Prof. Dr.Massami Shimokomaki, obrigada pelas críticas, sugestões e contribuições;

Aos membros da Comissão Examinadora na banca de qualificação: Profa. Dra.Nilva Aparecida Fonseca, Profa. Dra. Márcia e Prof. Dr. Alexandre Oba,obrigada pela contribuição;

Aos professores colaboradores deste projeto: Profa. Dra. Ana Maria Bridi, Prof.Dr. João Waine Pinheiro, Profa. Dra. Nilva Aparecida Fonseca, Prof. Dr.Alexandre Oba, Prof.Dr. Massami Shimokomaki, Profa. Dra. Elza Ida e Profa.Dra. Mara Balarim por toda colaboração;

Aos professores, alunos, estagiários, funcionários e amigos do Departamentode Zootecnia por todo apoio e alegria durante todos esses anos;

Aos funcionários da Fazenda Escola por toda ajuda, colaboração e bonsmomentos divididos durante esses 9 anos;

Aos funcionários do Laboratório de Nutrição Animal, Patologia Clínica eTecnologia de Alimento por toda ajuda e momentos de descontração,

Aos bolsistas Roberta Abrami e Mauro Ywazaki e aos estagiários VittorZancanela, Milena Murai e Ulisses Zancanela, que participaram deste projeto,obrigada pela ajuda e responsabilidade na condução do experimento eanálises;

A empresa CARAMURU Alimentos S/A pelo fornecimento do farelo de gérmende milho desengordurado;

A Fundação CAPES/MEC pela bolsa concedida durante o doutorado;

Aos irmãos do grupo de suínos que já passaram: Edgard, Julian, Juliana Belé...e aos que ainda estão: Roberta, Luiza, Piero, Arturo, Graziela...meu muitoobrigada, pela amizade, apoio e os momentos divididos.... que a família semprecontinue unida apesar da distância e caminhos seguidos;

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Ao coordenador, Prof. Dr. Amauri Alfieri, aos professores e à secretáriaHelenice do programa de Pós Graduação em Ciência Animal por todadedicação ao curso e atenção;

Aos amigos do SNAM (Serviço de nutrição dos animais monogástricos) e daUAB (Universidade Autônoma de Barcelona), principalmente “el gran jefe”Josep Gasa e “la jefa” Montse Anguita pela receptividade, ensinamentos naárea e culturais e, principalmente, experiência vivida. Muchas gracias omerci!!!!

À CAPAL Cooperativa Agroindustrial e ao Sr. Lourenço Teixeira por todaconfiança e apoio nesta fase final e aos “coleguinhas” de trabalho pelareceptividade e tornar o ambiente de trabalho prazeroso;

Aos amigos Alessandra, Karine, Vanessa, Nikita, Bruna, Canelinha, PB,Luciano, Didi, Silvia, Sandra, Bruno, Betinha, Flora.... pela amizade verdadeira,apoio em todos os momentos, compreensão pela falta de tempo e estresse. Aoamigo Jabá que além de amizade, contrinuiu na elaboração da lingüiça;

A todas as pessoas que diretamente ou indiretamente, perto ou distanteestiveram apoiando ou torcendo por mais esta etapa.... meu muito obrigada!!

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SÚMARIO

Lista de Figuras................................................................................................

Lista de Tabelas...............................................................................................

Resumo.............................................................................................................

Abstract.............................................................................................................

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Oxidação Lipídica...................................................................................

2.2 Antioxidantes..........................................................................................

2.3 Ácido Fítico.............................................................................................

2.4 Farelo de Gérmen de Milho Desengordurado........................................

Referências Bibliográficas .....................................................................

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral........................................................................................

3.2 Objetivos Específicos.............................................................................

4. ARTIGOS PARA PUBLICAÇÃO

4.1 Farelo de gérmen de milho desengordurado: ingrediente na dieta de

suínos e fonte de antioxidante endógeno na carne.............................

Resumo................................................................................................

Abstract................................................................................................

Introdução............................................................................................

Material e Métodos...............................................................................

Resultados e Discussão.......................................................................

Conclusão............................................................................................

Referências Bibliográficas....................................................................

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4.2 Estabilidade lipídica do pernil e da lingüiça tipo frescal proveniente de

suínos alimentados com dietas contendo farelo de gérmen de milho

desengordurado em diferentes períodos.............................................

Resumo................................................................................................

Abstract................................................................................................

Introdução.............................................................................................

Material e Métodos...............................................................................

Resultados e Discussão.......................................................................

Conclusão............................................................................................

Referências Bibliográficas....................................................................

5. CONCLUSÃO GERAL.............................................................................

ANEXO

Normas de publicação do periódico Meat Science..............................

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LISTA DE FIGURAS

Farelo de gérmen de milho desengordurado: ingrediente na dieta desuínos e fonte de antioxidante endógeno na carne

Figura 1 - Valores de TBARS (mg/kg) do lombo de suínos quereceberam 50% de Farelo de Gérmen de MilhoDesengordura em diferentes períodos antes do abatemantido sob refrigeração durante 7 dias ……………………... 59

Figura 2 - Valores de TBARS (mg/kg) do lombo de suínos quereceberam 50% de Farelo de Gérmen de MilhoDesengordura em diferentes períodos antes do abatemantido congelado durante 50 dias …………………………... 60

Estabilidade lipídica do pernil e da lingüiça tipo frescal proveniente desuínos alimentados com dietas contendo farelo de gérmen de milho

desengorduradoem diferentes períodos

Figura 1 - Valores de TBARS (mg/kg) do pernil de suínos quereceberam 50% de Farelo de Gérmen de MilhoDesengordura em diferentes períodos antes do abatemantido refrigerado durante 12 dias …………………….…..... 72

Figura 2 - Valores de TBARS (mg/kg) do pernil de suínos quereceberam 50% de Farelo de Gérmen de MilhoDesengordura em diferentes períodos antes do abatemantido congelado durante 50 dias…………………………… 73

Figura 3 - Valores de TBARS (mg/kg) da Lingüiça tipo frescal desuínos que receberam 50% de Farelo de Gérmen de MilhoDesengordura em diferentes períodos antes do abatearmazenada durante 5 dias......…………..…………………..... 76

Figura 4 - Valores de TBARS (mg/kg) da Lingüiça tipo frescal desuínos que receberam 50% de Farelo de Gérmen de MilhoDesengordura em diferentes períodos antes do abatearmazenada durante 12 dias.................................................. 76

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LISTA DE TABELAS

Revisão Bibliográfica

Tabela 1 - Composição química do Farelo de Gérmen de MilhoDesengordurado (FGMD) e do milho com base na matérianatural ……………………………….……………………………. 37

Farelo de gérmen de milho desengordurado: ingrediente na dieta desuínos e fonte de antioxidante endógeno na carne

Tabela 1 - Composição percentual e calculada das raçõesexperimentais........................................................................... 52

Tabela 2 - Efeito do período de inclusão de 50% de Farelo de Gérmende Milho Desengordurado antes do abate na ração desuínos na fase de terminação sobre o ganho diário de peso(GDP), consumo diário de ração (CDR) e conversãoalimentar (CA).......................................................................... 55

Tabela 3 - Índice de Eficiência Econômica e Índice de Custo Médio doefeito do período de inclusão de 50% de Farelo de Gérmende Milho Desengordurado antes do abate na ração desuínos na fase de terminação.................................................. 56

Tabela 4 - Efeito do período de inclusão de 50% de Farelo de Gérmende Milho Desengordurado na ração de suínos na fase determinação sobre o peso carcaça quente (PCQ), pesocarcaça fria (PCF), rendimento de carcaça (RC), perda nacarcaça pelo resfriamento (PCR), comprimento de carcaça(CC), espessura de toucinho (ET), profundidade do músculo(PM), área de olho de lombo (AOL), rendimento de carne nacarcaça (RCC), quantidade de carne na carcaça(QCC)....................................................................................... 56

Tabela 5 - Efeito do período de inclusão de 50% de Farelo de Gérmende Milho Desengordurado na ração de suínos na fase determinação sobre a perda de água por gotejamento e omarmoreio................................................................................

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Tabela 6 - Efeito do período de inclusão de 50% de FGMD na ração desuínos na fase de terminação sobre luminosidade (L*),componente vermelho-verde (a*), componente amarelo-azul(b*), índice de saturação (c*) e ângulo de tonalidade (h*) nolombo no dia da coleta da amostra (dia 0), no lombo mantidoem refrigeração durante 7 dias (dia 7) e no lombo congeladodurante 50 dias (dia 50)........................................................... 58

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Estabilidade lipídica do pernil e da lingüiça tipo frescal provenientede suínos alimentados com dietas contendo farelo de gérmen de milho

desengorduradoem diferentes períodos

Tabela 1 - Composição percentual e calculada das raçõesexperimentais ......................................................................... 69

Tabela 2 - Efeito do período de inclusão de 50% de Farelo de Gérmende Milho Desengordurado na ração de suínos na fase determinação sobre luminosidade (L*), componente vermelho-verde (a*), componente amarelo-azul (b*), índice desaturação (c*) e ângulo de tonalidade (h*) do pernil 14 diasapós o abate mantido em refrigeração e 62 dias após oabate mantido congelado........................................................ 72

Tabela 3 - Efeito do período de inclusão de 50% de Farelo de Gérmende Milho Desengordurado na ração de suínos na fase determinação sobre a composição centesimal da lingüiçafrescal...................................................................................... 74

Tabela 4 - Efeito do período de inclusão de 50% de Farelo de Gérmende Milho Desengordurado na ração de suínos na fase determinação sobre luminosidade (L*), componente vermelho-verde (a*), componente amarelo-azul (b*), índice desaturação (c*) e ângulo de tonalidade (h*) do pernil utilizadono preparo da lingüiça e na lingüiça 0, 5 e 12 dias após opreparo.................................................................................... 75

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RESUMO

COSTA, M.C.R. Farelo de gérmen de milho desengordurado: ingredientena dieta de suínos e fonte de antioxidante endógeno na carne. 2009. 88p.Tese (Doutorado em Ciência Animal, área de concentração em ProduçãoAnimal) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2009.

Foi realizado um experimento com o objetivo de avaliar a inclusão do Farelo de

Gérmen de Milho Desengordurado (FGMD) na ração de suínos na fase de

terminação como ingrediente e fonte de ácido fítico, como antioxidante

endógeno. Foram utilizados 24 suínos machos castrados de linhagem

comercial, com peso médio inicial de 75,41 ± 4,41 kg e idade média de 123

dias. Os tratamentos corresponderam à inclusão de 50% de FGMD na ração

nos períodos de 0, 7, 14 e 21 dias antes ao abate. Foram avaliados o

desempenho zootécnico dos animais e a viabilidade econômica do uso do

FGMD na ração. Os suínos foram abatidos com peso médio de 104,55 ± 4,81

kg e avaliadas as características de carcaça. Amostras do músculo longissimus

dorsi (lombo) e o pernil de cada meia carcaça foram coletados. No lombo foi

avaliada a qualidade da carne. Cada pernil foi dissecado e separado amostras

do músculo bíceps femoris para avaliação da qualidade da carne. A partir do

músculo semitendinosus foi confeccionada a lingüiça do tipo frescal, sendo

avaliado nesta sua qualidade. O delineamento experimental utilizado foi em

blocos (peso inicial dos animais) ao acaso, com 4 tratamentos (0, 7, 14 e 21

dias de fornecimento da ração com 50% de inclusão do FGMD antes do abate)

e 6 repetições por tratamento. Não houve efeito (P>0,05) do período de

inclusão do FGMD na dieta no desempenho zootécnico e nas características

de carcaça. O tratamento mais viável economicamente foi o da inclusão do

FGMD durante 21 dias. Na qualidade de lombo houve efeito linear decrescente

(P≤0.05) apenas na análise da oxidação lipídica da carne mantida em

refrigeração durante 7 dias. À medida que se aumentou o período de inclusão

de FGMD nas rações, a carne refrigerada apresentou menor oxidação. No

pernil e na lingüiça frescal não houve efeito de regressão nas características

avaliadas. O ácido fítico fornecido através da inclusão do FGMD na ração de

suínos em terminação, apresenta ação antioxidante no lombo suíno, com

ausência de efeitos deletérios nas demais características avaliadas.

Palavras-chave: Alimento alternativo, fitato, lombo, oxidação lipídica, pernil

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ABSTRACT

COSTA, M.C.R. Defatted corn germ meal: feed ingredient in swine dietsand phytic acid, endogenous antioxidante, surce on meat. 2009. 88p.Thesis (Doctorate degree in Animal Science) – Londrina State University,Londrina, 2009.

An experiment was carried out with the objective to evaluate the inclusion of

defatted corn germ meal (DCGM) as an ingredient and as a source of phytic

acid (as an endogenous antioxidant) to swine rations during the finishing phase.

Twenty four barrows of commercial line, weighting 75.41±4.41 kg with 123 days

of age were used. The four experimental treatments were represented by the

inclusion of 50% of DCGM in the finishing swine rations during 0, 7, 14 and 21

days before slaughter. The animal performance and economic viability of

DCGM inclusion in the rations were evaluated. The pigs were slaughtered with

104.55 ± 4.81 kg of live weight and the carcasses characteristics were

evaluated. Were evaluated the longissimus dorsi and bíceps femoris muscle

quality. A fresh sausage was prepared using the semitendinosus muscle and

been submited a color and lipidic oxidation evaluation. The experimental design

was a randomized blocks (based on initial weight), with 4 treatments (0, 7, 14

and 21 days of the DCGM inclusion) with 6 replications per unit. There were no

effect (p>0.05) of the treatments on the pigs performance and carcasses

parameters. The better economic index to the DCGM inclusion was to 21 days.

About the meat quality parameters, there was statistical effect (P≤0.05) to the

lipidic stability to refrigerated samples of loin stored during 7 days. The greater

period of DCGM inclusion in the ration decreased the lipidic oxidation of the

meat. There were no differences bertween the treatments to the ham and

sausage characteristics. The inclusion of DCGM as a source of phytic acid in

pigs ration during the finishing phase resulte on antioxidant effect on the loin

without deleterious effects on the others characteristics evaluated.

Key-words: Alternative feed, ham, lipidic oxidation, lomb, phytate

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1. INTRODUÇÃO

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1. INTRODUÇÃO

A carne suína é a proteína animal mais consumida no mundo.

Entretanto, seu consumo no Brasil é considerado baixo, sendo inferior à carne

de frango e bovina. Fatores econômicos associados ao baixo poder aquisitivo

da população, à maior oferta de produtos industrializados (65% em relação à

carne in natura) e ao valor da carne na gôndola, comumente mais elevado que

da carne de frango, e as questões conceituais errôneas de associação do

produto às altas taxas de colesterol e à veiculação de doenças parasitárias,

tem favorecido esta limitação do seu consumo.

Paralelamente, a atividade também passa por períodos

intermitentes de baixo rendimento econômico, principalmente pela forte relação

às commodities milho e farelo de soja, insumos base na confecção de suas

rações.

A nutrição corresponde a aproximadamente 70% do custo de

produção de suínos, estando o milho e o farelo de soja muito vulneráveis às

oscilações de preço. Assim, na busca da redução dos custos de produção e da

menor dependência desses insumos, os ingredientes alternativos têm sido

constantemente avaliados.

Entretanto, a escolha de um ingrediente alternativo não deve

se basear apenas no seu menor custo, mas também na sua disponibilidade,

nos valores nutricionais, nos fatores antinutricionais, nos níveis de inclusão nas

rações e na interferência deste com possíveis danos ambientais e com a

qualidade da carne.

Não obstante o consumo da carne suína se apresentar baixo,

aspectos qualitativos do produto nos níveis nutricionais, sensorial e sanitário

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constituem exigências crescentes do consumidor. Diversos trabalhos têm

apresentado a carne suína como um produto saudável, rico em proteína,

vitaminas do complexo B, minerais e com boa relação de ácidos graxos

polinsaturados e saturados, uma característica desejável à saúde humana.

Técnicas modernas de processamento e cortes especiais na carne in natura

estão sendo cada vez mais empregados, buscando ao mesmo tempo

assegurar as características sensoriais da carne como aroma, textura,

suculência e cor.

Na carne, os lipídios representam um dos principais

componentes responsáveis pelas características sensoriais. Na gordura

intramuscular da carne suína observa-se maior presença de ácidos graxos

insaturados do que nos produtos bovino e ovino. Esta elevada participação

dos ácidos graxos polinsaturados, contudo, expõe a carne suína a maiores

chances de reações de oxidação, que são a principal causa de deterioração da

carne, levando à rancidez oxidativa e com isso à diminuição do prazo de

validade do produto, gerando também subprodutos indesejáveis e maléficos à

saúde humana.

Assim, é grande a preocupação na prevenção desta

transformação através do uso de substâncias antioxidantes, principalmente de

produtos naturais em substituição aos antioxidantes sintéticos. Neste contexto,

a utilização de produtos antioxidantes, quer adicionados diretamente nas

carnes ou indiretamente veiculado, através das rações animais, podem

representar uma forma efetiva de minimização dos danos de oxidação lipídica.

Neste particular, o ácido fítico tem despertado interesse na

prevenção da oxidação lipídica e até de doenças de carater degenerativo,

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sugerindo ser um antioxidante que, se administrado através da ração, pode ser

absorvido e utilizado pelos animais exercendo ação nos tecidos musculares e

em outros órgãos.

Ao relacionar a nutrição e a qualidade da carne, um ingrediente

tem se destacado como um potencial veiculador do ácido fítico, o farelo de

gérmen de milho desengordurado. O produto é resultante da indústria de

extração de óleo de milho, sendo nutricionalmente indicado e utilizado na ração

de aves, suínos e pets. Mais recentemente, contudo, estudos têm apontado

sua potencialidade como um veiculador de altas concentrações de ácido fítico,

gerando significativas melhoras na prevenção da oxidação e na qualidade

sensorial da carne.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Oxidação Lipídica

Nos alimentos, os lipídios estão relacionados a diversas

características sensoriais, como aroma, cor, textura, suculência e vida útil. Os

lipídios podem ser degradados de diversas formas, como oxidação, hidrólise,

polimerização, pirólise e absorção de sabores e odores estranhos (ARAÚJO,

2004a).

A oxidação lipídica é uma das maiores causas da perda de

qualidade nos alimentos, principalmente em tecidos musculares (LEE;

HENDRICKS, 1995), com efeitos negativos nas qualidades sensoriais

(GHIRETTI et al., 1997). De acordo com Morrissey et al. (1998), a oxidação

lipídica é considerada um problema para todos os segmentos envolvidos na

produção de carne, desde produtores primários e processadores até

distribuidores, e entender e controlar os processos envolvidos na oxidação

lipídica é um grande desafio para os pesquisadores.

A oxidação lipídica corresponde a uma série de reações

químicas envolvendo a deterioração oxidativa de ácidos graxos polinsaturados

(DUTHIE, 1993). A reação é iniciada sob a ação do oxigênio, luz e metais de

transição, como o ferro ou pigmentos naturais, quando o ácido graxo perde um

elétron ou um hidrogênio do carbono adjacente à dupla ligação de um ácido

graxo insaturado (MORRISSEY et al., 1998; FERRARI, 1999). Segundo

Morrissey et al. (1998), a oxidação inicia-se facilmente conforme aumenta o

número de duplas ligações do ácido graxo, motivo pelo qual os ácidos graxos

polinsaturados são particularmente susceptíveis à oxidação. Com a retirada do

hidrogênio ou do elétron há formação de radicais livres, que são substâncias

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instáveis e reativas. Sendo instáveis, os radicais livres aumentam as reações

de oxidação, ou seja, propagam as reações até a formação de substâncias não

reativas, caracterizando o término das reações (fase de terminação do

processo).

Na oxidação lipídica há formação de produtos como aldeídos,

cetonas, álcoois e hidrocarbonetos, substâncias tóxicas que levam à

diminuição da qualidade do alimento. Outro fator é a diminuição no valor

nutritivo, pela oxidação de vitaminas e proteínas, perda de cor da carne e

menor tempo de vida útil pela rancificação dos lipídios (ARAÚJO, 2004a), já

que a oxidação é iniciada nos lipídios, mas pode afetar também proteínas,

pigmentos e vitaminas.

Alguns dos produtos da oxidação lipídica são apontados como

substâncias tóxicas que provocam processos deteriorativos em humanos,

como envelhecimento, doenças do coração, doenças coronárias e desordens

carcinogênicas e mutagênicas (GHIRETTI et al., 1997; DUTHIE, 1993).

Segundo Duthie (1993), no organismo, durante a respiração

mitocondrial, a ação de células fagocitárias e o estresse causado por infecções

determinam a produção de oxigênio (O2), que ao receber um elétron, se reduz,

torna-se instável, e na condição de radical livre passa a reduzir outras

moléculas de oxigênio. Na presença de metais como o ferro ou o zinco, o

radical livre forma o radical hidroxil (OH•), altamente reativo. Esse radical

hidroxil provoca danos nas proteínas, nos ácidos nucléicos e em outras

biomoléculas e retira o hidrogênio dos ácidos graxos polinsaturados. Portanto,

o ferro e seus complexos formados com o oxigênio são os iniciadores desta

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reação, que através de várias reações em cadeia determinam a produção de

mais de 60 produtos finais citotóxicos.

Segundo Morrissey et al. (1998), no animal vivo, as reações de

oxidação lipídica são minimizadas por sistemas protetores, como as enzimas

que evitam a formação de radicais livres, transportadores de proteínas, que

seqüestram os metais de transição e antioxidantes, como as vitaminas E e C.

Entretanto, após o abate, eventos como a queda do pH, perda da função de

enzimas antioxidantes e liberação de íons metálicos das proteínas

transportadoras e de estoque, catalisam a reação de oxidação lipídica

(MORRISSEY et al., 1998; FERRARI, 1999).

Durante a conversão do músculo em carne, as mudanças

bioquímicas dão condições para a oxidação de fosfolipídios insaturados, pois o

sistema de defesa antioxidante não consegue acompanhar as mudanças dos

metabólitos e das propriedades físicas. A fase mais expressiva da oxidação

lipídica ocorre durante o processamento, estoque e preparo da carne, pela

liberação do ferro da hemoglobina e mioglobina (MORRISSEY et al., 1998).

Dentre os métodos utilizados para mensurar a oxidação

lipídica, o preferido em sistemas biológicos é o índice de TBARS – substâncias

reativas ao ácido tiobarbitúrico. O índice corresponde à condensação de dois

moles de TBA com um mol de malonaldeído, produto da oxidação de lipídios

polinsaturados quando aquecido em meio ácido, que produz uma solução de

cor avermelhada, que é medida espectrofotometricamente a 532 nm (TURNER,

1954; ARAÚJO, 2004a). O TBARS também é utilizado para mensurar a

oxidação lipídica in vivo (DUTHIE, 1993).

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A estabilidade lipídica nas carnes e nos produtos cárneos pode

ser influenciada por diversos fatores, como a espécie animal, o tipo de tecido

muscular, o estresse, o abate, as condições de vida dos animais e,

principalmente, pela dieta dos animais.

Segundo Ferrari (1999), as carnes suína e de frango são mais

susceptíveis a oxidação que a carne bovina pelo elevado teor de ácidos graxos

insaturados, principalmente os fosfolipídios. Em relação ao tipo de tecido

muscular, os músculos vermelhos são mais susceptíveis à oxidação lipídica,

quando comparados aos músculos brancos, pois os vermelhos apresentam

maior concentração de ferro, maior metabolismo oxidativo e a fração

triglicerídica sofre hidrólise mais rapidamente que os fosfolipídios.

A idade avançada, as doenças, as infecções e o estresse

fisiológico podem também aumentar a produção de oxigênio ativo (radicais

livres), que desencadeiam a oxidação lipídica (FERRARI, 1999).

A composição de ácidos graxos nas dietas dos animais e a

qualidade da gordura predispõem estes à oxidação lipídica. Neste sentido,

suínos que consomem dietas com óleo de soja são mais susceptíveis à

oxidação lipídica que suínos alimentados com gordura animal (MORRISSEY et

al., 1998).

Na busca por diminuir e minimizar a oxidação lipídica e seus

danos, vários estudos estão sendo desenvolvidos na nutrição animal. Morrissey

et al. (1998) sugeriram a retirada da suplementação de ferro e zinco, catalíticos

na oxidação lipídica. Miller et al. (1994), trabalhando com níveis baixo, médio e

alto de ferro suplementado na ração de suínos, verificaram que as carnes

congeladas dos animais do tratamento com alto nível de ferro foram as que

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tiveram maior oxidação e observaram uma correlação positiva entre o ferro da

dieta e o ferro presente no músculo para a incrementação do processo.

Outro caminho para minimizar a oxidação lipídica das carnes é

através da suplementação das rações animais com substâncias que protegem

os músculos desta reação, substâncias estas conhecidas como antioxidantes.

2.2 Antioxidantes

Os antioxidantes, segundo U.S.F.D.A (United State Food and

Drug Administration) são definidos como substâncias usadas para preservar

alimentos por retardar a deterioração, a rancidez ou a descoloração devido à

oxidação.

Os antioxidantes atuam inibindo a formação de radicais livres

através do seqüestro destes, absorvendo oxigênio ou formando quelato com

metais envolvidos na oxidação.

Segundo Araújo (2004b), a escolha do antioxidante depende

da sua estrutura química, do seu modo de ação e da função deste no alimento,

podendo influenciar aspectos físicos no produto, como solubilidade, volatilidade

e estabilidade. Outro fator que deve ser levado em consideração na eficiência

de ação de um antioxidante é a natureza do lipídio do alimento, o estado físico

do alimento, as condições de armazenamento do alimento e a atividade de

água deste.

Os antioxidantes podem ser sintéticos ou naturais. Os

antioxidantes sintéticos apresentam estruturas fenólicas com graus de

substitutos aquilas variáveis. Os mais utilizados são os BHA (hidroxianisol

butilato), BHT (hidroxitolueno), TBHQ (terc-butil hidroquinona) e PG (galato de

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propila). Contudo, pelos riscos à saúde humana, os antioxidantes sintéticos

vêm sendo substituídos pelos naturais.

Os antioxidantes naturais são compostos fenólicos, quinonas,

lactonas e polifenóis. Os cereais são excelentes fontes de antioxidantes

naturais, sendo que estes componentes se concentram principalmente no

gérmen do grão. Neste sentido, durante o processamento, os grãos podem

perder os compostos antioxidantes.

Todavia, quando o germe é retido na industrialização do grão,

este poderá exercer individualmente ou em sinergismo com as fibras, sua ação

antioxidante (DECKER et al., 2002).

Os principais antioxidantes encontrados nos grãos são os

flavonóides, os ácidos fenólicos, os tocoferóis (vitamina E) e o ácido fítico.

Estudos nutricionais em humanos têm indicado que dietas ricas em cereais

atuam prevenindo doenças crônicas, doenças cardíacas e muitos tipos de

câncer, doenças estas relacionadas à oxidação lipídica (DECKER et al., 2002).

Segundo Araújo (2004b), os antioxidantes podem ser

classificados em primários e sinérgicos. Os antioxidantes primários atuam

bloqueando a ação dos radicais livres através da doação ou recepção de

elétrons ou hidrogênio. Os principais antioxidantes primários são o BHA, o

BHT, o TBHQ e os tocoferóis. Estes antioxidantes agem na fase de iniciação e

propagação da oxidação lipídica.

Os antioxidantes sinérgicos atuam removendo o oxigênio ou

agentes complexantes como os metais. Os removedores de oxigênio têm ação

em sistemas fechados, em que o oxigênio encontra-se em quantidade limitada.

O principal exemplo é o ácido ascórbico (vitamina C). Os agentes

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complexantes quelatam os metais como o ferro e o zinco, envolvidos nas

reações de oxidação lipídica. Os principais antioxidantes quelantes são o ácido

fítico, o EDTA e o ácido cítrico. Esses antioxidantes têm a característica de

prolongar a vida útil do alimento.

Nas carnes, os antioxidantes mais utilizados são a vitamina E e

a vitamina C. Segundo Morrissey et al. (1998), a vitamina C, quando

suplementado na dieta animal, aumenta a ação da vitamina E. Seu efeito

benéfico na prevenção da oxidação lipídica, contudo, ainda é questionável. Há

poucos estudos sobre a sua ação e o requerimento deste na dieta de animais

de produção.

Segundo o NRC (1998), a necessidade de vitamina E no final

do crescimento corporal para suínos é de 11 mg/kg de ração. Entretanto,

quando a vitamina E é suplementada em níveis maiores (100 a 200 mg/kg de

ração) é verificado um efeito antioxidante, aumentando o tempo de vida útil da

carne. A vitamina E já teve seu efeito antioxidante comprovado quando

suplementada nas dietas de aves e suínos, melhorando a estabilidade

oxidativa dos produtos durante o armazenamento e o congelamento

(MORRISSEY et al., 1998; SOUZA, 2001; RADCLIFFE, 2004).

Souza (2001) testou níveis de suplementação de vitamina E

durante todo período de crescimento e terminação de suínos, avaliando em

seguida a oxidação lipídica na carne e no presunto. Foi observado o efeito

antioxidante sem incorporar sabor e aroma estranho ao presunto. Entretanto,

um fator que limita o seu uso é o alto custo.

Tem-se buscado alternativas para reduzir o uso de

antioxidantes exógenos (administrado diretamente no alimento de consumo

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humano), substituindo-os pelos endógenos (oferecido nas rações animais

visando indiretamente efeitos antioxidantes na carne), dada a tendência em

consumir produtos naturais com mínima dosagem de aditivos. A introdução de

antioxidantes através da dieta de animais corresponde a um método efetivo

para o aumento da estabilidade oxidativa de produtos cárneos, principalmente

naqueles produtos onde a adição exógena é dificultada (SOUZA, 2001).

2.3 Ácido Fítico

O ácido fítico ou inositol hexafosfato (InsP6) está presente em

diversos cereais, vegetais e leguminosas na concentração de 1 a 5% do peso

(GRAF; EATON, 1990; EMPSON; LABUZA; GRAF, 1991; LEE; HENDRICKS,

1995). Apresenta-se como a principal fonte de fosfato nos grãos, sendo que 60

a 90% do fósforo total do grão pode estar na forma de fitato, como sais de

cálcio, potássio e magnésio. Sugere-se que a ocorrência deste é para proteger

a semente contra a deterioração dirigida pelo oxigênio e pelo ferro (GRAF;

EATON, 1990).

Este complexo apresenta uma forma estrutural única e devido

à energia potencial elevada das seis ligações éster fosfóricas, este é inerte e

estável, podendo ser estocado na forma sólida durante anos (LEE;

HENDRICKS, 1995).

O ácido fítico pode ser hidrolisado e originar o inositol

pentafosfato (InsP5), inositol tetrafosfato (InsP4), inositol trifosfato (InsP3),

inositol bifosfato (InsP2), inositol monofosfato (InsP) e fósforo inorgânico. Essa

hidrólise ocorre através da ação enzimática da fitase presente nas plantas,

produzida pela microbiota intestinal ou na mucosa intestinal animal e da

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fosfatase alcalina da mucosa intestinal animal (GRAF; EATON, 1990;

SAKAMOTO; VUCENIK; SHAMSUDDIN, 1993; SEYNAEVE et al., 1999).

Segundo Selle; Ravindran (2007), na nutrição de suínos

existem quatro possíveis origens de atividade enzimática para a degradação do

fitato: enzima endógena sintetizada pela mucosa do intestino delgado, enzima

da microbiota geralmente presente no intestino grosso, fitase intrínseca de

alguns cereais que podem estar presentes na dieta, dependendo do tratamento

térmico recebidos por estes, e fitase exógena adicionada nas dietas. Em

suínos, 41,9% da degradação ileal do fitato de rações a base de cereais

provém da atividade da fitase intrínseca atribuída à fitase da mucosa e

atividade não específica da fosfatase (SANDBERG et al., 1993).

Segundo Grases et al. (2001), o ácido fítico é encontrado

também em todas células e fluídos animais, mas as razões que explicam esta

ocorrência não são totalmente conhecidas, assim como a síntese e a síntese

de novo deste nos animais.

Sakamoto; Vucenik; Shamsuddin (1993) relataram que os

compostos do inositol têm papéis importantes como mensageiros secundários

na transmissão e sinais intracelulares. Neste sentido, o InsP6 foi encontrado no

cérebro (GRASES et al., 2001) e o InsP5 foi encontrado nos eritrócitos de aves

e anfíbios, ligado à hemoglobina, reduzindo a afinidade desta com o oxigênio e

o liberando (COSGROVE apud GRAF; EATON, 1990).

A estrutura única do ácido fítico sugere elevado poder de

quelação, com alta afinidade pelos cátions polivalentes como cálcio, ferro,

zinco, cobre e manganês. Pela propriedade de formar quelatos, o ácido fítico é

considerado um antinutriente, por interferir na biodisponibilidade de minerais

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para suínos e aves, principalmente do ferro, cálcio e cobre (FIREMAN;

FIREMAN; 1998; SEYNAEVE et al., 1999; SELLE et al., 2000), pois, ao serem

quelatados, os minerais não ficam no estado iônico necessário para a absorção

(LOPEZ et al., 2002).

O complexo metal-fitato formado é solúvel em pH baixo e, em

pH neutro, tem a solubilidade limitada (LEE; HENDRICKS, 1995), motivo que a

maior parte desse complexo atravessa o trato gastrointestinal na forma não

degradada, apesar de cereais e mucosa intestinal apresentarem atividade da

enzima fitase.

Bertechini (1998) relatou que suínos jovens não possuem o

intestino desenvolvido e com isso têm pouco aproveitamento do fósforo fítico

da dieta. Entretanto, os suínos adultos conseguem aproveitar o fósforo fítico

em até 50%. Segundo Minihane; Rimbach (2002), a absorção do ferro é

influenciada por diversos fatores, entre eles o ácido fítico. Entretanto, esse

efeito inibitório é observado quando pelo menos cinco dos seis possíveis sítios

do inositol são fosforilados. O InsP6 é o que tem maior poder de quelação e

maior inibição na absorção dos minerais comparando com as outras formas.

Segundo Graf; Eaton (1990), a mucosa e a microflora intestinal

apresentam certa atividade fítica, entretanto a maior parte do ácido fítico

ingerido passa através do trato gastrointestinal de forma não degradada.

Já, Seynaeve et al. (1999), ao trabalharem com os efeitos da

relação cálcio e fósforo, níveis de fósforo e suplementação de fitase microbiana

em suínos em crescimento, verificaram que há desfosforilação do ácido fítico

pela ação da fitase dos grãos e da mucosa intestinal, da fosfatase alcalina da

mucosa intestinal ou da fitase da flora intestinal, mesmo nos animais que

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receberam ração sem a suplementação de fitase. A hidrólise é verificada mais

no fim do íleo, enquanto no estômago a degradação enzimática pode ser

considerada nula, pois o ácido fítico é bem estável ao pH estomacal.

Entretanto, quando há suplementação da fitase microbiana na ração, a

degradação ocorre no estômago e no final do íleo ela é triplicada.

Grases et al. (2001) testaram a concentração do InsP6, InsP5 e

InsP4 em tecidos e fluídos biológicos utilizando ratos tratados com dietas sem e

com 1% InsP6. Os autores verificaram que a concentração do InsP6 presente

em tecidos como rins, cérebro e ossos, depende deste na dieta, ou seja,

quando o InsP6 não estava presente na dieta, houve queda dramática na

quantidade de InsP6 nos tecidos, sugerindo que o InsP6 presente no organismo

vem da dieta. A concentração de InsP5 também foi afetada pelo InsP6 da dieta,

pois se verificou que o InsP5 é originado a partir da desfosforilação de InsP6. Já

o InsP4 apresentou níveis semelhantes nos animais que receberam os

tratamentos com e sem adição de InsP6, indicando que este pode ser

sintetizado, reforçando que este é mensageiro secundário nas células e estas

podem controlar os níveis de InsP4. As maiores concentrações de InsP6, InsP5 e

InsP4 foram verificados no cérebro, sendo que no plasma, o nível de InsP6 foi

10 vezes maior nos animais submetidos ao tratamento com adição de InsP6.

Sakamoto; Vucenik; Shamsuddin (1993), ao trabalharem com

InsP6 marcado e administrado oralmente em ratos, estudaram a presença

deste no sangue, na digesta e nos tecidos, uma e 24 horas após sua

administração. Os autores verificaram que o InsP6 marcado foi rapidamente

absorvido. Considerando uma administração de 100% de InsP6, foram

encontrados nas fezes 14,1% e na digesta do trato gastrointestinal 6,9% do

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total administrado, sugerindo que 79% do InsP6 teria sido absorvido. Ao

contrário de outros trabalhos que indicaram que a desfosforilação não ocorre

no estômago, esses autores ao observarem as células epiteliais gástricas e

intestinais, verificaram que a desfosforilação ocorre no estômago e também no

intestino. Foi verificada grande proporção de atividade radioativa no trato

gastrointestinal, na pele e no músculo esquelético. Segundo os autores, essa

alta atividade no músculo esquelético se deve ao fato deste ser local de

armazenamento do inositol.

Para aumentar a disponibilidade dos minerais, principalmente

do fósforo, cálcio e ferro, e com isso diminuir a poluição ambiental pelos

dejetos de suínos e reduzir a necessidade de suplementação de fosfatos, um

dos itens de maior custo na ração, indica-se a suplementação da fitase

microbiana nas rações de suínos (POINTILLART, 1997; FIREMAN; FIREMAN,

1998). Diversos trabalhos apontam melhora no desempenho dos animais ao

utilizar a fitase. Entretanto, um ponto pouco discutido é que ao suplementar as

rações com a fitase, há liberação de minerais, como o ferro e zinco, que

catalisam as reações de oxidação lipídica.

Gebert et al. (1999a, 1999b) testaram dietas suplementadas

com fitase, vitamina E e vitamina E + fitase e observaram o efeito destes

tratamentos na disponibilidade dos minerais, no desempenho, nas

características de carcaça, nas características de carne suína e na qualidade

da gordura. Estes autores observaram melhora na disponibilidade dos

minerais, pelos animais que receberam os três tratamentos. Em relação ao

desempenho, apenas houve efeito nos animais que receberam o tratamento

com adição de fitase, enquanto as características de carcaça, como a

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porcentagem de carne magra e a porcentagem de gordura, não foram

influenciadas pelos diferentes tratamentos. Na qualidade da carne, o grupo

tratado com vitamina E apresentou uma tendência à carne com coloração mais

vermelha, e no tratamento com fitase, à carne pálida. Na gordura não houve

diferença entre os tratamentos, já que os autores atribuíram que a variação

individual entre os animais é responsável por essa característica, como

também pela capacidade de retenção de água. A oxidação lipídica foi maior na

carne dos animais que receberam tratamento com fitase, indicando que ao

aumentar a disponibilidade dos minerais, provavelmente estes catalisaram as

reações de oxidação lipídica pela autoxidação da mioglobina ou pela formação

do radical hidroxil (OH•), e com isso houve alteração na cor da carne.

Outra forma de evitar o fator antinutricional do ácido fítico é o

desenvolvimento de cereais com baixa concentração deste complexo. Veum et

al. (2001) testaram uma variedade de milho modificado com baixa quantidade

de ácido fítico na alimentação de suínos. Estes autores observaram in vitro que

o milho da variedade com baixa concentração de ácido fítico, apresentou alta

disponibilidade do fósforo, quando comparado com o milho comum. In vivo foi

verificado melhor desempenho dos animais alimentados com milho modificado,

que apresentava baixa quantidade de ácido fítico, mostrando assim ausência

de comprometimento dos valores nutricionais no milho modificado.

A propriedade do ácido fítico em quelatar minerais torna-o

também benéfico à saúde e indica o seu uso na prevenção de algumas

doenças. Ao quelatar o cálcio, o ácido fítico age na prevenção de cálculos

renais e na hipercalcinúria (OHKAWA apud GRAF; EATON, 1990). Dietas ricas

em cálcio podem resultar no aumento da excreção de cálcio pela urina e

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conseqüente aumento na incidência de cálculos renais (ZHOU; ERDMAN,

1995). Ao quelatar metais pesados, há uma diminuição na toxicidade destes,

como o cádmio (MINIHANE; RIMBACH, 2002).

Segundo os mesmos autores, ao atrasar a absorção da glicose

pós prandial, o ácido fítico atua também diminuindo os níveis de colesterol e

triglicérides no plasma. Jariwalla et al. (1990) testaram a inclusão ou não de

ácido fítico em dietas de ratos com elevados níveis de colesterol. Os autores

verificaram que ratos que receberam dieta com níveis elevados de colesterol e

de ácido fítico tiveram diminuição nos níveis séricos de colesterol total e

triglicérides. Atribui-se a essa diminuição, a modulação hemostática entre o

zinco e o cobre pelo ácido fítico na hipercolesterolnemia, já que a alta relação

entre o zinco e cobre está correlacionada com a hipercolesterolnemia e

associado a doenças cardiovasculares.

A ligação do ácido fítico com eritrócitos é indicada no

tratamento de desordens em que há baixa oxigenação nos tecidos, como nos

casos de isquemia orgânica, anemia hemolítica e insuficiência pulmonar

(GRAF; EATON, 1990).

O efeito benéfico do ácido fítico mais salientado pelos

pesquisadores é o de quelatar o ferro. O ácido fítico age como potente

antioxidante natural, efetivo agente para inibir a oxidação em produtos

alimentares. O ácido fítico, ao contrário dos antioxidantes que atuam agindo

com o oxigênio nas reações de oxidação, inibe a formação do radical hidroxil

dirigido por metais, principalmente o ferro, tornando-os inativos (EMPSON;

LABUZA; GRAF, 1991; GRAF; EATON, 1990). Assim, o ácido fítico apresenta-

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se como um antioxidante ideal para a carne suína, já que esta tem elevado teor

de ferro, que é um dos catalisadores da oxidação em produtos cárneos.

Lee e Hendricks (1995) testaram soluções de ácido fítico em

diferentes tampões e pHs diretamente na carne bovina e verificaram que com a

adição de ácido fítico ocorreu diminuição na oxidação lipídica pela autoxidação

do ferro ou por quelatar o ferro e o tornar inativo. Entretanto, esse efeito

antioxidante depende da concentração e do pH, tendo os maiores efeitos em

pH neutro e básico. Os autores verificaram ainda que o ácido fítico teve o efeito

antioxidante mais efetivo que outros antioxidantes como o ácido ascórbico,

BHT e EDTA.

No salame Milano e na mortadela o ácido fítico pode ser uma

alternativa ao uso do ascorbato sódico em relação às características de cor e

estabilidade lipídica (GHIRETTI et al., 1997).

Segundo Graf; Eaton (1990), na relação 0,25 ácido fítico –

ferro, a formação do radical hidroxil é completamente bloqueada. Porres et al.

(apud MINIHANE; RIMBACH, 2002), ao testarem dietas com níveis alto e baixo

de ferro e dietas com e sem a inclusão de fitase, verificaram valores de TBARS

maiores nos tratamentos com maior nível de ferro e com inclusão de fitase,

indicando que dietas com ácido fítico protegem contra a peroxidação lipídica no

cólon em níveis moderadamente altos de ferro.

Para o ácido fítico agir como antioxidante não é necessário ter

os seis fósforos ligados ao inositol, ou seja, não só o InsP6 atua como

antioxidante, mas o InsP5, InsP4 e o InsP3 também têm esta ação (GRAF;

EATON, 1990). Miyamoto (apud MINIHANE; RIMBACH, 2002) citou que as

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diferentes formas de inositol, InsP5, InsP4, InsP3 e InsP2, podem prevenir a

peroxidação lipídica induzida pelo ferro nas membranas lipossomais.

Ao formar quelato com o ferro, o ácido fítico age também

protegendo contra danos da isquemia cardíaca (ZHOU; ERDMAN, 1995),

desordens cancerígenas como câncer no cólon e mamário (GRAF; EATON,

1990; ZHOU; ERDMAN, 1995), sendo que esta ação anti-neoplásica não é

observada apenas na fase inicial, mas também na fase pós-inicial

(SAKAMOTO; VUCENIK; SHAMSUDDIN, 1993). Pela ação anti-neoplásica,

através da regulação na proliferação celular, mesmo após a estimulação

carcinogênica, o ácido fítico tem sido um importante candidato à

quimioprevenção. Estudos em ratos demonstraram que quando o ácido fítico

foi adicionado em 8,9 % na dieta, houve diminuição no crescimento de tumores

e aumento no tempo de sobrevivência dos animais, provavelmente pela

formação do complexo magnésio-fitato que foi efetivo neste tratamento (ZHOU;

ERDMAN, 1995).

Entre as propriedades anticarcinogênicas mais estudadas do

ácido fítico está a diminuição no risco de câncer de cólon induzido por metais.

Segundo Minihane; Rimbach (2002), o alto consumo de metais aumenta o risco

de câncer de cólon e dietas com altos níveis de ácido fítico podem reduzir

efeitos danosos da oxidação por estes metais.

2.4 Farelo de Gérmen de Milho Desengordurado

O milho e o farelo de soja são os principais ingredientes na

alimentação de suínos, compondo um dos itens de maior custo de produção. O

milho, pela sua inclusão nas rações, pode ser responsável por até 40% do

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custo de produção de suínos (BELLAVER, 2004). Visando diminuir estes

custos, é contínua a busca por ingredientes alternativos que possam substituir

o milho e o farelo de soja.

Ao optar por um alimento alternativo deve-se avaliar a

disponibilidade, valor nutritivo, nível de inclusão ou substituição, presença de

fatores antinutricionais, efeitos na qualidade da carne e fase a ser utilizada,

sendo a fase de crescimento e terminação de suínos interessante para o uso

destes ingredientes, pois chega a ser responsável por até 80% do consumo

total de ração.

Neste sentido, têm-se destacado os co-produtos da indústria. O

farelo de gérmen de milho desengordurado é um co-produto do milho

resultante da extração de óleo. Na indústria, o método mais comum de

extração de óleo, o milho é limpo e degerminado através da moagem, obtendo

a canjica e o gérmen. O gérmen passa por moagem, peneiração, peletização e

secagem, obtendo-se um gérmen peletizado rico em lipídios. Desse gérmen

peletizado é extraído o óleo com o uso do solvente hexano. Após a separação

do gérmen e solvente, tem-se o gérmen lex. Após ajuste nos níveis dos

minerais do gérmen lex, o produto sofre nova peletização e origina o gérmen

de milho desengordurado (LEAL, 2000).

O farelo de gérmen de milho desengordurado é

nutricionalmente indicado na alimentação de aves e suínos como produtos

alternativos em substituição principalmente ao milho (ANDRIGUETTO et al.,

1982). Segundo o MAPA (1988), o farelo de gérmen de milho desengordurado,

como ingrediente na alimentação animal, apresenta as seguintes

especificações: umidade (máximo) 12,00%, proteína bruta (mínimo) 12,00%,

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fibra bruta (máximo) 10,00%, matéria mineral (máximo) 5,00% e aflatoxinas

(máximo) 50 ppb. Entretanto há variações nos valores nutricionais do farelo de

gérmen de milho encontrados possivelmente pelas diferenças de solo, clima e

cultivares ou ainda às condições de processamento, e, principalmente em

relação ao extrato etéreo que depende do método de extração utilizado pela

indústria do milho. Na Tabela 1 estão demonstrados os valores nutricionais e

energéticos do farelo de gérmen de milho utilizados em estudos, confirmando

que este pode ser empregados na dieta de suínos como substituto do milho

(COSTA, 2005; SOARES et al., 2004; MOREIRA et al., 2002; RODRIGUES et

al., 2001; ROSTAGNO, 2000; NRC 1998).

Tabela 1- Composição química do Farelo de Gérmen de Milho Desengordurado(FGMD) e do milho com base na matéria natural

Composição FGMD1 FGMD2 FGMD3 FGMD4 Milho5

Matéria seca (%) 87,30 90,33 91,14 90,16 87,10Proteína bruta (%) 10,99 10,68 10,20 10,85 8,57Fibra bruta (%) 4,29 8,21 - 2,78 1,95Extrato etéreo (%) 2,12 0,86 1,27 1,29 3,46Matéria mineral (%) 3,51 3,75 - 6,59 1,28Fósforo total (%) 0,52 0,52 0,41 - 0,24Energia digestível (kcal/kg) 2985 2097 3060 - 3476Energia metabolizável(kcal/kg) 2773 2078 2949 - 3331

1 Costa (2005)2 Soares et al. (2004)3 Moreira et al. (2002)4 Rodrigues et al. (2001)5 Rostagno (2000)

Soares et al. (2004), testando a inclusão de 0, 10, 20 e 40% de

farelo de gérmen de milho desengordurado na ração de suínos em crescimento

e terminação, concluíram que é viável a utilização deste em até 30%, sem

causar efeitos negativos sobre as características de carcaça. Moreira et al.

(2002) testaram a inclusão de 0, 15, 30 e 45% e também não encontraram

efeito negativo nas características de carcaça, entretanto, verificaram piora na

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conversão alimentar e no ganho diário de peso em todos os níveis de inclusão.

Costa (2005) testou a inclusão de até 40% farelo de gérmen de milho

desengordurado em suínos na fase de terminação e não verificou diferença no

desempenho zootécnico, entretanto houve melhora no rendimento de carcaça

e maior profundidade de músculo nas carcaças dos animais que receberam os

maiores níveis de inclusão. Um ponto salientado em todos os trabalhos foi a

viabilidade econômica deste produto, tornando interessante sua inclusão de

acordo com o custo do produto.

O efeito antinutricional associado ao ácido fítico no seqüestro

de minerais e aminoácidos na nutrição de monogástricos não foi verificado

quando este foi adicionado, via farelo de gérmen de milho desengordurado, na

ração de suínos em terminação. Os animais ao consumirem até 50,44 g de

ácido fítico por dia durante 28 dias não apresentaram alterações nos níveis de

cálcio, fósforo e uréia séricos e nem seqüestro de cálcio e fósforo ósseo

(COSTA, 2005).

Além de ser um produto alternativo, o farelo de gérmen de

milho desengordurado é uma excelente fonte de ácido fítico. Leal (2000) extraiu

o ácido fítico de diversas formas do gérmen de milho e determinou o teor

máximo de 6,24%, no gérmen obtido logo após a degerminação e separação

da canjica. Este valor encontra-se próximo ao valor de 6,40% descrito por Graf;

Eaton (1990). O valor mínimo de 1,95% de ácido fítico foi encontrado no

gérmen com alta quantidade de impurezas, com mais amido que as outras

formas de gérmen.

Os valores médios de ácido fítico no gérmen lex e no gérmen

de milho desengordurado foram, 3,70 e 2,90%, respectivamente. Após a

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extração do ácido fítico no gérmen de milho desengordurado, Leal (2000)

obteve um produto com 34,97% de ácido fítico, e este ao ser utilizado como

antioxidante diretamente sobre a carne teve os seus efeitos comprovados,

inibindo a oxidação lipídica da coxa e da sobrecoxa de frangos.

Costa (2005) e Harbach et al. (2006) ao testarem o efeito da

inclusão de vários níveis de farelo de gérmen de milho desengordurado, como

fonte de ácido fítico, durante 4 semanas na ração de suínos em fase de

terminação, sobre a qualidade da carne, verificaram uma diminuição da

oxidação lipídica em 57,71% e 27,60% no lombo refrigerado e no pernil

congelado, respectivamente, quando 40% do produto foi incluído na ração em

relação ao tratamento controle (sem gérmen de milho).

O ácido fítico veiculado pelo farelo de gérmen de milho

desengordurado atuou também na queda dos valores de colesterol e

triglicérides séricos em suínos. Conforme os suínos consumiram rações com

farelo de gérmen de milho, durante 28 dias, houve queda de até 63,00% e

28,91% nos níveis séricos de triglicérides e colesterol, respectivamente, no

tratamento com 20% de inclusão de farelo de gérmen de milho desengordurado

(COSTA, 2005).

Portanto, diante destas características, o farelo de gérmen de

milho desengordurado apresenta-se como uma fonte de ácido fítico, além de

ingrediente alternativo passível de, sob uso endógeno (via ração), desenvolver

alguma atividade antioxidante, melhorando as características químicas e

sensoriais da carne suína.

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3. OBJETIVOS

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3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Avaliar a inclusão do farelo de gérmen de milho desengordurado

em diferentes períodos como ingrediente e fonte de ácido fítico em rações de

suínos em fase de terminação sobre o desempenho, as características de

carcaça e a qualidade da carne.

3.2 Objetivos Específicos

o Avaliar o desempenho zootécnico de suínos que receberam

rações com 50% de farelo de gérmen de milho desengordurado

em diferentes períodos pré abate na fase de terminação;

o Avaliar os efeitos nas características de carcaça de suínos que

receberam rações com 50% de inclusão do farelo de gérmen de

milho desengordurado em diferentes períodos pré abate;

o Identificar a qualidade da carne de suínos que receberam rações

com ácido fítico (2,14%) veiculado pelo farelo de gérmen de milho

desengordurado em diferentes períodos na fase de terminação;

o Avaliar o efeito da inclusão de 50% de farelo de gérmen de milho

desengordurado em diferentes períodos, como fonte de ácido

fítico, na fase de terminação, sobre a estabilidade lipídica da

carne suína e da lingüiça tipo frescal.

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4. ARTIGOS PARA PUBLICAÇÃO

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4.1 FARELO DE GÉRMEN DE MILHO DESENGORDURADO: INGREDIENTENA DIETA DE SUÍNOS E FONTE DE ANTIOXIDANTE ENDÓGENO NA

CARNE

Artigo editado de acordo com as normas de publicação do periódico Meat Science

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Farelo de gérmen de milho desengordurado: ingrediente na dieta de

suínos e fonte de antioxidante endógeno na carne

RESUMO O experimento avaliou os efeitos de diferentes períodos de inclusão do farelode gérmen de milho desengordurado (FGMD), como ingrediente e fonte deácido fítico em rações de suínos em fase de terminação, sobre o desempenho,características de carcaça e qualidade da carne. Foram utilizados 24 suínosmachos de mesma genética comercial com peso médio inicial de 75,41 ± 4,41kg e idade média de 123 dias. Os tratamentos corresponderam a inclusão de50% de FGMD na ração nos períodos de 0, 7, 14 e 21 dias antes ao abate.Foram avaliados o desempenho zootécnico, a viabilidade econômica doperíodo de inclusão do FGMD na dieta de suínos, as características de carcaçae de qualidade da carne e o efeito antioxidante do ácido fítico, através daanálise de oxidação lipídica na carne. O delineamento experimental utilizado foiem blocos (peso inicial dos animais) ao acaso, com 4 tratamentos e 6repetições por tratamento. Não houve efeito (P>0,05) do tempo de inclusão doFGMD na dieta no desempenho zootécnico e nas características de carcaça. Otratamento mais viável economicamente foi o da inclusão do FGMD durante 21dias. Na qualidade de carne houve efeito linear decrescente (P≤0.05) apenasna análise da oxidação lipídica da carne mantida em refrigeração durante 7dias. A medida que se aumentou o período de inclusão de FGMD nas rações, acarne refrigerada apresentou menor oxidação.

Palavras-chave: alimento alternativo, ácido fítico, fitato, oxidação lipídica

ABSTRACTThe experiment evaluated the effects of different periods of inclusion of defattedcorn germ meal (DCGM) as an ingredient and source of phytic acid in therations of finishing swine on the performance, carcass characteristics andquality and lipidic oxidation of meat. Twenty four borrows with 75.41 ± 4,41 kgof initial weight and 123 days of age, been the same genetic basis were used.The experimental treatments were represented by the inclusion of 50% ofDCGM in the finishing swine rations during 0, 7, 14 and 21 days before ofslaughter, defining four treatments. The performance parameters, the economicviability of the treatments, the carcass and meat characteristics and theantioxidant effect were evaluated. The experimental design was a randomizedblocks (based on initial weight), with 4 treatments and 6 replications per unit.There were not effect (P>0,05) of the treatments on the performance andcarcass characteristics. The better economic index to the DCGM inclusion wasto 21 days. About the meat quality parmeters, there was a statistical effect(P≤0.05) to the lipidic stability to refrigerated samples of loin stored during 7days The greater period of DCGM inclusion in the ration decreased the lipidicoxidation of the meat.

Key-words: alternative ingredient, lipid oxidation, phytate, phytic acid

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INTRODUÇÃO

Os lipídios são responsáveis pelas características sensoriais como

sabor, cor, aroma e suculência nas carnes. Nos suínos, através da dieta, pode-

se alterar a composição dos lipídios bem como protegê-los da oxidação.

A oxidação lipídica provém de uma série de reações que ocorrem

principalmente nos ácidos graxos polinsaturados (DUTHIE, 1993) pela ação de

fatores como oxigênio, luz e temperatura, catalisados pela presença de metais

de transição, como ferro e zinco (MORRISSEY et al., 1998; FERRARI, 1999).

Os efeitos conseqüentes destas reações envolvem a diminuição da qualidade

do alimento, pela perda do seu valor nutritivo, alteração nas características

sensoriais, além da geração de produtos tóxicos, que podem oferecer riscos à

saúde do consumidor (GHIRETTI et al., 1997; LEE; HENDRICKS, 1995;

DUTHIE, 1993). Segundo Morrissey et al. (1998), os danos da oxidação lipídica

no organismo são minimizados por substâncias protetoras como os

antioxidantes e as proteínas seqüestradoras de metais. Entretanto, quando o

animal é abatido, eventos ligados ao sacrifício e à transformação do músculo

em carne, levam à aceleração da oxidação lipídica, com perda da função

desses agentes protetores (MORRISSEY et al., 1998; FERRARI, 1999).

Uma forma efetiva de evitar ou minimizar os danos da oxidação lipídica

nas carnes é através do uso de substâncias antioxidantes. Dentre diversos

produtos disponíveis e pela preocupação maior dos consumidores por

alimentos saudáveis, os antioxidantes naturais e endógenos (administrados via

dieta animal) têm sido motivo de pesquisas recentes.

O ácido fítico (inositol hexafosfato), uma estrutura complexa comumente

presente nos cereais, tem demonstrado uma importante ação antioxidante na

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carne, um contraste ao efeito antinutricional que o mesmo determina para os

monogástricos, não disponibilizando o fósforo da sua composição, além de

quelatar minerais e aminoácidos da dieta (FIREMAN; FIREMAN; 1998;

SEYNAEVE et al., 1999; SELLE et al., 2000). Embora o conceito da associação

do ácido fítico com o comprometimento nutricional prevaleça, Seynaeve et al,

(1999) indicaram que os animais desenvolvem algum aproveitamento deste

complexo, sugerindo que o inositol hexafosfato, presente em muitos tecidos do

organismo, provém da dieta (GRASES et al, 2001). O tecido muscular, neste

aspecto, representa importante local de armazenamento do ácido fítico

(SAKAMOTO et al, 1993).

Outros estudos indicam os efeitos benéficos do ácido fítico na prevenção

de enfermidades ligadas à oxidação (GRAF; EATON, 1990; ZHOU; ERDMAN,

1995), na minimização de cálculos renais (GRAF; EATON, 1990), e na

diminuição dos níveis de colesterol e triglicérides no plasma (JARIWALLA et al,

1990). Como antioxidante, o ácido fítico tem sua ação relacionada à quelação

do ferro, um potente catalizador (EMPSON; LABUZA; GRAF, 1991; GRAF;

EATON, 1990) presente sob elevados teores na carne suína.

Reconhecida a presença do ácido fítico nos grãos e em seus co-

produtos, o Farelo de Gérmen de Milho Desengordurado (FGMD), um

ingrediente proveniente da indústria de extração de óleo do milho que possui

alta concentração de inositol hexafosfato em relação ao milho, vem sendo

utilizado na alimentação de suínos, aves e pets. Nas rações de suínos a

inclusão do FGMD para terminados pode atingir até 40%, não causando

comprometimento no desempenho e nas características de carcaça (SOARES

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et al., 2004; COSTA, 2005), com efeitos antioxidantes comprovados na carne

(HARBACH et al, 2006).

O objetivo deste experimento foi avaliar a inclusão do FGMD em

diferentes períodos na alimentação de suínos na fase de terminação, visando

minimizar os riscos de um eventual comprometimento nutricional, sobre o

desempenho, a viabilidade econômica, as características de carcaça, a

qualidade de carne e sobre a vida de pratileira da carne, observado através da

analise de sua oxidação lipídica.

MATERIAL E METODOS

O experimento foi realizado na Fazenda Escola da Universidade

Estadual de Londrina. Foram utilizados 24 suínos machos castrados, de

genética comercial, com peso médio inicial de 75,408 ± 4,407 kg. Os animais

foram alojados em baias individuais, onde receberam água e ração à vontade

durante o período experimental de 28 dias.

Os tratamentos consistiram de 2 rações: ração controle e ração teste

(com 50% de inclusão do FGMD). Ambas foram formuladas segundo o NRC

(1998), visando atender as exigências mínimas dos suínos para a fase de

terminação. A composição das rações e seus respectivos valores nutricionais

estão demonstrados na Tabela 1.

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Tabela 1 - Composição percentual e calculada das rações experimentais

Ingredientes Ração 0% FGMD Ração 50% FGMDMilho 72,187 33,546Farelo de soja 14,991 10,832Farelo de Gérmen de Milho Desengordurado 0 50,000Inerte 7,102 0Óleo de soja 2,500 2,647Fosfato bicálcico 1,846 1,081Calcário 0,674 1,167Suplemento vitamínico1 0,400 0,400Sal 0,250 0,250Suplemento mineral2 0,050 0,050Lisina 0 0,027Valores calculados3

Cálcio (%) 0,800 0,800Energia digestível (kcal/kg) 3250 3250Fibra bruta (%) 4,662 3,193Fósforo total (%) 0,600 0,600Fósforo digestível (%) 0,390 0,390Gordura (%) 5,127 5,112Lisina (%) 0,611 0,600Metionina (%) 0,220 0,235Proteína bruta (%) 13,200 13,200Ácido fítico (%)4 0,840 2,140

1 Suplemento vitamínico por kg do produto: vit.A, 550.000 UI; vit.D3 150.000 UI; vit.E,2.500UI; vit.K3, 550mg; vit. B1, 175mg; vit.B2, 900mg; vit; vit.B12, 3.000mcg; ácido fólico,150mg; ácido pantotênico, 3.000mg; niacina, 4.750 mg; selênio, 75mg; antioxidante, 2,5g.2 Suplemento mineral por kg do produto: Fe, 90.000mg; Cu, 16.000mg; Mg, 30.000mg; Zn,140.000mg; Co, 200mg; I, 850mg; Se, 120mg.3 Calculado com base nas tabelas da EMBRAPA (1991)4 Quantificado no milho, no farelo de soja e no farelo de gérmen de milho desengordurado(Latta; Eskin, 1980 e modificado por Ellis; Morris, 1986)

Os suínos foram divididos em 4 grupos, caracterizando os tratamentos

(período em que consumiram as rações experimentais) e 3 blocos segundo o

peso inicial dos animais (leves, médios e pesados). Os tratamentos foram: T0 -

ração controle durante 28 dias; T7 – ração teste durante 7 dias antes do abate;

T14 – ração teste durante 14 dias antes do abate e T21 – ração teste durante

21 dias antes do abate.

Foram realizadas pesagens dos animais e do consumo das rações

semanalmente, permitindo a obtenção do ganho diário de peso, consumo diário

de ração e da conversão alimentar. A viabilidade econômica da utilização do

FGMD nos diferentes períodos experimentais foi calculada segundo Bellaver et

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al. (1985), sendo estabelecido o Índice de Eficiência Econômica (IEE) e o

Índice de Custo Médio (IC) dos tratamentos segundo a metodologia proposta

por Barbosa et al. (1992).

Com o peso vivo médio de 104,554 ± 4,807 kg os animais foram

abatidos num frigorífico da região, seguindo a rotina de abate comercial. As

carcaças, sem o crânio e com preservação da máscara, foram individualmente

pesadas ao final do abate e 24 horas após, obtendo-se o peso da carcaça

quente, o peso da carcaça fria, o rendimento da carcaça e a perda de peso da

carcaça pelo resfriamento. As características comprimento de carcaça,

espessura de toucinho, profundidade do músculo e área de olho de lombo

foram medidas nas meias carcaças direitas, individualmente, 24 horas após o

abate, possibilitando o cálculo do rendimento de carne na carcaça e da

quantidade de carne na carcaça (BRIDI; SILVA, 2006).

Foram coletados os músculos longissimus dorsi (lombo) de cada meia

carcaça esquerda e encaminhados ao Laboratório de Análise de Alimentos da

Universidade Estadual de Londrina. No laboratório, os músculos foram

processados, sendo retirada a gordura extramuscular (subcutânea) e efetuados

os cortes transversais (sentido caudal-cranial) dos músculos, obtendo-se bifes

com 3 cm de espessura, dirigidos para as seguintes análises: marmoreio e cor

24 horas após abate; cor e oxidação lipídica 7 dias após abate (mantidas em

refrigeração a 4º C e protegidas da luz); cor e oxidação da lipídica 50 dias após

abate (amostras congeladas a -4º C e protegidas da luz) e perda de água por

gotejamento.

A avaliação do marmoreio foi realizada pelo método indireto, utilizando-

se painel de comparações, segundo o American Meat Science Association

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(2001). A cor foi determinada através de um colorímetro, baseado no sistema

de cor CIELAB: luminosidade (L*), componente vermelho-verde (a*) e

componente amarelo-azul (b*), e com esses valores foi possível calcular o

índice de saturação (c*) e o ângulo de tonalidade (h*). Para avaliar a perda de

água da carne foi utilizado o método de gotejamento de água (BOCCARD et

al., 1981). Para a análise da oxidação lipídica utilizou-se o método indicativo de

substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), segundo Tarladgis et al.

(1964), modificado por Torres et al. (1986).

O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso, com 4

tratamentos (período de inclusão do FGMD na ração) e 6 repetições por

tratamento. Para formação dos blocos foi levado em consideração o peso

inicial dos animais. Os resultados foram analisados através de análise de

regressão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O FGMD utilizado neste experimento apresentou 12,65% de umidade,

10,72% de proteína bruta, 4,69% de matéria mineral, 3,67% de fibra bruta e

2,49% de extrato etéreo na matéria natural. O valor de proteína bruta

encontrado foi semelhante aos valores encontrados por outros autores que

testaram o FGMD na alimentação de suínos (MOREIRA et al., 2002; SOARES

et al., 2004; COSTA, 2005) e o de extrato etéreo e ácido fítico semelhante ao

encontrado por Costa (2005). Essas variações na composição deste

ingrediente são esperadas, pois mudanças nas condições de solo, clima e

cultivares podem afetar a composição de alimentos como milho e seus co-

produtos (RODRIGUES et al., 2001). Em relação ao ácido fítico, o FGMD

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utilizado neste experimento apresentou 3,39% na matéria natural, valor

semelhante aos encontrados por outros autores (LEAL, 2000 ; COSTA, 2005).

Os dados relacionados ao desempenho são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 - Efeito do período de inclusão de 50% de Farelo de Gérmen de MilhoDesengordurado antes do abate na ração de suínos na fase de terminação sobre oganho diário de peso (GDP), consumo diário de ração (CDR) e conversão alimentar(CA)

Período (dias)Parâmetros

GPD (kg) CDR (kg) CA0 dia 1,083 3,251 3,0067 dias 1,043 3,268 3,15414 dias 1,109 3,294 2,97321 dias 1,083 3,233 3,006Efeito da regressão NS NS NSCoeficiente de Variação (%) 12,44 10,37 6,84NS – Não significativo (P>0,05)

Não houve efeito da regressão (P>0,05) nos parâmetros de

desempenho, indicando que o FGMD pode ser utilizado por até 21 dias

antecedendo o abate no nível de 50% de inclusão na dieta. O resultado

mostrou-se semelhante ao encontrado por Harbach et al. (2006), que

trabalharam com 40% de inclusão de FGMD nos 28 dias que antecederam o

abate, não verificando efeito no desempenho. Todavia, Moreira et al. (2002),

testando a inclusão do FGMD em até 45%, verificaram na terminação efeito

quadrático com ponto de mínima (inclusão de 23,1%) para o consumo diário de

ração e efeito linear decrescente para ganho diário de peso e conversão

alimentar. Soares et al. (2004), trabalhando com a inclusão máxima de 40%

FGMD na fase de terminação, encontraram efeito linear decrescente no

consumo diário de ração. Entretanto, essas variações podem ser resultantes de

diferenças na composição do FGMD, como valor de sua energia, também

variável em função do tipo de extração realizada e origem do milho.

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Na Tabela 3 estão demonstrados os valores de índice de eficiência

econômica e índice de custo médio das rações durante o período testado. As

matérias-primas milho, farelo de soja e FGMD utilizadas na formulação das

rações apresentaram o custo de US$ 0.549; US$ 1.013 e US$ 0.390,

respectivamente e as rações com 0 e 50% de inclusão de FGMD

apresentaram, respectivamente, o custo de US$ 72.105/kg e US$ 65.214/kg. O

tratamento com a inclusão de 50% FGMD, durante 21 dias, resultou no menor

custo e no melhor ganho (custo médio de ração e período/kg peso vivo

produzido) pelo fato do período em que foi calculado o FGMD apresentar

menor custo que o milho (29% mais barato).

Tabela 3 - Índice de Eficiência Econômica e Índice de Custo Médio do efeito doperíodo de inclusão de 50% de Farelo de Gérmen de Milho Desengordurado antes doabate na ração de suínos na fase de terminação

ParâmetrosPeríodo de inclusão do FGMD

0 dias 7 dias 14 dias 21 diasÍndice de Eficiência Econômica 97,80 90,40 97,90 100,00Índice de Custo Médio 102,30 110,60 102,10 100,00

Na Tabela 4 estão demonstrados os valores da avaliação de carcaça.

Tabela 4 - Efeito do período de inclusão de 50% de Farelo de Gérmen de MilhoDesengordurado na ração de suínos na fase de terminação sobre o peso carcaçaquente (PCQ), peso carcaça fria (PCF), rendimento de carcaça (RC), perda nacarcaça pelo resfriamento (PCR), comprimento de carcaça (CC), espessura detoucinho (ET), profundidade do músculo (PM), área de olho de lombo (AOL),rendimento de carne na carcaça (RCC), quantidade de carne na carcaça (QCC)

Período Parâmetros

(dias) PCQ(kg)

PCF(kg)

RC(%)

PCR(%)

CC(cm)

ET(mm)

PM(mm)

AOL(cm2)

RCC(%)

QCC(kg)

0 dias 79,90 77,74 76,31 2,69 90,80 1,54 6,09 48,07 59,72 46,437 dias 79,27 77,29 76,77 2,49 90,83 1,40 6,18 46,27 59,81 46,2314 dias 79,84 77,78 75,65 2,59 93,08 1,27 5,95 45,84 59,87 46,5621 dias 80,46 78,47 76,90 2,47 89,75 1,41 6,08 45,07 59,79 46,91Efeito daregressão NS NS NS NS NS NS NS NS NS NS

CV (%) 3,47 3,46 1,22 8,93 2,57 14,88 12,81 11,26 0,27 3,41NS – Não significativo (P>0,05); CV – Coeficiente de variação

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A participação de 50% de FGMD na dieta dos suínos não promoveu

efeito deletério nas características de carcaça (P>0,05) ao ser incluído entre 0

a 21 dias antes do abate. Moreira et al. (2002) e Soares et al. (2004), ao

avaliarem as características de carcaça de suínos que receberam rações com

inclusão de até 45% de FGMD, não verificaram efeito da inclusão sobre estes

parâmetros. Entretanto, Harbach et al. (2006) verificaram maior rendimento de

carcaça e profundidade de músculo nos tratamentos com maior inclusão de

FGMD (até 40%) durante os 28 dias finais da terminação.

Os dados referentes às avaliações de qualidade de carne estão

demonstrados nas Tabelas 5 e 6.

Tabela 5 - Efeito do período de inclusão de 50% de Farelo de Gérmen de MilhoDesengordurado na ração de suínos na fase de terminação sobre a perda de água porgotejamento e o marmoreio no lombo suíno

Período(dias)

ParâmetrosPerda de água por gotejamento (%) Marmoreio*1

0 dias 7,400 1,007 dias 6,555 2,0014 dias 6,307 1,5021 dias 6,418 2,17Efeito da regressão NS NSCoeficiente de Variação (%) 24,03 44,72*11 < marmoreio < 7, sendo valor 1 a carne apresentando somente traços de marmoreio e valor7 a carne com marmoreio excessivoNS – Não significativo (P>0,05)

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Tabela 6 - Efeito do período de inclusão de 50% de FGMD na ração de suínos na fasede terminação sobre luminosidade (L*), componente vermelho-verde (a*), componenteamarelo-azul (b*), índice de saturação (c*) e ângulo de tonalidade (h*) no lombo no diada coleta da amostra (dia 0), no lombo mantido em refrigeração durante 7 dias (dia 7)e no lombo congelado durante 50 dias (dia 50)

Período(dias)

Dia 0L*1 a*2 b*3 c*4 h*5

0 dias 53,860 0,495 9,907 9,937 87,3357 dias 52,045 0,957 9,248 9,312 84,273

14 dias 53,397 0,445 9,252 9,303 87,85221 dias 52,648 0,705 9,445 9,477 85,830

Efeito da regressão NS NS NS NS NSCoeficiente de Variação(%)

4,75 110,60 14,34 14,53 4,818

Período(dias)

Dia 7L*1 a*2 b*3 c*4 h*5

0 dias 55,855 1,303 10,520 10,613 83,0327 dias 53,380 1,260 9,613 9,712 82,855

14 dias 53,260 0,963 9,600 9,667 84,39721 dias 54,620 1,308 9,900 10,000 82,603

Efeito da regressão NS NS NS NS NSCoeficiente de Variação(%)

4,19 60,17 8,39 8,98 4,40

Período(dias)

Dia 50L*1 a*2 b*3 c*4 h*5

0 dias 55,308 5,153 10,348 11,577 63,6037 dias 55,145 4,623 9,978 11,028 65,335

14 dias 54,943 4,450 10,122 11,102 66,82021 dias 56,630 4,860 10,423 11,515 65,183

Efeito da regressão NS NS NS NS NSCoeficiente de Variação(%) 4,19 26,14 11,59 13,16 6,60

NS – Não significativo (P>0,05)1 0 ≤ L* ≤ 100 corresponde do preto ao branco, respectivamente;2 -a* até +a*corresponde do verde ao vermelho, respectivamente;3 –b* até +b* corresponde do azul ao amarelo, respectivamente;4 c* = (a*2 + b*2)0,5;5 h* = tan-1 (b*/a*).

Não foi verificado efeito de regressão (P>0,05) para a perda de água por

gotejamento e marmoreio (Tabela 5). O período de inclusão do FGMD não

apresentou efeito sobre a composição da carne, capacidade de retenção de

água e quantidade de sua gordura intramuscular, indicando que este

ingrediente pode ser utilizado na dieta dos animais sem efeitos deletérios nas

características sensoriais e tecnológicas.

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Para a característica cor não houve diferença entre os valores de L*, a*,

b*, c* e h* nas amostras de diferentes dias e formas de armazenamento

(Tabela 6). Indicando que o FGMD pode ser incluído sem alterar a cor do

lombo suíno.

Na Figura 1 e 2 estão demonstrados, respectivamente, os valores da

análise de oxidação lipídica no lombo mantido sob refrigeração durante 7 dias e

mantido congelado por 50 dias após sua coleta.

0.0465

0.0393

0.0321

0.0250

0.0000

0.0100

0.0200

0.0300

0.0400

0.0500

mg/kg

0 dia 7 dias 14 dias 21 dias

Período

TBARS Lombo Refrigerado

Figura 1 - Valores de TBARS (mg/kg) do lombo de suínos que receberam 50% deFarelo de Gérmen de Milho Desengordura em diferentes períodos antes do abatemantido sob refrigeração durante 7 dias

y = 0,04646 – 0,00102238x (P≤0,05)

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0.1457

0.1746

0.12030.1084

0.0000

0.0500

0.1000

0.1500

0.2000

mg/kg

0 dia 7 dias 14 dias 21 dias

Período

TBARS Lombo Congelado

Figura 2 - Valores de TBARS (mg/kg) do lombo de suínos que receberam 50% deFarelo de Gérmen de Milho Desengordura em diferentes períodos antes do abatemantido congelado durante 50 dias

Observa-se na Figura 1 efeito de regressão linear decrescente (P≤0,05)

no lombo refrigerado (y = 0,04646 – 0,00102238x). O ácido fítico presente no

FGMD apresentou função antioxidante, sendo o melhor efeito determinado pelo

maior período de inclusão deste na dieta. Houve uma diminuição em 46,24%

da oxidação lipídica entre a não inclusão do FGMD (tratamento 0 dias) e a

inclusão de 50% de FGMD durante os 21 antes ao abate dos animais. No

lombo congelado (Figura 2) não foi verificado efeito do período de inclusão do

FGMD (P>0,05) provavelmente pelas amostras estarem armazenadas

protegidas da luz e congeladas.

Ao considerar a concentração de ácido fítico nas dietas, consumo médio

de ração e período de consumo de cada ração pode-se dizer que o consumo

total de ácido fítico durante todo o experimento foi de 764,60; 1066,03; 1374,25

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e 1643,01 g nos tratamentos 0, 7, 14 e 21 dias, respectivamente, indicado o

FGMD como principal fonte de ácido fítico endógeno.

Esses resultados confirmam a hipótese da ação antioxidante do ácido

fítico na carne suína. Segundo Grases et al. (2001), todo inositol hexafosfato

presente no organismo provém da dieta, sendo o tecido muscular o principal

local de armazenamento. Essa hipótese foi confirmada também por Harbach et

al. (2006) e Costa (2005), que testaram a inclusão de até 40% de FGMD na

ração de suínos durante 28 dias e encontraram menor oxidação no lombo

refrigerado e no pernil congelado nos tratamentos com maiores inclusões.

CONCLUSÃO

A inclusão de 50% de FGMD na dieta de suínos e fornecido por

diferentes períodos na fase de terminação não influenciou nos resultados

zootécnicos, carcaterísticas de carcaça e qualidade da carne. A inclusão deste

ingrediente mostrou-se economicamente viável, além de aumentar a vida de

prateleira do lombo refrigerado, sendo a preservação proporcional ao período

de inclusão antes do abate dos animais.

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4.2 ESTABILIDADE LIPÍDICA DO PERNIL E DA LINGÜIÇA TIPO FRESCALPROVENIENTE DE SUÍNOS ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO

FARELO DE GÉRMEN DE MILHO DESENGORDURADO EM DIFERENTESPERÍODOS

Artigo editado de acordo com as normas de publicação do periódico Meat Science

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Estabilidade lipídica do pernil e da lingüiça tipo frescal proveniente de

suínos alimentados com dietas contendo farelo de gérmen de milho

desengorduradoem diferentes períodos

RESUMO O experimento avaliou o efeito de diferentes períodos de inclusão do farelo degérmen de milho desengordurado (FGMD), como ingrediente e fonte de ácidofítico em rações de suínos em fase de terminação, sobre as caraterísticasquímicas, sensoriais e de preservação da oxidação no pernil e na lingüiçafrescal. Foram utilizados 24 suínos machos de mesma genética comercial compeso médio inicial de 75,41 ± 4,41 kg e idade média de 123 dias. Ostratamentos corresponderam à inclusão de 50% de FGMD na ração nosperíodos de 0, 7, 14 e 21 dias antes ao abate. Os animais foram submetidos àalimentação à vontade durante 28 dias pré abate. Após o abate dos animais, opernil de cada meia carcaça foi coletado e os cortes musculares da peça foramutilizados para a elaboração da lingüiça frescal. Nos produtos foram avaliadasa composição centesimal, a cor e estabilidade lipídica. O delineamentoexperimental foi em blocos ao acaso (baseado no peso inicial dos suínos) com6 repetições por tratamento. Não houve efeito de regressão nas característicasavaliadas, indicando que a inclusão do FGMD não afetou a composiçãocentesimal e a cor nas amostras. Não foi verificado efeito na estabilidadelipídica de acordo com os períodos de inclusão do FGMD (ácido fítico) naanálise de oxidação lipídica. A alta inclusão do FGMD em rações de animaisem terminação por até 21 dias antes do abate não favoreceu as característicasqualitativas e de oxidação dos músculos do pernil e da lingüiça frescal.

Palavras-chave: Antioxidante, carne suína, fitato, oxidação lipídica

ABSTRACTThe experiment evaluated the effects of different periods of inclusion of deffatedcorn germ meal (DCGM), as an ingredient and source of phytic acid in therations of finishing swine, on the chemical and sensorial characteristics and onthe preservetion of lipidic oxidation of ham and the fresh sausage. Twenty fourborrows with 75.41 ± 4,41 kg of initial weight and 123 days of age, been thesame genetic basis were used. The experimental treatments were representedby the inclusion of 50% of DCGM in the finishing swine rations during 0, 7, 14and 21 days before of slaughter, defining four treatments. The pigs were fed adlibitum during the experimental period of 28 days. After the slaughter, it wascollected the ham of the half carcass and muscles samples of the ham wereused to elaborate an fresh sausage. The composition, the color and the lipidicstability of the ham and the fresh sausage were evaluated. The experimentaldesign used a randomized blocks (initial pigs weight) with 6 replications pertreatment. There were no differences bertween the treatments to the ham andsausage characteristics. The high inclusion of DCGM in finishing pig rationsuntil 21 days before the slaughter didn't improve the quality characteristics andthe oxidation of the ham and the fresh sausage.

Key-word: Antioxidant, lipidic oxidation, phytate, pork

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INTRODUÇÃO

Segundo o MAPA (2000), entende-se por lingüiça o produto cárneo

industrializado, obtido da carne de animais de açougue, adicionados ou não de

tecidos adiposos, ingredientes, embutido em envoltório natural ou artificial, e

submetido a processo tecnológico adequado. Os ingredientes obrigatórios nos

embutidos são a carne e o sal. Gordura, água, proteína de origem animal ou

vegetal, açucares, aditivos, aromas, especiarias e condimentos ingredientes

são tratados como ingredientes opcionais. Entretanto, não há no Brasil padrões

de identidade definidos para os embutidos crus, elaborados através da carne

suína, em relação à apresentação, à composição centesimal e ao valor nutritivo

(OLIVEIRA et al., 2005). A lingüiça do tipo frescal apresenta, como

características físico-químicas, umidade máxima de 70%, gordura máxima de

30% e proteína mínima de 12% (MAPA, 2000).

Comumente durante o preparo da lingüiça frescal, na moagem da carne

e na sua conseqüente exposição ao ar, há um aumento das reações de

oxidação lipídica (MORRISSEY et al., 1998), que representam uma das

maiores causas da perda de qualidade nos alimentos, principalmente em

tecidos musculares (LEE; HENDRICKS, 1995), com efeitos negativos nas

qualidades sensoriais (GHIRETTI et al., 1997).

A fase mais significante da oxidação lipídica ocorre durante o

processamento, estoque e preparo da carne, pela liberação do ferro da

hemoglobina e da mioglobina (MORRISSEY et al., 1998), sendo os músculos

vermelhos mais susceptíveis à oxidação lipídica, quando comparados aos

músculos brancos, pois apresentam maior concentração de ferro, maior

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metabolismo oxidativo e a fração triglicerídica sofre hidrólise mais rapidamente

que os fosfolipídios.

Na oxidação dos lipídios há perda do valor nutritivo e das características

sensórias do produto (LEE; HENDRICKS, 1995), além do risco à saúde do

consumidor. Sendo necessário o emprego de substâncias que preservem os

danos das reações de oxidação lipídica.

Os sais de cura, como nitrato e nitrito de sódio e de potássio, são

utilizados como aditivos alimentares no processamento de produtos cárneos.

Os sais de nitrito, além de conservarem a carne contra a deterioração

bacteriana, são fixadores de cor e agentes de cura. Entretanto, seus efeitos

adversos são representados pela metamioglobina tóxica e pela formação de

nitrosaminas e dada a possibilidade de originar compostos nitrosos de ação

carcinogênica (OLIVEIRA, et al., 2005). Neste sentido, há recomendações

para o uso de compostos antioxidantes dando preferência aos naturais em

detrimento aos aditivos sintéticos.

O ácido fítico ou inositol hexafosfato presente em diversos cereais

(GRAF; EATON, 1990; EMPSON; LABUZA; GRAF, 1991; LEE; HENDRICKS,

1995), representa um importante agente antioxidante ao quelatar o ferro, ao

inibir a oxidação em produtos alimentares, apresentando-se ideal para a carne

suína, um produto com elevado teor de ferro, um mineral catalisador da

oxidação. No salame Milano e na mortadela o ácido fítico exógeno pode ser

uma alternativa ao uso do ascorbato sódico para a preservação das

características de cor e estabilidade lipídica (GHIRETTI et al., 1997).

Veiculado principalmente através dos grãos, o ácido fítico endógeno

demonstrou também efeitos positivos na prevenção da oxidação lipídica da

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carne de suínos alimentados com rações a base de milho, farelo de soja e alta

inclusão de Farelo de Gérmen de Milho Desengordurado (FGMD), co-produto

da indústria de extração do óleo do milho, ingrediente já testado na

alimentação de suínos (SOARES et al. 2004; MOREIRA et al. 2002), que

contém elevados níveis de ácido fítico (HARBACH et al., 2006).

O aproveitamento do ácido fítico dietético pelos monogástricos, todavia,

ainda gera alguma polêmica. Seynaeve et al. (1999) indicaram que os animais

de estômago simples têm satisfatória absorção do ácido fítico, que se acumula

principalmente no tecido muscular (SAKAMOTO et al., 1993).

Neste sentido, o objetivo deste estudo foi testar o fornecimento de

rações com 50% de inclusão do FGMD em diferentes períodos pré abate para

suínos em fase de terminação, e assim determinar o efeito do ácido fítico

endógeno sobre a qualidade e a preservação da oxidação lipídica do pernil e

da lingüiça elaborada com os músculos deste pernil.

MATERIAL E METODOS

As carnes utilizadas neste estudo foram proveniente de 24 suínos

machos castrados de linhagem comercial, adquiridos no início da fase de

terminação com peso médio de 75,408 ± 4,407 kg. Os animais foram alojados

em baias individuais, onde receberam água e ração à vontade durante o

período experimental de 21 dias.

Os tratamentos experimentais corresponderam aos períodos de inclusão

de 50% de FGMD na ração antes do abate, sendo: T0 - ração controle (isento

de FGMD) durante 4 semanas; T7 – ração com 50% de FGMD durante 7 dias

antes do abate; T14 – ração com 50% de FGMD durante 14 dias antes do

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abate e T21 – ração com 50% de FGMD durante 21 dias antes do abate. A

ração controle e ração com 50% de inclusão de FGMD eram isoenergéticas e

isoproteícas e foram formuladas visando atender as exigências mínimas dos

suínos na fase de terminação, segundo o NRC (1998). A composição e os

valores nutricionais das rações estão demonstrados na Tabela 1.

Tabela 1 - Composição percentual e calculada das rações experimentais

Ingredientes Ração 0% FGMD Ração 50% FGMDMilho 72,187 33,546Farelo de soja 14,991 10,832Farelo de Gérmen de Milho Desengordurado 0 50,000Inerte 7,102 0Óleo de soja 2,500 2,647Fosfato bicálcico 1,846 1,081Calcário 0,674 1,167Suplemento vitamínico1 0,400 0,400Sal 0,250 0,250Suplemento mineral2 0,050 0,050Lisina 0 0,027Valores calculados3

Cálcio (%) 0,800 0,800Energia digestível (kcal/kg) 3250 3250Fibra bruta (%) 4,662 3,193Fósforo total (%) 0,600 0,600Fósforo digestível (%) 0,390 0,390Gordura (%) 5,127 5,112Lisina (%) 0,611 0,600Metionina (%) 0,220 0,235Proteína bruta (%) 13,200 13,200Ácido fítico (%)4 0,840 2,140

1 Suplemento vitamínico por kg do produto: vit.A, 550.000 UI; vit.D3 150.000 UI; vit.E, 2.500UI;vit.K3, 550mg; vit. B1, 175mg; vit.B2, 900mg; vit; vit.B12, 3.000mcg; ácido fólico, 150mg; ácidopantotênico, 3.000mg; niacina, 4.750 mg; selênio, 75mg; antioxidante, 2,5g.2 Suplemento mineral por kg do produto: Fe, 90.000mg; Cu, 16.000mg; Mg, 30.000mg; Zn,140.000mg; Co, 200mg; I, 850mg; Se, 120mg.3 Calculado com base nas tabelas da EMBRAPA (1991)4 Quantificado no milho, no farelo de soja e no farelo de gérmen de milho desengordurado (Latta;Eskin, 1980 e modificado por Ellis; Morris, 1986)

Os suínos foram abatidos com peso vivo médio de 104,554 ± 4,807 kg

num frigorífico da região, seguindo a rotina normal de abate deste. Após o

abate, as carcaças foram mantidas em refrigeração e 48 horas depois os pernis

direito de cada carcaça foram encaminhados ao laboratório de análises de

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carne da Universidade Estadual de Londrina. Os pernis foram dissecados, e os

músculos bíceps femoris separados para análise de cor e da oxidação lipídica.

O m. semitendinosus foi reservado para o preparo da lingüiça frescal.

A avaliação da cor e de oxidação lipídica foi realizada na carne

refrigerada, mantida a 4ºC durante 14 dias após o abate, e na carne congelada

a -5º C aos 62 dias após o abate, sendo sempre protegidas da luz.

A lingüiça frescal foi preparada obedecendo a seguinte formulação:

97,171% de pernil; 2,010% de sal refinado; 0,100% de açúcar cristal; 0,703%

de pimenta do reino moída e 0,015% de sal de nitrito. Os antioxidantes

presentes eram o sal de nitrito (recomendação) e o ácido fítico (via ração

animal). Após o preparo, o produto foi embutido em tripas naturais e separado

em amostras, sendo estas armazenadas em temperatura de refrigeração (4º C)

e protegidas da luz. Foi realizada a avaliação centesimal (matéria seca, matéria

mineral e lipídeos), da cor e da oxidação lipídica da linguiça. A avaliação da cor

ocorreu antes do preparo do produto, aos 5 e aos 12 dias após sua confecção

e a oxidação lipídica aos 5 e aos 12 dias após a confecção. O produto foi

mantido sempre em refrigeração (4º C) e protegido da luz.

A análise de lipídios totais foi realizado através da extração em Soxhlet,

utilizando o éter de petróleo (INSTITUTO ADOLF LUTZ, 1985). A avaliação da

cor foi através de um colorímetro, baseado no sistema de cor CIELAB:

luminosidade (L*), componente vermelho-verde (a*) e componente amarelo-

azul (b*), e com esses valores foi possível calcular o índice de saturação (c*) e

o ângulo de tonalidade (h*). Para a análise da oxidação lipidica utilizou-se o

método indicativo de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS),

segundo Tarladgis et al. (1964), modificado por Torres et al. (1986).

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O delineamento experimental foi em blocos (animais leves, médios e

pesados) ao acaso, com 4 tratamentos (período de inclusão do FGMD na

ração) e 6 repetições por tratamento. Os resultados foram analisados através

de análise de regressão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O FGMD utilizado neste experimento continha 3,39% de ácido fítico na

matéria natural, valor semelhante aos encontrados por outros autores (LEAL,

2000; COSTA, 2005) e pode ser considerado principal fonte de ácido fítico nas

dietas experimentais. O consumo total de ácido fítico durante todo o

experimento foi de 764,60; 1066,03; 1374,25 e 1643,01 g nos tratamentos 0, 7,

14 e 21 dias, considerando a concentração de ácido fítico nas dietas, consumo

médio de ração e período de consumo de cada ração.

Os dados referentes às análises de cor (valores de L*, a*, b*, c* e h*) e

oxidação lipídica do pernil dos suínos que receberam os tratamentos

experimentais estão demonstrados na Tabela 3 e Figuras 1 e 2,

respectivamente.

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Tabela 2 - Efeito do período de inclusão de 50% de Farelo de Gérmen de MilhoDesengordurado na ração de suínos na fase de terminação sobre luminosidade (L*),componente vermelho-verde (a*), componente amarelo-azul (b*), índice de saturação(c*) e ângulo de tonalidade (h*) do pernil 14 dias após o abate mantido em refrigeraçãoe 62 dias após o abate mantido congelado

Período (dias)14 dias após abate

L*1 a*2 b*3 c*4 h*5

0 dias 49,352 4,328 10,698 11,570 67,9937 dias 48,217 3,310 10,100 10,662 71,76014 dias 49,135 3,802 10,638 11,393 70,48521 dias 50,845 4,042 11,578 12,300 71,392Efeito da regressão NS NS NS NS NSCoeficiente de Variação(%)

6,23 35,14 10,97 11,76 8,52

Período (dias)62 dias após o abate

L*1 a*2 b*3 c*4 h*5

0 dias 46,825 4,760 10,637 11,695 66,0457 dias 48,047 4,140 10,560 11,445 69,14814 dias 49,613 3,350 10,368 10,993 72,71521 dias 48,925 4,357 10,502 11,397 67,337Efeito da regressão NS NS NS NS NSCoeficiente de Variação(%) 8,27 34,05 10,89 11,90 9,00

NS – Não significativo (P>0,05)1 0 ≤ L* ≤ 100 corresponde do preto ao branco, respectivamente;2 -a* até +a*corresponde do verde ao vermelho, respectivamente;3 –b* até +b* corresponde do azul ao amarelo, respectivamente;4 c* = (a*2 + b*2)0,5;5 h* = tan-1 (b*/a*).

1.9423

1.74441.8805

1.5244

0.0000

0.5000

1.0000

1.5000

2.0000

mg/kg

0 dia 7 dias 14 dias 21 dias

Período

TBARS Pernil Refrigerado

Figura 1 - Valores de TBARS (mg/kg) do pernil de suínos que receberam 50% deFarelo de Gérmen de Milho Desengordurado em diferentes períodos antes do abatemantido refrigerado durante 12 dias

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1.7183 1.7251.8783

1.525

0.0000

0.5000

1.0000

1.5000

2.0000

mg/kg

0 dia 7 dias 14 dias 21 dias

Período

TBARS Pernil Congelado

Figura 2 - Valores de TBARS (mg/kg) do pernil de suínos que receberam 50% deFarelo de Gérmen de Milho Desengordurado em diferentes períodos antes do abatemantido congelado durante 50 dias

Não foi verificado efeito de regressão entre os tratamentos (P>0,05)

para as características avaliadas. A inclusão do FGMD na ração animal e,

consequentemente, o ácido fítico não interferiu na característica cor, indicando

que o FGMD pode ser incluído sem alterar a cor do pernil suíno.

De acordo com os valores obtidos na avaliação de oxidação lipídica, não

houve efeito da ação antioxidante do ácido fítico sobre o pernil. Costa (2006)

testou a inclusão de até 40% de FGMD na ração de suínos em terminação

durante 28 dias e encontrou uma diminuição na oxidação de 37% entre o

tratamento com 0% e 40% de inclusão de FGMD em pernis armazenados sob

congelamento. A ausência de efeito no presente trabalho pode ser devido à

baixa oxidação durante o período de armazenamento ou pelo curto intervalo de

inclusão do FGMD (21 dias) antes do abate, sendo este insuficiente para

permitir alguma ação antioxidante do ácido fítico.

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Os dados referentes as análises centesimal, cor (L*, a*, b*, c* e h*)

verificados nos pernis utilizados na produção da lingüiça frescal e na lingüiça

ao 0, 5 e 12 dias após seu preparo estão demonstrados nas Tabelas 3 e 4,

respectivamente. Os valores de oxidação lipídica da lingüiça lipídica nos

períodos de 5 e 12 dias após o preparo estão demonstrados na Figura 3 e 4.

Tabela 3 - Efeito do período de inclusão de 50% de Farelo de Gérmen de MilhoDesengordurado na ração de suínos na fase de terminação sobre a composiçãocentesimal da lingüiça frescal

Período (dias)Lingüiça frescal

Umidade (%) Matéria Mineral (%) Extrato Etéreo (%)0 dias 29,382 9,613 0,3307 dias 28,267 10,125 0,20314 dias 28,345 9,875 0,25821 dias 29,170 9,798 0,360Efeito da regressão NS NS NSCoeficiente de Variação(%)

3,33 6,23 36,23

NS – Não significativo (P>0,05)

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Tabela 4 - Efeito do período de inclusão de 50% de Farelo de Gérmen de MilhoDesengordurado na ração de suínos na fase de terminação sobre luminosidade (L*),componente vermelho-verde (a*), componente amarelo-azul (b*), índice de saturação(c*) e ângulo de tonalidade (h*) do pernil utilizado no preparo da lingüiça e na lingüiça0, 5 e 12 dias após o preparo

Período (dias)Pernil

L*1 a*2 b*3 c*4 h*5

0 dias 60,182 9,410 14,007 16,903 56,2327 dias 61,438 8,708 13,993 16,510 58,20314 dias 62,757 10,285 15,050 18,273 56,19321 dias 61,545 9,190 14,122 16,922 57,333Efeito da regressão NS NS NS NS NSCoeficiente de Variação(%)

3,35 21,57 8,14 11,10 7,80

Período (dias)Lingüiça 0 dia após o preparo

L*1 a*2 b*3 c*4 h*5

0 dias 52,333 4,322 14,237 14,905 73,2957 dias 53,348 4,648 14,810 15,532 72,66714 dias 52,548 3,895 13,288 13,877 73,82221 dias 53,390 4,478 14,647 15,338 73,227Efeito da regressão NS NS NS NS NSCoeficiente de Variação(%)

5,52 27,81 9,71 10,455,28

Período (dias)Lingüiça 5 dias após o preparo

L*1 a*2 b*3 c*4 h*5

0 dias 50,917 8,323 14,260 16,550 60,0327 dias 50,910 8,670 13,373 15,963 57,01714 dias 52,148 7,363 13,230 15,157 61,00021 dias 51,078 8,068 12,937 15,270 58,140Efeito da regressão NS NS NS NS NSCoeficiente de Variação(%) 3,75 15,38 7,11 7,60 6,19

Período (dias)Lingüiça 12 dias após o preparo

L*1 a*2 b*3 c*4 h*5

0 dias 47,282 7,498 11,868 14,057 57,6427 dias 47,080 7,018 10,688 12,947 57,31214 dias 50,592 7,867 13,292 15,457 59,48521 dias 48,378 8,120 12,477 14,953 57,928Efeito da regressão NS NS NS NS NSCoeficiente de Variação(%) 7,69 29,51 15,60 17,54 10,61

NS – Não significativo (P>0,05)1 0 ≤ L* ≤ 100 corresponde do preto ao branco, respectivamente;2 -a* até +a*corresponde do verde ao vermelho, respectivamente;3 –b* até +b* corresponde do azul ao amarelo, respectivamente;4 c* = (a*2 + b*2)0,5;5 h* = tan-1 (b*/a*).

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0.2550

0.2232 0.2236 0.2156

0.0000

0.1000

0.2000

0.3000

m g/kg

0 dia 7 dias 14 dias 21 dias

Período

TBARS Linguiça armazenada durante 5 dias

Figura 3 - Valores de TBARS (mg/kg) da Lingüiça tipo frescal de suínos quereceberam 50% de Farelo de Gérmen de Milho Desengordura em diferentesperíodos antes do abate armazenada durante 5 dias

0.2675 0.2566 0.2577 0.2436

0.0000

0.1000

0.2000

0.3000

m g/kg

0 dia 7 dias 14 dias 21 dias

Período

TBARS Linguiça armazenada durante 12 dias

76

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Figura 4 - Valores de TBARS (mg/kg) da Lingüiça tipo frescal de suínos quereceberam 50% de Farelo de Gérmen de Milho Desengordura em diferentesperíodos antes do abate armazenada durante 12 dias

Não foi verificado efeito de regressão (P>0,05) para as características

avaliadas nas amostras de lingüiça (Tabela 3). A inclusão do FGMD e,

consequentemente, ácido fítico na dieta dos suínos não alteraram a

composição do produto feito a partir da carne destes.

Para os valores de cor e oxidação lipídica observados (Tabela 4 e Figura

2, respectivamente), independente do período de armazenamento da lingüiça e

do preparo (moagem da carne e adição de aditivos) o tempo de inclusão do

FGMD, como fonte de ácido fítico na dieta (0, 7, 14 e 21 dias) não influenciou

os resultados. A oxidação lipídica foi considerada baixa, provavelmente pela

carne utilizada no preparo ficar congelada e protegida da luz, com isso pode ter

ocorrido diminuição da velocidade das reações de oxidação. Outra hipótese

pode decorrer da quantidade de sal de nitrito (conservante nos produtos

cárneos) e açúcar (considerado um coadjuvante tecnológico classificado como

estabilizante nestes produtos) ter sido suficiente para preservar a oxidação

lipídica.

Apesar do ácido fítico ter ser seu efeito antioxidante comprovado no

lombo in natura (HARBACH, 2006) e no pernil congelado (COSTA, 2006), não

foi observado efeito analógico na linguiça frescal e no pernil de acordo com o

período de inclusão do FGMD como fonte de ácido fítico na ração de suínos

em terminação.

CONCLUSÃO

O FGMD quando incluído em 50% na dieta de suínos, independente do

período de inclusão, não promoveu alterações nas características químicas de

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cor. Entretanto, não determinou efeito antioxidante significativo no pernil e na

lingüiça processada a partir deste.

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TORRES, E.A.F.S.; AZEVEDO, C.H.M; CARVALHO Jr., B.C. et al. Charque V.Modificações da sua qualidade durante o processamento. In: Congresso daSociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos, 9, Programa eResumos, Curitiba, 1986.

79

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5. CONCLUSÃO GERAL

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5. CONCLUSÃO GERAL

O Farelo de Gérmen de Milho Desengordurado pode ser

utilizado em até 50% nas rações de terminação de suínos durante 21 dias

antes do abate sem efeitos deletérios no desempenho e nas características de

carcaça como alimento alternativo ao milho e farelo de soja. Este ingrediente

além de ser nutricionalmente e economicamente interessante é fonte de ácido

fítico, como antioxidante endógeno, com efeito, na preservação lipídica do

lombo suíno refrigerado.

81

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ANEXO

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process. Please note that even though manuscript source files are converted to PDF at

submission for the review process, these source files are needed for further processing

after acceptance. All correspondence, including notification of the Editor's decision and

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homepage, removing the need for a hard-copy paper trail. Authors must submit

revisions via EES. Authors may send queries concerning the submission process,

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Professor David A. Ledward

School of Biosciences

Division of Food Sciences

University of Nottingham, Sutton Bonington Campus

Loughborough, LE12 5RD, UK

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It is the author's responsibility to ensure that papers are written in clear and

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Submission of a paper implies that it has not been published previously (except in the

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under consideration for publication elsewhere, that its publication is approved by all

authors and tacitly or explicitly by the responsible authorities where the work was

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English or in any other language, without the written consent of the publisher.

Meat Science is a refereed journal. Papers cannot be accepted without an independent

review. In cases where a manuscript is returned to an author for revision, it must be

resubmitted within 90 days; otherwise it will be assumed to be withdrawn.

Authors should quote their manuscript number in all further correspondence following

submission.

Ethical Statemen

Experiments involving slaughtering, transport, or invasive procedures on live animals

must include a statement indicating approval by the appropriate ethics/welfare

committee confirming compliance with all requirements of the country in which the

experiments were conducted. If no such committee exists, a letter from the department

head confirming compliance will suffice.

Types of Contributions

Research papers reporting original work; reviews by authorities on specific topics in the

field of muscle/meat; short communications; reviews of books, conferences and

meetings; letters to the editor arising from aspects of published papers.

Manuscript Preparation

General: Manuscripts must be typewritten, double-spaced with wide margins. A font

size of 12 or 10 pt is required. The corresponding author should be identified (an E-mail

address is mandatory - if there is a change to this e-mail contact, the author must notify

the publisher as soon as possible). Full postal addresses must be given for all co-

authors. Authors should consult a recent issue of the journal for style - sample copies

of the journal can be obtained from the journal website

www.elsevier.com/locate/meatsci. The Editors reserve the right to adjust style to

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certain standards of uniformity. Authors should retain a copy of their manuscript since

we cannot accept responsibility for damage or loss of papers. Original manuscripts are

discarded one month after publication unless the Publisher is asked to return original

material after use.

Paper Length: In general papers should not exceed 8000 words inclusive of tables

and illustrations.

Abstracts: Each paper should be provided with an abstract of about 100-150 words,

reporting concisely on the purpose and results of the paper.

Text: Follow this order when typing manuscripts: Title, Authors, Affiliations, Abstract,

Keywords, Main text, Acknowledgements, Appendix, References, Vitae, Figure

Captions, Figures and then Tables. Do not import the Figures or Tables into your text.

Other than the cover page, every page of the manuscript, including the title page,

references, tables etc. should be numbered; however, in the text no reference should

be made to page numbers. Lines must be numbered consecutively throughout the

manuscript.The corresponding author should be identified with an asterisk and

footnote. All other footnotes (except for table footnotes) should be identified with

superscript Arabic numbers.

Units: The SI system should be used for all scientific and laboratory data; if, in certain

instances, it is necessary to quote other units, these should be added in parentheses.

Temperatures should be given in degrees Celsius. The unit 'billion' (109 in America and

1012 in Europe) is ambiguous and must not be used.

References: All publications cited in the text should be presented in a list of references

following the text of the manuscript. In the text refer to the author's name (without

initials) and year of publication (e.g. "Steventon, Donald and Gladden (1994) studied

the effects..." or "...similar to values reported by others (Anderson, Douglas, Morrison &

Weiping, 1990)..."). For 2-6 authors all authors are to be listed at first citation. At

subsequent citations use first author et al.. When there are more than 6 authors, first

author et al. should be used throughout the text. The list of references should be

arranged alphabetically by authors' names and should be as full as possible, listing all

authors, the full title of articles and journals, publisher and year. The manuscript should

be carefully checked to ensure that the spelling of authors' names and dates are

exactly the same in the text as in the reference list.

References should be given in the following form:

Hopwood, A. J., Fairbrother, K. S., Lockley, A. K., & Bardsley, R. G. (1999). An actin

gene-related polymerase chain reaction (PCR) test for identification of chicken in meat

85

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Klont, R. E., Eikelenboom, G., Barnier, V. M. H., & Saunders, F. J. M. (1996).

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Proceedings 42nd international congress of meat science and technology (pp.398-

399), 1-6 September 1996, Lillehammer, Norway.

Means, W. J., & Schmidt, G. R. (1987). Restructuring fresh meat without the use of salt

or phosphate. In A. M. Pearson, & T. R. Dutson, Advances in meat research (Vol. 3)

(pp. 469-487). New York: Van Nostrand.

Citing and listing of web references. As a minimum, the full URL should be given. Any

further information, if known (author names, dates, reference to a source publication,

etc.), should also be given. Web references can be listed separately (e.g., after the

reference list) under a different heading if desired, or can be included in the reference

list.

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reproduction (which may include reduction) without retouching. Photographs, charts

and diagrams are all to be referred to as "Figure(s)" and should be numbered

consecutively in the order to which they are referred. They should accompany the

manuscript, but should not be included within the text. All illustrations should be clearly

marked on the back with the figure number and the author's name. All figures are to

have a caption. Captions should be supplied on a separate sheet.

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(e.g., ScienceDirect and other sites) regardless of whether or not these illustrations are

reproduced in colour in the printed version. For colour reproduction in print, you will

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article. Please note: Because of technical complications which can arise by converting

colour figures to 'grey scale' (for the printed version should you not opt for colour in

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Preparation of electronic illustrations

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• Save text in illustrations as "graphics" or enclose the font.

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• Use a logical naming convention for your artwork files, and supply a separate listing

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each table typed on a separate sheet. Footnotes to tables should be typed below the

table and should be referred to by superscript lowercase letters. No vertical rules

should be used. Tables should not duplicate results presented elsewhere in the

manuscript (e.g. in graphs).

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