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Fundos de Pensão Um olhar sobre o FUTURO Entrevista com o Secretário de Previdência Social, Marcelo Caetano A longevidade e o dilema da empregabilidade Racionalização de custos, ideias que deram certo Revista da ABRAPP • ICSS • SINDAPP • Ano XXXV • Edição Especial • Outubro 2016 SUBMASSAS DEMANDAM ENTENDIMENTO UNIFORMIZADO

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Fundos de Pensão

Um olhar Um olhar sobre osobre o

FUTUROFUTURO

Entrevista com oSecretário de PrevidênciaSocial, Marcelo Caetano

A longevidade e o dilema daempregabilidade

Racionalização decustos, ideias quederam certo

Revista da ABRAPP • ICSS • SINDAPP • Ano XXXV • Edição Especial • Outubro 2016

SUBMASSAS DEMANDAM ENTENDIMENTO UNIFORMIZADO

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2FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

EX

PE

DIE

NT

E

FUNDOS DE PENSÃORevista da ABRAPP / ICSS / SINDAPP

EditoraFlávia Pereira da SilvaReg. Profissional nº 0035080/RJ

Programação visual e CapaVirgínia Carraca

ColaboradoresDébora Diniz,Martha Elizabeth Corazza

Redaçã[email protected]

Publicidade:

Abrapp Atende(11) 3043-8783(11) 3043-8784(11) 3043-8785(11) 3043-8787(11) 3043-8739E-mail: [email protected]

Núcleo de Comercialização AbrappTelefone: (11) 3031-2317/7313

EndereçoAv. Nações Unidas, 12.551 – 20o andar World Trade Center - Brooklin NovoCEP 04578-903 – São Paulo, Capital

www.portaldosfundosdepensao.org.br

Ano XXXV - Edição Especial outubro 2016

04 Vida Associativa

06 Servidores públicos, o caminho do crescimento

Entrevista com Marcelo Abi-Ramia Caetano

13 Um olhar sobre o futuro

Última plenária apontou como obstáculos ao fomento a heterogeneidade e a incompatibilidade dos produtos ofertados aos anseios da sociedade

21 Conjuntura de investimentos: mudanças e riscos a partir de 2017

Possível queda dos juros exigirá cautela na diversifica-ção e rigor ainda maior nas análises de fluxo de caixa dos planos BD

27 O papel do Estado na renda de aposentadoria

Especialistas argumentam que o governo, por si só, não é capaz de garantir uma velhice financeiramente con-fortável

32 Abrindo as portas da previdência fechada

A flexibilidade é o grande diferencial dos planos setoriais, nos quais não há obrigatoriedade contributiva nem encar-gos sobre os aportes das empresas

36 A longevidade e o dilema da empregabilidade

Idade mínima de aposentadoria requer condições para garantir a permanência dos mais velhos no mercado de trabalho

39 Submassas demandam entendimento uniformizado

Compreender o conceito é o primeiro passo para o tra-tamento adequado desses grupos, evitando-se, assim, questionamentos jurídicos futuros

43 O aprimoramento do custeio administrativo

Propostas sugerem alterações em normativos contábeis da Previc e na Resolução CGPC nº 29, bem como a ela-boração de material orientativo

50 Transparência e governança: conexão com o futuro

Melhorar a transparência gera oportunidades de aperfei-çoamento na legislação e nas diversas áreas de ativida-de das EFPCs

54 Simplicidade como aliada à racionalização de custos

Estudos de casos mostram que fazer mais com menos é mais fácil do que se imagina, basta atitude e senso co-letivo

60 Consolidado Estatístico

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3FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

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Diretora-Presidente Nélia Maria de Campos Pozzi Vice-PresidenteJarbas Antonio de BiagiDiretoresCarlos Alberto PereiraJosé Luiz Costa Taborda RauenMarcos MoreiraMaria Isolda Paurá Jardelino da CostaConselho FiscalPresidenteLuiz Celso Ferreira Lemos

PresidenteVitor Paulo Camargo GonçalvesDiretoresCarlos Frederico Aires DuqueLiége Oliveira AyubConselho FiscalPresidenteWellington Silveira

Diretor-PresidenteJosé Ribeiro Pena NetoDiretores ExecutivosRegional Centro-NorteDante Daniel Giacomelli ScolariRegional LesteGuilherme Velloso LeãoNairam Félix de BarrosRegional NordesteJussara Carvalho SalustinoLiane Câmara Matoso ChaconRegional SudesteLuiz Carlos CottaMilton Luis de Araújo LeobonsRegional SudoesteLuis Ricardo Marcondes Martins Luiz Paulo BrasizzaRegional SulCelso Ribeiro de SouzaLuis Alexandre Ribeiro Cure Conselho DeliberativoPresidenteGueitiro Matsuo GensoVice-presidenteReginaldo José Camilo1º SecretárioSilvio Renato Rangel Silveira2a SecretáriaRegidia Alvina FrantzConselho FiscalPresidenteWellington Silveira

Com toda a equipe de jornalistas presente em Florianópolis para participar do 37º Congresso Brasileiro dos Fundos

de Pensão, decidimos fazer uma edição especial dedicada ao evento em função do altíssimo nível das discussões e da necessidade de reflexão imposta pela iminente reforma do sistema previdenciário brasileiro. A ideia é difundir conhecimento, compartilhar propostas e subsidiar o debate para que o Brasil adentre um novo ciclo de desenvolvimento baseado no estímulo à poupança interna, caminho já trilhado pelas maiores economias do mundo.

Obviamente que não seria possível abordar, ao longo das próximas páginas, todos os assuntos pautados nas plenárias e apresentações técnicas realizadas nos três dias do fórum. Por isso privilegiamos os temas mais “urgentes” e relevantes para o contexto atual, bem como aqueles cujas discussões têm evoluído bem.

Nessa linha, destacamos entrevista exclusiva com o Secretário de Previdência Social, Marcelo Caetano, que tratou da reforma previdenciária e das perspectivas para a indústria de fundos de pensão frente às mudanças que estão por vir. A reforma, item recorrente nas palestras, é aqui analisada sob os mais diferentes ângulos, seja o do mercado de trabalho, da longevidade ou do próprio papel do Estado como principal agente provedor de renda na aposentadoria.

Já a matéria de capa, intitulada “Um olhar sobre o Futuro”, apresenta as sugestões de grandes nomes do setor para fazer com que a Previdência Complementar seja reconhecida como parte da solução para o País. Para tal, é fundamental buscar a inovação em produtos que possam atender aos anseios de uma sociedade cada vez mais dinâmica.

Em estágio avançado de discussão estão possíveis alterações nas regras contábeis, que se aprovadas pelo CNPC poderão representar uma ampla revisão desse arcabouço normativo. O tema das submassas também progrediu relativamente bem, embora o seu tratamento e compreensão ainda tenham um longo caminho a percorrer.

Esta edição especial não poderia deixar de trazer outros assuntos pertinentes, como a gestão de ativos - e as expectativas do mercado para 2017; a democratização no acesso aos planos - e o papel desempenhado pelos fundos setoriais; a transparência como instrumento de construção de credibilidade e bom relacionamento, e a racionalização de custos, objetivo constantemente perseguido pelas fundações.

Nossos jornalistas continuarão atualizando e enriquecendo os temas abordados no Congresso nas próximas edições; afinal, ao que tudo indica, o futuro próximo reserva grandes mudanças.

A editora

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4FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

Fique por dentro das AÇÕES e POSICIONAMENTOS da sua Associação

VIDA ASSOCIATIVA

CARTA DO 37º. CONGRESSO BRASILEIRO DOS FUNDOS DE PENSÃO

14 de setembro de 2016

1. A Abrapp, interpretando as profundas reflexões ocorridas no desenrolar do 37º Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão, considera que o modelo previdenciário brasileiro precisa passar urgentemente por uma revisão. A longevidade da população brasileira caminha para atingir níveis observados em países de população madura. Mas, há um agra-vante. Diferentemente das nações desenvolvidas, o Brasil ainda não acumulou riqueza suficiente em benefício de seu povo, exigindo soluções e compromissos de longo prazo.

2. O primeiro passo, nesse sentido, é esclarecer a todos sobre a gravidade do momento em que vivemos, tarefa da qual não se podem furtar o governo, as entidades representativas, e os especialistas e estudiosos do tema. Desta forma, acreditamos que deve ser adotado um novo modelo previdenciário, com fundamento em quatro pilares:

� o primeiro pilar básico, de caráter obrigatório para todas as classes trabalhadoras, tanto da iniciativa privada quanto do ser-viço público, composto por um benefício contributivo por repartição;

� o segundo pilar, também de caráter obrigatório, composto por um benefício contributivo por capitalização, por meio de conta vinculada ao trabalhador;

� o terceiro pilar, exclusivamente de capitalização coletiva facultativa (como exemplo, as EFPC), com incentivos tributários para formação de poupança de longo prazo;

� o quarto e último pilar, também facultativo, através de plano contratado individualmente pelo cidadão, capitalizado por suas contribuições, também incentivado tributariamente, quando orientado para construção de poupança de longo prazo.

3. Para a adoção desse novo modelo é fundamental o engajamento de atores que estão diretamente ligados ao sistema, com apoio da sociedade civil. Além da ABRAPP, do SINDAPP, do ICSS e da UNIABRAPP, é preciso que todos os que compõem, direta ou indiretamente o sistema, atuem para viabilização do novo modelo previdenciário, destacando ser ele parte da solução para o País, com ênfase para:

� Governo: é necessário que seja o protagonista do processo. A Previdência Complementar precisa voltar a fazer parte da agenda prioritária do governo, já que, sem isso, não retomaremos o crescimento e vamos continuar reféns de medidas tími-das, sem caráter estratégico. Nesse trabalho, a palavra de ordem deve ser o fomento;

� Gestores das entidades: precisamos mudar atitudes e ações em sintonia com a dinâmica do mercado. Nessa linha, rela-cionamento, inovação, comunicação, qualificação e transparência são atributos permanentes e que devem ser valorizados;

� Outros atores: instituições financeiras, seguradoras, empreendedores, empresas, consultores, prestadores de serviço e representantes da sociedade civil, de forma geral, devem participar do esforço para mudar o modelo. Um mercado desen-volvido vai favorecer todos os que estão ligados a ele. Devemos consolidar parcerias duradouras em prol do fomento da Pre-vidência Complementar Fechada.

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5FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

VID

A A

SSOC

IATIV

A

4. O sistema deve contar com um plano permanente de ações de fomento, produto da integração e efetiva participação dos atores referenciados, contemplando cinco focos direcionadores e correspondentes vetores:

I. Modelo Previdenciário – Direcionamento Estratégico da Previdência Complementar

» visão de futuro da Previdência Complementar;

» comprometimento de Governo com políticas de previdência social e complementar voltadas para a Ordem Social;

» transformação da PREVIC em órgão de Estado;

» reestruturação das Entidades Fechadas de Previdência Complementar, revitalização dos atuais produtos e criação de novos à luz dos novos públicos.

II. Estrutura e Regulação da Previdência Complementar

» priorização de propostas voltadas ao fomento e expansão da Previdência Complementar;

» desoneração e racionalização de processos, permitindo a competitividade de mercado.

III. Inovação em Produtos

» desenvolvimento de um ambiente de inovações;

» flexibilização de produtos com desenho de planos mais atrativos e aderentes às necessidades de novas gerações de público;

» plano de marketing para novos produtos.

IV. Comunicação, Educação e Cultura Previdenciária

» plano de comunicação institucional: conscientização da insuficiência do modelo previdenciário e posicionamento da Previdên-cia Complementar como parte da solução;

» educação e cultura previdenciária.

V. Engajamento Associativo

» engajamento, relacionamento e representação associativa.

5. Muito já foi feito, mas é fundamental que a ABRAPP e suas associadas, intensifiquem a qualificação de pessoas e processos, e suas ações junto ao Congresso Nacional, no sentido de produzir os aperfeiçoamentos desejáveis no arca-bouço legal para expansão da Previdência Complementar Fechada, focando a simplificação, os incentivos tributários, a facilidade de acesso, os novos produtos, a governança e a capacidade patrimonial das entidades.

6. Essas iniciativas vão colaborar para que o sistema de Previdência Complementar Fechada, que há tempos vem de-monstrando solidez e competência, mas, que está em declínio por falta de fomento, ganhe mais musculatura para cumprir seu importante papel na solução dos problemas do Brasil, ou seja, garantir uma aposentadoria tranquila para grande parte dos brasileiros e, ao mesmo tempo, impulsionar a poupança de longo prazo, tão necessária para que o País volte a crescer de forma sustentável.

7. O potencial para o sistema crescer, e assim ajudar o Brasil, é enorme. Estudos mostram, por exemplo, que há um pú-blico de 3,7 milhões de pessoas para ingressar, de imediato, na Previdência Complementar. Se apenas metade desse público aderir ao sistema, será possível acumular R$ 350 bilhões até 2025.

8. Dessa forma, o Brasil terá condições de equacionar os “desafios gêmeos” lembrados em recente estudo do IBRE-FGV: aumentar a poupança doméstica e consolidar a Previdência Complementar. Com isso, ganha a sociedade brasileira, tão carente de soluções para os problemas que há tempos travam seu desenvolvimento.

A Previdência Complementar tem um extraordinário potencial, cabe-nos conquistá-lo com atitude e determinação.

DIRETORIA DA ABRAPP

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MARCELO ABI-RAMIA CAETANO

SERVIDORES PÚBLICOS,O CAMINHO

DO CRESCIMENTOPOR DEBORA DINIZ

O economista Marcelo Abi-Ramia Caetano é um nome conhe-cido de quem acom-

panha a previdência no Brasil. Após a experiência acumulada em quase duas décadas de atuação no Ipea, ele encara agora o que pos-sivelmente é o maior desa-fio da sua carreira até aqui: conduzir uma reforma ca-

paz de reverter os sombrios prognósticos para o setor. A chegada já foi em clima de turbulência política. Ao lado de Ilan Goldfajn, no Banco Central; Mansueto Facun-do, na Secretaria de Acom-panhamento Econômico; Carlos Hamilton, na Secre-taria de Política Econômica; Jorge Rachid, na Secretaria da Receita Federal; e Otávio

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7FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

ENTR

EVISTA

Ladeira, na Secretaria do Tesouro Nacio-nal, ele integra a equipe econômica capi-taneada pelo ministro da Fazenda, Hen-rique Meirelles, desde o início do então governo interino de Michel Temer. Como os demais, não terá status de ministro por uma decisão política. Mas a estrutura sob sua responsabilidade muda muito pouco em relação à dos titulares anteriores do antigo Ministério da Previdência, órgão em que foi coordenador-geral de Atuá-ria, Contabilidade e Estudos Técnicos.

Caetano falou com a revista Fun-dos de Pensão no primeiro dia do Con-gresso, pouco antes da plenária Modelo Previdenciário Brasileiro: Uma reflexão so-bre passado e futuro, da qual participou. Ele detalhou a estrutura da Secretaria e antecipou alguns pontos da proposta de reforma, que foi encaminhada a Mi-chel Temer no dia 06 de outubro e agora aguarda encaminhamento político. Que não se espere mudanças revolucioná-rias, mas a adaptação dos pilares atuais ao que ele define como um modelo pre-videnciário sustentável no longo prazo. Pelo menos por hora estão descartadas propostas mais radicais, como a utiliza-ção do FGTS no financiamento da apo-sentadoria. Sobre a Previdência Com-plementar, a principal aposta recai sobre os servidores públicos, especialmente com a liberação da Funpresp-Exe para o multipatrocínio, o que abrirá o horizon-te do sistema a estados e municípios sem a chamada escala para manter um fundo de pensão próprio. O projeto já foi enca-minhado ao Congresso e a expectativa é que seja aprovado sem dificuldade.

Em relação a mudanças mais polê-micas, como a adoção de idade mínima para a aposentadoria, o economista ga-rante que haverá cautela. “É certo que vai

existir uma transição. Não se faz isso do dia para a noite”, assegura.

Como o senhor vê os recentes episódios envolvendo os fundos de pensão que ganharam a mídia?

Marcelo Caetano - Seria bem me-lhor se eles não tivessem ocorrido, mas se houve erros, independentemente de quais sejam, a melhor forma de superá--los é procurar corrigi-los e não escondê--los. Nesse processo de correção, a gente pode agir de forma reativa ou pode pro-curar uma forma mais preventiva. Esta é uma questão muito mais da Previc que do meu caso em particular. Mas, enfim, eu converso com pessoal da Previc e o que observo é uma tentativa de mudar esse modo de supervisão mais reativo para o modo de supervisão mais preven-tivo. Existe uma mudança de gerencia-mento nesse aspecto. Claro que haverá momentos em que será necessário rea-gir, porque a gente sabe que é impossível prevenir tudo. O fato de a Previc ter atua-do juntamente com outros órgãos nessas operações mostra que o órgão de fiscali-zação fez o papel que lhe cabia. Pode ser que no curto prazo de fato cause danos à imagem, mas eu vejo, em médio e longo prazos, como algo que possa vir mais a fortalecer o regime do que enfraquecê-lo.

Agora eu gostaria de lhe fazer uma pergunta conceitual: reforma da previdência ou um novo modelo previdenciário?

Marcelo Caetano - Reforma da pre-vidência. Não vamos fazer uma reforma radical no sistema de previdência brasi-leiro, como foi o caso, por exemplo, do Chile, que é emblemático. A gente vai fa-zer uma reforma, mas vai manter a es-

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8FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

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Cae

tano trutura, que é de INSS, Regimes Próprios

e Previdência Complementar. A ideia é manter os pilares do jeito que estão, mas buscar o fortalecimento da previdência no sentido de torná-la mais sustentável. Estamos reformando a previdência justa-mente para manter a previdência. A pro-posta não é fazer uma revolução, mudan-do totalmente a forma de financiamento ou criando conta individual. Nada disso. Vamos manter a estrutura, mas de forma a torná-la mais adaptável.

Esse modelo descarta propostas como a utilização do FGTS para fins previdenciários, por exemplo?

Marcelo Caetano - Essa ideia não está em discussão na reforma da previ-dência atual. Não significa que daqui a alguns anos, em outro momento, ela não possa entrar em discussão. A gente quer fazer a reforma com o intuito de fortalecer a Previdência Complementar não como uma forma de substituir a Previdência Social, mas segundo o modelo que existe hoje. A Previdência Complementar seria uma forma de fortalecimento do sistema como um todo, como complementação. Se olharmos o modelo chileno e também algumas reformas que os países latinos fizeram nos anos 80 e 90, houve um pro-cesso de substituição da Previdência So-cial pela previdência privada e esse não é o foco. O que não quer dizer que nós não pensemos em fortalecer a Previdên-cia Complementar.

Como se daria o fortalecimento da Previdência Complementar no futuro próximo?

Marcelo Caetano - Não estou falan-do de um horizonte temporal para daqui a 10, 15 anos, porque aí podem ocorrer

coisas que hoje não temos nem ideia. Mas eu vejo um caminho de fortalecimento da Previdência Complementar fechada no futuro próximo por meio dos servi-dores públicos. Já houve a aprovação da Funpresp, implementada desde 2013, e estados como os do sudeste, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Bahia já aprova-ram ou estão em processo de criação de sua Previdência Complementar. Recen-temente, o próprio governo federal enca-minhou o Projeto de Lei 6088, que torna a Funpresp uma entidade multipatrocina-da por entes públicos.

Qual a expectativa de tramitação do PL em relação a prazos?

Marcelo Caetano - Já está tramitan-do. É um projeto que vinha sendo discu-tido, mas não saía. Eu participei de modo indireto do PL original da Funpresp e já havia participado da própria reforma do Lula em 2003. A grande mudança da lei em relação ao que tinha na Emenda 20 foi que o plano deveria ser de Contribuição Definida. Em 2007, houve o PL e naque-la época eu já defendia que a Funpresp, em seu projeto original, permitisse a in-clusão de estados e municípios. Essa pre-visão foi retirada e ficou a discussão: vai haver PrevFederação, tornamos a Fun-presp multipatrocinada ou não torna-mos? O PL de agora não está em regime de urgência, mas o intuito é trabalhá-lo como uma forma de fortalecimento da Previdência Complementar. Nesse proje-to, em particular, tratamos de itens como afetação patrimonial não para o sistema como um todo, mas no âmbito da Fun-presp-Exe em relação a outros estados e municípios. Já existe um movimen-to natural nos estados, que estão apro-vando leis para a criação de Previdência

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Complementar, e eu acredito que com a transformação da Funpresp em entida-de multipatrocinada veremos, no futu-ro próximo, o seu fortalecimento e am-pliação.

Seria o fim dos Regimes Próprios?

Marcelo Caetano - Não. Até o teto do INSS, hoje em R$ 5.189,82, vai se manter o Regime Próprio da Previdên-cia Social. A gente não está acabando com o RPPS, estamos fazendo com que os regimes caminhem para a conver-gência entre o servidor público e o não servidor público. A Previdência Com-plementar fechada para o servidor pú-blico vale para aqueles que ingressarem depois que a entidade for criada ou en-tão após a criação do plano, quando a Funpresp tiver autorização legal para ser multipatrocinada. Nós procuramos trabalhar bastante a questão da afetação patrimonial para dar mais segurança, o que acabou aumentando um pouco a demora na apresentação do PL. Traba-lhamos para evitar que problemas com o plano de um estado ou município “A” afetem o plano de benefícios de um ente “B” que não tenha problema algum.

Podemos dizer, então, que a aposta de crescimento do governo para o sistema de Previdência Complementar neste momento é o servidor público?

Marcelo Caetano - Nesse momento sim, mas não quer dizer que vá parar aí. É um movimento que ocorreu natural-mente, independentemente de compo-sição partidária. Podemos observar que quando começaram a aparecer essas en-tidades de Previdência Complementar, o governo federal era comandado pelo

PT, o governo do estado de São Paulo era comandado pelo PSDB. No estado do Rio, quem criou foi o PMDB... En-tão existe uma visão de país que os es-tados estão adotando em relação a isso. Alguns desses entes têm interesse, mas não têm escala para criar cobertura de Previdência Complementar, até porque essa nova proposta vale principalmen-te para quem vier a ingressar. Portanto, vai demorar um pouco até se ter a esca-la necessária porque uma entidade pre-cisa ter conselheiros, diretoria.

Qual o impacto esperado com essa mudança?

Marcelo Caetano - Vai depender. Nem o estado nem o município são obrigados a aderir à Funpresp ou a criar sua própria Previdência Complementar pelo arcabouço normativo que a gen-te tem hoje. Portanto, é difícil prever o impacto, por ser uma opção voluntária. Mas pela própria iniciativa de estados na criação da sua Previdência Comple-mentar, a gente observa, independente-mente do impacto fiscal, um impacto de equidade. Estamos fazendo com que o sistema previdenciário, incluindo o re-gime de Previdência Social e o de Pre-vidência Complementar, diminua a dis-tância entre o trabalhador da iniciativa privada e o servidor público. Em termos fiscais, haverá um impacto sim, mas ele será mais de longo prazo porque esta-mos falando de pessoas que ainda vão ingressar no serviço público e da par-cela da remuneração que excede o teto. Esse impacto fiscal de longo prazo va-ria de estado para estado, de município para município, dependendo de quan-tas pessoas ganhem acima do teto na-quele ente da federação. Já o impacto de

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tano equidade para o sistema previdenciário

se dará como um todo.

Alguns dos itens defendidos pelo governo na reforma encontram resistência por tratar daquilo que alguns consideram como direito adquirido. Como vencer essa resistência e evitar a temida enxurrada de ações judiciais?

Marcelo Caetano - Sob o ponto de vista estritamente jurídico, essa é uma questão que nos deixa bastante tranqui-los. A noção de direito adquirido que existe no Brasil só acontece quando o in-divíduo está recebendo o benefício ou, ainda que não o esteja recebendo, já te-nha completado as condições para o seu recebimento. Isso não é uma opinião do Marcelo ou do governo, mas uma po-sição já consolidada na jurisprudência brasileira há bastante tempo. Portanto, a judicialização por conta do direito ad-quirido é um item que, do ponto de vis-ta estritamente técnico da repercussão, não nos preocupa.

Quando se faz uma reforma da previdência, dividimos os grupos em três grandes categorias. A primeira é a das pessoas que têm direito adquirido. São aquelas que ou já estão recebendo benefício ou já completaram as condi-ções de acesso a ele. A segunda catego-ria é aquela para a qual passarão a valer as regras permanentes. Quais são as re-gras permanentes? É claro que o gover-no tem consciência da necessidade da reforma, essa é uma posição bem con-sensual – e aí eu falo pelo Ministério da Fazenda, para o qual eu trabalho, pela Casa Civil e pelo Ministério do Planeja-mento que, em tese, são as três grandes partes envolvidas nessa discussão – mas

ainda não se sabe exatamente qual será esse segundo grupo, que está em pro-cesso de construção. E tem a categoria intermediária, que são aquelas pessoas sobre as quais vão se aplicar as regras de transição. Essas pessoas então esco-lhem o que é mais vantajoso para si: se a regra de transição ou a regra permanen-te. O corte para o grupo que absorverá as novas regras ainda depende de defi-nição política mais precisa.

Outro ponto polêmico é a idade mínima de aposentadoria. Como está essa discussão?

Marcelo Caetano - A idade mínima é um ponto que ainda precisa de defi-nição. Claro que a gente está embasan-do tudo tecnicamente e as pessoas es-tão acompanhando isso. É certo que vai existir uma transição. Não se faz isso do dia para a noite, até pela experiência in-ternacional já sabemos que não é assim. É importante colocar que a gente já sabe qual é o primeiro grupo, mas ainda não há definição sobre o grupo para o qual passarão a valer as novas regras. Outro aspecto importante a ser ressaltado é que a gente vive em um ambiente de-mocrático e, justamente por isso, o Exe-cutivo propõe, mas a PEC ou PL ainda terão que passar por discussão no Con-gresso. E aí pode ser que no meio do ca-minho haja alterações entre aquilo que o Executivo propuser e o que o Congresso vai aprovar. Esse é o processo natural.

Hoje, dentro das próprias patrocinadoras, há um grupo de 500 mil trabalhadores que não têm Previdência Complementar. O sistema vem defendendo algumas medidas para atrair esse grupo, como

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o incentivo fiscal. O que o governo – Fazenda e Planejamento – está fazendo para acelerar essas medidas?

Marcelo Caetano - Na Secretaria, tenho trabalhado muito com o Conse-lho Nacional de Previdência Comple-mentar. Houve uma reunião recente, quando se definiu que teríamos mais duas reuniões este ano. E aí não é o go-verno especialmente que coloca a pau-ta, até porque na própria composição do Conselho tem muita gente, inclusi-ve a Abrapp, Anapar e também repre-sentantes de patrocinador e instituidor, ou seja, é uma oportunidade de levantar questões. Aproveitei essa reunião, que eu estava presidindo, com uma pauta ampla a ser discutida, para abrir a pos-sibilidade de os membros incluírem no-vos tópicos, e colocamos em votação. O que saiu da votação são três tópicos im-portantes, mas que não são exatamen-te esses que você mencionou (incentivo fiscal e fomento), mas que têm a vanta-gem de poderem ser tratados por meio de Resolução do próprio Conselho, sem depender da apresentação de PEC ou PL – como seriam as medidas de incen-tivo fiscal. Questões tributárias, no mo-mento atual, dada à situação fiscal que o país vive, são um pouco mais difíceis de ser colocadas. Mas isso não fui eu quem definiu, foi o próprio CNPC.

Dentre dezenove temas apresenta-dos, os três primeiros que precisamos trabalhar nas duas próximas reuniões do Conselho dizem respeito ao trata-mento das submassas, que ainda de-pende de regulação, e à regulamenta-ção da LC 109, artigo 33. Ou seja, agora em 2016 é que vamos trabalhar a regu-lamentação de uma lei de 2001! Trata--se basicamente da questão da reorgani-

zação societária, com dois tópicos: o da transferência de gerenciamento e itens como fusão, incorporação e cisão. Te-mos visto algumas empresas fazendo isso, mas sem ter regulamentação. São questões importantes, sim, mas no sen-tido de trazer direcionamento ao que já existe. Não houve tópicos que contem-plassem a inclusão de um novo público.

Vejo um boom para o crescimento do setor tanto nos novos servidores pú-blicos como para os atuais, como ativo alternativo. São pessoas que, mesmo no RPPS, podem aportar para o Funpresp. Vejo colegas fazendo isso, inclusive aqueles que têm expectativa de direito.

Além dos servidores, há outras duas apostas de crescimento do sistema, que é a previdência associativa e o plano setorial…

Marcelo Caetano - O plano setorial era um item que eu gostaria de ter co-locado na pauta (do CNPC), mas que não foi incluído. Eu tinha essa expecta-tiva, queria discutir, estava com mais simpatia por esse assunto para tratar de fomento. O que pode acontecer é o se-guinte: tratando desses três temas eleitos como prioridade, se conseguirmos avan-çar, a gente faz uma nova votação. E aí pode ser que o tema entre na pauta. Não sei quantos a gente vai conseguir apro-var na próxima reunião, estamos colo-cando dois como meta, mas pode ser que só consigamos aprovar um.

O senhor diria que a Previdência Complementar é uma prioridade deste governo?

Marcelo Caetano - Sim. É claro que quando a gente fala em reforma da pre-vidência, estamos falando em Previdên-

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tano cia Social. Se você observar, o próprio

noticiário coloca, nesse momento, duas grandes alterações que o governo quer fazer: a PEC de gastos e, na sequência, a reforma da previdência. Há intenção de fortalecer a Previdência Complemen-tar? Sim. Mas o fluxo novo que vai ser observado, e que é um dos itens da re-forma que está no Congresso, parte da possibilidade de ampliar a Funpresp, tornando-a uma entidade multipatroci-nada. Há, porém, outros itens que não dependem de lei, mas de Resolução do CNPC, como foi o caso dos planos setoriais.

O processo de adesão à Funpresp corresponde às expectativas? Recentemente houve uma alteração para viabilizar a adesão automática. O que o senhor pensa do mecanismo?

Marcelo Caetano - Eu vejo de for-ma positiva. Agora, como isso vai ser posto eu não sei. Para a Funpresp, em particular, se mostrou um caso bem--sucedido. A recomendação que eu faço para estados e municípios é que preve-jam a inscrição automática nas leis que criam sua Previdência Complementar.

E para os patrocinadores privados, seria uma boa opção?

Marcelo Caetano - Teria que haver um processo de alteração legal. Vamos dar tempo ao tempo e ver quais são os ce-nários alternativos de crescimento para o setor. A gente não tem como abraçar o mundo com as mãos e dar um passo maior que a perna. Temos que aproveitar a transformação da Funpresp em multi-patrocinada para fortalecer a Previdên-cia Complementar e, pelo que eu vejo, a própria Abrapp também pensa dessa

forma. Vejo o fortalecimento da Previ-dência Complementar via servidor atin-gindo três objetivos distintos: primeiro, o fortalecimento da Previdência Com-plementar em si, não como substituto de Previdência Social, mas como previ-dência privada no seu papel de comple-mentação. O segundo é a equidade entre servidores públicos e não servidores pú-blicos. Então, bem ou mal, está se dan-do um tratamento mais igualitário para a sociedade como um todo. O terceiro objetivo é a sustentabilidade do próprio regime. Como essas entidades são de Contribuição Definida, não existe o risco que ocorre em outros tipos de planos, a exemplo do próprio RPPS.

Houve uma severa mudança estrutural na Previdência, que perdeu o status de ministério e passou a ser subordinado à Fazenda. Como fica essa composição?

Marcelo Caetano - Será publicado um decreto que estabelece essa orga-nização. Foi criada a Secretaria de Pre-vidência do Ministério da Fazenda, da qual sou titular. Sob ela estarão duas secretarias para cuidar das grandes áreas. A primeira é a Secretaria de Polí-ticas de Previdência Social (SPPS), que está sob o comando de Benedito Brun-ca, com os departamentos de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional; do Regime Geral de Previdência Social; e o dos Regimes de Previdência no Ser-viço Público. A outra é a Secretaria de Políticas de Previdência Complemen-tar (SPPC), cujo titular é José Edson da Cunha Junior. Ela vai abrigar o De-partamento de Políticas e Diretrizes de Previdência Complementar.

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Um olhar sobre o futuro

Última plenária apontou como obstáculos ao fomento a heterogeneidade e a incompatibilidade

dos produtos ofertados aos anseios da sociedade

A última plenária do 37º Congresso Bra-sileiro dos Fundos

de Pensão reuniu alguns dos principais nomes do setor com o desafio de lan-çar um olhar sobre o fu-turo, fazendo com que a Previdência Complemen-tar seja vista e reconheci-da como parte da solução para o País e não como cus-to e risco adicionais para

as empresas, atraindo, as-sim, novos participantes. O que se viu foi uma gama de sugestões, das mais simples às mais comple-xas, baseadas em um con-senso: o sistema, tal como é hoje, já não atende mais à realidade nem do indi-víduo, nem da sociedade. É preciso reinventar não apenas para crescer, mas para sobreviver.

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Cada novo plano licenciado

pela Previc tem por inspiração os planos desenhados em outra

realidade, o que poderia explicar a sua pouca

atratividade

Diretor superintendente da Previc, José Roberto Ferreira destacou a impor-tância de um planejamento que mostre de forma clara aonde se quer chegar. A cons-trução do futuro, porém, passa primei-ro por conhecer o passado e ter a clareza de que os atuais planos foram modelados dentro de um outro contexto de sociedade. “Normalmente, as pessoas entravam nas empresas com a expectativa de ficar ali até se aposentar”, ressalta o superintendente. Os planos que formam o estoque têm em geral essa característica e são muito hete-rogêneos. Na prática, são 1.104 planos dife-rentes entre si.

Dois terços desses planos são de Be-nefício Definido (BD) e Contribuição Vari-ável (CV), ou seja, possuem elementos de risco de desequilíbrio. Mas tão importante quanto compreender esses planos é com-preender a expectativa para o fu-turo. “Esse é o nosso grande desafio. E a palavra-cha-ve apontada tanto pelo Estado quanto pela Abrapp é inovação.” Cada novo plano li-cenciado pela Previc tem por inspiração os planos desenhados em outra realidade, o que poderia explicar a sua pouca atratividade, ponde-ra Ferreira.

Um ponto defendido pelo superin-tendente foi a necessidade de os planos se-rem mais homogêneos, o que facilitaria a compreensão do sistema pelo cidadão me-diano, que tem razoável entendimento em relação a outros produtos securitários, mas é desencorajado pelo nível de complexida-de da Previdência Complementar.

A fim de aumentar a atratividade, outra medida seria alterar o regime fis-cal. Sem enxergar um cenário favorável a isso, Ferreira aponta elementos na modela-gem dos planos que devem ser mais bem explorados, tendo a Previc como parte da solução e não do problema. O órgão pos-sui um planejamento estratégico definido há dois anos que tem como eixos o aperfei-çoamento da supervisão, a desoneração do sistema e o fomento.

Aprimoramento da supervisão Em relação ao estoque, a principal me-

dida tem sido o aperfeiçoamento do mode-lo de supervisão, que pode ser simplificado, trazendo como referência a manutenção de todos os quesitos de Supervisão Baseada em Risco até então utilizados acrescidos do quesito de predição. Neste exercício,

salienta-se, o órgão também está ten-do a oportunidade de aplicar

efetivamente as novas re-gras de solvência e preci-

ficação. “Naturalmente, o grande foco é o esto-que, e a boa aplicação dessas regras vai fazer com que esse momento desafiador em termos

econômicos e sociais possa ser superado com

mais tranquilidade”, de-fendeu Ferreira, destacando,

ainda, todo o esforço no que diz respeito ao compartilhamento de risco.

Quanto ao futuro, o superintenden-te da Previc sustenta que o desafio é esti-mular novas modelagens, entendendo que o arcabouço atual é suficiente. Logo, não seria por falta de regras que não poderiam ser criados planos melhores e mais ambi-ciosos. Um exemplo foi a Instrução Nor-

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apa O aprimoramento da supervisão

torna os fundos de pensão mais saudáveis

e confiáveis, pavimentando o

fomento

mativa que cria os planos setoriais sem que fossem necessários normativos adicio-nais. A própria Previc compreendeu que é possível receber empresas não só no pa-pel de patrocinador, mas também de ins-tituidor. Existia margem para isso e a IN trouxe uma visão sobre os quesitos de mobilidade para o partici-pante, bem como de alcance desses planos por empre-sas de pequeno porte, até então fora do acesso ao sistema.

Além de desonerar o sistema, reduzir pra-zos e facilitar, por meio eletrônico, a alteração de regulamentos, o licen-ciamento eletrônico, lançado durante o 37º Congresso, é outra medida de estímulo a novas modelagens, aponta Ferreira, possibilitando a padroni-zação tanto no futuro quanto no estoque. A partir do momento em que os regulamen-tos passam a ser formatados segundo um sistema de módulos, os novos planos serão mais uniformes, o que possibilitará a maior compreensão da sociedade.

“Com isso, será possível dar um pas-so fundamental que é a interligação futu-ra dos nossos sistemas. Esse é o modelo já experimentado pelo Banco Central que tem dado muito certo.” Por meio do Sisba-cen, o BC acompanha a operação de todos os bancos em tempo real, capacidade a ser conferida pelo sistema de licenciamento eletrônico. “A partir da padronização no formato dos regulamentos, sem concorrer com a essência previdenciária dos planos, faremos com que o nosso sistema se sinta mais supervisionado. Isso naturalmente aumenta muito a capacidade de supervi-são da Previc sem que seja necessário estar

presencialmente junto às entidades”, afir-ma José Roberto Ferreira.

O superintendente ressaltou ainda o Código de Autorregulação em Governança de Investimentos e declarou o apoio da Previc à iniciativa, que será levada em consi-

deração no processo de fiscalização. A entidade que aderir ao códi-

go vai ser percebida pelo ór-gão de supervisão como

uma entidade disposta a percorrer o caminho das melhores práticas e do autocontrole. Tudo isso, diz Ferreira, pavimenta

o fomento, com fundos de pensão cada vez mais sau-

dáveis e confiáveis, capazes de atender às expectativas de acumu-

lação e investimentos responsáveis que via-bilizem o crescimento do país.

Força e fragilidades

“Nossos produtos são complexos, não padronizados, com mais de mil planos di-ferentes com características muito específi-cas, o que dificulta a fiscalização, operação, formação de jurisprudência e entendimen-to do participante e do próprio patrocina-dor. Talvez seja este o aspecto de maior vulnerabilidade do nosso sistema”, reforça o superintendente da Fibra, Silvio Rangel.

Já a força da Previdência Complemen-tar no Brasil estaria nos números. São 3,9 milhões de participantes, dos quais 750 mil já recebem benefícios de aposentadoria ou pensão. Depois do RPGS, trata-se do maior pagador de benefício continuado do país, atingindo público de 9 milhões de pesso-as – considerando os participantes e seus dependentes. Em 2015, o sistema pagou

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a R$ 35,5 bilhões em benefícios em prestação continuada, com valor médio de R$ 4 mil.

São R$ 700 bilhões em patrimônio, o equivalente a 12% do PIB. “Somos sem-pre confrontados em relação aos investi-mentos, mas em longo prazo o sistema, como um todo, registra rentabilidade su-perior não só às necessidades atuariais, como também a outros produtos do mer-cado. Grande parte dos recursos da renta-bilidade superior acumulada nos últimos anos foi aprovisionada para pagar recursos maiores, uma vez que a maior parte dos nossos planos antigos são de renda vitalí-cia”, explica Rangel.

A análise dos números, porém, evi-dencia outros pontos fracos, como o fato de os planos antigos responderem por 68% do patrimônio. São planos em fase de extinção, com prazo de pagamento médio de 12 anos, o que leva à conclusão de que após esse período o sistema entrará em franca descapitalização. A ten-dência, se nada for feito, é a redução de sua rele-vância em relação ao PIB, o que já vem ocorrendo. A parti-cipação que hoje é de 12% já chegou a 18%.

Rangel faz uma provocação, colocando como ponto negativo a pró-pria nomenclatura: “sis-tema fechado”, expressão que transmite a ideia de exclu-são e privilégio. “É assim que o nosso sistema muitas vezes é percebido pela so-ciedade. Somos um sistema coletivo, coo-perativo e associativo, mas a nomenclatura ‘fechado’ não se alinha àquilo que nós fa-

zemos, com os produtos que entregamos”, argumentou.

Outra fragilidade apontada é a falta de segregação entre a entidade gestora e o plano. Muitas vezes se confunde o CNPJ como se a entidade e o plano fossem a mes-ma coisa, o que o dirigente entende como ameaça de riscos jurídicos e mais um em-pecilho para o crescimento.

Geração ZApós esse diagnóstico, Rangel se vol-

ta para o futuro, onde chama a atenção o perfil do novo cliente, a chamada “geração Z”. Trata-se de uma geração que nasceu na era da informação, com perfil crítico, dinâ-mico, muito flexível e vínculos empregatí-cios que tendem a ser pouco duradouros. São pessoas muito mais desapegadas em relação a aspectos patrimoniais. “Essa geração não tem aquele sonho de consu-

mo de ter um primeiro automóvel aos 18 anos, e é focada na chama-

da economia compartilha-da”, define o dirigente,

trazendo como exem-plos as empresas Uber e Airbnb. “A sociedade mudou e logicamente novos produtos precisam acompanhar essa

necessidade.”Alguns pontos

foram elencados como necessários para a reno-

vação do sistema. O primei-ro é a revisão do produto, que

precisa ser padronizado, flexível, aco-plável e confortável. A analogia usada é de um brinquedo Lego que, com encai-xes padronizados, permite as mais va-riadas construções. O sistema defendido

“Somos sempre confrontados

em relação aos investimentos, mas em

longo prazo o sistema registra rentabilidade superior às necessidades atuariais e

a outros produtos do mercado”

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por Rangel deve ter essa característica, com coberturas de benefícios programa-dos e de risco absolutamente ajustáveis aos aspectos jurídicos, de contabilidade e custeio. Como as entidades têm objetivos distintos, a forma-tação do plano se daria de forma específica, usan-do módulos padroni-zados, que poderiam ser fornecidos inter-namente pela fun-dação, comprados no mercado segu-rador ou desenvol-vidos no mercado financeiro.

O produto para a nova geração precisa, tam-bém, ser portável. Por mais que se fale de portabilidade, diz Rangel, para pla-nos com características tão distintas, esse é mais um direito “escrito” do que viável na prática. A viabilidade da portabilidade para transformar aquele direito em valor, a começar pelas premissas adotadas, é preju-dicada pela falta de padronização.

Embora respeite as regras vigentes para a gestão do estoque, Rangel defen-de a revisão da regulação para o novo am-biente. “Tentar aproveitar o sistema e a regulação existentes para criar um sistema novo levaria muito dos vícios atuais. Por isso defendo uma regulação totalmente nova e a eliminação das diferenças entre sistemas aberto e fechado”, sustenta.

Outro ponto colocado como provoca-ção é a necessidade de revisão no desenho institucional das próprias entidades. A se-gregação jurídica, patrimonial, financei-ra e contábil entre os planos e entidades iria adiante, fazendo com que as entidades que hoje são gestoras de plano passassem

a ser um ativo da carteira de investimento dos próprios planos. “As nossas enti-dades se transformariam em empresas gestoras de planos coletivos de previdên-

cia. Essa segregação entre as enti-dades gestoras e os próprios

planos permitirá não só o aumento da competiti-

vidade, mas da efici-ência. Acredito que isso possa contri-buir para o fomen-to do sistema de Previdência Com-

plementar coletivo, que eu chamo aqui de

coletivo e não mais de fechado”, explicou o su-

perintendente da Fibra. O dirigente propõe, ainda, a

revisão na forma de operação, que deve ser voltada para a nova clientela. Ele re-latou a experiência de uma empresa que desenvolveu um programa para contar o público presente em grandes eventos. A forma encontrada foi identificar os sinais de celular, estratégia que levou a 95% de acerto Ou seja, 95% das pessoas hoje têm celular individual, o que é um grande ati-vo. Para Rangel, assim como já fazem os bancos para operação via celular, as enti-dades devem chegar ao participante por meio do dispositivo. Hoje a tecnologia já é usada nos processos internos, mas é neces-sário focar nos benefícios externos como parte do produto ofertado aos clientes.

“Na minha utopia de futuro, ima-gino um novo cliente utilizando o celu-lar para informar seu perfil pessoal e seus objetivos previdenciários, escolher as co-berturas de risco desejadas, simular as contribuições necessárias para seus obje-tivos, selecionar o perfil de risco e retor-

As EFPCs devem chegar ao participante por meio do celular. A

tecnologia já é usada nos processos internos, mas é necessário focar nos

benefícios externos como parte do produto

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a no de investimento adequado, efetuar os aportes e acompanhar a evolução das me-tas. E se ele mudar de ideia, rapidamente vai poder fazer isso de forma flexível do seu celular”, ressalta.

Reformas necessáriasPara o advogado Adacir Reis, é preci-

so fazer um corte entre o que já foi e o que será construído. O que já foi construído é algo impressionante que impõe grandes desafios de gestão em relação ao passivo previdenciário. O outro corte seria o que se pretende construir, considerando que o sistema está estagnado ou talvez até em de-clínio. “Acredito que um fórum como esse tenha entre os objetivos fixar convicções e algumas premissas. E uma convicção que sai fortalecida é que a realidade mudou. Portanto, o sistema também precisa mu-dar. É uma questão de sobrevivência”, sen-tencia Reis.

Se o produto envelheceu, é neces-sário quebrar paradigmas atra-vés de uma macrorreforma e microrreformas. A ma-crorreforma seria a da Previdência. “Não há alternativa, pois o bi-nômio aumento da longevidade e queda da natalidade leva a um desafio totalmen-te inédito.” No ápice da disfuncionalidade do mo-delo político, não será fácil fa-zer esse equacionamento. Por isso, Reis defende que a Abrapp e a sociedade “empurrem” o governo para a reforma da Previdência, “que não tem partido e nem é de governo ou de oposição, mas um proje-to de país”.

O pacto mínimo entre os atores é um grande desafio. Em sua opinião, o sistema deve defender uma nova faixa de capita-lização compulsória sem onerar emprega-dores e empregados, já que não há mais espaço para tal. Uma das opções seria di-vidir o modelo do INSS em dois, com um regime de repartição público e o regime de previdência capitalizada dentro do teto para que as EFPCs possam fazer a explora-ção e diversificação dos riscos. O advogado defende ainda um novo modelo de Previ-dência Complementar para os novos em-pregados, que tem na Funpresp um grande exemplo. “Para desenvolver o sistema é preciso empurrar a reforma da Previdên-cia”, resumiu Reis.

Em relação às microrreformas, have-ria muitas questões a serem desenvolvidas, a começar pelo aprimoramento tributário. Reis defende a alíquota zero para a poupan-ça internalizada por pelo menos 15 anos, um incentivo para as pequenas e médias

empresas que declaram pelo lucro presumido e o tratamento jus-

to para a pessoa física que faz a declaração pelo mo-

delo simplificado. “Al-guns poderiam falar que o momento em que se discute a PEC de Contenção de Gas-tos e cortes para todo

lado isso não é possível. Mas não vamos esperar

a situação ideal porque ela não existe”, afirmou, lembran-

do de 2004, quando o sistema se mo-bilizou e conseguiu a isenção de Imposto de Renda sobre os ganhos e rendimentos das aplicações dos fundos de pensão.

Outro ponto destacado pelo especia-lista para modernizar o setor é a aproxima-

Quanto à reforma da

previdência, propõe-se dividir o modelo do INSS em dois, com um regime de repartição público e o

regime de previdência capitalizada dentro

do teto

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19FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

Matéria de C

apa

ção da Previdência Complementar com a indústria do seguro, na linha de proteção previdenciária e securitária, o que exige ajustes tanto nas entidades fechadas quan-to abertas, que atualmente vendem como previdência o que na verdade é um mero fundo de investimento.

A ida da Previc para o Mi-nistério da Fazenda pode ser uma ameaça, mas hoje é mais uma opor-tunidade segundo Reis, uma vez que co-loca no mesmo fórum e no mesmo ministé-rio os atores que po-dem enfrentar essa agenda, apresentando a Previdência Comple-mentar como solução e não problema. “Precisamos superar essa pregação aos convertidos, sair do nosso fórum e ir para os fóruns onde se dis-cute esse grande tema. O desafio de todos nós, brasileiros, é construir, dentro do Esta-do democrático de direito, um sistema pre-videnciário baseado na responsabilidade social e na sustentabilidade fiscal. Acredito que sejamos capazes de ousar, empreender e dar conta desse desafio.”

Financiamento da longevidadeAos 80 anos, o presidente do Conse-

lho de Administração da Mongeral Aegon, Nilton Molina, subiu ao palco para reforçar que a longevidade é uma realidade. “Dis-cutimos aqui como criar recursos para as pessoas longevas, e eu quero dizer que re-curso para longevidade não é problema do Estado, é problema do indivíduo.”

Para Molina, as pessoas vão ter que abrir mão do consumo de curto prazo para fazer a sua poupança de longo prazo. O es-

tado vai prover um cobertor mais fino para a sociedade inteira, garantindo o míni-mo de sobrevivência. Não há como admi-tir que uma sociedade que estava prevista para viver até os 60 anos e vai morrer aos 90 anos sobreviva 30 anos no colo do Esta-

do. “Isso já passou, a fila andou.” Aberta ou fechada, para

Molina essa é uma discus-são menor. O que exis-

tem são fundos de pensão, fundos que as pessoas criam para sua inatividade. Ele apresentou duas pro-postas. A primeira é a

mudança radical na le-gislação atual. “Sei que

‘rasgar’ é uma expressão forte, mas é isso que deve-

mos fazer com a nossa legislação atual. Todos os regulamentos que estão aí

são passado.” A indústria tem que se dedi-car a cuidar dos estoques, mas também tem que cuidar do futuro, que é onde se enqua-dra a reforma da Previdência Social. O em-presário privado, diz, não tem condição de pagar mais uma conta.

“Não cabe no orçamento da empresa pagar 22% de INSS; 8% de garantia e algu-ma coisa como 8% de saúde. Seja na refor-ma, seja em um novo sistema para o novo trabalhador, é preciso incluir no fundo de pensão o Fundo de Garantia do empre-gado. Temos que transformar o FGTS em um pilar de capitalização e diminuir pela metade o teto do INSS no regime de re-partição, reduzindo os custos futuros das empresas e fazendo com que o fundo de pensão passe a ser um fundo de previdên-cia”, propõe.

Ele ressalta que a empresa privada normal não tem dinheiro para custear um

“Discutimos aqui como

criar recursos para as pessoas longevas, e eu

quero dizer que recurso para longevidade não é

problema do Estado, é problema do

indivíduo”

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20FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

Mat

éria

de

Cap

a fundo de pensão. “Se eu pudesse dar uma sugestão apenas para iniciar o processo de estudo do novo sistema de Previdên-cia Complementar no Brasil, eu diria para criarmos condições para que as pessoas possam aplicar em seus fundos e, quanto mais longevos forem esses fundos, maior benefício fiscal essas pessoas vão receber.” Molina vê a possibilidade de a Previc pas-sar para o Ministério da Fazenda e se fun-dir com a Susep como algo positivo, uma vez que haverá um único órgão regulador para orientar esse novo sistema.

Plano de fomentoO presidente da Abrapp, José Ribeiro

Pena Neto, apresentou o Plano de Fomen-to da Previdência Complemen-tar, que ele prefere chamar de plano de fomento da poupança previdenciá-ria. “Já começamos a dar os primeiros pas-sos, mas precisamos do envolvimento de todos”, conclamou.

O plano prevê in-vestimento pesado em comunicação, marketing e relacionamento com a mídia, com ações em várias esferas. “Precisamos aprender a ser vendedores do nosso sistema”, resumiu.

A proposta é elevar o número de par-ticipantes ativos de 2,6% para 5% da Popu-lação Economicamente Ativa (PEA). Parte desse grupo está nas próprias patrocinado-ras: hoje, há 500 mil empregados que ainda não aderiram aos planos ofertados. “Esse dado me deixa incomodado. Alguém está desprezando ajuda do patrão para formar sua poupança previdenciária e precisamos saber porque isso acontece”, diz Pena Neto.

Os servidores do RPPS – apontado como “uma bomba que pode explodir a qualquer momento” – também poderiam aderir a um fundo de pensão. Mas é neces-sário expandir, a exemplo do que já foi fei-to no governo federal e de alguns estados. “A Previdência Complementar tem po-tencial para 15 milhões de pessoas ou 16% da População Economicamente Ativa, que a gente espera incorporar ao sistema até o ano de 2036.”

Os planos instituídos, que são uma importante vertente para o crescimen-to, têm potencial de atrair mais de 6 mi-lhões de participantes para o sistema. Os servidores públicos federais que ainda não aderiram são mais de 1 milhão. Esse

contingente de participantes, se alcançado, vai permitir atin-

gir ativos da ordem de R$ 2,1 trilhões, um cresci-

mento de quase 5% ao ano, chegando a 21% do PIB em 2036. A re-lação ativos/PIB seria o dobro da que se tem

hoje, embora ainda modesta se comparada

a países onde a Previdên-cia Complementar alcançou

dimensão invejável, como Ho-landa e Suíça.

“Se quisermos um futuro brilhante para país, e nós queremos, temos plena convicção de que a poupança previden-ciária tem um papel importantíssimo. Esse projeto precisa do engajamento não só das nossas associadas, mas de todos aqueles que conhecem a seriedade dos fundos de pensão, que não podem ser olhados por pontos fora da curva, mas pelos compro-missos honrados até aqui”, disse Pena Neto.

A meta é elevar o número

de participantes de 2,6% para 5% da PEA,

chegando-se a R$ 2,1 tri em patrimônio e 21%

do PIB até 2036

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Investimentos 2017

Conjuntura de investimentos: mudanças e riscos

a partir de 2017Possível queda dos juros exigirá

cautela na diversificação e rigor ainda maior nas análises de fluxo de caixa dos planos BD

POR MARTHA ELIZABETH CORAZZA

A percepção exata do grau de risco a ser assumido nas políti-

cas de investimento dos fun-dos de pensão a partir de 2017 é a variável que marca os debates dos especialistas e dirigentes neste segundo semestre. Até que ponto re-tomar as estratégias de di-

versificação num ambiente de incertezas macroeconô-micas e políticas, porém com alguma eventual perspecti-va futura de redução das ta-xas de juros, foi a tônica dos debates sobre investimentos em Florianópolis, durante o 37º Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão.

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2017

Para os planos já maduros, a redução gradual do retorno real dos títulos públicos tende a fazer com que o risco saia do atual

patamar “abaixo do neutro” e caminhe para uma faixa neutra

Ao final do primeiro semestre de 2016, a rentabilidade média obtida pe-las Entidades Fechadas de Previdência Complementar foi de 8,44% e as proje-ções feitas pela Abrapp indicam que o resultado no fechamento deste ano po-derá ficar em 16,14% para uma TJP (Taxa de Juro Padrão) de 15,19%. Esse retorno positivo refletiria, de algum modo, um cenário de melhora moderada da econo-mia em que a taxa Selic fique em 13,75% no final do ano. Por enquanto, a aloca-ção segue fortemente concentrada em renda fixa (72% das carteiras totais), com destaque para as NTN-Bs, com as apli-cações em renda variável representando apenas 17,7% dos ativos.

O que fazer daqui para a frente, caso sejam reafirmadas as expectativas de re-dução gradual do retorno real oferecido pelos títulos públicos? Para os planos de benefícios já maduros, fechados, a ten-dência é que o risco saia do atual pata-mar “abaixo do neutro” e aumente um pouco, caminhando para uma faixa neu-tra, segundo avaliou Édner Bitencourt Castilho, da CTN de Investimentos da Abrapp, durante apresentação técnica sobre o que mudará nos investimentos em 2017. Os planos BD maduros, que re-fletem em grande parte a realidade do sistema, precisarão ter um rigor ainda maior ao fazer suas análises de fluxo de caixa na hora de pensar em ampliar ris-cos de investimentos, ressaltou durante o debate o diretor superintendente da

Fibra, Sílvio Renato Rangel Silveira, da CTN de Investimentos.

Se o juro realmente cair e tudo der certo na economia, talvez o sistema de fundos de pensão possa iniciar um ci-clo parecido com o da última década, quando os ativos de risco foram estimu-lados pela queda dos juros. “As EFPCs começam a abandonar o comportamen-to defensivo frente à crise para olhar as eventuais oportunidades e pensar no fu-turo, mas o juro continua muito alto e o mercado de crédito ainda não voltou”, observou o diretor de Investimentos da Valia e coordenador da CTNI, Maurí-cio da Rocha Wanderley. Na Bolsa, ele sublinha que a alta das cotações reflete apenas o humor do mercado e não os re-sultados reais das companhias, embora haja uma sensação de que será possível esperar por uma melhora futura.

Informações contraditórias A atual equipe econômica do go-

verno poderá levar o país de volta ao investment grade perdido? A resposta a essa dúvida é uma das dificuldades con-sideradas pelos analistas de mercado para avaliar a atratividade dos ativos de renda variável e definir se continua inte-ressante comprar NTN-Bs a 4,5% anuais na ponta longa - e 6,5% ao ano na pon-ta curta - depois de um período em que esse retorno foi de até 8% ao ano. “Será que essa é uma alternativa tranquila para os fundos de pensão? Há muita in-

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Investimentos 2017

O mercado de crédito privado enfrenta uma situação complexa, com número recorde de empresas pedindo recuperação judicial

formação contraditória para se saber se chegamos a um ponto de virada da eco-nomia”, analisou o ex-diretor de Políti-ca Monetária do Banco Central Rodrigo Telles da Rocha Azevedo durante sessão plenária sobre os desafios futuros dos investimentos das EFPCs.

Ainda que seja favorável a “dar o benefício da dúvida” ao governo, Rocha Azevedo reconhece que o ajuste interno e o ambiente externo, somados, precisam ser levados em conta. “Se o crescimento global seguir baixo, sem perspectiva de aumento da inflação, é pouco provável que mude a curva de juros nos EUA.” Com juro nominal baixo ou negativo em boa parte do mundo - o retorno pago por títulos com dez anos de prazo na Europa beira os 0,04% - há quem aposte na van-tagem brasileira de poder atrair capitais internacionais rapidamente.

Esse fluxo de dinheiro seria capaz de irrigar os mercados locais o suficien-te para dar fôlego aos diversos ativos re-ais. “Mas isso vai depender de garantir o capital de volta a esses investidores glo-bais e para isso o governo brasileiro pre-cisa reverter a trajetória de alta da dívida pública em relação ao PIB, ou seja, é im-prescindível o ajuste fiscal”, diz o ana-lista. A equação resultante, no modelo seguido pelo atual governo, não permi-te manter ilusões. Um aperto fiscal ultra rigoroso, capaz de encher os olhos dos mercados, poderia teoricamente garan-tir a estabilização da relação dívida/PIB

apenas em 2020/2022, avisa o ex-diretor do Bacen. Ou seja, não será possível ava-liar a “virada” em curto prazo e, até que ela seja concretizada, ele admite que a queda dos juros será muito cautelosa.

Crédito estagnado e poucas opções

O potencial de renascimento do mercado de crédito privado doméstico é outro fator relevante quando se pensa em diversificar as carteiras dos fundos de pensão. Categoria em que essas carteiras estão subalocadas e que já representou um importante canal de diversificação, o crédito enfrenta uma situação comple-xa. “Estamos vivendo num ambiente de número recorde de empresas pedindo recuperações judiciais, que teve um cres-cimento superior a 170% nos últimos cinco anos e envolve desde microempre-sas até grandes corporações”, informou o diretor-executivo da BB DTVM, Carlos José da Costa André. O dia a dia das ins-tituições financeiras é renegociar títulos de dívida corporativa num cenário de encolhimento do mercado de capitais.

“A Bolsa encolheu em capitalização de mercado e em número de empresas listadas, os fundos de renda variável es-tão no menor patamar dos últimos cinco anos, o que é muito preocupante”, ana-lisa André. Ele pondera que o total de ativos que estão nas mãos dos investi-dores institucionais ainda é muito baixo: 12,2% do PIB no Brasil contra 80% nos

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24FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

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2017 EUA, por exemplo. Em termos de dívida

corporativa, enquanto os EUA tem 40% do PIB apenas em bonds corporativos, o Brasil tem 48% de seu PIB aplicados no mercado de curto prazo.

“As alternativas de longo prazo são poucas e ilíquidas, o prazo médio aqui é de quatro anos contra 17 anos nos EUA”, informa o diretor da BB DTVM. Com os investimentos dos fundos de pensão concentrados em renda fixa (basicamen-te em títulos públicos), fica difícil ima-ginar uma diversificação expressiva em pouco tempo. As EFPCs investem atu-almente apenas 3% de seus ativos em produtos estruturados, menos de 18% em renda variável e ainda engatinham no segmento de investimentos no exte-rior. “Estamos todos ainda aprendendo a usar esse instrumento, mas a tendência tem sido a de enxergar o exterior como uma fonte adicional de retorno quando ele deveria ser visto como uma ferra-menta de gestão de riscos graças à diver-sificação”, observa André.

“Os investimentos dos fundos de pensão brasileiros somando 12,2% do PIB representam um percentual muito baixo”, reforçou o especialista sênior do Banco Mundial José Antônio Gragna-ni durante a sessão plenária. Nos países da OCDE, a média simples aponta um percentual de 16% que passa a 36% na média ponderada. “O cenário de juro baixo lá fora e a perspectiva de queda

das taxas aqui devem levar a uma busca de alternativas”, diz Gragnani.

Há um risco real de que a situação comprometa a solvência dos planos BD e produza impactos nas annuities dos pla-nos CD, avalia o especialista. “O Brasil precisa desenvolver alternativas porque o seu mercado de capitais ainda é mui-to pequeno e as empresas estão com ala-vancagem crescente.” Enquanto isso, os ativos imobiliários estão em curva declinante de preços e as ações enfrentam maior volatilidade no mundo inteiro.

Taxa atuarial e riscoAs decisões para 2017 dependerão

muito das metas atuariais, lembram os dirigentes. Com a média móvel da TJP em níveis superiores aos do mercado, haverá oportunidade para os fundos de pensão elevarem suas taxas atuariais. “Mas o fato de haver permissão regula-tória não significa que isso deva ser fei-to”, alerta Rangel. Ele acredita que esse debate ganhará espaço daqui para a frente e precisará ser qualificado. “O pri-meiro passo para elaborar as próximas políticas será discutir as taxas atuariais e mandatos de risco frente a uma relação maior entre a meta e o nível de risco que se pretende correr.”

Nesse ambiente, os mandatos de risco precisarão ser definidos de ma-neira consciente e terão que ficar muito claros. O risco precisará ser muito bem

“A tendência é enxergar o exterior como uma fonte adicional de retorno quando ele deveria ser visto

como uma ferramenta de gestão de riscos”

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Investimentos 2017

dimensionado tecnicamente, de modo a agregar valor à rentabilidade. “O retor-no dos investimentos acaba sendo mais relevante do que a discussão sobre lon-gevidade”, analisa Rangel. Num plano com 35 anos de capitalização, por exem-plo, um percentual de 0,05% a mais de rentabilidade será capaz de pagar um ano a mais de benefícios, ou seja, a lon-gevidade será equacionada pela rentabi-lidade que o plano for capaz de obter.

A possibilidade de elevar metas terá que ser muito bem debatida, con-corda Édner Castilho: “O salto da TJP agora reflete o valor dos juros entre 2012/2013, mas dentro de dois ou três anos ela poderá cair novamente, então se decidirmos elevar a taxa de descon-to agora estaríamos agregando volatili-dade ao custeio dos planos”. Essa é uma discussão complexa, porém indispensá-vel na definição das políticas. “É preci-so utilizar os limites da legislação com parcimônia porque se a taxa do passivo estiver muito acima da NTN-B, haverá grande pressão sobre o gestor do plano para que ele consiga bater as metas.”

Castilho lembra ainda que qualquer decisão que signifique aumentar riscos nos investimentos terá que passar neces-sariamente por um olhar para o pacto de governança.

O prazo de três anos estabelecido na legislação para a série temporal da TJP precisaria ser ampliado para cinco anos, conforme a proposta original do

sistema, de modo a minimizar o risco de volatilidade, defende Rangel.

Cautela e infraestrutura O momento, acredita André da BB

DTVM, é o de diversificar com caute-la diante do cenário de incertezas. “Po-dem surgir algumas opções atrativas em segmentos como o de infraestrutura, por exemplo, que é importante para ampliar a competitividade da economia e gerar oportunidades de investimentos no mer-cado de capitais.” Embora o BNDES te-nha anunciado a intenção de originar e prover recursos, o juro alto não estimu-la. Apesar da escassez de alternativas no mercado doméstico, ele vê a chance de re-tomada do mercado de capitais tanto pelo investidor nacional quanto internacional.

A infraestrutura tem um potencial enorme, frisa Gragnani, mas a relação risco/retorno ainda é desfavorável para os investidores institucionais. “O Banco Mundial tem vários projetos de infraes-trutura em diversos países, com volumes de investimentos elevados, mas é preci-so melhorar a relação risco/retorno para atrair o investidor global.”

Na cesta de melhorias entram o maior detalhamento e previsibilidade dos projetos, o fortalecimento da governança das partes relacionadas e mais prazo para os editais, assim como a redução dos atra-sos nas obras. “O risco não gerenciável é o risco político, assim como as garantias não padronizadas são um problema sé-

A TJP pode cair dentro de dois ou três anos; logo, elevar a taxa de desconto agora agregaria volatilidade ao custeio dos planos

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rio para os investidores estrangeiros.” O Banco Mundial está trabalhando tam-bém em projeto para minimizar o im-pacto da Curva J de modo a ampliar a demanda dos fundos de pensão por pro-jetos de infraestrutura e uma debêntu-re uniforme de infraestrutura pode ser o caminho para melhorar esse quesito, aposta Gragnani.

Especialização e transparência Os sinais positivos da economia

brasileira poderão levar a um gradual crescimento do País em 2017 e 2018, e os mercados já estão precificando isso, avaliou Guilherme Velloso Leão, dire-tor da Abrapp responsável pela Comis-são Técnica Nacional de Investimentos da Abrapp. “O cupom da NTN-B 2050 já mostra uma redução do risco econômico, mas um olhar para o cenário fiscal mos-tra que o risco continua elevado e seguirá o quadro de déficit, o que coloca em dis-cussão a própria solvência do País.” Isso significa que o juro tende a seguir alto, pondera o dirigente. “Ainda há muitos riscos ligados à capacidade do governo de se alinhar ao parlamento e aos desdo-bramentos da Lava Jato.”

Os principais desafios para os inves-timentos das EFPCs, acredita Leão, virão depois de 2018. Assumindo que tudo dê certo no front econômico e político e que o Brasil consiga se alinhar às economias desenvolvidas, será preciso analisar os

efeitos do juro mais baixo sobre os ba-lanços dos fundos de pensão.

Entre outros desafios, estarão na linha de frente dos debates o risco do reinvestimento para quem ficar no tí-tulo público e, pelo lado do passivo, o aumento das obrigações por conta de fatores de desequilíbrio, como a maior longevidade. “As fundações terão que diversificar seus portfolios e, como acon-tece em todo o mundo, será preciso bus-car alternativas e maior risco. Também será maior o cuidado dos reguladores porque gerir recursos ficará cada vez mais complexo.”

O caminho, portanto, passa por uma maior capacitação e especialização de análise, seleção e gestão de portfólios, e adensamento das estruturas de gestão de governança e risco vinculadas às de-cisões de investimentos, pontua Leão, assim como maior comunicação com a sociedade. A transparência na comuni-cação, a governança e a educação dos participantes serão essenciais para a compreensão das políticas de investi-mento e dos mandatos de risco por to-dos os stakeholders e sociedade, lembra o diretor da Abrapp. Ele salienta que o Código de Autorregulação em Gover-nança de Investimentos dos Fundos de Pensão, lançado durante o Congresso, abrange entidades de todos os portes, o que “permitirá a todas elas verificarem seus diferentes estágios de governança e fazerem os ajustes necessários”.

Entram em evidência o risco de reinvestimento nos títulos públicos e o aumento das obrigações

por conta da maior longevidade

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27FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

O Estado e a aposentadoriaO papel do Estado

na renda de aposentadoria

Especialistas argumentam que o governo, por si só,

não é capaz de garantir uma velhice

financeiramente confortável

O Brasil vive um momen-to de inflexão. Como já vem sendo alertado, o

bônus demográfico está chegan-do ao fim e, em pouco tempo, nos tornaremos um país de ve-lhos, fruto do aumento da lon-gevidade e da queda acentuada nas taxas de natalidade. Este ce-nário tem tirado o sono do setor previdenciário, que busca alter-nativas para equacionar a con-ta de uma realidade com menos contribuintes e mais beneficiá-rios. A necessidade de reforma da previdência tornou-se unani-midade mesmo entre os grupos

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“Hoje temos de 11 a 12 idosos para cada 100

pessoas em idade ativa. Em quatro décadas, essa

relação será de 44 por 100”

mais conservadores, embora ainda haja divergências quanto ao que mudar. Fato é que o modelo desenhado para o Brasil dé-cadas atrás não atende mais às demandas do presente e muito menos será suficien-te para atender às expectativas de futuro. Cada vez mais cabe ao próprio indivíduo o acúmulo de reservas que lhe garantam a dignidade futura. Ao Estado, restará o papel de assegurar um benefício mínimo para sobrevivência.

Embora esteja presente em todas as rodas de conversa sobre previdência, a lon-gevidade ainda é um tema relativamente novo para a própria humanidade, como destacou o Secretário de Previdência do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, na plenária “Modelo Previdenciário Bra-sileiro: uma reflexão sobre passado e futu-ro”. Na história da humanidade, lembrou, ela teve início apenas na virada do século XIX, com a Revolução Industrial. Até en-tão, a expectativa de vida não ultrapassava 30 anos.

Investimentos em saneamento, novas tecnologias, medicamentos e pesquisas na área da saúde – dentre outros fatores – ele-varam essa idade para 75,4 anos no Brasil de acordo com o IBGE. Em contrapartida, a taxa de natalidade caiu para 1,57 filhos por mulher. “Tecnicamente falando, é o fim do famoso bônus demográfico e, sob

o ponto de vista da previdência, esse é um dado importante porque há uma diminui-ção das pessoas que vão entrar em idade ativa, o que vai provocar um envelheci-mento populacional extremamente acen-tuado. Hoje, grosso modo, temos de 11 a 12 idosos para cada 100 pessoas em idade ativa. Daqui a umas quatro décadas, essa relação será de 44 por 100”, calcula Cae-tano.

Mas tão importante quanto o fenô-meno do envelhecimento populacional é a velocidade com que ele vem ocorrendo. “Alguns países vão levar um tempo muito maior que essas quatro décadas para vi-ver essa realidade”, observa o secretário. E essa velocidade, obviamente, também afe-ta a questão previdenciária. Um sinal de que é necessário fazer reformas para man-ter o benefício previdenciário, e rápido.

O assunto tem gerado discussões acaloradas no Executivo. O que se sabe até agora é que será necessário mudar sob uma perspectiva mais duradoura em comparação ao que já foi feito até aqui. Exemplos são a Emenda Constitucional nº 20, no governo FHC, a EC 41, no governo Lula, e a criação da Funpresp pelo gover-no Dilma, que inspirou diversos estados a também criarem sistemas próprios de Pre-vidência Complementar.

O papel do EstadoLivre docente em Direito Previden-

ciário, o advogado Wagner Balera lem-brou que a ideia do fundo estatal foi semelhante à que inspirou a previdência original brasileira, uma lei de 1960 que propunha a cobertura básica pelo Estado, que também cobriria a complementação. A Constituição de 1988, diz, trouxe a mes-ma redação da Lei Orgânica da Previdên-cia Social, que só seria modificada com a

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29FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

O Estado e a aposentadoria

“Esse não é um problema exclusivo do governo brasileiro. O Estado só tem capacidade de garantir no plano previdenciário as necessidades básicas”

Emenda 20. Com a consciência de que o Estado não teria como cobrir tudo, criou--se um modelo baseado juridicamente na contratualidade e na facultatividade.

“Mas isso é passado. Agora vamos pensar no futuro, dando um segundo pas-so com a consciência de que o Estado não poderá cobrir o que está cobrindo hoje, e isso não é uma novidade.” A OIT, em 1952, estabeleceu o conceito internacional sobre previdência em que o estado garan-te ao cidadão envelhecer com um patamar mínimo de proteção social, diz Balera. São as chamadas normas mínimas preconiza-das na convenção número 102, que só fo-ram introduzidas no Direito brasileiro em 2008.

“Esse não é um problema exclusivo do governo brasileiro. O Estado só tem ca-pacidade de garantir no plano previden-ciário as necessidades básicas.” O jurista considera exagerado o atual teto do INSS se o que se pretende é a cobertura básica, mas ele nega que uma mudança implicaria em redução de direitos, sob o argumento de que informações do próprio governo dão conta de que o benefício médio pro-vido pela Previdência Social referente a abril de 2016 foi de R$ 1.120. “Logo, a re-dução do patamar no futuro não vai afetar a maioria da população”, argumenta.

Janela de oportunidadeO economista Cláudio Porto ressal-

tou que dois pontos norteiam a Previ-dência do Brasil. O primeiro é o fato de estarmos em um país que historicamente tem baixa poupança, que não ultrapassa 18% do PIB. Em países como Alemanha e Austrália, essa relação chega perto de 28%. Até mesmo entre os vizinhos a taxa é mais alta, como os 23% do Chile. “Esse

é um fator decisivo para a expansão da Previdência Complementar”, diz.

Diante do agravamento da crise na Previdência Social, haverá novas janelas de oportunidades não só para o reequi-líbrio futuro das contas públicas, como também para a expansão do sistema com-plementar.

Para o economista, a intensidade des-sa expansão vai depender de questões re-gulatórias e está vinculada a dois fatores, sendo o primeiro o crescimento econômi-co. “Nos últimos 60 anos, crescemos mais que a média mundial somente na década de 70 e na década passada. Para retomar o crescimento, é necessária uma agenda de reformas da qual a Previdência é a primei-ra, mas não a única.”

O segundo fator é o peso e o papel do Estado. “E aí vamos definir qual é o contrato social que nós, como sociedade, queremos manter daqui em diante. So-mos um dos países em desenvolvimento com a maior carga tributária do mundo, de quase 34% do PIB, sem falar no endivi-damento público. Vamos querer continu-ar mantendo o Estado deste tamanho?”, indaga. Em ambos os casos, observa Por-to, há um ponto de inflexão atualmente. “Com uma agenda firme de reformas, nós temos a chance de entrar, ainda nesse século, na primeira divisão.”

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ria Exemplos que vêm de fora

Se o modelo ideal é aquele em que o Estado garante a cobertura básica do cidadão, caberá ao indivíduo acumular poupança. “Nesse regime, a Previdência Complementar tem um papel muito re-levante para que as pessoas possam de-cidir sobre seu futuro sem esperar pelo Estado, que não tem mais como continuar sendo protagonista dessa discussão”, afir-ma Gueitiro Matsuo Genso, presidente do Conselho Deliberativo da Abrapp.

As oportunidades são muitas, assinala o executivo. A relação do PIB com o sistema complementar fechado é de apenas 12%. No Reino Unido, chega a quase 100%, na Aus-trália, 117%, e nos Estados Unidos a mais de 80%. “Estou falando de sociedades que con-vivem bem com a previdência fechada e que têm uma boa experiência para nortear uma visão de 40, 50 anos. O sistema Abrapp tem muito a contribuir com essa discussão. Este é o objetivo do nosso plano de fomento.”

Quatro pilaresÉ a Previdência Complementar, de ca-

ráter voluntário, um dos pilares do auda-cioso modelo de previdência apresentado pelo economista e pesquisador Hélio Zyl-berstajn. Esse sistema se desenharia sobre quatro pilares. O primeiro deles é um be-

nefício básico, universal e não contributivo, de aproximadamente R$ 400, cujo único re-quisito seria a idade. “O que estamos pro-pondo é o reconhecimento de uma massa da população que não tem capacidade de poupança e de contribuição.”

O segundo pilar é contributivo por re-partição, semelhante ao que é o INSS de hoje, mas com uma amplitude bem mais estreita porque ele não começa do zero, já que quando a pessoa se aposentar terá a cobertura mínima não contributiva. O teto corresponderia à metade do patamar atu-al. Esse valor, assinala o economista, daria conta de aproximadamente 80% dos traba-lhadores brasileiros, para os quais não ha-veria mudança.

O terceiro pilar é compulsório por ca-pitalização. “E aí é que vem a novidade, mas sem precisar mudar a Constituição. Nossa ideia é criar uma conta vinculada para depósito do FGTS. Essa conta seria única, por CPF, e não mais por empresa, como é hoje.” O dono teria que acumular o montante suficiente para o seguro-desem-prego – hoje de até cinco salários mínimos. No momento que chegasse a esse montan-te, ele estaria liberado para continuar depo-sitando nessa conta da Caixa ou aplicar em um fundo de Previdência Complementar privado ou estatal. “Quando chegar à apo-sentadoria, esse trabalhador que migrou em vários empregos levando a conta junto pode comprar uma renda vitalícia.”

Segundo Zylberstajn, isso já existe, só que para incentivar a rotatividade, o sa-que. “Precisamos trazer essa conta para a formação de poupança.” A multa de 40% continuaria sendo cobrada da empresa, só que não iria mais para o demitido e, sim, para o conjunto dos trabalhadores. “Ou seja, não vamos retirar direitos”, pondera o economista. Por fim viria o quarto pilar,

No Reino Unido, a relação PIB/ativos de fundos de

pensão é de quase 100%, na Austrália, 117%, e nos

EUA é de mais de 80%

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31FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

O Estado e a aposentadoria

voluntário e por capitalização, à escolha do trabalhador, que poderia ser usado para re-forçar aportes na conta vinculada.

Para o especialista, o sistema hoje é um incentivo à informalidade, já que ga-rante um mecanismo de proteção ao de-sempregado bastante forte em relação a outros países. Outro problema do mercado de trabalho é o excesso de tributação sobre a folha. “Esses dois problemas têm mui-to a ver com a previdência, especialmen-te a complementar, porque quando existe muita rotatividade não há incentivo para a poupança.”

Possibilidades pouco exploradasDiretor Jurídico do BNDES, Marcelo

de Siqueira Freitas defende o olhar aten-to às pequenas transformações para iden-tificar possibilidades pouco exploradas. A primeira é verificar onde estão as pessoas que ganham acima do teto do INSS e saber se estão inseridas na Previdência Comple-mentar aberta ou fechada. “Há um contin-gente significativo que não tem nenhuma proteção previdenciária para essa parce-la excedente”, ressalta. Ao mesmo tempo, está em curso uma importante mudança entre os servidores públicos, que não mais atingirão o teto do subsídio pago ao minis-tro do STF quando da sua aposentadoria e, sim, o mesmo teto do RGPS. Trata-se de uma importante parcela da economia.

Mesmo antes, recorda Siqueira, houve transformações na lógica remuneratória dos servidores com impacto na aposenta-doria. Foi muito comum na última década a forma de gratificação por desempenho, que não é carregada na sua integralidade, por exemplo. Mais recentemente, mudan-ças ocorreram em setores do governo fe-deral, copiando o que alguns estados já fazem nas advocacias públicas. “Ou seja,

estamos quebrando a ideia de que o apo-sentado leva tudo quando se aposenta”, resume.

Na opinião do Diretor Jurídico do BNDES, é necessário que servidores e de-mais trabalhadores que ganham acima do teto parem de olhar as mudanças como perda e busquem um novo modelo, que é justamente o da Previdência Complemen-tar. “Apesar da velocidade com que essas pequenas transformações ocorrem, essas pessoas não estão migrando para o siste-ma. Há várias explicações para isso, mas o fato é que ainda temos trabalhado muito pouco para engajá-las.”

A dificuldade em atrair mais pesso-as para o sistema poderia ser atribuída à questão cultural e à desconfiança em rela-ção à capitalização e gestão dos recursos, especialmente após notícias recentes que aumentaram a insegurança quanto a quem vai tomar conta do dinheiro investido.

Em se tratando de reforma da previ-dência, o advogado chama a atenção para um fator estrutural, que é o demográfico. Para enfrentá-lo, a primeira resposta a ser dada é como manter as pessoas trabalhan-do por mais tempo. Siqueira sustenta a fi-xação de idade mínima, que vai exigir uma mudança dolorosa. Mais difícil ainda será a discussões das assimetrias, quando é espe-rada forte pressão de grupos para manter seus privilégios.

O incentivo à informalidade e o excesso de tributação da folha estimulam a rotatividade e desencorajam a formação de poupança previdenciária

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32FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

Plan

os s

etor

iais

Abrindo as portas da

previdência fechadaA flexibilidade é o grande diferencial dos planos setoriais,

nos quais não há obrigatoriedade contributiva nem encargos sobre os aportes das empresas

As iniciativas de fomen-to à Previdência Com-plementar fechada no

Brasil passam necessariamen-te pela ampliação da cultura previdenciária dos brasilei-ros e por medidas que apro-ximem a população de um conceito de poupança pre-videnciária mais acessível. Essas são duas importantes características dos planos setoriais segundo apontaram especialistas em debates so-bre o tema ocorridos duran-te o 37º Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão.

Com a edição da Instru-ção Previc nº 29, de junho de 2016, a possibilidade de levar os planos de benefícios a um universo cada vez maior de trabalhadores ganhou uma nova dimensão graças à nor-matização da figura dos pla-nos setoriais. Ao lado das entidades de previdência dos servidores públicos e dos planos instituídos, a modali-dade setorial abre um novo horizonte para o crescimento futuro dos fundos de pensão no País. Flexível e acessível a um número maior de pesso-

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33FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

Planos setoriais

Com grande potencial de cobertura, os planos setoriais permitem trabalhar a cultura previdenciária da sociedade, um fator essencial de fomento

as, o modelo é uma das principais apos-tas para ampliar o universo de cobertura da Previdência Complementar fechada.

“Esses planos trazem uma tremenda oportunidade de fomento para o sistema e a ideia, que já estava prevista na Lei Complementar nº 109, foi reavivada pela Instrução 29”, analisou Glewerson Luiz Caron, membro da CTN de Seguridade da Abrapp, em painel sobre o potencial desse novo nicho de poupança previden-ciária.

A norma operacionaliza os planos setoriais e apresenta destaques em di-versos aspectos, diz Caron, com uma nova visão de cultura, fomento, mobili-dade, competitividade e inovação. “Os setoriais abrem a porta do sistema fe-chado; eles vêm dar cobertura a uma po-pulação maior e, desse modo, permitem trabalhar a cultura previdenciária da so-ciedade, o que é um fator essencial de fomento”, destacou Caron. Nesse novo modelo, os participantes têm garantida sua mobilidade de trabalho dentro de um mesmo setor sem precisarem sair do plano de previdência.

Meta audaciosa Com isso, o sistema retoma um

conceito já previsto pela legislação des-de 2011 e responde a uma necessidade urgente por medidas de fomento. De acordo com o mais recente relatório da Secretaria de Políticas de Previdência Complementar (SPPC), apenas 3% dos brasileiros planejam sua aposentadoria com planos de Previdência Complemen-tar fechada. “Para cumprir o objetivo de atingir 36% da população nos planos fe-chados, uma meta audaciosa diante dos

atuais 3% que fazem esse tipo de planeja-mento, será preciso avançar muito e sair da estagnação vivida hoje pelo sistema”, alertou o especialista.

No modelo setorial adotado no Bra-sil, explica Glewerson Caron, o insti-tuidor setorial assina um convênio de adesão e passa a oferecer o plano aos seus afiliados por meio de contratos. O fato de ser necessário um único convênio de adesão ajuda a aumentar as filiações. “O potencial é muito alto. Um cálculo feito pela Federação das Indústrias do Paraná mostra que há 10,77 milhões de trabalha-dores no setor industrial brasileiro; além disso, há 29,98 milhões de pessoas ocu-padas em outros setores que poderiam aderir a esse tipo de plano.” Somando esses públicos, ele lembra que já seria possível ter uma fatia de 36% da popu-lação coberta pela Previdência Comple-mentar fechada.

A estagnação do sistema pode ser observada não apenas na falta de cresci-mento dos planos patrocinados, mas no desempenho dos planos instituídos, que embora apresentem um potencial im-portante de fomento, não têm crescido tanto quanto era esperado, diz o mem-bro da CTN de Seguridade da Abrapp.

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34FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

Plan

os s

etor

iais

Pesquisa junto à geração Y mostrou que 63% dos consultados desejam

contribuir para a previdência via planos mais flexíveis

e personalizados

“O número de instituidores, que avançou 700% entre 2005 e 2010, teve uma alta de apenas 5% em 2016.” A chegada dos pla-nos setoriais deve ajudar a mudar esse pa-norama, acredita Caron. A solução, diz ele, é oferecer uma modelagem fechada, porém com acesso mais simples e atrativo.

Geração YPesquisa feita pelo BNY Mellon de

Nova York com os integrantes da chama-da geração Y (nascidos entre 1981 e 2000), que representam 20% da população mun-dial, mostrou que 63% dos consultados em diversos países desejam contribuir para a previdência, e a maioria deles espera que haja planos mais flexíveis e personalizados.

No caso dos brasileiros, a pesquisa mostrou um elevado índice de desconheci-mento sobre o assunto. Entre outras ques-tões, o levantamento tentou descobrir se as pessoas queriam ser informadas sobre a dura realidade a respeito de sua saúde e fi-nanças no período pós-aposentadoria, e os brasileiros apresentaram um dos piores ín-dices nesse quesito, com 33% dos consul-tados respondendo negativamente a essa pergunta. “Isso reforça a percepção de que educação financeira e formação de cultu-ra previdenciária são absolutamente indis-pensáveis”, reforça Caron.

Pioneirismo Considerado o primeiro plano de Pre-

vidência Complementar setorial do Bra-sil, o IndústriaPrev, lançado pela Previsc Previdência Complementar da Federação das Indústrias de Santa Catarina, preten-de ampliar o número de empresários e trabalhadores com acesso à Previdência Complementar no estado. “O objetivo é criar uma poupança previdenciária indi-vidual que possa dar suporte aos riscos de longevidade, invalidez e morte visan-do à manutenção do padrão de vida dos empresários e trabalhadores”, explicou a superintendente da Previsc e representan-te do Comitê de Previdência Associativa Regídia Alvina Frantz durante painel es-pecífico sobre o case IndústriaPrev.

Com um público potencial composto por 806 mil trabalhadores e 50 mil indús-trias catarinenses, o plano traz algumas ca-racterísticas relevantes de flexibilidade. Na modalidade corporativa, ele é oferecido a sindicatos patronais e indústrias; na modali-dade individual, a trabalhadores, empresá-rios, dirigentes e dependentes econômicos.

A flexibilidade é estendida a uma sé-rie de outros aspectos. O empregador não tem a obrigatoriedade das contribuições, que podem ser esporádicas, tomando, por exemplo, a forma de bônus. Outro diferen-cial importante é a inexistência de encargos sociais e trabalhistas sobre o valor investi-do pela empresa. Em caso de troca de es-tabelecimento industrial, o trabalhador não precisa se desligar do plano.

Entre os obstáculos ao avanço mais consistente da Previdência Complemen-tar, a superintendente da Previsc destacou alguns problemas que são comuns a todo o sistema e que também preocupam os setoriais, como a concorrência de grandes

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35FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

Planos setoriais

bancos e seguradoras; a falta de conheci-mento sobre o setor no Brasil; a prioriza-ção, nas políticas de RH, de benefícios de impacto mais imediato como vale-alimen-tação e plano de saúde, e a falta de clare-za sobre o custeio administrativo, ou seja, como as entidades podem fazer investi-mentos para o fomento.

No caso dos planos instituídos, ela res-saltou a falta de vantagem tributária em re-lação aos produtos abertos. Frantz também defendeu uma mudança na atual regra que exige decisão imediata do participante sobre o regime tributário, que precisa ser escolhido no momento da adesão, assim como uma reavaliação dos incentivos de IR para as empresas, já que as de menor por-te, que declaram IR pelo lucro presumido, não podem deduzir suas contribuições pre-videnciárias.

Além de um extensa campanha de co-municação em diversas mídias, o Indús-triaPrev mantem uma equipe voltada exclusivamente ao fomento a partir de uma gerência de mercado e equipes de relacionamento com os participantes, re-lacionamento com o mercado e comunica-ção e marketing, explicou Regídia Frantz.

Para as empresas que participam do plano, um dos principais benefícios está na maior capacidade de atração e retenção de talentos, o que reduz o custo da rotati-vidade. Melhoria nas políticas de recursos humanos e nos projetos de educação e pla-nejamento de finanças pessoais são alguns dos benefícios adicionais que podem moti-var as empresas a aderirem a esse tipo de plano.

A vez das pequenas empresas Caron lembra que chegou a vez das

pequenas empresas terem acesso a uma modalidade de previdência que caiba em

seus projetos. “São planos CD puros, o que gera acesso para um grande número de pessoas e têm o atributo da escala.” Os afiliados setoriais podem fazer aportes ex-tras e há a facilidade da portabilidade.

Como resultado desses fatores de atratividade, a experiência já tem sido de-senvolvida por outras entidades, destaca Caron. Entre elas, ele cita a Tchê Previdên-cia, que reúne dez fundos de pensão do Rio Grande do Sul e já cobre 100 mil pessoas, incluindo os familiares dos participantes dessas fundações.

Outra experiência é a da Fundação Si-coob de Previdência Privada (Sicoob Previ), que mantinha um fundo multi-instituído desde 2006, e até 2011 contava com apenas 780 participantes. Com a chegada de uma instituidora setorial, que reúne cooperativas de crédito, a Sicoob Previ atingiu 53 mil par-ticipantes, o que mostra a diferença de po-tencial que pode ser rapidamente agregado pelo modelo setorial.

As estratégias de mercado que pre-veem a alavancagem para a multiplicação dos planos setoriais estão em discussão no âmbito da CTN de Seguridade, que man-tem diálogo permanente com a CTN de Comunicação da Abrapp, explica Glewer-son Luiz Caron. O objetivo é discutir um bom planejamento que inclua planos de marketing, comunicação, estrutura comer-cial e tecnologia adaptada.

A modalidade é interessante para as pequenas empresas porque os planos CD puros têm o atributo da escala

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36FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

Mer

cado

de

trab

alho

A longevidadee o dilema da

empregabilidadeIdade mínima de

aposentadoria requer condições para garantir

a permanência dos mais velhos no

mercado de trabalho

Em meio às muitas divergên-cias que norteiam as dis-cussões sobre a reforma da

previdência, um dos pontos de maior consenso é a necessidade de fixação de uma idade mínima para a aposentadoria. Para tanto, será necessário manter o traba-lhador por mais tempo em ati-vidade. O dilema está em como

garantir a empregabilidade de uma parcela da população que hoje está à margem das melhores oportunidades de trabalho.

Esse é apenas um dos desa-fios que a maior longevidade e um “novo sistema previdenciá-rio” trarão às relações de empre-go. Outra mudança que já vem sendo observada há alguns anos, embora pouca coisa esteja sendo feita de forma efetiva para que o sistema de proteção se adapte a ela, é o aumento da informa-lidade. São trabalhadores - cada vez em maior número - que não contribuem com qualquer siste-ma de previdência, seja ele ofi-cial ou complementar.

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37FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

Mercado de trabalho

O envelhecimento não afeta apenas a esfera previdenciária, mas questões de ordem urbana, educacional, de saúde e emprego

O tema foi visitado por palestrantes em diferentes momentos do congresso. “O Brasil restringe o debate do envelhecimen-to populacional exclusivamente à questão da previdência como se resolver o sistema de renda solucionasse tudo. Existe a ques-tão urbana, de educação, saúde e de em-prego”, lembrou Jorge Felix, pesquisador em Envelhecimento Populacional e profes-sor da USP, durante a plenária “Os impac-tos sociais e econômicos da longevidade”.

Incertezas demográficasCoparticipante do debate, o demógra-

fo e professor da UFMG Cássio Maldona-do Turra trouxe questionamentos para o futuro, as chamadas incertezas demográ-ficas. A primeira delas é se existe limite para a longevidade, e o prognóstico é que a expectativa de vida continue aumentan-do. “O que a gente não sabe é se as condi-ções vão se repetir. Estamos discutindo se há um limite para a longevidade, e alguns defendem que não, outros que sim. Fato é que a mortalidade está caindo. O que vai definir se vamos continuar tendo aumento é o deslocamento da idade máxima de vida registrada.”

Além disso, destaca, os ganhos de lon-gevidade não podem ser tratados como um fenômeno isolado. É preciso lembrar que existe uma transição de saúde em cur-so e que ela também afeta o mercado, isto é, ainda não se sabe se os anos de vida a se-rem ganhos serão acompanhados de mais anos de vida saudáveis. Outro dado impor-tante é que o aumento da escolaridade e a maior participação feminina no mercado de trabalho deverão contribuir para o au-mento da População Economicamente Ati-va nas próximas décadas.

Muitas destas incertezas afetam os fundos de pensão direta ou indiretamente, como as mudanças na fecundidade - risco fiscal/financeiro do envelhecimento popu-lacional e respostas individuais à educação, mercado de trabalho, saúde e poupança. Ou-tras atingem o setor diretamente. Aqui en-tram questões como as transições na família (benefícios para os dependentes); impactos futuros tanto na Previdência Complementar quanto na indústria de seguros de vida; de-terminantes da longevidade no Brasil espe-cificamente e aspectos relativos à saúde e à mortalidade no fim da vida.

As consequências dos ganhos de lon-gevidade para os fundos de pensão tam-bém dependerão da estrutura de políticas públicas existente. Hoje, salienta o demó-grafo, nenhum país no mundo possui o nível de transferência pública com viés pró-idoso semelhante ao do Brasil.

Falta de emprego formalJorge Félix chamou a atenção para o

fato de que a reforma da previdência no Brasil sempre ocorreu como se não conver-sasse com o mundo do trabalho. “Acho uma falta de conexão pensar em idade mínima quando o grande problema para quem tem mais de 45 anos é se manter empregado formalmente. As pessoas podem encontrar diversas formas de relação trabalhista, mas

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38FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

Mer

cado

de

trab

alho “Está na cara que precisamos

ter instituições para atrelar as proteções às pessoas

e não aos empregos”

não encontram emprego formal. E é só no emprego formal que elas vão ter elegibili-dade para se aposentar”, pondera.

Depois dos 45 anos, a carreira apre-senta uma curva declinante. E é justamen-te nessa idade que as pessoas deixam de contribuir com a previdência, dificultando cada vez mais a aposentadoria formal. “É preciso ocorrer uma mudança na legislação do trabalho que concilie o interesse das em-presas com a manutenção das pessoas no mercado formal”, sugere.

O problema é que além de manter o trabalhador por mais tempo no mercado existe a necessidade de criação de emprego para os jovens. Não pensar numa solução para essa equação foi uma das razões do fracasso do modelo chileno, que não previa o desemprego e a informalidade. Ou seja, as pessoas envelheceram sem ter empre-gabilidade. Para o pesquisador, o que está em discussão é o próprio direito à aposen-tadoria, que vai deixando de ser um direito para ser um prêmio para quem tem empre-go formal.

Novos produtos“Formalizar a economia é o primeiro

passo, trazendo para o sistema o Microem-preendedor Individual (MEI). As pessoas estão passando a trabalhar por conta pró-pria, especialmente acima dos 50 anos”, defendeu Felix, acrescentando que, num segundo momento, viriam novos modelos

de Previdência Complementar para os pro-fissionais que têm uma renda maior. “Mas precisamos cuidar daquele que tem uma renda menor também”, complementa.

Para o economista José Roberto Afon-so, que participou da plenária “Emprego, salário e renda: tendências das relações de trabalho e seus efeitos para a Previdência Complementar”, atrair esse público para o sistema fechado vai exigir uma nova regu-lação e a oferta de novos produtos, o que passa, necessariamente, pelo tratamento tributário do setor. “É necessário um trata-mento mais adequado. Precisamos criar o Simples na Previdência Social e um siste-ma diferenciado de tributação para os fun-dos menores e os de grande porte”, sugere. “Há um enorme potencial a ser explorado, e não é só no número de participantes.”

Reestruturação do mercado Já o economista José Pastore, que di-

vidiu o palco com Afonso, se disse impres-sionado com a “debandada do emprego formal”, segundo ele uma tendência difícil de ser revertida. A saída, argumenta, é pro-mover uma grande reestruturação do mer-cado de trabalho. Para tanto, o equilíbrio das contas públicas é fundamental para criar um ambiente de investimento, sem o qual não haverá condições para gerar em-pregos e trabalho de qualidade.

“Está na cara que precisamos ter insti-tuições para atrelar as proteções às pessoas e não aos empregos. E aqui os segmentos de seguros e previdência têm espaço.” É o que os países desenvolvidos estão fazendo, alega o especialista, uma discussão que tem muito a ver com a Previdência Complemen-tar e a busca de novos produtos para um mercado diferente, “que hoje privilegia o empregado e não a pessoa”, avaliou.

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39FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

Submassas

Submassasdemandam entendimento

uniformizado

Compreender o conceito é o

primeiro passo para o tratamento adequado

desses grupos, evitando-se, assim,

questionamentos jurídicos futuros

O debate promovido pelos fundos de pensão sobre os impactos das sub-

massas nos planos de benefícios já conta com as primeiras conclu-sões de trabalho técnico feito pela CTN de Atuária e com a colabo-ração de pesquisa realizada pela Comissão Técnica Regional Leste de Atuária da Abrapp. Os estu-dos, apresentados durante o 37º Congresso, deverão nortear a su-gestão de medidas para mitigar o risco de surgimento desses gru-pos diferenciados.

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40FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

Subm

assa

s

O conceito definido pela Previc ainda precisa ser trabalhado para que se leve em conta situações diversas, a começar pela

diferença entre as submassas existentes e em formação

Como evitar a geração de novas sub-massas e administrar as que já existem são questões que passam, em primeiro lu-gar, pela própria definição e adequação do conceito. “Assim que esse conceito estiver formalizado, será possível identificar com precisão os principais eventos capazes de gerar submassas, como os equacionamen-tos de déficits, reorganizações societárias, etc.”, afirma a coordenadora da Comissão Técnica Nacional de Atuária da Abrapp, Cleide Barbosa da Rocha. Será possível também buscar alternativas que minimi-zem a formação desses grupos, cujos im-pactos tendem a ser mais significativos nos planos de Contribuição Variável (CV), em-bora atinjam todas as modalidades.

Ao lado da questão conceitual, é preci-so adequar o tratamento desses grupos sob o foco dos direitos e das obrigações de seus participantes, assistidos e patrocinadores, de modo a evitar dúvidas e questionamen-tos jurídicos mais adiante. Entre as conclu-sões apontadas pelo trabalho da CTN está, por exemplo, a importância de normatizar a segregação contábil dos ativos de inves-timento por tipo de benefício (individual e coletivo) na avaliação do resultado técnico do plano e a necessidade de identificar o cadastro dos participantes e assistidos por submassa.

Alinhar conceitos A falta de um entendimento unifor-

mizado sobre o tema entre os próprios atuários foi o motivo que levou a Comis-

são a tentar ordenar essas ideias, expli-ca Cleide Rocha. “Na legislação em vigor não está previsto o conceito de submassa, mas o fórum da Previc já fez uma propos-ta para defini-lo.” Segundo a sugestão do órgão supervisor do sistema, “submassa é um grupo de participantes e/ou assis-tidos com características, obrigações e/ou direitos homogêneos entre si, porém hete-rogêneos em relação a outros grupos, em um mesmo plano de benefícios”. O Guia Previc de Melhores Práticas em Fundos de Pensão recomenda às entidades que se-guem o modelo multiplano a segregação real dos ativos de modo que cada plano de benefícios tenha seu patrimônio facil-mente identificado, evitando-se, assim, a formação de submassas.

Mas o conceito de submassa definido pela Previc, diz Cleide, ainda precisa ser mais bem adequado às diversas realida-des enfrentadas pelas EFPCs. “Temos que lembrar que há uma grande diversidade de situações a serem levadas em conta, a começar pela diferença entre as submassas que existem há tempos e outras que ainda estão em formação.”

Tratamentos adequados As submassas são geradas por eventos

ou casos específicos dentro de um mesmo plano, seja por meio de alterações regula-mentares ou da legislação, de reorganiza-ções societárias ou de mudanças sobretudo na estrutura dos planos CV, que têm obri-gações nas modalidades BD e CD. Há tam-

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41FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

Submassas

As submassas podem ter origem em alterações regulamentares e legais, reorganizações societárias e mudanças estruturais nos planos de benefícios

bém a possibilidade de que elas sejam produzidas por decisões judiciais, entre outros motivos.

Nos casos de alterações de regulamen-tos dos planos, há uma adaptação à legisla-ção (Decreto nº 81.240/78) e surgem regras de aposentadoria distintos, assim como planos de custeio diferentes. “O grande problema é que isso cria complicações em casos de distribuição de superávit ou equa-cionamento de déficit e, uma vez que a le-gislação muda a regra do jogo, como fica a apresentação dos direitos adquiridos?”, questiona Cleide Rocha.

Riscos em BD, CD e CVOs principais exemplos de criação de

submassa em planos de Benefício Defini-do, aponta o estudo da CTN, são os casos decorrentes de saldamento do plano de be-nefícios; regras de cálculo ou reajuste dife-renciadas para concessão dos benefícios; regras diferenciadas entre participantes por data de inscrição ao plano e, finalmen-te, determinação judicial e acordos entre a entidade, patrocinadores e representantes de participantes e assistidos. “Nos planos BD as submassas são limitadas ao passado, então é preciso apenas administrar isso, o que traz menos dificuldades, mas nos de-mais há uma série de outras complexida-des”, observa Cleide.

Nos planos de Contribuição Definida, os exemplos decorrem de condições dife-renciadas para resgate da parte patronal do plano de benefícios por data de inscrição

do participante. As submassas também po-dem surgir em planos classificados como CD, mas com benefícios de risco na moda-lidade BD, como o fundo de sobrevivên-cia. Além disso, há os casos de submassas geradas pelos perfis de investimento dos planos CD, que também podem ocasionar benefícios diferenciados com aportes de re-cursos idênticos.

A maior preocupação, entretanto, está concentrada nos planos de Contribuição Variável, ou seja, naqueles que têm carac-terísticas híbridas de CD e BD. Isso porque a estruturação desse tipo de plano impe-de que se fuja da criação de submassas. Os exemplos nos planos CV são inúmeros. Os grupos diferenciados podem resultar da ocorrência de concessão de benefícios mu-tualistas em situações diferentes do plano (hipóteses atuariais distintas) ou das dife-rentes formas de recebimento de renda es-colhidas pelos participantes (vitalícia, por prazo determinado ou por um percentual do saldo de conta).

Retrato atualPesquisa feita em agosto deste ano

pela Comissão Técnica Regional Leste de Atuária procurou identificar o que é com-preendido hoje como submassa pelas di-ferentes EFPCs. Foram computadas as respostas de 59 entidades que representam 151 planos (70% dos quais nas modalida-des BD/CV). Desses, 118 admitem ter ao menos uma submassa e 52% afirmam ter um ou dois tipos de submassas. O universo

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42FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

Subm

assa

s

total da pesquisa abrangeu um público de 1.205.326 participantes e assistidos.

Foram identificadas 291 ocorrências de submassas, sendo que entre os vários ti-pos de originação apontados pelas EFPCs, a pesquisa registrou 16 diferentes causas. Dessas, as mais comuns são: (1) a data de adesão, com 32 casos, majoritariamente em planos BD; (2) premissas atuariais distin-tas, com 27 casos, sobretudo em planos CV; (3) elenco de benefícios, 25 casos, majori-tariamente em planos BD e CV; (4) salda-mento/outros benefícios, também com 25 episódios, em sua maioria em planos BD; e (5) formulação de benefícios distintos em planos BD, totalizando 23 casos. Os perfis de investimento geraram submassas em 14 casos de planos CV segundo as entidades consultadas.

Impactos diversos Do ponto de vista dos impactos as-

sim como da origem das submassas, estão envolvidas questões que dizem respeito a diversas áreas dentro de uma EFPC. Há os impactos ligados a aspectos de seguri-dade, como a geração de benefícios com reajustes diferenciados; regras de conces-são de benefícios distintas; bem como a necessidade de um nível mais elevado de controle do cadastro, acarretando maior custo administrativo, e de ampla comuni-cação com os participantes a fim de miti-gar futuras demandas judiciais.

É preciso considerar ainda os im-pactos sobre aspectos contábeis, como a

necessidade de controle gerencial dos va-lores por grupos de submassas; a falta de identificação dos recursos garantidores por tipo de benefício (individual ou cole-tivo) opcionalmente na modalidade BD e CD; e, finalmente, o fato de que há iden-tificação do passivo atuarial por tipo de benefício (individual ou coletivo) opcio-nalmente nas modalidades BD ou CD.

Em relação aos impactos ligados a questões atuariais, Cleide ressalta a neces-sidade de elaboração de demonstrações que consideram mais de um grupo de cus-teio para o mesmo plano; a adoção de hi-póteses atuariais iguais para submassas de um mesmo plano com perfis distintos, e a distribuição de superávit ou equacio-namento de déficit para submassas com planos de custeio diferenciados no mesmo plano de benefícios.

Os impactos sobre aspectos relacio-nados a investimentos incluem a preocu-pação com a geração de submassas por perfis de investimentos diferenciados; a independência patrimonial dos planos e a necessidade de estudos de ALM que ob-servem as características das submassas.

Por fim, no que tange às questões ju-rídicas, a coordenadora da CTN destaca itens como o do direito adquirido; o risco de demandas judiciais; a responsabilidade de cada submassa na destinação de supe-rávit ou equacionamento de déficit e a in-viabilidade de manter pequenos grupos de participantes no plano.

As submassas geram impactos nas diversas áreas de uma EFPC: seguridade, atuarial,

jurídica, contábil e de investimento

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43FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

PGA

O aprimoramento do custeio

administrativoPropostas sugerem

alterações em normativos contábeis

da Previc e na Resolução CGPC nº 29, bem como

a elaboração de material orientativo

Propostas inovadoras re-lativas ao custeio admi-nistrativo das EFPCs, que

estão em fase final de discussão pelo sistema, devem conduzir à aprovação de ajustes regulató-rios que irão aprimorar a efici-ência da gestão administrativa e dar maior comparabilidade en-tre as diferentes entidades nes-se quesito. A expectativa era de que alguns ajustes menores já seriam possíveis a partir da sim-ples edição de uma Instrução Normativa pela Previc, basica-mente no que se refere a ques-

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PGA

A CT Ad Hoc de Despesas Administrativas, constituída no final de 2014, teve a colaboração de Previc, SPPC, Ancep, IBA, entes

públicos e IDG, além das CTNs de Contabilidade e Atuária

tões contábeis, mas há também pontos ligados a alterações da Resolução CGPC 29, que trata do custeio, que dependem de aprovação do Conselho Nacional da Previdência Complementar (CNPC). “Como algumas mudanças precisa-rão ser submetidas ao CNPC, o ajuste produzido pela IN atenderia apenas a 10% do que se precisa, então será me-lhor avançar primeiro no Conselho para então divulgar um pacote completo de ajustes”, afirma o diretor de Assuntos Atuariais, Contábeis e Econômicos da Previc, Fábio Henrique de Sousa Coe-lho. Ele estima que aproximadamente 80% das propostas apresentadas já estão bem endereçadas junto ao colegiado. Coelho participou da apresentação téc-nica “Plano de Gestão Administrativa (PGA), critérios quantitativos, quali-tativos e inovações”, no 37º Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão, que discutiu as principais propostas da Co-missão Técnica Ad Hoc de Despesas Ad-ministrativas da Abrapp.

A CT Ad Hoc, constituída no final de 2014 para avaliar a Resolução CGPC 29/2009 e outros assuntos relacionados ao Plano de Gestão Administrativa (PGA) contou com o trabalho de uma comissão multidisciplinar composta pelas CTNs de Contabilidade e Atuária da Abrapp, Ancep, IBA, fundos públicos e IDG, além da participação de Previc e SPPC como convidados. O trabalho incluiu o levan-tamento de dados pela Previc para ve-

rificar a aderência da Resolução CGPC 29/2009,estudos internos e pesquisa pro-movida pela Abrapp junto às associadas com o objetivo de identificar as princi-pais dificuldades na operacionalização do PGA, e estudos apresentados pelas entidades públicas.

As propostas resultantes abrangem alterações em normativos contábeis da Previc e na Resolução CGPC nº 29/2009, bem como a elaboração de guia pela CTN de Contabilidade/Ancep. “Na pesquisa feita junto às associadas da Abrapp com o auxílio dos estudos da Previc, consta-tamos as principais dificuldades de ade-quação aos normativos legais”, explica o coordenador da CT Ad Hoc e vice-pre-sidente da Ancep, Evenilson de Jesus Balzer.

A proposta geral parte de uma vi-são de futuro porque o ambiente de controladoria é muito árido e hoje as de-monstrações sobre o PGA são muito car-regadas e as despesas muito segregadas, o que dificulta a apresentação para o pro-ponente de um plano, observa a integran-te da CTN de Contabilidade da Abrapp, Maria Elizabete da Silva. “O ideal será segregar as despesas de acordo com sua natureza, com grupos contábeis e por plano de benefício, o que serve para fa-cilitar a comparabilidade e também para que os novos planos compreendam me-lhor o custo administrativo.”

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45FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

PGA

“Os critérios dão as condições para que sejam aceitos os resultados dos indicadores e das metas, mas o critério não é indicador nem meta; não se pode confundir as coisas”

Critérios quantitativos e qualitativos

A exigência de divulgação dos cri-térios qualitativos e quantitativos das despesas administrativas contida na Re-solução 29 é um dos aspectos que de-manda maior aperfeiçoamento. “Cabe ao Conselho Deliberativo da entidade, segundo a norma, dar limites e critérios quantitativos e qualitativos aos indica-dores que serão apresentados pelas dire-torias executivas no que diz respeito às despesas administrativas”, explica Ma-ria Elizabete, até porque é o olhar interno que irá refletir corretamente a qualida-de do acompanhamento dos gastos por meio dos indicadores. “Entretanto, no-tamos que há muitas dúvidas sobre es-ses critérios, sobretudo os qualitativos, e uma grande dificuldade na hora de sua definição.”

“Perguntamos sobre esse assunto na pesquisa e as respostas mostraram um pouco de tudo. Ficou evidente que a maioria dos critérios definidos pelas entidades não permite avaliar a rela-ção entre a necessidade e a adequação dos gastos com os resultados obtidos”, analisa Balzer. O levantamento, feito no início de 2015, procurou saber se os crité-rios utilizados seriam capazes de avaliar a gestão adequadamente. Diante dos re-sultados, a CT propõe a elaboração, por Abrapp e Ancep, de um guia que pode-rá ser utilizado de maneira adaptada ao

porte de cada entidade, explica o coor-denador. A ideia é que ele traga uma sé-rie de exemplos de critérios qualitativos e quantitativos.

A ausência de um entendimento mais objetivo sobre o tema faz com que muitos desses critérios sejam confundi-dos com indicadores, metas ou objetivos, resultando em falta de monitoramento e transparência no controle dos gastos. “Os critérios dão as condições para que sejam aceitos os resultados dos indicado-res e das metas, mas o critério não é indi-cador nem meta; não se pode confundir as coisas”, alerta Maria Elizabete.

Entre as características qualitativas da informação contábil, são fundamen-tais os de relevância/materialidade e a representação fidedigna (confiabilidade completa, neutra e livre de erro). Em se-guida vêm as características altamente desejáveis, que representam melhorias, como as de comparabilidade, verificabi-lidade, tempestividade e compreensibi-lidade (art.º 17, Res. CGPC nº 13/2004).

Despesas de investimentos Entre os principais problemas iden-

tificados também está a falta de clareza da norma em relação ao conceito de des-pesas diretas de investimentos. “Hoje não fica claro quais despesas devem ser reconhecidas e contabilizadas direta-mente no fluxo de investimentos (despe-sas diretas de investimentos ou no PGA), e por isso essa escolha acaba ficando a

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PGA critério de cada entidade”, diz Balzer. É

importante que a norma esclareça o que seria despesa direta de investimentos e o que cabe ao PGA. Um critério padrão é necessário, diz ele, já que isso pode afetar o resultado do plano.

Os problemas resultantes dessa fal-ta de definição incluem a não obediência plena do princípio contábil de confronta-ção de despesas com as receitas e pode haver distorções no cálculo dos rendi-mentos líquidos de investimentos, com reflexos na cota do participante; distor-ções no cálculo das rentabilidades (lí-quidas e brutas), assim como distorções nos indicadores divulgados por Previc e Abrapp, prejudicando os comparativos entre as entidades.

A proposta da CT Ad Hoc para re-solver isso é de que haja a abertura de contas contábeis, na planificação contá-bil padrão, para registro das despesas di-retas de investimentos. E também deixar claro na legislação contábil (texto expli-cativo em Instrução Previc) quais despe-sas são contabilizadas diretamente nos investimentos.

Custos da gestão de fundos Outra questão a ser melhorada na

norma diz respeito às despesas que são debitadas diretamente nos fundos de in-vestimentos, uma vez que o atual critério de contabilização de rendimentos des-ses fundos (variação da cota líquida) não

distingue quais são as despesas diretas necessárias para obtenção de tais rendi-mentos.

Como resultado, os custos deduzi-dos diretamente não são mensurados e contabilizados, ou seja, a entidade não conhece os reais gastos na gestão de suas aplicações. Isso provoca distorções no cálculo das rentabilidades (líquidas e brutas) e nos indicadores divulgados por Previc e Abrapp, explica o coordenador da CT, prejudicando comparativos en-tre as entidades (diferenças entre quem tem gestão interna x gestão terceirizada). Essa situação cria dificuldades e até mes-mo a impossibilidade de atender ao item 14 da Res. CNPC nº 09/2012, que trata da divulgação dos custos de investimentos.

A sugestão para resolver o proble-ma, observa Balzer, seria divulgar aos participantes as despesas administra-tivas que são deduzidas dos fundos de investimentos por meio de um quadro auxiliar que seria incluído no RAI (Rela-tório Anual de Informações). “Já fizemos até mesmo um modelo desse quadro, que foi encaminhado à Previc”, diz o co-ordenador. Alternativamente, seria ne-cessário que o CNPC revogasse o item 14 da Res. CNPC nº 09/2012.

Há também uma sugestão de mu-dança nos critérios de rateio das des-pesas administrativas. Dependendo do critério que a EFPC utiliza, custos inade-quados podem ser imputados a determi-

Sugere-se divulgar aos participantes as despesas administrativas deduzidas dos fundos de investimentos por meio de um quadro auxiliar a ser incluído no RAI

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PGA

nado plano e há o risco de distorções no cálculo da cota do participante. A pro-posta da CT é de que a Previc reforce, em seus normativos, que os critérios de ra-teio sejam uniformes ao longo do tempo, tenham embasamento técnico e, final-mente, constem em notas explicativas às demonstrações contábeis.

Fundo administrativoUma das propostas mais discuti-

das é a de rever o entendimento sobre a quem pertence o fundo administrativo da EFPC ou do plano de benefícios. Isso porque hoje as EFPC são obrigadas a se-gregar e contabilizar os recursos do fun-do administrativo entre os planos, o que tira a flexibilidade de sua administração, explica Evenilson Balzer. Ele lembra que os recursos do fundo administrativo têm como objetivo principal a distribuição e utilização para cobertura dos gastos ad-ministrativos, principalmente quando estes forem superiores às fontes de cus-teio e, por isso, não deveriam ser conta-bilizados nos planos.

Nesse sentido, a proposta da CT Ad Hoc é deixar que o fundo de pensão es-colha como gerir o fundo administrativo do PGA ou dos planos. Haveria previsão nos regulamentos dos planos e no PGA, assim como a aprovação do Conselho Deliberativo. “Qualquer que seja a deci-são, será preciso eliminar a exigência de contabilizar a participação do fundo ad-ministrativo nos planos”, reforça Balzer.

O tema ainda é considerado po-lêmico e não há uma posição definida pela Previc. “Essa e as demais propos-tas da CT Ad Hoc somadas às sugestões já encaminhadas pela CTN de Contabi-lidade poderão resultar numa alteração relevante da norma contábil. Aprovei-taríamos para fazer uma revisão nesse arcabouço normativo como um todo”, acredita Balzer.

Todas as propostas apresentadas pela CTN e pela Comissão Ad Hoc em colaboração com a própria Previc estão bem alinhadas, ressalta Fábio Coelho. “Em relação ao PGA, há essa leitura de que ele deveria ser discricionário da en-tidade e não dos planos, mas isso ainda depende do entendimento do CNPC”. Ele observa que a discussão é complexa. “Hoje o dono dos recursos do PGA é o plano e se houver muitos planos haverá uma diferença entre eles, ou seja, alguns são “mais” donos do que outros.”

Essa situação, avalia Coelho, é posi-tiva porque ajuda no controle dos recur-sos, mas pode criar dificuldades para os novos planos. “Também é preciso con-siderar a questão tributária porque se o PGA for da entidade terá caracterís-ticas de pessoa jurídica.” Segundo Co-elho, esse é um assunto que precisa ser mais bem discutido no âmbito do CNPC, “para avaliarmos se a mudança traria be-nefícios a todo o sistema ou apenas para algumas entidades”.

Há a leitura de que o PGA deveria ser discricionário da entidade e não dos planos, um tema complexo que envolve questões tributárias

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PGA Bases de cálculo

Outra questão abordada é a das ta-xas de administração e carregamento, cujas bases de cálculo precisam ser al-teradas por meio de medida do CNPC. As atuais bases de cálculo não incluem todos os ativos, adições ou deduções da gestão previdencial, acarretando um valor menor para as duas taxas e falta de recursos para cobrir os custos admi-nistrativos, podendo, portanto, levar a eventual desenquadramento nos limites de algumas entidades.

No caso da taxa de administração, cujo limite hoje é de 1% sobre os recur-sos garantidores, a proposta é passar a calcular esse percentual sobre o total dos ativos dos planos e não somente so-bre os recursos garantidores, já que é o total de ativos que está sendo adminis-trado pela entidade. No caso da taxa de carregamento, seria preciso incluir na base de cálculo (limite de 9%) todas as adições e deduções para formar o fluxo previdencial.

LC 109No que diz respeito às EFPCs

abrangidas pela LC nº 109/01, os custos administrativos absorvidos diretamente pelos patrocinadores e não contabiliza-dos nas entidades distorcem os indica-dores divulgados por Previc e Abrapp, apontou a CT, prejudicando os compa-rativos entre as entidades.

“Os custos sem ônus para a EFPC não são mensurados e contabilizados; consequentemente, a entidade não co-nhece os reais gastos da sua gestão”, ex-plica Balzer. A proposta é disciplinar, em normativo da Previc, que essas entida-des sejam obrigadas a incluir a existên-cia desses custos não reembolsados pela patrocinadora nas notas explicativas às demonstrações contábeis.

EficiênciaO tema das despesas administrati-

vas está no radar da Previc desde 2011 e o assunto tem sido atualizado na tentati-va de buscar maior eficiência operacional nos processos, destaca Fábio Coelho, até porque sem eficiência há uma redução nos recursos dos planos. “As despesas administrativas poderiam ser considera-das um peso morto na capitalização des-ses recursos?”, questiona o diretor.

Para ele, o dado mais relevante para responder a essa “provocação” está na comparabilidade, ou seja, as EFPCs pre-cisam olhar para seus pares e fazer uma avaliação para saber se estão na média desse mercado. “Nosso recado é para as fundações enxergarem sua gestão vis--à-vis a média do segmento. O nível de despesas administrativas, controles e governança devem ser compatíveis com o porte e a complexidade de cada funda-ção, e é por isso que divulgamos os da-dos no site da Previc.”

As atuais bases de cálculo das taxas de administração e carregamento não incluem todos os ativos, adições ou

deduções da gestão previdencial, devendo ser alteradas

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PGA

A heterogeneidade do sistema é bem traduzida, de modo geral, no volu-me de gastos, diz Coelho. “Há uma re-lação direta e quase linear entre o porte da entidade e as despesas, pois quanto maior a entidade, maiores as suas des-pesas.” Mesmo assim, é possível obser-var algumas fundações de mesmo porte que têm gastos bastante diversos. “Es-sas diferenças precisam ser identifica-das e trabalhadas”, afirma o diretor da Previc.

O cuidado administrativo, lembra Maria Elizabete da Silva, é muito mais importante do que possa parecer pela sua materialidade em relação ao patrimônio da EFPC: “Ainda que a materialidade não pareça grande, seu impacto futuro poderá ser decisivo para a percepção dos participantes e dos assistidos e a eventu-al necessidade de pagamentos adicionais poderá influenciar sua decisão de conti-nuar ou não no plano”.

Os estudos da Previc mostraram que algumas entidades não teriam como justificar o nível de suas despesas. “Com o passar do tempo elas acabaram não cumprindo o que estava em seus planos de negócios e tiveram dificul-dades para se enquadrar nos limites da Resolução 29.” Nesses casos, a atuação do ente supervisor ocorre por meio da fiscalização e medidas administrativas. São aproximadamente duas dezenas de entidades nessa situação. Dessas, me-

nos de dez estariam em situação mais crítica. A despesa per capita no sistema é de R$ 1.144,00 reais, na média, mas isso varia muito de acordo com o número de participantes e a maturidade dos pla-nos, explica Coelho.

Prazo para enquadramentoUma das propostas da CT é jus-

tamente a de alterar o prazo para en-quadramento das novas entidades e daquelas que estão em situações espe-ciais. O prazo para o enquadramento aos limites das taxas de administração e carregamento das entidades de que trata a Lei Complementar nº 108/2001 expirou em 31/12/2014, sendo que cin-co delas não conseguiram o enquadra-mento.

Essas entidades poderão sofrer pe-nalidades, com eventuais prejuízos aos participantes, além de potencialmen-te virem a utilizar recursos dos planos para cobrir as despesas administrativas, explicou Evenilson Balzer. A proposta da CT é de que as EFPCs novas e em situações especiais possam elaborar es-tudo técnico e enviar à Previc, demons-trando a sua viabilidade administrativa e sustentabilidade de longo prazo atra-vés de um plano de enquadramento aos limites estipulados. Além disso, seria alterado o art. 9º da Res. CGPC 29/09, com uma nova redação sugerida pela Comissão.

Estudos da Previc mostraram que cerca de duas dezenas de entidades não teriam como justificar o nível de suas despesas. Dessas, menos de dez estariam em situação mais crítica

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Transparência e governança:

conexão com o futuroMelhorar a transparência

gera oportunidades de aperfeiçoamento na legislação

e nas diversas áreas de atividade das EFPCs

Transparência, ao lado de governança, pla-nejamento estratégico

e inovação, é um dos qua-tro conceitos básicos que orientam os projetos de so-brevivência e fomento dos fundos de pensão brasileiros e, como requisito essencial

de gestão, esteve no centro dos debates do 37º Congres-so. Especialistas e dirigentes indicaram que o princípio da transparência precisará permear, cada vez mais, as estratégias de todas as áreas das Entidades Fechadas de Previdência Complementar, desde a comunicação com o mercado e o relacionamen-to com os participantes até o tratamento de questões jurí-dicas e financeiras.

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Transparência

“Não basta informar. Se ele (o receptor) não entender a mensagem e não interagir, não há transparência de fato”

O desafio de melhorar a transparência pode se converter em oportunidades para aperfeiçoar a legislação, bem como as di-versas áreas de atividade das EFPCs, lem-bra a integrante da CTN de Comunicação e Marketing da Abrapp, Milena de Macedo. “Para ser transparente na área de comuni-cação, por exemplo, é essencial garantir o acesso à área aos conselheiros e diretores, sobretudo por meio do diálogo e do plane-jamento estratégico.”

O planejamento estratégico das enti-dades precisa colocar a transparência como um valor e definir o seu conceito para ga-rantir que a comunicação siga nessa linha. A interatividade com o receptor da comuni-cação é outro ponto vital, pondera Milena: “Não basta informar. Se ele (o receptor) não entender a mensagem e não interagir, não há transparência de fato, o que infelizmente ainda é muito comum entre as entidades”.

Algumas experiências que integram a transparência ao planejamento estratégico já mostram uma clara preocupação nesse sentido. Entre elas, o uso da tecnologia de Business Intelligence (BI) em projeto desen-volvido pela Funpresp-Jud para conectar os quatro conceitos básicos (transparên-cia, governança, planejamento estratégico e inovação), lançado oficialmente em Flo-rianópolis.

“O sistema de Previdência Comple-mentar fechada tem debatido muito a ne-cessidade de aprimorar sua governança, mas falta detalhar as formas de suporte às decisões dos órgãos de governança e saber como oferecer isso de maneira transparen-te”, explica o diretor de Administração da Funpresp-Jud, Márcio Lima Medeiros. O projeto, que aproveita a sinergia entre todas as áreas, incluiu um plano de comunicação e deu grande ênfase à área de relacionamen-

to, primeira a usar internamente o novo mo-delo, ainda antes de seu lançamento.

Construindo histórias Aprimorar a transparência das ope-

rações, reduzir custos de funcionamento, acompanhar a rentabilidade dos ativos e monitorar o modelo de gestão estratégi-ca são os pilares do projeto de BI desen-volvido pela fundação, que convergem para garantir a melhor avaliação de seu profissionalismo e credibilidade. O tra-balho começou a ser implementado em novembro de 2015 e passou por aprimora-mentos até que o site da entidade chegasse ao alinhamento total com o novo modelo, em setembro deste ano.

Aplicar a noção de Business Intelligence a um projeto de governança e transparên-cia, observa Márcio Medeiros, significa ten-tar contar uma história com indicadores, de modo a resolver problemas e assegurar o acesso a informações gerenciais e soluções eficazes de TI, o que leva à capacidade de enxergar o todo e não apenas as partes. Por meio desse projeto, a Funpresp-Jud passou a adotar a tecnologia de BI para transformar seus balancetes, demonstrativos e outras in-formações em conteúdo que possa ser co-nhecido por todos de forma comparável.

A ideia, diz o diretor, é garantir que os órgãos de governança possam acompanhar e aperfeiçoar a gestão de metas e indicado-

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Projeto de BI da Funpresp-Jud baseia-se na planificação

contábil estabelecida pela Previc, podendo

ser replicado com baixo investimento em tecnologia

res na tomada de decisões para execução da estratégia e maximização dos resul-tados. Ao criar um sistema de monitora-mento de desempenho, espera-se também melhorar a transparência, prestação de contas, celeridade e inteligência do negó-cio, gerando aprimoramento nos processos de trabalho e na execução das estratégias.

Para isso, ele explica que o projeto tra-ta de “construir uma história que envolva todas as áreas por meio de simples cliques interativos no painel de transparência da entidade”. A noção de acessibilidade e sim-plicidade, portanto, é a diretriz que alinha-va os quatro princípios básicos. Mas apesar de a interatividade traduzir as informações do software de gestão, foi preciso ter a di-mensão exata das demandas específicas, gerando uma linguagem que permita dar explicações adequadas às pessoas.

Como resultado, os integrantes dos órgãos de governança, funcionários, parti-cipantes e toda a sociedade têm como na-vegar nesse painel com facilidade, destaca Medeiros. Isso permite comparar despesas, patrimônio e a evolução dos dados contá-beis em linguagem acessível, já que estão disponíveis desde as despesas com o paga-mento de táxis até os resultados dos inves-timentos e evolução do patrimônio total. “Se houver necessidade de customizar al-gumas dessas informações, poderemos

fazê-lo, sem problemas, à medida que sur-girem novas demandas.” Dez dias após seu lançamento, que aconteceu no dia 11 de se-tembro, o novo sistema já havia registrado 1.299 visualizações.

Desde a compra da ferramenta de BI até a avaliação das lições aprendidas durante a implementação do projeto, a entidade viveu várias etapas importantes de aprendizado. Foram desenvolvidas dez fases em 220 dias, com a divulgação dos dados resultantes na internet, evidenciando a rapidez do proces-so. Os primeiros resultados já estavam dis-poníveis de 30 a 60 dias após a definição do escopo. As diferentes etapas envolveram a configuração, mineração e modelagem dos dados dos participantes, de receitas e des-pesas, assim como a modelagem dos dados de patrimônio/investimentos, além do ma-peamento dos indicadores-chave, plano de comunicação e treinamento.

O trabalho acabou se transformando num case de sucesso no uso de tecnologia, tendo sido apresentado também no Con-gresso de Tecnologia do Judiciário, no final de setembro. “Os patrocinadores ficaram interessados nesse modelo de valorização da transparência que, aliás, está no DNA da Funpresp-Jud”, observa Medeiros.

O grande avanço representado pelo projeto, avalia o diretor, foi aliar a tecno-logia BI, já utilizada por alguns patroci-nadores e por instituições bancárias, às demandas do próprio negócio da entida-de. “Desse modo, conseguimos não apenas produzir resultados para consumo interno, mas para atender o participante e os órgãos de governança.” Além disso, como a mo-delagem partiu da planificação contábil es-tabelecida pela Previc, Medeiros pondera que ela poderá ser replicada por qualquer fundo de pensão com baixo investimento em tecnologia.

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Transparência

Contrato previdenciário e confiança

Construir a confiança por meio da transparência no contrato previdenciário é uma diretriz fundamental, ressaltou a es-pecialista da UniAbrapp, advogada Ana Paula Oriola de Raeffray.

Ela sublinhou a importância dessa diretriz no fortalecimento da cidadania, lembrando que além da transparência é preciso avançar para produzir o elo social e o interesse das pessoas; incentivar o co-nhecimento e a identificação positiva; tra-zer a simplificação dos processos, e “retirar a opacidade e o desconhecimento do as-sunto Previdência Complementar fecha-da”. Afinal, aspectos como legibilidade, publicidade, responsabilidade e reativida-de compõem as engrenagens da cidadania, diz Raeffray.

AntídotoA prática da transparência sob o ponto

de vista da comunicação das EFPCs, alerta Milena de Macedo, pode ser o antídoto para a crise da vez. Ser claro e límpido, manter um diálogo aberto e franco, fugir da ambi-guidade, prestar contas e colocar-se à dis-posição são algumas das características de quem é transparente em sua comunicação.

Essa, diz Milena, é a única maneira de construir uma relação de credibilidade e um diálogo consistente com os participan-tes dos planos. Levar em conta as mudanças do mundo no que diz respeito aos canais de comunicação disponíveis (incluindo as re-des sociais) e às novas demandas dos parti-cipantes é outro requisito essencial.

Sociedade do conhecimento As consequências da evolução da so-

ciedade industrial para a sociedade do co-

nhecimento ainda precisam ser mais bem compreendidas pelos gestores no ambien-te contemporâneo. Junto com as mudanças impostas pela velocidade da comunicação e da tecnologia, pelo conhecimento globa-lizado e pelas características de interde-pendência que permeiam as relações entre indivíduos, organizações e a sociedade, cresce também a transparência, inevitavel-mente. A conclusão é do especialista em gerenciamento de marcas Ricardo Guima-rães, presidente da Thymus Branding, autor da palestra magna do 37º Congresso.

A comunicação mais rápida, diz Gui-marães, dificulta o exercício do poder “de cima para baixo” e abre espaço para a con-testação das decisões hierárquicas, produ-zindo, assim, maior transparência; afinal, “nada mais pode permanecer escondido”.

Ao analisar o tema “Criação do ama-nhã e a responsabilidade individual e coletiva”, ele lembrou que essa nova re-alidade, muito mais complexa e menos previsível, transformou as tradicionais organizações-máquina em sistemas vi-vos. Esses sistemas evoluem constante-mente e são integrados por um conjunto de elementos que trabalham de forma in-terdependente com um propósito comum, trazendo a necessidade de criar valor e gerenciar riscos em ambientes cada vez mais velozes e imprevisíveis.

A comunicação mais rápida abre espaço para a contestação das decisões hierárquicas, produzindo, assim, maior transparência

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54FUNDOS DE PENSÃO – OUTUBRO 2016

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Simplicidade como aliada à

racionalização de custosPOR FLAVIA PEREIRA DA SILVA

Estudos de casos mostram que fazer

mais com menos é mais fácil do

que se imagina, basta atitude e senso coletivo

Quais são os desafios que as entidades en-frentam para fazer

mais com menos? Num am-biente tão complexo como o da Previdência Complemen-tar, não existe uma receita de bolo, argumenta Glauco Milhomem Balthar, membro da CTN de Tecnologia da In-formação da Abrapp. “O que deu certo em algumas enti-dades pode não dar certo em todas as EFPCs. Mas é pre-

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Racionalização de custos

“É possível racionalizar custos com ganho de produtividade e grande performance sem deixar de atender ao que está previsto no planejamento estratégico”

ciso tentar. Com desprendimento e inova-ção, é possível economizar. É justamente isso que queremos despertar”, ressalta Bal-thar, que junto com Cristiano Luiz Gomes de Freitas, também integrante da CTN, foi responsável pela apresentação técnica “Inovações simples, baseadas em tecnolo-gia, que podem ajudar sua entidade a ra-cionalizar custos”.

Cristiano Freitas pondera que parece um contrassenso pensar em economia de recursos quando as áreas de TI das funda-ções são as que normalmente contam com os maiores orçamentos. “Temos fama de gastadores, mas é para desafiar essa con-cepção que nós propomos esse tema. Que-remos mostrar que com soluções simples nós conseguimos reduzir custos.”

Freitas dá como exemplo um episódio envolvendo a corrida espacial entre Esta-dos Unidos e União Soviética e o gasto de milhões, pelos EUA, para desenvolver uma caneta específica para que os astro-nautas pudessem fazer anotações, já que as canetas comuns não funcionam no espaço. “Enquanto isso, os russos, de forma bem tranquila e simples, usavam lápis”, assi-nala, bem-humorado, o especialista. “Tra-ta-se de uma lenda, mas o episódio deixa claro que, através de soluções simples, é possível racionalizar custos com ganho de produtividade e grande performance, sem deixar de atender ao que está previsto no planejamento estratégico.”

A apresentação reuniu estudos de ca-sos agrupados em cinco temas: serviços

online; impressões e postagens; contratos e contratações; infraestrutura e site backup; ideias e momento oportuno para negocia-ções.

Serviços online Em se tratando de serviços online, o

primeiro case de sucesso citado é da pró-pria Abrapp, que tem adotado sistematica-mente nas Comissões Técnicas Nacionais a noção de reuniões virtuais. Somente na CTN de Tecnologia da Informação, o custo médio com viagem e hospedagem de dez reuniões anuais presenciais chegava a 170 mil. Diminuindo-se o número desses en-contros para três, as despesas passaram a R$ 51 mil, gerando uma economia da or-dem de 119 mil por ano.

A fundação Eletros espera uma eco-nomia de cerca de 250 mil anuais com a divulgação de publicações, informes, regu-lamentos e campanhas de forma eletrôni-ca. Outras iniciativas incluem a ampliação do autoatendimento ao participante com a adoção de aplicações mobile, a integração do portal do participante ao sistema de back office (arrecadação, folha de benefícios e ca-dastro), e o uso de soluções de e-mail na tec-nologia de nuvem.

Gerente de TI do Postalis, Glauco Bal-thar explica que na primeira vez que o par-ticipante acessa o portal da entidade, ele é questionado sobre a forma que prefere re-ceber os periódicos da fundação. “A maior parte das pessoas tem preferido consumir a informação no tempo delas e de forma

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O Projeto Bloomberg da Forluz, que partiu de um benchmark feito com a fundação Prece, permite uma

economia de 114 mil anuais em análise de risco

eletrônica. Com base nesse retorno, toma-mos algumas decisões, como a de não en-viar mais jornal e outros periódicos pelo correio, e com isso a gente economiza cerca de 230 mil/ano.”

Na mesma linha, a Real Grandeza dis-ponibilizou uma série de serviços online, re-sultando numa economia anual de R$ 600 mil. Na Valia, o contracheque e a revista Valia online, implantados em 2013, permiti-ram uma redução de 42% e 50% nos gastos, respectivamente. Na Previ, a impressão do contracheque é patrocinada, um modelo interessante que tem gerado bons resulta-dos. “Vale lembrar que esses números não podem ser avaliados de forma rasa porque cada entidade tem suas especificidades em se tratando de quantidade e perfis de parti-cipantes”, salienta Freitas.

A Fachesf passou a utilizar servi-ços online há alguns anos, tendo obtido uma redução de 54% nos custos de pos-tagem, impressão e papel, dentre outros. Para Cristiano Freitas, o caso da fundação sediada em Recife é interessante porque o participante assistido já tira o contrache-que no terminal de pronto atendimento de cada banco parceiro, de forma que aqueles que não tem e-mail ou vivenciam qualquer outro problema de acesso podem ir dire-tamente à instituição bancária. “A Fachesf utiliza o extrato online como muitas fun-dações, e tem parceria com bancos, o que também é comum, mas as entidades nor-malmente utilizam o banco só pra fazer o pagamentos dos assistidos.”

Outro destaque é o Projeto Bloom-berg da Forluz. Trata-se de uma iniciati-va nova que partiu de um benchmark feito com a fundação Prece, que já utilizava em suas análises de risco os dados da Bloom-berg. “Creio que todas as fundações te-nham o serviço, que muitas vezes é mal utilizado”, salienta Freitas, que é gerente de TI da entidade.

Ele explica que a equipe da área de risco da Forluz visitou a Prece, verificou o que a ferramenta oferecia, e fez uma refle-xão sobre como ela poderia ser mais bem aproveitada. Após algumas adaptações, dados extraídos da Bloomberg e das car-teiras da Forluz passaram a ser lançados num BI para, posteriormente, serem utili-zados nos relatórios de risco apresentados nas reuniões semanais do comitê de inves-timento. “Ou seja, através de uma ferra-menta que hoje toda fundação tem, e que às vezes a gente não usa 5% de sua poten-cialidade, fizemos uma economia na casa de 114 mil por ano porque nós deixamos de utilizar uma ferramenta de mercado, que apoiava os nossos relatórios de risco, para utilizar essa ferramenta que foi de-senvolvida.”

Impressões e postagensA Braslight reduziu custos com im-

pressão e postagem por meio de um pool de impressão e máquinas alugadas. Além do relevante impacto ambiental, a adoção do padrão de impressão em frente e verso, por si só, reduziu em 60% o consumo de

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Racionalização de custos

papel - de 100 para 40 resmas anualmen-te. As eleições dos conselhos, feitas de for-ma totalmente eletrônica (ao invés de pelo correio), resultaram em economia de R$ 22 mil/ano.

A Previ apostou na redução do parque de impressoras e em mudança no modelo de prestação do serviço: antes a fundação mantinha oitenta impressoras próprias, hoje aluga doze. A impressão frente/verso como padrão e a decisão de que trabalhos não liberados fossem deletados automati-camente após 12 horas na fila, dentro ou-tras iniciativas simples, fizeram com que a média de impressão/fotocópia fosse redu-zida de 260.000 para 185.000/mês e o con-sumo de papel caísse 30%, gerando uma economia anual de aproximadamente R$ 200 mil.

Na Petros, iniciativas similares re-sultaram em cerca de 30 mil a menos em despesas anuais. A fundação também in-vestiu na renegociação de contratos, ade-quando a “franquia” - cuja apuração passou de mensal para trimestral - ao nú-mero de impressões utilizadas. A fim de conscientizar suas equipes, a entidade co-meçou a enviar relatórios mensais para as gerências contendo informações sobre os custos de impressão de cada área. Atual-mente, a Petros se dedica à tomada de pre-ços visando à adoção da tecnologia RFID, utilizada para gerenciar documentos.

“No Postalis temos automatizado uma série de processos que eram manuais, criando um workflow dentro da própria so-

lução de autoatendimento. As informações tramitam de forma eletrônica e a exigência de papel é cada dia menor”, explica Glauco Balthar. A medida, que reduziu a elevada quantidade de malotes semanais enviados entre as unidades e a sede, aliada à descen-tralização das compras e consequente ra-cionalização de custos com despachos de mercadorias, resulta em economia anual de R$ 294 mil.

Contratos e contratações Os especialistas argumentam que o

atual momento de crise requer cooperação por parte dos parceiros das EFPCs. “Te-mos notado que boa parte das entidades já iniciou um trabalho de buscar, junto aos parceiros, a melhor forma de trabalhar. A aceitação é boa desde que haja a iniciati-va. A gente tem que cobrar a revisão dos contratos e adequação de escopo”, observa Balthar.

Na Braslight, a revisão de contratos e licenças já trouxe uma economia superior a R$1 milhão. Na Forluz, informa Freitas, a redução dos custos é de 260 mil só em 2016 e a expectativa é que em 2017 ela passe dos R$ 300 mil.

Segundo Glauco Balthar, os contratos devem ser sempre revisados porque a tec-nologia fica obsoleta muito rapidamente. “Se não existe uma atualização, mais uma razão para pagarmos menos por aquilo que estamos utilizando.” Ele diz que o Postalis tem adotado uma série de ações nesse sen-

Na Braslight, a adoção do padrão de impressão em frente e verso reduziu em 60% o consumo de papel, produzindo efeitos positivos tanto sob o ponto de vista financeiro quanto ambiental

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s tido, algo que permitiu ao fundo economi-zar R$ 182 mil/ano em 2014 e 2015.

Comprar no melhor momento, realizar leilões entre os fornecedores e estimular a concorrência entre fábricas de software estão entre as medidas recomendadas. “A gente demanda um software com determinadas funcionalidades e fazemos uma cotação junto a diferentes empresas. Às vezes uma empresa de porte menor tem uma estrutu-ra menor e, consequentemente, um preço reduzido para aquilo que estamos buscan-do”, explica Balthar. Os especialistas res-saltam que os contratos por demanda, em geral, resultam em maior proatividade por parte das empresas, que só recebem o pa-gamento quando entregam o que lhes foi solicitado.

Os processos de tomada de preços da Petros cresceram de 41% para 70%. A fundação investiu na renegociação do va-lor dos contratos vigentes, passou a es-timular a concorrência e se ater mais ao timing das aquisições, além de se dedicar à revisão da arquitetura de servidores e do modelo de manutenção dos desktops, entre outras iniciativas. Como resultado, tendo em vista o porte da entidade, a eco-nomia obtida chegou a R$ 6 milhões num período de 18 meses.

Infraestrutura e site backupA Braslight optou por alterar o ambien-

te de armazenamento de fitas de backup, que era terceirizado, passando-o para a patro-

cinadora. “Eles levaram o servidor para a patrocinadora, deixando de pagar mensal-mente os custos de hospedagem”, explica Balthar. O resultado é uma economia anual de R$ 141 mil.

“Já a Real Grandeza adotou uma estru-tura de contratar o serviço pronto dentro de um datacenter de fora para o ambiente de produção”, um procedimento muito co-mum, explica o especialista. Ele afirma que algumas empresas têm terceirizado ou in-ternalizado o datacenter, “mas é importante que cada modelo esteja adaptado à realida-de da entidade”, salienta.

Essas e outras medidas como a virtualização do banco de dados e a utiliza-ção de solução de gerenciamento de acesso ao ambiente de TI e portal, de forma a fa-cilitar a interação dos usuários aos serviços disponíveis, gera uma economia anual de 800 mil para a fundação.

Ideias e momento oportuno para negociações

Os licenciamentos de software e a mi-gração de serviços para nuvem podem ser boas alternativas para redução de custos, ar-gumenta Cristiano Freitas. O fechamento de empresas, a redução da demanda em diver-sos segmentos e a busca por soluções mais simples e baratas fizeram com que a concor-rência entre os fabricantes de software cres-cesse muito no passado recente. “Este talvez seja um bom momento para pedir descontos generosos”, assinala Freitas.

Como a tecnologia fica obsoleta muito rapidamente, na ausência de atualização, a recomendação é que

os contratos antigos sejam sempre revisados

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Racionalização de custos

Seria esse é o momento de renovar contratos por 24 meses, por exemplo, e alongar os licenciamentos esperando que o dólar se estabilize ou a entidade deve espe-rar para ver como a moeda se comporta? Segundo Glauco Balthar, essas são as gran-des dúvidas de gestores de TI e dirigentes em relação ao softwares licenciados.

Outro tema discutido pelos especia-listas é o uso, pelo sistema, do chamado crowdfunding ou vaquinha digital. Toman-do como exemplo a E-financeira, foi feito um cálculo aproximado que projeta em R$ 15 mil o custo de licenciamento e R$ 3 mil o custo mensal, resultando num custo anual de R$ 51 mil. “Se 30% das 240 en-tidades que integram o sistema tiverem esses custo, o gasto com a solução para o segmento seria de R$ 3,6 milhões. Na te-oria, é possível fazer tudo isso e atender a todos de forma muito mais econômica”, pondera Balthar.

Esse é um assunto que requer refle-xão, concordam os palestrantes. Eles argu-mentam que, nesse caso específico, grande parte das entidades tinham bons parceiros em TI, e por isso conseguiram resolver o problema; aquelas que não tinham recor-reram ao mercado, que estava preparado para atender à demanda. “Mas vai chegar um momento em que as entidades não vão ter mais recurso para esse tipo de coisa. Aí vamos precisar discutir o desenvolvimento compartilhado, as vaquinhas e a criação de funções que possam ser reaproveitadas”, assinala Balthar.

Segundo Cristiano Freitas, uma pes-quisa feita por ele revelou que 10% das fundações, em média, têm aplicações mo-bile, um investimento cuja estimativa mí-nima é de 100 mil reais. Ao mesmo tempo, tais aplicações oferecem serviços comuns a todos os fundos de pensão, respeitadas, obviamente, as especificidades de cada plano ou fundação, embora o atendimento a essas diferenças possa se dar de manei-ra funcional e tranquila via a tecnologia. Ainda assim, as EFPCs contratam essas soluções de forma separada.

“No caso das eleições, cito o caso prá-tico do Postalis. Eu estive lá para ver o sis-tema utilizado, totalmente desenvolvido, que não perde em nada para nenhuma ins-tituição do mercado.” Agora, diz Freitas, a Forluz fará um processo eleitoral a um custo de cerca de 60 mil reais, sendo que há entidade com isso desenvolvido inter-namente e que funciona muito bem. “Pre-cisamos soltar um pouco essas amarras e nos questionar por que não podemos usar o que foi desenvolvido por outra funda-ção. É preciso assumir essa postura e dar força para o que já existe e funciona bem.”

Balthar reafirma a necessidade do trabalho em conjunto. “Não dá mais para ficarmos reinventando a roda. Temos de-safios comuns e as soluções certamente são comuns. A gente precisa se desapegar das desculpas que arranjamos todos os dias para não fazermos as coisas de braços dados.”

“Temos desafios comuns e as soluções certamente são comuns. Precisamos nos desapegar das desculpas para não fazermos as coisas de braços dados”

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CONSOLIDADOESTATÍSTICO

I. CARTEIRA CONSOLIDADA POR TIPO DE APLICAÇÃO

II. EVOLUÇÃO DOS ATIVOS POR TIPO DE INVESTIMENTO

III. EVOLUÇÃO DOS ATIVOS X PERCENTUAL DO PIB

IV. EVOLUÇÃO DO SUPERÁVIT E DÉFICIT DAS EFPCs

V. COMPARATIVO REGIONAL

VI. COMPARATIVO POR TIPO DE PATROCÍNIO

VII. RENTABILIDADE ESTIMADA

VIII. RENTABILIDADE TRIMESTRAL DAS EFPCs - CONSOLIDADO

IX. ALOCAÇÃO DA CARTEIRA CONSOLIDADA POR TIPO DE PLANO

X. RENTABILIDADE ESTIMADA POR TIPO DE PLANO

XI. ALOCAÇÃO MÉDIA (ARITMÉTICA) POR FAIXA DE PATRIMÔNIO

XII. RANKING DOS 15 MAIORES PLANOS (BD, CD, CV e INSTITUÍDOS)

XIII. EVOLUÇÃO DOS ATIVOS DOS PLANOS INSTITUÍDOS

XIV. PARÂMETROS ATUARIAIS

XV. DEMONSTRATIVO DE BENEFÍCIOS

XVI. ESTATÍSTICAS DE POPULAÇÃO

XVII. CLASSIFICAÇÃO DAS EFPCs

XVIII. DADOS HISTÓRICOS DO SISTEMA

XIX. RENTABILIDADE DAS EFPCs X META ATUARIAL (1996-2016)

XX. RENTABILIDADE ACUMULADA DAS EFPCs (1996-2016 e 2003-2016)

XXI. PROJEÇÃO DA RENTABILIDADE DAS EFPCs

XXII. ATIVOS DOS FUNDOS DE PENSÃO NO MUNDO

XXIII. ÍNDICES DE SOLVÊNCIA - COMPARATIVO INTERNACIONAL

XXIV. RENTABILIDADE DOS FUNDOS DE PENSÃO NO MUNDO (2008 à 2015)

XXV. EVOLUÇÃO QUANTITATIVA DOS PLANOS INSTITUÍDOS

XXVI. EVOLUÇÃO QUANTITATIVA DOS INSTITUIDORES

XXVII. ENTIDADES DA REGIONAL SUL

ÍNDICE

12,8% PIBAtivos das

EFPCs

Investimentos

em Renda Fixa

72,0%

Total Ativos

R$ 763bi

8,44% 8,50%EFPCs TJP

Rentabilidade Estimada(até jun/16)

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CONSOLIDADOESTATÍSTICO

Discriminação dez/09 % dez/10 % dez/11 % dez/12 % dez/13 % dez/14 % dez/15 % jun/16 %

Renda Fixa 291.627 59,3% 321.954 59,8% 349.957 61,0% 396.046 61,7% 386.773 60,4% 431.140 64,2% 483.907 70,7% 523.657 72,0%

Títulos públicos 86.749 17,6% 91.922 17,1% 90.442 15,8% 98.639 15,4% 67.446 10,5% 83.351 12,4% 105.949 15,5% 119.564 16,4%

Créditos Privados e Depósitos 14.862 3,0% 24.211 4,5% 27.508 4,8% 32.619 5,1% 26.672 4,2% 27.099 4,0% 24.473 3,6% 25.241 3,5%

SPE 119 0,0% 193 0,0% 213 0,0% 186 0,0% 160 0,0% 142 0,0% 146 0,0%

Fundos de investimentos - RF1 190.016 38,6% 205.703 38,2% 231.814 40,4% 264.575 41,2% 292.469 45,7% 320.530 47,7% 353.344 51,6% 378.706 52,1%

Renda Variável 163.753 33,3% 174.902 32,5% 172.420 30,1% 183.621 28,6% 185.755 29,0% 166.267 24,7% 126.869 18,5% 128.706 17,7%

Ações 82.800 16,8% 88.251 16,4% 80.407 14,0% 89.404 13,9% 84.213 13,2% 77.026 11,5% 58.445 8,5% 57.644 7,9%

Fundos de investimentos - RV2 80.952 16,4% 86.651 16,1% 92.013 16,0% 94.217 14,7% 101.542 15,9% 89.241 13,3% 68.425 10,0% 71.062 9,8%

Investimentos Estruturados ND 10.634 2,0% 13.347 2,3% 17.282 2,7% 19.355 3,0% 22.467 3,3% 19.706 2,9% 19.456 2,7%

Empresas Emergentes 241 0,0% 360 0,1% 359 0,1% 346 0,1% 304 0,0% 258 0,0% 259 0,0%

Participações 9.466 1,8% 11.875 2,1% 15.016 2,3% 16.819 2,6% 19.546 2,9% 17.422 2,5% 17.285 2,4%

Fundo Imobiliário³ 927 0,2% 1.112 0,2% 1.908 0,3% 2.191 0,3% 2.617 0,4% 2.026 0,3% 1.912 0,3%

Imóveis 14.652 3,0% 16.197 3,0% 20.685 3,6% 25.811 4,0% 28.988 4,5% 31.450 4,7% 32.798 4,8% 32.702 4,5%

Operações com participantes 11.909 2,4% 13.412 2,5% 14.909 2,6% 16.352 2,5% 17.291 2,7% 18.705 2,8% 19.423 2,8% 19.925 2,7%

Empréstimo a Participantes 9.872 2,0% 11.468 2,1% 12.995 2,3% 14.593 2,3% 15.685 2,4% 17.217 2,6% 17.950 2,6% 18.456 2,5%

Financiamento imobiliário 2.037 0,4% 1.944 0,4% 1.914 0,3% 1.760 0,3% 1.606 0,3% 1.488 0,2% 1.473 0,2% 1.469 0,2%

Outros4 10.192 2,1% 1.317 0,2% 2.411 0,4% 2.613 0,4% 2.165 0,3% 1.901 0,3% 2.213 0,3% 2.607 0,4%

Total 492.134 100,0% 538.417 100,0% 573.729 100,0% 641.725 100,0% 640.328 100,0% 672.054 100,0% 684.916 100,0% 727.052 100,0%

Notas: ¹ Inclui Curto Prazo, Referenciado, Renda Fixa, Multimercado, Cambial e FIDC; ² Inclui Ações e Índice de Mercado; ³ Até 2009 consolidado no grupo Imóveis; 4 Inclui Dívida Externa, Ações - Companhias Abertas - Exterior, Outros Realizáveis, Derivativos, Outros.

7,9%

9,8%

Ações

Fundos de investimentos - RV²

16,4%

3,5%0,0%

52,1%

Títulos públicos

Créditos Privados e Depósitos

SPE

Fundos de investimentos - RF¹

61,7% 60,4%64,2%

70,7% 72,0%

28,6% 29,0%24,7%

18,5% 17,7%

dez/12 dez/13 dez/14 dez/15 jun/16

Renda Fixa

Renda Variável

4,0% 4,5% 4,7% 4,8% 4,5%

2,5%2,7% 2,8% 2,8%

2,7%

2,7%3,0% 3,3% 2,9% 2,7%

0,4%0,3%

0,3%0,3%

0,4%

9,7%10,6% 11,1% 10,8%

10,3%

dez/12 dez/13 dez/14 dez/15 jun/16

Imóveis

Operações com Participantes

Investimentos Estruturados

Outros

Total

I. CARTEIRA CONSOLIDADA POR TIPO DE APLICAÇÃO (R$ milhões)

II. EVOLUÇÃO DOS ATIVOS POR TIPO DE INVESTIMENTO

DESTAQUE

MERCADO - JUNHO/16

DESTAQUES - JUNHO/16

O Consolidado Estatístico traz nesta edição especial do 37º Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão informações adicionais como: dados históricos do sistema, ativos dos fundos de pensão no mundo e projeções da rentabilidade para o sistema. Os ativos das EFPCs atingiram R$ 763 bilhões, passando a representar 12,8% do PIB brasileiro em junho de 2016. A carteira consolidada dos Fundos de Pensão teve rentabilidade de 1,52% em junho e 8,44% no acumulado do primeiro semestre. Entre os planos, os de Contribuição Variável tem a maior rentabilidade até junho, com 8,84%, seguidos pelos CD, com 8,66% e BD, com 8,28%.

Depois da queda de -10,09% em maio, o Ibovespa apresentou recuperação em junho, fechando o mês com alta de 6,30% e levando o acumulado no ano para 18,86. Em relação à renda fixa, sinalizações do Banco Central de que fará todo o esforço possível para alcançar a meta de inflação de 4,5% até o final de 2017 fizeram com que as taxas de juros de curto prazo abrissem e as taxas de médio e longo prazo fechassem. As taxas das NTN-B’s apresentaram queda, contribuindo também para as boas rentabilidades das carteiras de renda fixa.

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Fonte: IBGE/ABRAPP O ativo representa o disponível + realizável + permanente PIB referente ao II, III e IV trim. 2015 e I trim. 2016* Valor estimado

457 445 515 558 597 668 669 700 718 763

17,2%

14,7%

15,9%

14,4%13,7%

14,2%

13,0%12,7%

12,2%12,8%

10,0%

11,0%

12,0%

13,0%

14,0%

15,0%

16,0%

17,0%

18,0%

19,0%

20,0%

300

400

500

600

700

800

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 jun/16

Ativos EFPCs (R$ bi) Ativos EFPCs/PIB

Regional* Quantidade de Entidades** % Investimento

(R$ milhões) % Participantes Ativos % Dependentes % Assistidos %

Centro-Norte 34 12,8% 119.170 16,4% 465.758 18,3% 883.247 22,6% 118.705 16,1%

Leste 16 6,0% 30.154 4,1% 93.432 3,7% 131.473 3,4% 47.481 6,5%

Nordeste 22 8,3% 20.564 2,8% 33.257 1,3% 91.903 2,4% 34.353 4,7%

Sudeste 46 17,3% 333.204 45,8% 538.630 21,2% 1.332.738 34,1% 304.984 41,5%

Sudoeste 104 39,1% 173.850 23,9% 1.133.953 44,6% 1.081.976 27,7% 171.261 23,3%

Sul 44 16,5% 50.110 6,9% 277.025 10,9% 386.712 9,9% 58.785 8,0%

Total 266 100% 727.052 100,0% 2.542.055 100,0% 3.908.049 100,0% 735.569 100,0%

* Composição Regional: Centro-Norte - RO, AM, RR, AP, GO, DF, AC, MA, MT, MS, PA, PI e TO. Leste - MG. Nordeste - AL, BA, CE, PB, PE, RN e SE. Sudeste - RJ e ES. Sudoeste - SP. Sul - PR, SC e RS. ** EFPCs da amostra / Obs.: Qtde de EFPCs ativas por região de acordo com Estatística Trimestral (mar/16) - PREVIC: Centro-Norte = 38, Leste = 17, Nordeste = 25, Sudeste = 57, Sudoeste =118 e Sul = 52 -> (Total =307).

Patrocínio Quantidade de Entidades* % Investimento

(R$ milhões) % Participantes Ativos % Dependentes % Assistidos %

Instituidor** 19 7,1% 5.046 0,7% 190.774 7,5% 296.517 7,6% 1.221 0,2%

Privado 166 62,4% 282.345 38,8% 1.554.856 61,2% 1.893.354 48,4% 315.424 42,9%

Público 81 30,5% 439.661 60,5% 796.425 31,3% 1.718.178 44,0% 418.924 57,0%

Total 266 100,0% 727.052 100,0% 2.542.055 100,0% 3.908.049 100,0% 735.569 100,0%

* EFPCs da amostra / Obs.: Qtde de EFPCs ativas por tipo de Patrocínio de acordo com Estatística Trimestral (mar/16) - PREVIC: Instituidor = 20, Privado = 201 e Público = 86 -> (Total = 307). ** As informações de investimento e população se referem também a outros planos de benefício instituídos existentes em Entidades Multipatrocinadas.

74,8

37,0

66,1

51,548,2

55,0

38,2

27,6

13,916,8

10,514,6

11,06,3 7,9 9,1

21,4

31,4

76,7

84,0205

152

197 196187 186

136 138 127 129

36

76

34 43 4833

92 95 92 93

-100

-50

0

50

100

150

200

0,0

10, 0

20, 0

30, 0

40, 0

50, 0

60, 0

70, 0

80, 0

90, 0

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 jun/16

Superávit Déficit Superávit (nº EFPCs) Déficit (nº EFPCs)

III. EVOLUÇÃO DOS ATIVOS* X PERCENTUAL DO PIB

IV. EVOLUÇÃO DO SUPERÁVIT E DÉFICIT DAS EFPCs (R$ bilhões)

V. COMPARATIVO REGIONAL

VI. COMPARATIVO POR TIPO DE PATROCÍNIO

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(bilhões)

CONTRIBUIÇÃO VARIÁVEL

BENEFÍCIO DEFINIDO

SegmentoBenefício Definido Contribuição Definida Contribuição Variável

R$ milhões % Modalidade % Segmento R$ milhões % Modalidade % Segmento R$ milhões % Modalidade % Segmento

Renda Fixa 306.537 64,3% 60,1% 72.248 92,0% 14,2% 131.453 83,2% 25,8%

Renda Variável 110.759 23,2% 86,4% 4.255 5,4% 3,3% 13.252 8,4% 10,3%

Investimentos Estruturados 15.016 3,2% 77,4% 546 0,7% 2,8% 3.835 2,4% 19,8%

Imóveis 28.916 6,1% 88,8% 416 0,5% 1,3% 3.226 2,0% 9,9%

Operações Com Participantes 13.533 2,8% 68,0% 842 1,1% 4,2% 5.537 3,5% 27,8%

Outros 1.643 0,3% 63,7% 251 0,3% 9,7% 686 0,4% 26,6%

Total 476.405 100,0% 66,8% 78.558 100,0% 11,0% 157.989 100,0% 22,2%

* São considerados os investimentos dos Planos Previdenciais.

VII. RENTABILIDADE ESTIMADA

VIII. RENTABILIDADE TRIMESTRAL DAS EFPCs - CONSOLIDADO

IX. ALOCAÇÃO DA CARTEIRA CONSOLIDADA POR TIPO DE PLANO*

PeríodoBenefício Definido

Contribuição Definida

Contribuição Variável

EFPCs

2010 13,79% 9,76% 11,67% 13,26%

2011 10,04% 8,62% 9,96% 9,80%

2012 15,38% 14,90% 15,56% 15,37%

2013 3,96% 0,66% 1,52% 3,28%

2014 6,15% 10,22% 8,78% 7,07%

2015 3,15% 10,69% 9,32% 5,22%

jun/16 1,57% 1,40% 1,47% 1,52%

2016 8,28% 8,66% 8,84% 8,44%

Acumulado 78,05% 82,83% 86,46% 81,05%

78,05%

82,83%

86,46%

81,05%

BD CD CV EFPCs

X. RENTABILIDADE ESTIMADA POR TIPO DE PLANO

Fonte: ABRAPP / BACEN / IPEADATA

Período TMA/TJP* CDI IBOVESPA EFPCs

2002 21,62% 19,11% -17,00% 16,60%

2003 17,01% 23,26% 97,34% 30,01%

2004 12,50% 16,16% 17,82% 21,07%

2005 11,35% 19,00% 27,73% 19,05%

2006 8,98% 15,03% 32,93% 23,45%

2007 11,47% 11,87% 43,65% 25,88%

2008 12,87% 12,38% -41,22% -1,62%

2009 10,36% 9,88% 82,66% 21,50%

2010 12,85% 9,77% 1,04% 13,26%

2011 12,44% 11,58% -18,11% 9,80%

2012 12,57% 8,40% 7,40% 15,37%

2013 11,63% 8,06% -15,50% 3,28%

2014 12,07% 10,82% -2,91% 7,07%

2015 17,55% 13,26% -13,31% 5,22%

jun/16 1,01% 1,16% 6,30% 1,52%

2016 8,50% 6,72% 18,87% 8,44%

Acumulado 514,85% 519,74% 279,67% 634,84%

"Acumulado anualizado"

13,34% 13,41% 9,64% 14,75%

22% 42%60%

78% 94%117%

144%170%

204%242%

285%

330%

382%

467%

515%

19%47%

71%103%

133%161%

193%222%

254%

295%

328%

363%

413%481%

520%

17%

52%84%

119%

170%

240%234%

306%

360%

405%

482%501%

544%578%

635%

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

TMA/TJP* CDI EFPCs

* TMA - Taxa Máxima Atuarial (até dez/2014) - de acordo com as premissas previstas na Resolução CNPC nº 9 de 29/11/2012. TJP- Taxa de Juros Padrão (INPC + limite superior de 5,65% a.a. considerando 10 anos - de acordo com a IN nº 19/2014 e Portaria PREVIC nº 197 de 14/04/2015 até dez/2015). (INPC + limite superior de 6,59% a.a. considerando 10 anos - de acordo com a Portaria PREVIC nº 186 de 28/04/2016.

1,08%

5,14%4,72%

0,67%

4,49%4,74%

0,82%

-1,50%

2,21%

1,75%

1,06%

3,66%

2,18%

0,03%

3,25% 3,13%

-0,73%-0,46%

5,24%

3,00%

Média: 2,22%

3T/11 4T/11 1T/12 2T/12 3T/12 4T/12 1T/13 2T/13 3T/13 4T/13 1T/14 2T/14 3T/14 4T/14 1T/15 2T/15 3T/15 4T/15 1T/16 2T/16

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(bilhões)Nome do Plano

Fundo de Pensão

Investimentos (R$ mil)

Partic. Ativos

Assistidos

1 PB1 PREVI 151.646.484 23.981 92.122

2 PLANO PETROS DO SIST. PETROBRÁS PETROS 50.151.718 23.329 54.613

3 REG/REPLAN FUNCEF 46.336.240 28.823 34.887

4 PLANO BD REAL GRANDEZA 12.617.988 1.709 8.297

5 PLANO BD VALIA 11.340.328 12 17.012

6 PBS-A SISTEL 10.337.879 - 23.730

7 PBB FAPES 9.360.417 3.103 2.088

8 PSAP/ELETROPAULO FUNCESP 8.289.543 4.548 12.469

9 PLANO DE APOS. COMPLEMENTAR ITAUBANCO 7.125.416 4.126 4.262

10 PBB CENTRUS 5.993.084 - 1.450

11 PLANO V BANESPREV 5.979.008 4 12.751

12 PLANO A - PLANO SALD. BENEF. FORLUZ 5.799.751 615 11.045

13 PLANO BANESPREV II BANESPREV 5.313.741 1.738 9.304

14 PLANOS I E II FUND. COPEL 5.297.938 46 4.581

15 PSAP/CESP B1 FUNCESP 5.041.697 910 5.451

Nome do PlanoFundo de Pensão

Investimentos (R$ mil)

Partic. Ativos

Assistidos

1 PLANO PETROS 2 PETROS 13.044.642 48.383 3.290

2 NOVO PLANO FUNCEF 10.152.524 89.127 3.900

3 B FORLUZ 8.276.258 8.338 4.612

4 PB2 PREVI 7.964.539 74.342 796

5 PLANO VALE MAIS VALIA 6.618.278 65.190 4.427

6 TELEMARPREV FATLÂNTICO 4.510.896 12.068 7.260

7 PPCPFL FUNCESP 4.454.537 3.235 6.359

8 PCV I TELOS 4.068.710 6.690 3.313

9 POSTALPREV POSTALIS 3.931.892 116.447 3.129

10 PLANO DE APOSENTADORIA PREVI-GM 3.625.293 23.275 3.029

11 PLANO III FUND. COPEL 3.267.114 10.032 3.378

12 PS-II SERPROS 3.109.016 8.056 461

13 PACV INFRAPREV 3.006.199 11.432 2.742

14 TCSPREV FATLÂNTICO 2.445.663 1.314 1.757

15 MISTO CELOS 2.402.070 3.730 2.520

Nome do PlanoFundo de Pensão

Investimentos (R$ mil)

Partic. Ativos

Assistidos

1 PLANO ITAUBANCO CD ITAUBANCO 9.251.649 17.870 3.367

2 IBM - CD FUNDAÇÃO IBM 3.441.749 12.486 851

3 VISÃO TELEFÔNICA VISÃO PREV 3.199.849 6.055 4.259

4 PLANO DE APOS.SANTANDERPREVI SANTANDERPREVI 2.849.161 41.550 826

5 PLANO CD GERDAU GERDAU 2.833.425 19.698 1.498

6 PLANO ODEBRECHT PREV. 2.519.857 18.499 151

7 CEEEPREV ELETROCEEE 2.502.280 3.793 2.711

8 PAI-CD FUNDAÇÃO ITAÚSA 2.183.111 9.138 387

9 1-B PREVINORTE 2.140.608 3.110 611

10 EMBRAER PREV EMBRAER PREV 2.059.562 17.074 430

11 PLANO DE APOSENTADORIA UNILEVERPREV 1.922.580 14.068 614

12 PRECAVER QUANTA - PREVIDÊNCIA 1.616.624 39.557 48

13 CD ELETROBRÁS ELETROS 1.501.106 1.302 408

14 VOTORANTIM PREV FUNSEJEM 1.403.517 29.365 777

15 PLANO SUPLEMENTAR CITIBANK CITIPREVI 1.117.315 4.211 346

* Dados de investimentos referentes a jun/16 e de população referentes a dez/14.

CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA

CONTRIBUIÇÃO VARIÁVEL

Nome do PlanoFundo de Pensão

Investimentos (R$ mil)

Partic. Ativos

Assistidos

1 PRECAVER QUANTA - PREVIDÊNCIA 1.616.624 39.557 48

2 UNIMED-BH UNI+PREV MULTIP. 569.282 5.120 9

3 ANAPARPREV PETROS 472.117 2.971 392

4 OABPREV-SP OABPREV-SP 469.978 35.224 94

5 SICOOB MULTI INSTITUÍDO SICOOB PREVI 314.579 38.403 12

6 PBPA OABPREV-PR 212.838 12.032 51

7 RJPREV OABPREV-RJ 144.218 4.926 136

8 PLANO ACRICEL DE APOSENT. HSBC INSTITUIDOR 134.279 61 148

9 PLANJUS JUSPREV 126.542 2.354 3

10 PBPA OABPREV-MG 122.869 7.775 28

11 PBPA OABPREV-SC 116.865 6.621 53

12 ADV-PREV OABPREV-GO 69.714 4.913 23

13 COOPERADO UNI+PREV MULTIP. 64.007 1.167 1

14 PBPA OABPREV-RS 59.721 5.134 30

15 TECNOPREV BB PREVIDÊNCIA 58.068 3.614 3

XII. RANKING DOS 15 MAIORES PLANOS*

BENEFÍCIO DEFINIDO

XI. ALOCAÇÃO MÉDIA (ARITMÉTICA) POR FAIXA DE PATRIMÔNIO

PATRIMÔNIO Qtde. de EFPCs Renda Fixa Renda VariávelInvestimentos Estruturados

ImóveisOperações com Participantes

Outros

Até R$ 100 mi 39 90,7% 4,1% 0,2% 2,0% 0,4% 2,7%

Entre R$ 100 mi e R$ 500 mi 89 91,4% 4,7% 0,4% 1,6% 1,0% 0,8%

Entre R$ 500 mi e R$ 2 bi 76 90,0% 4,2% 1,3% 2,1% 1,6% 0,7%

Entre R$ 2 bi e R$ 10 bi 51 86,4% 6,2% 2,5% 2,8% 1,6% 0,5%

Acima de R$ 10 bi 11 78,0% 11,7% 2,8% 4,6% 2,7% 0,2%

Consolidado 266 89,4% 5,1% 1,1% 2,2% 1,2% 1,0%

INSTITUÍDOS

9,3% 8,6% 10,0%13,6%

22,0%10,6%

Até R$ 100 mi

Entre R$ 100 mi e R$ 500 mi

Entre R$ 500 mi e R$ 2 bi

Entre R$ 2 bi e R$ 10 bi

Acima de R$ 10 bi

Consolidado

Percentual alocado fora da Renda Fixa

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Tipo Valor (R$ mil)¹Valor Médio Mensal2 (R$)

Aposentadoria Programada 26.536.611 4.134

Aposentadoria por Invalidez 1.192.263 1.702

Pensões 3.954.310 2.016

4.134

1.7022.016

Aposentadoria Programada Aposentadoria por Invalidez Pensões

1 Valor acumulado até dezembro de 2014. 2 Média dos valores acumulados até dezembro de 2014 (R$).

655 1.026

1.321 1.722

2.212

2.949 3.358

363 468 573 709 867

1.519 1.709

1.0181.495

1.894

2.431

3.079

4.469

5.067

dez-10 dez-11 dez-12 dez-13 dez-14 dez-15 jun-16

Plano Instituído em EFPCs Instituidoras Plano Instituído em EFPCs Multipatrocinadas TOTALO ativo representa o disponível + realizável + permanente * Valor em R$ milhões

66%

34%

Participantes

Masculino Feminino

75%

25%

Aposentados

Masculino Feminino

27%

73%

Beneficiários de Pensão

Masculino Feminino

XIII. EVOLUÇÃO DOS ATIVOS DOS PLANOS INSTITUÍDOS*

XIV. PARÂMETROS ATUARIAIS XV. DEMONSTRATIVO DE BENEFÍCIOS

XVI. ESTATÍSTICAS DE POPULAÇÃO

Faixa EtáriaParticipantes* Aposentados* Beneficiários de Pensão*

Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino

Até 24 anos 5,9% 3,7% 0,1% 0,1% 3,2% 3,3%

De 25 a 34 anos 20,4% 11,8% 0,1% 0,1% 1,1% 1,8%

De 35 a 54 anos 31,9% 14,4% 10,0% 3,8% 5,0% 13,0%

De 55 a 64 anos 5,8% 2,6% 30,2% 13,7% 5,0% 18,0%

De 65 a 74 anos 1,3% 0,9% 23,5% 5,5% 5,5% 19,2%

De 75 a 84 anos 0,5% 0,4% 8,9% 1,6% 4,7% 13,1%

Mais de 85 anos 0,2% 0,1% 1,8% 0,4% 2,0% 5,1%

Total 66,1% 33,9% 74,7% 25,3% 26,5% 73,5%*Dados de 2014 / Amostra com 246 entidades e população de mais de 3,2 milhões de pessoas

Nota: O valor dos Benefícios pagos, quando também considerados os Auxílios - Prestação Continuada, Pecúlios e Outros benefícios de Prestação Continuada é de R$ 33,5 bi.

Percentual das Provisões Matemáticas

TipoQtde.

EFPCs/PlanosAté 25%

Entre 25% e 50%

Entre 50% e 75%

Entre 75% e 100%

BD 272 5,1% 15,4% 21,3% 58,1%

CD 358 76,0% 15,6% 5,0% 3,4%

CV 306 47,1% 30,7% 16,0% 6,2%

EFPCs 261* 26,8% 32,2% 26,1% 14,9%

Percentual das EFPCs e Planos de acordo com o percentual da Provisão Matemática de Benefícios Concedidos

47,2%

4,5%

10,4%

BD CD CV

TipoQtde.

EFPCs/PlanosAté 25%

Entre 25% e 50%

Entre 50% e 75%

Entre 75% e 100%

BD 288 23% 11% 19% 46%

CD 360 91% 7% 1% 1%

CV 313 84% 10% 3% 3%

EFPCs 266 62% 20% 11% 7%

Percentual das EFPCs e Planos de acordo com a Maturidade Populacional

13,5%

24,7%

22,4%

1996

2006

2014

Maturidade Populacional por Tipo de Plano

Evolução da Maturidade Populacional** - EFPCs

**Divisão dos assistidos (aposentados e beneficiários de pensão) pela soma dos participantes e assistidos

*Foram consideradas apenas EFPC’s com dados disponíveis (jun/16).

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XVII. CLASSIFICAÇÃO DAS EFPCs XVII. CLASSIFICAÇÃO DAS EFPCs

66%

34%

Participantes

Masculino Feminino

75%

25%

Aposentados

Masculino Feminino

27%

73%

Beneficiários de Pensão

Masculino Feminino

70 PREVDOW 1.622.104 133 3.749 5.621 558

71 PREVIBAYER 1.554.921 97 5.003 17.488 1.609

72 JOHNSON & JOHNSON 1.553.466 89 6.602 6.899 848

73 ENERPREV 1.520.182 nd nd nd nd

74 FUNSEJEM 1.481.788 25 29.616 9.456 894

75 PREVI-SIEMENS 1.479.443 71 9.572 15.093 1.293

76 FUNDAÇÃO PROMON 1.422.859 162 2.011 5.500 681

77 BANESES 1.353.092 138 2.141 5.966 1.993

78 FASC 1.336.673 84 7.560 1.090 681

79 SANPREV 1.297.583 135 3.746 5.525 518

80 FUNDAÇÃO CORSAN 1.274.573 82 5.463 10.917 3.270

81 FACEB 1.267.867 165 1.041 3.683 1.371

82 PRHOSPER 1.255.128 127 3.244 2.467 1.560

83 FUSAN 1.249.173 77 7.303 14.206 2.427

84 PREVI-ERICSSON 1.181.659 121 4.169 4.495 837

85 HP PREV 1.173.201 123 4.737 11.546 240

86 FIPECQ 1.156.405 166 2.031 4.859 348

87 FAELCE 1.153.847 148 1.207 4.100 2.340

88 PREVIG 1.149.210 161 2.124 2.119 620

89 FORD 1.120.403 58 12.625 20 698

90 BASF 1.084.149 144 3.283 10.647 461

91 CIBRIUS 1.079.894 155 1.637 4.310 1.322

92 ACEPREV 1.078.594 141 2.538 5.218 1.314

93 SÃO BERNARDO 1.058.514 53 13.061 8.293 1.430

94 GEBSA-PREV 1.037.298 87 7.554 11.345 227

95 PREVDATA 1.010.729 129 3.191 7.492 1.502

96 PREVISC 1.002.752 60 11.997 16.841 1.134

97 SÃO RAFAEL 996.892 168 1.665 2.929 684

98 BRASILETROS 985.665 143 1.192 3.350 2.597

99 PREVUNIÃO 976.914 105 4.901 8.356 759

100 PREVI NOVARTIS 970.979 145 3.219 86 500

101 BASES 937.999 172 814 1.827 1.390

102 DESBAN 891.494 219 374 1.099 547

103 ECOS 884.438 224 117 975 738

104 CARGILLPREV 884.245 81 8.717 13.086 169

105 ISBRE 873.627 222 494 1.131 388

106 PREVIBOSCH 862.038 69 10.134 - 910

107 FUNDAMBRAS 857.814 55 13.184 223 714

108 SYNGENTA PREVI 845.701 158 2.642 4.623 232

109 ABRILPREV 840.875 91 6.828 8.458 388

110 WEG 810.771 35 21.920 14.440 371

111 CELPOS 785.846 119 1.665 4.585 3.391

112 AGROS 782.132 102 5.106 7.642 780

113 IAJA 749.676 100 5.268 9.383 970

114 PREVSAN 744.247 136 2.575 10.608 1.633

115 PLANEJAR 732.784 134 3.929 5.895 370

116 MBPREV 725.995 61 11.886 2.299 781

117 CYAMPREV 697.423 32 23.864 31.654 107

118 DUPREV 683.121 152 2.784 431 255

119 UNI+PREV MULTIPAT. 680.832 nd nd nd nd

120 FUNDIÁGUA 679.059 111 3.881 8.898 1.450

121 COMPESAPREV 663.216 122 2.733 5.358 2.254

122 SERGUS 660.279 196 1.019 1.620 373

123 ELETRA 658.176 156 1.702 3.800 1.251

124 FASCEMAR 657.924 184 1.192 4.350 754

125 COMSHELL 657.770 169 1.806 3.009 461

126 PREVHAB 650.534 209 456 601 617

127 ULTRAPREV 611.231 78 9.458 2.763 170

128 SEBRAE PREVIDÊNCIA 608.226 90 7.150 6.640 127

129 FUND. SÃO FRANCISCO 602.395 181 1.089 1.901 881

130 PREVICAT 574.911 nd nd nd nd

131 FACEAL 554.459 188 998 - 698

132 PREVEME 543.895 151 2.865 3.584 512

133 PREVIPLAN 538.826 160 2.322 5.464 448

134 CAPAF 525.043 132 2.310 3.762 2.074

135 REDEPREV 513.309 93 6.032 14.730 1.094

136 FABASA 508.115 113 4.729 15.735 550

137 PREVICOKE 505.819 212 851 39 167

138 SP-PREVCOM 502.223 48 15.954 6.877 -

1 PREVI 160.729.923 1 100.485 248.993 92.918

2 PETROS 67.753.656 2 96.747 338.766 64.744

3 FUNCEF 58.202.563 4 100.381 183.043 39.445

4 FUNCESP 25.724.355 14 15.534 52.641 30.964

5 FUND. ITAÚ UNIBANCO 23.755.618 11 39.397 2.698 13.587

6 VALIA 20.460.331 5 80.200 312.251 21.882

7 SISTEL 16.396.138 31 1.962 44.875 24.264

8 FORLUZ 14.110.292 37 8.702 32.780 13.191

9 BANESPREV 13.782.869 29 2.751 22.022 23.762

10 REAL GRANDEZA 13.528.356 62 4.249 20.061 8.396

11 FUNDAÇÃO ATLÂNTICO 10.030.382 27 13.905 50.757 14.812

12 FAPES 9.545.074 115 3.103 6.848 2.088

13 POSTALIS 8.836.627 3 117.057 270.902 26.139

14 FUNDAÇÃO COPEL 8.639.480 45 10.078 6.859 7.959

15 PREVIDÊNCIA USIMINAS 7.938.979 19 20.489 58.470 20.177

16 TELOS 7.065.692 57 6.695 24.739 6.737

17 CENTRUS 6.803.690 177 411 1.536 1.639

18 HSBC FUNDO DE PENSÃO 6.466.809 6 70.683 2 7.136

19 FACHESF 5.831.878 52 4.973 14.919 9.541

20 ELETROCEEE 5.509.808 50 6.851 14.410 8.803

21 VISÃO PREV 5.469.984 43 13.160 14.881 5.633

22 ECONOMUS 5.455.629 41 12.126 19.561 6.892

23 CERES 5.408.342 42 12.638 33.905 6.229

24 SERPROS 5.189.170 51 10.914 25.868 3.782

25 CBS PREVIDÊNCIA 4.878.709 23 20.013 36.894 14.310

26 BB PREVIDÊNCIA 4.649.558 7 70.801 64.631 1.933

27 FUNBEP 4.218.840 99 1.192 7.520 5.285

28 FUNDAÇÃO IBM 4.143.882 56 12.509 15.362 974

29 MULTIPREV 4.134.277 17 40.447 61.022 1.369

30 CAPEF 3.948.658 66 6.742 20.278 4.730

31 FUNDAÇÃO BANRISUL 3.948.378 40 12.521 nd 6.561

32 ELETROS 3.925.341 107 3.292 7.357 2.257

33 GERDAU PREVIDÊNCIA 3.641.113 34 20.494 26.639 2.267

34 PREVI-GM 3.628.099 30 23.248 8.228 3.027

35 FIBRA 3.185.940 153 1.429 3.901 1.586

36 INFRAPREV 3.170.601 54 11.536 16.826 2.912

37 BRF PREVIDÊNCIA 3.136.360 21 30.623 13.791 5.678

38 BRASLIGHT 3.128.589 75 4.374 12.783 5.702

39 PREVINORTE 3.109.636 92 5.611 7.158 1.528

40 PSS 2.889.378 96 2.641 4.388 3.977

41 SANTANDERPREVI 2.853.886 16 41.550 893 826

42 CELOS 2.743.087 79 4.187 8.474 4.769

43 ELOS 2.694.508 131 1.501 5.372 3.003

44 FUNDAÇÃO LIBERTAS 2.686.159 36 18.792 2.915 3.386

45 UNILEVERPREV 2.649.052 49 14.365 1.207 1.335

46 FUNSSEST 2.623.706 83 6.098 - 2.456

47 CITIPREVI 2.596.873 67 10.426 - 916

48 VWPP 2.561.083 13 46.503 58.998 1.963

49 ODEBRECHT PREVIDÊNCIA 2.526.116 44 18.499 nd 151

50 FUNDAÇÃO ITAÚSA 2.426.559 74 9.244 14.787 918

51 GEAPPREVIDÊNCIA 2.404.053 9 60.103 145.553 nd

52 MULTIPENSIONS 2.381.599 10 56.521 85.100 1.341

53 NUCLEOS 2.322.582 128 3.634 6.172 1.130

54 FUSESC 2.173.975 88 2.501 9.696 5.125

55 ITAÚ FUNDO MULTI 2.148.978 nd nd nd nd

56 SABESPREV 2.120.539 38 13.876 39.321 7.134

57 FUNDAÇÃO REFER 2.064.513 24 4.550 42.540 28.544

58 FUNEPP 2.062.865 28 27.387 19.194 5

59 EMBRAER PREV 2.062.151 46 17.074 9.607 430

60 REGIUS 2.020.772 130 3.715 7.271 954

61 PREVIRB 2.020.719 174 491 1.845 1.597

62 ICATUFMP 2.011.717 15 43.268 37.124 1.825

63 METRUS 1.907.320 63 9.674 19.358 2.572

64 BANDEPREV 1.719.498 175 290 1.922 1.796

65 MÚLTIPLA 1.697.942 33 23.123 18.221 666

66 PRECE 1.687.013 64 4.455 12.391 7.630

67 INSTITUTO AMBEV 1.682.896 94 4.984 942 1.850

68 QUANTA - PREVIDÊNCIA 1.669.803 18 40.862 69.172 57

69 FAELBA 1.642.982 117 2.871 10.070 2.200

FUNDOS DE PENSÃO INVESTIMENTO (R$ mil)

CLASSIFICAÇÃOPARTIC.

ATIVOS + ASSISTIDOSPARTIC.

ATIVOS* DEPENDENTES* ASSISTIDOS* FUNDOS DE PENSÃO INVESTIMENTO (R$ mil)

CLASSIFICAÇÃOPARTIC.

ATIVOS + ASSISTIDOSPARTIC.

ATIVOS* DEPENDENTES* ASSISTIDOS*

Page 69: SUBMASSAS DEMANDAM ENTENDIMENTO UNIFORMIZADO … · Fundos de Pensão Um olhar sobre o FUTURO Entrevista com o Secretário de Previdência Social, Marcelo Caetano A longevidade e

XVII. CLASSIFICAÇÃO DAS EFPCs XVII. CLASSIFICAÇÃO DAS EFPCs

200 AVONPREV 201.023 98 6.413 635 133

201 CARBOPREV 195.034 210 837 1.256 187

202 TEXPREV 192.827 225 623 881 150

203 PREVEME II 191.798 140 3.874 6.791 37

204 MERCAPREV 188.093 194 1.387 2.071 73

205 MAUÁ PREV 183.066 159 2.702 4.052 109

206 PREVIHONDA 177.902 59 13.109 19.664 63

207 ROCHEPREV 172.168 198 1.237 1.600 58

208 BOTICÁRIO PREV 154.140 109 5.475 7.632 26

209 FAÇOPAC 152.012 180 1.902 2.237 121

210 MERCERPREV 147.637 229 716 1.072 11

211 ALPHA 146.961 204 1.032 2.190 192

212 OABPREV-RJ 144.541 118 4.926 8.306 136

213 CAGEPREV 143.194 199 1.248 1.670 42

214 FAPECE 130.589 236 290 nd 155

215 JUSPREV 126.663 167 2.354 3.480 3

216 FUNDAÇÃO GAROTO 126.176 146 3.484 8.540 201

217 SIAS 123.680 80 8.028 7.938 891

218 OABPREV-MG 122.957 86 7.775 14.574 28

219 PREVBEP 121.599 242 52 148 136

220 OABPREV-SC 118.737 95 6.621 10.349 53

221 FUMPRESC 115.275 215 631 1.634 345

222 VISTEON 112.748 nd nd nd nd

223 FUNASA 111.287 201 528 1.432 741

224 CAFBEP 103.980 197 973 868 354

225 RECKITTPREV 102.959 228 688 1.032 56

226 PREVYASUDA 89.889 234 413 266 87

227 INERGUS 82.563 208 542 2.295 570

228 INSTITUTO GEIPREV 79.237 238 82 289 311

229 CARFEPE 70.557 190 1.595 3.110 38

230 OABPREV-GO 70.495 125 4.913 10.207 23

231 FUNPRESP-JUD 64.667 195 1.405 1.405 nd

232 PREVCHEVRON 63.674 244 141 213 43

233 DATUSPREV 62.136 nd nd nd nd

234 OABPREV-RS 61.125 116 5.134 7.704 30

235 ALBAPREV 60.050 241 159 335 30

236 MONGERAL 59.398 171 2.219 3.585 12

237 MM PREV 52.548 163 2.420 26 30

238 PREVUNISUL 51.948 200 1.186 1.763 103

239 FUNCASAL 47.199 192 874 1.787 611

240 SILIUS 39.167 239 25 295 326

241 FUTURA II 37.667 232 551 321 1

242 PREVES 31.389 225 773 nd nd

243 ALEPEPREV 29.908 243 175 208 10

244 SBOTPREV 29.539 nd nd nd nd

245 UNIPREVI 27.008 248 5 34 23

246 OABPREV-NORDESTE 25.839 235 348 588 148

247 RJPREV 22.764 227 757 - -

248 CNBPREV 20.798 221 913 1.572 2

249 ANABBPREV 14.715 216 932 1.814 4

250 FUCAE 8.170 nd nd nd nd

251 CAVA 8.102 176 1.483 2.309 590

252 FUNDAÇÃO FECOMÉRCIO 6.121 237 444 827 -

253 SUL PREVIDÊNCIA 3.818 245 149 224 -

254 MAPPIN 3.791 149 3.463 2.895 35

255 ORIUS 1.290 247 nd 25 47

256 PREVCOM-MG 1.006 nd nd nd nd

257 ACIPREV 659 230 575 965 -

258 CIASPREV 236 147 3.657 - -

259 FFMB 126 nd nd nd nd

260 EDS PREV 79 249 6 nd nd

139 VIKINGPREV 491.018 112 5.114 78 196

140 OABPREV-SP 487.422 22 35.224 57.965 94

141 MAIS VIDA PREVIDÊNCIA 483.288 193 1.386 2.078 76

142 PREVIM-MICHELIN 447.303 124 4.875 56 91

143 HSBC INSTITUIDOR 442.506 150 3.170 13 258

144 INDUSPREVI 442.197 139 3.500 4.272 534

145 MENDESPREV 438.474 220 526 1.224 392

146 FGV-PREVI 434.980 170 2.138 2.343 126

147 PORTOPREV 432.666 106 5.466 721 106

148 DERMINAS 427.808 70 6.853 - 4.015

149 GASIUS 421.543 206 65 841 1.084

150 GOODYEAR 419.715 108 5.116 7.673 431

151 SUPREV 414.175 104 4.487 4.185 1.216

152 BUNGEPREV 414.018 68 10.847 15.757 277

153 FAPERS 406.859 164 1.702 3.692 741

154 PREVMON 406.083 157 2.847 4.982 59

155 SEGURIDADE 402.358 178 1.710 511 336

156 FUTURA 396.721 233 160 201 366

157 CAPESESP 385.832 12 49.274 28.599 684

158 ABBPREV 378.731 142 3.700 5.553 127

159 FAPA 375.220 206 847 2.382 302

160 SICOOB PREVI 368.758 20 37.770 28.356 12

161 CARREFOURPREV 360.667 8 66.515 45.499 142

162 FUNDAÇÃO ENERSUL 359.764 218 552 1.098 374

163 UNISYS PREVI 358.170 214 948 2 44

164 CABEC 355.783 205 150 1.669 1.059

165 ALPAPREV 354.347 26 28.749 35.502 205

166 PREVINDUS 339.024 76 8.930 5.950 1.105

167 PREVISCÂNIA 323.663 nd nd nd nd

168 PREVCUMMINS 323.142 182 1.807 2.567 146

169 FUNTERRA 322.567 240 152 846 157

170 PFIZER PREV 321.193 179 1.892 474 147

171 MSD PREV 319.626 211 945 1.416 76

172 CIFRÃO 317.659 189 845 1.845 810

173 CASFAM 309.826 114 4.300 1.364 915

174 FACEPI 306.509 183 972 2.237 976

175 P&G PREV 302.317 103 5.677 8.433 162

176 PREV PEPSICO 298.562 47 16.887 15.615 105

177 FUNPRESP-EXE 297.398 85 7.926 - 3

178 RANDONPREV 297.337 72 10.621 16.364 163

179 DANAPREV 294.756 101 6.039 9.058 112

180 FIOPREV 291.198 137 3.888 5.060 284

181 VOITH PREV 289.619 173 2.047 3.058 118

182 PREVIP 287.677 154 2.832 5.456 145

183 FASERN 285.882 203 783 148 453

184 PORTUS 284.009 73 1.777 14.641 8.940

185 FAECES 281.087 185 1.078 2.271 849

186 POUPREV 264.138 202 1.211 1.681 36

187 RBS PREV 256.134 110 5.372 3.100 122

188 LILLY PREV 252.193 213 823 1.230 192

189 EATONPREV 252.064 126 4.763 6.517 170

190 PREVIDEXXONMOBIL 245.518 191 1.461 2.230 80

191 KPMG PREV 244.258 120 4.981 7.448 52

192 SOMUPP 235.004 246 - - 145

193 CASANPREV 227.219 187 1.603 4.430 220

194 SUPRE 219.874 223 481 1.434 386

195 FUCAP 219.551 186 1.578 1.634 255

196 RAIZPREV 217.862 39 19.283 12.865 5

197 CAPOF 215.541 231 157 613 414

198 OABPREV-PR 214.220 65 12.032 19.700 51

199 PREVICEL 211.418 217 809 1.098 121

FUNDOS DE PENSÃO INVESTIMENTO (R$ mil)

CLASSIFICAÇÃOPARTIC.

ATIVOS + ASSISTIDOSPARTIC.

ATIVOS* DEPENDENTES* ASSISTIDOS*

*Dezembro/14

TOTAL ESTIMADOInvestimentos (R$ mil) 727.052.470 Participantes Ativos* 2.542.055 Dependentes* 3.908.049 Assistidos* 735.569

FUNDOS DE PENSÃO INVESTIMENTO (R$ mil)

CLASSIFICAÇÃOPARTIC.

ATIVOS + ASSISTIDOSPARTIC.

ATIVOS* DEPENDENTES* ASSISTIDOS*

Page 70: SUBMASSAS DEMANDAM ENTENDIMENTO UNIFORMIZADO … · Fundos de Pensão Um olhar sobre o FUTURO Entrevista com o Secretário de Previdência Social, Marcelo Caetano A longevidade e

26,81%

22,20%

7,30%

38,29%

9,75%

12,63%

16,60%

30,01%

21,07%19,05%

23,45%

25,88%

-1,62%

21,50%

13,26%

9,80%

15,37%

3,28%

7,07%5,22%

8,44%

15,67%

10,60%8,64%

14,94%

11,59%

16,01%

21,62%

17,01%

12,50%11,35%

8,98%

11,47%12,87%

10,36%12,85% 12,44% 12,57%

11,63% 12,07%

17,55%

8,50%

1988,72%

1171,37%

-400,00 %

100 ,00%

600 ,00%

110 0,00%

160 0,00%

210 0,00%

-5,00%

0,0 0%

5,0 0%

10, 00%

15, 00%

20, 00%

25, 00%

30, 00%

35, 00%

40, 00%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Carteira TMA/TJP* Carteira acumulada TMA/TJP* acumulada Fonte: Rentabilidade 1996 a 2002 - Towers Watson Rentabilidade 2003 a Jun/2016 - ABRAPP

307*

2.686

504

2,5**

0,74**

US$ 239

12,8%

HistóricoAnos 70 Anos 80 Anos 90 Anos 2000 2011-2016

Base jun/2016Dólar - PTAXVenda = R$ 3,20

Base dez/2010Dólar - PTAX Venda = R$ 1,67

Base dez/2000Dólar - PTAXVenda = R$ 1,96

Base dez/1990Dólar - PTAXVenda = Cr$ 170,06

Base dez/1981Dólar - PTAXVenda = Cr$ 127,8

Entidades Autorizadas

Patrocinadoras

Instituidores

Participantes (milhões)

Assistidos (milhões)

Patrimônio (bilhões)

% PIB

118

500

1,18

nd

US$ 3,7

1,4%

-

244

1.000

1,71

0,13

US$ 12,1

2,3%

-

360

2.333

1,63

0,38

US$ 66,5

13,6%

-

368

2.884

316

2,25

0,66

US$ 335

14,8%

XVIII. DADOS HISTÓRICOS DO SISTEMA

XIX. RENTABILIDADE DAS EFPCs X META ATUARIAL (1996-2016)

* EFPCs ativas mar/16** Dados de dez/14

27%55%

66% 130% 215% 184%231%

331%422%

521%

667%

865%

850%

1054%

1207%

1335%

1555%

1610%

1731%1826%

1989%

16% 28% 39% 60% 78% 107%151%

194% 231%269%

302%348%

405%458%

529%608%

697%789%

897%

1072%

1171%

30% 57%87%

131%191% 187%

248%294%

333%399% 416%

452% 481%530%

17% 32% 47% 60% 78% 101% 122% 150%181% 217%

254%296%

366%406%

0,0 0%

500 ,00%

100 0,00%

150 0,00%

200 0,00%

250 0,00%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Rentabilidade Acumulada

Carteira - 1996-2016 TMA/TJP* - 1996-2016 Carteira - 2003-2016 TMA/TJP* - 2003-2016

Fonte: Rentabilidade 1996 a 2002 - Towers Watson Rentabilidade 2003 a Jun/2016 - ABRAPP

XX. RENTABILIDADE ACUMULADA DAS EFPCs (1996-2016 e 2003-2016)

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XXII. ATIVOS DOS FUNDOS DE PENSÃO NO MUNDO

Japão

Austrália

Hong Kong

Índia

TOTAL OcenÁsia(1)

1.326

1.455

115

16

2.912

32,0

117,7

37,1

0,8

Brasil(2)

Colômbia(1)

Chile(1)

Peru(1)

Uruguai(1)*

TOTAL AMÉRICA DO SUL

239

52

155

36

11

493

12,8

20,4

69,6

20,3

20,8

Estados Unidos

Canadá

TOTAL AMÉRICA NORTE(1)

14.299

1.182

15.481

79,7

79,8

Em bilhões de US$ Ativos % do PIB

Alemanha

Dinamarca

Finlândia

França

Holanda

Irlanda

Itália

Noruega

Reino Unido

Suécia

Suíça

Rússia

Turquia

TOTAL EUROPA(1)

217

130

115

13

1.318

115

125

32

2.695

45

804

66

15

5.690

6,6

44,8

50,8

0,6

178,4

49,1

7,0

9,0

97,5

9,1

124,7

6,0

2,2

Em bilhões de US$ Ativos % do PIB

África do Sul(1)** 306 94,8

1. ABRAPP - média ponderada dos planos BD (jun/2016); 2. OCDE - 2012; 3. OCDE - 2013; 4. DeNerlandscheBank (jun/2016); 5. Financial Services Commission of Ontario - 2015; 6. WillisTowersWatson - WTW100 - 2015; 7. WillisTowersWatson - 2015

Premissas válidas para os três cenários:

i) Rentabilidade calculada de janeiro a junho e valores estimados do INPC;ii) Consideramos o retorno verificado em julho/16 para o CDI e Ibovespa. SELIC em 13,75% até o final do ano;iii) A rentabilidade de Outros é estimada com base na média dos últimos doze meses.

Fechamento do Ibovespa (em pontos)Cenário I: 48,7 mil pontos / Cenário II: 57,3 mil pontos / Cenário III: 65,9 mil pontos

XXI. PROJEÇÃO DA RENTABILIDADE DAS EFPCs

CENÁRIO CENÁRIO CENÁRIORENDA FIXA 17,01% 17,01% 17,01%

RENDA VARIÁVEL 0,75% 18,54% 36,32%

OUTROS 6,26% 6,26% 6,26%

CARTEIRA 12,93% 16,14% 19,34%

TJP* 15,19% 15,19% 15,19%

*Taxa de Juros Padrão (INPC + limite superior de 6,59% a.a. considerando 10 anos - de acordo com a IN nº 19/2014 e Portaria PREVIC nº 186 de 28/04/2016)

I IIIII

XXIII. ÍNDICES DE SOLVÊNCIA - COMPARATIVO INTERNACIONAL

Fonte: (1) OECD – 2015, *2014, **2013; (2) ABRAPP – 2016

135 128112 110 108 101 97 97 96 87 83 81 81 80

6546

Bélgica(3) Finlândia(3) Suécia(2) Noruega(2) Portugal(3) Espanha(3) Áustria(1) Holanda(4) Irlanda(3) Brasil(1) Canadá(5) EUA(6) ReinoUnido(2)

Suíça(7) Alemanha(7) Islândia(3)

Solvência (%)

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Consolidado Estatístico é uma publicação da ABRAPP - Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência ComplementarProdução: Núcleo Técnico - ABRAPP / e-mail: [email protected] site: www.portaldosfundosdepensao.org.br

Posição País Acumulado Anualizado

1 Holanda 76,68% 7,37%

2 Colômbia 75,01% 7,25%

3 Romênia 54,72% 5,61%

4 Macedonia 49,51% 5,16%

5 Albânia 40,03% 4,30%

6 Paquistão 28,67% 3,20%

7 Canadá 26,38% 2,97%

8 Chile 24,90% 2,82%

9 Finlândia 24,00% 2,72%

10 Hungria 22,84% 2,60%

11 Noruega 21,90% 2,51%

12 Brasil 20,78% 2,39%

27

18

2730

4145

48

55 5762 62 63 64

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 mar/16

12 2563

161207

356

444475

496470

493 491 502 504

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 mar/16 Fonte: PREVIC Estatística Trimestral - mar/16

Fonte: PREVIC Estatística Trimestral - mar/16

XXIV. RENTABILIDADE DOS FUNDOS DE PENSÃO NO MUNDO (2008 à 2015)

XXV. EVOLUÇÃO QUANTITATIVA DOS PLANOS INSTITUÍDOS XXVI. EVOLUÇÃO QUANTITATIVA DOS INSTITUIDORES

XXVII. ENTIDADES DA REGIONAL SUL

ENTIDADEINVESTIMENTOS*

(R$ milhões)PA R T I C .ATIVOS**

DEPENDENTES** ASSISTIDOS**

1 FUNDAÇÃO COPEL 8.639 10.078 6.859 7.959

2 ELETROCEEE 5.510 6.851 14.410 8.803

3 FUNBEP 4.219 1.192 7.520 5.285

4 FUNDAÇÃO BANRISUL 3.948 12.521 nd 6.561

5 GERDAU PREVIDÊNCIA 3.641 20.494 26.639 2.267

6 FIBRA 3.186 1.429 3.901 1.586

7 CELOS 2.743 4.187 8.474 4.769

8 ELOS 2.695 1.501 5.372 3.003

9 FUSESC 2.174 2.501 9.696 5.125

10 QUANTA - PREVIDÊNCIA 1.670 40.862 69.172 57

11 FUNDAÇÃO CORSAN 1.275 5.463 10.917 3.270

12 FUSAN 1.249 7.303 14.206 2.427

13 PREVIG 1.149 2.124 2.119 620

14 PREVISC 1.003 11.997 16.841 1.134

15 ISBRE 874 494 1.131 388

16 WEG 811 21.920 14.440 371

17 VIKINGPREV 491 5.114 78 196

18 INDUSPREVI 442 3.500 4.272 534

19 BUNGEPREV 414 10.847 15.757 277

20 FAPERS 407 1.702 3.692 741

21 FAPA 375 847 2.382 302

ENTIDADEINVESTIMENTOS*

(R$ milhões)P A R T I C .ATIVOS**

DEPENDENTES** ASSISTIDOS**

22 RANDONPREV 297 10.621 16.364 163

23 DANAPREV 295 6.039 9.058 112

24 RBS PREV 256 5.372 3.100 122

25 PREVIDEXXONMOBIL 246 1.461 2.230 80

26 CASANPREV 227 1.603 4.430 220

27 SUPRE 220 481 1.434 386

28 OABPREV-PR 214 12.032 19.700 51

29 PREVICEL 211 809 1.098 121

30 BOTICÁRIO PREV 154 5.475 7.632 26

31 ALPHA 147 1.032 2.190 192

32 JUSPREV 127 2.354 3.480 3

33 OABPREV-SC 119 6.621 10.349 53

34 FUMPRESC 115 631 1.634 345

35 DATUSPREV 62 nd nd nd

36 OABPREV-RS 61 5.134 7.704 30

37 PREVUNISUL 52 1.186 1.763 103

38 SILIUS 39 25 295 326

39 FUCAE 8 nd nd nd

40 SUL PREVIDÊNCIA 4 149 224 -

41 FFMB 0 nd nd nd

*Junho/2016 **Dezembro/2014

Posição País Acumulado Anualizado

13 Tailândia 18,20% 2,11%

14 Itália 16,19% 1,89%

15 Espanha 12,35% 1,47%

16 Estônia 9,68% 1,16%

17 Áustria 8,26% 1,00%

18 Portugal 5,34% 0,65%

19 República Tcheca 0,40% 0,05%

20 Bulgária -1,20% -0,15%

21 Eslováquia -3,57% -0,45%

22 Austrália -8,21% -1,07%

23 Hong Kong (China) -24,39% -3,43%

Fonte: OCDE e ABRAPP (Brasil)

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0,66 0,690,62

0,720,68

0,58

0,28

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

0,10

0,19

0,25

0,32

1,13

0,28

Acima de R$ 10 bi

Entre R$ 2 bi e R$ 10 bi

Entre R$ 500 mi e R$ 2 bi

Entre R$ 100 mi e R$ 500 mi

Até R$ 100 mi

Todos

0,72 0,730,69

0,78 0,740,68

0,33

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

0,15

0,22

0,28

0,40

1,69

0,33

Acima de R$ 10 bi

Entre R$ 2 bi e R$ 10 bi

Entre R$ 500 mi e R$ 2 bi

Entre R$ 100 mi e R$ 500 mi

Até R$ 100 mi

Todos

4,55 4,60 4,70 4,61 4,37 3,90 3,653,19 2,86 3,01 2,86 2,44 2,38 2,193,38 3,33 3,23 3,16 3,10 2,91 2,45

11,64 11,16 11,21 11,0810,35

9,43 9,15

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Consolidado BD CD CV

TAXA DE CARREGAMENTO

O que mede? Esse indicador mede o percentual incidente no custeio administrativo previdencial sobre a soma de contribuições e benefíciosComo analisar? O objetivo é acompanhar a evolução do custeio previdencial em relação às taxas de carregamento praticadas pelo segmento

DESPESA ADMINISTRATIVA EM RELAÇÃO AOS RECURSOS GARANTIDORES O que mede? Esse indicador mede o percentual de despesas administrativas em relação aos Recursos GarantidoresComo analisar? Quanto menor o percentual apurado, maior a eficiência da entidade na gestão dos seus recursos garantidores

LIMITE DA TAXA DE ADMINISTRAÇÃO O que mede? Esse indicador mede o percentual dos recursos para cobertura das despesas administrativas da EFPC incidente sobre os recursos garantidores dos planos de benefícios. Como analisar? Quanto maior o pecentual, mais próxima a entidade está de comprometer o limite de transferência do custeio administrativo.

Mediana das EFPCs por patrimônio (junho/2016) Mediana das EFPCs ao longo do tempo*

Mediana das EFPCs e Planos (por tipo) ao longo do tempo*

Mediana das EFPCs por patrimônio (junho/2016) Mediana das EFPCs ao longo do tempo*

O IDGII é um sistema de informações comparativas dos principais indicadores de desempenho de gestão do segmento de Previdência Complementar, os quais podem ser aplicados aos Fundos, aos Planos ou a ambos. Ele tem como objetivo disponibilizar para as entidades filiadas à ABRAPP, uma ferramenta de gerenciamento em tempo real dos indicadores de desempenho de gestão, que permitem acom-panhar a evolução e cumprimento de metas e a comparação (benchmark) da gestão dos fundos de pensão.

O IDGII é um produto disponibilizado gratuitamente pela ABRAPP - Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar às suas associadasPara maiores informações, contate o Núcleo Técnico - ABRAPP / e-mail: [email protected] site: sistemas.abrapp.org.br/idgii/

* Dados de dezembro, exceto 2016 (junho).

* Dados de dezembro, exceto 2016 (junho).

* Dados de dezembro, exceto 2016 (junho).