stakeholders - adalcir lopes (setembro/outubro - 2012)

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Adalcir Ribeiro Lopes Diretor-presidente da Transpeciais fala sobre logística de transportes no Brasil STAKEHOLDERS O apreço pelos caminhões vem da família. Ainda criança, após passeios com o avô e o tio motoristas, Adalcir Ribeiro Lopes já sabia onde estaria o trabalho. Comandou 700 veículos a serviço da distribuição de combustível da Petrobras, na década de 1970. Anos mais tarde, fundou a Transpeciais, que conta hoje com uma frota de 150 veículos, entre próprios e carreteiros. Publicação TRANSAEX | Venda Proibida Distribuição Dirigida CLÁUDIO TERRIER TSX NEWS

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Adalcir Ribeiro Lopes - Diretor-Presidente da Transpeciais

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Page 1: STAKEHOLDERS - Adalcir Lopes (Setembro/Outubro - 2012)

Adalcir Ribeiro Lopes

Diretor-presidente da Transpeciais

fala sobre logística de transportes

no Brasil

STAKEHOLDERSO apreço pelos caminhões vem da família. Ainda criança, após passeios com o avô e o tio motoristas, Adalcir Ribeiro Lopes já sabia onde estaria o trabalho. Comandou 700 veículos a serviço da distribuição de combustível da Petrobras, na década de 1970. Anos mais tarde, fundou a Transpeciais, que conta hoje com uma frota de 150 veículos, entre próprios e carreteiros.

Publicação TRANSAEX | Venda ProibidaD i s t r i b u i ç ã o D i r i g i d a

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TRANSAEX

Atenciosamente,Paulo Eduardo Pinto

DIRETOR CORPORATIVO

Nesta edição dividimos com nossos stakeholders o ponto de vista do diretor-presidente da Transpeciais, Adalcir Ribeiro Lopes, sobre os desafios da logística e da infraestrutura nacional, as expectativas do setor para os próximos anos, dentre outros temas. Contamos ainda com o artigo da psicóloga e consultora da Betania Tanure Associados, Marina de Mazi, que destaca a importância da resiliência para o líder moderno e o resultado disso junto à equipe de trabalho.

Tenham uma ótima leitura!

DEPOiMENTOS

“Ao envolver o público interno nas metas da empresa por meio da comunicação, as chances de sucesso serão bem maiores.”

Thilde Rocha - Diretora da Link Comunicação

- STAKEHOLDERS - Fevereiro 2011

“Contruir sua reputação se dá mais pelo que se faz do que pelo que se fala. Para se ter competitividade, é preciso zelar pela reputação, é preciso se consolidar a

partir dos exemplos e dos feitos.”

José Reinaldo Magalhães - Sócio da BR Investimentos

- STAKEHOLDERS - Agosto 2012

MATRiz: Rua Alagoas , 1000 - Conj 1001 Funcionários - Belo Horizonte / MG - 30130-160Tel: (31) 3232.4252 - www.transaex.com.br

PUBLICAÇÃO TRANSAEX • TSX NEWSSETEMBRO - OuTuBRO/2012| Venda Proibida

A TSX News é uma publicação da TRANSAEX Comércio internacional.Todos os direitos reservados. Os artigos assinados são de inteira respon-sabilidade dos autores e não representam a opinião do informativo ou da TRANSAEX. A reprodução de matérias e artigos somente será permitida se previamente autorizada, por escrito, pela equipe edito-rial, com créditos da fonte. Mais informações: www.transaex.com.br.

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Adalcir Ribeiro Lopes

Acesse o site da TSX NEWS:www. t sxne ws . com.br

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“Acredito que temos tudo para ser o diferencial. Mas, para isso, precisamos de um plano de desenvolvimento focado na infraestrutura”

• Como foi a sua trajetória até fundar a Transpeciais em 1988?

Sou formado em administração de empresas. Minha carreira começou junto à Refinaria Gabriel Passos, em Betim (MG), com a Liderbras, empresa responsável pela distribuição de gasolina e outros combustíveis para Minas Gerais e o Distrito Federal. A gerência dessa operação, o uso de vários tipos de veículos me deu um know-how. Em seguida, assumi a direção de logística da Transotto, empresa do segmento de transporte pesado ligado a grandes projetos como usinas hidrelétricas e siderúrgicas. Foi outra experiência importante. A paixão por caminhões surgiu ainda na infância por causa do meu avô e dos meus tios, que trabalharam nessa área.

• Qual é o principal desafio do setor de logística no país?

Para nós, é a deficiência operacional e a falta de coordenação dos intervenientes. Talvez possamos resumir no termo “burocracia”. Estimo que o custo para

o transporte de uma carga excedente, aquela em que é necessária a escolta dos órgãos públicos, seja aumentado em 30% em decorrência dos contratempos com os reguladores. Hoje, para retirar uma carga do porto do Rio de Janeiro, precisamos de autorizações da Prefeitura, da guarda portuária, da Receita Federal e do armazém portuário. Para a viagem de volta é necessário o suporte das Polícias Rodoviárias Estadual e Federal e novamente da Receita Federal. É muita burocracia - que demanda uma coordenação enorme para evitar prejuízos. Se um desses intervenientes se atrasa, perde-se um dia de trabalho. Existe um caso curioso no Porto de São Sebastião, no litoral Norte de São Paulo. Lá, você anda trechos curtos, dois deles de apenas dez quilômetros, e precisa acionar três unidades diferentes da polícia. Se uma falha, perde-se as outras e pode-se perder até três dias. uma das saídas seria deixar a responsabilidade de escolta com a transportadora. Assim, é possível seguir a legislação e manter um custo competitivo.

• Quais os outros gargalos do Brasil?

Temos um país rico em recursos naturais. Além disso, contamos com uma grande classe média em ascendência. Acredito que temos tudo para ser um dos grandes diferenciais neste momento de crise mundial. Mas, para isso, precisamos de um plano de desenvolvimento focado na infraestrutura. O país está atrasado e precisa de tudo: rodovias, ferrovias, hidrovias, aeroportos, meios de transporte de massa. um dos problemas é o da falta de clareza nas regras; isso deixa os investidores inseguros. O Governo precisa ser mais ágil na tramitação dos projetos, facilitar o investimento. Outro desafio é a mão de obra qualificada. Não temos pessoas prontas para uma série de tarefas e formar um profissional demora. Em nossa empresa, por exemplo, eu preciso de quatro anos

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Resiliência é um termo com origem na física: a propriedade de um material re-tomar sua forma original depois de de-formado. Na gestão empresarial, significa superar obstáculos, com resultados satis-fatórios e menor gasto de energia. Mas é preciso considerar o aprendizado com a experiência. Ou seja, as pessoas não vol-tam ao seu estado anterior. Aqui, vamos falar deste sentido ampliado de resiliência.

uma das diferenças entre profissionais que têm sucesso e os que fracassam é o modo de lidar com as adversidades. Para alcançar as metas, não basta ao executivo dominar o negócio. Ele tam-bém deve ter resiliência para enfrentar frustrações, conflitos, pressões e crises.

Nem todos desenvolvem essa compe-tência. isso fica claro nos processos de transformação cultural que apoiamos, nos quais observamos três tipos de reações

entre líderes e equipes que precisam se comprometer com as mudanças: aque-les que se contentam com os resultados iniciais, mas desistem na primeira dificul-dade; os que negam a necessidade da transformação, reclamam, justificam-se e precisam ser levados pelos outros; e os que vão em frente, apesar ou por causa dos obstáculos.

Sem perceber, as pessoas são influen-ciadas e influenciam o nível de resiliência de quem está em volta. A motivação vai crescendo ou é minada de acordo com o ambiente. Por isso, o papel do líder é es-sencial para fazer a equipe ir mais longe.

Não à toa, é mais comum encontrarmos entre os líderes aqueles que enfrentaram dificuldades na juventude do que os que tiveram uma trajetória mais fácil, segundo constatamos em pesquisa conduzida pela Betania Tanure Associados, em con-

junto com um grupo da universidade de Wharton (EUA).

Pessoas com controle emocional apre-sentam melhores condições de desen-volver a resiliência. Elas não culpam os outros pelas situações adversas e partem para uma solução. Não encaram os con-tratempos com irritação, paralisa ou com desânimo. Acreditam que problemas ocorrem por força das circunstâncias, e, mesmo que estes tenham origem em suas próprias falhas, não ficam prostradas remoendo suas deficiências.

Enfim, indivíduos que desenvolveram essa competência veem as dificuldades como limitadas na profundidade e dura-ção, o que abre possibilidades para agir mais rapidamente e com eficácia. Eles não ignoram o problema, mas também não ficam retidos nele. Esta é uma das ca-racterísticas essenciais da liderança.

ARTiGO

Marina de Mazi, psicóloga e consultora da Betania Tanure Associados

O líder resiliente inspira o progresso da equipe

para formar um bom motorista. Acho que incentivar a imigração de pessoas capacitadas é uma maneira de atender à demanda atual e nos preparar para o futuro. Esse intercâmbio pode fomentar o crescimento intelectual.

• O senhor citou investimentos em infraestrutura. Em face da situação da nossa malha rodoviária, apostar nas ferrovias é uma boa alternativa?

O transporte ferroviário tem muito para crescer. Ele só atende ao deslocamento de grãos e minérios. Temos de criar redes para carga e passageiros. No entanto, pela extensão territorial, é difícil mudar a base do nosso modelo de transporte. Vejo um despreparo nas agências regula-doras, na Agência Nacional de Transpor-tes Terrestres (ANTT), na Agência Nacional da Aviação Civil (Anac), dentre outras. Elas perderam o acervo técnico, ficaram anos sem concurso público, não houve

melhoria na capacitação dos seus ser-vidores. A maioria não conhece nossas pontes e viadutos. A gestão é curta e não há continuidade. Reflexo disso, são as rodovias que em sua maioria contam com um traçado antigo e inadequado para a frota atual. Estive na BR-116 recen-temente. É a mesma estrada por onde passei com meu avô em 1964! uma única pista ligando Sudeste ao Nordeste e não existe sequer um projeto de dupli-cação. Hoje, além de uma frota maior, temos veículos longos, caminhões de 30 metros de comprimento, eles carre-gavam 40 toneladas antes, hoje trans-portam 70 e se você encontra um pela estrada não consegue ultrapassar. Os acidentes não são apenas culpa dos motoristas, os automóveis evoluíram, mas as estradas não.

• Qual é a sua opinião sobre a Lei nº 12.691, que regulamenta o trabalho do

motorista profissional e teve sua aplica-ção adiada pelo Governo?

O governo está consciente de que não é possível colocá-la em vigor agora por um motivo: a inflação. Essa lei pode onerar as transportadoras, de acordo com o por-te da empresa, em até 40% nos custos. Para a Transpeciais, estimo um aumento de 15%, pois já oferecemos condições melhores. Apesar de necessária, essa lei se traduzirá como um tiro no pé, pois esses custos serão repassados para os produtos. Além disso, a Polícia Rodoviária Federal não tem como fiscalizar, e falta estrutura nas estradas que permita aos profissionais o descanso adequado. Para que a lei seja eficiente, a sugestão é sim-ples: a responsabilidade fica com as em-presas, e o Ministério do Trabalho poderia acompanhar com registros eletrônicos nos veículos. O não cumprimento impli-caria multa para a transportadora.

Stakeholders

Adalcir Ribeiro Lopes