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Todos os direitos desta edição reservados ao autor.

Publicado por Editco Comercial Ltda.Rua Pedroso Alvarenga, 1046, 9º andar – sala 95

Itaim – 04531-004 – São Paulo-SPTel: (11) 3706-1492 – Fax: (11) 3071-2567

e-mail: [email protected]

Na internet, publicação exclusiva da iEditora:www.ieditora.com.br

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Yoshio Hada

São Paulo – 2002

SPB e Tesouraria

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SPB e Tesouraria

© 2002 de Yoshio HadaTítulo original português:

SPB e TesourariaRevisão:

Elina Correa MiottoCapa:

Julio Cesar PortelladaEditoração eletrônica:

Julio Cesar Portellada

ISBN 85-87916-47-5

É PROIBIDA A REPRODUÇÃO

Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou mesmo trans-mitida por meios eletrônicos ou gravações, assim como traduzida, sem a permissão, por escrito, do autor. Os infratores serão punidos pela Lei nº 9.610/98.

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

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Introdução.....................................................................................9Conceitos e Histórico................................................................13

SPB – Sistema de Pagamentos Brasileiro....................................13Inflação e Política Monetária .....................................................15Sistema Financeiro Nacional .....................................................17Combate à inflação ...................................................................19Crescimento econômico............................................................22Motivos da implantação do SPB................................................23

Liquidação dos Bancos antes do SPB.....................................27Reserva Bancária .......................................................................27Movimentação de numerário.....................................................28SELIC.......................................................................................29CETIP ......................................................................................30Departamento do Banco Central...............................................30Compensação de Documentos ..................................................30Compensação de Cheques.........................................................33Compensação de Doc’s..............................................................38Compensação de Bloquetes de Cobrança ..................................41

Reestruturação do SPB .............................................................45Compensação de Documentos ..................................................45Compensação de cheques e Doc’s x TED ..................................47Depósito Prévio da Compe .......................................................48Mensageria do SPB ...................................................................52Piloto de Reservas .....................................................................54

Índice

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SELIC.......................................................................................55Câmaras de Liquidação ............................................................ 56TED – Transferência Eletrônica Disponível.............................. 57Recolhimento do Compulsório ................................................ 59Meio Circulante ....................................................................... 59Mensagens do Banco Central ................................................... 60Mensagens do Tesouro Nacional .............................................. 60Bloquetos de Cobrança ............................................................ 60

Fluxo Financeiro de alguns Produtos.................................... 63Liquidações em geral ................................................................ 63Conta-corrente......................................................................... 64Operações de Crédito – Empréstimos ...................................... 66Leasing..................................................................................... 67Finame..................................................................................... 68Descontos ................................................................................ 68Operações de Captação em Renda Fixa .................................... 68Operações no Mercado Aberto ................................................. 69Operações com Ações............................................................... 73Operações de Câmbio .............................................................. 74Fundos de Investimento ........................................................... 75Cobrança Simples .................................................................... 77Contas a Pagar ......................................................................... 78Automação de Caixa ................................................................ 79

A Tesouraria ............................................................................... 81Funções.................................................................................... 81CPMF...................................................................................... 82Operações multi-empresa ......................................................... 84Operações do banco ................................................................. 84Operações dos clientes no banco .............................................. 86Operações das coligadas ........................................................... 86Efeitos na Tesouraria do Banco................................................. 86Efeitos na Tesouraria dos Correntistas ...................................... 87Conciliação de Contas.............................................................. 88Fluxo de Caixa ......................................................................... 92

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Liquidações pela Tesouraria .....................................................95Emissão de cheque do banco (administrativo/com CPMF) .......95Emissão de cheque do banco (ordem de pagamento/ sem CPMF) .....................................................................................95Emissão de cheque de correntistas – com CPMF.......................96Emissão de cheque de correntistas –Transferência Bancária sem CPMF – TB..............................................................................97Devolução de cheque ................................................................97Emissão de doc D – mesma titularidade..................................102Emissão de doc E – diferente titularidade................................102Devolução de doc....................................................................103Pagamento de bloquete ...........................................................103Bloquete expresso....................................................................104Lançamento em conta-corrente ...............................................105Aviso de lançamento no caixa..................................................106Pagamento de STR ou PAG ....................................................106Recebimento de STR ou PAG.................................................107Devolução de crédito indevido via STR ou PAG.....................107

Simulação da Contabilização de alguns produtos .............109Conceitos................................................................................109Abertura de um banco.............................................................112Empréstimo a cliente...............................................................112Aplicação de cliente.................................................................115Cliente abre uma conta-corrente .............................................118Banco deposita em reserva.......................................................118Despesas do banco ..................................................................119Emissão de doc........................................................................121Tesouraria ...............................................................................123

Conclusão..................................................................................125Bibliografia..............................................................................127

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Introdução

A fim de ganhar competitividade, as instituições financeiras mais e mais investem pesadamente em automação de processos e fusões, por isso a dramática diminuição do número de emprega-dos no setor bancário. Entretanto, exatamente pela substituição de processos manuais por sistemas de processamento de dados, surge a carência de profissionais ligados à tecnologia voltada para produtos: analistas de negócios, de suporte e de desenvol-vimento. Essa é a grande oportunidade aberta para bancários e recém-formados aumentarem seu grau de empregabilidade ou abrirem novas perspectivas profissionais.

É nesse contexto que, com enorme grau de automação, é implantado a 22 de abril de 2.002 em caráter definitivo pelo Banco Central e toda malha de instituições financeiras do país o SPB – Sistema de Pagamentos Brasileiro.

Ao grande público, as notícias se resumem à possibilidade de enviar recursos de uma conta no banco A para o banco B instantaneamente, e ainda assim para valores superiores a cinco milhões de reais na primeira fase, valor este gradualmente dimi-nuído. Algumas publicações erroneamente dizem que o cheque e doc de valor maior serão compensados imediatamente ou que todos documentos com tais valores serão substituídos a partir de determinada data. Ainda há espaço para muitos cheques e Doc’s

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de menor valor continuarem sendo compensados pela forma tra-dicional. No entanto, as mudanças foram muito mais profundas na rotina interna diária dos bancos.

Antes que a base de conhecimento e detalhes seja esque-cida ou fique restrita apenas aos envolvidos nesse processo que consumiu milhões de reais em atualização tecnológica de infra-estrutura, treinamento de profissionais, desenvolvimento de sis-temas e implantação de todos os bancos do país, registrei, sob uma linguagem acessível, aspectos que espero serem de grande valia aos bancários e profissionais que cuidam da tesouraria e liquidação financeira; analistas de sistemas, de negócios e de suporte a sistemas financeiros; estudantes de processamento de dados, sistemas, administração, economia, contabilidade e afins.

Esse material apresenta o SPB de forma introdutória, porém mais aprofundada que a exposta nos meios de comunicação de massa. Depois aborda os procedimentos operacionais da Tesoura-ria da instituição em relação às demais formas de liquidação que continuam vigorando além do SPB. Está organizado segundo os seguintes grandes tópicos:

• Conceitos, motivos macroeconômicos e um breve histórico da necessidade da reestruturação promovida pelo Banco Central.

• O processo operacional de liquidação antes do SPB, isto é, pagamentos e recebimentos de recursos entre as instituições que direta ou indiretamente afetam o nosso bolso.

• Como passa a ser a nova rotina de liquidação com a implantação do SPB.

• O fluxo operacional quanto à liquidação financeira de alguns produtos dentro de uma instituição financeira.

• Alguns procedimentos de responsabilidade da Tesoura-ria.

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• A contabilização do fluxo operacional de alguns de seus produtos sob a ótica da instituição financeira.

Muitos assuntos são tratados em mais de um tópico em função da ótica abordada naquele momento. O intuito é fixar e conjugar adequadamente todos os conceitos.

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Conceitos e Histórico

SPB – Sistema de Pagamentos Brasileiro

O SPB tem por função primordial diminuir o risco sistêmico no caso de insolvência de uma instituição financeira e desobrigar o Banco Central do socorro ao mercado quando isso ocorrer.

Atualmente, um dos momentos em que uma instituição “quebra” é quando da sua inadimplência na compensação de documentos (cheques depositados, bloquetes pagos e doc’s envia-dos). Há uma troca de documentos entre os bancos durante a noite cujo resultado debita ou credita sua disponibilidade no dia seguinte. Os bancos que enviaram recursos ao inadimplente esperam também receber recursos que historicamente diminuem o volume de dinheiro trocado (banco A envia recursos ao banco B e vice-versa. É a diferença que será debitada ou creditada nas respectivas disponibilidades dos bancos). Como o inadimplente deixa de honrar seus débitos, dependendo do porte e do volume financeiro envolvido, os demais bancos também poderão sofrer falta de liquidez gerando um efeito cascata pouco saudável ao sistema financeiro como um todo.

Para evitar o colapso no sistema financeiro, o Banco Cen-tral intervinha às vezes assumindo o rombo deixado pelo banco

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inadimplente, ou outras medidas que de qualquer maneira one-ravam os cofres públicos, visto os casos dos bancos Nacional, Econômico, Marca, Fonte Cindam, só para citar alguns exem-plos mais recentes.

Com a nova sistemática do SPB, a inadimplência de uma instituição ocorrerá imediatamente, pois a transferência de recur-sos passará a ser incentivada para realizar-se em tempo real, por meio do desincentivo ao uso de doc’s e cheques de alto valor. Dessa forma, a instituição credora só receberá o recurso que a instituição devedora tenha como honrar naquele instante, não havendo mais necessidade de socorro do Banco Central nos débi-tos não honrados pelos resultados da troca de documentos da compensação. A nova forma de envio de recursos em tempo real foi denominada de TED (transferência eletrônica disponível).

Essa transferência de recursos de um banco para outro é feito por meio de troca de mensagens entre as instituições participantes e o Banco Central. Na realidade, toda e qualquer informação trocada com o Banco Central, que antes era feita por meio de digitação nos terminais, telefone ou documentos, passou a ser feita por esse canal. Esse aspecto, invisível ao grande público, é que mais afetou a rotina diária dos bancos em relação aos procedimentos anteriores.

Outro aspecto é o do controle do saldo da Reserva Ban-cária, que é a disponibilidade dos bancos. Antes exigia-se que seu saldo no final do dia fosse positivo. Com o SPB, o saldo não deve ser negativo em NENHUM MOMENTO do dia. É o mesmo que nós, como pessoa física, não podermos emitir um cheque enquanto o crédito não cair em nossa conta. Costumeiramente emitimos um cheque no mesmo dia do crédito de salário por exemplo, pois sabemos que o saldo final será compensado entre os débitos e os créditos à noite.

Para garantir que o saldo da Reserva nunca fique nega-

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tivo, os bancos criaram a figura do Piloto de Reservas, que é um profissional dedicado exclusivamente em manter tal saldo nunca inferior ao limite estipulado pelo Banco Central. Na realidade a reserva tem outros aspectos e detalhes a serem abordados mais adiante.

Inflação e Política Monetária

A fim de entendermos alguns procedimentos e controles exercidos pelo Banco Central, convém abordarmos um pouco de macroeconomia quanto às causas e a política de combate à inflação.

Simploriamente poderíamos definir inflação como um aumento de preços generalizado. Pela teoria clássica poderíamos atribuir tal aumento a:

• Origem de mercado: procura pelos produtos ou ser-viços excede a produção ou oferta destes. Pode ser artificial, isto é, os produtores ou lojistas estocam os produtos, por exemplo, a fim de gerar esse efeito. Quem não se lembra quando a Polícia Federal fora incumbida de procurar os rebanhos bovinos na época do congela-mento forçado de preços? Bem, acho que apenas quem nasceu obviamente após o plano... Também pode ser pelo fato de que não é economicamente viável ao pro-dutor, deixando de produzi-lo. Isso ocorre com produ-tos agrícolas cujo preço no mercado às vezes oscila para baixo quando ocorrem super-safras. Na safra seguinte, menos produtores plantam tal tipo de cultivo ou dimi-nuem a área de plantio por causa dos baixos preços. A falta do produto pode gerar conseqüente aumento de preços.

• Origem monetária: A base monetária, isto é, a quanti-dade de dinheiro em circulação aumentou despropor-cionalmente acima da produção como um todo. É o

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que acontecia com freqüência quando os governos emi-tiam papel-moeda a fim de honrarem a dívida pública. Só que como a produção permanecia igual, cada cédula passou a valer menos. Dessa forma, o mesmo produto precisava de mais cédulas para ser comprado. É regra de três simples mesmo. Esse efeito não é recente. Quando a Espanha levava de suas minas das colônias americanas a prata em grande abundância, tudo isso era cunhado em forma de moedas que se espalhavam pela Europa. Como a produção não acompanhava o aumento da moeda em circulação, cada produto encarecia pois pre-cisava de mais moedas para ser trocado. Se havia o dobro de moedas, os produtos dobravam de preço.

Não entraremos nos aspectos da inflação de mercado, pois não é o escopo nem a direção que pretendemos tomar, e muito menos entrar na discussão da produção capitalista (produtor opta por uma atividade visando lucro) versus comunista (produ-tor é incumbido dessa tarefa compulsoriamente).

Interessa-nos a inflação monetária onde o combate é exer-cido pelo Banco Central. Dentre várias, gostaria de abordar duas destas grandes estruturas que o governo possui:

• Tesouro Nacional: uma das funções é financiar a dívida pública por meio da emissão de títulos com diversos tipos de remuneração. Será mencionado quando tratar-mos do mercado de títulos de renda fixa.

• Banco Central: órgão fiscalizador das instituições finan-ceiras, implementação da política monetária por meio de emissão de títulos, papel-moeda ou recolhimento de depósito compulsório.

Alguns mecanismos que o Banco Central utiliza para implementar a política monetária são:

• Emissão de papel-moeda: se feita num volume muito

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maior que o aumento da capacidade produtiva, pode gerar inflação por colocar mais dinheiro com a mesma massa de produtos e serviços. É o que já exemplifiquei como regra de três.

• Emissão de títulos: são papéis emitidos com prazos e critério de remuneração já definidos. O adquirente troca seu dinheiro por esses papéis a fim de ter um lucro. O Banco Central emite-os para diminuir a “liqui-dez” do mercado, isto é, diminuir a massa circulante de dinheiro no mercado. Teoricamente, isto reduz a procura por produtos e serviços, diminuindo a pressão pelo aumento de preços. Um exemplo clássico é o uti-lizado para diminuir a cotação do dólar por meio da emissão de títulos com remuneração pela variação da moeda americana. Dessa forma, diminuem os reais dis-poníveis no mercado para comprar o dólar, pressio-nando a taxa de câmbio para baixo.

• Depósito compulsório sobre depósito à vista: é um valor que representa um percentual do total dos depósitos em conta-corrente do banco que deve ser deixado indisponível. Tal percentual é alterado e definido pelo Banco Central conforme a necessidade de diminuir ou aumentar a liquidez de dinheiro no mercado.

Sistema Financeiro Nacional

A fim de conhecermos a estrutura e o alcance do poder de atuação do Banco Central e demais órgãos reguladores e/ou fiscalizadores, segue a relação:

• CMN: Conselho Monetário Nacional.• BCB: Banco Central do Brasil.• CVM: Comissão de Valores Mobiliários.• Susep: Superintendência de Seguros Privados.• Secretaria de Previdência Complementar.

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Instituições Financeiras Captadoras de Depósitos à Vista (Órgãos reguladores/fiscalizadores)

• Bancos múltiplos com carteira comercial (BCB)• Bancos comerciais (BCB)• Caixas econômicas (BCB)• Cooperativas de crédito (BCB)

Demais Instituições Financeiras (Órgãos reguladores/fisca-lizadores)

• Bancos múltiplos sem carteira comercial (BCB)• Bancos de investimento (BCB, CVM)• Bancos de desenvolvimento (BCB)• Sociedades de crédito, financiamento e investimento

(BCB)• Sociedades de crédito imobiliário (BCB)• Companhias hipotecárias (BCB)• Associações de poupança e empréstimo (BCB)• Agências de fomento (BCB)• Sociedades de crédito ao microempreendedor (BCB)

Outros intermediários ou auxiliares financeiros (Órgãos reguladores/fiscalizadores)

• Bolsas de mercadorias e de futuros (BCB, CVM)• Bolsas de valores (CVM)• Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários

(BCB, CVM)• Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobi-

liários (BCB, CVM)• Sociedades de arrendamento mercantil (BCB)• Sociedades corretoras de câmbio (BCB)• Representações de instituições financeiras estrangeiras

(BCB)

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• Agentes autônomos de investimento (CVM, BCB)

Entidades ligadas aos sistemas de previdência e seguros (Órgãos reguladores/fiscalizadores)

• Entidades fechadas de previdência privada (Secretaria de previdência complementar)

• Entidades abertas de previdência privada (Susep)

• Sociedades seguradoras (Susep)

• Sociedades de capitalização (Susep)

• Sociedades administradoras de seguro-saúde (Susep)

Administração de recursos de terceiros (Órgãos reguladores/fiscalizadores)

• Fundos mútuos (BCB, CVM)

• Clubes de investimento (CVM)

• Carteiras de investidores estrangeiros (CVM, BCB)

• Administradoras de consórcio (BCB)

Sistemas de liquidação e custódia (Órgãos reguladores/fiscalizadores)

• Sistema especial de liquidação e de custódia – SELIC (BCB)

• Central de custódia e de liquidação financeira de títulos – CETIP (BCB)

• Caixas de liquidação e custódia (CVM)

Combate à inflação

Lembremos que estamos abordando apenas medidas de combate à inflação partindo dos mecanismos monetários, e não os de mercado.

Agora que estamos com o dragão da inflação sob as rédeas e dormindo na casa de cerca de um dígito anual pelas esta-tísticas oficiais, esperemos que ele não volte a acordar tão cedo.

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Naquela época que culminou com uma inflação mensal próxima a 80% (OITENTA por cento) em um mês (UM mês!!!!!!), os pacotes econômicos eram tão freqüentes quanto ineficazes.

Para pressionar a baixa de um aumento generalizado de preços, a cartilha convencional dita que deve-se diminuir a liqui-dez do sistema, isto é, tem muito dinheiro disponível na mão dos consumidores que procuram por produtos e serviços. Estes produtos e serviços, por meios artificiais ou não, estão escassos, e como há mais procura que oferta, seus preços são majorados pois aumentará o lucro de quem os vende. Mesmo com preços maio-res, o produto ou serviço será vendido de qualquer maneira.

A diminuição do dinheiro disponível para consumo pode ser feita na ponta dos investidores financeiros. Há aumento na taxa de juros básica, a taxa Selic, e conseqüentemente na remuneração dos títulos emitidos pelo Banco Central. O Banco Central emite tais títulos exclusivamente para que os aplicadores prefiram investir nos papéis e deixem de consumir.

Se um título for emitido pelo Tesouro Nacional o motivo é outro. Ele está captando recursos para financiar obras e gastos do governo.

Em ambos os casos, esses títulos rendem juros e/ou correção monetário ao investidor na data do resgate.

Além de incentivar os investidores a aplicar nos papéis, as taxas mais altas também levam o dinheiro dos bancos e finan-ceiras a procurarem os papéis. Só será vantagem para estes dire-cionarem os recursos aos empréstimos a seus clientes se sua remuneração for maior ainda. Dessa forma, sobem também as taxas de financiamento, desincentivando as compras a prazo.

Além do aumento das taxas de juros e emissão de papéis, o Banco Central pode diminuir ainda mais a liquidez dos bancos por meio de aumento no percentual do depósito compulsório. Esse valor, calculado periodicamente por base em vários critérios,

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entre eles a somatória dos saldos em conta-corrente do banco, deve ficar indisponível no Banco Central. Quando necessário, esse percentual é aumentado, diminuindo o dinheiro disponível para os bancos poderem realizar operações de financiamento, forçando ainda mais para a alta da taxa de juros para empréstimo dos recursos que permaneceram livres.

Medida extrema nesse sentido foi a aplicada no plano Collor, limitando quaisquer saques nas contas corrente e de poupança, fundos e quaisquer outros ativos nos bancos. Com o tempo foram sendo abertas “torneiras” para aumentar a liquidez do sistema e o resto da história todo mundo conhece. O balde transbordou e o fogo do dragão da inflação continuou tão ardente quanto antes.

A atual medida na Argentina tem o mesmo efeito, mas o motivo é diferente. A limitação de saques bancários imposta no nosso país vizinho pretende evitar que todos retirem dos bancos seus depósitos de uma vez, quebrando todo o sistema financeiro, pois nenhum deles possuiria liquidez suficiente para honrar tais retiradas. Aliás, em tese, nenhum banco possui capacidade de honrar de imediato todas as retiradas de todos seus clientes, pois boa parte desse ativo está emprestado e/ou aplicado em outros ativos que geram remuneração em médio e longo prazo.

Voltando à seqüência dos fatos, com menos financiamen-tos pela alta de juros (menos consumidores comprando a prazo) e mais gente investindo (menos consumidores ainda), sobram mais produtos e serviços, forçando sua estabilização ou queda nos preços (deflação).

O cuidado a ser tomado é que se o efeito se alastrar por muitos setores ao mesmo tempo, e por um longo período de tempo, haverá uma redução na atividade e produção global pelo desinvestimento dos setores produtivos, gerando desemprego e recessão.

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A história de nosso país já viveu momentos críticos onde conciliamos recessão com inflação, o pior dos mundos: a estagflação.

Crescimento econômicoBem, por que então não são tomadas medidas inversas

às já discutidas para incentivar o consumo e o crescimento econômico? O problema básico é o descasamento entre a velo-cidade do aumento desse consumo e o aumento da produção e oferta de serviços. Se o primeiro for mais rápido que o segundo, haverá pressão para um novo aumento generalizado de preços, gerando inflação e perdendo-se todo o ganho do poder de compra. Também existe a diferença da velocidade para que a produção acompanhe a demanda entre os vários setores da eco-nomia.

Imaginemos a adoção de medidas que incentivem o con-sumo: diminuição na taxa de juros básica, não emissão de títulos públicos, diminuição no percentual do compulsório recolhido pelos bancos, entre outras.

O maior consumo fará com que as empresas produzam mais e empreguem mais. Esse aumento no consumo deve ser gradual a fim de que as indústrias tenham tempo de aumentar sua produção proporcionalmente.

Se a indústria estiver com capacidade ociosa, o aumento de produção pode ser conseguido com facilidade por meio de novas contratações ou implantação de novos turnos de trabalho. O problema ocorre quando devem ser ampliadas a planta indus-trial e a infra-estrutura das fábricas. Isso gera novos custos fixos e o tempo de investimento e aumento de produção são demora-dos. Nesse meio tempo, antes do aumento da oferta, pode haver uma inflação de mercado pelo não atendimento à demanda.

Atualmente, temos uma economia que permite importações

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em setores carentes, equilibrando de certa forma os abusos de setores oligopolizados. Caso haja abusos em alguns setores, a própria lei de mercado trará produtos importados, mesmo com a taxa cambial desfavorável, caso seus similares nacionais estejam com preços excessivos.

Resumindo, tudo é uma questão de conciliar no tempo todas essas variáveis a fim de que cresçamos de forma ordenada e sem inflação. Não é saudável um crescimento excessivo e desor-denado por causa do fantasma da inflação. Não podemos ter uma taxa de câmbio muito valorizada senão teremos dificuldade em exportar, mas também não podemos ter uma taxa de câmbio muito desvalorizada senão encareceremos demais os produtos importados sem similar ou produção suficiente nacional.

Motivos da implantação do SPB

O Brasil, cuja história consta um longo período de eco-nomia colonial, traz deficiências no tocante à dependência dos investimentos da metrópole. Não que este seja o motivo de nossa atual situação, visto os Estados Unidos que também foram colônia tanto quanto nós, mas estão em situação inversa à nossa. É que a tal relação colônia x metrópole vem se perpetuando no cenário atual por meio de nossa necessidade de investimentos estrangeiros para que possamos aumentar nosso parque indus-trial e de serviços.

Como não possuímos capital acumulado de poupança interna, aliado a maus investimentos feitos com os empréstimos adquiridos por séculos dos países mais desenvolvidos, temos uma dependência e vulnerabilidade muito grande com os humores dos mercados financeiros externos.

Com as últimas grandes crises financeiras dos tigres asiáti-cos, México, Rússia e Argentina, o Brasil foi afetado sendo considerado como a “bola da vez”. O país teve que recorrer a

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empréstimos junto ao FMI a fim de manter reservas em dólar. Contra as mais pessimistas perspectivas, conseguimos sair da taxa de câmbio fixa após uma violenta desvalorização cambial e passamos à margem da crise Argentina, à exceção de alguns picos na cotação cambial. A atual pressão liga-se mais ao nosso período pré-eleitoral, cenários macroeconômicos desfavoráveis tais como a recuperação da economia norte-americana, crise política no Oriente Médio e seus efeitos sobre o preço internacional do petróleo. Tudo acentuado pela comparação com o cenário extre-mamente otimista do início desse ano.

O fato é que recorremos ao FMI, e para conseguir os empréstimos, tivemos de aceitar algumas receitas. Dentre elas, está a redução do tamanho do Estado e do déficit público. Não entrarei no mérito do resultado e da forma de condução das ações tomadas: venda de estatais, abertura de restrições à entrada de capital estrangeiro em vários setores, equilíbrio das contas públicas (governo nunca gastar mais do que arrecada), entre outros. Nos interessa quando o Banco Central socorre uma instituição em dificuldades. Obviamente são dos cofres públicos que saem os recursos para tal socorro, gerando um rombo maior nas contas do governo. Esse é, a meu ver, o maior incentivo para que o Banco Central se desobrigue do socorro às instituições por meio da implantação do SPB.

Na verdade, alguns passos anteriores já foram dados nesse sentido por meio da criação do PROER e do FGC, mecanis-mos de coleta de recursos das várias instituições financeiras para que “cubram” até determinados limites os rombos deixados por instituições inadimplentes.

De qualquer maneira, é saudável que o Banco Central seja um órgão exclusivamente atento à fiscalização e controle da política monetária, e não mais uma fonte geradora de saques do erário público. A independência do Banco Central em relação ao

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governo também é saudável na medida que ele aprova a emissão de papel-moeda apenas em casos de necessidade técnica que justifique tal emissão, e não para cobrir déficits nas contas do governo, prática muito comum nos nossos tempos de inflação. Quem deve gerir a dívida pública é o Tesouro Nacional e não o Banco Central.

Aliás, esse é o motivo do fracasso da maioria dos bancos estaduais e outros tipos de empresas estatais. Ao invés deles capta-rem ou solicitarem empréstimos para fins de investimos rentáveis, muitas vezes eram usadas como testas-de-ferro para financiarem os déficits dos governos estaduais. Como esse dinheiro nunca era devidamente remunerado ou nem voltava aos cofres dos bancos e estatais, eles foram acumulando prejuízos monstruosos.

A diminuição do risco de inadimplência de uma instituição com a conseqüente intervenção do BC será feita, operacional-mente falando, pela substituição da importância da compensação de documentos por meio das transferências em tempo real, assunto tratado mais detalhadamente a seguir.

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Liquidação dos Bancos antes do SPB

Reserva Bancária

Cada banco com carteira comercial deve manter obrigato-riamente no Banco Central o registro de sua conta de Reserva, à semelhança de nossas contas correntes nesses mesmos bancos. A composição do saldo desta conta é:

• Reserva legal: depósito compulsório recolhido junto ao Banco Central baseado nos percentuais sobre determi-nados valores anteriormente mencionados. Esse valor fica indisponível durante um certo período de tempo.

• Reserva de livre movimentação, composta por:

s “Caixa”: somatória do papel-moeda e moeda metálica disponível no cofre de suas agências e tesouraria central.

s Moeda escritural: dinheiro em espécie captado pela rede de agências e fisicamente depositado no Banco do Brasil em nome do banco comercial que recebeu as notas e moedas.

Dessa forma, o saldo da conta reserva, aquele que o Banco Central considera para efeito de disponibilidade do banco, sofre oscilação em função de:

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• Depósito ou saque de dinheiro em espécie nas agências;

• Débitos ou créditos conforme o resultado da compensação de documentos;

• Débitos ou créditos conforme o resultado das operações de títulos de renda fixa de emissão pública ou privada, câmbio e renda variável;

• Taxas, multas e repasses ao Tesouro Nacional ou próprio Banco Central; entre outros motivos.

Movimentação de numerário

Poderíamos imaginar que por motivo de segurança grande parte do dinheiro entregue aos caixas das agências é enviado à tesouraria central da matriz. Nesse caso, esses valores constarão do item caixa do saldo da reserva.

Também existe a opção do banco enviar tais recursos atra-vés de carro-forte ao Banco do Brasil que por sua vez creditará a conta Reserva em favor do banco depositante no Banco Central. Nesse caso, há uma transferência do valor do item caixa para o item moeda escritural, ambas compondo o saldo da reserva. A suposição é que tais movimentações ocorram à medida que suas agências necessitem de mais ou menos dinheiro em espécie para honrar saques e entrega de troco a seus clientes por um lado, ou o acúmulo de papel-moeda ou moeda metálica pelos depósitos e pagamentos de contas, tributos ou depósitos por outro lado.

Atente portanto ao detalhe: o dinheiro em espécie é depo-sitado ou sacado junto ao Banco do Brasil sendo para lá enviado o carro-forte. Essas movimentações são registradas no saldo da reserva do banco depositante junto ao Banco Central pelo Banco do Brasil.

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SELIC

É o sistema que controla a custódia, isto é, quem é o titular ou adquirente do papel naquele momento. Controla a custódia de todos títulos públicos federais emitidos pelo Banco Central ou Tesouro Nacional, conforme mencionados anteriormente, e dos títulos estaduais e municipais emitidos até 1992.

A partir da venda do papel no leilão primário pelo Banco Central ao mercado, essa e todas operações subseqüentes com esse título são registradas a fim de que no dia do vencimento haja condições de se creditar o detentor final. Esse papel pode ser livremente negociado entre as instituições até o dia do seu vencimento.

Numa operação de compra e venda entre duas instituições por exemplo, cada uma delas registrava nos terminais ligados ao SELIC o valor, as características do papel negociado, a sua identificação e da contraparte (com quem está fechando a operação). Uma instituição registra a compra e a outra a venda, cada uma na sua ótica. Ambas informam também um número coincidente entre as partes e único em relação a outras operações (número de comando da operação) por meio do qual o SELIC comparará e validará a coincidência das informações enviadas por cada instituição. Havendo concordância em relação às informações das duas “pontas”, a operação é concretizada.

No encerramento do próprio dia da operação, o SELIC apurava o resultado líquido da somatória das operações confir-madas por cada instituição entre créditos por venda e débitos por compra de papéis. Esse resultado, isto é, a diferença entre todos débitos e créditos do dia, gerava um lançamento na conta reserva de cada banco.

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CETIP

É o sistema que controla a custódia, isto é, quem é o titular ou adquirente do papel naquele momento. Controla a custódia de títulos privados e dos títulos estaduais e municipais emitidos após 1992.

Mecanismo semelhante ao do SELIC, a diferença é que o resultado líquido das operações debita ou credita a reserva dos bancos junto ao Banco Central um dia após a operação ter sido fechada e digitada nos terminais (liquidação em d+1). Também liquida outros tipos de operação.

Departamento do Banco CentralOutros departamentos do Banco Central geram

movimentações na reserva dos bancos para fins de pagamento de taxas, multas, tarifas, liquidações de câmbio, entre outros.

Compensação de DocumentosA importância do Serviço de Compensação de Cheques e

Outros Papéis, conhecido e mencionado como “Compe”, reside no fato do imenso volume de recursos por ele transitado, bem como do risco sistêmico no caso de inadimplência dos bancos que deveriam ser debitados, caso isso ocorra. Tal fato pode afetar em efeito cascata muitas instituições que tivessem troca de documentos com a instituição inadimplente. A criação da TED (transferência eletrônica disponível), um dos serviços implemen-tados no SPB, tem por missão praticamente substituir o trânsito de cheques e doc’s de alto valor.

O Banco do Brasil é quem centraliza a troca de docu-mentos entre os bancos. É regularmente chamado de executante dentro dos trâmites da compensação.

A sistemática da compensação de documentos basica-

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mente permite que um correntista de um banco possa efetuar determinadas operações em qualquer outro banco do território nacional dentro de determinadas limitações. Você poderia depo-sitar seu cheque do banco A em sua conta no banco B, pagar uma ficha de compensação (também conhecida como bloquete ou bloqueto de cobrança) emitida pelo banco C no banco D até a data de seu vencimento.

Os participantes são identificados como:

• Executante: Banco do Brasil na função de centralizador da troca de documentos.

• Remetente: banco que enviará o documento.

• Destinatário: banco que receberá o documento.

• Representante: possuidor de um guichê na câmara de compensação onde ocorre a troca física de documen-tos. O representante pode ser um banco ou uma enti-dade que troca documentos em nome de um ou vários bancos. Um banco também pode assumir o papel de ser seu próprio representante e de outras instituições.

Além do envio e do recebimento de documentos fisica-mente, os bancos também devem enviar as mesmas informações em arquivos magnéticos. São os seguintes conceitos da troca de documentos:

• Compensação eletrônica: informações dos documentos trocados por meio de arquivos magnéticos.

• Nossa Remessa: arquivo enviado pelo remetente com informações dos documentos capturados ou emitidos.

• Sua Remessa: arquivo recebido pelo destinatário com informações dos documentos capturados por outras instituições destinados ao primeiro.

• Troca: documento está transitando pela primeira vez

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na câmara de compensação. Por exemplo, o banco A (remetente) envia o cheque depositado no seu arquivo de nossa remessa troca. O banco B (destinatário – banco do emitente do cheque) receberá essa informação no seu respectivo arquivo da sua remessa troca.

• Devolução: documento está sendo devolvido pelo banco destinatário ao banco remetente por algum motivo. É a segunda vez que esse documento está cir-culando pela compensação. Continuando o exemplo anterior, o banco B constata insuficiência de saldo da conta do cheque. Ele devolve o cheque no seu arquivo de nossa remessa devolução. O banco A recebe esse cheque no arquivo de sua remessa devolução a fim de providenciar o estorno do depósito.

• Compensação convencional: documentos trocados sem seu respectivo arquivo magnético. É feito apenas o envio do documento físico. O executante, isto é, o Banco do Brasil que representa a câmara de compensação, limita a quantidade de troca de documentos pela compensação convencional e ou tarifa mais pesadamente.

• Documentos truncados: troca exclusiva de arquivos magnéticos, sem envio do documento que originou a informação. O documento fica retido junto ao reme-tente, minimizando a logística de troca física de papéis. Os cheques ainda continuam sendo enviados fisica-mente. Os doc’s e bloquetes já são truncados. Acredito que o motivo é que doc’s e bloquetes são créditos a favor do destinatário, sendo do interesse destes recebe-rem os créditos. Não há motivo ou ganho para o reme-tente para que tais documentos sejam adulterados. Já os cheques são papéis que envolverão débitos contra o destino, sendo do interesse deste a verificação da vera-cidade da assinatura do emitente e suficiência de saldo em sua conta-corrente.

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• Resultado líquido da compensação: diferença entre o que um banco deve pagar a outro e o que este deve pagar ao primeiro. A câmara de compensação debita uma instituição nesse valor e credita a outra por esse resultado na conta Reserva que estas devem pos-suir junto ao Banco Central. Dessa forma, há menos circulação de papel-moeda entre os bancos, menos lançamentos na conta Reserva dos bancos e facilita a identificação de eventuais diferenças por haver resulta-dos parciais com cada par de bancos remetente x desti-natário envolvido.

Compensação de Cheques

O cheque é um documento em que você, emissor, pro-mete pagar ao portador o valor nele constante. Para efeito de horários-limite para envio dos documentos, os cheque são classi-ficados em:

• Cheque menor: cheques cujo valor está abaixo ou igual ao do valor limite estipulado pelo executante.

• Cheque maior: cheques cujo valor está acima do valor limite estipulado pelo executante.

Atualmente o valor limite está em R$299,99.

Pela percepção do emissor e do portador do cheque:

• Saque: esse portador poderá apresentar o cheque junto ao caixa do banco onde você possua conta e este entre-gará o dinheiro debitando sua conta-corrente.

• Depósito: o portador deposita o cheque na conta-cor-rente dele em outro banco. O saldo da conta do por-tador será creditado com o valor correspondente ao cheque mas ficará bloqueado para saques por 24 ou 48 horas, dependendo do seu valor, ou mais dias depen-

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dendo da distância entre a agência onde ocorreu o depósito e a agência do emissor do cheque. No seu extrato aparecerá apenas um lançamento de crédito por depósito em cheques. O valor será pela somatória caso haja mais de um cheque depositado.

• Saldo bloqueado: o portador só poderá sacar de sua conta-corrente o valor correspondente ao cheque depo-sitado após um período chamado de bloqueio. Esse prazo é o tempo necessário para que o banco onde você possui conta possa receber o cheque que você emitiu e verificar a veracidade da assinatura e disponibilidade de saldo em sua conta-corrente. Se houver algum pro-blema, o cheque será devolvido ao banco remetente que providenciará o estorno do depósito na conta-cor-rente do portador do cheque que o depositou. Esse prazo depende do valor do cheque e da câmara de compensação.

• Valor limite: A rigor, o prazo de desbloqueio depende do valor. Acima de um valor o desbloqueio é de 24 horas, isto é, depositando hoje, na noite do dia seguinte o valor dele torna-se disponível para saque na conta do depositante caso o cheque não seja devolvido. Abaixo desse valor o prazo é de 48 horas. Caso a praça da agência do cheque seja distante da agência deposi-tante, esses prazos podem se ampliar mais. Voltando ao valor limite, este sofre atualizações em função da desvalorização da moeda. Num passado não muito dis-tante isso já foi freqüente.

Pela percepção da instituição onde o cheque foi depositado:

• Para o banco que recebe um cheque de outro banco para ser depositado em uma de suas contas correntes, o cheque é um documento onde a instituição remetente está solicitando que o destino pague-lhe o valor cons-

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tante no cheque, pois este valor será creditado na conta do cliente depositante. É um documento que debita a reserva do banco destino e credita a reserva do banco remetente.

• Desdobramento de cheques: após o caixa registrar o crédito na conta-corrente depositária, imediatamente ou num momento posterior, os detalhes dos cheques depositados devem ser capturados para possibilitar a geração do arquivo de Nossa Remessa de cheques e relacioná-los ao respectivo depósito. É por esse motivo que é solicitado o preenchimento da agência e conta onde o cheque será depositado em seu verso.

• Cheques da própria instituição não deveriam ser envia-das à compensação por 2 motivos:

s Se o portador apresentou um cheque do banco no próprio caixa, este poderia efetuar um saque ou depositar na conta-corrente do portador em dinheiro, pois os dados da conta-corrente do emi-tente do cheque estão disponíveis para averiguação.

s Enviar um cheque do próprio banco na Nossa Remessa significa que receberíamos o mesmo cheque no arquivo da Sua Remessa, uma vez que o banco destino é o próprio remetente. Além de pagar tarifa pela circulação do documento pela compensação, aumentaria o volume de processamento sem neces-sidade. A única justificativa poderia ser o de apro-veitar a logística de troca de documentos de pontos distantes do território.

• Recolhimento de cheques: o caixa entrega ao res-ponsável da compensação de documentos os cheques com a devida autenticação na bobina.

• Arquivo de Nossa Remessa de cheques maiores é

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enviado ao Banco do Brasil na mesma noite do depósito. O arquivo contendo cheques menores poderá seguir até a madrugada seguinte ao do dia do depósito. Por isso da diferença de prazos de desbloqueio de saldo. Prioriza-se a compensação de cheques de alto valor enviando-os primeiro, permitindo que os cheques de menor valor, muito mais numerosos, possam ser digi-tados e/ou processados num segundo momento com maior margem de tempo.

• Os documentos devem ser enviados em prazos próximos aos dos arquivos.

O Banco do Brasil recepciona os arquivos de Nossa Remessa de todos os bancos remetentes, reagrupando-os e gerando em cada arquivo de Sua Remessa documentos do mesmo destinatário. Dessa forma, cada arquivo da Nossa Remessa terá cheques de vários outros bancos depositados no mesmo reme-tente (um remetente e vários destinos). Já no arquivo da Sua Remessa, o banco destino receberá apenas cheques que seus clientes emitiram e foram depositados em várias instituições remetentes (um destino e vários remetentes).

Percepção da instituição onde o emissor do cheque possui conta:

• No banco destino, o sistema de conta-corrente realiza a leitura de seu arquivo de Sua Remessa Troca para pro-ceder aos débitos na conta do seu cliente emissor do cheque.

• Caso haja insuficiência de saldo ou inexatidão da assina-tura, por exemplo, o cheque é devolvido com carimbo no verso, mencionando o motivo de devolução. A conta recebe um estorno voltando a creditar o seu saldo. Em algumas devoluções incidem a cobrança de tarifas que podem ser cobradas do cliente cujo cheque foi devol-

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vido. Por cortesia, alguns gerentes de contas nos bancos entram em contato com seus clientes a fim de evitar tais devoluções, solicitando cobertura do saldo por exemplo.

• As informações do cheque devolvido devem ser idênticas às informações recebidas no arquivo de sua remessa troca original mais o motivo de devolução. Elas devem constar do arquivo de Nossa Remessa Devolução enviada ao executante.

O executante recepciona todos arquivos de Nossa Remessa Devolução e reagrupa-os em arquivos de Sua Remessa Devolução. Dessa forma, cada arquivo da Nossa Remessa Devolução pos-suirá apenas cheques emitidos pelos clientes do banco destino e que foram depositados em várias instituições (um destino e vários remetentes). Já no arquivo da Sua Remessa Devolução, haverá um remetente e vários destinos, uma vez que são os mesmos cheques enviados na nossa remessa troca mas que estão sendo devolvidos pelos bancos onde o emissor do cheque possui conta.

Percepção da instituição onde o cheque foi depositado:

• No banco remetente, o sistema de conta-corrente rea-liza a leitura do arquivo de Sua Remessa Devolução para proceder aos estornos do depósito referente aos cheques devolvidos.

• O cliente da conta depositada é notificado do cheque devolvido e convidado a retirá-lo na agência. O cliente pode reapresentar o mesmo cheque apenas mais uma vez, isto é, depositá-lo novamente apenas mais uma vez. Após a 2ª devolução, caso ocorra novamente, o cheque não pode mais ser enviado pela compensação.

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Compensação de Doc’s

O doc é um documento que envia recursos de um banco (remetente) a favor de uma conta-corrente em outro banco (des-tinatário). O banco remetente será debitado em sua reserva e o destino receberá um crédito.

O crédito na conta-corrente do banco destinatário ocorre na noite do mesmo dia do envio a partir do banco remetente.

Obrigatoriamente deve existir uma conta a ser creditada.No banco remetente, o recurso pode ter origem em

dinheiro ou débito em conta-corrente de seu cliente.Atualmente, é obrigatório o fornecimento do cpf/cnpj do

remetente e do destinatário. Em relação à coincidência ou não do remetente e do destinatário, temos dois tipos de doc:

• Doc D: transferência de recursos do mesmo titular, isto é, o titular da conta debitada é o mesmo da conta cre-ditada. Nesse caso, o débito é isento de CPMF pois não há troca de titularidade do recurso.

Só é permitida a transferência por doc D para contas conjuntas caso tanto a conta a débito quanto a crédito sejam pertencentes aos mesmos titulares. No seu res-pectivo arquivo da compensação, devem ser menciona-dos o 1º e 2º titulares, um como remetente e o outro como destino.

Existe uma exceção prevista em lei quanto à isenção da cobrança da CPMF pela emissão do doc D para dife-rentes titulares somente se utilizado com a finalidade 03, destinada para pagamento de ajustes em bolsa.

• Doc E: remessa de recursos de um titular para outro titular. Nesse caso, a regra geral é da incidência do CPMF no débito da conta-corrente do remetente por haver mudança de titularidade.

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O doc é emitido a partir de:

• Solicitação do cliente na boca do caixa, em dinheiro ou débito em sua conta-corrente. Nesse caso é cobrado do cliente uma tarifa. O valor cobrado nessa tarifa desin-centiva o envio de doc’s de baixo valor.

• Solicitação interna do banco, como pagamento de des-pesas, resgate de aplicações e liberação de empréstimos. O banco remetente terá financeiramente um débito em sua conta reserva junto ao Banco Central. Contabil-mente, a origem do recurso é debitada contra a carteira do produto que é o fato gerador dessa transferência.

O doc é truncado na instituição remetente. Seu respectivo arquivo de Nossa Remessa Troca é enviado ao executante à seme-lhança dos cheques.

O executante reagrupa em arquivos de Sua Remessa Troca com doc’s do mesmo destinatário.

O destinatário recebe e processa o arquivo de Sua Remessa Troca a fim de creditar a conta adequada. Caso a conta a ser cre-ditada não exista, esteja inativa, ou nos casos de doc D o cpf/cnpj não confiram com o(s) titular(es) da conta, entre outros moti-vos, o banco devolverá esse doc gerando um arquivo de Nossa Remessa Devolução, enviando-o ao executante.

O executante reagrupa todos os doc’s devolvidos com o mesmo remetente em cada arquivo que é enviado ao banco que emitiu originalmente o documento.

O remetente processará esse arquivo providenciando o estorno do débito pelo envio do doc na conta-corrente reme-tente. Caso a remessa tenha sido feita em dinheiro, não há conta-corrente remetente a ser estornada. É por esse motivo que algumas instituições, nesses casos, ao enviarem o arquivo de Nossa Remessa Troca, preenchem os dados do cliente nos campos de remetente e enviam a conta debitada com o número

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de uma conta de controle do banco. Essa conta receberá todos os créditos dos doc’s devolvidos cuja emissão foi feita em espé-cie. Todos créditos nessa conta referem-se, portanto, à necessi-dade de localizar seus emissores a fim de regularizar a situação de tais recursos. Sendo isto feito, essa conta receberá o débito para reemissão do doc, ou saque pela devolução ao cliente que pagou em dinheiro pela emissão original.

Os códigos de finalidade possíveis de serem utilizados na emissão do doc E são os seguintes:

01- Crédito em Conta-Corrente

02- Pagamento de Aluguel/Condomínios

03- Pagamento de Duplicadas/Títulos

04- Pagamento de Dividendos

05- Pagamento de Mensalidades Escolares

06- Pagamento de Salários

07- Pagamento de Fornecedores/Honorários

08- Operações de Câmbio/Fundos/Bolsas de Valores

09- Repasse de Arrecadação/Pag. de Tributos

10- Transferência Internacional em reais

11- DOC para Poupança

12- DOC para Depósito Judicial

13- Pensão Alimentícia

14- Restituição de Imposto de Renda

99- Outros

Os códigos de finalidade possíveis de serem utilizados na emissão do doc D são os seguintes:

01- Crédito em Conta-Corrente

02- Crédito em conta de poupança/depósito judicial

03- Pagamento de ajustes em bolsa

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Compensação de Bloquetes de Cobrança

Conhecido também por bloqueto de cobrança ou ficha de compensação, é um documento que visa enviar recursos de um banco a favor de outro. O banco origem é debitado em sua reserva a favor do crédito na reserva do banco destino.

A diferença em relação ao doc é o motivo e o processo anterior ao do dia em que é efetivamente pago. O doc é emi-tido pelo banco remetente no dia em que ele é enviado para compensação. O bloquete é emitido pelo banco destino antes do dia efetivo do seu pagamento.

Exemplificando, uma empresa A fornece um produto ou serviço para empresa B e vários outros clientes. Em geral a cobrança é feita vários dias após a compra ou prestação do ser-viço. Caso possua clientes numa vasta área geográfica, ou para não exigir uma infra-estrutura de cobrança porta em porta de seus vários clientes, a empresa A entrega os títulos (em que seus clientes se comprometem a pagar-lhe) ao banco C onde ela é correntista.

O banco prestará o serviço de cobrança à empresa A da seguinte forma:

• Receberá esses títulos agrupados em borderôs de cobrança (um protocolo de que foi entregue uma quan-tidade de títulos com uma determinada somatória financeira).

• Os títulos serão digitados ou incorporados por meio de arquivos eletrônicos no sistema de cobrança do banco C.

O sistema de cobrança emitirá as fichas de compensação contendo informações tais como:

• Código de compensação do banco C a partir do qual qualquer instituição remetente conseguirá enviar-lhe o documento.

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• Data de vencimento do bloquete. Até essa data a empresa B poderá pagar em qualquer agência bancária cuja instituição participe da compensação.

• Valor a ser pago até o vencimento.

• Código da empresa A que será a beneficiada final do pagamento. É mencionada como cedente para identificação dentro do sistema de cobrança.

• Número do bloquete, único e suficiente para identifi-car o título dentro do sistema de cobrança.

• Instruções de cálculo de juros e multa no caso de atraso do pagamento.

• Instruções de desconto no caso de antecipação do paga-mento.

• Nome e endereço da empresa B que passará a ser men-cionada como “Sacado” dentro do documento.

• Código de barras contendo as principais informações de identificação acima mencionadas.

O banco A enviará pelo correio o bloquete à empresa B e todos os demais clientes da empresa A.

A empresa B manterá em seus registros de pagamentos agendados até o dia do vencimento.

No dia do vencimento, a empresa B pagará o bloquete em qualquer agência bancária do país participante da compensação de documentos.

Se for pago em alguma agência do banco C, este terá condições de encaminhar o bloquete ao sistema de cobrança que providenciará a baixa do título.

Se for pago em alguma agência de outro banco, D por exemplo, este receberá o dinheiro ou debitará a conta da empresa B caso seja correntista desse banco. O banco D enviará o recurso

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ao banco C com os dados do código de barra do bloquete, que possui as informações necessárias para que o sistema de cobrança do banco destinatário possa identificar e providenciar a baixa do título.

Como o banco remetente está enviando recursos (será debitado em sua conta reserva), em geral, este não aceitaria que a empresa B pagasse com cheque de uma terceira instituição, pois correria o risco de mandá-lo à compensação e este voltar por algum motivo. O banco D teria, nesse cenário, um débito pelo envio do bloquete e, um crédito pelo envio do cheque com a possibilidade de ser estornado numa eventual devolução.

No banco C, o processo final é o repasse ao cedente (crédito na conta-corrente da empresa A) após o floating nego-ciado entre este e o banco. Floating é o intervalo entre o dia que o banco recebe o crédito em sua reserva pela compensação do bloquete e o dia efetivo de crédito a favor do cedente.

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Reestruturação do SPB

Compensação de DocumentosPelo cenário já exposto, a compensação é uma das áreas

mais afetadas pela reestruturação promovida pelo SPB. O resul-tado líquido de cada instituição, pela troca de documentos da compensação, é encaminhado pelo Banco do Brasil, na quali-dade de executante ao Banco Central, para liquidação na conta Reservas Bancárias em duas parcelas:

• Compe noturna: lançada por volta de 6:30h do dia seguinte ao da troca de documentos de cheques de valor maior, doc’s e bloquetes, além de ordens bancárias originadas pelo Tesouro Nacional.

• Compe diurna: lançada na conta Reservas Bancárias por volta de 18:30h com o resultado da troca diurna desse dia, composto por:

s Cheques de valor menor trocados na noite anterior.

s Transferências interbancárias apuradas por empresas de cartões de crédito e prestadoras de serviços ban-cários.

Segundo dados do Banco Central divulgados em seu site, em documento atualizado em março de 2002, analisando o

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período de abril a julho de 2000, os débitos na conta Reservas Bancárias pelo resultado da Compensação pela Compe diurna giraram em torno de R$5,1 bilhões mensais (R$ 250 milhões por dia). Pelo total (Compe diurna e noturna) essa média mensal ficou em torno de R$54,4 bilhões (R$ 2,6 bilhões por dia).

Atentemos ao fato de que estes débitos já são resultados da troca de documentos, isto é, já foram descontados os devidos créditos a favor de cada banco para efeito de determinar o mon-tante do débito.

Se considerarmos apenas os valores a débito ANTES de compensados com seus respectivos créditos, a média mensal sal-taria para impressionantes R$ 305,5 bilhões, distribuídos da seguinte forma:

Documentos Débitos mensais Percentual Cheque ............................ 144,6.....................................47,33% Doc....................................112,7.....................................36,89% Bloquete ................................ 41,4 ......................................13,55% Cartões de crédito ...................... 2,3* .........................................0,75% Outros.................................. 4,5* .........................................1,47% Total ...................................305,5.................................. 100,00%

* valores estimados pelo BC

Se não fossem os créditos a favor das instituições para apuração do resultado antes do débito em suas posições de reserva, os débitos seriam infinitamente maiores.

No caso de inadimplência de alguma instituição, o fato de não honrar seus débitos representa a ausência do crédito no resul-tado das outras instituições. O risco sistêmico está em contami-nar por efeito cascata os demais participantes da compensação.

A fim de que o Banco do Brasil não tenha de arcar com a garantia da liquidação de todos os participantes, e muito menos o Banco Central, a transferência em tempo real será cada vez mais incentivada.

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Compensação de cheques e doc’s x TED

Os cheques e doc’s contribuem com mais de 84% de todo resultado da Compe, considerando os valores acumulados para o mesmo período. Dentre eles, ainda poderíamos notar que a absoluta maioria de documentos (98,8% dos cheques e 85,3% dos doc’s) se tratavam de valores inferiores a R$5 mil, enquanto que a minoria em termos de quantidade (os restantes 1,2% de cheques e 14,7% dos doc’s), de valores superiores a R$5 mil, representavam quase 70% do valor total compensado (R$ 399,1 bilhões ou 69% do valor total dos cheques, e R$433,6 bilhões ou pouco mais de 96% do valor total dos doc’s).

A fim de diminuir a importância da Compe e o risco sistêmico, a partir da implantação do SPB passam a ser retiradas da compe a circulação de:

• Documentos que permitem serem migrados em prol da transferência direta de recursos entre as instituições (TED – transferência eletrônica de disponibilidades).

• Resultados apurados por administradoras de cartões de crédito e prestadoras de serviços à rede bancária.

• Liquidação de obrigações junto a instituições financei-ras oficiais, Tesouro Nacional por exemplo.

No caso de doc’s e cheques de valores expressivos, a migração para o uso da TED depende dos clientes e correntistas dos bancos optarem por tal tipo de liquidação.

Para que estes sejam incentivados a adotar tal medida, o Banco Central criou um mecanismo que desincentivará os bancos a enviarem doc’s e compensarem cheques de valores expressivos que por sua vez provavelmente oferecerão tarifas dife-renciadas aos clientes.

Deve-se ter com clareza o seguinte:

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• Esse valor “expressivo”, atualmente R$5 mil reais, está baseado nas estatísticas mencionadas nesse tópico cujos percentuais são considerados suficientes para diminuir a importância sistêmica da compensação.

• Não está vedada a emissão de cheques e doc’s acima desse valor. O Banco Central apenas desincentivará o uso destes por mecanismos que detalharemos adiante.

• No dia 22 de abril foi acordado entre os bancos e a Febraban trocarem transferências em tempo real acima de R$5 milhões com o intuito de não congestionar, num primeiro momento, o sistema de troca de mensa-gens que estava sendo implantado. Esse patamar já foi diminuído para um milhão de reais e depois para cem mil reais, com a previsão de gradualmente chegar aos documentos de quaisquer valores por opção do cliente.

• As medidas de desincentivo ao uso de cheques e doc’s de valor expressivo passam a vigorar a partir do mês de novembro de 2002.

• Só reforçando, a TED também poderá ser feita para valores abaixo de cinco mil reais. O Banco Central apenas incentiva que acima desse valor o uso do cheque e doc seja substituído.

Depósito Prévio da Compe É por meio desse recurso que o uso de doc’s e cheques

será desincentivado pelo Banco Central. Conforme as circulares número 3.103 e 3.141, um valor calculado baseado na média de doc’s e cheques trocados na compensação a partir de agosto de 2002 deverá ser reservado diariamente por cada instituição. Também é considerada a média de cheques e doc’s trocados no período de 1o de fevereiro de 2001 a 28 de fevereiro de 2002 em dois blocos de intervalo.

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O método de cálculo é o seguinte:

1. Coletar o valor total diário de cheques da sua remessa cujo valor seja maior ou igual a R$5.000,00.

2. Coletar o valor total diário de cheques da nossa remessa devolução cujo valor seja maior ou igual a R$5.000,00 e cujo motivo seja:

s 20 – folha de cheque cancelada por solicitação do correntista.

s 24 – bloqueio judicial ou determinação do Banco Central.

s 25 – cancelamento de talonário pelo banco sacado.

s 30 – furto ou roubo de malotes.

3. Calcular a média aritmética dos valores totais diários de cheques da sua remessa (item 1) subtraído dos valores totais diários de cheques devolvidos da nossa remessa (item 3) durante 2 semanas úteis (4a feira da primeira semana até 3ª feira da terceira semana totalizando no máximo 10 dias úteis se não houver feriado).

4. Calcular a média diária da mesma forma acima para o período de 1º de fevereiro de 2001 a 31 de janeiro de 2002.

5. Calcular a média diária da mesma forma para o período de 1º de março de 2001 a 28 de fevereiro de 2002.

6. A maior média obtida entre o item 4 e 5 deve ser multiplicado pelo percentual de dedução definido pelo Banco Central para cheques.

7. Comparar o resultado do item 6 com o obtido no item 3. O menor entre eles deve subtrair o valor do item 3. Se negativo, o resultado é zero. Essa é a exigibilidade a ser depositada para o cheque.

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8. Critério semelhante deve ser feito ao cálculo de doc, exceto que não há dedução por devolução em nenhuma hipótese.

9. A soma dos itens 7 e 8 deve ser recolhida toda manhã como depósito prévio da compensação a partir da 2a feira seguinte ao do final do período de cálculo durante uma semana.

10. Adicionalmente, informar por mensagem específica para tal fim, o valor de cheques e doc’s obtidos no item 3 ao Banco Central até a 4a feira seguinte ao do período de cálculo.

11. A cada semana de deslocamento, repetir os processos 1 a 10. Dessa forma, cada dia de compensação será base de cálculo para 2 semanas de recolhimento (cálculo de 2 semanas móveis).

Isso significa que toda manhã, até às 9:30 de cada dia útil, o banco terá de manter indisponível um valor correspondente à garantia de honrar seus débitos na compensação (doc’s da nossa remessa e cheques da sua remessa), independentemente de outras instituições financeiras. Repare que como não são considerados os créditos a favor do banco, o valor dos débitos tendem a ser alto, penalizando os bancos cujos correntistas insistam em emitir cheques e doc’s de alto valor. Apesar da dedução obtida por alguns cheques devolvidos, aqueles de maior incidência (insuficiência de saldo) não estão relacionados. Dessa forma, mesmo a maioria dos cheques e a totalidade dos doc’s devolvidos comporão o cálculo do depósito prévio da compensação. Prova-velmente os bancos desincentivarão seus clientes, por meio de tarifas, ao uso de documentos de alto valor, e a devolução dos mesmos terá penalização maior ainda que atualmente já sofre.

Quanto aos critérios, existe um cronograma de redução desses índices de dedução da média aritmética para doc’s e

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cheques com o intuito de que o efeito seja suavizado no decorrer do tempo. O valor de R$5.000,00, como já mencionado, é o suficiente para diminuir a importância do resultado da compensação no primeiro momento, mas um precavido desenvolvedor de sistemas parametrizaria esse valor. Os critérios para os primeiros períodos de cálculo são os seguintes:

1. Início do período de cálculo

2. Final do período de cálculo

3. Data limite para informar o BC

4. Início do período de retenção do valor informado

5. Final do período de retenção do valor informado

6. Percentual de dedução da base de cálculo de cheque

7. Percentual de dedução da base de cálculo de doc

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)

06/11/02 19/11/02 20/11/02 25/11/02 29/11/02 80 50 13/11/02 26/11/02 27/11/02 02/12/02 06/12/02 80 50 20/11/02 03/12/02 04/12/02 09/12/02 13/12/02 60 40 27/11/02 10/12/02 11/12/02 16/12/02 20/12/02 60 40 04/12/02 17/12/02 18/12/02 23/12/02 27/12/02 50 30 11/12/02 24/12/02 26/12/02 30/12/02 03/01/03 50 30 18/12/02 31/12/02 02/01/03 06/01/03 10/01/03 50 30 26/12/02 07/01/03 08/01/03 13/01/03 17/01/03 40 20 02/01/03 14/01/03 15/01/03 20/01/03 24/01/03 40 20 08/01/03 21/01/03 22/01/03 27/01/03 31/01/03 40 20 15/01/03 28/01/03 29/01/03 03/02/03 07/02/03 30 10 22/01/03 04/02/03 05/02/03 10/02/03 14/02/03 30 10 29/01/03 11/02/03 12/02/03 17/02/03 21/02/03 30 10 05/02/03 em diante 20 3

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Mensageria do SPBUm dos maiores impactos dessa reestruturação, além dos

motivos já mencionados, é a forma com que as informações passam a ser trocadas entre Banco Central, Tesouro Nacional e instituições financeiras de todo o país.

Antes da reestruturação, o Banco Central disponibilizava acesso a seus sistemas por meio de terminais diretamente ligados a seus computadores, o mesmo ocorrendo com o SELIC e o CETIP. Por tais canais eram enviados e recebidos estatísticas, operações dos mais variados mercados, informações dos papéis negociados, entre outros.

Com o SPB, tal comunicação passa a ocorrer em quase sua totalidade por meio da mensageria através de canais próprios interligando fisicamente todos participantes homologados pelo Banco Central ao RSFN – Rede do Sistema Financeiro Nacional.

A troca de mensagens foi padronizada no formato XML (eXtensible MarkUp Language) pelo seguinte fluxo geral:

• Mensagem de Estímulo – um participante requisita uma operação ou passa uma informação para um ou mais participantes da RSFN enviando essa mensagem.

• Mensagem de Resposta ao Requisitante – o requisitante recebe essa mensagem informando o estado atual de sua solicitação. Identificado pelo código da mensagem de estímulo mais o sufixo R1.

• Mensagem de Resposta a Terceiro – o beneficiado ou destino da mensagem de estímulo recebe essa mensa-gem. Identificado pelo código da mensagem de estí-mulo mais o sufixo R2.

• Mensagem de Resposta a Notificado – recebida por um terceiro participante que não o beneficiado da mensagem R2. Pelo contexto ou indiretamente

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envolvido na operação, esse participante deve ser notificado. Identificado pelo código da mensagem de estímulo mais o sufixo R3.

• Mensagem de Erro – recebida pelo requisitante em resposta a uma mensagem de estímulo com qualquer tipo de erro. Identificado pelo código de mensagem de estímulo mais o sufixo E.

Via de regra, a instituição que gerar a mensagem de estímulo deve concluir seu processo apenas com o recebimento da mensagem de resposta R1 ou mensagem de erro a fim de garantir que sua solicitação foi acatada ou ignorada.

Outra premissa da mensageria é de que, nos casos em que a mensagem sensibiliza financeiramente a posição do banco, a instituição é única e exclusiva requisitante de débitos de sua própria reserva. O Banco Central, o Tesouro Nacional e as câmaras de pagamento têm poder apenas de notificar a neces-sidade de transferência de recursos, mas em nenhuma hipótese eles têm o poder de efetuar débito na reserva das instituições. As instituições que receberão crédito sempre terão uma posição passiva de espera da mensagem R2 a fim de garantir a conclusão de sua operação. Os créditos em sua reserva são feitos compulso-riamente.

A fim de organizar a complexa e extensa lista de combinações de mensagens, estas foram organizadas em grupos de serviço cujos códigos de mensagem possuem os seguintes prefixos padronizados:

• CIR – movimentação de numerário em espécie, por exemplo, sacando/depositando dinheiro das agências contra/favor da Reserva Bancária.

• RCO – recolhimento de depósito compulsório, trans-ferindo disponibilidades da reserva livre para a reserva legal e vice-versa.

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• SLB – Pagamentos devidos ao Banco Central por exemplo.

• STN – Pagamentos devidos ao Tesouro Nacional.

• STR – Transferência de recursos entre instituições sensibilizando a reserva em tempo real.

• PAG – Transferência de recursos entre instituições por intermédio da câmara de liquidação CIP.

• SEL – Liquidação das operações e movimentação da custódia de títulos de renda fixa de emissão pública federal.

• RDC – Redesconto de títulos públicos, isto é, um tipo de “empréstimo” concedido pelo Banco Central ao banco participante mediante vinculação de títulos como garantia.

• LDL – Troca de informações e liquidação com as câmaras pelo resultado líquido.

• LTR – Liquidação de operações pelo valor bruto com intermédio das câmaras de liquidação.

Piloto de Reservas

Para viabilizar a troca de mensagens do banco com a RSFN, as instituições desenvolveram ou contrataram sistema específico para tal fim.

O piloto de reserva controlará o saldo da reserva e auto-rizará o envio das mensagens à rede. Concentrará o envio e o recebimento das mensagens. Portanto, é com ele que os demais sistemas devem trocar informações.

Para gerar e receber tais mensagens, os demais sistemas foram alterados para agilizar o processo de troca de informações a fim de diminuir a redigitação e intervenção manual por meio

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de uma agressiva política de integração de sistemas em tempo real. Esse foi o grande desafio: integrar em tempo real todos os sistemas dentro de um banco, e este em tempo real com os demais bancos via mensageria do Banco Central. E todos sendo implantados em regime de produção no mesmo dia no país todo!!!!!

Acredito que precisaria até preparar um segundo volume deste presente trabalho sob a ótica de interesse maior a desenvolvedores de sistemas por se tratar de assunto extremamente técnico. É impossível detalhar mais sem o envolvimento e conhecimento de sistemas pois o SPB já nasceu com um alto grau de automação de processos.

De qualquer maneira, maiores informações podem ser obtidas também no site do Banco Central que mantém dis-ponível documentação a respeito da mensageria.

SELIC

A negociação de títulos de renda fixa continua sendo da forma já mencionada anteriormente. O que difere é a forma com que o SELIC passa a receber a informação.

Antes do SPB, os responsáveis pelo lastro da operação (lastrear, nesse contexto, significa detalhar e notificar o SELIC com os dados da operação) digitavam no terminal ligado aos computadores centrais e redigitavam a mesma informação no sistema interno do banco a fim de atualizar seus controles internos.

Com o SPB, a figura dos terminais ligados aos computadores centrais desaparece. O lastreador digita apenas em seu sistema interno que ficará responsável por enviar a mensagem de estímulo à RSFN via sistema piloto de reservas. Com esse processo, ele atualiza tanto seus controles internos

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como sensibiliza a operação no SELIC. Outro aspecto importante é o da sensibilização da

Reserva. Pelo processo anterior, somente no final do dia o resultado líquido de todas operações do banco afetava seu saldo na Reserva Bancária. Dessa forma, operações de crédito confrontadas com as de débito diminuíam a necessidade de disponibilidade. A partir do SPB, caso a operação seja correspondida pela contraparte, a ponta devedora tem sua reserva IMEDIATAMENTE debitada, e a credora o inverso. Passa a ser extremamente importante o adequado “casamento” de operações de fluxos financeiros invertidos a fim de não exigir uma disponibilidade de reserva alta em nenhum momento do dia ou por extenso período de tempo. Uma vez enviada uma mensagem de estímulo referente a uma operação, haverá um intervalo de tempo em que essa men-sagem espera a correspondência por meio da mensagem de estí-mulo de mesmo número de comando da contraparte. Se esse tempo exceder um intervalo definido pelo Banco Central a men-sagem de estímulo original “cai”, isto é, perde validade, sendo necessário o reenvio dessa mensagem.

Câmaras de Liquidação

Participantes da RSFN com a finalidade de viabilizar a liquidação das instituições financeiras por meio de mecanismos que evitem os débitos e créditos diretamente em sua Reserva Bancária a cada operação. Também possuem modalidades de liquidação pelo valor bruto, isto é, individualmente a cada operação.

Outra característica é a presença de “janelas” de liquidação, isto é, intervalos de tempo específicos para o atendimento de passos necessários à liquidação de todas operações em conjunto, por exemplo, uma janela para informar quais serão as possíveis

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liquidações, outra para concordar ou discordar das informações recebidas, outra para efetuar os pagamentos e uma última para receber os créditos. Caso uma dessas janelas tenha problemas de divergência de informações ou inadimplência no pagamento dos débitos, os horários podem ser estendidos, as janelas postergadas, ampliadas e até voltar ao ciclo de uma janela anterior em situações extremas.

As câmaras podem ser exclusivamente para transferência de recursos, caso da CIP, Central, Tecban, ou também controlarem lastro e movimentação de papéis, caso da CETIP, CBLC e BM&F, por exemplo.

O mecanismo das câmaras quanto à informação das operações continua semelhante à estrutura anterior, isto é, con-tinua a ser necessária a dupla digitação em seus terminais e nos sistemas de controle interno do banco. Ao final de uma das jane-las, o resultado deve ser confrontado com as informações inter-nas enviadas pela câmara ao banco e confirmadas ou divergidas: o chamado “NET” de operações. Não há mensagens de estímulo pelas operações efetuadas, apenas mensagens debitando a reserva do banco em favor da posição da câmara mediante confirmação do resultado enviado pela câmara ao banco na janela anterior.

TED – Transferência Eletrônica Disponível

É a modalidade de efeito mais visível do SPB ao grande público. Tem fluxo operacional semelhante ao de um doc pois o processo é iniciado pelo cliente num banco com a finalidade de creditar uma determinada conta em outro banco. A diferença é:enquanto num doc somos informados que o dinheiro estará disponível em nossa conta na mesma noite, com efeito prático de poder sacá-lo na conta destino apenas na manhã seguinte, a TED disponibilizará o dinheiro quase imediatamente na conta

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do banco destino após o envio no banco remetente.Para o banco remetente significa perda de reserva

imediatamente ao envio da mensagem de estímulo à RSFN. Para o banco destino significa ganho de reserva imediatamente ao recebimento da mensagem R2 com o risco do cliente a qualquer momento solicitar a retirada de tal valor em sua rede de agências. Aqui reside o problema de fluxo de numerário no banco destino pois a agência especificamente onde o cliente for efetuar a retirada pode estar sem numerário suficiente para o saque. Numa situação extrema, o saldo na reserva pode estar já comprometido com outras obrigações.

Existe uma combinação de TED em função da natureza da conta debitada, da conta creditada, da ausência da conta debi-tada ou ausência da conta creditada. Aos correntistas serão divul-gadas as modalidades semelhantes aos atuais doc’s de diferente titularidade (doc E ou C onde pode haver cobrança de CPMF pelo débito em conta-corrente) e de mesma titularidade (doc D onde não incide cobrança de CPMF pelo débito em conta-cor-rente). As demais são destinadas a transferências entre os bancos pois em alguma das pontas (remetente ou destino) pode haver ausência de conta-corrente, debitando ou creditando a reserva do banco mas sem destinar tal dinheiro a nenhuma conta-corrente.

A TED também pode ser enviada por meio de uma câmara de pagamento com as mesmas combinações já mencionadas. As primeiras mensagens são do grupo de serviço chamado STR e as últimas serão enviadas à câmara de liquidação CIP por meio do grupo de serviço PAG.

Uma variação da TED é a TEA (transferência eletrônica agendada) cujo efeito prático é o de registrar na data do movi-mento a liquidação que só será efetivada em outra data.

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Recolhimento do Compulsório

Conforme já abordado, o compulsório é a indisponibi-lização de parte dos recursos dos bancos a fim de atender interesses de política monetária.

O percentual, método de cálculo e valor a ser recolhido podem ser de vários tipos, onde o do depósito prévio da compensação e o que incide sobre o saldo total em conta-corrente são alguns exemplos.

O resultado de tais cálculos passa a ser enviado ao Banco Central através de mensagens de estímulo do grupo de serviço RCO periodicamente. Num segundo momento, a instituição deve comandar a transferência de tal valor de sua reserva livre para a reserva legal também por meio de uma mensagem RCO. O inverso é igualmente verdade.

Pelo grupo de serviço também é possível consultar o cum-primento da exigibilidade e extrato de movimentação.

Meio Circulante

O grupo de serviços CIR permitirá aos bancos enviarem e alterarem a estatística semanal de saques e depósitos a serem efetuados nas dependências do BACEN, as solicitações de saque, solicitações de depósito e consultas em geral.

O envio prévio da estatística semanal correspondente ao dia útil seguinte ao da movimentação até o último dia útil da semana seguinte é obrigatório. Não sendo enviadas, suas solicitações de saque e depósito no BACEN para o período men-cionado serão rejeitadas.

O reenvio da previsão referente ao mesmo dia substitui a anterior. A alteração da previsão referente ao próprio dia de

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movimentação não é permitida.A solicitação de saque pode ser feita em dependências

do Banco Central ou junto a alguma instituição custodiante. No caso de retirada em dependências no Banco Central, a mensagem de solicitação de saque deve ser enviada com 48 horas de antecedência. Prazo menor de antecedência faculta o atendimento do Banco Central conforme sua disponibilidade.

Mensagens do Banco Central

Por meio do grupo de serviço SLB, o Banco Central informará às instituições o valor de multas, tarifas e despesas devidas. As instituições enviarão suas mensagens autorizando o devido débito em sua conta reserva informando a mensagem de notificação do Banco Central.

Créditos a favor das instituições, por exemplo devoluções, serão feitos compulsoriamente pelo Banco Central na conta reserva das instituições mediante notificação.

Mensagens do Tesouro Nacional

Pelas mensagens trocadas no grupo de serviço STN, o Tesouro Nacional notificará valores devidos pelas instituições financeiras, as instituições pagarão os valores devidos e enviarão recolhimento dos mais diversos itens destinados ao Tesouro Nacional: GPS, darf ’s em geral, lançamentos referentes ao INSS, entre outros.

Também é possível consultar as mais diversas informações por meio desse grupo de mensagens.

Bloquetos de Cobrança

Os bloquetos de cobrança não sofrerão mudanças devido

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à sua característica varejista. Em geral se trata de baixos valores (97% dos bloquetos são de valor inferior a cinco mil reais, representando 47,3% do valor total dos bloquetos compensados). Em geral, o pagamento é feito a partir de recursos em conta-corrente que também dependem do crédito pela compensação de doc’s e cheques cujos valores inviabilizam sua circulação pela TED.

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Fluxo Financeiro de alguns produtos

Liquidações em geral

Quando mencionamos liquidação financeira, entendemos a transferência de recursos por meio de mecanismos puramente eletrônicos (mensageria do SPB e lançamentos em conta-corrente via caixa eletrônico, por exemplo) ou por meio de manipulação de documentos (emissão de cheques, envio de doc’s e pagamento de bloquetes, por exemplo).

O envio de uma mensagem de estímulo à RSFN, se envol-ver movimentação financeira, só pode ser de débito na reserva bancária da instituição remetente. Ao débito na reserva bancária do banco remetente, há um correspondente crédito na reserva bancária do banco destino que será notificado. Se a mensagem mencionar número de conta-corrente em qualquer um dos dois bancos, este deve providenciar a respectiva atualização de saldo de seus clientes.

Os documentos compensáveis, como produto final, debi-tam ou creditam a reserva bancária dos bancos envolvidos pelo resultado líquido no dia seguinte à troca dos documentos e arquivos.

A emissão de um cheque envolve o processo operacional de preenchimento e assinatura, num primeiro momento, sua

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apresentação junto ao caixa do banco para saque ou seu depósito em outra conta-corrente, do mesmo banco ou não, para poste-rior compensação e débito.

A emissão do doc envolve o processo operacional de pre-enchimento pelo cliente e a autenticação no caixa. Atualmente os bancos disponibilizam a opção de envio desses doc’s direta-mente pelos caixas eletrônicos ou pela internet. Em todos os casos, o banco gera um arquivo enviado à compensação. Os documentos não são enviados ao banco destino. Os créditos no destino são baseados nos dados do arquivo magnético. Doc cujo remetente é o próprio banco em geral é gerado por meio exclu-sivamente digital.

O pagamento de bloquete se assemelha ao doc em relação ao não envio do documento ao banco destino (truncamento de documentos), ficando retido, e transmitido apenas o arquivo ao banco remetente.

Os lançamentos em conta-corrente podem ter origem a partir de documentos compensáveis ou totalmente eletrônicos cabendo um melhor detalhamento a seguir.

Conta-corrente

É o produto imprescindível a um banco comercial e porta de entrada para a maioria dos clientes, seja por meio da aber-tura pela empresa onde o funcionário recebe seu salário, seja por opção espontânea do correntista.

Após o atendimento a pré-requisitos legais e burocráticos da instituição, o cliente abre uma conta-corrente por meio de um depósito.

Ao cliente, o depósito representa um recurso que ele está confiando ao banco com a promessa de poder utilizá-lo quando e como bem entender. Ao banco, esse serviço prestado é cobrado

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por meio de tarifas de manutenção da conta, talões de cheque, cartões magnéticos, entre outros.

Contabilmente, para o banco é um passivo pois terá de devolver o recurso ao cliente assim que solicitado.

Financeiramente, tal recurso virá por meio de crédito na conta reserva caso o depósito seja feito por meio de doc recebido ou cheque depositado. Outra maneira seria por meio de dinheiro depositado na boca de caixa, acrescentando o valor na posição de caixa do banco. Obviamente o banco utilizará esses recursos a fim de valorizar com vantagens para si, sem prejuízo ao cliente. É um recurso que o banco não necessita remunerar o cliente.

Produto largamente utilizado pelos grandes bancos vare-jistas pelo baixo custo, mas também pela baixa rentabilidade. A rentabilidade deve ser compensada pela escala para ser vantajosa. Aos bancos atacadistas, a conta-corrente é uma comodidade a seus clientes para viabilizar suas operações com outros produtos da instituição.

Lembremos, no entanto, que a somatória dos saldos de conta-corrente compõem base de cálculo de uma das modalida-des de depósito compulsório, isto é, um grande percentual estará indisponível para o banco poder operar.

Os lançamentos em conta-corrente são gerados a partir de:

• Compensação de cheques emitidos pelo cliente e depo-sitados em outros bancos.

• Compensação de doc’s enviados a partir de outros bancos a favor da conta-corrente do cliente.

• Débitos e créditos no caixa pelos mais diversos moti-vos: envio de doc, saque em dinheiro, pagamentos de bloquetes e tributos, envio de transferência eletrônica disponível (débitos), depósito em dinheiro (créditos), entre outros.

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• Lançamentos digitados via internet pelos motivos seme-lhantes aos feitos no caixa quanto aos débitos.

• Lançamentos gerados por sistemas internos do banco, aplicações e resgates, estornos e acertos por lançamen-tos indevidos, por exemplo.

Uma observação quanto aos depósitos em cheque é que tal valor é acrescentado como saldo bloqueado pelo tempo neces-sário para confirmação da compensação do cheque, conforme mecanismo já estudado. Após esse prazo, o saldo é desbloque-ado, isto é, passa a permitir ser retirado em espécie da conta-corrente onde o cheque foi depositado.

Alguns bancos varejistas estão implantando novos canais de captação de recursos em conta-corrente e prestação de ser-viços como pagamento de contas: estabelecimentos comerciais, supermercados, lojas lotéricas e agências do correio. Em média, tais convênios representam 8% do custo para se instalar uma agência bancária. O atrativo dos bancos varejistas em aumentar sua malha de captação é a escala imprescindível no seu modelo de negócio.

Operações de Crédito – Empréstimos

Quem necessita de recursos contrata um empréstimo junto ao banco. Alguns exigem que este seja cliente, outros não. Também depende do volume envolvido e do tipo ou carteira contratada.

No CDC (crédito direto ao consumidor) os valores libe-rados são menores e as exigências também. Muitas financeiras rivalizam com os bancos nesse setor ou são uma empresa à parte dentro do conglomerado. Em geral, compra de eletrodomésti-cos, materiais de construção e veículos são financiados por essa modalidade de empréstimo.

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Em valores mais altos, as exigências são maiores. Em geral, deve ser cliente ou manter reciprocidade, isto é, outras operações que garantam tais empréstimos. De qualquer maneira, o banco avalia o cadastro do cliente a partir de históricos inter-nos próprios e outros órgãos externos. O hot money, emprés-timo de curto prazo de um dia em geral, faz parte desse tipo de empréstimo voltado principalmente a pessoas jurídicas.

Uma vez aprovado, o empréstimo é liberado em uma das formas de liquidação. O cliente se compromete a devolver o recurso em uma ou mais parcelas: liquidação das parcelas.

Nessa operação, a somatória do valor devolvido será tão maior quanto for o tempo e a taxa de juros negociada. Se atre-lado a uma correção monetária, a liquidação das parcelas estará condicionada ao índice utilizado.

Leasing

Semelhante a um aluguel por um determinado período de tempo só que com opção de aquisição definitiva ao final desse período pelo valor residual depreciado pelo tempo de uso.

Esse valor residual pode ser pago junto às parcelas se o cliente antecipadamente optar por adquirir o bem definitiva-mente. Nessa modalidade, assemelha-se muito ao mecanismo de empréstimo quanto à cobrança da taxa de juros e parcelamento da liquidação.

As taxas de juros são mais baixas que um financiamento, uma forma de incentivo à produção.

Muito utilizado por empresas com itens de rápida defasa-gem tecnológica, depreciação ou desgaste pelo seu uso intensivo tais como frotas de veículos e aviões, computadores e maquinaria fabril.

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Finame

O Banco Nacional de Desenvolvimento, BNDES, incen-tiva setores produtivos por meio de empréstimos a juros mais baixos e regras pré-estabelecidas e padronizadas.

O BNDES repassa recursos aos bancos que por sua vez emprestam às pessoas jurídicas. Nesse caso o banco intermedia-dor está captando recursos do BNDES e está emprestando ao seu cliente.

Posteriormente o cliente terá de liquidar o empréstimo e o banco terá de devolver ao BNDES.

Descontos

De forma geral, os descontos são uma antecipação do dinheiro que o solicitante pretende receber por meio de títulos que seus sacados pagarão ou cheques pré-datados que poderão ser depositados no dia do vencimento.

A partir do valor nominal do título ou do cheque, o banco credita a conta do cedente com o valor diminuído por uma taxa de juros pelo tempo de antecipação em relação ao vencimento.

No dia do vencimento, caso o sacado do título pague o bloquete ou o cheque seja devidamente compensado, a dívida do cedente é quitada. Caso o sacado não pague ou o cheque não seja compensado, o banco debitará da conta do cedente o valor nominal do título ou do cheque no dia do vencimento, passando o risco pelo recebimento de tais valores ao cedente.

Operações de Captação em Renda Fixa

O cliente aplica recursos no banco que por sua vez se com-promete a devolver após um período previamente conhecido acrescido de uma remuneração.

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A remuneração pode ser baseada apenas em juros (pré-fixado) ou em juros mais correção de um índice com valorização de conhecimento público (pós-fixado).

Originalmente, tais operações eram feitas por meio de emissão física de papéis onde constavam as informações quanto ao emissor, aplicador, data de aplicação e resgate, valor aplicado, juros e correção monetária se houver. Daí o termo títulos ou papéis de renda fixa. Existia até o conceito de título nominal (quem resgata já está pré-definido) ou ao portador (quem resgata é o apresentante do papel). A possibilidade de resgates parciais era prevista por meio de cupons com valores subdivididos que eram destacados manualmente a cada resgate efetivado.

Os bancos emitem o CDB (certificado de depósito ban-cário) para seus clientes (pessoas físicas ou jurídicas não financei-ras) ou o CDI (certificado de depósito interfinanceiro) para as instituições financeiras.

Algumas instituições permitem o resgate antecipado onde o banco devolve antes do prazo inicialmente contratado. Em geral é paga uma remuneração proporcional ao tempo em que o aplicador manteve o recurso (valorização) diminuída por um deságio. Esse deságio tem o intuito de desincentivar a quebra do compromisso de deixar o recurso até a data de resgate do título, uma vez que provavelmente o banco comprometeu o recurso em outra operação até aquela data, um empréstimo por exemplo, devendo cobrir a liquidez da antecipação.

Operações no Mercado Aberto

Os títulos, uma vez emitidos por um emissor e adquiri-dos por um aplicador, podem ser livremente negociados como um produto. Nesse caso, o aplicador é o detentor do papel cabendo a ele poder vendê-lo a outra instituição bem como mantê-lo até a data do vencimento, momento no qual receberá

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o valor com a remuneração previamente negociada. O compra-dor passa a deter o direito de resgatar o valor no vencimento. O valor de compra e venda depende da disponibilidade de caixa dos envolvidos na transação, da necessidade de adquirir papéis para se adequar a alguma exigência legal e vantagem em termos do valor negociado.

Ao mercado de compra e venda de títulos se dá o nome de mercado aberto, ou “open market”.

Quanto à emissão, os papéis negociados no mercado aberto podem ser:

• Públicos emitidos pelo Tesouro Nacional (LFT, NTN, por exemplo) ou Banco Central (BBC).

• Públicos emitidos pelos governos estaduais ou prefeitu-ras municipais.

• Privados emitidos por instituições financeiras (CDI) ou demais pessoas jurídicas (debêntures).

Os papéis negociados são conhecidos como lastro das operações. O preço de cada papel é conhecido por PU (preço unitário). Sendo exclusivamente de renda fixa, os principais grupos de operações e suas características são:

• Operações definitivas:

s Venda de papéis.

s Compra de papéis. Nesse caso, como o papel passa a pertencer ao adquirente, a data de vencimento do lastro é de extrema importância pois é a data em que será revertido em disponibilidade caso permaneça com o papel em definitivo.

s As taxas negociadas são baseadas nos juros a serem pagos pelo papel.

s O lastro é adquirido pelo comprador.

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• Operações compromissadas:s Compra e sua respectiva revenda já pré-definida.

Essa data de revenda deve ser menor ou igual ao vencimento do papel.

s Na ponta inversa, venda e sua respectiva recompra cuja data já pré-definida deve respeitar o critério anterior também.

s Taxas são pré-fixadas.s O lastro não é adquirido pelo comprador definitiva-

mente. É uma garantia caso o vendedor não recom-pre na data e condições pré-estabelecidas. Nesse caso, o comprador ficará definitivamente com o papel em condições semelhantes ao se este houvesse comprado definitivamente o papel. A remuneração passa a ser a das condições da emissão do papel, não havendo vínculo algum com a taxa negociada pela compra compromissada.

• Operações vinculadas:s Vinculação indisponibiliza os papéis para efeito

de venda pois estão sendo utilizados para garantir alguma outra operação (aumento de capital, garantir liquidez, entre outros). Deve ser registrado contabil-mente em faixas diferentes das que registram o esto-que de papéis livres para negociação. Também deve notificar o órgão custodiante acerca dessa operação.

s Desvinculação de papéis disponibiliza novamente os papéis para venda. Também deve haver registro tanto contábil como junto ao órgão custodiante dos títulos.

• Operações de redesconto:s Semelhantes às operações compromissadas de venda

com recompra, com a diferença de que o adquirente temporário é o Banco Central.

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s Quando uma instituição tem necessidade de caixa, geralmente realiza uma venda com recompra com outra instituição financeira. No decorrer do dia, todas instituições tendem a “zerar” sua posição de caixa, isto é, equilibrando suas compras com suas vendas de forma que sobre o mínimo necessário de caixa sem remuneração. Quanto mais se aproxima o final do dia, portanto, mais difícil se torna encontrar disponibilidade de recursos para emprestar e obvia-mente a taxa de juros se eleva proporcionalmente. Quando todos os bancos já estão com a posição “zerada” ou as taxas são muito altas, uma alterna-tiva é que o Banco Central permite o redesconto de papéis, onde a instituição realiza uma espécie de venda com recompra ao Banco Central.

s A liquidação do redesconto é o momento da instituição recomprar os papéis devolvendo o dinheiro ao Banco Central. A liquidação pode ser no próprio dia, isto é, o “empréstimo” durou algu-mas horas (intradia), no dia seguinte (overnight) ou mais.

s Diariamente o Banco Central divulga a relação de quais papéis podem ser utilizados como lastro das operações de redesconto e o valor unitário pelo qual será calculado o montante da operação (o PU de redesconto). Os papéis são de emissão pública federal.

A liquidação dessas operações depende das contrapartes envolvidas em função da limitação de possuírem conta reserva bancária junto ao Banco Central (apenas bancos com a carteira comercial) ou não (as demais pessoas físicas ou jurídicas). No momento do registro da operação junto ao custodiante, o tipo de contraparte é identificado. Se envolverem bancos comerciais, a operação afetará a reserva de ambos, caso contrário, haverá o

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registro de mudança de titularidade do papel sem acionar meca-nismos de liquidação, devendo estes ser feitos em paralelo pela instituição financeira diretamente com seus clientes (lançamen-tos em conta-corrente, emissão de cheque ou doc, por exemplo). Ainda devemos lembrar que há operações que não envolvem movimentação financeira, não gerando lançamento nem na reserva nem em conta-corrente de cliente algum.

Operações com Ações

Uma empresa de capital fechado possui uma quantidade limitada de controladores, cabendo a cada um contratualmente a proporção de quanto do capital próprio lhe pertence. Essa proporção sobre o capital também é o poder de decisão a ele atri-buído.

Quando essa empresa pretende aumentar sua capacidade financeira, seja para uma ampliação, seja para honrar seu pas-sivo, pode fazer a partir da renegociação desse passivo, injeção de novos recursos pelos atuais controladores ou de novos controla-dores.

Se a quantidade desses novos controladores também for limitada, a participação societária é alterada proporcionalmente. Caso a empresa opte por uma injeção de grande volume, uma opção é torná-la de capital aberto, isto é, haverá uma pulverização do controle em função da grande quantidade de “sócios”. A proporção de tal controle é feita por meio da divisão do capital em ações. A quantidade destas ações de cada um dos sócios é que ditará a proporção de controle que cada um terá na empresa.

A ação possui um preço unitário e de livre negociação. Ela pode ser ordinária, que dá direito a voto nas decisões da empresa, ou preferencial, que não dá direito a voto mas preferência de res-sarcimento em caso de dissolução da empresa em relação às ações ordinárias.

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Poderíamos dizer que a somatória de todas as ações de uma empresa representa o capital próprio da empresa. No entanto, uma vez oferecida ao mercado financeiro, seu valor unitário é supervalorizado ou subvalorizado em função de expectativas futuras de lucro ou prejuízo da empresa, cenário estrutural e/ou conjuntural da economia ou especulação.

O banco pode atuar oferecendo ao mercado financeiro as ações emitidas por uma empresa ou negociando aquelas já em poder de algum cliente. A liquidação destas se dá por meio do pagamento pela compra e recebimento de recursos pela venda de ações. Tais operações devem ser negociadas e as liquidações comandadas por intermédio das bolsas de valores.

Operações de Câmbio

O mercado de câmbio basicamente depende da troca de moedas de diferentes países, envolvendo ou não um contrato de importação ou exportação.

Já foi uma estrutura paralela à mesa de open dos bancos, por isso possui uma variedade de operações tão grande combi-nando os demais produtos oferecidos pelo banco comercial.

A conversão de moedas deve passar obrigatoriamente pelo Banco Central e depois por um banco múltiplo, comercial ou de investimento.

Os contratos de importação ou exportação dependem do fluxo de desembaraço dos documentos de embarque ou desem-barque dos produtos.

A liquidação de tais operações é feita junto ao departa-mento do Banco Central responsável por tais conversões.

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Fundos de Investimento

Segundo a teoria da “união faz a força”, poderíamos como regra geral dizer que quanto maior o valor aplicado, melhor a taxa de remuneração para o aplicador. Ao captador, justifica-se pela desnecessidade de procurar, em diversas operações de valor menor, a somatória de recursos que necessita, diminuindo seu custo operacional e tempo gasto. Dessa forma, os fundos têm a intenção de obter taxas de remuneração e liquidez melhores para seus investidores do que eles conseguiriam se investissem direta-mente e individualmente no mercado financeiro.

Os fundos são empresas independentes do banco, jurídica e contratualmente. No entanto, compartilham muitas vezes da estrutura operacional e humana para suas operações por perten-cerem ao mesmo conglomerado, facilitando a captação de recur-sos dos clientes em comum com o banco.

O fundo recebe do aplicador o recurso para investimento. O aplicador do fundo passa a adquirir uma cota do fundo, isto é, adquire uma quantidade de cotas com um preço atualizado do dia. Por isso o aplicador nesse caso é chamado de cotista. O fundo, por sua vez, aplica a somatória dessas aplicações com taxas mais vantajosas.

O fundo diariamente divulga o valor individual de cada cota. Pela ótica do cotista, portanto, o valor bruto a que teria direito seria a multiplicação desse valor unitário do dia pela quantidade de cotas adquirida no ato da aplicação.

Quando o cotista resgata após um certo período de tempo, sua remuneração provém do resgate que o fundo fará, por sua vez, das aplicações feitas em conjunto nos papéis.

Cada fundo é remunerado com a cobrança de uma taxa de administração sobre cada cotista, que varia para cada fundo e cada instituição financeira.

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Cada fundo remunera o aplicador mediante uma regra pré-estabelecida: variação do dólar ou do euro (cambiais), papéis de renda fixa pré-fixado ou pós-fixado, ações, entre outros, numa combinação de diferentes rentabilidades e riscos em função da composição de papéis em que o fundo investiu.

A liquidez do fundo, na visão do cotista, depende da combinação de papéis em que o fundo aplica (fundos de ações postergam o crédito pelo resgate das cotas em função da liquidação na bolsa de valores por exemplo). Também depende de regras pré-definidas para aquele determinado fundo. Alguns exigem a permanência mínima (carência) ou deixam de remu-nerar o capital se retirado antes de um determinado período de tempo.

A fim de incentivar o alongamento das aplicações, a legislação obriga a cobrança do IOF (imposto sobre operações financeiras). Essa tributação é mais alta nos resgates efetuados após o primeiro dia, decrescendo à medida que esses dias passem, zerando a alíquota após decorrido o primeiro mês de aplicação. A partir daí incide apenas o IR (imposto de renda), cuja retenção é feita independentemente do número de dias aplicado.

O risco de um fundo depende da composição de papéis em que este aplica os recursos. Os fundos de maior risco inves-tem proporcionalmente mais em papéis atrelados à variação cambial, ações ou derivativos, enquanto que os fundos de menor risco concentram seus investimentos em títulos de renda fixa. Dentre estes, os fundos DI são os mais conservadores por inves-tirem em títulos pós-fixados, obtendo as taxas mais próximas às que o mercado financeiro trabalha a cada renovação de seu esto-que de papéis. Os fundos de renda fixa já trabalham com um percentual de títulos pré-fixados que podem ser vantajosos em cenários de taxa de juros declinantes, pois em seu estoque ainda estão papéis adquiridos a taxas maiores no passado.

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As instituições oferecem os fundos com as mais diversas composições de risco e rentabilidade: desde o mais agressivo, pas-sando pelo moderado até o mais conservador. Além de todas essas variáveis, a opção do investidor também leva em consideração a solidez do conglomerado financeiro controlador desses fundos.

Quanto à liquidação na ótica do banco, tanto os cotistas como os fundos são considerados correntistas, resumindo-se então as liquidações em lançamentos em conta-corrente ou quaisquer outras de uso aberto aos clientes em geral.

Cobrança Simples

Serviço oferecido pelos bancos aos fornecedores de produ-tos e/ou serviços que sejam seus clientes correntistas.

Como tal mecanismo foi mencionado anteriormente (ver compensação de bloquetes), abordemos o processo interno ao setor de cobrança após o recebimento do bloquete que quita a dívida do sacado, ou o vencimento da parcela não paga pelo sacado.

No primeiro caso, o título devido pelo sacado deve ser quitado nos controles do banco. Previamente negociado com o cedente do título, o floating é a quantidade de dias que este receberá o crédito após o banco ter recebido o recurso pela compensação do bloquete. O cedente receberá após esse floating um crédito pela somatória de pagamentos feitos por seus saca-dos em sua conta-corrente. O cedente também recebe, de forma magnética ou não, a composição analítica desse crédito a fim de que ele tenha condições de identificar quais sacados honraram os pagamentos.

No segundo caso, a inadimplência do sacado obriga-o a pagar após a data de vencimento somente na rede de agências do banco emissor do bloquete, pois em geral há instruções específi-cas do cedente quanto à cobrança de multas, juros e outros acrés-

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cimos pelo atraso do pagamento. Após o pagamento do sacado na rede de agências do banco emissor do bloquete, o cedente receberá o crédito da mesma forma já mencionada.

Contas a Pagar

O setor de contas a pagar de qualquer instituição jurídica e, por que não, pessoal também, consiste no agendamento de despesas a serem pagas.

A informação é de conhecimento antecipado ao dia do vencimento/pagamento. Por conta disso, a contabilização pode ser feita de duas formas:

• Regime de caixa: contabiliza a despesa na data do paga-mento. Por exemplo, uma conta de luz do mês de janeiro paga no vencimento em 10 de fevereiro será contabilizada como despesa no dia 10 de fevereiro.

• Regime de competência: contabiliza despesa na data do fato gerador da despesa. Por exemplo, a mesma conta de luz será contabilizada no mês de janeiro indepen-dentemente da data de digitação ou de pagamento. A instituição antecipa a despesa para efeito de resultado, diminuindo o lucro do mês anterior, postergando paga-mento de impostos sobre lucros, além de registrar o período correto da geração da despesa para efeito de apuração de custos.

Rateio é o conceito de dividir proporcionalmente aos seto-res geradores (chamados de centros de custo ou centros de res-ponsabilidade) essa despesa a fim de determinar possíveis áreas deficitárias/superavitárias. De caráter gerencial, esse critério pode ser feito, por exemplo, pela quantidade de funcionários ou equi-pamentos elétricos de um setor para o rateio de conta de luz.

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Automação de Caixa

Um dos serviços de maior transparência ao grande público. É um dos mais importantes contatos dos clientes e correntistas com o banco.

São prestados serviços de arrecadação de tributos públicos, convênios com prefeituras e concessionárias de serviços de tele-fonia, água e luz, pagamentos de bloquetes, movimentação de conta-corrente em espécie ou cheques (depósitos e saques). Apesar do esforço dos bancos em incentivar o uso de débito automático nas contas correntes, internet e telefone, ainda há uma grande demanda por tais serviços no balcão.

Com o SPB os caixas passam a oferecer também o envio de recursos por meio da TED, debitando em tempo real a conta-corrente do cliente e enviando a informação ao banco e conta-corrente destino do recurso.

Todas essas operações são obrigatoriamente acompanha-das da devida autenticação do documento comprobatório, em geral ficando uma cópia para o cliente, outra para o banco e mais o registro na bobina em papel que deve ser arquivada durante certo período de tempo para eventual auditoria. Nele constam em geral o logotipo do banco, a data e hora da autenticação, o operador que efetuou a operação, um número único de identificação e o valor.

As casa lotéricas, agências dos correios e estabelecimentos comerciais em geral também estão passando a servir tais serviços, vinculados ou não aos grandes bancos varejistas do país. O caixa basicamente possui dois grupos de movimentação:

• Débitos e créditos em conta-corrente.

• Pagamentos e recebimentos de documentos ou em espécie.

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Ambos representam entrada ou saída de recursos do banco em forma de:

• Documentos compensáveis (depósito de cheques, emissão de doc e recebimento de bloquete). Serão enviados à compensação posteriormente ao expediente bancário aberto ao público. Pela compensação desses documentos, a reserva do banco será debitada ou credi-tada.

• Recebimento de tributos e convênios. Os órgãos arre-cadadores possuem formas especiais de receber esses créditos do banco. Os tributos públicos são debitados diretamente da reserva do banco. Os convênios são cre-ditados em conta-corrente que o arrecadador possui dentro do banco. O banco pode negociar um “floating” entre o recebimento e o crédito a favor do arrecadador.

• Saques e depósitos em espécie. Além de representar saída ou entrada física do papel-moeda na instituição, essas autenticações também atualizam o saldo das contas correntes que tenham sofrido tais movimentações.

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A Tesouraria

FunçõesO setor ou área de tesouraria tem por responsabilidade

finalizar as liquidações a ela delegadas pelas demais áreas, e con-trolar a disponibilidade de recursos nos seus mais diversos ativos com a finalidade de honrar seus compromissos financeiros.

A fim de desempenhar tais responsabilidades, deve conhe-cer o fluxo financeiro dos produtos para classificar adequada-mente quais eventos geram entrada ou saída financeira. Deve conhecer as regras da cobrança da CPMF, da compensação de documentos, das novas transações TED e contabilização das liquidações.

Antes da implantação do SPB, a tesouraria também era quem controlava o saldo da reserva bancária pois o ajuste de tal saldo era feito em d+1. Com a implantação do SPB, tornou-se necessária a figura do “piloto de reservas” que tem por respon-sabilidade nunca permitir que o saldo de sua reserva bancária fique devedor e autorizar o envio de mensagens. Podemos defi-nir o papel da tesouraria como um controlador mais amplo de ativos, devendo visualizar não só o saldo atualizado da reserva, mas também o fluxo futuro de todos produtos e o efeito da compensação no dia seguinte ao da movimentação, anteci-pando-se à eventual necessidade de recursos.

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Nas empresas não detentoras de reserva bancária, a tesou-raria mantém suas atribuições originais, mas com uma nova ótica quanto aos efeitos do descasamento entre débitos e créditos efetuados por meio da TED em contraposição aos documentos trocados na compensação. A conciliação de contas e montagem do fluxo de caixa passam a exigir uma dinâmica maior por conta das novas liquidações.

CPMF

A Contribuição Provisória sobre Movimentação Finan-ceira incide sobre todos os débitos de uma conta-corrente que caracterizem mudança de titularidade do recurso quando:

• Um cheque depositado na conta-corrente de outro titu-lar.

• Um doc enviado à conta-corrente de outro titular.

• Um saque em dinheiro é considerado passível de mudança de titularidade uma vez que esse dinheiro será utilizado para pagamento em espécie a terceiros.

• Uma transferência entre contas onde a conta creditada pertence a outro titular.

A exceção isentando a incidência desse tributo ocorre:

• A conta utilizada (ordem de pagamento) é de uso exclu-sivo do banco para efetivar a liquidação de seus clien-tes não correntistas, por exemplo. Seus débitos não incidem CPMF. Outra situação também comum é o cliente correntista solicitar à instituição que transfira o valor de sua conta-corrente para a conta op do banco, e este por sua vez emite o cheque dessa conta. Esse cheque será entregue ao vendedor que tem a garantia da compensação do cheque por se tratar de emissão do banco.

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• O débito não caracteriza mudança de titularidade, isto é, o valor é transferido da conta-corrente de um titular para outra conta, dentro ou fora da mesma instituição, do mesmo titular. Se conta conjunta, tanto a conta debitada quanto a creditada devem ter os mesmos titu-lares.

• O cliente, correntista de um banco, aplica numa cor-retora que possui conta-corrente em outro banco. Em ajustes de algumas operações envolvendo a bolsa de mercadorias e futuros (BM&F), o cliente pode pagar à corretora por meio da emissão de um doc D debi-tando sua conta-corrente, mesmo que os titulares sejam diferentes. Para tanto, a conta creditada da corretora deve ter sido aberta especialmente para receber tais créditos. Nesse caso, o banco destinatário onde a corre-tora mantém tal conta deve aceitar o crédito desse doc D, mesmo que os titulares sejam diferentes. Quando confrontado com tal situação, foi sugerido emitir, a partir do banco remetente, um doc E (para diferentes titularidades) debitando uma conta isenta de CPMF do cliente da corretora. Para tanto, deveria ser feito um débito na conta do cliente com incidência de CPMF a favor de um crédito em outra conta de sua titu-laridade isenta de CPMF de onde partiria o doc E, dando o mesmo efeito de não retenção do tributo. No entanto, o argumento foi o da necessidade de efetuar a transferência inicialmente, e ainda o risco do uso irres-trito da conta isenta de CPMF do cliente, aumentando a necessidade de controle e cuidado. Bem, a legislação ao que tudo indica, permite tal precedente por meio do envio sob a finalidade 03 (ajuste de operações em BM&F).

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Operações multi-empresa

A tesouraria de bancos de pequeno e médio porte geral-mente é responsável pela liquidação não só do banco mas também das demais coligadas financeiras do grupo. Um resgate de fundo de investimento, por exemplo, envolve operacional e contabilmente registros:

• na empresa fundo – baixar a quantidade de cotas do investidor e venda de papéis para honrar esse resgate. Baixar também a disponibilidade de caixa pelo resgate do cotista.

• Na empresa banco – baixar o saldo da conta-corrente que o fundo tem dentro do banco a favor da conta-corrente do investidor.

O conjunto de sistemas que propõe controlar tais tarefas deve ter capacidade de, com o mesmo “input” de informação:

• Registrar os detalhes do resgate (valor, nome do fundo e do cotista, por exemplo).

• Contabilizar na empresa fundo a baixa da cota do investidor e de suas disponibilidades de caixa.

• Lançar o débito na conta-corrente do fundo.

• Lançar o crédito na conta-corrente do investidor.

• Contabilizar na empresa banco a transferência de contas.

Operações do banco

O detentor da liquidação é de extrema importância opera-cional e contábil.

A operação do banco no tocante à liquidação envolve o produto de um lado, e o meio de pagamento ou recebimento de

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outro lado. O banco é sempre uma das contrapartes. O reflexo contábil é coerente com esse fluxo de liquidação

conforme os exemplos:• Banco paga uma despesa ao fornecedor

s D – despesa

s C – meio de pagamento

• Banco paga um resgate de cdb ao investidor

s D – depósito a prazo

s C – meio de pagamento

• Banco libera empréstimo ao tomador

s D – empréstimo

s C – meio de pagamento

De forma geral, qualquer envio de recursos pode ser resu-mido em:

• D – carteira ou produto

• C – meio de pagamento

Entenda-se como meio de pagamento uma das várias pos-síveis formas de liquidação:

• Cheque a compensar

• Doc a compensar

• Transitória com conta-corrente (haverá integração de lançamentos no sistema conta-corrente que finalizará a contabilização em depósitos à vista)

• Reserva ou transitória com piloto de reservas

No processo final, direta ou indiretamente, todas essas liquidações afetarão a conta reserva do banco.

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Operações dos clientes no bancoLiquidações cujo fato gerador ocorre a partir da neces-

sidade do cliente, por exemplo na transferência entre contas, solicitar um cheque op de emissão do banco, emissão de doc, mensagem STR ou PAG. Em todos os casos, sua conta-corrente deverá ser debitada pois a instituição é mera executora e não con-traparte da liquidação.

A contabilização é feita única e exclusivamente sob a ótica do banco.

Operações das coligadas

Em relação à operacionalidade do banco, uma empresa coligada é vista como um cliente qualquer, como outra pessoa jurídica. No entanto, caso seu controle operacional e contábil tenha de ser tratado pela área de Tesouraria, a informação tem de ser registrada sob a ótica da coligada e do banco.

No banco, o registro operacional e contábil é idêntico às operações dos demais clientes.

A mesma informação deve ser capaz de contabilizar também na empresa coligada. Em geral, é do tipo carteira de produtos x conta banco movimento utilizada. Entenda-se conta banco movimento o saldo que representa a disponibilidade de caixa da empresa. Em geral as empresas costumam contabilizar o saldo das diversas contas correntes em vários bancos nas faixas contábeis separadamente.

Efeitos na Tesouraria do BancoTradicionalmente, os cheques depositados, apesar de regis-

trados na conta-corrente do cliente, estão bloqueados para efeito de saque pois a compensação dos mesmos só ocorrerá em d+1 ou d+2 (os primeiros para cheques de valor maior que o limite,

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atualmente em trezentos reais, e os demais cujo valor seja menor que o limite), isto é, o banco efetivamente receberá um crédito em sua reserva apenas nessas datas.

Na visão do correntista, no entanto, tal recurso já está dis-ponível em dinheiro, não sacando-o por própria conveniência. Alguns bancos disponibilizam tais depósitos como disponível para aplicação, acreditando que caso o cheque não seja devida-mente compensado, o correntista cubra sua conta no dia seguinte.

O problema surgirá quando o cliente depositar um cheque e imediatamente exigir uma transferência eletrônica para outra instituição. Nesse caso, o banco com o cheque depositado per-derá recursos na reserva na própria data de movimentação, em contraposição com o crédito pela compensação do documento no dia seguinte. É necessário mecanismos que inibam esses pro-cedimentos bem como esclarecimentos aos clientes quanto a essas limitações.

Como o saldo da reserva sofrerá proporcionalmente mais movimentações no próprio dia da movimentação, foi criada a figura do piloto de reservas que terá a responsabilidade de con-trolar e autorizar os débitos contra o saldo da reserva bancária. Os créditos são feitos independentemente da vontade do piloto de reservas, limitando-o a reconhecer tais créditos em seu saldo, podendo devolvê-los nos casos devidos por mensagens adequadas.

Efeitos na Tesouraria dos Correntistas

A tesouraria das empresas que não possuem reserva ban-cária continua com os mesmos mecanismos de controle e res-ponsabilidade. Deve controlar o saldo das contas que possui nos vários bancos.

Em geral trabalha-se com mais de um banco para movimentação de conta-corrente por vários motivos, desde

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ampla rede de agências para cobrança de títulos, vínculo opera-cional ou corporativo, até taxas de investimento mais vantajosas.

Controlar a transferência de saldo entre essas contas, comandar pagamentos e identificar créditos passam a sofrer efei-tos do descasamento entre créditos pulverizados em vários docu-mentos de valor menor cuja compensação se efetivará com um dia de defasagem contra os débitos de alto valor cuja efetivação se dará no próprio dia da movimentação. Será necessário possuir um fluxo de caixa futuro considerando o valor individual das parcelas e forma de liquidação utilizada.

Conciliação de Contas

A fim de cumprir seu papel de apurar a disponibilidade financeira, é imprescindível haver a possibilidade de apurar ou prever o saldo mais próximo possível que a empresa possui nas diversas contas dos diversos bancos.

Exemplificando com nossos exemplos pessoais, procura-mos controlar o saldo de nossa conta-corrente anotando em nosso canhoto do talão de cheques o valor, data e favorecido do cheque emitido, subtraindo-o do valor do saldo. No entanto, o saldo controlado no talão de cheques dificilmente coincidirá com o saldo real em conta-corrente, pois:

• Faltam os lançamentos efetuados diretamente no banco que nós desconhecemos, tais como tarifas cobradas pelo banco, débito automático de contas de luz, água ou telefone, prestação de serviços em geral e cobrança da CPMF.

• O cheque que estamos emitindo ainda deve ser usado pelo beneficiário para sacar em dinheiro no caixa do banco onde temos a conta-corrente, o que depende de quando ele efetuará.

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• O beneficiário pode decidir depositar o cheque na conta-corrente dele, e caso seja em outro banco, o cheque ainda depende dos trâmites da compensação para efetivamente gerar o débito na nossa conta-cor-rente. Se for um cheque menor, acrescente mais um dia de prazo, além do número de dias que depende de quando o beneficiário efetuará o depósito.

• O cheque pode ser entregue pelo beneficiário a um terceiro, a fim de se evitar a cobrança da CPMF. Ao invés de depositar em sua conta-corrente, para depois emitir outro cheque a partir de sua conta, provavel-mente incidindo a CPMF, o beneficiário pode entregar nosso cheque a um terceiro a quem ele deve algum ser-viço prestado ou compra efetuada, desde que esse ter-ceiro aceite o cheque. Dessa forma, o beneficiário não circula o crédito em sua conta-corrente nem o débito pela emissão de seu cheque com incidência do tributo. Isso pode gerar um efeito cascata, isto é, nosso cheque circulando na mão de quartos ou quintos, e assim por diante, até que alguém resolva depositá-lo, para então surgir o débito em nossa conta-corrente pela compensação. A limitação fica por conta de quem recebe o cheque de emissão de pessoas que ele nem conhece, caso o cheque seja transferido de mão em mão. Bem, de qualquer forma, não temos controle sobre o tempo de demora para que esse cheque seja depositado.

No caso das contas de pessoas jurídicas, além dos detalhes mencionados, acrescente que:

• Enquanto como pessoa física, no caso de assalariados, em geral recebe-se um crédito mensalmente. As contas das empresas podem ter depósitos originados pelas mais diversas regiões geográficas, e os mais diversos motivos.

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• Uma pessoa física em geral possui uma ou poucas contas, concentrando suas operações por motivo de praticidade ou vantagens oferecidas pelo banco a fim de garantir fidelidade do cliente. Já uma empresa, por necessidade operacional, possui dezenas de contas aber-tas a serem controladas. Um banco oferece serviços de cobrança por ter uma vasta rede de agências, mas outro banco oferece taxas melhores para aplicações de grande volume, típico das pessoas jurídicas. Ou uma financeira com várias filiais espalhadas pelo país precisa ceder uma certa independência para que elas emitam os cheques a serem entregues a seus clientes pela liberação dos empréstimos.

• Enquanto somos os únicos emissores de uma conta-corrente individual, ou no máximo em conjunto com o marido ou esposa em contas conjuntas (e mesmo assim às vezes há um descontrole), imagine-se em empresas sem uma tesouraria centralizada. Pode haver mais de um emissor de cheques para a mesma conta, ou gera-dores de débito pela emissão de doc ou transferência de contas. Por exemplo, o setor de Contas a Pagar paga seus fornecedores, o setor de aplicações resgata recursos e o de empréstimos libera recursos a seus clientes.

Basicamente a conciliação deve ser capaz de informar dois saldos:

• Saldo bancário: é o saldo da conta-corrente no banco. Quanto mais atualizado, melhor, pois nele constam lançamentos que não conhecíamos internamente e é exatamente o que possuímos como disponibilidade perante o banco.

• Saldo Tesouraria: é o saldo que considera a posição mais atualizada possível do saldo bancário mais os lançamen-tos que já conhecemos antecipadamente que afetarão em algum momento a conta-corrente.

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Os lançamentos que desconhecemos antecipadamente provêm de:

• Depósitos ou doc’s feitos por terceiros sem nosso prévio conhecimento ou por falha ou atraso nos meios de comunicação interna para a Tesouraria.

• Tarifas cobradas pelo banco ou recolhimento da CPMF.

• Débitos automáticos cuja fatura da concessionária do serviço não tenha sido sensibilizada antecipadamente. Atraso na entrega da conta de luz, água ou telefone por exemplo.

Os lançamentos que a empresa conhece, ou deveria conhe-cer, antecipadamente, provêm de:

• Créditos mais diversos possíveis previstos com antecedência, liquidação de empréstimos, por exem-plo.

• Cheques emitidos.• Débitos automáticos cuja fatura da concessionária do

serviço tenha sido sensibilizada antecipadamente.

Em relação aos lançamentos, o saldo bancário seria um espelho de todos os lançamentos que ocorreram em conta-cor-rente no banco. O extrato com tal conteúdo é disponibilizado também em meio magnético, além dos tradicionais em papel.

Já o saldo tesouraria, para ser apurado, teria de considerar:

• O saldo bancário;• Todos os lançamentos no extrato;• Lançamentos de conhecimento prévio exceto aqueles

que já afetaram o saldo bancário, pois eles já compõem o resultado do saldo bancário.

A apuração do saldo tesouraria, portanto, tem como pre-

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missa que alguém, algum processo, em algum momento, faça a conciliação dos lançamentos, isto é, eliminar os lançamentos previstos que já se efetivaram em movimento no extrato, a fim de evitar duplicidade de valores. Algo similar a darmos “baixa” no cheque compensado em nosso talão de cheques. Ao saldo do extrato, subtraímos todos cheques que ainda não foram “tica-dos”, isto é, compensados. Sabemos que, mais cedo ou mais tarde, eles gerarão débitos e, portanto, devemos manter um saldo em conta-corrente suficiente para que estes sejam compensados. Transportando o exemplo para uma empresa, essa previsão deve ser mais rigorosa a fim de se evitar problemas de fluxo de caixa, ora faltando, ora sobrando recursos, em excesso, parados em conta-corrente. Com a possibilidade do envio e recebimento de TED que sensibiliza a conta-corrente instantaneamente, o con-trole da conta passa a ser de importância extrema.

Fluxo de Caixa

A apuração do saldo bancário é relativamente simples, bas-tando consultar o extrato diretamente no banco, ainda mais com os modernos recursos à disposição dos administradores financeiros: internet, consultas por telefone, home banking, entre outros.

Já o saldo tesouraria depende do grau de integração, auto-matizada ou não, entre as diversas áreas geradoras de liquidação financeira e a área responsável pela conciliação das contas.

Uma vez que possuímos a informação antecipada, com certo grau de incerteza de realização, para apurarmos o saldo tesouraria, a mesma informação será capaz de oferecer-nos uma previsão da disponibilidade de caixa no decorrer do tempo. A apresentação dessas previsões a partir do saldo mais atualizado possível projetando os saldos futuros é o fluxo de caixa.

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Pode ser de forma gráfica ou relatório. Seu objetivo é o de demonstrar ao administrador financeiro, com certo grau de pro-babilidade, o descasamento em determinadas datas entre entra-das e saídas de recursos.

Em se tratando de um conglomerado, a disponibilidade individual de cada empresa pode sofrer oscilações onde a neces-sidade de recursos momentaneamente de uma pode ser coberta com a sobra de caixa de outra, evitando a captação de emprésti-mos a juros desvantajosos.

Nesse fluxo, é recomendado que eventos com maior grau de incerteza de realização possam ter percentuais de redução a fim de retratar um cenário mais realista possível. Em geral, os lançamentos a débito, como são de nossa responsabilidade e com a premissa de que a empresa pretenda honrar seus compromis-sos, são os que contamos como fato concretizável. Já os créditos, como dependem de terceiros enviarem os recursos, devem ter essas deduções a partir de critérios como dados históricos. Exem-plo clássico é a liquidação de empréstimos concedidos aos clien-tes das financeiras (os clientes pagam de volta os empréstimos tomados num momento anterior). Em maior ou menor grau, sempre há uma inadimplência histórica que depende de cada caso (tipo de empréstimo, perfil dos clientes, conjuntura, entre outros).

O fluxo de caixa deve, portanto, refletir a previsão futura de entrada e saída de recursos, bem como armazenar dados históricos que facilitem, num efeito de constante realimentação, prever o percentual de concretização de futuras previsões.

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Liquidações pela Tesouraria

Emissão de cheque do banco (administrativo/com CPMF)

Todo banco possui uma conta-corrente cujo titular é o próprio banco.

Nessa conta incide o CPMF por cada débito em decorrência de mudança de titularidade do recurso, tal como ocorre nas contas normais.

O banco emite cheques dessa conta para pagamento de suas despesas, por exemplo. Nesse caso, o recurso está sendo transferido da titularidade do banco a favor do fornecedor do produto ou serviço.

Pela emissão do cheque, deve ser feito um crédito nessa conta a fim de provê-la com saldo suficiente para honrar os che-ques emitidos que serão apresentados pela compensação.

Emissão de cheque do banco (ordem de pagamento/sem CPMF)

A conta op (ordem de pagamento) também tem como titular o próprio banco tal como a conta adm já mencionada.

Não incide CPMF por seus débitos pois só circula nessa

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conta valores em trânsito necessários para efetivar a liquidação dos clientes. Por exemplo, um cliente não correntista solicita res-gate de alguma aplicação por meio de um cheque. Pelo resgate o banco credita a conta op e emite o cheque a favor do cliente que o depositará em alguma conta-corrente de outro banco. Nesse caso o mesmo cliente titular do resgate é o beneficiado no cheque, não configurando mudança de titularidade.

Outro exemplo freqüente é o da transação de venda de veículos. O vendedor tem a garantia da compensação do cheque op por se tratar de emissão do banco, e não contra a conta do comprador que poderia correr o risco de insuficiência de saldo. A conta do comprador já fora debitada anteriormente para creditar a provisão de recebimento do cheque compensado na conta op.

Em todos os casos, o titular do recurso original não é o banco, e sim o cliente. Sendo correntista, este cliente terá um débito em uma conta-corrente e um crédito na conta op. Se não for correntista o cliente “compra” um cheque op mediante a entrega em espécie do valor a ser creditado na conta op.

Emissão de cheque de correntistas (com CPMF)

Nessa função o tesoureiro operacionalmente apenas emite o cheque. É o caso das coligadas com conta-corrente em outras instituições bancárias que não sejam do seu grupo ou caso ao tesoureiro tenha sido delegada a responsabilidade da administração de conta-corrente de clientes que não façam parte do conglomerado.

A contabilização restringe-se exclusivamente à visão da coligada (não faria sentido contabilizarmos a ponta do banco que não faz parte de nosso conglomerado).

Pela compensação do cheque, o histórico de débito na

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conta-corrente deve ser capaz de calcular o CPMF para futura retenção e recolhimento.

Emissão de cheque de correntistas (Transferência Bancária sem CPMF – TB)

Idêntico ao caso anterior. A diferença fica por conta do histórico de compensação de cheque cujo débito não incide CPMF.

Deve ser emitido para ser depositado única e exclusiva-mente em conta cujo titular seja o mesmo do cheque emitido.

Em relação ao cheque normal, as informações do cheque TB diferem em:

• Nome do portador já é pré-impresso com o mesmo do titular da conta-corrente do cheque.

• Agência e conta-corrente onde o cheque será deposi-tado deve ser preenchido na frente do documento.

Devolução de cheque

Após emitido, o cheque é depositado na rede bancária pelo portador. Pela compensação, o cheque é apresentado no banco do correntista que emitiu o cheque para efetuar o débito em sua conta-corrente.

Caso não haja fundos ou haja divergência na assinatura, entre outros motivos (ver relação de motivos ou alíneas de devolução), o cheque é devolvido ao banco onde fora depositado.

O correntista que o depositou é notificado para:

• Reapresentá-lo, isto é, depositá-lo novamente. O mesmo cheque pode ser reapresentado apenas mais uma vez. Caso ocorra a segunda devolução, o mesmo cheque não poderá circular mais pela compensação.

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• Retirá-lo na agência onde possua conta a fim de pro-videnciar a troca do cheque junto ao emitente do mesmo.

Caso o cheque seja devolvido ao emitente, deve ser inutili-zado e registrada sua invalidade para efeito de liquidação, neces-sitando reiniciar novo ciclo de liquidação.

Resumidamente:

• O portador só encerrará o ciclo de liquidação após o desbloqueio do crédito pelo depósito em cheque na sua conta-corrente.

• O emissor só encerrará o ciclo de liquidação quando o cheque for compensado na conta-corrente de sua emissão.

A relação de motivos de devolução é a seguinte:

1. Código do Motivo de Devolução

2. Taxa em reais

3. Quem deve pagar a taxa

4. Descrição do Motivo de Devolução

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Cheques

(1) (2) (3) (4)

11 0,35 bs, tr.em insuficiência de fundos – 1ª apresentação

12 0,35 bs, tr.em insuficiência de fundos – 2ª apresentação

13 0,35 bs, tr.em conta encerrada

14 0,35 bs, tr.em prática espúria (Compromisso Pronto Acolhimento)

20 0,35 bs, tr.em folha de cheque cancelada por solicitação do correntista

21 0,35 bs, tr.em contra-ordem ou oposição ao pagamento

22 0,35 bs, tr.em divergência ou insuficiência de assinatura

23 0,35 bs, tr.em cheques de emissão da administração federal em desacordo c/o Decreto-Lei nº200

24 0,35 bs, tr.em bloqueio judicial ou determinação do BACEN

25 0,35 bs cancelamento de talonário pelo banco sacado

26 0,35 br inoperância temporária de transporte

27 0,35 br feriado municipal não previsto

28 0 não há taxa contra-ordem ou oposição ao pagamento motivada por furto ou roubo

29 0,35 br falta de confirmação do recebimento do talonário pelo correntista

30 0,35 br furto ou roubo de malotes

31 0,35 br erro formal de preenchimento

32 0,35 br ausência ou irregularidade na aplicação do carimbo de compensação

33 0,35 br divergência de endosso

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34 0,35 br cheque apresentado por estabelecimento que não o indicado no cruzamento em preto, sem o endosso- mandato

35 0,35 br cheque fraudado, emitido sem prévio controle ou responsabilidade do estabelecimento bancário (“cheque uni versal”), ou ainda com adulteração da praça sacada

36 0,35 br cheque emitido com mais de um endosso – Lei nº 9.311/96

37 0,35 br registro inconsistente – CEL

40 0,35 br moeda inválida

41 0,35 br cheque apresentado a banco que não o sacado

42 0,35 br cheque não compensável na sessão ou sistema de compensação em que apresentado e o recibo bancário trocado em sessão indevida

43 0,35 br cheque devolvido anteriormente pelos motivos 21, 22, 23, 24, 31 e 34, persistindo o motivo de devolução

44 0,35 br cheque prescrito

45 0,35 br cheque emitido por entidade obrigada a emitir Ordem Bancária

46 0,35 br CR – Comunicação de Remessa cujo cheque correspondente não for entregue no prazo devido

47 0,35 br CR – Comunicação de Remessa com ausência ou inconsistência de dados obrigatórios

48 0,35 br cheque de valor superior a R$ 100,00 sem identificação do beneficiário

49 0,35 br remessa nula, caracterizada pela reapresentação de cheque devolvido pelos motivos 12, 13, 14, 20, 25, 28, 30, 35, 43, 44 e 45

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Ficha de Compensação (doc e bloquete) (1) (2) (3) (4)

40 0,35 br moeda inválida

51 0,35 br divergência no valor recebido

52 0,35 br recebimento efetuado fora do prazo

53 0,35 br apresentação indevida

54 0,35 br ausência ou irregularidade no carimbo de compensação (ordens bancárias e fichas de compensação, exceto bloq.cobrança)

55 0,35 br ausência ou irregularidade da autenticação mecânica

56 tr. emerência insuficiente para a finalidade indicada: 0,35 br – na Ordem Bancária 0,35 br, tr.dep – no DOC “C”

57 divergência ou não preenchimento de informação obrigatória nos Doc’s e Ordens Bancárias 0,35 br – na Ordem Bancária 0,35 br, tr.dep – no DOC “C” e “D”

58 0,35 br DOC “C” e “D” emitidos para depósito em poupança

59 0,35 br ausência da expressão “transferência internacional em reais – natureza da operação” (Carta-Circular nº 2.329)

61 0,35 br papel não compensável

62 0,35 br DOC “D” com divergência na indicação do nº do CPF/CNPJ ou sem indicação do tipo de conta debitada ou creditada

63 0,35 br registro inconsistente – CEL cobrança

64 0,35 br arquivo lógico não processado /processado parcialmente

66 0,35 br DOC “D” de conta individual (único CPF) para conta conjunta (dois CPF) e vice-versa67 0,35 br DOC “D” sem a indicação do tipo de conta debitada ou creditada

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Legenda:bs banco sacadobr banco remetentetr.em transferível ao cliente emitentetr.dep transferível ao cliente depositante

Emissão de doc D – mesma titularidade

O doc é um documento emitido a partir do débito em conta-corrente do cliente do banco remetente a favor de outra conta-corrente do banco destinatário onde obrigatoriamente devem ser do mesmo titular.

Como não há mudança de titularidade, o débito na conta-corrente do cliente não incide CPMF.

Caso a conta-corrente seja conjunta, os mesmos titulares devem constar nas contas debitada e creditada. No arquivo de doc eletrônico, o cpf e o nome de ambos os titulares devem ser mencionados, bem como o tipo da conta (conjunta). É de res-ponsabilidade do banco destino a consistência da titularidade em relação ao seu cadastro de conta-corrente, bem como tratar os casos de exceção.

O banco cobraria nessa modalidade de doc apenas a tarifa pela emissão desse documento.

Emissão de doc E – diferente titularidade

Envio de recursos ao banco destino em conta-corrente cujo titular não coincida com o cliente da conta-corrente que sofreu o débito, configurando mudança de titularidade.

Se o recurso for pago em dinheiro, haverá apenas a cobrança da tarifa pelo envio do doc. A incidência da CPMF já ocorreu no momento do saque em espécie.

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Se o recurso for pago em débito em conta-corrente no banco remetente, nesse débito incide a cobrança da CPMF mais a cobrança da tarifa pelo envio do doc.

Devolução de doc

Enquanto o cheque representa a confiança do portador na capacidade e vontade do emitente em honrar o valor nele impresso, o doc é um comprovante de que o emitente enviou ao destinatário o valor compromissado.

A devolução do doc ocorrerá, portanto, não pela insuficiência de fundos do emitente, pois pela emissão do doc já é feito o débito em sua conta-corrente, ou o recurso foi recebido em espécie.

As causas possíveis do doc ser devolvido estão relacionadas mais com a conta destinatária:

• Banco, agência ou conta-corrente inválidos.

• Titular da conta enviada no doc não confere com o titular da conta no banco destino.

• Tipo da conta enviada no doc não confere com o tipo da conta do banco destino.

Pagamento de bloquete

Quanto à liquidação financeira, o bloquete se assemelha ao doc por se tratar de recurso sendo enviado do banco reme-tente ao banco destinatário.

Se o bloquete trata de despesas ou remessas do próprio banco, basta este encaminhar o arquivo adequado à compensação com informações do código de barras.

Se o bloquete trata de remessa feita pelo cliente do banco, coligada ou não, a origem do recurso deve ser em espécie ou

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por débito na conta-corrente, sendo igualmente enviadas as informações do código de barras no arquivo da compensação.

Enquanto o doc credita uma conta-corrente no banco des-tino, o bloquete é um documento emitido previamente por esse mesmo banco destino por diversas razões:

Liquidação de parcela de empréstimoLiquidação de título de cobrança, entre outros.Dentro do código de barras está formatado um conteúdo de

conhecimento do banco destino que direcionará tal informação ao sistema ou área responsável pela emissão do bloquete.

Bloquete expresso

Quanto à liquidação, segue o mesmo roteiro dos demais bloquetes. Este difere quanto a quem preenche o conteúdo do bloquete.

A empresa prestadora de serviços ou vendedora de produ-tos delega ao banco o recebimento de seus clientes através de:

• Depósito em sua conta-corrente.

• Recebimento de doc em sua conta-corrente.

• Recebimento de bloquetes.

Nas duas primeiras formas, a dificuldade reside na sua correta identificação pois não constam formas padronizadas de quem pagou bem como o motivo do pagamento no caso do depósito, e na dependência do correto preenchimento de tais dados no caso do doc. Já os bloquetes, uma vez que foram emi-tidos pelo próprio banco destino, não dependem do preenchi-mento pois já constam tais dados no código de barras.

Os bancos disponibilizam a seus correntistas, mediante acerto e contrato prévio, a opção de que estes emitam esses bloquetes quando lhes convier com as informações que conside-

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rem importantes dentro de um padrão definido para a correta identificação. O bloquete é entregue diretamente ao sacado e o cedente pode ou não enviar previamente os dados ao banco a fim de utilizá-lo como contas a receber. Periodicamente o banco envia ao cliente cedente os dados dos bloquetes pagos de forma analítica, pois o crédito em conta-corrente em geral é de forma consolidada.

Lançamento em conta-corrente

Operacionalmente, um débito ou um crédito em conta-corrente significa integrar tal lançamento no sistema conta-cor-rente a partir de um sistema legado. Caso essa integração seja feita em lote, um lançamento cancelado na mesma data não necessitaria de ser feito. No modo on-line, porém, como o lança-mento original é feito no ato, no seu posterior cancelamento, independentemente de ser de uma operação de hoje ou algum dia atrás, deve haver a geração do lançamento de estorno a fim de regularizar o extrato da conta-corrente envolvida.

O efeito na reserva é nulo pois não há entrada ou saída de recursos, seja em espécie, seja em reserva.

Apenas o saque e o crédito em dinheiro efetivamente afetam o caixa imediatamente. Depósitos em cheque, emissão de doc e pagamento de bloquete afetarão a reserva no resultado da compensação que debitará ou creditará a posição do banco.

Contabilmente, a conta-corrente é representada pela faixa contábil de Depósitos à Vista. Num lançamento simples em conta-corrente sem envolver espécie ou documentos com-pensáveis, há apenas a troca de faixas contábeis. Por exemplo, num resgate de CDB, transfere-se o saldo referente ao resgate da conta de depósito a prazo para a conta de depósitos à vista (ambas do passivo). Numa liberação por concessão de emprés-

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timo, abre- se uma conta do ativo (empréstimos concedidos, por exemplo) em contrapartida ao aumento do depósito à vista (pas-sivo representando o saldo em conta-corrente dos clientes).

Aviso de lançamento no caixa

Nesse caso a Tesouraria cumpre apenas o papel de emitir algum documento cuja autenticação permitirá a entrega ou rece-bimento, em espécie ou em documentos compensáveis, na boca do caixa.

Pagamento de STR ou PAG

No SPB, apenas a própria instituição pode autorizar um débito em sua conta reserva. As câmaras de liquidação, o Banco Central e o Tesouro Nacional podem solicitar que o débito seja feito, mas nunca efetivar tal lançamento contra a reserva de qual-quer banco.

Esses tipos de mensagem se assemelham ao doc quanto aos personagens envolvidos.

Possuem combinações quanto à existência ou não de um crédito ou débito em conta-corrente nos bancos envolvidos.

Ambas mensagens trafegarão pelo SPB. As mensagens STR transferem imediatamente o recurso da reserva do banco remetente para a reserva do banco destinatário. As mensagens PAG são represadas na câmara de liquidação CIP onde será apu-rado o resultado líquido (saldo pela diferença entre as várias mensagens de débito e crédito de cada banco). O saldo desse resultado líquido afetará a reserva dos bancos no encerramento das “janelas”, isto é, numa determinada hora posterior ao envio das mensagens PAG.

Após o envio de cada mensagem STR ou PAG, é neces-sário esperar a confirmação através do recebimento de uma men-

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sagem R1, somente a partir daí podemos considerar a liquidação como encerrada.

Recebimento de STR ou PAG

Pelo SPB, a instituição receberá mensagens R2, isto é, créditos a seu favor enviados por outras instituições. É o lança-mento final iniciado pela respectiva mensagem STR ou PAG de pagamento acima mencionada.

Alguém ou algum sistema deve ter condições de classificar tais créditos a fim de dar baixa em parcelas ou títulos a liquidar, ou sacramentar uma aplicação em papéis, por exemplo.

Valem todas considerações pertinentes às combinações de titularidade e existência ou não de uma conta-corrente para crédito.

Devolução de crédito indevido via STR ou PAG

Ao contrário dos pagamentos que representam débito na conta reserva e comandados pela própria instituição remetente, os recebimentos via mensagens R2 são compulsórios, isto é, sua reserva já foi creditada.

Caso o crédito não seja classificado ou havendo incorreções, o banco pode considerá-lo indevido e decidir devolver o crédito por meio de mensagens específicas para esse fim.

Financeiramente essas devoluções são consideradas saída de recursos e a mensagem de devolução contém o número da mensagem original de crédito que está sendo devolvida.

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Simulação da Contabilização de alguns produtos

Conceitos

O Banco Central controla a saúde financeira dos bancos a partir de suas posições contábeis, normalizando-as e padroni-zando-as, bem como recebendo os mais diversos arquivos em meio magnético com tais dados periodicamente.

Qualquer transação efetuada no banco deve ser registrada na contabilidade por meio do método das partidas dobradas, onde um lançamento contábil sempre sensibiliza 2 contas contá-beis, debitando ou creditando.

Cada conta pode receber tanto débitos como créditos. As contas estão organizadas de forma hierárquica a fim de que seus saldos representem a composição do patrimônio da instituição. Essa demonstração no nível mais consolidado é o balanço patri-monial.

O balanço patrimonial é composto por contas agrupadas em:

• Patrimônio líquido (recursos próprios) e Passivo (recur-sos de terceiros), representando a origem dos recursos.

• Ativo, representando o destino dos recursos.

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O saldo de cada conta, resultado da diferença entre os lançamentos de débito e os de crédito, é apurado e representado graficamente por meio de razões onde os lançamentos de débito são exibidos à esquerda e os de crédito à direita. O saldo ficará representado no lado que restar a diferença em valor absoluto entre os dois grupos de lançamentos.

Quanto ao comportamento das contas no balanço, cabe citar:

• Contas do Ativo aumentam com débitos.

• Contas do Passivo aumentam com créditos.

• Contas do Patrimônio Líquido aumentam com créditos.

• Contas de Resultado – dentro do Patrimônio Líquido

s Receita e Lucro – saldo credor

s Despesa e Prejuízo – saldo devedor

• Contas redutoras.

• Contas transitórias de sistemas.

O saldo das contas de resultado é periodicamente apurado e zerado, aumentando ou diminuindo o capital da empresa.

As contas redutoras são geralmente utilizadas com o con-ceito de provisão. Possuem saldo inverso à conta principal. A conta principal fica com o saldo total e a conta redutora com a parcela desse saldo total que ainda falta ocorrer. À medida que tal parcela ocorre, o saldo da conta redutora diminui. A diferença entre saldo principal e redutora é o valor atual do ativo ou do passivo.

As contas transitórias de sistemas têm a finalidade de retra-tar a contabilização de um processo iniciado por um sistema mas finalizado por outro. Havendo saldo nesse tipo de conta, um dos dois sistemas provavelmente deixou de contabilizar ou o segundo sistema ainda não finalizou o processo operacional.

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O primeiro sistema “abre” o saldo da transitória e o segundo sis-tema “fecha” a conta lançando pelo mesmo valor caso trate devi-damente a informação.

Por se tratar de um executor das liquidações, a tesouraria não possui faixas contábeis que representem o saldo de um pro-duto. Basicamente finaliza as operações iniciadas pelas demais carteiras. Por outro lado, as demais carteiras possuem faixas con-tábeis que devem apresentar um saldo que represente o montante de recursos em cada produto. A tesouraria em geral transportará o saldo de contas transitórias de sistemas abertas pelos produtos origem para as contas de efetivação conforme a liquidação uti-lizada. De qualquer maneira, é imprescindível que o tesoureiro conheça o comportamento básico dos produtos a fim de poder classificá-las quanto às faixas contábeis transitórias e fluxo do movimento financeiro.

Como já mencionado, as carteiras possuem determinadas faixas contábeis cujo saldo traduz o montante em cada produto. Algumas delas, sinteticamente, são:

Produto Faixa contábil (natureza)

Saldo em conta-corrente Depósito à vista (passivo)Aplicação em papéis Títulos livres (ativo)Cdb’s e cdi’s emitidos Depósito a prazo (passivo)Empréstimos concedidos Empréstimos (ativo)Faturas a serem pagas Contas a Pagar (passivo)Saldo da reserva bancária Reservas Livres (ativo)Dinheiro em cofre Numerário em espécie (ativo)

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Abertura de um banco

Fato gerador e lançamento contábil:

• criação do banco com recursos próprios.

• D – cofre

• C – Capital Próprio

• Valor = 1.000.000,00

Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Cofre 1.000.000,00

Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00

Total 1.000.000,00 Total 1.000.000,00

Empréstimo a cliente

Fato gerador e lançamento contábil:

• Empréstimo de 100.000,00 para receber em 4 parcelas de 26.000,00 sem previsão de receita.

• D – Empréstimo

• C – Cofre

• Valor = 100.000,00

Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Cofre 900.000,00 Empréstimos 100.000,00

Patrimônio LíquidoCapital Próprio 1.000.000,00

Total 1.000.000,00 Total 1.000.000,00

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Na realidade, o balanço patrimonial é resultado da consolidação dos saldos das contas contábeis. Tais saldos são calculados por meio de débitos e créditos em cada conta contábil, graficamente representados pelo confronto entre débitos e créditos: os razões.

Razão das Contas após os 2 fatos geradores: Cofre Abertura do banco 1.000.000,00 Empréstimo concedido 100.000,00 Saldo 900.000,00

Capital próprio Abertura do banco 1.000.000,00 Saldo 1.000.000,00

Empréstimos Empréstimo concedido 100.000,00

Saldo 100.000,00

Por motivos de praticidade e ser do conhecimento de leitores que dominam os conceitos contábeis, esses razões não serão apresentadas nos próximos lançamentos, apenas o balanço consolidado.

Vamos sofisticar o empréstimo com o cálculo e previsão de receita pelos juros.

Fato Gerador e lançamentos contábeis:

• Empréstimo de 100.000,00 para receber em 4 parcelas de 26.000,00 com previsão de receita de 4.000,00 (juros)

• D – Empréstimo

• C – Cofre Valor = 100.000,00

• D – Empréstimo

• C – Receita Prevista Valor = 4.000,00

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Reflexo do saldo na Contabilidade:

Ativo Passivo Cofre 900.000,00 Empréstimos 104.000,00 (-receita prevista) (4.000,00)

Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00

Total 1.000.000,00 Total 1.000.000,00

Obs.: RAA = Renda a apropriar = receita prevista

Fato gerador e lançamentos contábeis:

• Recebimento da 1ª parcela de 26.000,00

• D – Cofre

• C – Empréstimo Valor = 26.000,00

• D – RAA

• C – Receita Valor = 1.000,00

Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Cofre 926.000,00 Empréstimos 78.000,00 (-RAA) (3.000,00) Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00 Receita 1.000,00

Total 1.001.000,00 Total 1.001.000,00

Fato gerador e lançamentos contábeis:

• Recebimento da 2ª parcela de 26.000,00

• D – Cofre

• C – Empréstimo Valor = 26.000,00

• D – RAA

• C – Receita Valor = 1.000,00

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Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Cofre 952.000,00 Empréstimos 52.000,00 (-RAA) (2.000,00) Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00 Receita 2.000,00

Total 1.002.000,00 Total 1.002.000,00

Fato gerador e lançamentos contábeis:

• Recebimento da 3ª e 4a parcelas no total de 52.000,00• D – Cofre• C – Empréstimo Valor = 52.000,00• D – RAA• C – Receita Valor=2.000,00

Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Cofre 1.004.000,00 Empréstimos 0,00 (-RAA) (0,00) Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00 Receita 4.000,00

Total 1.004.000,00 Total 1.004.000,00

Aplicação de cliente

Fato gerador e lançamentos contábeis:

• Cliente do banco aplica c/ resgate em 30 dias. Valor aplicado = 100.000 com juros de remuneração = 3.000. Contabilizar com provisão de despesa.

• D – Cofre

• C – Depósito a Prazo Valor = 100.000,00

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• D – Despesa prevista

• C – Depósito a Prazo Valor = 3.000,00

Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Cofre 1.104.000,00 Depósito a Prazo 103.000,00 Empréstimos 0,00 Despesa Prevista) (3.000,00) (-RAA) (0,00) Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00 Receita 4.000,00 Total 1.104.000,00 Total 1.104.000,00

DA = Despesa a apropriar = despesa prevista

Fato gerador e lançamentos contábeis:

• Valorização da despesa em 10 dias é a aplicação dos juros proporcionais a 10 dias decorridos após a aplicação do cliente, nesse caso igual a 1.000,00. Trocar a previsão de despesa como despesa efetiva, apesar da aplicação ainda não estar sendo resgatada no 10º dia.

• D – Despesa

• C – DA Valor = 1.000,00

Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Cofre 1.104.000,00 Depósito a Prazo 103.000,00 Empréstimos 0,00 (DA) (2.000,00) (-RAA) (0,00)

Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00 Receita 4.000,00 Despesa (1.000,00)

Total 1.104.000,00 Total 1.104.000,00

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Fato gerador e lançamentos contábeis:

• Valorização da despesa pelos 30 dias de aplicação. Aplicação dos juros proporcionais aos demais 20 dias decorridos após a aplicação do cliente em 2.000. Trocar a previsão de despesa como despesa efetiva.

• D – Despesa

• C – DA Valor = 2.000,00

Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Cofre 1.104.000,00 Depósito a Prazo 103.000,00 Empréstimos 0,00 (DA) (0,00) (-RAA) (0,00) Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00 Receita 4.000,00 Despesa (3.000,00)

Total 1.104.000,00 Total 1.104.000,00

Fato gerador e lançamentos contábeis:

• Como é o dia do resgate, o banco deve devolver ao cliente o valor aplicado mais os juros prometidos = 103.000,00

• D – Depósito a Prazo

• C – Cofre Valor = 103.000,00

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Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Cofre 1.001.000,00 Depósito a Prazo 0,00 Empréstimos 0,00 (DA) (0,00) (-RAA) (0,00) Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00 Receita 4.000,00 Despesa (3.000,00)

Total 1.001.000,00 Total 1.001.000,00

Cliente abre uma conta-corrente

Fato gerador e lançamentos contábeis:

• Cliente abre uma conta-corrente com depósito inicial = 10.000,00 em dinheiro (em espécie)

• D – Caixa da agência

• C – Depósito à Vista Valor = 10.000,00

Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Cofre 1.001.000,00 Depósito à Vista 10.000,00 Caixa/agência 10.000,00 Depósito a Prazo 0,00 Empréstimos 0,00 (DA) (0,00) (-RAA) (0,00) Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00 Receita 4.000,00 Despesa (3.000,00)

Total 1.011.000,00 Total 1.011.000,00

Banco deposita em reserva

Fato gerador e lançamentos contábeis:• Para evitar assalto em seu cofre, o banco deposita

$1.000.000,00 em Reserva no Banco Central.

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SPB e Tesouraria

• D – Reservas no Banco Central

• C – Cofre Valor = 1.000.000,00

Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Reserva no BC 1.000.000,00 Depósito à Vista 10.000,00 Cofre 1.000,00 Depósito a Prazo 0,00 Caixa/agência 10.000,00 (DA) (0,00) Empréstimos 0,00 (-RAA) (0,00) Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00 Receita 4.000,00 Despesa (3.000,00)

Total 1.011.000,00 Total 1.011.000,00

Despesas do banco

Fato gerador e lançamentos contábeis:

• Banco recebe conta de luz de 100,00 para ser paga no dia 10 do próximo mês.

• Contabiliza por regime de competência.

• D – Despesa

• C – Fornecedores a pagar valor = 100,00

Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Reserva no BC 1.000.000,00 Depósito à Vista 10.000,00 Cofre 1.000,00 Depósito a Prazo 0,00 Caixa/agência 10.000,00 (DA) (0,00) Empréstimos 0,00 Fornecedores a pagar 100,00 (-RAA) (0,00) Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00 Receita 4.000,00 Despesa (3.100,00)

Total 1.011.000,00 Total 1.011.000,00

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SPB e Tesouraria

Fato gerador e lançamentos contábeis:

• Banco paga conta de luz de 100,00 cuja despesa já foi contabilizada anteriormente.

• D – Fornecedores a pagar

• C – cofre valor = 100,00

Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Reserva no BC 1.000.000,00 Depósito à Vista 10.000,00 Cofre 900,00 Depósito a Prazo 0,00 Caixa/agência 10.000,00 (DA) (0,00) Empréstimos 0,00 Fornecedores a pagar 0,00 (-RAA) (0,00) Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00 Receita 4.000,00 Despesa (3.100,00)

Total 1.010.900,00 Total 1.010.900,00

Fato gerador e lançamentos contábeis:

• Banco paga 240,00 pela apólice de seguro válida por um ano.

• D – Seguros a vencer

• C – Cofre valor = 240,00

Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Reserva no BC 1.000.000,00 Depósito à Vista 10.000,00 Cofre 660,00 Depósito a Prazo 0,00 Caixa/agência 10.000,00 (DA) (0,00) Empréstimos 0,00 Fornecedores a pagar 0,00 (-RAA) (0,00) Seguros a vencer 240,00

Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00 Receita 4.000,00 Despesa (3.100,00)

Total 1.010.900,00 Total 1.010.900,00

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Fato gerador e lançamentos contábeis:

• Apurar despesa do primeiro mês do seguro proporcio-nal a 1/12 do valor pago.

• D – Despesa valor = 20,00

• C – Seguros a vencer

Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Reserva no BC 1.000.000,00 Depósito à Vista 10.000,00 Cofre 660,00 Depósito a Prazo 0,00 Caixa/agência 10.000,00 (DA) (0,00) Empréstimos 0,00 Fornecedores a pagar 0,00 (-RAA) (0,00) Seguros a vencer 220,00

Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00 Receita 4.000,00 Despesa (3.120,00)

Total 1.010.880,00 Total 1.010.880,00

Emissão de doc

Fato gerador e lançamentos contábeis:

• Cliente emite doc solicitando que debite de sua conta-corrente no valor de 100,00. Pelo débito na conta do cliente, teremos o seguinte lançamento contábil:

• D – Depósito à vista valor = 100,00

• C – Doc a compensar

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SPB e Tesouraria

Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Reserva no BC 1.000.000,00 Depósito à Vista 9.900,00 Cofre 660,00 Depósito a Prazo 0,00 Caixa/agência 10.000,00 (DA) (0,00) Empréstimos 0,00 Fornecedores a pagar 0,00 (-RAA) (0,00) Doc a compensar 100,00 Seguros a vencer 220,00

Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00 Receita 4.000,00 Despesa (3.120,00)

Total 1.010.880,00 Total 1.010.880,00

Fato gerador e lançamentos contábeis:

• Pela compensação do doc emitido.

• D – Doc a compensar valor = 100,00

• C – Reserva

Reflexo do saldo na Contabilidade: Ativo Passivo Reserva no BC 999.900,00 Depósito à Vista 9.900,00 Cofre 660,00 Depósito a Prazo 0,00 Caixa/agência 10.000,00 (DA) (0,00) Empréstimos 0,00 Fornecedores a pagar 0,00 (-RAA) (0,00) Doc a compensar 0,00 Seguros a vencer 220,00

Patrimônio Líquido Capital Próprio 1.000.000,00 Receita 4.000,00 Despesa (3.120,00)

Total 1.010.780,00 Total 1.010.780,00

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SPB e Tesouraria

Tesouraria

Quando delegada à tesouraria a operacionalização da liquidação e finalização dos lançamentos contábeis, a área de produtos classifica a faixa original e transfere o saldo para uma conta transitória de sistemas. Pela efetivação da liquidação, a tesouraria deve transportar o saldo da conta transitória de sis-temas adequado para a faixa definitiva de liquidação. Generica-mente teríamos:

Pagamentos:

• Área de produtos inicia o pagamento:

s D – Faixa de produto

s C – Transitória de sistema

• Área de tesouraria efetiva o pagamento:

s D – Transitória de sistema

s C – Meio de pagamento

Recebimentos:

• Área de produtos inicia a expectativa de recebimento:

s D – Transitória de sistema

s C – Faixa de produto

• Área de tesouraria confirma o recebimento:

s D – Meio de pagamento

s C – Transitória de sistema

A conta transitória de sistema costuma ser definida para cada par de sistemas envolvidos. Caso ela apresente saldo ao final do dia, alguma liquidação não foi enviada à tesouraria ou um dos dois sistemas não efetivou seu lançamento contábil. Se utilizada apenas uma conta transitória para diversos sistemas interagindo, a dificuldade será de identificar qual sistema deixou de contabilizá-la.

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SPB e Tesouraria

A conta meio de pagamento é uma classificação que a tesouraria fará em função da liquidação utilizada na empresa banco, ou em função da conta-corrente utilizada nas demais empresas coligadas do grupo. Em geral as contas que receberão ou perderão recursos são:

• Reservas Livres

• Transitória com sistema conta-corrente

• Transitória com sistema piloto de reservas

• Doc a compensar

• Cheque a compensar

• Compensação de documentos

• Transitória com sistema de caixa

• Disponibilidade em conta-corrente (ativo das empresas coligadas)

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Conclusão

As mudanças promovidas pelo SPB ainda estão sendo senti-das gradualmente, mesmo porque exatamente nesse momento (junho) ainda não está sendo feito o depósito prévio da compensação. A previsão é que passe a ocorrer a partir do mês de agosto do ano corrente. Segundo dados do Banco Central, a quantidade de transações eletrônicas saltou de 5.368 para 7.984 desde o dia da implantação do SPB até o dia 6 de junho.

Ao grande público, portanto, o efeito começa no mês de agosto quando o valor a transitar por meio da TED será incen-tivado pelos bancos a partir do patamar de cinco mil reais. Não que os correntistas migrarão para tais transferências, afinal cinco mil reais não costuma ser um valor transferido pela maioria das pessoas físicas, mas os efeitos para as pessoas jurídicas em seu fluxo de caixa gerará uma nova onda de condições e produtos diferenciados. Resta saber quais serão.

Se você tem alguma crítica ou sugestão a esse livro, ou pretende participar de uma rede de relacionamentos e contatos profissionais, ou ainda participar de um curso a res-peito dos assuntos aqui tratados, envie um e-mail ao endereço [email protected] que terei o prazer de entrar em contato.

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SPB e Tesouraria

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Bibliografia

• Site oficial do Banco Central do Brasil: www.bcb.gov.br

• Mercado Financeiro, Eduardo Fortuna, 14a edição, 2000, Qualitymark editora.

• História da Riqueza do Homem, Leo Huberman, 18a edição, 1980, Zahar editores.

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