sono cósmico - um poema para crianças de todas as idades - pedro marcos pereira lima
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SONO CSMICOum poema para crianas
de todas as idades
PEDRO MARCOS PEREIRA LIMA
2016
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Caio entre palavras
e pesados brinquedos
Carlos Nejar
Conheo um homem em Cristo que h quatorze anos
(se no corpo no sei, se fora do corpo no sei: Deus o sabe) foi
arrebatado at ao terceiro cu.
II Corntios 12, 2
Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e
o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu s Deus.
(...)
Porque mil anos so aos teus olhos como o dia de ontem quepassou, e como a viglia da noite.
Tu os levas como corrente de gua: so como um sono...
Salmos 90, 2-4-5
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Acordando do Sono Csmico
Pedro Marcos Pereira Lima
Literariamente, este poema tem a modesta inteno de explorar uma
velha e reiterada imagem potica do cosmos e seus adereos como
estrelas e discos voadores. Desde o conhecido soneto de Olavo Bilac:
Ouvir Estrelas, Ora (direis) ouvir estrelas!, at o modernoA Mquina do
Mundode Carlos Drummond de Andrade, muitos foram os poetas que se
ocuparam desse tema, pelo fascnio humano do incognoscvel; o mistrio
que se abre a todas interpretaes religiosas, msticas e metafsicas.
Nos tempos atuais, em que as grandes descobertas cientficas na Fsica a
partir de Albert Einstein (principalmente) com a revolucionria Teoria da
Relatividade, posteriormente o desenvolvimento do telescpio Hubble, a
construo do equipamento terrestre LIGO - Observatrio Avanado de
Ondas Gravitacionais por Interfermetro Laser, que recentemente
anunciou a deteco de Ondas Gravitacionais, que segundo os cientistas,
esse fenmeno, abre uma nova viso para a compreenso do cosmos e
suas derivaes como tempo e espao, buracos negros, buracos de
minhocas (possibilidades tericas de se avanar ou voltar no tempo), o
incio e fim do Universo.
O poema aqui apresentado no tem nenhuma base cientfica, marcado
pelo ludismo e metfora, apenas o que quer toda poesia, ser linguagem,
ser sonho, ser magia, ser esperana. Se o Universo foi criado por um big
bangou por um faa-se a luz no importante, necessrio mantermos
esse lugar (at agora nico habitvel) nesse extenso universo em
expanso, com justia, tolerncia e muito amor, para celebrarmos a VIDA.
Para os cristos, a criana representativa do cristianismo, na
interpretao de inocncia e humildade, como o prprio Cristo expressou:
Em verdade vos digo: quem no receber o reino de Deus como uma
criana, de maneira nenhuma entrar nele (Marcos 10:15).
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Sono Csmico
um poema para crianas
ainda no nascidas
mas nascero
em breve futuro tempo
como no passado existiram
em fbulas e lendas
o velho homem
emergiria do sonhoviria andando lentamente
pelo sono csmico
(uma memria
de longo agora
sem futuro
sem passado)
o sono csmico
so sons em ondas
in... son... dveis
oferto deserto imenso
imerso
na agora
descobertaondas gravitacionais
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gros
desgrudados
pontos jogados
da grande praia
galxia
um silncio oculto
ouvido
em concha infantil
atravessando a morte
e o turbilho da vida
em duraono sono csmico
o velho viajante
de seu andar lento
por esse tempo
sairiam passos firmes e decididos
caminhariam
sabendo-se chegar l adiante
mesmo se o distante
fosse logo ali prximo
dentro
do sono csmico
de tempos em temposuma farpa de luz
um arco em cor
ris
de instantes
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riscaria seu rosto
refletindo uma face envelhecida
quase cansada
pronta para transferir-se
em transposto
rosto outro
talvez um monstro
que se apresenta
questionando a ausncia
que no sabe
se de dentrose de fora
se d esse encontro
nascena
que no cabe
na im-permanncia
do agora
deixando esse momento
oscilante
o silen-cioso sono csmico
o velho
agora homem adulto
caminharia
por uma estrada asfaltadasobre um bloco de mar virtual
estrada ilhada
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estraalhada barulhenta
veloz lenta
onde atulham vozes falantes
que s calam
seus falares pelos ares
em cmeras celulares
enquanto
a voz do velho homem
afastada
de sua boca
em eco soaem canto
vazado de submerso
e oculto sonar
(sonha)
estranhado homem
que se leva
nesse sonho subterrneo
invisvel
quem (ou) o que
carrega
esse ogro adiante
ano aps ano?
se que existiria
esse divisor espontneo
de tempo secular
trafegando
pelo sono csmico
como pensamento
como marco histrico
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*
ainda ininterrupto
mover-se-ia o homem adulto
com sua face de homem jovem
alheio olhar
por entre alheios acontecimentos
viajaria o homem jovem
como partindo sempre de si
cada lugar seria o incio
chegada
do seu caminhar
um estar em estado de flecha
de Zeno
seno uma viagem
habitao da imagem
eterna meta
morfose
da mesma via
gen- de gens
de mortes
de gentes viajantes
mveis imveis
em outro
(mesmo instante)o homem jovem
atravessaria um quarto
olhando no espelho
veria um menino
em uma longa estrada
a seguir em frente
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o espelho refletiria
a mesma luzque sondara
o rosto do velho
na passagem para o homem adulto
o jovem
seguiria agora o menino
as pernas do jovem
j no to ligeiras
acompanhariam de longe
quase desaparecendo
o correr do menino
que mo/vendo-se entre o olhar
e o alcanar
quereria ver e pegar
coisas e sonhos
no sono csmico
(essa memria sem fundo)
a cabea balde
do menino
desce o poo
e nunca se enche de todo
preciso ir mais fundo
como pipa ao avesso
mais desodando linha
cabea do menino
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que veria
(outra vez)
a luzentre asas transparentes
visveis indizveis
em meio ao sol selvagem
na folhagem do jardim
que escondia um beb
nascido de onde
menos esperou
sua me menina
num quarto de rua
deu-se o parto
entre armas
pesadas e drogas
e balas perdidas
mas o beb sobreviveu
de onde nasceu
com seus olhos abertos
confundindo-se com as flores
ao olhar do menino
o beb iniciaria um engatinhar
(ou seria um engatilhar)
sobre a grama
em seguida:
mo estendida do menino
o beb
daria os primeiros passos
olhos brilhantes
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logo abandonaria o menino
que o precedeu
e seguiria
em direo ao sonho
o beb
adormeceria dentro
do sono csmico
dentro da estrada asfaltada
dentro do bloco de mar virtual
dentro da luzentre asas transparentesque viria de dentro
de outro cu
para dentro do quarto
dentro do espelho
dentro do jardim
dentro do olhar
dentro da flor
dentro da folhagem
dentro do poo
sem fundo
dentro do sonho
para dentro do rosto do velho homem
que andaria
pelo sono csmico
*
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em direo camada
da mais profunda idade
do sono csmico
segue o velho homem
procura do vazio
que lhe traga algo
que no encontrou
no lugar comum
antes de vir a ser um
marcando o passo
na msica
silenciosa
sada do espao
deixa-se vagar viajar
naquele som mnimo
do sem fim perdido
aps andar deriva
entre estar e no estar
em sua mente repentina
*achou-se no planetaOlhOs
(um fardo de olhos
flutuante)
que explodiria
ao primeiro olhar aliengena
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(assim aconteceu)
aps o olhar
inconsciente do viajante
para aquela ilha flutuante de olhos
primeira viso
houve a exploso
do planeta
OlhOs
num timo seus olhos
se viram cercados de olhospor todos os lados
que deixaram os seus
ilhados
do planeta OlhOs
vieram enxames de olhos
grudaram em sua pele
cabelos braos sapatos
guiado por um olho maior
levado ao sonho dos fatos
olhos cerrados
cego o viajante
chegou ao ncleo
do olho deOlhOs
que viso pode estar ali
que me chama
em secreto delrio?
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pensou ao mesmo tempo
que se viu
a esmo sem pensamento
dentro do grande
OlhO
pressentiu
dali nunca sara
nem sairia
(como preso
em um espelho)
*era neles
um silncio indizvel
a voz era audvel
pelos olhos
mesmo fora
do campo de viso
do interlocutor
os olhos falavam
por visuais palavrasviajando no ar
at o olhar do outro
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pelos olhos
tiraram-me
de mim
e fui levado
posto na nave
OlhOs
viajei
antes de mim
ao mesmo tempo
que iadepois do meu fim
viagem insondvel
caiu em mim
a imensido do fim
dali
vi meus olhos
que no me viam
agora
ejetado da nave
(meu corpo)
passoflutuando
procurando
a nave perdida
do meu corpo
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por onde ando
aqui
escapando
do visvel real
mais afundo
no invisvel profundo
onde repousa
ou convulsiona
a matria escura
no oculto
*rochas flutuam
desdobram-se
em silncio
na escurido
o viajante
do sono csmico
contempla as rochas
no espao
leva no lugar-olhar
um carregamentode sobras
de palavras
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lugar-olhar
um lugar no crebro
(quem sabe o sono csmico
no est l)
coisas dos neurnios
e seus atalhos
mas esse sistema
aqui
no cabe explicao
por ser apenas um poema
as rochas
so fragmentos
de cometas errantes
(pensamentos
perdidos
em sonhos)
caber ao viajante
inscrever nessas rochas
as palavras
trazidas em sua bagagem
e fazer vingar
a imaginaoVIDA
no corpo perdido
das rochas errantes
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enquanto escolhia
a rocha ilha
para pousar
as palavras trazidas
tirou o viajante
da profunda cegueira
do lugar-olhar
a palavra primeira
a vista cega de estar perdida
na dana de olharesdentro do sono csmico
repentina mente pressentiu
que a rocha mais distante
atravs de uma luzdifusa
de brilho condensado
buscava contato
emitindo pulsaes
em sua direo
entre ser ou no ser
esta ou aquela
rocha
sua escolha recaisobre a que o olha
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a rocha que o via
e o ouvia em silncio no escuro
e que mais
lhe trans/parecia
ser aquela
que lhe transpassava com sua luz
assim enviou
a palavra primeira
que seguiu seu destino
em viagem suave e fria
cintilando
entre brincadeiras
de suas letras
viajando
a princpio rutilante
foi sumindo
longnqua
at evanescer-se
a tantos anos-luz
do lugar olhar
solta outra e outra e mais outra
todas sumiram no escuro espaoperderam-se do lugar-olhar
todavia ainda restou uma
a palavra ltima
(muito humana)
raciocinou
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que por estar to distante
aquela rocha cometa
palavra alguma
alcanaria
essa meta
muito menos a ltima
e em seu lugar-olhar
ficou insensvel
quele grito olhar
da luz que lhe chamava
*seria preciso atravessar
abismos de luz
um fogo preto azul verde plido rosa roxo
sulfrico dixido de carbono
enxofre
que desumana mente se ergue
entre vapores gazes rosas atmicas
espumas de gelo
eventos de ventanias vulcnicas
fornos explosivos de acontecimentos
que no se entende
tudo reagidocom os Agentes Qumicos
do Engodo e da Mentira
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entrar nessas reas obscuras
escusas
o passo fatal
para submergir
no infernal buraco negro
temerosa
a palavra ltima
se deixa ficar
no olho cego do viajante
*a luz
e o reincio do sonho
o silncio das palavras primeiras
aps o desaparecimento
j no sabiam de si
por estarem distantes
esquecidas do lugar-olhar
mas se sabiam vivas
inscritas na rocha brilhando
com suas letras
brincantes
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no sono csmico
(o ventre abismo)
da rocha cometa
onde pousaram as palavras
abriram-se plpebras de sol
agora
clareiras vivas
dali
sagraria a inspirao
*a palavra ltima
por demais humana que fosse
vendo o brilho de suas irms
na rocha distante
resgatou dentro de si
suas letras espirituais
saltou do olho cego
e se deixou levar
em direo Rocha Sonho
desviou-se de todos
os meteoros
venceu a zona de perigocravou sua palavra
na rocha luz
renasceu palavra primeira
*
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tranquila a criana
acordou
o poema
o sono csmico
agora
beira a manh
um sol espalha-se em cada rocha
uma algazarra de crianas
contnuo alarme de pssaros
bem te vis
soamressoam
da janela do lugar-olhar
o viajante reencontra
aquela luz
persistente
quebrando em seu rosto
entre asas transparentes
so suas cortinas ao vento
tremulando em seu rosto
*
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o velho homem
nos olhos da manh
achou a criana
onde habita o comeo
de tudo que se escreveu
na viagem ao 3 cu
nada se perdeu
seno achado na trajetria
de sua histria
talvez sem p nem cabeaporm, a passos e pensamentos
o velho encontrou
o que o continha:
uma luz interna
vista do incio
idade eterna
algo alcanado
dentro do cotidiano
o humano
entre os seus
esprito e matria
*aquele alm-aqui
chamado
Deus