sono cósmico - um poema para crianças de todas as idades - pedro marcos pereira lima

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  • 7/24/2019 Sono Csmico - Um poema para crianas de todas as idades - Pedro Marcos Pereira Lima

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    SONO CSMICOum poema para crianas

    de todas as idades

    PEDRO MARCOS PEREIRA LIMA

    2016

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    Caio entre palavras

    e pesados brinquedos

    Carlos Nejar

    Conheo um homem em Cristo que h quatorze anos

    (se no corpo no sei, se fora do corpo no sei: Deus o sabe) foi

    arrebatado at ao terceiro cu.

    II Corntios 12, 2

    Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e

    o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu s Deus.

    (...)

    Porque mil anos so aos teus olhos como o dia de ontem quepassou, e como a viglia da noite.

    Tu os levas como corrente de gua: so como um sono...

    Salmos 90, 2-4-5

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    Acordando do Sono Csmico

    Pedro Marcos Pereira Lima

    Literariamente, este poema tem a modesta inteno de explorar uma

    velha e reiterada imagem potica do cosmos e seus adereos como

    estrelas e discos voadores. Desde o conhecido soneto de Olavo Bilac:

    Ouvir Estrelas, Ora (direis) ouvir estrelas!, at o modernoA Mquina do

    Mundode Carlos Drummond de Andrade, muitos foram os poetas que se

    ocuparam desse tema, pelo fascnio humano do incognoscvel; o mistrio

    que se abre a todas interpretaes religiosas, msticas e metafsicas.

    Nos tempos atuais, em que as grandes descobertas cientficas na Fsica a

    partir de Albert Einstein (principalmente) com a revolucionria Teoria da

    Relatividade, posteriormente o desenvolvimento do telescpio Hubble, a

    construo do equipamento terrestre LIGO - Observatrio Avanado de

    Ondas Gravitacionais por Interfermetro Laser, que recentemente

    anunciou a deteco de Ondas Gravitacionais, que segundo os cientistas,

    esse fenmeno, abre uma nova viso para a compreenso do cosmos e

    suas derivaes como tempo e espao, buracos negros, buracos de

    minhocas (possibilidades tericas de se avanar ou voltar no tempo), o

    incio e fim do Universo.

    O poema aqui apresentado no tem nenhuma base cientfica, marcado

    pelo ludismo e metfora, apenas o que quer toda poesia, ser linguagem,

    ser sonho, ser magia, ser esperana. Se o Universo foi criado por um big

    bangou por um faa-se a luz no importante, necessrio mantermos

    esse lugar (at agora nico habitvel) nesse extenso universo em

    expanso, com justia, tolerncia e muito amor, para celebrarmos a VIDA.

    Para os cristos, a criana representativa do cristianismo, na

    interpretao de inocncia e humildade, como o prprio Cristo expressou:

    Em verdade vos digo: quem no receber o reino de Deus como uma

    criana, de maneira nenhuma entrar nele (Marcos 10:15).

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    Sono Csmico

    um poema para crianas

    ainda no nascidas

    mas nascero

    em breve futuro tempo

    como no passado existiram

    em fbulas e lendas

    o velho homem

    emergiria do sonhoviria andando lentamente

    pelo sono csmico

    (uma memria

    de longo agora

    sem futuro

    sem passado)

    o sono csmico

    so sons em ondas

    in... son... dveis

    oferto deserto imenso

    imerso

    na agora

    descobertaondas gravitacionais

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    gros

    desgrudados

    pontos jogados

    da grande praia

    galxia

    um silncio oculto

    ouvido

    em concha infantil

    atravessando a morte

    e o turbilho da vida

    em duraono sono csmico

    o velho viajante

    de seu andar lento

    por esse tempo

    sairiam passos firmes e decididos

    caminhariam

    sabendo-se chegar l adiante

    mesmo se o distante

    fosse logo ali prximo

    dentro

    do sono csmico

    de tempos em temposuma farpa de luz

    um arco em cor

    ris

    de instantes

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    riscaria seu rosto

    refletindo uma face envelhecida

    quase cansada

    pronta para transferir-se

    em transposto

    rosto outro

    talvez um monstro

    que se apresenta

    questionando a ausncia

    que no sabe

    se de dentrose de fora

    se d esse encontro

    nascena

    que no cabe

    na im-permanncia

    do agora

    deixando esse momento

    oscilante

    o silen-cioso sono csmico

    o velho

    agora homem adulto

    caminharia

    por uma estrada asfaltadasobre um bloco de mar virtual

    estrada ilhada

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    estraalhada barulhenta

    veloz lenta

    onde atulham vozes falantes

    que s calam

    seus falares pelos ares

    em cmeras celulares

    enquanto

    a voz do velho homem

    afastada

    de sua boca

    em eco soaem canto

    vazado de submerso

    e oculto sonar

    (sonha)

    estranhado homem

    que se leva

    nesse sonho subterrneo

    invisvel

    quem (ou) o que

    carrega

    esse ogro adiante

    ano aps ano?

    se que existiria

    esse divisor espontneo

    de tempo secular

    trafegando

    pelo sono csmico

    como pensamento

    como marco histrico

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    *

    ainda ininterrupto

    mover-se-ia o homem adulto

    com sua face de homem jovem

    alheio olhar

    por entre alheios acontecimentos

    viajaria o homem jovem

    como partindo sempre de si

    cada lugar seria o incio

    chegada

    do seu caminhar

    um estar em estado de flecha

    de Zeno

    seno uma viagem

    habitao da imagem

    eterna meta

    morfose

    da mesma via

    gen- de gens

    de mortes

    de gentes viajantes

    mveis imveis

    em outro

    (mesmo instante)o homem jovem

    atravessaria um quarto

    olhando no espelho

    veria um menino

    em uma longa estrada

    a seguir em frente

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    o espelho refletiria

    a mesma luzque sondara

    o rosto do velho

    na passagem para o homem adulto

    o jovem

    seguiria agora o menino

    as pernas do jovem

    j no to ligeiras

    acompanhariam de longe

    quase desaparecendo

    o correr do menino

    que mo/vendo-se entre o olhar

    e o alcanar

    quereria ver e pegar

    coisas e sonhos

    no sono csmico

    (essa memria sem fundo)

    a cabea balde

    do menino

    desce o poo

    e nunca se enche de todo

    preciso ir mais fundo

    como pipa ao avesso

    mais desodando linha

    cabea do menino

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    que veria

    (outra vez)

    a luzentre asas transparentes

    visveis indizveis

    em meio ao sol selvagem

    na folhagem do jardim

    que escondia um beb

    nascido de onde

    menos esperou

    sua me menina

    num quarto de rua

    deu-se o parto

    entre armas

    pesadas e drogas

    e balas perdidas

    mas o beb sobreviveu

    de onde nasceu

    com seus olhos abertos

    confundindo-se com as flores

    ao olhar do menino

    o beb iniciaria um engatinhar

    (ou seria um engatilhar)

    sobre a grama

    em seguida:

    mo estendida do menino

    o beb

    daria os primeiros passos

    olhos brilhantes

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    logo abandonaria o menino

    que o precedeu

    e seguiria

    em direo ao sonho

    o beb

    adormeceria dentro

    do sono csmico

    dentro da estrada asfaltada

    dentro do bloco de mar virtual

    dentro da luzentre asas transparentesque viria de dentro

    de outro cu

    para dentro do quarto

    dentro do espelho

    dentro do jardim

    dentro do olhar

    dentro da flor

    dentro da folhagem

    dentro do poo

    sem fundo

    dentro do sonho

    para dentro do rosto do velho homem

    que andaria

    pelo sono csmico

    *

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    em direo camada

    da mais profunda idade

    do sono csmico

    segue o velho homem

    procura do vazio

    que lhe traga algo

    que no encontrou

    no lugar comum

    antes de vir a ser um

    marcando o passo

    na msica

    silenciosa

    sada do espao

    deixa-se vagar viajar

    naquele som mnimo

    do sem fim perdido

    aps andar deriva

    entre estar e no estar

    em sua mente repentina

    *achou-se no planetaOlhOs

    (um fardo de olhos

    flutuante)

    que explodiria

    ao primeiro olhar aliengena

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    (assim aconteceu)

    aps o olhar

    inconsciente do viajante

    para aquela ilha flutuante de olhos

    primeira viso

    houve a exploso

    do planeta

    OlhOs

    num timo seus olhos

    se viram cercados de olhospor todos os lados

    que deixaram os seus

    ilhados

    do planeta OlhOs

    vieram enxames de olhos

    grudaram em sua pele

    cabelos braos sapatos

    guiado por um olho maior

    levado ao sonho dos fatos

    olhos cerrados

    cego o viajante

    chegou ao ncleo

    do olho deOlhOs

    que viso pode estar ali

    que me chama

    em secreto delrio?

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    pensou ao mesmo tempo

    que se viu

    a esmo sem pensamento

    dentro do grande

    OlhO

    pressentiu

    dali nunca sara

    nem sairia

    (como preso

    em um espelho)

    *era neles

    um silncio indizvel

    a voz era audvel

    pelos olhos

    mesmo fora

    do campo de viso

    do interlocutor

    os olhos falavam

    por visuais palavrasviajando no ar

    at o olhar do outro

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    pelos olhos

    tiraram-me

    de mim

    e fui levado

    posto na nave

    OlhOs

    viajei

    antes de mim

    ao mesmo tempo

    que iadepois do meu fim

    viagem insondvel

    caiu em mim

    a imensido do fim

    dali

    vi meus olhos

    que no me viam

    agora

    ejetado da nave

    (meu corpo)

    passoflutuando

    procurando

    a nave perdida

    do meu corpo

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    por onde ando

    aqui

    escapando

    do visvel real

    mais afundo

    no invisvel profundo

    onde repousa

    ou convulsiona

    a matria escura

    no oculto

    *rochas flutuam

    desdobram-se

    em silncio

    na escurido

    o viajante

    do sono csmico

    contempla as rochas

    no espao

    leva no lugar-olhar

    um carregamentode sobras

    de palavras

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    lugar-olhar

    um lugar no crebro

    (quem sabe o sono csmico

    no est l)

    coisas dos neurnios

    e seus atalhos

    mas esse sistema

    aqui

    no cabe explicao

    por ser apenas um poema

    as rochas

    so fragmentos

    de cometas errantes

    (pensamentos

    perdidos

    em sonhos)

    caber ao viajante

    inscrever nessas rochas

    as palavras

    trazidas em sua bagagem

    e fazer vingar

    a imaginaoVIDA

    no corpo perdido

    das rochas errantes

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    enquanto escolhia

    a rocha ilha

    para pousar

    as palavras trazidas

    tirou o viajante

    da profunda cegueira

    do lugar-olhar

    a palavra primeira

    a vista cega de estar perdida

    na dana de olharesdentro do sono csmico

    repentina mente pressentiu

    que a rocha mais distante

    atravs de uma luzdifusa

    de brilho condensado

    buscava contato

    emitindo pulsaes

    em sua direo

    entre ser ou no ser

    esta ou aquela

    rocha

    sua escolha recaisobre a que o olha

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    a rocha que o via

    e o ouvia em silncio no escuro

    e que mais

    lhe trans/parecia

    ser aquela

    que lhe transpassava com sua luz

    assim enviou

    a palavra primeira

    que seguiu seu destino

    em viagem suave e fria

    cintilando

    entre brincadeiras

    de suas letras

    viajando

    a princpio rutilante

    foi sumindo

    longnqua

    at evanescer-se

    a tantos anos-luz

    do lugar olhar

    solta outra e outra e mais outra

    todas sumiram no escuro espaoperderam-se do lugar-olhar

    todavia ainda restou uma

    a palavra ltima

    (muito humana)

    raciocinou

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    que por estar to distante

    aquela rocha cometa

    palavra alguma

    alcanaria

    essa meta

    muito menos a ltima

    e em seu lugar-olhar

    ficou insensvel

    quele grito olhar

    da luz que lhe chamava

    *seria preciso atravessar

    abismos de luz

    um fogo preto azul verde plido rosa roxo

    sulfrico dixido de carbono

    enxofre

    que desumana mente se ergue

    entre vapores gazes rosas atmicas

    espumas de gelo

    eventos de ventanias vulcnicas

    fornos explosivos de acontecimentos

    que no se entende

    tudo reagidocom os Agentes Qumicos

    do Engodo e da Mentira

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    entrar nessas reas obscuras

    escusas

    o passo fatal

    para submergir

    no infernal buraco negro

    temerosa

    a palavra ltima

    se deixa ficar

    no olho cego do viajante

    *a luz

    e o reincio do sonho

    o silncio das palavras primeiras

    aps o desaparecimento

    j no sabiam de si

    por estarem distantes

    esquecidas do lugar-olhar

    mas se sabiam vivas

    inscritas na rocha brilhando

    com suas letras

    brincantes

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    no sono csmico

    (o ventre abismo)

    da rocha cometa

    onde pousaram as palavras

    abriram-se plpebras de sol

    agora

    clareiras vivas

    dali

    sagraria a inspirao

    *a palavra ltima

    por demais humana que fosse

    vendo o brilho de suas irms

    na rocha distante

    resgatou dentro de si

    suas letras espirituais

    saltou do olho cego

    e se deixou levar

    em direo Rocha Sonho

    desviou-se de todos

    os meteoros

    venceu a zona de perigocravou sua palavra

    na rocha luz

    renasceu palavra primeira

    *

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    tranquila a criana

    acordou

    o poema

    o sono csmico

    agora

    beira a manh

    um sol espalha-se em cada rocha

    uma algazarra de crianas

    contnuo alarme de pssaros

    bem te vis

    soamressoam

    da janela do lugar-olhar

    o viajante reencontra

    aquela luz

    persistente

    quebrando em seu rosto

    entre asas transparentes

    so suas cortinas ao vento

    tremulando em seu rosto

    *

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    o velho homem

    nos olhos da manh

    achou a criana

    onde habita o comeo

    de tudo que se escreveu

    na viagem ao 3 cu

    nada se perdeu

    seno achado na trajetria

    de sua histria

    talvez sem p nem cabeaporm, a passos e pensamentos

    o velho encontrou

    o que o continha:

    uma luz interna

    vista do incio

    idade eterna

    algo alcanado

    dentro do cotidiano

    o humano

    entre os seus

    esprito e matria

    *aquele alm-aqui

    chamado

    Deus