soluÇÕes inovadoras desempenho de vedações nbr 14.432, que podem chegar a 120 minutos. há...

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48 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO / JANEIRO-FEVEREIRO 2014 Desempenho de vedações SOLUÇÕES INOVADORAS A parte 4 da Norma de Desempenho (NBR 15.575-4) enfoca os sistemas de veda- ções verticais internas e externas (SVVIE). Em comparação com a versão da norma inicial- mente publicada em 2008, muitas alterações foram promovidas no texto que entrou em vigor em julho de 2013. Desempenho estrutural A norma apresenta avanços nos aspectos de desempenho estrutural, evidenciando os critérios relativos ao Estado Limite de Utili- zação ou de Serviço (ELS) e os critérios rela- tivos ao Estado Limite Último (ELU). Isto foi muito importante conceitualmente, pois estes estados-limites estão presentes nos diversos critérios de desempenho e nos métodos de avaliação. Após a revisão do texto da norma, os critérios de desempenho estrutural foram complementados e ficaram mais claros. O ELU caracteriza-se como o estado em que o SVVIE não satisfaz os critérios de desempenho relati- vos à segurança, ou seja, é o momento de risco de colapso ou ruína. Já o ELS é o momento a partir do qual é prejudicada a funcionalidade do SVVIE, com deslocamentos acima de li- mites estabelecidos, aparecimento de fissuras e outras falhas que podem comprometer o desempenho do sistema. Quanto ao método experimental de ava- liação do comportamento de vedações verticais a cargas verticais, conhecido como compressão excêntrica, ele se aplica fundamentalmente a edificações de pequeno porte, de até cinco pavimentos. Para edificações de maior altura, a norma prevê a necessidade de outras análises. Vale lembrar que a norma, depois de revista, passou a se aplicar a edificações habitacionais de uma forma geral, sem limitar o número de pavimentos. O método de avaliação por compressão excêntrica encontra-se na parte 2 da norma (sistemas estruturais). Contudo, também é considerado para o caso de paredes estruturais. Estanqueidade à água No caso dos critérios relativos à estan- queidade à água, a norma leva em conta cinco diferentes condições de exposição ao vento de acordo com a localização geográfica do edifício. No caso de esquadrias externas, os critérios adotados são os previstos na NBR 10.821, também divididos em cinco regiões, como na NBR 15.575. Segurança ao fogo Em relação à segurança ao fogo, foram incorporados critérios relativos à resistência ao fogo e à reação ao fogo dos materiais, considerando critérios e métodos de avaliação antes não contemplados. No que se refere à re- ação ao fogo, foi considerado particularmente o ensaio SBI (Single Burning Item), (confor- me a norma europeia. Esse ensaio deve ser empregado em casos nos quais não se aplica a NBR 9.442, como os painéis tipo sanduíche estruturados com materiais isolantes térmicos. A norma define o valor mínimo de 30 minutos de resistência ao fogo, respeitados os demais tempos de resistência previstos na Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: [email protected] CLÁUDIO VICENTE MITIDIERI FILHO é mestre pelo IPT – Mestrado Profissiona- lizante em Habitação: Planejamento e Tecnologia Os critérios de performance estrutural foram complementados e esclarecidos

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  • 48 revista notícias da construção / janeiro-fevereiro 2014

    desempenhode vedações

    s o L u Ç Õ E s i n o v A d o r A s

    A parte 4 da Norma de Desempenho (NBR 15.575-4) enfoca os sistemas de veda-ções verticais internas e externas (SVVIE). Em comparação com a versão da norma inicial-mente publicada em 2008, muitas alterações foram promovidas no texto que entrou em vigor em julho de 2013.

    Desempenho estruturalA norma apresenta avanços nos aspectos

    de desempenho estrutural, evidenciando os critérios relativos ao Estado Limite de Utili-zação ou de Serviço (ELS) e os critérios rela-tivos ao Estado Limite Último (ELU). Isto foi muito importante conceitualmente, pois estes estados-limites estão presentes nos diversos critérios de desempenho e nos métodos de avaliação. Após a revisão do texto da norma, os critérios de desempenho estrutural foram complementados e ficaram mais claros. O ELU caracteriza-se como o estado em que o SVVIE não satisfaz os critérios de desempenho relati-vos à segurança, ou seja, é o momento de risco de colapso ou ruína. Já o ELS é o momento a partir do qual é prejudicada a funcionalidade do SVVIE, com deslocamentos acima de li-mites estabelecidos, aparecimento de fissuras e outras falhas que podem comprometer o desempenho do sistema.

    Quanto ao método experimental de ava-liação do comportamento de vedações verticais a cargas verticais, conhecido como compressão excêntrica, ele se aplica fundamentalmente a edificações de pequeno porte, de até cinco

    pavimentos. Para edificações de maior altura, a norma prevê a necessidade de outras análises. Vale lembrar que a norma, depois de revista, passou a se aplicar a edificações habitacionais de uma forma geral, sem limitar o número de pavimentos. O método de avaliação por compressão excêntrica encontra-se na parte 2 da norma (sistemas estruturais). Contudo, também é considerado para o caso de paredes estruturais.

    Estanqueidade à água No caso dos critérios relativos à estan-

    queidade à água, a norma leva em conta cinco diferentes condições de exposição ao vento de acordo com a localização geográfica do edifício. No caso de esquadrias externas, os critérios adotados são os previstos na NBR 10.821, também divididos em cinco regiões, como na NBR 15.575.

    Segurança ao fogoEm relação à segurança ao fogo, foram

    incorporados critérios relativos à resistência ao fogo e à reação ao fogo dos materiais, considerando critérios e métodos de avaliação antes não contemplados. No que se refere à re-ação ao fogo, foi considerado particularmente

    o ensaio SBI (Single Burning Item), (confor-me a norma europeia. Esse ensaio deve ser empregado em casos nos quais não se aplica a NBR 9.442, como

    os painéis tipo sanduíche estruturados com materiais isolantes térmicos.

    A norma define o valor mínimo de 30 minutos de resistência ao fogo, respeitados os demais tempos de resistência previstos na

    envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna:[email protected]

    CLÁUDio ViCente MitiDieri FiLHo é mestre pelo iPt – Mestrado Profissiona-lizante em Habitação: Planejamento etecnologia

    os critérios de performance estruturalforam complementados e esclarecidos

  • 49revista notícias da construção / janeiro-fevereiro 2014

    NBR 14.432, que podem chegar a 120 minutos. Há exigências especiais para unidades habitacionais uni-familiares, em particular para paredes de comparti-mentação entre unidades e paredes de locais onde há uso de gás combustível.

    Desempenho térmico e acústicoNo que tange ao desempenho térmico,

    a norma não altera os critérios relativos ao método de avaliação simplificado, conside-rando transmitância e capacidade térmicas. O texto, contudo, explicitou melhor o método de avaliação por simulação, detalhado na parte 1 (Requisitos Gerais), considerando as condi-ções para simulação, relativas à ventilação do ambiente e sombreamento de janelas, no que se refere à redução da entrada de radiação solar no ambiente.

    Na exigência de desempenho acústico, há mudanças importantes nos critérios relativos à isolação a ruídos aéreos de fachadas, constan-do três situações a serem consideradas, uma de construção em locais pouco ruidosos, outra em locais muito ruidosos e ainda uma terceira intermediária. Para algumas situações especí-ficas, como edificações nas proximidades de aeroportos, rodovias etc., há que se realizar medições.

    Para isolação a ruídos aéreos de veda-ções verticais internas, a norma traz duas mudanças importantes. A primeira refere-se à substituição do critério relativo à isolação entre hall e apartamento, pelo critério relativo à isolação entre apartamentos, passando pelo hall. Este critério traz impactos para as portas de madeira: no caso de portas de entrada das unidades autônomas, em prédios de aparta-mentos, haverá necessidade de se preocupar com a isolação a ruídos aéreos. A NBR 15.930, Portas de Madeira para edificações, está em revisão e será considerada uma classificação para a isolação sonora das portas, partindo-se, provavelmente de 20dB para o Rw de portas de entrada (Rw implica determinações em

    laboratório) na estimativa dos fabricantes. A outra mudança significativa diz respeito

    ao critério de isolação sonora entre unidades habitacionais distintas, quando há pelo menos um dormitório. Neste caso, o critério passou de DnT,w mínimo de 40 dB para 45 dB, con-siderando medidas de campo.

    Ensaio de Sbi em conjunto para ensaios do laboratório de Segurança ao Fogo do iPt

    Classe de ruído

    Localização da habitação D2m,nT,w

    (dB)

    I Habitação localizada distante de fontes de ruído intenso de quaisquer naturezas

    ≥ 20

    II Habitação localizada em áreas sujeitas a situações de ruído não enquadráveis nas classes I e III

    ≥ 25

    III Habitação sujeita a ruído intenso de meios de transporte e de outras naturezas, desde que esteja de acordo com a legislação

    ≥ 30

    NOTA 1 - para vedação externa de salas, cozinhas, lavanderias, banheiros, não há requisitos específicosNOTA 2 - Em regiões de aeroportos, estádios, locais de eventos esportivos, rodovias e ferrovias, há necessidade de estudos específicos.

    Elemento DnT,w

    (dB)

    parede entre unidades habitacionais autônomas (parede de geminação), nas situações onde não haja ambiente dormitório

    ≥ 40

    Parede entre unidades habitacionais autônomas (parede de geminação), no caso de pelo menos um dos ambientes ser dormitório

    ≥ 45

    parede cega de dormitórios entre uma unidade habitacional e áreas comuns de trânsito eventual, como corredores e escadaria nos pavimentos

    ≥ 40

    parede cega de salas e cozinhas entre uma unidade habitacional e áreas comuns de trânsito eventual, como corredores e escadaria dos pavimentos

    ≥ 30

    parede cega entre uma unidade habitacional e áreas comuns de permanência de pessoas, atividades de lazer e atividades esportivas

    ≥ 45

    Conjunto de paredes e portas de unidades distintas separadas pelo hall ( DnT,w obtida entre unidades)

    ≥ 40

    VALORES MíNIMOS DA DIfERENÇA PADRONIzADA DE NíVEL PONDERADA, D

    2M,NT,w DA VEDAÇÃO ExTERNA DE DORMITóRIO

    VALORES MíNIMOS DA DIfERENÇA PADRONIzADA DE NíVEL PONDERADA, D

    NT,w, ENTRE AMBIENTES

    Fonte: ABnt nBR 15.575-4

    Fonte: ABnt nBR 15.575-4