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2/6/2014 Software & Direito - Dos contratos : Licença de uso e serviços - Internet e Informática - Âmbito Jurídico http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1914 1/3 Internet e Informática Software & Direito - Dos contratos : Licença de uso e serviços Hilton Ricardo Rocha Resumo: A comercialização de um software cabe apenas ao Desenvolvedor ou um distribuidor autorizado. Ao adquirir um programa de computador (software), o usuário não se torna proprietário da obra, mas sim está apenas recebendo uma licença de uso, que é uma permissão para o uso, de forma não exclusiva. Tal aquisição, dependendo do tipo de Software, dá-se mediante um contrato, seja ele de Cessão de Direito de Uso ou Contrato Eletrônico, ambos podendo ou não ser seguidos de um Contrato de Serviços, quando se tratar da instalação e ou implementação do software. A falta de conhecimento dos direitos do adquirente de um programa de computador (software), pode levar o adquirente, seja ele pessoa física ou jurídica, à vulnerabilidade de seus negócios, sendo assim, faz-se necessário também o entendimento jurídico quanto às várias formas de contratos e o amparo jurídico pela Legislação Brasileira. Ainda que o Ordenamento jurídico se apresenta como instrumento de inovação, a Tecnologia da Informação caminha em volocidade superior ao processo legislativo. Introdução Uma das questões principais, atualmente discutida no âmbito jurídico, está ligada à Tecnologia da Informação, mais precisamente nas relações jurídicas que envolvem softwares. O legislador brasileiro deve acelerar seus estudos a respeito da criação de uma legislação que possa precisa e seguramente tutelar as relações jurídicas entre provedor e consumidor de softwares. O ordenamento brasileiro ainda é muito carente de normas que regulamentem as diversas relações jurídicas que envolvem Técnologia da Informação, mais especificamente softwares. Há algumas décadas, os softwares eram comercializados somente por fabricantes de Hardwares (equipamentos), pois aqueles já vinham pré-instalados. Nestes casos não havia um contrato específico para o uso dos softwares, mas somente um contrato de venda e compra de equipamentos. Com a evolução da Tecnologia da Informação e da economia, os softwares passaram a ser comercializados em separado dos hardwares, e diretamente por seus fabricantes ( desenvolvedores ) que na sua maioria eram importados, e, consequentemente, a relação juridica entre o adquirente e o fornecedor amparada por contratos que eram mera tradução para o idioma português. Na segunda metade da década de 90, indústrias de softwares de capital nacional começaram a surgir e seguiam o mesmo padrão. Ainda, neste período, os softwares deixaram de ser privilégios de grandes corporações e passaram a ser consumidos por pequenas e médias empresas e até mesmo por pessoas físicas, softwares estes que passaram a ser comercializados por diversos tipos de distribuidores, como: Cadeias de Supermercados, Lojas em Shopping Centers, feiras. São os chamados softwares de prateleiras, daí o surgimento dos contratos eletrônicos. Dos contratos de software e seus diferentes tipos Em uma relação jurídica onde o objeto é o software, tutela-se através do contrato de licença de uso. Este contrato é comumente usado em várias espécies de softwares comercializados : Os softwares de prateleira e os Softwares de Gestão Empresarial. Os softwares de prateleira são aqueles comercializados no Varejo, ou seja, cadeias de supermercados, lojas de informáticas, etc. Estes são tutelados por um tipo de contrato, ainda que seja licença de uso, também conhecido como contrato eletrônico, que veremos em tópicos posteriores. Os softwares de Gestão Empresarial, são aqueles comercializados diretamente por seus desenvolvedores ou por seus representantes. Por envolver grandes sifras, seu contrato de licença de uso torna-se mais complexo, como veremos a seguir. Contrato de Licença de Uso Contrato de Licença de uso é aquele pelo qual o proprietário, ou seja, o desenvolverdor ou Licenciante, àquele que detem os direitos autorais do software, concede a outrem o direito de usar por tempo indeterminado (ad perpetum) e de forma não exclusiva., para uso em seus servidores (equipamento onde serão instalado o software). O licenciado, áquele que adquire a licença de uso do software, possui somente o direito de uso e não de propriedade, não podendo este transferir a outrem, comercializar, doar a outrem, arrendar, alienar, sublicenciar e tampouco dar o objeto em garantia. Nesta modalidade de contrato, o licenciado deverá escolher o Método de Aquisição[1] : que permite utilizar o Software em um Computador licenciado sem limitação quanto ao número de usuários com acesso ao mesmo; opção baseada em “Usuário Nominal”, que permite acesso ao Software para até o número máximo indicado de usuários identificados individualmente, independentemente desse usuário estar ativamente conectado a todo ou a qualquer parte do Software em um determinado momento; ou a opção baseada em “Usuário Concorrente”, que permite acesso ao Software até o número máximo indicado de usuários concorrentes individuais que se encontram simultaneamente conectados a todo ou a qualquer parte do Software em qualquer determinado momento. Nota-se que na atual Lei 9.609/98[2] o legislador não buscou uma maior proteção ao usuário do software, mas sim pelos detentores da propriedade intelectual, conforme a própria descrição da lei : “Dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador, sua comercialização no País, e dá outras providências”. Acontece que, a legislação atual deveria restringir os contratos de lecenciamento ao método de Usuários Nominais, uma vez que com o avanço técnologico fica impossível licenciar o uso à um computador específico, ou, ao licenciamento de uso pelo método de Usuários Nominais, visto que os licenciantes não poderiam poderiam nominar os usuários do software. Sendo assim a redação do artigo 9º da Lei 9.609/98 que trata DOS CONTRATOS DE LICENÇA DE USO, DE COMERCIALIZAÇÃO E DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA, deveria ter a seguinte redação : “Art. 9º O uso do Software no País será objeto de contrato de licença de uso. Parágrafo único. Na hipótese de eventual inexistência do contrato referido no caput deste artigo, o documento fiscal relativo à aquisição ou licenciamento de cópia servirá para comprovação da regularidade do seu uso. I – O acesso ao Software dar-se-á até o número máximo, indicado no contrato, de usuários concorrentes individuais que se encontram simultaneamente conectados a todo ou a qualquer parte do Software em qualquer determinado momento”. Um ponto muito polêmico neste tipo de contrato, é que as licenciantes colocam como restrições o uso às empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico das empresas licenciantes, como coligadas, consorcios, subsidiarias. Estas restrições impedem que o licenciado, ainda que obedecendo o número de usuários contratados, compartilhe suas licenças com outras empresas do grupo econômico, pois o licenciamento esta vinculado ao CNPJ ( Cadastro nacional de Pessoa Jurídica ) de cada Você está aqui: Página Inicial Revista Revista Âmbito Jurídico Internet e Informática

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  • 2/6/2014 Software & Direito - Dos contratos : Licena de uso e servios - Internet e Informtica - mbito Jurdico

    http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1914 1/3

    Internet e Informtica

    Software & Direito - Dos contratos : Licena de uso e servios

    Hilton Ricardo Rocha

    Resumo: A comercializao de um software cabe apenas ao Desenvolvedor ou um distribuidor autorizado. Ao adquirir um programa de computador (software), o usurio

    no se torna proprietrio da obra, mas sim est apenas recebendo uma licena de uso, que uma permisso para o uso, de forma no exclusiva.

    Tal aquisio, dependendo do tipo de Software, d-se mediante um contrato, seja ele de Cesso de Direito de Uso ou Contrato Eletrnico, ambos podendo ou no ser

    seguidos de um Contrato de Servios, quando se tratar da instalao e ou implementao do software.

    A falta de conhecimento dos direitos do adquirente de um programa de computador (software), pode levar o adquirente, seja ele pessoa fsica ou jurdica,

    vulnerabilidade de seus negcios, sendo assim, faz-se necessrio tambm o entendimento jurdico quanto s vrias formas de contratos e o amparo jurdico pela

    Legislao Brasileira.

    Ainda que o Ordenamento jurdico se apresenta como instrumento de inovao, a Tecnologia da Informao caminha em volocidade superior ao processo legislativo.

    Introduo

    Uma das questes principais, atualmente discutida no mbito jurdico, est ligada Tecnologia da Informao, mais precisamente nas relaes jurdicas que envolvem

    softwares.

    O legislador brasileiro deve acelerar seus estudos a respeito da criao de uma legislao que possa precisa e seguramente tutelar as relaes jurdicas entre provedor

    e consumidor de softwares. O ordenamento brasileiro ainda muito carente de normas que regulamentem as diversas relaes jurdicas que envolvem Tcnologia da

    Informao, mais especificamente softwares.

    H algumas dcadas, os softwares eram comercializados somente por fabricantes de Hardwares (equipamentos), pois aqueles j vinham pr-instalados. Nestes casos no

    havia um contrato especfico para o uso dos softwares, mas somente um contrato de venda e compra de equipamentos.

    Com a evoluo da Tecnologia da Informao e da economia, os softwares passaram a ser comercializados em separado dos hardwares, e diretamente por seus

    fabricantes ( desenvolvedores ) que na sua maioria eram importados, e, consequentemente, a relao juridica entre o adquirente e o fornecedor amparada por

    contratos que eram mera traduo para o idioma portugus. Na segunda metade da dcada de 90, indstrias de softwares de capital nacional comearam a surgir e

    seguiam o mesmo padro.

    Ainda, neste perodo, os softwares deixaram de ser privilgios de grandes corporaes e passaram a ser consumidos por pequenas e mdias empresas e at mesmo por

    pessoas fsicas, softwares estes que passaram a ser comercializados por diversos tipos de distribuidores, como: Cadeias de Supermercados, Lojas em Shopping Centers,

    feiras. So os chamados softwares de prateleiras, da o surgimento dos contratos eletrnicos.

    Dos contratos de software e seus diferentes tipos

    Em uma relao jurdica onde o objeto o software, tutela-se atravs do contrato de licena de uso. Este contrato comumente usado em vrias espcies de

    softwares comercializados : Os softwares de prateleira e os Softwares de Gesto Empresarial.

    Os softwares de prateleira so aqueles comercializados no Varejo, ou seja, cadeias de supermercados, lojas de informticas, etc. Estes so tutelados por um tipo de

    contrato, ainda que seja licena de uso, tambm conhecido como contrato eletrnico, que veremos em tpicos posteriores.

    Os softwares de Gesto Empresarial, so aqueles comercializados diretamente por seus desenvolvedores ou por seus representantes. Por envolver grandes sifras, seu

    contrato de licena de uso torna-se mais complexo, como veremos a seguir.

    Contrato de Licena de Uso

    Contrato de Licena de uso aquele pelo qual o proprietrio, ou seja, o desenvolverdor ou Licenciante, quele que detem os direitos autorais do software, concede a

    outrem o direito de usar por tempo indeterminado (ad perpetum) e de forma no exclusiva., para uso em seus servidores (equipamento onde sero instalado o

    software).

    O licenciado, quele que adquire a licena de uso do software, possui somente o direito de uso e no de propriedade, no podendo este transferir a outrem,

    comercializar, doar a outrem, arrendar, alienar, sublicenciar e tampouco dar o objeto em garantia.

    Nesta modalidade de contrato, o licenciado dever escolher o Mtodo de Aquisio[1] : que permite utilizar o Software em um Computador licenciado sem limitao

    quanto ao nmero de usurios com acesso ao mesmo; opo baseada em Usurio Nominal, que permite acesso ao Software para at o nmero mximo indicado de

    usurios identificados individualmente, independentemente desse usurio estar ativamente conectado a todo ou a qualquer parte do Software em um determinado

    momento; ou a opo baseada em Usurio Concorrente, que permite acesso ao Software at o nmero mximo indicado de usurios concorrentes individuais que se

    encontram simultaneamente conectados a todo ou a qualquer parte do Software em qualquer determinado momento.

    Nota-se que na atual Lei 9.609/98[2] o legislador no buscou uma maior proteo ao usurio do software, mas sim pelos detentores da propriedade intelectual,

    conforme a prpria descrio da lei : Dispe sobre a proteo da propriedade intelectual de programa de computador, sua comercializao no Pas, e d outras

    providncias.

    Acontece que, a legislao atual deveria restringir os contratos de lecenciamento ao mtodo de Usurios Nominais, uma vez que com o avano tcnologico fica

    impossvel licenciar o uso um computador especfico, ou, ao licenciamento de uso pelo mtodo de Usurios Nominais, visto que os licenciantes no poderiam

    poderiam nominar os usurios do software. Sendo assim a redao do artigo 9 da Lei 9.609/98 que trata DOS CONTRATOS DE LICENA DE USO, DE COMERCIALIZAO E

    DE TRANSFERNCIA DE TECNOLOGIA, deveria ter a seguinte redao :

    Art. 9 O uso do Software no Pas ser objeto de contrato de licena de uso.

    Pargrafo nico. Na hiptese de eventual inexistncia do contrato referido no caput deste artigo, o documento fiscal relativo aquisio ou licenciamento de cpia

    servir para comprovao da regularidade do seu uso.

    I O acesso ao Software dar-se- at o nmero mximo, indicado no contrato, de usurios concorrentes individuais que se encontram simultaneamente conectados a todo

    ou a qualquer parte do Software em qualquer determinado momento.

    Um ponto muito polmico neste tipo de contrato, que as licenciantes colocam como restries o uso s empresas pertencentes ao mesmo grupo econmico das

    empresas licenciantes, como coligadas, consorcios, subsidiarias. Estas restries impedem que o licenciado, ainda que obedecendo o nmero de usurios contratados,

    compartilhe suas licenas com outras empresas do grupo econmico, pois o licenciamento esta vinculado ao CNPJ ( Cadastro nacional de Pessoa Jurdica ) de cada

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    empresa.

    Algumas perguntas ainda pairam no ar : O que acontece quando h uma fuso ou uma ciso de empresas ? Neste caso os novos licenciados para que possam utilizar as

    licenas do software, anteriormente licenciados, devem refazer o contrato com a licenciante e pagar pelo feito. Como pode uma empresa que compra a licena de uso

    de um software contabiliz-lo como ativo da empresa e deprecia-lo se no tem a propriedade do mesmo ?

    Das Garantias

    Como ja mencionamos anteriormente quanto a proteo do detentor da propriedade intelectual, as garantias do licenciado tambm foram limitadas. Responsvel por

    inmeras discues e Lides, as garantias do licenciado ainda so obscuras quando se trata de validade tcnica da verso do software comercializado. Esta obscuridade

    tambm implica nas responsabilidades do licenciante quanto aos vcios existentes no produto e na liberdade do licenciado de uso do software.

    Validade tcnica do software refere-se ao tempo de vida til que determinada verso de um determinado software ter. Nela, o licenciante libera ao licenciado novas

    atualizaes e ou verses do software, objeto do contrato, sendo que em algumas delas ficam estabelecidos em contrato um prazo determinado para que o licenciado

    faa a substituio da verso, sob pena de reciso do referido contrato. No obstante a isso, o licenciante vincula ao contrato de licenciamento de uso do software um

    contrato de manuteno, oneroso, que d direito ao licenciado receber atualizaes ( correo de erros e ou melhorias no software) como tambm novas verses. Esta

    prtica um desrespeito ao direito do consumidor.

    A lei 9.609/98 em seu captulo que trata DAS GARANTIAS AOS USURIOS DE PROGRAMA DE COMPUTADOR deveria buscar apoio ao CDC ( Cdigo de Defesa do Consumidor

    Lei 8.078/90). Para isso faamos ento uma breve qualificao do Licenciante e do Licenciado, bem o como o Software como sendo um produto, utilizando-se o Cdigo

    de Defesa do Consumidor.

    Licenciante, conforme dispe o Art. 3 - Fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados,

    que desenvolvem atividade de produo, montagem, criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou comercializao de produtos ou

    prestao de servios.

    Software, conforme dispe o Art.3, 1 - Produto qualquer bem, mvel ou imvel, material ou imaterial.

    Licenciado, conforme dispe o Art. 2 - Consumidor toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio final.

    O referido artigo 7 da Lei 9.609/98 falho quando no estipula um prazo para a validade tcnica do software quanto aos vcios e ou atualizaes de verses.

    Quando se trata de validade tcnica do software em relao s novas verses, e, na impossibilidade do Licenciante prever quando ser a disponibilizado a nova verso,

    visto que um software se deprecia em 5 anos, o referido artigo 7 deveria estipular o mesmo tempo da depreciao para a validade tcnica.

    Art. 7 O contrato de licena de uso de programa de computador, o documento fiscal correspondente, os suportes fsicos do programa ou as respectivas embalagens

    devero consignar, de forma facilmente legvel pelo usurio, o prazo de validade tcnica da verso comercializada.

    Este, deveria utilizar o Cdigo de Defesa do Consumidor ( CDC Lei 8.078/90), para determinar o prazo de validade tcnica do software quantos aos vcios neles existentes

    conforme dispe o artigo 26, 3.

    Art. 26. O direito de reclamar pelos vcios aparentes ou de fcil constatao caduca em:

    3 Tratando-se de vcio oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.

    Baseado nesta fundamentao, o Licenciado poderia reclamar seus direitos quando surgir algum vcio oculto no software, sem onerosidade.

    de praxe, os Licenciantes imporem uma contraprestao pelo pagamento de manuteno do software, composto por : Atualizaes , correes e novas verses, cujo

    perodo inicia-se justamente na data da assinatura do contrato. Nestes casos, o Licenciante no deveria impor contraprestao quando se tratar de correes de

    software, como o prprio nome diz, correes buscam sanar vcios ocultos no produto, sendo assim o Licenciado estaria amparado pelo artigo 26, 3 do CDC.

    Quanto exigncia de uma contraprestao pelo pagamento de manuteno de software no momento da assinatura do Contrato de Licena de uso, trata-se de uma

    prtica abusiva por parte do Licenciante, contrariando do artigo 39, inciso I do CDC.

    Art. 39. vedado ao fornecedor de produtos ou servios, dentre outras prticas abusivas3:

    I condicionar o fornecimento de produto ou de servio ao fornecimento de outro produto ou servio, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;

    No obstante a isso, a manuteno do software deveria iniciar aps a garantia de proporcionada pelo CDC ao Licenciado, ou aps a instalao do software.

    Contrato de Servio

    Esta modalidade Contrato especifica os termos e condies sob os quais o Licenciante prestar servios ao Licenciado em relao a produtos de software licenciados.

    Onde o Licenciante concorda em prestar servios profissionais ( implantao do software), que deveriam estar descritos no prprio contrato, assinadas pelas partes e

    mediante a contraprestao do pagamento pelos mesmos.

    Baseado em cronogramas de trabalho ( atividades e recursos envolvidos ), o Licenciante dever fornecer um oramento do custo dos Servios, bem como, os detalhes

    dos servios que sero executados.

    Nota-se, uma vez mais, que na atual Lei 9.609/98 o legislador no atentou-se quanto implementao (instalao, deixar o software pronto para o uso), tutelando

    somente no que diz respeito manuteno do software conforme artigo 8 desta mesma lei, deixando o Licenciante completamente desprotegido, visto que estes so

    responsveis por gastar inmeras cifras em projetos de implantaes de softwares.

    Art. 8 Aquele que comercializar programa de computador, quer seja titular dos direitos do programa, quer seja titular dos direitos de comercializao, fica obrigado,

    no territrio nacional, durante o prazo de validade tcnica da respectiva verso, a assegurar aos respectivos usurios a prestao de servios tcnicos complementares

    relativos ao adequado funcionamento do programa, consideradas as suas especificaes.

    Pargrafo nico. A obrigao persistir no caso de retirada de circulao comercial do programa de computador durante o prazo de validade, salvo justa indenizao de

    eventuais prejuzos causados a terceiros.

    Uma vez que, que o CDC ( Cdigo de Defesa do Consumidor ) define Consumidor (o Licenciado), o Fornecedor (Licenciante) e o produto e/ou servio, a Lei 9.609/98

    deveria ter todo o seu Captulo III (DAS GARANTIAS AOS USURIOS DE PROGRAMA DE COMPUTADOR) alterado, passando ter a seguinte redao:

    Art. 7 Revogar

    Art. 8 Aquele que comercializar programa de computador e ou software, quer seja titular dos direitos do programa, quer seja titular dos direitos de comercializao,

    fica obrigado, no territrio nacional, a assegurar aos respectivos usurios a prestao de servios tcnicos relativos ao funcionamento do softwar, nos termos da Lei

    8.078/90.

    Diante deste quadro, cabe ao Licenciante procurar detalhar minunciosamente cada clsula do contrato de servio. Esta prtica permitiria uma viso mais ampla ao

    judicirio no caso de uma Lide, visto que atualmente h muitos processos envolvendo a matria.

    Concluso

    O software desempenha um papel singular no mundo moderno, seja no mbito econmico, poltico, social, jurdico ou acadmico, seguramente sua relevncia a mais

    estratgica. Afinal, a automao das informaes relacionadas com as mais diversas atividades humanas, realizado com computadores e/ou outros equipamentos,

    depende necessariamente de softwares. Motivo este que nos leva a detalhar e criticar as atuais legislao que tutelam o software no Brasil.

  • 2/6/2014 Software & Direito - Dos contratos : Licena de uso e servios - Internet e Informtica - mbito Jurdico

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    Faz-se necessrio que nossos Legisladores comecem a pensar to rpido quanto a velocidade com que a tecnologia da informao caminha, pois esta, comea a

    despontar como um mecanismo significativo de gerao e acumulao de riquezas na sociedade moderna, ou seja, a informao na forma de software.

    Bibliografia

    VENOSA, Slvio de Salvo. Direito civil: Teoria Geral das Obrigaes e Teoria Geral dos Contratos. 4. ed., So Paulo: Atlas, 2003, v.2.

    GOMES, Orlando. Contratos. 25. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

    FURTADO, Wilson. Dos Contratos e Obrigaes de Software. So Paulo : Iglu, 2004

    POLI, Leonardo Macedo. Direitos de Autor e Software. Belo Horizonte : Del Rey, 2003

    AMAD, Emir Iscandor. Contratos de Software Shrinkwrap Licenses e Clickwrap Licenses. Rio de Janeiro : Renovar, 2002

    ESCOBAR JUNIOR, Lauro Ribeiro. Direito Civil. So Paulo : Barros, Fischer & Associados, 2005

    CERQUEIRA, Tarcisio Queiroz - Software - Lei Comercio e Servicos de Informtica - Ed. Adcoas / Esplanada 1 Edio

    NERY JUNIOR, Nelson Cdigo Civil Comentado Ed.Revista dos Tribunais 4 Edio, So Paulo 2006.

    REQUIO, Rubens Curso de Direito Comercial Ed.Saraiva 25 Edio Vol. I e II, 2003.

    Notas:

    [1] Significa a opo de uso do Software.

    [2] Lei de Software

    Hilton Ricardo Rocha

    Consultor de negcios de empeesa multinacional no ramo de softwares Bacharelando em Direito

    Informaes Bibliogrficas

    ROCHA, Hilton Ricardo. Software & Direito - Dos contratos : Licena de uso e servios. In: mbito Jurdico, Rio Grande, X, n. 42, jun 2007. Disponvel em: . Acesso em jun 2014.

    O mbito Jur dico no se responsabiliza, nem de forma individual, nem de forma solidr ia, pelas opinies, idias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).

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