sociologia ambiental - fichamento

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL MESTRADO EM DIREITO DISCIPLINA: MEIO AMBIENTE E RELAÇÕES DE CONSUMO PROF. DR. AGOSTINHO OLI KOPPE PEREIRA Elaboração: Mestranda Fabiana Barcelos da Silva Fichamento do Livro: Sociologia Ambiental: risco e sustentabilidade na modernidade. Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006. Sociologia Ambiental: risco e sustentabilidade na modernidade Autor: Cristiano Luis Lenzi Introdução O encontro da Sociologia com a questão ecológica tem sido marcado por uma série de controvérsias. Nos últimos anos, muitos autores assinalaram a necessidade de os sociológos dedicarem uma maior atenção à questão ambiental, uma vez que os problemas ambientais que estamos enfrentando na atualidade teriam raízes em processos sociais. Ao mesmo tempo, aqueles que defendem essa reorientação da Sociologia reconhecem que tal tarefa não é fácil, já que a defesa da preponderância do “social” em relação ao “natural” estaria na razão de ser da própria sociologia. (p.19). A discussão se iniciou no final dos anos 70 e início dos anos 80, períodos em que os sociólogos americanos Riley E. Dunlap e Wilian R. Catton Jr., propuseram a criação de uma sociologia ambiental. A proposta desses autores tinha como ponto de partida justamente uma crítica à ênfase da Sociologia no social, em detrimento do natural. Além disso, argumentaram também que a negligência sociológica dos fatores ecológicos teria sido bem recebida na área das Ciências Sociais, por representar uma mudança positiva: a crescente marginalização das explicações de caráter das explicações calcadas em fatores ambientais e a valorização de explicações de caráter especificamente sociocultural. (p.19) Há em particular, dois aspectos contraditórios que merecem ser considerados com relação ao impacto da obra de Catton e Dunlap. Por um lado a aceitação ainda hoje presente da crítica ecológica que os dois autores endereçaram à Sociologia. A condenação que Catton e Dunlapp fizeram da negligência sociológica em relação à questão ambiental é compartilhada por uma série de cientistas sociais que se debruçam sobre o tema, conforme veremos ao longo deste trabalho. Por outro lado, embora os autores tenham conseguido repercussão na polêmica que criaram, sua penetração teórica ocorreu de uma forma bastante parcial. Isso porque muito do que foi produzido na área das Ciências Sociais, nos últimos anos, acabou não conseguindo o caminho trilhado por eles. Eles mesmos reconheceram, na década de 90, o fracasso de suas propostas (Catton e Dunlap apud MArtell, 1994, p.9).(p.20) Página 1 de 18

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DISCIPLINA: MEIO AMBIENTE E RELAÇÕES DE CONSUMOPROF. DR. AGOSTINHO OLI KOPPE PEREIRA

Elaboração: Mestranda Fabiana Barcelos da SilvaFichamento do Livro: Sociologia Ambiental: risco e sustentabilidade na

modernidade.

Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.

Sociologia Ambiental: risco e sustentabilidade na modernidade

Autor: Cristiano Luis Lenzi

Introdução

O encontro da Sociologia com a questão ecológica tem sido marcado por

uma série de controvérsias. Nos últimos anos, muitos autores assinalaram anecessidade de os sociológos dedicarem uma maior atenção à questãoambiental, uma vez que os problemas ambientais que estamos enfrentandona atualidade teriam raízes em processos sociais. Ao mesmo tempo,aqueles que defendem essa reorientação da Sociologia reconhecem que taltarefa não é fácil, já que a defesa da preponderância do “social” em relaçãoao “natural” estaria na razão de ser da própria sociologia. (p.19).

A discussão se iniciou no final dos anos 70 e início dos anos 80, períodos emque os sociólogos americanos Riley E. Dunlap e Wilian R. Catton Jr.,

propuseram a criação de uma sociologia ambiental. A proposta dessesautores tinha como ponto de partida justamente uma crítica à ênfase daSociologia no social, em detrimento do natural. Além disso, argumentaramtambém que a negligência sociológica dos fatores ecológicos teria sido bemrecebida na área das Ciências Sociais, por representar uma mudançapositiva: a crescente marginalização das explicações de caráter dasexplicações calcadas em fatores ambientais e a valorização de explicaçõesde caráter especificamente sociocultural. (p.19)

Há em particular, dois aspectos contraditórios que merecem serconsiderados com relação ao impacto da obra de Catton e Dunlap. Por um

lado a aceitação ainda hoje presente da crítica ecológica que os doisautores endereçaram à Sociologia. A condenação que Catton e Dunlappfizeram da negligência sociológica em relação à questão ambiental écompartilhada por uma série de cientistas sociais que se debruçam sobre otema, conforme veremos ao longo deste trabalho. Por outro lado, embora osautores tenham conseguido repercussão na polêmica que criaram, suapenetração teórica ocorreu de uma forma bastante parcial. Isso porquemuito do que foi produzido na área das Ciências Sociais, nos últimos anos,acabou não conseguindo o caminho trilhado por eles. Eles mesmosreconheceram, na década de 90, o fracasso de suas propostas (Catton e

Dunlap apud MArtell, 1994, p.9).(p.20)

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Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.Mas se a sociologia ambiental desses autores não vingou num primeiromomento, surgiram nos anos 90 tentativas para recriá-las ou dar a elanovas direções.

Essas novas direções da Sociologia Ambiental podem ser percebidas pormeio do impacto que os conceitos de desenvolvimento sustentável,modernização ecológica e os trabalhos de Anthony Giddens e Ulrich Beckprovocaram no campo da Sociologia nos últimos anos. Para autores comoBarry (1999ª), por exemplo, um, dos primeiros passos para se aprofundar aconstrução de uma teoria social da modernização ecológica seria uma das

correntes teóricas que mais contribuíram para a “ecologização” dasCiências Sociais. (p.20)

Esse estudo irá oferecer uma análise comparativa dessas três abordagens,com, o intuito de repensar a Sociologia ambiental como uma nova área depesquisa dentro das Ciências Sociais Contemporâneas. Como procuraremosargumentar, há razões para acreditar que todas elas possam servir dediretriz para essa nova área de pesquisa da Sociologia, direcionando-a paraquestões distintas e fundamentais no que concerne à relação entresociedade e meio ambiente.

Convém considerarmos rapidamente alguns problemas que surgem diantedesse quadro. Desenvolvimento sustentável, em grande parte da literatura,é considerado como uma não teoria sociológica, mas como um conceito oudiscurso ecológico. Isso não significa que ele não tenha uma relação com ateorização sociológica propriamente dita, uma vez que tende a ser vistocomo um discurso fundamental para “ecologizar” a teoria social. O mesmoacontece, parcialmente, com o conceito de modernização ecológica. Paraautores como Dryzek (1997), tanto este último como o primeiro seriamconstituintes de dois tipos diferentes de dois tipos diferentes de discursosecológicos. Mas se a ideia de modernização ecológica é percebida dessa

forma por alguns cientistas sociais, outros vêem como uma teoriasociológica em seus próprios termos.

 Tais abordagens, frequentemente, situam-se em perspectivas opostas ouconflitantes. Defensores da modernização ecológica mostram-se críticos emrelação ao conceito de desenvolvimento sustentável, considerando-oinadequado para satisfazer seus propósitos analíticos, sobretudo porque nãoexiste um, mas uma afinidade de conceitos de desenvolvimentosustentável. Algo que, segundo eles, inviabilizaria a fundação de umasociologia ambiental. Por outro lado, a noção de modernização ecológica é

criticada pelos defensores do conceito de desenvolvimento sustentável emrazão do seu silêncio sobre questões-chave da problemática ambiental

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Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.contemporânea – questões estas que estariam sendo enfatizadas,  justamente, pelo discurso do desenvolvimento sustentável.Concomitantemente, a perspectiva da modernização ecológica é vista comooposta á teoria da Sociedade de Risco desenvolvida por autores como UlrichBeck.

O desacordo e a tensão entre essas perspectivas não é novidade, seolharmos para a história da Sociologia e, mais recentemente, para o própriocontexto em que emergiu a Sociologia Ambiental. É bastante conhecida acrítica endereçada à Sociologia, e as Ciências Sociais de uma forma mais

geral, sobre a sua incapacidade de “acumular conhecimento”. A sociologiaambiental, como poderemos ver no primeiro capítulo, parece ter herdadoessa caraterística “reprovável” da Sociologia. Assim, a questão ambientaltranscendeu o próprio campo da Sociologia e veio abarcar várias áreas dasCiências Sociais (Economia, História, Geografia, Antropologia, TeoriaPolítica, etc.). Isso poderia parecer um retrocesso para aqueles que viramna ecologia a possibilidade de uma abordagem “holística” e a ruptura,subsequentemente, de qualquer tipo de especialização ou fragmentação doconhecimento. (p.21/22).

Diante desse quadro, há duas posições possíveis. De um lado, poder-se-iaoptar pela afirmação positivista de que a Sociologia se encontraria emestado de “imaturidade científica”. Tal visão subentende-se que oamadurecimento da disciplina seria seguido pelo desaparecimento dessasdisputas. A segunda visão, validada por este trabalho, é enxergar taiscontestações de um modo diferente. A primeira opção talvez tenha gozadode maior popularidade no passado, quando se pensava que as CiênciasSociais deveriam seguir o mesmo caminho das Ciências Extas. Mas, hoje, talvisão está longe de ser hegemônica. A interpretação que vê na contestaçãoe na diversidade teórica aspectos endêmicos às Ciências Sociais, como

também resultado da complexidade de questões que envolvem o estudodas sociedades humanas. Além disso, muitas diferenças sãosobrevalorizadas em relação aos seus pontos em comum. Por exemplo,alguns dos principais nomes das Ciências Sociais na contemporaneidade(Bordieu, Habermas, Giddens) são apontados como representantes de umnovo movimento teórico marcado pela busca de uma síntese o que implicaque esses autores construíram suas obras aproximando, ou até mesmointegrando, grandes clássicos da Sociologia (Durkheim, Weber, Marx) eteorias (estruturalismo, funcionalismo, interacionismo simbólico) de autorescontemporâneos mostram que, por trás de teorias aparentemente bastante

diferentes, há uma “acumulação socialmente irreconhecida”. Teoriassociais, muitas vezes, compartilham pontos em comum que simplesmente

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Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.não são admitidos por seus arautos. Há uma tendência de se ressaltar asdiferenças mais do que as semelhanças existentes entre teorias. Issosignifica que a diferença ou semelhança entre elas nem sempre pode serconfirmada por fatos e dados empíricos. Muitas vezes, tais divergênciassituam-se no conjunto de pressupostos contidos no discurso teórico e nemsempre explicitados por seus representantes. A diferença, semelhança,complementaridade ou o conflito existente entre teorias nem é algo “dado”,nem é simples de ser percebido. As próprias linhas que dividem disciplinas,teorias e conceitos podem ser, elas mesmas, objeto de contestação eanálise. (p.23)

O presente trabalho pretende mostrar o quanto o significado da“ecologização” da Sociologia é ainda controverso e esclarecer um pouco ocampo da sociologia ambiental ao mesmo tempo que propõe umainterpretação diferenciada para algumas questões e perspectivasmencionadas anteriormente. Nosso argumento central é que amodernização ecológica, desenvolvimento sustentável e as teorias sociaisde Giddens eBeck, podem ser vistas como perspectivas complementaresem muitos pontos que, em razão disso, respondem a interesses distintos daSociologia Ambiental.

Em linhas gerais, este trabalho aponta para uma reconstrução conceitualdessas três abordagens no campo da Sociologia ambiental, buscando tornarevidente a contribuição vital que elas trazem para os estudossocioambientais. No entanto não irá fornecer o que muitos desejariam: umaestrutura conceitual alternativa que incorpore todas essas perspectivas.Buscamos investigar a possibilidade de aproximar as abordagens nummesmo trabalho sem que o investigador seja apontado de um ecletismoirresponsável. (p.23).

CAPÍTULO I

ECOLOGIZANDO A SOCIOLOGIA: O DESAFIO DE UMA SOCIOLOGIAAMBIENTAL

INTRODUÇÃO

CATTON E DUNLAP E A PROPOSTA DE UMA SOCIOLOGIA AMBIENTAL

Ao final da década de 1970, Catton e Dunlap publicaram dois artigos emque apresentaram uma crítica ecológica à Sociologia contemporânea edelinearam a proposta de criação de uma sociologia ambiental.

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Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.O ponto de partida dos autores foi a crítica que endereçaram tanto àSociologia clássica como a contemporânea. Basicamente esses autoresapontaram na história da Sociologia a ausência de qualquer preocupaçãocom a base ecológica da sociedade. Ao mesmo tempo, argumentaram que atendência de negligenciar os fatores físicos e biológicos do ambiente foivista até mesmo como um sinal de maturidade no desenvolvimento dasCiências Sociais. O que Catton e Dunlap fizeram, no final dos anos 70, foicolocar em dúvida a certeza sobre esse sucesso. A substituição progressivade explicações deterministas ligadas ao ambiente físico por explicaçõessocioculturais, segundo eles, também teria levado a Sociologia a desprezaros fatores ambientais que estão embebidos na vida social.(p.25/26)

Os seres humanos estão ligados de uma forma interdependente a outrasespécies na rede da vida. No artigo, Envirommentalsociology: a new

 paradigm, de 1978, argumentaram que as “numerosas perspectivasteóricas que estão em competição na Sociologia Contemporânea – ex:funcionalismo, interacionismo simbólico, etnometodologia, teoria doconflito, marxismo e outras – são propensas a exagerar em suas diferenças.Afirmaram que a “sua aparente diversidade não é tão importante quanto oantropocentrismo subscrevendo a todas elas” Tanto a Sociologia clássica

quanto a contemporânea compartilhariam como denominador comum umforte antropocentrismo que as impediria de considerar a problemáticaambiental. A essa visão antropocêntrica geral denominaram de“HumanExpectionalismParadigm” ou (HEP) (Paradigma do ExcepcionalismoHumano).(p.26)

Como alternativa ao HEP os autores propuseram um novo conjunto depressupostos que tornariam a Sociologia mais sensível à realidadeambiental, que chamaram de “New EnvirommentalParadigm” ou NEP.( NovoParadigma Ecológico) (p.27). Exemplo quadro a seguir:

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Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.Quadro 1 – Mudança paradigmática proposta por Catton e Dunlap:

Pressupostos do

HumanExecpcionalismParadigm - HEP

Pressupostos do New EnvirommentParadigm

- NEP

1. Seres humanos, são únicos entreas criaturas da terra devido a suacultura.

1. Seres humanos são apenas umaespécie entre muitas outrasinterdependentes envolvidas nacomunidade biótica que modelaa nossa vida.

2. A cultura pode variarindefinidamente e pode mudar

mais rapidamente que os traçosecológicos

2. Ligações intrincadas de causa eefeito e feedback na rede da

natureza produzemconseqüências não intencionadasda ação humana intencional.

3. Muitas diferenças sãosocialmente induzidas antes doque congênitas, elas podem sersocialmente alteradas quandovistas como inconvenientes.

3. O mundo é finito, assim há limitesfísicos e biológicos potenciaisconstrangendo o crescimentoeconômico, o progresso social eoutros fenômenos societais.4. A acumulação cultural significa

que o progresso pode continuarsem limites, tornando todos os

problemas solucionáveis.

Em artigo de 1979, tentaram fornecer uma classificação do que a Sociologiahavia produzido com relação à temática ambiental, inaugurando aí umadistinção entre a “Sociologia das questões ambientais“ (SQA) e a“Sociologia Ambiental” (SA). A primeira (SQA) seria ainda tributária de umasociologia mais tradicional, incorporando apenas marginalmente o temaambiental, enquanto a última (AS) traria a questão ecológica em seu cerne.Além disso, nesse texto ocorre uma reformulação do binômio HEP bersusNEP. As siglas passam a ter novos significados: Paradigma doExcepcionalismo Humano (HumanExempionalisParadigm – HEP) e NovoParadigma Ecológico (New EcologicalPradigm – NEP). Na nova distinção,Catton e Dunlap (1979) acabaram por tomar uma posição Aparentementemais antropocêntrica. (p.28)

Assim reconhecem que os estudos sociológicos sobre a temática ambientalsurgiram a partir de trabalhos que tinham como base abordagens e temastradicionais da sociologia. Ao mesmo tempo, os autores reconhecem queessas interações são bastante complexas e variadas, o que faria com que ossociólogos tivessem que investigar um leque bastante diversificado defenômenos.

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Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.Assim ambos propõem uma estrutura analítica inspirada no conceito decomplexo ecológico, que inter-relaciona estruturalmente população,organização, ambiente e tecnologia. (p.28)

Uma sociologia Ambiental Profunda?

Catton e Dunlap sugerem em seus trabalhos, que os estudosprovindos de áreas sociológicas tradicionais teriam servido como uma molapropulsora para o surgimento da sociologia ambiental (SA). A Sociologia dasquestões ambientais, segundo os autores, teria servido como uma diretriz

para os trabalhos realizados na sociologia ambiental. Isso mostra queCatton e Dunlap definiram como uma “ruptura” da Sociologia Ambientalcom as abordagens “tradicionais” da Sociologia não deixa de ser, naverdade, o aprofundamento de uma tendência que já estava no bojo daSQA.(p.31)

No entanto, os pressupostos que Catton e Dunlap (1979)estabeleceram para uma Sociologia Ambiental não são tributários apenasde autores como Malthus, mas também de uma face mais romântica dopensamento ambientalista contemporâneo. Essa matriz romântica se revelamais claramente se examinarmos o vínculo existente entre as idéias deCatton e Dunlap e a ecologia profunda.(p.31)

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PopulaçãoOrganização

Ambiente Tecnologia

COMPLEXOECOLÓGICO

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Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.Isso se afirmano pressuposto que assevera que os “seres humanossão apenas uma espécie entre muitas outras que estão interligadas nacomunidade biótica da vida”. Esse princípio, qual faz parte do NovoParadigma Ecológico de Catton e Dunlap, diferencia-se muito pouco de umdos pilares centrais da ecologia profunda: a igualdade biocêntrica. Estaúltima, pressupõe que “nenhuma espécie, incluindo a espécie humana, éconsiderada como de maior valor, ou em algum sentido, superior do quequalquer outra espécie”. (p.33)

As afirmações de Catton e Dunlap de que o “mundo é finito” e que

portanto, existem “limites físicos” e “biológicos” que vão contra as práticashumanas, fazem parte do discurso ambiental sobrevivencialista que podeser encontrado também em obras como a de Malthus, Hardin e em outroslivros. (p.33).

No entanto, os pressupostos que Catton e Dunlap (1979)estabeleceram para uma Sociologia ambiental não são tributários apenas deautores como Malthus e de obras como The limitstogrowth, mas também deuma face mais romântica do pensamento ambientalista. A ecologiaprofunda representa uma versão do romantismo ecológico contemporâneo

cujo principal interesse é o de desenvolver novas formas de subjetividade,com o intuito de fornecer uma alternativa para os indivíduos vivenciarem anatureza.

Outro fator que reforçou essa visão de meio ambiente como uma“natureza selvagem” e livre foi o uso que Catton e Dunlap fizeram doconhecimento biológico e de conceitos como ecossistema. Ao gerar umaestrutura única capaz de avaliar sistemas naturais e sociais a partir do seuconceito de “complexo ecológico”, os autores acabaram apagandoimportantes diferenças que devem ser consideradas entre um e outro. Emdetrimento de sistemas naturais, sistemas sociais são uma projeção do

comportamento humano. Isso implica que a estabilidade ou mudança de umsistema social dependerá de interesses, desejos e práticas daqueles que omantém.

A idéia de “ambiente natural” é contraproducente para a criação deuma teoria social mais ecológica, embora pareça bastante atrativa porpermitir transcender, aparentemente, a questão de valores e interessespresentes nas interpretações que fazemos do meio ambiente. Tal noçãoassocia o meio ambiente a algo que está além da cultura humana, a algoque não é influenciado por nossas escolhas e práticas culturais. Isso nos

iludiria a vê-lo, portanto, como algo totalmente isento, livre da nossasubjetividade e de nossas opções valorativas.

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Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.A teoria social não deve descartar a realidade de processos naturaisque não dependem de nossas decisões para se realizarem, mas tentar vernessa natureza o principal foco de direcionamento da teoria social e daprática política não seria a coisa mais sensata a ser feita. O que cientistassociais devem fazer é, antes o inverso: tomar como premissa o fato de quenão existe nenhuma leitura do ambiente “livre de valor”. É importanteentender que a concepção de “natureza intocada” de Cattone Dunlap éfruto da influência do sobrevivencialismo, da ecologia profunda e do própriopensamento biológico. Porém, tende a desaparecer nas avaliaçõessociológicas das questões ambientais contemporâneas. (p.34)

Assim, a obra de Catton e Dunlap parece ter apresentado certos erros eambiguidades que os trabalhos sociológicos mais recentes dificilmenteendossariam. Em primeiro lugar, por mais que Catton e Dunlap seemprenharam para criar um “novo paradigma ecológico”, pareceu quenunca deixaram muito claro como esse paradigma seria, tendo em vista aprópria tensão que criaram entre pensamento sociológico e pensamentobiológico.

Dessa forma, um teoria social realista não desconsidera as capacidades

únicas do humano, nem desmerece sua capacidade coletiva de expressaressa excepcionalidade.

Sociologia ambiental contemporânea: tarefas e temas de pesquisa

Vários autores tem escrito sobre as tarefas e os objetivos de pesquisa de

uma Sociologia ambiental. Ao considerarmos seus argumentos, podemosdelinear Três principais áreas de interesse para essa Sociologia ambiental:

A) Práticas sociais e mudança ambiental: 

Há um consenso, entre cientistas sociais, de que um dos principaisfocos de interesse da Sociologia ambiental deveria ser a relação entrepráticas sociais e mudança ambiental. Um dos fenômenos quedeveria ser explicado pela Sociologia ambiental é, justamente, o

impacto que práticas sociais intencionais e não intencionais acabamcausando ao meio ambiente, Para Butell (1996), entre essas práticas

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Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.cotidianas, estariam nossas práticas no processo de produção econsumo.

Outros autores chegam à mesma conclusão. Segundo Dickens oproblema maior está na divisão do trabalho contemporânea e nadivisão intelectual que ela implica. As sociedades modernastransformam a natureza num quadro de alta especialização dotrabalho e numa escala que é atualmente, global. Desse modo,práticas industriais e de consumo passam a ser questões-chave parauma sociologia preocupada com questões ambientais. (p.40)

B) Conhecimento e interpretações sobre o meio ambiente:

Há alguns aspectos básicos, levantados pela literatura sociológica,relativos à questão do conhecimento ambiental. O primeiro deles dizrespeito à situação pela qual uma mudança ambiental vem serreconhecida como um “mal” ou “ perigo” ambiental. Sendo então um

dos objetivos colocados para a Sociologia ambiental, o de investigar aforma pela qual as práticas sociais acabam criando “males”ambientais, ela ainda não responde algumas questões bastanteimportantes. (p.40)

1 - Porque certas mudanças ambientais deveriam ser vistas como“perigosas” ou como “males” e outras não?

2 – Todas as sociedades de grupos sociais reagem da mesma formaem relação a intervenção humana no meio ambiente?

Alguns autores tentam responder da seguinte forma: a consciência deque temos problemas ambientais seria um resultado direto doimpacto que criamos ao ambiente.

Logo, O movimento ambiental consistiria em um resultado direto dapoluição. Hannigan (1995) chama essa como a “tese do reflexo”.

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Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006. Tudo é sintetizado pelo argumento apresentado por Buttel e Taylor(1994) de que a Sociologia Ambiental deve abarcar necessariamenteuma Sociologia do conhecimento. O reconhecimento de queinteresses e valores interferem nas avaliações científicas éconstantemente abordado por essa área de pesquisa da Sociologia. Eessa perspectiva condiz com a proposta de Barry (1999ª) de que ateoria social não deveria admitir a existência de uma readding-off domeio ambiente. Tal postura também está presente ainda nostrabalhos de Giddens (1991) e Beck (1992), que alertam que qualqueravaliação de riscos ecológicos envolve algum tipo de julgamentovalorativo. (p.40/41)

c) Política ecológica:

Como Yearley (1992) argumenta, as ameaças ambientais modernascolocam-se de duas formas distintas. Num primeiro momento, elassurgem como mudanças ambientais materiais e físicas que podem ou

não trazer conseqüências graves para os seres humanos. As ameaçaspodem colocar-se também sob uma forma “ideológica”, geralmentepela mão do movimento ambientalista. Assim, ao mesmo tempo queos problemas ambientais comportam algum tipo de mudança “física”,o desafio ambientalista, como conjunto de valores e idéias, reveste-osde conteúdos ideológicos em busca de uma mudança institucionalampla da sociedade. (p.41)

Novas Direções dos Estudos Sócio Ambientais

Na década de 1990, Catton e Dunlap não apenas reconheceram quesua proposta de Sociologia Ambiental havia fracassado como também que asituação da Sociologia ambiental não se teria alterado significativamenteem relação ao quadro que eles encontraram na década de 1970.

  Torna-se premente avaliar até que ponto as perspectivas hojeexistentes na Sociologia ambiental se mostram como diferentes umas dasoutras e se tal diferença as torna incompatíveis. Do mesmo modo, é

importante avaliar em que medida essas perspectivas apresentam pontosem comum ou de que modo suas possíveis diferenças podem contribuir,

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modernidade.

Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.antes do que impedir, para um entendimento mais complexo e geral darealidade socioambiental. (p.47)

A obra tem o intuito de delimitar uma análise em três perspectivas teóricasque são consideradas como vitais para a “ecologização” da Sociologia nosúltimos anos. Essas perspectivas são Modernização Ecológica (ME),Desenvolvimento Sustentável (DS) e a teoria da sociedade de risco (SR).

MODERNIZAÇÃO ECOLÓGICA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ETEORIA DA SOCIEDADE DE RISCO

Embora os teóricos da teoria da modernização ecológica estabeleçam umainterdependência entre sociedade e meio ambiente, eles aceitam aexistência de racionalidades diferentes (ecológica, social e econômica)governando essa relação. Sistemas sociais e ecológicos não são, assim,totalmente diluídos uns nos outros, embora nexos entre si possam serestabelecidos. (p.48)

Moll (1995) apresenta três usos diferentes do termo ModernizaçãoEcológicos:

1 – ME como um novo conceito que traz contribuições teóricas para umnovo ramo da Sociologia – a Sociologia Ambiental.

2 – ME como um conjunto de estudos de ciências Sociais que buscamanalisar as políticas ambientais propiciadoras de um padrão mais ecológicode produção.

3 - ME considerada com um programa concreto de política ambiental radicalcolocado em andamento por partidos políticos.

Em sua dimensão sociológica: a ME é uma transformaçãoecológica do processo de industrialização numa direção na qual abase de sustentação pode ser garantida. Segundo Mol, indica apossibilidade de superar uma crise ambiental enquanto fazemos usodas instituições da modernidade, sem abandonar o padrão demodernização.

A origem do discurso da Modernização Ecológica

Como discurso político, a Modernização Ecológica não apareceu poracaso, mas como resultado de uma série de mudanças que se desdobraram

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Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.desde a década de 1970 e que acabaram por criar um contexto socialpropício para o seu surgimento na década posterior. Sua origem, portanto,está associadas às reflexões que foram produzidas na década de 80 teriasido impossível se não houvesse existido uma geração anterior de políticas,leis, regulações e instituições. (p.54)

Mas que mudanças foram essas que levaram à emergência da ME?

1- Na década de 70, o ambientalismo ter sido atingido por uma“ambigüidade de sentimentos”. Essa ambigüidade teve sua

origem na coexistência de duas grandes tendências contrastantesque vigoravam no movimento ambiental. Trabalhos como Limitesdo Crescimento (MEADOWS, 1972), que veio a ter um forteimpacto sobre o movimento ambiental do período, começaram aressaltar a necessidade de um maior “imput”  em termos deciência e tecnologia, enquanto obras como blue print for survival esmall is beautiful, também bastante influente entre os gruposambientais, começaram numa direção oposta. Diferentemente doprimeiro (Limites do crescimento), nesses dois últimos trabalhosse começou a operar uma crítica geral à sociedade de consumo e,

especificamente, à excessiva confiança depositada nas inovaçõestecnológicas.

Outros fatores tem destaque, como:

A) A profissionalização do movimento ambiental nas mais diferentesáreas: (engenharia, biologia, economia e marketing).

B) Reconhecimento de falhas nas políticas ambientaisgovernamentais até então existentes, fortalecendo ainda mais odiscurso da ME.

C) A emersão de uma linguagem ambiental alternativa que permitiua ONGS, governos e outras organizações estruturarem aproblemática ambiental de um novo modo. (p.56)

A LINHA NARRATIVA CENTRAL DA MODERNIZAÇÃO ECOLÓGICA

A linha narrativa central do discurso da ME se sustenta na idéia deque pode haver uma compatibilidade entre crescimento econômico eproteção ambiental. É um discurso que vê a crise ambiental como resultadodas falhas ou deficiências das instituições das sociedades modernas, mas

que acredita que as reformulações dessas instituições podem promover umprocesso de proteção ambiental. (p.60)

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Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.A integração entre crescimento econômico e ProteçãoAmbiental

Muitos autores chamam a atenção para o fato de a ME possuir umaforte ênfase no aspecto econômico. Afinal ela busca tanto “ecologizar aeconomia” como “economizar a ecologia”. (p.64)

É na sua redefinição da relação entre economia e meio ambiente quereside a sua ruptura mais decisiva com as proposições da políticaambiental dos anos 70. Tanto no discurso como a Sociologia da

Modernização Ecológica parece compartilhar um mesmo pressuposto: o deque é possível compatibilizar crescimento econômico com proteçãoambiental. Assim, o que está por trás das idéias de “emancipação daecologia” e de “reestruturação ecológica” da sociedade industrial é quecrescimento econômico e proteção ambiental podem caminhar juntos, demãos dadas. (p.65)

Segundo Jacobs (1991) há dois pontos centrais que fazem parte darelação entre as forças de mercado e de sua relação com a degradaçãoambiental.

1 – Mecanismos para alocar recursos: a utilização de decisõesindividuais para alcançar resultados coletivos.

2 - O segundo se refere à tendência, na vida moderna, das forças demercado que definem as interfaces entre sistema econômico e a questãoambiental.

Outro problema reside no fato de que os alvos da proteção ambientalsão “bens públicos”. Bens públicos são indivisíveis e não são passíveis dedistribuição aos consumidores. Para bens desse tipo, não é possíveldiscernir entre consumidores e não-consumidores e, por conseguinte, entre“pagantes” do produto, o que implica que, caso fosse fornecido pelomercdo, todas as pessoas se tornariam consumidores potenciais, semrestrição. Essa característica universal e coletiva inviabiliza a tentativa deusar apenas a lógica do mercado capitalista para promover a produção e ofornecimento desses “bens públicos”. (p.66)

Nesse sentido, ambientalistas têm razão em criticar os economistasque não levam em consideração os limites de capacidade do ambiente emfornecer recursos e assimilar o lixo que produzimos.

Para que haja uma eficiência ambiental, segundo Jacobs “torna-senecessária uma mudança estrutural e técnica da economia, a fim de manter

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Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.os impactos ambientais dentro dos limites requeridos pelo ambiente. Essamudança abarcaria todo o ciclo econômico e deveria atingir seis tópicoscentrais: 1) recursos renováveis; 2) recursos não renováveis; 3) redução dapoluição; 4) processo de produção, 5) produtos; 6) consumo;

Então, as possibilidades de diminuir o impacto ambiental docrescimento econômico já estariam acessíveis. Uma vez incorporadas aoprocesso econômico, poderiam reduzir significativamente o impacto docrescimento econômico sobre o meio ambiente. (p.69)

Disso decorre a seguinte pergunta: de que forma as políticasambientais deveriam proceder para incentivar a inovação tecnológica naeconomia?

Resposta: Através do Estado com os seguintes mecanismos:

a) Mecanismos voluntários: são todas aquelas ações que indivíduos,grupos, empresas realizam para proteger o meio ambiente, masque não são coagidas pela lei e nem movidas por incentivosfinanceiros.

b) Regulação do mercado: toda a medida administrativa tomadapelo governo que tem o suporte da lei, mas que não envolvegasto governamental direto e nem o uso de incentivosfinanceiros.

c) Gastos públicos: Podem tomar duas formas diferentes: a desubsídios e a de ações diretas do governo.

c.1) A de subsídios: se dirige a empresas privadas;

c.2) A de ações diretas do governo: órgão do próprio governo.

d) Incentivos financeiros: buscam tornar as atividadesambientalmente perigosas menos atrativas em termos econômicos,tornando-as mais custosas. Por outro lado premiam as atividadesambientalmente mais saudáveis. Incentivos financeiros usam, então, osistema de preços para alcançar metas ambientais procurando influenciarna escolha de produtores e consumidores.

Por essas razões, o autor conclui que regulações e incentivosfinanceiros são os principais instrumentos da política ambiental. (p. 69/70).

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Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.MODERNIZAÇÃO ECOLÓGICA E A “ECOLOGIZAÇÃO” DOCRESCIMENTO ECONÔMICO

A “emancipação da ecologia”, que a teoria da ME faz alusão, englobadois processos distintos que influem diretamente na relação entre economiae ecologia: o processo de ecologizar a economia e economizar a ecologia.Embora isso nem sempre seja declarado, pressupõe-se que esses doismovimentos acabem resultando num crescimento econômico ecológico.

Quanto a esse ponto, ME significa substituição de tecnologias curativas portecnologias preventivas. A economia da ecologia implica, por sua vez, aintrodução de conceitos, mecanismos e princípios econômicos dirigidos paraproteger o meio ambiente. Esse processo ocorre em duas escalasdiferentes: uma micro e outra macro.(p.71)

Macro: busca descrever e promover uma mudança no caráterestrutural da economia das sociedades mais industrializadas, fazendo comque indústrias intensivas em recursos e energia sejam substituídas porindústrias intensivas em conhecimento e valor. (p.71)

Micro: ME estabelece um papel central para a mudança tecnológica eorganizacional no nível das empresas. Para essa teoria da ME,compatibilizar crescimento econômico e proteção ambiental tornanecessário que o sistema produtivo incorpore “tecnologias ambientais”.Estas últimas são tecnologias que “reduzem o impacto absoluto ou relativode um processo ou produto sobre meio ambiente”.

A estratégia da ME é baseada sobre um alcance amplo de atoresorganizacionais(Estado, empresas) que devem regular suas ações de modoa permitir a via em comum. É muito pouco provável que a política ambientalinspirada pela ME tenha que se basear em apenas um dos instrumentosregulatórios a que fizemos referência acima. O provável, antes é que elavenha a se constituir numa mistura desses diferentes instrumentos.

A principal falha sobre essa teoria da ME em relação a essas questõesremete-se à pouca atenção que ela parece conferir às questões envolvendoa regulação ambiental.

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Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.

PARA UMA CRÍTICA POSITIVA DA MODERNIZAÇÃO ECOLÓGICA

Uma das áreas óbvias da Sociologia em questão ambiental pode serincorporada é a Sociologia do Industrialismo. Esta é um campo já bemestabelecido de pesquisa nas Ciências Sociais, em que as questõesambientais segundo Martell (1994), poderiam se mostrar altamenterelevantes. A teoria da ME busca justamente seguir esse conselho. Mol(1995) situa justamente a ME dentro da ala das teorias da sociedade pós-industrial. Enfim, ela busca tanto teorizar como também promover ainstitucionalização da “ecologia” nos processos de produção e consumo.(p.75)

Um dos pontos fortes da ME está no fato de ela contribuir comestudos que buscam mostrar que é possível ir além da relação conflitualexistente entre economia e meio ambiente. A teoria da ME pressupõe apossibilidade de se criar um “crescimento econômico ecológico”, o que noentanto, não a livra de contradições [...]. (p.75)

Dessa forma, essa teoria “pretende tornar possível um “crescimentoecológico””. Para isso ao nosso ver, ela deveria abandonar sua ênfaseunânime sobre o eixo industrial da modernidade e passar a considerar ocapitalismo como um tópico importante de análise. (p.86)

Nesse caso, que literatura ou teorias estariam mais próximas de seusobjetivos? Como Gouldson e Murphy (1998) procuram mostrar, a ME temajudado a incentivar a uma nova regulação ambiental-industrial. Ésurpreendente, então, que nenhum trabalho tenha procurado associar ateoria da ME às teorias da regulação ou proposto que esse deveria ser ocaminho a ser seguido por ela. (p.87)

O Brien e Penna (1997) estabelecem uma relação entre a políticaambiental européia e as abordagens da regulação. Segundo eles, dentre osvários conceitos que figuram como centrais nas abordagens da regulação,dois parecem tocar diretamente em questões que estão no cerne da políticaambiental, e ao nosso ver, da teoria da ME: regime de acumulação e modode regulação.

REGIME DE ACUMULAÇÃO: Se refere à relação entre acumulação e

consumo.

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modernidade.

Lenzi, Cristiano Luis. Bauru, SP. Edusc., 2006.MODO DE REGULAÇÃO: Consiste na base para guiar o crescimentoeconômico o longo do tempo num regime específico de acumulação. (p.87)

Dessa forma, é permitido perceber que:

[...] Teóricos da ME preferem falar em “emancipação daecologia” e colocar à margem um elemento teórico queparece estar diretamente associado com problemasambientais: o capitalismo. Assim, se o crescimento

econômico deve ser compatibilizado com a proteçãoambiental, isso ocorre a partir de uma dimensão damodernidade que os teóricos da ME dispensam em suasanálises. Por todas essas razões, a teoria da ME é aindaperpassada por uma serei de contradições e ambivalênciasque só poderão ser suplantadas uma vez que um dos seuspressupostos sejam revistos e formulados. Isso, ao nosso vernão é algo impossível. Afinal, como tentamos mostrar, umnovo direcionamento teórico da ME é tanto possível quantodesejável. (p.88)

O Capítulo 3 tratará das demais discussões sobre essa temática.

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