sociedades cooperativas[1]

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SOCIEDADES COOPERATIVAS As cooperativas são sociedades simples sem finalidade lucrativa. Entre os cooperados podem estar pessoas jurídicas que tenham por objeto as atividades econômicas de pessoas físicas e também pessoas jurídicas sem fins lucrativos. As vantagens econômicas obtidas pelos cooperados são frutos de atuação pessoal e não de investimentos em dinheiro, como em ações e cotas, por exemplo. Por serem institucionais, são constituídas a partir de deliberação dos fundadores em assembléia geral. As sociedades cooperativas têm por objeto social um gênero de serviço, operação ou atividade, prestado diretamente a seus cooperados. Nesse caso ela será qualificada como sociedade cooperativa singular. Três ou mais cooperativas singulares podem constituir uma cooperativa central ou federação de cooperativas, que tem o objetivo de organizar os serviços econômicos e assistenciais para as filiadas, integrando e facilitando a utilização recíproca dos serviços. Já a união de três ou mais federações de cooperativas formam a confederação de cooperativas, cujo objetivo consiste em orientar e coordenar as atividades das filiadas. A classificação das cooperativas também pode dizer respeito do objeto ou natureza das atividades desenvolvidas por elas ou pelos seus associados. Elas se classificam em: Cooperativa Agrícola, de consumo, de credito, educacional, especial, habitacional, de infra-estrutura, mineral, de produção, de saúde, de trabalho e de turismo e lazer. Todavia, as cooperativas não precisam ser de apenas uma espécie, existem as cooperativas mistas, que apresentam mais de um desses objetos de atividade. Ainda abordando a classificação, as cooperativas podem ser dividir em sociedades limitadas e sociedades sem limites de responsabilidade. Na primeira, a responsabilidade dos sócios

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Page 1: SOCIEDADES COOPERATIVAS[1]

SOCIEDADES COOPERATIVAS

As cooperativas são sociedades simples sem finalidade lucrativa. Entre os cooperados podem estar pessoas jurídicas que tenham por objeto as atividades econômicas de pessoas físicas e também pessoas jurídicas sem fins lucrativos. As vantagens econômicas obtidas pelos cooperados são frutos de atuação pessoal e não de investimentos em dinheiro, como em ações e cotas, por exemplo. Por serem institucionais, são constituídas a partir de deliberação dos fundadores em assembléia geral.

As sociedades cooperativas têm por objeto social um gênero de serviço, operação ou atividade, prestado diretamente a seus cooperados. Nesse caso ela será qualificada como sociedade cooperativa singular. Três ou mais cooperativas singulares podem constituir uma cooperativa central ou federação de cooperativas, que tem o objetivo de organizar os serviços econômicos e assistenciais para as filiadas, integrando e facilitando a utilização recíproca dos serviços. Já a união de três ou mais federações de cooperativas formam a confederação de cooperativas, cujo objetivo consiste em orientar e coordenar as atividades das filiadas.

A classificação das cooperativas também pode dizer respeito do objeto ou natureza das atividades desenvolvidas por elas ou pelos seus associados. Elas se classificam em: Cooperativa Agrícola, de consumo, de credito, educacional, especial, habitacional, de infra-estrutura, mineral, de produção, de saúde, de trabalho e de turismo e lazer. Todavia, as cooperativas não precisam ser de apenas uma espécie, existem as cooperativas mistas, que apresentam mais de um desses objetos de atividade.

Ainda abordando a classificação, as cooperativas podem ser dividir em sociedades limitadas e sociedades sem limites de responsabilidade. Na primeira, a responsabilidade dos sócios pelos compromissos da sociedade atinge apenas o valor do capital social, enquanto na segunda, essa responsabilidade é pessoal, solidaria e sem limites.

Vale ressaltar que o cooperativismo é um movimento mundial e com princípios internacionalmente estabelecidos. Assim sendo, é necessário que se tenha muita atenção com as características essenciais do cooperativismo, com vigência e validade em todo o mundo. São elas:

Liberdade de adesão: Número ilimitado de cooperados, e desde que se preencham todos os quesitos, qualquer um pode participar.

Variabilidade ou dispensa do capital social: O elemento essencial é a cooperação, sendo o capital social secundário.

Limitação do número de quotas-partes do capital para cada cooperado: o fundo social da cooperativa não pode ficar concentrado na mão de um único cooperado ou nas mãos de poucos.

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Cessão limitada de quota: não se pode ceder as quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade, ao menos que este preencher as condições para se tornar um sócio.

Princípio da administração democrática: independente do numero de quotas-partes que possuir, cada cooperado corresponde a um voto nas assembléias. Só poderá ser exercido o critério de proporcionalidade em cooperativas centrais, federações e confederações de cooperativas.

Resultado em função das operações: O superávit obtido ao final do exercício será dividido tendo em vista as operações realizadas por cada cooperado, e não pelo número de quotas-partes de cada um possui.

Indivisibilidade dos fundos: as cooperativas são obrigadas a instituir um fundo de reserva (com pelo menos 10% das sobras dos exercícios) com a finalidade de reparar perdas e atender ao desenvolvimento de suas atividades. Também deveram instituir um fundo de assistência técnica, educacional e social ( com pelo menos 5% das sobras) com finalidade de prestar assistência a seus cooperados e familiares. Todavia, a assembléia geral ainda pode criar outros fundos.

Neutralidade política, religiosa, racial e social: As cooperativas não podem ter objetivos sectários e nem se utilizar desses critérios para admitir seus sócios. Há de se preservar a ampla solidariedade humana.

Assistência a cooperados e empregados: É característica das cooperativas prestar assistência a seus associados, e quando previsto nos estatutos, a seus funcionários, concretizando assim os ideais de mutualismo e solidariedade.

Limitação da área de admissão: Existe um critério, um limite geográfico na admissão dos sócios, de forma a garantir a possibilidade de reunião efetiva, controle, operação e prestação de serviços.

CONSTITUIÇÃO DA COOPERATIVA.

A constituição ocorre através de assembléia geral dos fundadores, com no mínimo 20 cooperados. O ato constitutivo deve conter: a denominação, na qual deve constar o termo “cooperativa”; qualificação dos fundadores, com o respectivo número de quotas-partes e valores; aprovação do estatuto da sociedade; qualificação dos cooperados eleitos para os órgãos de administração e fiscalização.

As sociedades cooperativas também demandam um patrimônio próprio, para que suas atividades sejam efetivamente realizadas. É o denominado capital social, ou melhor dizendo, fundo social, que se faz por prestações periódicas por meio de contribuições dos cooperados.

Ainda para regulamentar seu funcionamento, a cooperativa deverá ter um livro de matrícula, no qual os associados serão inscritos por ordem cronológica de admissão e sua qualificação. Além deste, poderá haver outros livros obrigatórios, fiscais e contábeis.

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ADMISSÃO, ELIMINAÇÃO E EXCLUSÃO DE COOPERADOS.

Qualquer pessoa, desde que preencha as condições estabelecidas no estatuto e que aceite os propósitos sociais, pode ingressar na cooperativa, como enunciado anteriormente no principio da livre adesão. Pode-se limitar a adesão de um novo cooperado apenas se for tecnicamente impossível prestar serviços a ele ou pela localização geográfica não permitir a efetiva participação do cooperado na sociedade.

A admissão de um novo cooperado se inicia com o ingresso de um pedido formulado pelo interessado, que é submetido a aprovação pelo órgão administrador. Depois de aprovado, conclui-se com a subscrição das quotas-partes de capital social e a assinatura do cooperado no Livro de Matrícula.

É importante salientar que as cooperativas não podem: cobrar prêmios ou ágios pela entrada de novos cooperados, remunerar quem agencie novos cooperados e estabelecer restrições de qualquer tipo ao exercício dos direitos sociais, devendo tratar todos os cooperados de forma igual.

O sócio se retirará da sociedade, ou por vontade própria, ou será eliminado em virtude de infração legal ou infração ao estatuto. A decisão de eliminação será enviada ao cooperado em até 30 dias, já que o mesmo pode ingressar com recurso à primeira assembléia geral, a qual deverá decidir a situação. Todavia, ainda se fala em exclusão do cooperado quando houver: dissolução da pessoa jurídica sócia cooperada, morte do cooperado, incapacidade civil não suprida ou ainda por deixar de atender aos requisitos estatutários de ingresso ou permanência na cooperativa.

ÓRGÃOS SOCIAIS DAS COOPERATIVAS.

Assembléia Geral: é o órgão supremo da sociedade cooperativa, com poderes para decidir sobre os negócios que digam respeito ao objeto de atuação da cooperativa, bem como as decisões para o desenvolvimento e defesa da sociedade. Suas votações são decididas pela maioria dos cooperados presentes e regem toda a cooperativa, inclusive os ausentes e os que votaram contra.

Diretoria ou Conselho de Administração: é o responsável pela administração da cooperativa, composto exclusivamente por cooperados eleitos pela assembléia geral e regulamentado pelo estatuto.

Conselho Fiscal: tem a função de fiscalizar a atuação dos administradores, sendo composto por três membros efetivos e três suplentes, todos cooperados e eleitos anualmente pela assembléia geral.

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DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO

As sociedades cooperativas se dissolvem de pleno direito nas seguintes hipóteses:

1) Deliberação da assembléia geral;

2) Pelo decurso do prazo de duração;

3) Pela consecução dos objetivos pré-determinados;

4) Devido a alteração na forma jurídica;

5) Pela redução no número mínimo de cooperados, ou do capital social mínimo;

6) Pelo cancelamento da autorização para funcionar.

Depois da dissolução, segue-se para o procedimento de liquidação, que culminará na extinção da personalidade e no cancelamento do registro da cooperativa. A liquidação ficará sob responsabilidade de um ou mais liquidantes, nomeados pela assembléia geral e fiscalizados por um conselho fiscal, também instituído pela assembléia geral. Durante o procedimento de liquidação, a denominação da cooperativa virá seguida da expressão “ em liquidação”.

Para fins de preservação dos interesses coletivos, os liquidantes deverão convocar uma assembléia geral a cada seis meses, ou sempre que necessário, para apresentar o balanço do estado da liquidação e prestar contas. Após o final do balanço, havendo sobra de patrimônio, deverá haver reembolso para os cooperados do valor de suas quotas-partes. Já se o patrimônio ativo não for suficiente para saldar os credores, os liquidantes fornecerão aos credores a relação dos cooperados.

Por fim, concluída a liquidação, será convocada assembléia geral para prestação final de contas, que se aprovada, encerra a liquidação e a sociedade extingue-se, devendo a ata da assembléia ser arquivada na Junta Comercial e publicada.

Pontifícia Universidade Católica De São PauloFACULDADE DE DIREITO

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DIREITO COMERCIAL

Livro: Manual de Direito Empresarial Autor: Gladston Mamede Fichamento do Cap. 9: “ Outras sociedades institucionais”

Aluno: Gabriel de Branco Nastari Turma: NA3