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Congresso Internacional de Pedagogia Social y
XVII Seminário Interuniversitário de Pedagogia Social
Salamanca, 18-20 de Septiembre de 2002
“Sobre a Educação Social em Portugal”
Jorge Carvalho Arroteia
Universidade de Aveiro – Departamento de Ciências da Educação
PORTUGAL
Línea de Estudio: Nuevas necessidades formativas. Investigacion y formación
2002
Resumo: Embora reconhecida como matéria com relevância académica e leccionada no ensino
superior sobretudo em cursos de natureza politécnica, a Educação Social não é ainda hoje considerada
em Portugal como um domínio científico autónomo no domínio das ciências sociais. Mesmo assim a
leccionação de diversos cursos nesta área científica e a sua procura crescente por parte da população
escolar tem vindo a revelar um interesse acrescido por esta nova área de formação e de intervenção no
terreno e ao nível das práticas de investigação e de docência.
1. A procura social da educação
Embora condicionada pela evolução demográfica geral e sobretudo pela redução da população em
idade escolar a procura do ensino registada em Portugal, nomeadamente ao nível do ensino secundário
e do ensino superior, tem provocado o acesso crescente de uma população diversificada nas suas
origens geográficas e sociais ao sistema de ensino decorrentes do processo de democratização em
curso. Assim e apesar das alterações registadas no sistema de emprego responsáveis pelo acréscimo das
taxas de desemprego entre a população detentora de habilitações académicas e escolares cada vez mais
elevadas, a frequência da instituição escolar continua a ser considerada como um factor de mobilidade
social, de progresso social e de desenvolvimento económico.
Tal facto obriga-nos a pensar no conjunto de expectativas sociais relacionadas com o contributo
dos sistemas educativos na alteração dos comportamentos e das práticas sociais responsáveis pelo
avanço do conhecimento científico, pela inovação e pela transformação da própria sociedade que têm
como fulcro a própria escola. Espera-se por isso que esta, enquanto instituição social povoada por uma
população solidária no cumprimento de determinados objectivos e na satisfação de diversas
necessidades culturais e profissionais contribua, de forma decisiva, para a modernização do sistema
social e educativo.
Embora sem esgotar as características organizacionais e pedagógicas que deve revestir esta
instituição no contexto em que vivemos, a instituição escolar deve assegurar um certo número de
atributos que favoreçam a socialização dos alunos em condições tais que lhes facilite o
desenvolvimento do seu espírito crítico, garantindo a transmissão de conhecimentos empíricos,
científicos e especializados. Este constitui um dos primeiros desafios que os sistemas educativos têm
de responder: substituírem a transmissão dogmática dos saberes, os métodos de ensino autoritários,
predominantemente didácticos, que favorecem a passividade, a pouca criatividade e a reprodução
cultural, por uma maior participação e contributo de todos os agentes educativos no desenvolvimento
do próprio sistema.
2. Escola e sociedade
Na sociedade actual o acréscimo da população escolar depende não só de factores demográficos
mas ainda de outros factores de natureza social relacionados com a necessidade crescente da aquisição
de novos conhecimentos indispensáveis ao progresso social, científico e tecnológico. Nestas
circunstâncias se os movimentos naturais da população (natalidade e mortalidade) e os próprios
movimentos migratórios (emigração e imigração) constituem motivo bastante para condicionar a
evolução da população escolar, é no entanto a mobilidade social a causa determinante do engrossar dos
"cohortes" que hoje em dia alimentam as diversas "gerações" que povoam os sistemas educativos.
Este fenómeno decorrente do processo de democratização do ensino tem arrastado consigo a
saturação do sistema e a alteração de muitos dos serviços educativos decorrentes desta massificação
escolar. Tal facto tem no entanto conduzido a um desfasamento entre "...as necessidades e as
respostas, as expectativas e o produto, o projecto e as formas de organização, o funcionamento e a
administração deste sistema, quando confrontado com os resultados finais" (Arroteia; 1991; 17). Se
tivermos em conta a realidade portuguesa poderemos afirmar que durante esta segunda metade do
nosso século assistimos ao desenvolvimento de dois modelos distintos:
- até aos anos sessenta as enormes taxas de natalidade que identificavam o nosso regime
demográfico alimentaram uma escolaridade caracterizada por uma ainda reduzida "esperança de vida
escolar" que para a maioria da população escolarizável não ia além dos quatro anos da escola primária;
- desde os finais dessa década, o alargamento da escolaridade obrigatória para seis anos,
decorrente da criação do ensino preparatório motivou um acréscimo significativo de alunos não só ao
nível do ensino primário e preparatório mas ainda em resultado do "efeito de onda", maiores
frequências no ensino secundário e superior.
Outras razões justificam esta procura escolar. A melhoria gradual do nível de vida da população,
o aumento das acessibilidades entre os centros urbanos e as povoações rurais, o aumento da circulação
da informação e as expectativas crescentes de mobilidade social conferida pela titularidade de um
diploma, poderão ajudar a compreender este comportamento. Mesmo assim o diagnóstico que fazemos
do nosso sistema educativo não permite identificá-lo como um exemplo paradigmático de um "sistema
em equilíbrio". Pelo contrário o sistema educativo português identifica-se mais com um "sistema em
desperdício" conhecido por um elevado "grau de entropia" e pelos seus resultados finais (outputs) que
não correspondem "...à qualidade nem ao número dos inputs que o alimentam". Ilustra esta situação o
insucesso dos alunos, a fraca participação e desmotivação da classe docente, a fraca adaptação dos
diplomas às necessidades da sociedade.
3. Em torno das funções da educação e da escola
Como recordámos noutro local (Arroteia; 1991; 27) a crescente procura social da educação
corresponde "...não só a um mero processo de democratização das sociedades contemporâneas (a qual
tem vindo a favorecer o acesso crescente da população aos diversos níveis de ensino e bens culturais),
mas ainda, ...do próprio fenómeno de industrialização que gerou a crescente divisão do trabalho
social e uma especialização crescente de mão de obra".
Nestas circunstâncias haverá que esperar da instituição escolar o cumprimento de programas que
por um lado habilitem os alunos, através de ensinamentos especializados e da transmissão de normas e
de valores a viverem e a integrarem-se na sociedade que os rodeia e a responderem adequadamente às
solicitações do mundo do trabalho. Espera-se portanto da escola em si e do sistema educativo em geral
que habilite a criança a adaptar-se "...ao meio social em que vai viver" (Durkheim; 1980; 58). Esta
primeira abordagem das chamadas funções da educação, a "função socializadora", tem sido exercida
através da escola, da família, do grupo de amigos e através da comunicação social.
Sendo esta uma das principais funções da educação, identificamos diversos condicionalismos que
nem sempre permitem à instituição escolar o melhor cumprimento desta função. Do ponto de vista
físico, a natureza e a dimensão das instalações bem como a variedade dos equipamentos de que dispõe
são alguns dos factores que determinam a natureza e a intensidade das aprendizagens. Do ponto de
vista humano, a densidade de ocupação dos edifícios, a dimensão das turmas, a natureza das relações
inter-pessoais e o nível de satisfação dos diversos corpos - funcionários, professores e alunos -, bem
como as motivações para o trabalho, são factores condicionantes da aprendizagem e da socialização da
população discente.
Note-se que a montante e a jusante da escola outros factores condicionam estas tarefas.
Naturalmente que devendo a família partilhar a responsabilidade desta função ou mesmo desempenhá-
la em predominância, sobretudo nos primeiros anos de vida dos alunos, é a "herança cultural" destes
indivíduos que vai condicionar, em primeiro lugar, o nível e a intensidade do fenómeno de
socialização. Complementarmente a este factor são as disponibilidades económicas, individuais e
societais, que afectam igualmente esta função tais como as disponibilidades do país e as medidas de
política social, laboral e educativa que corporizam esse apoio e determinam a sua aplicação.
Complementarmente a esta "função socializadora" da educação, a escola deve ainda permitir "...o
desenvolvimento das capacidades de reflexão crítica, estimulando a capacidade de formulação de
juízos pessoais e a intervenção dos alunos nos diversos sectores da vida social..." (Arroteia; 1991;
32). É a chamada "função personalizadora que juntamente com a primeira deve promover o
desenvolvimento dos alunos nos domínios intelectual, cognitivo, afectivo, psicomotor, espiritual e
moral, favorecendo o equilíbrio da personalidade e a sua realização pessoal. Uma vez mais este
pequeno micro-cosmos que é a escola tem de atender às características individuais, de natureza
genética e aos traços da personalidade dos alunos, organizando-se de forma a que aquelas possam
emergir sem condicionar, em absoluto, as aprendizagens dos alunos.
Reconhecemos que hoje em dia a escola deve desempenhar um papel relevante na preparação dos
jovens para a vida activa. Esta preparação laboral pode ser entendida como uma necessidade decorrente
do processo civilizatório que vivemos e que tem determinado constantes e profundas transformações na
divisão e na natureza do trabalho social. Estes atributos obrigam a que a escola tenha um papel activo
na preparação específica para o desempenho da profissão dos alunos cumprindo mais uma tarefa de
"capacitação profissional" à qual corresponde uma especialização para a vida activa em algumas das
vias do ciclo terminal de estudos da escolaridade pós-obrigatória.
Outras funções podem ser desempenhadas pela escola. Porque não importa aqui referi-las
recordamos mesmo assim o contributo da instituição escolar no processo mudança e de inovação social
a qual se fará sentir não só por via dos conhecimentos transmitidos pela instituição escolar mas ainda
por via das aprendizagens sucessivas que vão permitir "...vencer algumas das barreiras sociais,
culturais e tecnológicas abrindo caminho ao avanço da sociedade" (Arroteia; 1991; 34). De realçar
que estas condições têm vindo a ser prejudicadas com o acentuar da dualização progressiva da nossa
sociedade, facto que tem acentuado as condições de carência, de risco e de exclusão social favoráveis
ao cumprimento de outras tarefas, nomeadamente da intervenção psico-social, cívica e comunitária
junto da população escolar.
4. A importância da educação social
O texto anterior serviu-nos para recordar algumas das relações que se estabelecem entre a escola e
a sociedade onde esta se insere. Da mesma forma permitiu-nos evocar alguns dos condicionalismos que
afectam os sistemas educativos, entidades complexas cujo funcionamento está dependente não só das
grandes orientações e opções do sistema político, mas ainda a dependência de outros sistemas como o
económico, o demográfico e o administrativo. É este o entendimento de D'Hainaut (1980) que aponta
também a dependência destes não só do contexto sócio-cultural e do contexto histórico - determinantes
para o estabelecimento das diversas orientações de política educativa - mas ainda do quadro filosófico,
ético e religioso e dos quadros físico e geográfico.
Recordamos a Lei de Bases do Sistema Educativo Português (Lei 46/86) e os seus princípios
orientadores. A escola, deve "favorecer o desenvolvimento global da personalidade, o progresso social
e a democratização da sociedade" (artº1); o sistema educativo, deve responder "às necessidades
resultantes da vida social". Evocando os "princípios organizativos" (artº 3), é de salientar a obrigação
que o sistema educativo em geral e a escola em particular devem assumir na transmissão dos valores
tradicionais e na formação dos alunos, bem como na edificação da própria sociedade.
De forma global cabe ainda à escola e ao sistema educativo no seu conjunto contribuírem para o
"desenvolvimento global da personalidade", para o "progresso social" e para a "democratização da
sociedade". Estes princípios levam-nos a encarar a escola como uma organização e instituição
complexas, povoadas por um número crescente de alunos, de professores e de funcionários com
origens sociais e culturais diferenciadas, motivações, expectativas e interesses igualmente muito
divergentes.
Não obstante a persistência destas condições e os interesses actuais relacionados com a
democratização e a melhoria da qualidade dos sistemas educativos, têm-se verificado nos últimos anos
a necessidade crescente quer de uma intervenção interna dentro da escola, especialmente no apoio
psico-social a jovens em situação de risco, quer ainda na intervenção da instituição escolar aos desafios
do próprio ambiente externo nem sempre o mais favorável.
A formação aprofundada em cursos de formação de educadores de infância e de professores do
ensino básico e do ensino secundário, especialmente vocacionados para a formação cultural, científica
e técnica em áreas específicas do saber, para a investigação e mesmo para a extensão comunitária, não
se apresenta de forma global direccionada para a reflexão e formação no domínio específico da
educação social ou seja para a intervenção em âmbito escolar e não escolar. Atendendo a estas
circunstâncias desde o início da década de noventa têm vindo a funcionar cursos no ensino superior,
inicialmente em Escolas Superiores de Educação (ensino superior politécnico) e mesmo em
Universidades por forma a garantir uma formação especializada nesta área.
De forma global referem-se como objectivos principais dos cursos em Educação Social
(Bacharelato e Licenciatura Bi-etápica), ao nível da comunidade:
- intervenção de enquadramento psico-social junto de populações de risco;
- desenvolvimento de acções relacionadas com o desenvolvimento pessoal e social, a
cidadania e a melhoria da qualidade de vida;
- intervenção comunitária e de animação sócio-cultural.
Junto da população escolar:
- desenvolvimento de acções de prevenção, de (re) inserção social e pessoal;
- intervenção preventiva tendente à superação das causas de insucesso e de abandono escolar;
- desenvolvimento de iniciativas relacionadas com a saúde, a educação ambiental, a acção
social e cultural.
Os cursos leccionados sobretudo no subsistema de ensino superior politécnico devem-se a
iniciativas de Escolas Superiores de Educação, de natureza pública e privada, interessadas em
desenvolver projectos de intervenção social junto da comunidade e em potenciar um melhor
aproveitamento dos seus recursos humanos sobretudo nas áreas da Psicologia, da Sociologia e da
intervenção comunitária. Apenas uma universidade privada tinha, nesse ano, um curso nesta área de
educação social.
Em 2000/2001 o total de cursos leccionados nesta área orçava os dezoito, sendo frequentados
apenas por 1798 alunos, o que representa uma parcela diminuta em relação ao total dos 384 322 alunos
que nesse ano frequentavam o ensino superior.
Os modelos de formação em curso, inspirados em cursos leccionados em Universidades
espanholas, francesas e mesmo canadianas, têm permitido a formação de um número crescente de
diplomados nesta área cuja intervenção se começa a destacar ao nível da escola, das autarquias, dos
serviços de saúde, dos serviços sociais e de reinserção social, das Misericórdias e de associações
diversas de natureza oficial e sobretudo de natureza privada.
Sendo uma profissão em construção, com um estatuto social ainda não reconhecido perante os
demais cursos de natureza social, nomeadamente os cursos de Assistente Social e de Política Social,
esta actividade pode revestir-se de modalidades distintas orientadas predominantemente para:
- a educação social;
- a acção social;
- a animação sócio-cultural;
- a animação sócio-educativa;
- a educação sócio-profissional.
Globalmente estes cursos estão a ser desenvolvidos registando uma procura crescente por parte
dos alunos e da sociedade que tem vindo a reconhecer estas novas áreas de intervenção no âmbito da
Educação Social.
Reconhecidos e aceites já pela sociedade e pela comunidade científica, espera-se que a fase actual
em que se está a proceder á avaliação institucional de diversos cursos nesta área, permita um maior e
melhor reconhecimento profissional dos diplomados nesta área bem como a afirmação das
necessidades de um estatuto social e profissional ao Educador Social, estatuto esse articulado e
complementar do estatuto de docente no sistema de ensino português.
Texto enviado para "XVII Seminário Interuniversitario de Pedagogia Social”; Salamanca;
Universidade de Salamanca; 18-20 de Setembro de 2002.
ANEXO 1 - Alunos matriculados em cursos de formação inicial na área da Educação Social:
2000/2001
Curso Instituição Alunos
Acção Social Escolar ESSE do Porto 88
Animação Cultural Escola Superior Artística – Porto 11
Animação Cultural ISCE – Odivelas 25
Anim. Cultural e Ed. Comunitária ESE de Santarém 144
Animação Educativa e Sociocultural ESE de Portalegre 103
Animação Sócioeducativa ESE de Coimbra 156
Animador Sóciocultural ESE de Beja 132
Animadores Sócioculturais ESE Jean Piaget – Almada 60
Animadores Sócioculturais ESE Jean Piaget – Arcozelo 78
Educação e Intervenção Comunitária ESE de Faro 139
Intervenção Social e Comunitária Instituto Superior Politécnico de Gaia -
Educação Social ISCE – Odivelas 44
Educação Social Universidade Portucalense – Porto 246
Educação Social ESE de Santarém 163
Educação Social ESE Paula Frassinetti – Porto 230
Educação Social ESE do Porto 103
Educadores Sócio-Profissionais ESE Jean Piaget – Almada 54
Educadores Sócio-Profissionais ESE Jean Piaget – Arcozelo 22
Total 1798
Total geral (Ens. Sup.Público + Part. e Coop. + UCP) 384322
ANEXO II - Relação de cursos no âmbito da Educação Social: 2001/2002
Curso Estabelecimento
Animação Cultural Escola Superior Artística – Porto
Animação Cultural Instituto Superior de Ciências Educativas (ISCE) – Odivelas
Animação Cultural e
Educação Comunitária Escola Superior de Educação (ESE) de Santarém
Animação Educativa e Sociocultural ESE de Portalegre
Animação Sócioeducativa ESE de Coimbra
Animador Sóciocultural ESE de Beja
Animadores Sócioculturais ESE Jean Piaget – Almada
Animadores Sócioculturais ESE Jean Piaget – Arcozelo
Educação e Intervenção Comunitária ESE de Faro
Intervenção Social e Comunitária Instituto Superior Politécnico de Gaia
Educação Social Instituto Superior de Ciências Educativas (ISCE) – Odivelas
Educação Social Universidade Portucalense Infante D. Henrique – Porto
Educação Social ESE de Santarém
Educação Social ESE Paula Frassinetti – Porto
Educação Social ESE do Porto
Educadores Sócio-Profissionais ESE Jean Piaget – Almada
Educadores Sócio-Profissionais ESE Jean Piaget – Arcozelo
BIBLIOGRAFIA
ARROTEIA, J. C. (1991): Análise social da educação. Leiria: ROBLE Edições
ARROTEIA, J. C. E & G. MEURIS (1993): Estudos em Educação Comparada. Aveiro:
Universidade de Aveiro (Cadernos de Análise Sócio-Organizacional da Educação, nº 8)
CABANAS, J. M. Q.(1989): Sociologia de la educación. Madrid: Dykinson
CABANAS, J. M. (2000): Pedagogia Social. Madrid: Dykinson
CARIDE, J. A. coord. (2000): Educación Social Y Políticas Culturales. Santiago de Compostela:
Facultad de Ciencias de la Educación – Universidad de Santiago de Compostela
D'HAINAUT, L. (1980): Educação, dos fins aos objectivos. Coimbra: Livraria Almedina
DURKHEIM, E. (1980): Éducation et sociologie. Paris: Presses Universitaires de France
FERMOSO, P. (1994): Pedagogia social. Barcelona: Herder
PUIG, J. M. (1986): Teoria de la educación. Barcelona: P.P.U.
Centro de Educação Social da ANFOP (Avenida de Ceuta)
O desenvolvimento de iniciativas relacionadas com a “assistência educativa outorgada pela
sociedade e pelo Estado fora da escola e da família” (Fermoso, 1994, 20) constitui um novo domínio de
intervenção social da responsabilidade de entidades públicas e privadas interessadas nestas acções.
De acordo com a nossa tradição cultural muitas desta “acção educativa” tem sido assumida por
instituições de natureza religiosa ou já por entidades particulares tais como associações culturais,
recreativas, assistenciais e outras, por organizações não governamentais, por instituições privadas de
solidariedade social, etc., que desenvolvem a sua acção em contextos locais e societais identificados
com cenários sociais de exclusão e violência, ou junto de populações em risco de idade variada.
O projecto de ora se apresenta, a ser desenvolvido pela ANFOP tem como cenário o bairro de ...
(Av. de Ceuta) contíguo ao bairro do Casal Ventoso e que acolheu muita da sua população deslocada.
Habitado por uma população de cerca de ...moradores, num total de ...fogos, tem como
equipamentos básicos ....
Uma análise mais detalhada da sua população revela que esta se encontra predominantemente na
faixa etária dos ...anos, exercendo actividades diversificadas tais como ...
(completar com descrição do bairro)
A possibilidade de intervenção social nesta área geográfica da cidade de Lisboa foi devidamente
considerada pela direcção da ANFOP que decidiu instalar neste bairro um centro de formação
destinado ao apoio logístico de diversas iniciativas que pretende realizar destinadas aos seus associados
e à população docente em geral. Espera-se que estas acções venham a contribuir para a dinamização
não só o espaço ocupado pela Associação mas também de alguns equipamentos circundantes,
nomeadamente cafés e restaurantes, contribuindo para a melhoria da imagem social desta área.
Complementarmente às acções acima descritas e desejando completar a sua função no domínio da
educação e da formação, tenciona a ANFOP criar um Centro de Educação Social destinado a realizar
iniciativas que podendo estar articuladas com as iniciativas gerais da Associação, sejam destinadas à
população deste bairro ou mesmo das suas imediações. Estas acções valorizam a socialização dos
membros desta comunidade através de iniciativas de natureza sócio-cultural destinadas à prevenção,
ajuda e reinserção ou re-socialização dos seus membros.
Como iniciativas concretas a desenvolver pelo Centro, citam-se as seguintes:
1- Criação de um Biblioteca de leitura domiciliária, destinada à população jovem e adulta.
Acções a desenvolver: Empréstimo domiciliário
Leitura explicada (infantil e adulta)
Animação infantil
Concursos literários (bairro)
2- Animação comunitária, orientada para a população jovem e adulta, através de:
Oficinas de expressão
Oficinas de artes
Oficinas de desporto (em articulação c/ Clube...)
Oficinas de artes e ofícios tradicionais
3- Acção Educativa Educação para a saúde
Educação ambiental
Escola de pais
Drogas e toxicodependência
4- Intervenção Orientação educativa
Orientação social (juvenil, profissional e idosa)
O desenvolvimento destas acções deverá ser coordenada por profissional na área da Educação
social/Animação sócio-cultural, sendo animada por estagiários, preferencialmente por alunos dos
cursos anteriormente referidos leccionados em estabelecimentos de ensino superior de natureza
politécnica e outros, no âmbito de protocolos a assinar entre o Centro e a direcção desses
estabelecimentos de ensino.
Lisboa, 18 de Maio de 2002