site de jacareí - em revista #1

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Edição 1 l Ano 1 l Abril 2015 Entrevista A Menina que virou Diva CECÍLIA MILITÃO Cantos e Recantos Pelas Ruas de Jacareí Curiosidades Crônica Viveiro Municipal, o sonho do ambientalista Francisco de Moura Conheça a história do Largo do Bonsucesso, atual Praça Conde Frontin “Seu Jonas e os Extraterrestres” por Ludmila Saharovsky Família em Alto Astral: os Zonzini e a criatividade em dar nomes aos filhos

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Site de Jacareí - Em Revista é uma publicação mensal que fala sobre histórias, curiosidades, cultura e muito mais sobre a cidade de Jacareí.

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Edição 1 l Ano 1 l Abril 2015

Entrevista

A Menina que virou DivaCECÍLIA MILITÃO

Cantos e Recantos

Pelas Ruas de Jacareí Curiosidades Crônica

Viveiro Municipal,o sonho do ambientalistaFrancisco de Moura

Conheça a história do Largo do Bonsucesso, atual Praça Conde Frontin

“Seu Jonas e osExtraterrestres”por Ludmila Saharovsky

Família em Alto Astral:os Zonzini e a criatividade em dar nomes aos fi lhos

4 l SITE DE JACAREÍ - EM REVISTA

Site de Jacareí – Em Revista lança sua primeira edição no mês de aniversário de Jacareí. Será mesmo?

Cartazes estão espalhados comemorando os 363 anos de fundação da cidade. Nossa, nem parece! São José, tão novinha e daquele “tamanhão”, com somente 247 anos, aparenta bem mais. Pois é, nossa cidade festeja, mas, na verdade, poucos sabem quando ela nasceu. Se soubessem, fariam a festa no dia correto.

Para comemorar o aniversário em 03 de abril, Jacareí deveria comprar somente 166 velinhas, já que esta é a data em que se tornou cidade, em 1849. Seria uma boa ideia e uma tremenda economia, pelo menos nas velas. Agora, se quer posar de mais velha, deveria festejar em novembro, mais precisamente no dia 24. Mesmo assim, teria que acer-tar a idade, pois a Vila foi criada somente em 1653. Portanto, 362 anos. Antes disso é mera especulação.

Esta história lembra os costumeiros “causos” em que o pai só registra o fi lho muito tempo depois do nascimento e

acaba fazendo uma lambança nas datas. Com Jacareí acon-teceu o mesmo. Pior! Até hoje discutimos quem é o pai. Be-nedicto Sérgio Lencioni, ex-prefeito e historiador, garante que Antonio Afonso não é “nem pai, nem herói”. O Arquivo Público Estadual possui o documento histórico da funda-ção, “um teste de DNA da cidade”. Lá informa que por estas bandas morava Diogo de Fontes que, sabe-se lá, parece ser o verdadeiro pai da Vila de Nossa Senhora da Conceição da Paraíba, ou pelo menos um dos pais.

Mas, com tanta coisa importante para cuidar, quem irá se preocupar com estas banalidades de datas? Certamen-te os responsáveis estarão envolvidos com assuntos mais importantes como saúde, educação, trânsito. A velhice traz tantos problemas, não é?

Enquanto o assunto não se resolve, vamos aproveitar e comemorar. Site de Jacareí – Em Revista, com a certeza na frente e a história na mão, vem fazer a hora e entrar nesta festa.

PARABÉNS JACAREÍ!

QUANTAS VELINhAS VOCÊ COLOCARIA NO BOLO DE ANIVERSÁRIO DA CIDADE?

Índice

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EXPEDIENTE:Site de Jacareí – Em Revista é uma publicação mensal da 3F Comunicação e Marketing Ltda Me. Artigos e colunas não representam necessariamente a opinião da revista.Jornalista: Rodrigo Romero MTB: 42.805Projeto Gráfi co/ Diagramação: Dannyel Leite Foto da Capa: Gláucia Veloso/Piano FilmesColaboração: Ludmila Saharovsky Pesquisa e Textos: Fernando Romero PradoImpressão: Resolução Gráfi ca Tiragem: 5 mil Sugestões e Críticas: [email protected] Anuncie Aqui: [email protected]

Editorial

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Para muitos ainda é um lugar completamente des-conhecido. Muita gente ainda não teve a oportuni-dade de visitá-lo. E vocês, sabiam que Jacareí tem uma área de 600 mil m², um fragmento da mata

atlântica quase no centro da cidade?Pois é, o Viveiro Municipal, um grande espaço verde de

propriedade do Estado de São Paulo, é um patrimônio natural pouco visitado pelos jacareienses. Pudera! Só abre de segunda a sexta-feira em horário pouco acessível ao público. Respirar ar puro, ouvir o canto dos pássaros e aproveitar a sombra das árvores acabou sendo privilégio de poucos.

Criado pelo ambientalista Francisco de Moura, falecido em 2007, o Viveiro tem como principal objetivo mostrar a importância do verde e a preservação do meio ambiente. O sonho do “seu Moura” era criar ali o “Museu do Mundo” com espécies de várias partes do planeta. Sua dedicação ao espaço foi tão grande que, em breve, uma lei será sancionada dando seu nome à área.

O Viveiro possui trilhas ecológicas que podem ser percorri-das em passeios programados: há a Trilha das Águas, das Bor-boletas, da Catedral e a do Anfiteatro. Os percursos duram em média duas horas e os passeios são acompanhados por moni-tores. Animais como raposas, lagartos e tatus, além das coru-jas, tucanos e papagaios, também acompanharão seu passeio, só que embrenhados na mata.

Outros destaques do lugar são o plenário ao ar livre, a ca-tedral gótica construída de bambus e um taquaral apropriado para piqueniques. Tudo isso sem contar as doze nascentes que ajudam a abastecer o rio Paraíba do Sul e um casarão histórico

Cantos e Recantos

que está sendo recuperado.Ah! Logicamente por ser um “viveiro”, ali também são produ-

zidas mudas de árvores e plantas ornamentais. Palestras são re-alizadas mensalmente para trocar conhecimentos científicos e populares das plantas medicinais ali cultivadas. Você sabe quais os benefícios do “chá de pata de vaca”? Veja só ! O Viveiro Muni-cipal também pode proporcionar este conhecimento.

O Viveiro Municipal de Jacareí fica na rua Theófilo Teodoro Rezende, 39 - Campo Grande. Aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h e das 13h às 16h. Para percorrer as trilhas é necessário agendamento (3953-6822).

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O ambientalista Francisco de Moura, criador do Viveiro Municipal de Jacareí

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Praça Conde Frontin, centro da cida-de. O “marco zero”¹ está ali, perto da igre-ja, soterrado pelo progresso.

Carros buzinam, ônibus trafegam lo-tados e anônimos passam apressados desconhecendo sua história. O que era um terreno alagadiço, cheio de buracos, no início do século passado foi se trans-formando aos poucos.

No século XIX ali foi construída uma pequena capela pelo Ajudante Braga. Ficava ao lado de sua residência, onde muitos anos depois se estabeleceu o Cine Rio Branco. O local passou a ser conhecido como Pátio ou Largo do Bom (Bão) Su-cesso. Ainda era a periferia da cidade, já que o centro comer-cial ficava lá pras bandas do Largo da Quitanda, atual Largo do Riachuelo.

Na época em que Pompílio Mercadante era prefeito, por volta de 1914, um fluminense chamado André Gustavo Paulo de Frontin, nascido em Petrópolis em 1860, era engenheiro e diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil. O Conde Fron-tin, título recebido do Papa Pio X em 1909, cedeu centenas

Pelas Ruas De JaCaReÍ

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de vagões de terra e pedra para firmeza da-quele solo, cortado pe-los trilhos da Estrada de Ferro. O Largo então re-cebeu seu nome. Justa homenagem.

Durante alguns anos o local teve outro nome: João Pessoa, tributo ao “presidente” da Paraíba, vice de Getúlio nas elei-ções de 1930, assassina-do naquele ano. O fato é uma das causas de uma revolução que depôs Washington Luis.

A praça Conde Frontin permaneceu por muito tempo acanhada, tendo apenas arbustos e gramados. Somente em 1936, o novo jardim público foi inaugurado pelo prefeito Hélio Navarro da Cruz. De um lado, a praça ficou um espetáculo: o projeto executado por especialistas portugueses usou pedras pretas e brancas em seu piso, formando mosaicos. Uma linda pérgula central era enfeitada por primaveras. Do outro lado dos trilhos, trecho da antiga Estrada Velha Rio – São Paulo, o coreto era o destaque. Terminada a II Grande Guerra, o prefei-to Antonio Alves de Carvalho Rosas reformulou o jardim plan-tando, obviamente...rosas. Neste novo espaço foi assentado o monumento em homenagem aos expedicionários.

A partir daí, outras obras se sucederam: pérgulas foram co-locadas em ambos os lados; fonte luminosa lançava águas co-loridas enquanto os rapazes flertavam com as mocinhas que faziam o footing. Tudo isso tendo ao fundo o serviço de som do cinema ou da Organização Comercial.

Mas o tempo passou. O trem que passava, desviou. Os trilhos ficaram obsoletos e foram retirados numa grande obra em 2003.

A agilidade do trânsito tomou o lugar dos passeios tran-quilos de outrora. Foi-se a praça com fonte, coreto e jardim, restando somente as lembranças que ficarão guardadas para sempre.

¹ - Marco Zero – Centro geográfico da cidade, a partir de onde todas as distâncias são estabelecidas.

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André Gustavo Paulo de Frontin, o Conde Frontin

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Na época que existiam barões na cidade, o Largo da Matriz abrigava aquela que pode ser considerada a mansão de maior vulto já existente no Vale do Paraíba. O palacete construído em meados do século XIX tinha 2.100 m² e 24 quartos. Francisco Lopes Chaves, o 1° Barão de Santa Branca, seu proprietário, era um rico fazendeiro de café e faleceu em 1884.

No ano seguinte, seu fi lho, o 2° Barão, que curiosamente tinha o mesmo nome do pai, adquiriu com outros três sócios a fábrica de meias de Luis Simon. A empresa foi instalada no palacete e ali fi cou durante 33 anos, tendo vários sócios e no-

mes, tornando-se a conhecida Malharia Nossa Senhora da Con-ceição somente em 1918. A empresa teve um grande período de prosperidade, contando com 300 operários, diversos teares e máquinas de costura.

Em 1936, as instalações naquele belo prédio já não atendiam as necessidades de produção. A fábrica então se mudou para a Rua Barão de Jacareí, no prédio do atual Shopping Center.

O palacete acabou demolido em 1939 para a tristeza dos futuros moradores da cidade que podem somente conhecê-lo por meio de fotos antigas.

Memória

NO TEMPO DOS BARÕES

FOTO: ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL

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A MENINA QUE VIROU

DIVA

Entrevista

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Em Jacareí ela é considerada “diva”, uma estrela da nossa mú-sica. Por sua bela e poderosa voz, o termo, usado inicialmente para adjetivar as notáveis cantoras de ópera, também celebra as mulheres brilhantes, incomuns. Como toda diva, ela tam-bém foi além das convenções. Acreditou e fez acontecer. Ce-cília Militão realmente é tudo isso. É uma joia nascida e criada em nossa cidade, bem longe da Polinésia Francesa, fonte natu-ral das raras pérolas negras. É com ela a primeira entrevista do Site de Jacareí – Em Revista.

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SITE DE JACAREÍ - EM REVISTA: Como se sente sendo chamada de diva?

CECÍLIA MILITÃO: Extremamente honrada e feliz. A respon-sabilidade aumenta pois o público merece sempre o melhor.

SJR: O caminho foi árduo. Como tudo começou?CM: Aos oito anos comecei a cantar com minha mãe em

um coral de igreja. Desde então, não parei: aos 14 anos já “fa-zia” casamentos e lá se vão vinte anos cantando em cerimô-nias, formaturas, festas, enfim, buscando meu espaço ao sol.

SJR: Jacareí é uma cidade repleta de talentos. É difícil viver de música?

CM: Realmente, temos talentos in-críveis! Pessoas de valor artístico ímpar. Viver de música não é fácil, mas com garra, talento e persistência, todo ar-tista pode dar a volta por cima e seguir em frente.

SJR: Antes de se dedicar exclusi-vamente à musica, você teve outras profissões?

CM: Sempre cantei, mas por um tempo trabalhei no ramo de hotelaria. Era muito envergonhada e esta expe-riência foi maravilhosa e me ajudou a vencer a timidez.

SJR: Voltando a sua infância, você deu muito trabalho à Dona Maura?

CM: Segundo minha mãe, não [ri-sos]. Fui uma criança tranquila. Fiz mole-cagens normais. Brinquei muito, cantei muito! Foi uma infância maravilhosa!

SJR: Fale de sua vida escolar. Onde estudou? Que professores marcaram sua vida?

CM: Fui bolsista no Colégio Adven-tista e depois estudei no [Escola Esta-dual Francisco Gomes da] Silva Prado. Tive ótimas experiências e professores maravilhosos. Eu nunca esquecerei a professora Vanilde da 1ª série que, além de ser um doce de pessoa, me ensinou o bê-a-bá! Eu tive grandes educadores, cada um com seu jeito particular, mas acredito que todos contribuíram mui-to com minha formação.

SJR: Em 2001, o quadro “Novos Talentos” no Faustão deu grande impulso em sua carreira. Como aconteceu?

CM: Foi uma experiência maravilhosa! Meu primeiro con-tato com a TV e tudo o que ela pode proporcionar. A ansieda-de era grande, mas tinha que confiar. Pude conhecer pessoas e profissionais incríveis de diferentes regiões do país, todos lutando pelo mesmo objetivo. Eu acredito muito em Deus e assim tudo aconteceu quando tinha que acontecer.

SJR: Muitos anos depois, na mesma emissora, você par-ticipou do programa “The Voice Brasil”. Aliás, junto com sua colega Maysa Ohashi, da Banda Palace. Como foi esta experiência?

CM: Foi uma grande e feliz surpresa participar junto com a Maysa, que além de notável profissional, é um ser humano maravilhoso, com um brilhantismo na interpretação digno de uma grande estrela. Foi espantoso por sermos da mesma cida-de, da mesma banda. Quanto ao programa, todo o processo é bem rígido e muito bem programado. Técnicos, assistentes, candidatos, produção, direção, músicos, enfim, todos nós que-ríamos um show bonito. Eu particularmente foquei naquilo que gostaria que as pessoas vissem, de como meu trabalho seria lembrado. A partir do momento que recebia a música da

semana, passava a estudar a melhor forma de interpretá-la. Ti-nha que dar 110% de mim, pois devo ao público o máximo da minha dedicação e respeito. Tento sempre fazer o melhor. O resultado deixo pra Deus.

SJR: Ainda acha importante participar de competições musicais, como a “Máquina da Fama”? Sente-se constran-gida sendo submetida a jurados ou o risco vale a pena?

CM: Hoje, aos 35 anos, encaro como experiência e apren-dizado. Sempre busco algo novo, aprendendo com as críticas e vibrando com os elogios. Vejo sempre o lado positivo: a TV tem sua magia e vale a pena para o currículo. Além do mais,

com certeza, vou ter boas histórias pra lembrar.

SJR: Você é eclética ao cantar. Isso é uma exigência para ser crooner de banda?

CM: Sou intérprete e gosto de can-tar vários estilos. Não acredito que devo me prender a um só. Faço Pockets Sho-ws onde posso dar um toque diferente em canções conhecidas e é interessan-te ver várias gerações cantando junto e descobrindo o novo. Na verdade, gostaria que todos, não só a mídia, mas também o público, tivessem a mente aberta, dando espaço pra tanta coisa bacana que temos. Todo profissional, independente da área, quer o sucesso, quer viver do seu trabalho e dele ter seu sustento.

SJR: Desde quando está na Banda Palace?

CM: Estou na Palace há oito anos e graças a Deus tenho a oportunidade de trabalhar com pessoas maravilhosas, que dividem comigo a mesma paixão

pela música, pela arte e pelo palco. Tenho muito orgulho, hon-ra e gratidão por fazer parte desta equipe de quase trinta pes-soas, todas importantíssimas para o sucesso da Banda.

SJR: Atualmente, quem faz a sua cabeça?CM: Além da minha comadre Déa Narita em Jacareí e da

Edilene Esteves de Taubaté que cuidam do meu cabelo [risos], sou mega fã do Djavan, Elis Regina, Beyoncé, Michael Bublé e estou apaixonada pelo Lucas Lucco a partir do momento que vi a relação dele com a família. Não posso deixar de citar meu querido técnico Daniel, minha mãe, além de Deus que sempre foi meu centro e meu norte.

SJR: Falando um pouco de sua vida pessoal, está na-morando atualmente? Quem vai cantar e qual será a mu-sica em seu casamento?

CM: [Muitos risos]. Solteira, porém acredito que todo mundo tem sua metade. Tô esperando a minha! Tenho tan-tos amigos para cantar no meu casamento que terei um co-ral. Quanto à música, adoro “Correnteza” e “Eu sei que vou te amar”, do Tom Jobim. Também amo “Intermezzo Cavalleria Rusticana”. São tantas!

SJR: Qual sua opinião acerca de temas polêmicos como racismo, crise política e ética?

CM: Minha opinião é simples: no dia que o respeito vier em primeiro lugar, a vida será bem melhor!

SJR: Deixe uma mensagem para a cidade de Jacareí. CM: Minha casa, meu recanto, minha paz. Meu amor, mi-

nha gratidão, minha cidade de tantos encantos. Minha Jacareí, para sempre!

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Cecília despertou para a música ainda criança

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Ao andar por Jacareí, nem todos prestam atenção nos pequenos comércios, nos acanhados estabe-lecimentos em que trabalham barbeiros, alfaia-tes, relojoeiros ou sapateiros. Infelizmente, estes

ofícios, exercidos desde há muito tempo, estão se modifican-do ou simplesmente desaparecendo devido à tecnologia ou ao consumismo do mundo atual.

Foi com o olhar voltado para esses profissionais que o Nú-cleo Audiovisual de Jacareí teve a ideia de produzir a websé-rie “Ofícios de Jacareí”. O projeto teve início em maio de 2014, quando, na pré-produção, foram pesquisadas várias profis-sões e levantados mais de vinte possíveis “personagens”. Sete deles foram escolhidos para os primeiros episódios: Manoel dos Santos (alfaiate), José de Souza Camargo (consertador de rádio), Valter Pereira dos Santos (sapateiro), Hugo de Siqueira Rosa (barbeiro), Luiz Luciano (relojoeiro), Pedro Paulo de Melo (tipógrafo) e Gilmar Pinto de Oliveira (cabeleireiro).

Segundo o produtor executivo, Wagner Rodrigo, o projeto faz um recorte atual da vida dos mestres que ainda vivem des-ses ofícios. “Além do registro destas profissões que podem desa-parecer, a websérie busca homenagear e dar voz a essas pessoas que têm oportunidade de contar suas histórias”, complementa

Dannyel Leite, diretor deste trabalho cultural. “Ofícios de Jacareí - Websérie”, realizado pela Borandá - Au-

diovisual e Núcleo Audiovisual de Jacareí, é um projeto con-templado pela LIC - Lei de Incentivo à Cultura de Jacareí com incentivos da Fibria e com apoio da Fundação Cultural José Maria de Abreu e Prefeitura Municipal de Jacareí.

Assista a série pelo canal youtube.com/oficiosdejacarei ou na TV Câmara Jacareí.

OSSOS DO OFÍCIO

FOTO: DIVULGAÇÃO

Todas as pessoas, em algum momento da vida, sonham em ser, ter ou conquistar alguma coisa. Umas vezes alme-jam um emprego ou a casa própria; outras vezes buscam simplesmente encontrar um grande amor.

Um grupo de artistas de Jacareí também teve um so-nho: construir um espaço de arte e cultura na cidade, um local independente, um ponto de encontro. Sonharam e conseguiram.

Em 2014 foi criado o Espaço das Artes Carlos Guedes, homenagem ao artista que sempre conseguiu transitar em todas as áreas da cultura, tal qual a proposta do novo es-paço “multidisciplinar e transversal, que interage, conver-

ge e convive com diversas expressões artísticas”. Desde sua inauguração, este novo ponto cultural já apresentou um variado cardápio de atividades como teatro, cinema, lite-ratura, música e artes visuais, dentre tantas outras opções.

Em 2015, foi lançada a campanha “Amigos do Espaço das Artes Carlos Guedes” de financiamento colaborati-vo por meio do site Unlock. Para apoiar o espaço acesse: www. unlock.fund/pt-BR/espacodasartes

O Espaço das Artes Carlos Guedes fica na Rua São Je-rônimo, 311, Jardim das Indústrias. Para conhecer a pro-gramação cultural, acesse a página no Facebook ou o blog www.espacodasartescarlosguedes.wordpress.com

SONhADORES DAS ARTES

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Cultura

Curiosidade

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FAMÍLIA EM ALTOASTRALParece enredo de novela das

sete da Rede Globo, mas, coin-cidência ou não, aqui em Jaca-

reí há uma família cujo patriarca deu aos filhos nomes de locais da América.

Nos anos 20 do século passado, numa das esquinas dos “Quatro Cantos”, numa casa de taipa, em estilo colonial, Rinaldo Zonzini mantinha, junto a sua residência, um armazém de secos e molhados. Caro-lina, sua esposa, deu à luz uma numerosa prole de vinte e um filhos. Vivos restaram dez que, curiosamente, foram chamados de Bolívia, Brasil, México, Américo, Nova York, Montevideo, Chile, Colômbia, Rio Grande e Paraguai.

Rinaldo Zonzini foi um imigrante que “fez a América” e sua família ajudou a construir a cidade que vemos hoje.

Casa Zonzini (pintura de José Carlos Cruz). Atualmente no local está instalada uma drogaria

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FOTO: ARQUIVO DA FAMÍLIA

Família Zonzini (1912), da esquerda para a direita: Brasil, Carolina, Bolívia, Rinaldo, Chile, Américo, Rio Grande, Montevideo e Nova Yorque. Paraguai ainda não havia nascido

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Você sabia que este prédio antigo ficava na esquina da Rua da Prainha com a Rua do Capim? Ah! Aposto que tampouco sabia que as ruas acima são as atuais Lamartine Delamare e Antonio Afonso (que um dia já foi Rua Direita).

Este casarão, sempre confundido com o prédio do Museu de Arqueologia (MAV) era a residência do 1° Barão de Ja-careí, Bento Lúcio Machado. Sua esposa, a baronesa Joaquina Angélica de Toledo Barreto, já viúva, teve ali morte misterio-sa após tomar uma xícara de café. A casa era muito grande, tendo fundos para o Rio Paraíba do Sul. Aliás, a mudança do leito do rio causou uma grande desa-vença com o Coronel Gomes Leitão.

Tempos depois, o prédio feito em taipa serviu ao Gymnásio Nogueira da Gama. Na parte superior do sobra-do ficavam os dormitórios dos alunos. Imaginem: havia um viaduto que ligava este setor à escola do Professor Lamar-tine, dando segurança ao ir e vir dos estudantes.

O imóvel também recebeu algumas indústrias, entre elas a Vizetti em 1931. Quando ali funcionava a fábrica de caixi-nhas de papelão de João Machado, mais precisamente em 1945, houve um gran-

de incêndio que destruiu o imponente edifício.

O terreno foi adquirido pelo IAPI - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários que ali construiu novo

prédio. No processo de modernização da Previdência Social, os IAP’s foram fun-didos, criando-se o INPS – Instituto Na-cional da Previdência Social, hoje INSS, Instituto Nacional do Seguro Social.

O prédio foi destruído em 1945 por um incêndio quando ali funcionava uma fábrica de caixinhas de papelão

Agência do INSS em Jacareí

Antes e Depois

PARECE O MUSEU

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mas não é...

FOTO: ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL

FOTO: ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL

FOTO: SITE DE JACAREÍ

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Personagem

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Na década de 1970, os jacareienses tiveram o privilégio de ver de perto um grande atleta defendendo as cores do Trianon Clube. Para a criançada que frequentava o clube, o que mais chamava atenção era estar ao lado daquele gi-

gante. Mas o lendário Bira não era somente um gigante em sua altura. Este grande esportista será sempre lembrado por sua contribuição decisiva em favor do crescimento e divulga-ção do basquetebol em todo o país.

Ubiratan Pereira Maciel nasceu em São Paulo em 18 de ja-neiro de 1944. Esportista, sonhava ser jogador de futebol. No entanto, treinando salto em altura no Espéria, foi inesperada-mente convidado a jogar basquete. Em pouco tempo tornou--se um dos maiores pivôs que já passaram por nossas quadras. Jogou pelo Corinthians, Palmeiras, Sírio, Tênis Clube de São José e Splugen Birra, de Veneza, Itália. Na seleção brasileira foi campeão mundial em 1963 e medalha de bronze nas Olimpía-das de Tóquio em 1964.

Com 1,99 m de altura, tinha uma enorme força física, o que lhe valeu o apelido “Cavalo de Aço”. O “Rei do Tapinha” também

chamava atenção por seus ganchos de canhota. Com grande impulsão, era imbatível nos rebotes e tomava conta do garrafão.

Em Jacareí, cidade que adotou como moradia, atuou pelo Trianon, conquistando os vice-campeonatos estaduais de 1972/73, sendo vice-campeão brasileiro em 1973. No final da carreira também foi técnico da equipe e chegou a disputar al-gumas partidas mesmo sem ter condições físicas. Dava, assim, mostras de grande amor pela cidade.

Aposentado das quadras, Ubiratan foi professor de educa-ção física e funcionário do Ministério da Educação e Cultura, em Brasília.

Numa carreira longeva e dedicada exclusivamente ao basquetebol, fez em 2001 sua última atuação em quadras defendendo o Brasil no Mundial Sênior na Iugoslávia. Lá, para sua surpresa e alegria, foi ovacionado e aplaudido de pé pela torcida.

Em 2002, após sérios problemas cardíacos, faleceu em 17 de julho, aos 58 anos, no Hospital das Forças Armadas. Sepul-tado em São José, deixou quatro filhos: Birinha, Luciano e Paula, de seu casamento com Orlandina Maciel, e Ana Rita do casa-mento com Deusa.

Sua trajetória profissional foi coroada de forma póstuma: foi homenageado internacionalmente como um dos principais no-mes da história do esporte, integrando, em 2009, o Hall da Fama da Federação Internacional de Basquete e no ano seguinte o Hall da Fama do basquetebol americano.

“CAVALO DE AçO”

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Fotos e agora Revista.

Anuncie com a gente!

Maria Eloisa (7 de abril - Dia do Jornalista)

Todas as pessoas têm grande importância na formação de uma sociedade. A atuação individual não pode ser analisada superficialmente. Todos são iguais apesar

da própria sociedade tentar fazê-los desiguais.

Joana D’Arc, há mais de 25 anos com a família Sper(27 de Abril - Dia da Empregada Doméstica)

Roberto, da Constâncio Organização Contábil

(13 de Abril Dia do Office-boy)

Flávio, da Organização Contábil Pereti

(25 de abrilDia do Contabilista)

Tenente coronel Paulo Henrique, Major Ismael e Major Sadi(21 de abril - Dia do Policial Militar)

Sociedade

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Ninguém sabe como tudo começou. De repen-te, não se falava de outra coisa: a cidade rece-bera a visita de extraterrestres. Não fora o pri-meiro caso. Vez em quando, sem que ninguém soubesse como ou por que, as comadres reu-

niam-se nos portões e passavam o dia comentando sobre os tais dos “marcianos”.

O tempo passava, o povo esquecia o fato, mas, desta vez a história aconteceu logo com o seu Jonas, o boticário mais respeitado do pedaço. Contou ele que vira luzes piscando e se aproximando de seu jardim, na neblina da madrugada que o pegara insone, observan-do a Mantiqueira da janela de seu quarto.

Naquela época, todos acredi-tavam em tudo, principalmente quando nada acontecia.

Eis que a notícia do disco vo-ador começou a ganhar corpo, de mansinho, como as grandes epidemias que se espalham, aparentemente, vindas de lugar nenhum! O fato é que seu Jonas fora raptado por uma nave redonda, enorme, bem na porta de sua casa localizada na principal praça da cidade, ao lado da Igreja Matriz e de frente à Câmara Municipal. “Onde foi que ela pousou?” “Pousou nada! Ficou parada no ar e me pu-xou para dentro!”

Tudo começou com as luzes no céu, que ele saiu para ver mais de perto, de pijama e de chinelas. Esquecera até de apa-nhar o inseparável boné para proteger a calva do sereno.

A cidade dormia o sono dos justos. Nenhum cachorro sem dono ou bêbado vadio serviu de testemunha. Nenhuma dama da noite perambulava pela quadra, quando o brilho materia-lizou-se num funil, ofuscando-o, hipnotizando-o, suspenden-do-o no ar e depois...Depois não se recordava de coisa alguma!

Os mais velhos garantiram que seu Jonas estava variando. Ele nunca mais fora o mesmo, com a partida de dona Con-ceição para o além. Não dizia coisa com coisa, tornara-se recluso e antissocial, e agora vinha com essa patacoada sem pé nem cabeça! Disco Voador na cidade e logo na Pra-ça da Matriz! Onde é que já se viu?

O fato é que a história mexeu com a população mais do que se poderia esperar, principalmente com a moçada!

À noite ninguém mais conseguia dormir. Grupos orga-nizavam-se em vigília e perscrutavam o céu noturno com binóculos, lunetas, óculos de grau. Qualquer vidro de au-mento encontrava serventia!

A história poderia parecer até meio confusa, não tives-se surgido a notícia de que seu Jonas tinha em seu poder uma prova de seu rapto. Uma prova incontestável da exis-tência dos ETs.

Os chefes de redação dos jornais da vizinhança entraram em delírio e colocaram na rua seus rapazes com a ordem expressa de municiarem o povo com revelações assombrosas que, alimentando o ideário comum, vendiam periódi-cos feito pipoca. Seu Jonas aparecia estampado nas primeiras páginas, tornando-se assunto obrigatório em todas as esquinas, na mesa do bar do seu Manuel, na quitanda da Marocas, na barbearia do Aleixo, nos progra-mas de auditório das emissoras de

rádio e estaria, com certeza, na TV se essa já existisse!O tempo passava e a tal da prova nunca que era apresen-

tada, até que, pelo diz que me diz, pelo sim e pelo não, o povo passou a crer que ela fora mostrada sim, e que provocara um choque geral. Os mais enfáticos chegaram a jurar que seu Jo-nas tornara-se portador de poderes paranormais, a partir do tal objeto que os marcianos lhe confi aram. Filas de crédulos começaram a formar-se em frente à sua botica em busca de solução para os mais variados males. Ele resolvia desde olho gordo, unha encravada, queda de cabelo, até amores impos-síveis e aleijões.

Hoje seu Jonas empresta o nome à principal avenida da cidade. Lembram os antigos que fora um personagem ilustre, um ser humano ímpar, um homem caridoso.

Quanto à história dos extraterrestres...mas quem foi que disse que eles existiam?

Eu que não fui!

SEU JONAS E OS EXTRATERRESTRES

por Ludmila Saharovsky

Crônica

A história poderia parecer até meio confusa, não tivesse surgido a notícia de que seu Jonas tinha em seu poder uma prova de seu rapto. Uma prova incontestável da existência dos ETs

*Ludmila Saharovsky é escritora, artista plástica, cronista e poeta

parabenizamos Jacareí pelo seu ani-versário e temos orgulho de fazer parte dessa história