jornal saltodolho - jacareí

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Muita gente costuma achar que ser caipira é uma qualidade pejorativa. Outros ainda acreditam que ser caipira passa longe do conhecimento das novas tecnologias. Na verdade, a famosa ‘sabedoria do interior’ dá ao caipira mais do que simplicidade. Conheça um pouco mais sobre essa discussão aqui no Saltodolho – Página 2 Homem caipira está antenado na realidade Sapucaia preserva Cultura regional com projetos voltados para o futuro Preocupados em manter valores da cultura tradicional, sem desprezar as novas manifestações, as quais acontecem na região, os integrantes do Ponto de Cultura Sapucaia tem desenvolvido ações buscando valorizar as tradições e o jeito caipira de ser. Instalado na cidade por meio de parceria entre o Ministério da Cultura, do governo federal, e o Instituto Sapucaia, o Ponto tem se notabilizado em envolver a comunidade local em oficinas, pesquisas e festivais culturais que motivam seus freqüentadores. A proposta da entidade tem sido aceita muito bem pelos moradores da cidade, que mostram o orgulho das tradições do Vale do Paraíba, região que sempre teve grande importância no cenário paulista. Desta maneira com impacto positivo a ação transformadora do Sapucaia já começa a surtir efeito também na região. Conheça todo este quadro em uma reportagem reveladora– Página 3 Projeto do Sapucaia estimula jovens e crianças por meio da leitura. O Ponto de Cultura conta com ações de leitura, contação de histórias, brincadeiras e outras atividades, as quais estimulam o participante a se interessar por bons livros, sem esquecer da tecnologia. Os educadores envolvidos no projeto garantem que os resultados são favoráveis aos participantes - Página 4 A literatura e o mundo digital Bia Borrego Van Chelucci Johnny Domingues

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Jornal Saltodolho Ponto de Cultura Sapucaia

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Page 1: Jornal Saltodolho - Jacareí

Muita gente costuma achar que ser caipira é uma qualidade pejorativa. Outros ainda acreditam que ser caipira passa longe do conhecimento das novas tecnologias. Na verdade, a f amos a ‘s ab e dor i a d o i n t e r i o r ’ d á a o caipira mais do que simplicidade. Conheça um pouco mais sobre essa discussão aqui no Saltodolho – Página 2

Homem caipira está antenado na realidade

Sapucaia preserva Cultura regional com projetos voltados para o futuroPreocupados em manter

valores da cultura tradicional, sem desprezar as novas manifestações, as quais acontecem na região, os integrantes do Ponto de Cultura Sapucaia tem desenvolvido ações buscando valorizar as tradições e o jeito caipira de ser. Instalado na cidade por meio de parceria entre o Ministério da Cultura, do governo federal, e o Instituto Sapucaia, o Ponto tem se notabilizado em envolver a c o m u n i d a d e l o c a l e m oficinas, pesquisas e festivais culturais que motivam seus freqüentadores. A proposta da entidade tem sido aceita muito bem pelos moradores da cidade, que mostram o orgulho das tradições do Vale do Paraíba, região que sempre teve grande importância no cenário paulista. Desta maneira com impacto positivo a ação transformadora do Sapucaia já começa a surtir efeito também na região. Conheça todo este quadro em uma reportagem reveladora– Página 3

P r o j e t o d o S a p u c a i a est imula jovens e crianças p o r m e i o d a l e i t u r a . O Ponto de Cultura conta com ações de le itura, contação de histórias, brincadeiras e outras atividades, as quais estimulam o participante a se interessar por bons livros, sem esquecer da tecnologia. Os educadores envolvidos no projeto garantem que os resultados são favoráveis aos participantes - Página 4

A literatura e o mundo digital

Bia Borrego

Van Chelucci

John

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Page 2: Jornal Saltodolho - Jacareí

Ano I - nº01

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Expediente

Editorial

Carta

Realização

Realização

Pontão de CulturaJornal do Ponto

Coordenador Cultural: Murilo OliveiraArticuladora: Eliana SilveiraEstagiários: Karina Koch, Marina Schmidt, Eduardo Kaze, Bruno Praun Coelho e Nilton Faria de Carvalho.Oficina de Jornal: Montero Net-to – 32814/SP

Este periódico é produto das oficinas de jornal promovidas pelo Pontãode Cultura Jornal do Ponto, projeto da Associação dos Jornais

do Interior do Estado de São Paulo (ADJORI-SP) em convênio como Ministério da Cultura sob o nº 748226/2010.

Oficina de Design Gráfico: Natá-lia BalladasRedação: Montero Netto – 32814/SPEditoração e Arte Final: Natália BalladasPonto de Cultura: Sapucaia

O Vale do Paraíba Paulista é uma importante região para o desenvolvimento de nosso país. Rota de tropeiros, terra de tupi-guarani, dos negros, e portugueses que contribuíram com nossas tradições culturais e linguagens religiosas. De fundamental importância no ciclo da cana e da lavoura cafeeira, maior bacia leiteira do país na década de 70, recentemente a região começou a passar por um processo de descaracterização.

A formação valeparaibana é composta principalmente pelas culturas indígenas, portuguesa e africana, na qual se expandiu e se caracterizou às margens dos Rio Paraíba do Sul.

O ritmo do homem caipira é diferente do que estamos assimilando na correria diária, opõe-se a essa forma de vida consumista, valorizando a simplicidade em seu jeito de ser e viver. A cultura caipira, não pode ser perdida ou se diluir diante da enxurrada de informações impostas pela mídia. Ela existe, e portanto, merece ser redescoberta, valorizada.

Localizada a 82 quilômetros da capital paulista, Jacareí abriga o Museu de Antropologia do Vale do Paraíba. Possuímos, portanto, uma grande responsabilidade na preservação de nossa cultura, que vem sendo ignorada. Há necessidade de fortalecer a identidade por meio de apropriação de elementos originados nesta terra, ou seja,

das histórias, costumes, músicas, danças, entre outros. Atualmente, ainda encontramos na cidade grupos isolados que preservam a essência do homem caipira e de sua miscigenação (Moçambique, Catira, Folias, São Gonçalo, Violeiros). Como herdeiros dessa terra temos o dever de cuidar, valorizar e disseminar essa tradição, raízes profundas que marcaram gerações. Vale lembrar: este processo é recente.

Sabemos também que se faz necessário identificar tais manifestações, estudar e conhecer a cultura, a fim de, trazer a tona nossas riquezas. O ano de 2012 será importante para se discutir a cultura nas cidades. Época de grandes decisões, promessas, momento de exercer nosso papel de cidadão.

Uma série de fatores nos levaram à situação que vivemos, do não reconhecimento de nossas identidades. Precisamos definir particularidades da cultura em nosso município, articular grupos, comunidades, escolas, espaços culturais, formular e definir nossas demandas.

É importante dizer que uma política cultural não se constrói apenas com partidos, mas também com a comunidade, a qual se articula, se preocupa, cuida, gerência e efetivamente exerce seu papel cívico. Até onde temos desempenhado nosso papel? O que buscamos e o que queremos? São temas que merecem atenção e resposta.

Gente, eu tenho muita saudade quando eu vim morar aqui em 1989, eu, meu esposo e meus 6 filhos. Nós vínhamos nessa represa, nos divertíamos muito. Tenho muita saudade desse tempo. Hoje são todos casados, cada um com sua família. Eu vim de São Paulo para cá.

Tenho muita saudade do verdadeiro caipira, daquelas casas de pau a pique. Em uma cama dormia di (sic) 3 a 4 irmãos. A mãe saia cedo para trabalhar e nós crianças se (sic) virávamos como podia. O café da manhã era farinha com café, a gente pegava almeirão no mato nem lavava, cortava punha limão, sal e comia, era a nossa mistura. Roupa, uma vez por ano ganhávamos da madrinha. Banho só no sábado, quando ia fazer compras. Isto é, quando fazia sol porque quando chovia ninguém recebia. E a gente era muito feliz. Rádio, tinha dois botões, um para ligar e outro para desligar. Era tudo muito fácil. Hoje em dia é tudo tão complicado. Televisão era só pra quem podia comprar. Estudar, nem todos podiam. Hoje em dia os pais fazem tudo para os filhos estudarem e eles não querem. Antigamente nós queríamos estudar e os pais não tinham condições, os filhos respeitavam os pais e os mais velhos, principalmente os professores. A educação vinha de casa. A gente só ganhava uma boneca si (sic) passasse de ano senão não tinha presente. As músicas de antigamente elogiam as mulheres, hoje em dia desfazem delas. Os jovens não tem a mesma educação, me perdoem a minha opinião.

Clara Edinei Vila Nova - Santa Isabel -SPEste depoimento foi entregue

por Dona Clara no último dia das oficinas de comunicação do Pontão de Cultura Jornal do Ponto. Quando de nossa escolha e leitura do editorial, Dona Clara ficou

Homem CaipiraPara muito além do aspecto

pejorativo que se possa associar quando se fala em “caipira”, está um modo de Ser, Viver, Pensar e Manifestar.

Os caipiras são vistos muitas vezes como os ingênuos e atrasados cidadãos do vale ou dos interiores desse país; no entanto nada possuem de ingênuos e atrasados quando o assunto é qualidade de vida, respeito aos outros, fé e sabedoria quanto ao tempo das coisas.

O caipira, por ser ligado à terra e a seus ciclos, sabe transportar este olhar e sabedoria também para a vida.

O s n ã o c a i p i r a s f o r a m perdendo com o passar do tempo e com as influências esmagadoras do progresso, a sabedoria de “assuntar” as coisas e os acontecimentos.

“Assuntar” a Vida é perceber o tempo e a medida certa para cada coisa; é saber quando é tempo de “plantar” e quando é tempo de “colher”.

A “a lma” do caipira vai

além do estereótipo d o c o i t a d o e d o desengonçado. Em sua “a l ma” e nc ont r amo s o respeito aos mais velhos; respeito aos vínculos de parentesco e amizades e o respeito à Terra e ao Sagrado.

P a r a o c a i p i r a h á intensidade em todas as áreas de sua vida, pois vê no Trabalho o significado de existência; vê nas Festas a celebração dos dias, vê na Fé o alimento para a caminhada.

Ele, o caipira, sabe mesclar tu d o i s s o, v a l e n d o - s e d e s i mpl i c i d a d e e b e l e z a a o estender suas “bandeirinhas”; ao preparar seus quitutes e quitandas; ao cantar junto ao choro triste da viola; ao colocar seus joelhos em terra quando entrega à Deus seus sonhos e seus pedidos.

Manter-se caipira é manter-se íntegro, é saber que há diferença entre conhecimento e sabedoria.

Deixar de ser caipira é tornar-se uma pessoa sem história, sem laços, sem saudades!

Magela Borbagatto

impaciente, nos abordou nos corredores do Ponto de Cultura lha da Cultura - Igaratá, declarando sua saudade e lembranças do caipira que conheceu. No final de nosso dia, recebemos essa carta que

com muito carinho publicamos. Parabéns D. Clara por sua graça e disposição. Dona Clara participou das oficinas do Pontão de Cultura Jornal do Ponto em Igaratá, em fevereiro de 2012.

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O I n s t i t u t o S a p u c a i a , fundado em 1º de maio de 2006, por um grupo de amigos c o m c o n h e c i m e n t o s n a s áreas de Educação, Cultura e Meio Ambiente, surgiu da necessidade de se criar um espaço para a implementação de projetos, cursos, seminários, pesquisas e encontros, entre outras iniciativas. Sem fins lucrativos, o Sapucaia teve seu registro em 2007 e no final de 2009 obteve o título de Ponto de Cultura p elo Ministér io da Cultura , do governo Federal, e Secretaria de Estado da Cultura, com o Núcleo de Estudos e Produção Audiovisual.

Com o objetivo de conhe-cimento, aprimoramento e produção em vídeo, áudio, fotograf ia e novas mídias , o inst ituto oferece cursos, v i v ê n c i a s , p r o d u ç õ e s , mostras e festivais nacionais e internacionais . Além da f o r m a ç ã o d o Nú c l e o d e E s tu d o s e m Au d i ov i s u a l , juntamente com a premiação, o Ponto de Cultura começou o d e s e n v o l v i m e n t o d e projetos nas áreas de música - C onstruindo Música ; de literatura - Lendo, Escrevendo, Brincando e Cantando e nas artes plásticas - Figuras do Vale - Paulistinhas, Divinos e Presépios.

Com o projeto Construindo Música - Criar Instrumentos, Aprender Ritmos e Exibir Saberes, oferecemos oficinas

O Ponto de Cultura é a grande novidade em termos de política cultural implementada pelo governo Federal, a partir de 2004, pois é uma nova forma de se estabelecer uma relação entre poder público e sociedade civil. É proposta uma forma de diálogo na qual espera-se das entidades o desenvolvimento de seus projetos, e que também venham assumir seu papel político, no sentido de formar seus componentes se fortalecendo junto a comunidade em que está inserida.

Outro aspecto na escolha das entidades que participaram e participam dos editais públicos é que o conceito de cultura se dá a partir de um olhar antropológico, e neste sentido muitos projetos são escolhidos além das manifestações artísticas. Hoje encontramos, por exemplo, Pontos de Cultura que defendem a causa indígena, direitos das mulheres, rádios livres, etc.

É importante destacar que estas organizações já realizavam suas atividades e que o convênio vem ampliar as possibilidades de ação. Segundo Célio Turino, idealizador dos Pontos de Cultura “as políticas públicas ainda são muito marcadas pelo foco na carência e não na potência. Eu diria que essa é a grande diferença do Ponto de Cultura, investir na potência...”.

Do ponto de vista do poder público, esta nova relação também passou e passa por um aprendizado. O convênio é por três anos, diferente do que normalmente se faz que é por um ano, este tempo ajuda a estruturar minimamente o conveniado. Entretanto, a liberação das

Sapucaia continuacaminhada para preservare difundir cultura local

de construção de instrumentos musicais ( tamb or a l fa ia e a g b ê s ) , p r á t i c a e t e o r i a musica l , para 32 jovens e adultos do município. Foram confecionados 43 tambores e agb ês e c r iado o g r up o percussivo Batucaia.

“Po d e mos notar a força do empoderamento, um dos pilares do Ponto de Cultura, com os alunos de música e das ar tes plásticas . Após o término do primeiro módulo d e o f i c i n a s d e c e r â m i c a f ig urat iva – Paul i s t inhas , determinaram a continuidade da ação, estipularam horários, regras de convívio, e já estão se preparando para confecções e vendas das figuras criadas”, garante Bia Borrego, diretora executiva do Sapucaia.

Trabalhando firmeO Ponto de Cultura expandiu

suas ações e com sucesso continua desenvolvendo todas as atividades. Os núcleos de estudos agora são três. Hoje em dia, semanalmente, 20 pessoas estudam e produzem cerâmica figurativa, 16 participam de aulas de práticas percussivas e danças populares e 100 crianças fazem atividades literárias. Neste setor o Ponto conquistou o prêmio Proac de Difusão da Literatura no Estado de São Paulo, em fase de produção com 50 crianças em comunidades periféricas. O objetivo é formar leitores e futuros contadores de histórias.

Pontos de Cultura avivam cenário

parcelas dependem na análise das prestações de contas, o que infelizmente acaba por demorar demasiadamente. O ministério da cultura iniciou este processo conveniando diretamente as entidades , mas atualmente repassa recursos para Estados e Municípios para que o façam. Isso faz com que o acompanhamento seja mais próximo.

A isso soma-se o estímulo para que os pontos se organizem em redes, inclusive com capacitações para tanto, neste sentido a chamada gestão compartilhada passa a tomar corpo, pois os diálogos não são exclusivamente

com um ponto, mas sim com um coletivo. Hoje existe a Comissão Nacional dos Pontos de Cultura, e suas representações estaduais. No Estado de São Paulo, existe a comissão paulista dos Pontos de Cultura. A região administrativa de São José dos Campos, é considerada uma macro região que possui atualmente 28 Pontos de Cultura, entre eles o Instituto Sapucaia, o Pontão de Cultura Bola de Meia entre outros que possuem papel atuante no desenvolvimento de uma rede forte e estruturada.

Também existem as chamadas “Teias” , encontros em que são debatidos temas de política cultural e mostras artísticas, momento em que as pessoas passam a ter um panorama desta realidade, as várias experiências e a troca são espaços para intercâmbios e uma proximidade independente da distância geográfica. Já tivemos quatro Teias Nacionais (São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Fortaleza); duas Teias estaduais (Diadema e Guarulhos) e duas Teias na Macro região Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira e Litoral Norte (Lagoinha e Caçapava).

Em todos esses encontros se faz necessário reafirmar a base de sustenção dos Pontos destacadas por Célio Turino em seu livro “Pontos de Cultura – O Brasil de baixo para cima”: Autonomia, Empoderamento e Protagonismo. É a partir dessa lógica que o fortalecimento da sociedade civil se efetivará. Assumir para si a importância da cultura no desenvolvimento humano, não ter receio e se posicionar e ser referencial para aqueles que se beneficiam diretamente do fazer cultural, são elementos fundamentais para a constituição desta nova realidade que está se firmando no nosso Brasil, até mesmo para aqueles que formalmente não se encontram conveniados.

Alcemir Palma é sociólogo Integrante do Pontão de Cultura Bola de Meia, representante da Macro região Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira e Litoral Norte na Comissão Estadual dos Pontos de Cultura.

As políticaspúblicas ainda

são muitomarcadas

pelo foco nacarência e não

na potência”

Ações envolvem pessoas de todas as faixas etárias movimentando os bairros onde os Pontos ficam

Seriedade e diversidade de trabalhos são marca do instituto

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A Música popular sempre fez parte das nossas vidas e no Vale do Paraíba tem uma presença muito marcante e um valor cultural único. Podemos presenciar a música popular raiz nas diversas comunidades da nossa região em festas tradicionais, nas praticas religiosas e nos cantos de trabalho. Infelizmente essa cultura vem perdendo força. Nos dias de hoje a diversidade da música é muito grande, vários ritmos surgem, por conta dessa trama nossas raízes musicais estão se perdendo.

Vale!

Por meio do projeto de construção de instrumentos o grupo “Batucaia” iniciou a

P l a n o , c o n t r a p l a n o , enquadramento, movimento de câmera, seleção de material, edição, montagem, captação de áudio, trilha sonora, roteiro. Estes são alguns elementos da linguagem audiovisual, que vem se mostrando eficaz na transmissão da informação para a sociedade.

Em meados de 2011 formou-se um grupo de Estudos e Produções na área Audiovisual com o objetivo de produzir, registrar e documentar. O grupo se reúne no ponto de cultura Sapucaia a fim de estudar e difundir sobre o assunto que a cada dia vem se aprimorando. Em outubro de

Paulistinhas - registro de Fé do Homem simples do Vale

Marcus Prado

Magela Borbagatto

Cursos de video promovem capacitação

2011 o grupo juntamente com o Sapucaia organizou a mostra do dia Internacional da Animação que promoveu vivências de Stop

Motiom para a comunidade além de exibições das mostras dos filmes Nacional, Internacional, Infantil e Mostra para Deficientes Visuais. O trabalho mais recente do grupo é um documentário que fala sobre a cultura “Mestre”, por meio de uma vasta pesquisa que vai relatar os Mestres da cultura popular do Vale do Paraíba Paulista, trazendo a tona seus costumes, ofícios, discípulos e outras características que só um Mestre tem.

A i m p o r t â n c i a d e s s e documentário vai além de um registro, é uma forma de voltarmos para as nossas origens e valorizarmos nossas raízes.

A literatura e o mundo digital

Com a era digital as crianças perderam o hábito da leitura de livros e das brincadeiras tradicionais. Antes mesmo de serem alfabetizadas ou até mesmo aprenderem a falar, elas já sabem que se apertarem alguma tecla de um celular ou qualquer ‘ching-ling’ desses, alguma coisa vai acontecer. Esta é uma prova de que o mundo está digitalizado e somos dependentes dele.

Digitalivrando

O mundo está mais moderno, mas precisamos dos livros. A

leitura é uma porta para o saber. Iniciativas culturaiscolocam a literatura na vida de crianças e adolescentes. No Sapucaia, um projeto desenvolvido por arte educadores ganhou força. Por meio de roda de leitura, técnicas de contação de histórias, resgate de brincadeiras e oficina de brinquedos. Os projetos são desenvolvidos em parceria com a Fundação Cultural de Jacarehy (JMA), Secretaria Municipal de Educação e através de prêmio da Secretaria de Estado da Cultura - Proac Literatura Difusão, em escolas e creches do município.

Thiago Lima

Batucaia apresenta ritmos caipiras

Fernanda Araújo pesquisa ritmos populares entre eles o Maracatu, Jongo, Ciranda e Batuque de Umbigada, entre outras manifestações de nossa cultura. Em função de aprimorar os conhecimentos, o grupo elaborou um projeto -Ópera Caipira- no qual trará a tona os costumes da vida do caipira, seus saberes e fazeres evidenciando nossas raízes. O Batucaia é formado por 14 pessoas da comunidade local. As reuniões acontecem as sextas-feiras, das 19h30 as 22h30, na sede do Sapucaia, na Avenida São João, 206, bairro São João, Jácareí. A atividade é gratuita e está aberto para todas as pessoas interessadas. O trabalho é coordena do por Charles Cordeiro dos Santos, membro e fundador do Batucaia.

Van Chelucci

Arquivo Sapucaia

Thiago Lima

A Província de São Paulo foi talvez uma das últimas desse grande país a se tornar notada entre as demais regiões habitadas do Brazil Colônia e Império. As novidades tinham endereço certo: Rio de Janeiro; Pernambuco, Baia, Minas Gerais e, depois, bem depois as terras dos Paulistas. O Vale do Paraíba passou a ser entrada de muita gente, de forasteiros, de tribos em deslocamento, de negros em cativeiro e de barões em ascensão. Apesar de tantos passantes, muitos foram ficando por essas terras e para estes a vida por certo não foi tão fácil. Quando se pensa nas pessoas que habitavam o nosso vale, nos idos dos séculos XVIII e XIX, há de entender que vida e fé se mesclam em meio aos perigos e incertezas. E a quem dirigir as preces nos momentos de aflição, se por aqui não chegavam às belas imagens vindas de Portugal, ou de Minas Gerais, ou de Pernambuco e Bahia?

As “Paulistinhas” mais do que imagens sacras de uso popular, são também um olhar de Deus sobre as misérias que acometiam os moradores do Vale do Paraíba. Não haviam por aqui entalhadores que comercializassem suas belas imagens e, por isso, nascem as Paulistinhas, imagens de barro, ocas, singelas e cozidas em fornos sedimentares; coloridas com escassas cores, dentro do gosto e do “bolso” dos habitantes menos favorecidos. Possivelmente surgiram por influência das c o m u n i d a d e s r e l i g i o s a s instaladas em Mogi das Cruzes

e ou Taubaté, sendo a primeira dos Beneditinos e a segunda de Franciscanos, ordens os quais sempre se destacaram pelos seus feitos em Arte Sacra onde quer que tenham lançado raízes.

Possuem como características marcantes o porte altivo e estático; a base cônica ou facetada; as semelhanças de recortes; as cores, vermelho, azul, branco, preto, verde; os olhos, sobrancelhas e lábios bem desenhados e de fino traçado; a parte interna oca, às vezes até a base da cabeça e feitas em barro branco cinzento típico de nossa região. É quase certo que foram feitas uma a uma, embora haja informações de que

teriam sido usados “moldes de vulto” para facilitar a repetição de discretamente, como alguém tendo cumprido sua missão, se recolhe em seu mundo para dar passagem às outras novidades que virão em seguida, as imagens de gesso.

Em Jacareí

O MAV- Museu de Antropologia do Vale do Paraíba possui um acervo de aproximadamente 300 imagens de Paulistinhas. Imagens estas coletadas por Dr. Eduardo Etzel, pesquisador e historiador da arte sacra no Vale do Paraíba, nas décadas de 60, 70 e 80. Adquiridas no final da década de 90, as imagens são pouco conhecidas pela comunidade e seu valor histórico está sendo pouco explorado, pesquisado e valorizado. O Sapucaia Ponto de Cultura valoriza e acha importante para a comunidade local, e para a cultura patrimonial de nosso povo, o acesso à esses bens, seja para valorizar o aspecto sagrado e artístico dessa simbologia que vai além do seu aspecto religioso, mas por sua importância histórica cultural e social.

O Projeto Figuras do Vale apresentou, instigou e desenvolveu atividades artísticas tais como modelagem, queima, pintura e montagem com materiais diversos como forma de trabalhar o tema proposto, a Arte Sacra no Vale do Paraíba. Os alunos inscritos, cujafaixa etária oscilou dos 22 aos 82 anos, modelaram em argila, extraindo muitos santos, flores e idéias criativas que ganharam formas e cores aprendendo na pratica a preservar a cultura local.

Imagens mostram religiosidade que é preservada

Crianças buscam na literatura forma de aumentar conhecimentos

Ritmos, tradições e muita alegria contaminam público durante apresentações

Audiovisual preserva tradições