sistema monetário e inflação - pedrohemsley.com · criação de moeda pelo sistema bancário •...
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Copyright © 2004 South-Western
29 Sistema Monetário e
Inflação
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Moeda
• Moeda é o conjunto de ativos na econoima que
as pessoas usam regularmente para trocar por
bens e serviços.
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Funções da Moeda
• A moeda tem três funções na economia:
• Meio de troca: pode ser usada como pagamento.
• Unidade de conta: unidade para medir preços.
• Reserva de valor: pode ser usada para transferir
poder de compra do presente para o futuro.
• Cada uma dessas funções pode ser
desempenhada por outros ativos, mas a moeda é
o ativo mais líquido da economia.
• Liquidez é a facilidade com que se converte um
ativo no meio de troca da economia.
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Tipos de Moeda
• Commodity: qualquer bem com valor intrínseco.
• Exemplos: ouro, prata, cigarros.
• Fiat: pode ser usado como moeda por decreto do
governo.
• Não tem valor intrínseco.
• Exemplos: moedas, papel-moeda, depósitos.
• A medida básica de meio circulante na economia é o
total de moeda emitido mais os depósitos à vista em
conta-corrente.
• A política monetária também precisa considerar outros tipos
de depósitos, como poupança e investimentos de curto prazo
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Banco Central
• O Banco Central (BC) tem duas tarefas:
• É o regulador do sistema financeiro (em particular,
do sistema bancário).
• É o ‘banco dos bancos’, funcionando como
emprestador de última instância.
• Define a quantidade de moeda em circulação na
economia.
O BC define a quantidade inicial de moeda, mas o
estoque total de moeda na economia depende dos
depósitos bancários, e portanto da atuação dos bancos.
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Estrutura do Banco Central
• A política monetária é definida pelo COPOM, o
Comitê de Política Monetária do Banco Central.
• O COPOM é formado pelos diretores do Banco
Central.
• Formalmente, o objetivo do COPOM é
“implementar a política monetária, definir a meta da
Taxa Selic e seu eventual viés, e analisar o
Relatório de Inflação”.
• A tarefa básica é a definição da Taxa Selic, a taxa
básica de juros da economia.
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Estrutura do Banco Central
• A política monetária é implementada através
das operações de mercado aberto.
• A política monetária define a quantidade de moeda
em circulação na economia.
• O BC emite (através da Casa da Moeda) a
quantidade inicial de moeda, e regula o sistema
bancário para acompanhar como funciona na
economia.
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Operações de Mercado Aberto
• Operações de Mercado Aberto
• O Banco Central compra e vende títulos emitidos
pelo governo brasileiro.
Para aumentar o estoque de moeda, o BC compra títulos
do público, pagando em moeda: dessa forma, injeta
moeda nova na economia.
Para diminuir o estoque de moeda, o BC vende títulos:
dessa forma, retira moeda de circulação.
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Sistema Bancário e Oferta de Moeda
• Os bancos influenciam a quantidade de moeda
na economia.
• Reservas bancárias são os depósitos que
sistema bancário recebeu mas não repassou
como empréstimo.
• Em um sistema bancário de reserva
fracionária, os bancos devem manter uma
fração dos depósitos como reserva,
emprestando o restante.
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Sistema Bancário e Oferta de Moeda
• Reserva Obrigatória
• A reserva obrigatória é a fração de depósitos que
os bancos devem manter como reserva.
• Quando um banco empresta parte de suas
reservas, a oferta de moeda aumenta.
• A oferta de moeda inclui não apenas a emissão
inicial do BC, mas também empréstimos
realizados pelos bancos, como ilustrado a
seguir.
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Criação de Moeda pelo Sistema Bancário
• A oferta de moeda é afetada pela quantia depositada
nos bancos e pelo volume de empréstimos.
• Considere que o BC faça uma emissão monetária de $100
através de operações de mercado aberto
• Suponha que o público que recebe esses $100 mantenha
$30 em dinheiro vivo e deposite $70 no banco.
• Suponha que o banco mantenha $20 como reserva e
empreste $50, que se tornam moeda na mão de quem tomou
emprestado.
• O estoque de moeda passa a ser $100+$50 = $150, pois
inclui dinheiro vivo e depósitos.
• Esse processo se repete para quem recebeu moeda através
do empréstimo. (cont.)
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Criação de Moeda pelo Sistema Bancário
• Suponha que quem pegou os $50 emprestados mantenha
$20 em dinheiro vivo e $30 no banco.
• Suponha que o banco mantenha $10 como reserva e
empreste $20.
• Esses $20 se tornam moeda em poder de quem tomou o
empréstimo.
• O estoque de moeda passa a ser $100+$50+$20=$170, e
isso ainda não conclui o processo, porque quem pegou os
$20 de empréstimo pode manter parte desse valor como
depósito no banco, que pode emprestar novamente uma
parte, e assim sucessivamente.
• Esse processo se repete enquanto novos empréstimos forem
realizados.
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Multiplicador Monetário
• Quanta moeda é criada no total? • Considere que as pessoas depositem uma proporção a% dos seus
recursos no banco e mantenham (1-a)% em dinheiro vivo.
• Considere que os bancos emprestem b% dos seus depósitos e mantenham
(1-b)% como reserva.
• Se o Banco Central faz uma emissão monetária de valor V:
As pessoas depositam a*V no banco.
O banco empresta uma fração b*(a*V), e portanto a criação total de moeda passa a ser
V + b*(a*V).
O tomador do empréstimo deposita uma fração a*(b*a*V)=b*a2*V no banco.
O banco empresta uma fração b* b*a2*V=b2*a2*V, e portanto a criação total de
moeda passa a ser V + b*(a*V) + b2*a2*V.
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Multiplicador Monetário
• Repetindo esse processo sucessivamente, concluímos
que a criação total de moeda é: • V + b*(a*V) + b2*a2*V + b3*a3*V + b4*a4*V + …
• Essa expressão pode ser reescrita como:
• V*[1+a*b + (a*b)2 + (a*b)3 + (a*b)4 + …]
• Essa é uma progressão geométrica de razão a*b.
• Se a < 1 ou b < 1, concluímos que a*b < 1 (pois a e b estão no
intervalo [0,1]), e portanto podemos usar a fórmula da soma da
P.G.:
V*[1+a*b + (a*b)2 + (a*b)3 + (a*b)4 + …] = V/(1-a*b)
• Esse é a criação total de moeda a partir de uma emissão original
V.
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Multiplicador Monetário
• O multiplicador monetário é a razão entre o volume de moeda
criado pelo sistema bancário para cada unidade injetada na
economia pelo BC.
• Logo, o multiplicador monetário é igual a 1/(1-a*b).
• Suponha como exercício que as pessoas guardem todo o
dinheiro no banco: a = 1.
• Suponha que a taxa de reserva seja R: ou seja, 1 – b = R.
• O multiplicador monetário é então M=1/R.
• Se a reserva é de 20% (1/5), o multiplicador monetário é M=5:
para cada $1.000 injetados pelo BC na economia, o aumento da
oferta de moeda é de $5.000.
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Ferramentas para controle da oferta de moeda
• Ferramentas do Banco Central:
• Operações de mercado aberto: já visto.
• Reserva obrigatória: já visto (quanto maior, menor
é a criação de moeda pelo sistema bancário).
• Taxa de Redesconto: taxa que o BC cobra ao
emprestar aos bancos (quanto maior, menor a
criação de moeda, pois os bancos evitarão ficar
descobertos).
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Problemas no Controle da Oferta de Moeda
• O controle do BC é imperfeito.
• BC não determina a fração de moeda que as pessoas
guardarão no banco.
• BC só determina o mínimo que os bancos devem
manter como reserva, mas não o volume de
empréstimo efetivamente concedido.
• Na prática, o BC busca controlar a taxa de
juros, permitindo que o estoque monetário
flutue como necessário.
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Teoria Clássica da Inflação
• Inflação é um aumento do nível geral de preços.
• Hiper-inflação é uma taxa de inflação
extraordinariamente alta, e quase sempre
instável (crescente).
• Deflação (queda do nível geral de preços) é um
fenômeno atípico.
• O Brasil estabilizou a moeda (ou seja, eliminou
a hiper-inflação) em 1994.
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Teoria Clássica da Inflação
• A teoria quantitativa da moeda é usada para
explicar os determinantes de longo prazo do
nível de preços e da taxa de inflação.
• Inflação afeta a economia como um todo e afeta
o valor da moeda como meio de troca.
• Quando o nível de preços aumenta, o valor da
moeda cai.
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Oferta e Demanda por Moeda e Equilíbrio Monetário
• A oferta de moeda é determinada (com alguma
imprecisão) pelo Banco Central.
• A demanda por moeda tem diversos
determinantes, incluindo o nível de preços e a
taxa de juros da economia.
• O motivo fundamental para carregar moeda é a
função de meio de troca
Quanto maior o nível de preços, maior é a
quantidade de moeda necessária.
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Oferta e Demanda por Moeda e Equilíbrio Monetário
• A taxa de juros é o custo de oportunidade de
reter moeda.
• Ao manter moeda em carteira, o benefício é a
liquidez para transações, e o custo é o juro que
se deixa de ganhar (por exemplo, ao investir em
títulos ao invés de manter moeda).
• No longo prazo, o nível de preços se ajusta para
igualar oferta e demanda por moeda.
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Oferta e Demanda por Moeda e Equilíbrio Monetário
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Quantidade de moeda
Valor da Moeda 1/P Nível de preços P
Oferta de moeda
definida pelo BC
Oferta de Moeda
0
1
(Baixo)
(Alto)
(Alto)
(Baixo)
1 / 2
1 / 4
3 / 4
1
1.33
2
4
Equilíbrio:
Valor da
moeda
Equilíbrio:
Nível de preços
Demanda por
moeda
A
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Efeito de uma Expansão Monetária
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Quantity of
Money
Valor da Moeda 1/P Nível de preços P
Demanda
por moeda
0
1
(Baixo)
(Alto)
(Alto)
(Baixo)
1 / 2
1 / 4
3 / 4
1
1.33
2
4
M1
MS1
M2
MS2
2. Diminui o valor
da moeda 3. E aumenta
o nível de
preços
1. Aumento da
oferta de moeda
A
B
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Teoria Clássica da Inflação
• Teoria Quantitativa da Moeda
• Determinação do nível de preços:
• A quantidade de moeda disponível na economia
determina o valor da moeda.
• A causa fundamental da inflação é um aumento na
quantidade de moeda.
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Dicotomia Clássica e Neutralidade da Moeda
• Variáveis nominais são medidas em unidades
monetárias (salário, preço dos bens).
• Variáveis Reais são medidas em unidades
físicas (horas de trabalho, toneladas de
produção).
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Dicotomia Clássica e Neutralidade da Moeda
• Dicotomia clássica: variáveis econômicas reais
não são afetadas por mudanças na oferta de
moeda.
• Variáveis reais e nominais têm determinantes
distintos.
• Mudanças na oferta de moeda afetam variáveis
nominais mas não variáveis reais.
• A irrelevância de mudanças monetárias para
variáveis reais é chamada neutralidade da
moeda.
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Velocidade e a Equação Quantitativa
• A velocidade da moeda é a velocidade média
de troca de uma unidade monetária.
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Velocidade e a Equação Quantitativa
• A equação quantitativa relaciona a quantidade de
moeda M com o valor do PIB nominal (P Y):
MV = (P Y)
V = velocidade
P = nível de preços
Y = produção
M = quantidade de moeda
• O PIB nominal PY tem de ser igual à quantidade de moeda
multiplicada pela velocidade de troca.
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Velocidade da Moeda e a Teoria Quantitativa
• A equação quantitativa V = PY/M mostra que
um aumento na quantidade de moeda na
economia deve se refletir em ao menos uma das
seguintes formas:
• O nível de preços P aumenta.
• A produção Y aumenta.
• A velocidade da moeda V diminui.
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Velocidade da Moeda e a Teoria Quantitativa
• Nível de preços de equilíbrio, taxa de inflação e
Teoria Quantitativa da Moeda:
• Se a velocidade da moeda for relativamente estável,
como ocorre a curto prazo, um aumento da
quantidade gera um aumento do PIB nominal PxY.
• Como a moeda é neutra, o produto Y não é afetado.
• Logo, aumenta o nível de preços P.
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Imposto Inflacionário
• Quando o governo aumenta a receita imprimindo
moeda, está impondo o imposto inflacionário à
sociedade.
O imposto inflacionário não passa pelo Congresso.
É um imposto sobre a quantidade de moeda retida.
É um imposto regressivo, ou seja, tem maior incidência
sobre os mais pobres, que tipicamente tem menos
instrumentos financeiros para se proteger da inflação.
O imposto inflacionário, por ser regressivo, promove a
desigualdade de renda.
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Efeito Fisher
• Efeito Fisher é o ajuste um-para-um da taxa de
juros nominal para a taxa de inflação.
• Quando a taxa de inflação aumenta, a taxa de
juros nominal aumenta na mesma proporção.
• A taxa de juros real não muda.
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Custos da Inflação
• Redução do poder de compra
• A inflação, per si, não reduz o poder de compra
real.
• Se todos os preços crescessem à mesma taxa, não
haveria efeito real (em particular, se os salários
nominais aumentassem à taxa de inflação).
• Na prática, porém, a inflação é sempre assimétrica.
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Custos da Inflação
• Custo de ‘sola de sapato’
Ao reduzir o valor da moeda, a inflação reduz o incentivo a
guardar moeda, aumentando a necessidade de ir até o banco
(custo de tempo, inconveniência).
• Custo de menu
Custo de ajustar preços frequentemente.
• Variabilidade de preços relativos
Distorção de preços relativos pela dificuldade de todos
acompanharem a mesma taxa de inflação, prejudicando a
alocação de recursos no mercado.
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Custos da Inflação
• Distorção tributária
Aumento relativo da taxação sobre capital: ganho parece
artificialmente alto pois taxação é sobre ganho nominal, não
ganho real. Diminui o incentivo à poupança.
• Confusão e inconveniência
Dificuldade para comparar valores mesmo com pequenas
diferenças de tempo, dificultando transações.
• Redistribuição arbitrária de renda e riqueza Redistribuição de credores para devedores (se os contratos não forem
perfeitamente indexados) e dos mais pobres para o governo (pela maior
incidência do imposto inflacionário sobre quem tem menos instrumentos
financeiros).