sistema de gestão ambiental uma proposta para implementação na empresa via do mar pescados

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FACULDADE BRASILEIRA - UNIVIX Pós-graduação Lato Sensu em Gestão Ambiental SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: UMA PROPOSTA PARA A IMPLEMENTAÇÃO NA EMPRESA VIA DO MAR PESCADOS LTDA Marcelo Vidigal Rocha Orientadora: Liana Vidigal Rocha Co-orientadora: Fanny Mori Vitória, 2007

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Page 1: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

FACULDADE BRASILEIRA - UNIVIX Pós-graduação Lato Sensu em Gestão Ambiental

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: UMA PROPOSTA

PARA A IMPLEMENTAÇÃO NA EMPRESA VIA DO MAR

PESCADOS LTDA

Marcelo Vidigal Rocha Orientadora: Liana Vidigal Rocha

Co-orientadora: Fanny Mori Vitória, 2007

Page 2: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

MARCELO VIDIGAL ROCHA

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: UMA PROPOSTA

PARA A IMPLEMENTAÇÃO NA EMPRESA VIA DO MAR

PESCADOS LTDA

Vitória, 2007

Page 3: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

MARCELO VIDIGAL ROCHA

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: UMA PROPOSTA

PARA A IMPLEMENTAÇÃO NA EMPRESA VIA DO MAR

PESCADOS LTDA

Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação Lato Sensu MBA em Gestão Ambiental da Faculdade Brasileira - UNIVIX, como exigência parcial para obtenção do título de especialista em Gestão Ambiental, sob a orientação da Profª. Drª. Liana Vidigal Rocha.

Vitória, 2007

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SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: UMA PROPOSTA

PARA A IMPLEMENTAÇÃO NA EMPRESA VIA DO MAR

PESCADOS LTDA

Apresentada em ......... de ....................... de ........... Banca Examinadora

______________________________________

______________________________________

______________________________________

______________________________________

Page 5: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

Para Liéte, João Guilherme e Gabriela e Maria da Graça

Page 6: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS, por mais uma graça alcançada.

À minha tia Graça por ter me dado a oportunidade de fazer o curso.

À minha mãe Liéte que além de ficar no meu pé, ainda ficava com João aos

sábados para eu ir à aula.

Ao meu pai Antonio Jorge que, de alguma forma, acredita no meu potencial.

À minha esposa Kelli e aos meus filhos Gabriela e João. Foi por vocês que

enfrentei todos os obstáculos até aqui vencidos, além de serem fontes de

inspiração.

À minha irmã Liana que concedeu-me seu precioso tempo para orientar-me nessa

aventura e a meus irmãos Fabrízio e Laísa que sei que torcem por mim.

À minha co-orientadora e amiga Fanny Mori que teve paciência para tirar minhas

dúvidas e traduzir os textos em espanhol.

À Universidade Anhembi Morumbi que disponibilizou sua biblioteca, me

fornecendo a bibliografia básica para minha pesquisa.

Aos meus amigos Ângelo, Danton e Pavesi que sempre estiveram ao meu lado

nos momentos mais difíceis e por agüentarem minhas reclamações e decepções.

Aos meus avós Hevete e João Rocha e Conceição Vidigal por serem o início e o

alicerce da minha família.

Aos meus amigos e colegas de trabalho por entenderem a necessidade de

concluir esse projeto e ignorarem os meus dias perdidos de trabalho.

À Maria Ferreira, minha ‘mãe preta’, que está sempre preocupada comigo e me

conhece melhor que ninguém.

Page 7: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

À Banda Planta & Raiz, por me acalmar nos momentos de tensão e possibilitar

minha vibração positiva para escrever este trabalho.

À empresa Via do Mar Pescados Ltda, por ter fornecido as informações que

motivaram a elaboração do trabalho, em especial, à Marli Francisco e Kelli

Dettmann pela paciência em responder o roteiro de perguntas.

Page 8: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

“Não importa o quanto certas coisas sejam important es para mim,

tem gente que não dá a mínima e eu jamais conseguir ei convencê-las”.

William Shakespeare

Page 9: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

Resumo

Este trabalho tem o propósito de estudar uma empresa que comercializa pescados

frescos e manufaturados, a Via do Mar Pescados Ltda, atuante no Estado do

Espírito Santo, propondo um plano de ação para a implantação de um Sistema de

Gestão Ambiental. Tendo como base uma pesquisa bibliográfica, foi possível

explorar conceitos pertinentes sobre Gestão Ambiental e normas ISO 14000 e ISO

14001:2004, estabelecendo, desta forma, um quadro teórico de referência.

Posteriormente, por meio de entrevistas com profissionais da empresa em

questão, foi realizado um levantamento de informações que possibilitaram a

análise e a interpretação do objeto de estudo. Finalmente, foi apresentado um

plano de implementação da um Sistema de Gestão Ambiental para a empresa.

Palavras-chave: Sistema de Gestão Ambiental, ISO 14001, ISO 14001:2004 Plano

de Implementação do SGA.

Page 10: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

Abstract This work has the intention to study a company who commercializes cool and

manufactured fished, Via do Mar Pescados Ltda, operating in the State of the

Espirito Santo, considering a action’s plan for the implantation of Environmental

Management System. Having as base a bibliographical research, it was possible to

explore pertinent concepts on Environmental Management and standars ISO

14000 and ISO 14001:2004 norms, to establish, in this way, a reference’s

theoretical framework. Later, by means of interviews with professionals of the

company, a information survey was carried through that it make possible the

analysis and the interpretation of the study object. Finally, Environmental

Management System for the company was presented a implementation’s plan to

the company.

Keywords: Environmental Management System, ISO 14001, ISO 14001:2004 EMS

Implementation’s plan.

Page 11: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

Siglas usadas no texto ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

CMMAD - Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

CNI - Confederação Nacional da Indústria

CNUMAD - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento (ECO-92)

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

DIS - Draft International Standard

EPC - Equipamento de Proteção Coletiva

EPI – Equipamento de Proteção Individual

GANA - Grupo de Apoio à Normalização Ambiental

GQT – Gestão pela Qualidade Total

ISO - International Organization for Standardization

ONG – Organização Não Governamental

ONU – Organização das Nações Unidas

PDCA – Planejamento, Execução, Verificação e Ação Corretiva

PEA - Programa de Educação Ambiental

PNUMA - Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente

SGA – Sistema de Gestão Ambiental

TC-207 - Comitê Técnico 207

Page 12: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

SUMÁRIO

1. Introdução 13

2. Procedimentos Metodológicos 18

3. Sistema de Gestão Ambiental 21

3.1 – Breve Histórico 22

3.2 – Os Sistemas de gestão Ambiental (SGA) 26

3.3 – Necessidade de uma cultura ambiental – Por que implantar? 31

3.4 – As normas ISO 14000 37

3.4.1 – Termos e definições básicas 40

3.5 – A norma ISO 14001: 2004 41

4. Plano de Implementação do Sistema de Gestão Ambi ental 44

4.1 – O que é? 44

4.2 – Requisitos Gerais 49

4.2.1 – Política Ambiental 50

4.2.2 – Planejamento 52

4.2.3 - Implementação e Operação 58

4.2.4 – Verificação e Ação Corretiva 64

4.2.5 – Análise Crítica 67

5. Proposta de Plano de Implementação do Sistema de Gestão

Ambiental para Via do Mar Pescados Ltda

69

5.1 – Breve Histórico da empresa 69

5.2 – Considerações sobre a Gestão Ambiental da empresa 70

5.3 – Proposta de Modelo 72

5.3.1 – Política Ambiental 73

5.3.2 – Planejamento 76

5.3.3 – Implementação e Operação 84

5.3.4 – Verificação e Ação Corretiva 95

5.3.5 – Análise Crítica 99

6. Considerações Finais 101

7. Referências Bibliográficas 104

Apêndice 107

Page 13: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

13

1. Introdução

A evolução da gestão ambiental no mundo surgiu quando os seres humanos

passaram a viver em comunidade, havendo necessidade de gerenciar os recursos

naturais. Discutir este assunto está se tornando relevante, pois atualmente ao

apresentar soluções passageiras ou resolvidas em curtos intervalos de tempo, não

ameniza a crise ambiental vivida pela humanidade. A solução, talvez, seria tratar o

assunto como questão crucial e decisiva ao futuro da humanidade.

A expansão da capacidade técnico-produtiva e o aceleramento do crescimento

demográfico mundial colocaram em evidência, que os recursos naturais e os

serviços derivados deles não são ilimitados (ESPINOSA apud SEIFFERT, 2002, p.

19). A importância de tais recursos é fundamental para a sobrevivência da raça

humana, sobretudo, considerando-se que todo o desenvolvimento tecnológico

alcançado não possibilita a substituição completa dos elementos extraídos ou

fornecidos pela natureza.

De acordo com DIAS (2006, p. 04), a aglomeração humana em aldeias, vilas e

cidades desenvolveu a necessidade de atendimento dessa população,

aumentando a ocupação dos espaços naturais, desviando cursos d’água e

destruindo florestas. Em conseqüência de tal ocupação desordenada, surgiram os

primeiros impactos ambientais causados com o intuito de atender às necessidades

das comunidades, como habitação e saneamento básico.

No século XVIII, junto com a Revolução Industrial, inicialmente na Inglaterra,

surgiram as alterações no meio ambiente natural, que por conseqüência do

desenvolvimento na produção gerou a sua destruição. DIAS (2006, p. 05; 06),

afirma que a industrialização gerou o crescimento econômico e possibilitou maior

geração de riquezas, trazendo melhor qualidade de vida.

Infelizmente, o preço pelo desenvolvimento industrial e econômico traria

conseqüências graves ao meio ambiente, pois a utilização sem controle dos

recursos naturais causou a deterioração do meio ambiente. Já no século XX, os

problemas ambientais ficaram mais visíveis e começaram a aparecer com maior

Page 14: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

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freqüência aos olhos da população, afetando primeiramente os países mais

desenvolvidos.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, realizada em

Estocolmo na década de 70, originou a Declaração sobre o Ambiente Humano e

produziu um Plano de Ação Mundial, objetivando orientar a preservação e

melhoria no ambiente humano. O intuito desta conferência era reestruturar o

pensamento sobre a forma de desenvolvimento essencialmente apoiada na

degradação ambiental, surgindo uma abordagem de desenvolvimento sob a ótica

da preservação ambiental. Assim, tiveram início as primeiras discussões sobre

preservação ambiental e o que seria, posteriormente, desenvolvimento sustentável

que se entende como sendo “o progresso social e o crescimento econômico

aliados ao respeito ao meio ambiente” (DEGANI, 2003, p. 01)

Até a década de 1980, a preservação ambiental era considerada uma atividade de

custo elevado e as empresas deveriam evitá-la para não comprometer a

competitividade. Após a criação, pela ONU, da Comissão Mundial sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), cujo objetivo era analisar e apresentar

propostas para a problemática entre meio ambiente e desenvolvimento, as

empresas passaram a visualizar os gastos com proteção ambiental como sendo

investimento para o futuro e para sustentação da competitividade.

Um fato marcante nessa década foi a divulgação do documento “Nosso Futuro

Comum”, que futuramente seria utilizado como referência na Conferência das

Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada

no Rio de Janeiro em 1992 (popularmente chamada de ECO-92), criando o

conceito de desenvolvimento sustentável (DIAS, 2006, p.19).

No Brasil, após a ECO 92 até 1998, não houve manifestação de interesse pelas

autoridades competentes, tanto privadas quanto públicas, no tocante à

preservação do meio ambiente. Para DIAS (2006, p.38), apesar de haver um

crescimento perceptível da mobilização em torno da sustentabilidade, as

empresas focavam seu ambiente interno, priorizando os processos e os produtos.

Tal prioridade, na opinião do autor, retardaria a metodologia para que as

Page 15: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

15

empresas se tornem agentes de um desenvolvimento sustentável, socialmente

justo, economicamente viável e ambientalmente correto.

A partir de 1998, começaram a surgir mobilizações por parte do Governo Federal

em criar políticas ambientais. O Primeiro passo foi a criação do Protocolo Verde,

previsto na Política Nacional de Meio Ambiente, que disponibiliza créditos e

benefícios fiscais direcionados às organizações ambientalmente corretas,

conforme dispõe seu artigo 12: “As entidades e órgãos de financiamento e

incentivos governamentais condicionarão a aprovação de projetos habilitados a

esses benefícios ao licenciamento, na forma desta Lei, e ao cumprimento das

normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo CONAMA”.1

De modo geral, com a globalização dos negócios, a internacionalização dos

padrões de qualidade ambiental esperadas na ISO 14000, a preocupação do

governo na preservação ambiental, assim como, a conscientização crescente dos

atuais consumidores e a disseminação da educação ambiental nas escolas, é

possível prever que as empresas que não desenvolvam suas atividades e/ou

produtos levando em conta a preservação do meio ambiente e a qualidade de

vida, tendem a perder grandes fatias de mercados.

Com base na legislação vigente, empresas que retiram do meio ambiente a sua

principal matéria prima, passaram a elaborar sistemas de gestão, tanto de

qualidade como ambiental, visando ampliar a qualidade de seus produtos e

serviços e atuando com a eco-eficiência como diferencial competitivo. Desta

forma, conhecer melhor o campo de atuação destas empresas e seus pontos

fortes e fracos, possibilitará planejar seus objetivos e metas, bem como sua

política ambiental.

A utilização das normas ISO 14000 possibilita, assim mesmo, especificar e

qualificar os requisitos da empresa, levando em consideração os requisitos legais

sobre aspectos ambientais significativos. Do mesmo modo, o comprometimento de

todos os envolvidos, dentro e fora da empresa, será fundamental para a

1 Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que “institui a Política Nacional do Meio Ambiente e dá outras providências” artigo 12. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm. Acesso em novembro de 2006.

Page 16: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

16

aplicabilidade e funcionalidade do sistema, seu sucesso dependerá diretamente

da Alta Administração da empresa, que, por sinal, será responsável pela melhoria

contínua do sistema.

Portanto, este estudo pretende focalizar a empresa Via do Mar Pescados Ltda

para a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental com base nas normas

ISO 14000. O tema escolhido para esta pesquisa, aponta para a aplicabilidade

junto à empresa, visto que as questões ambientais estão se tornando, cada vez

mais, fundamentais para o crescimento e desenvolvimento de uma empresa ou de

seus produtos num mercado competitivo. Assim, o objetivo geral que norteou este

estudo foi desenvolver um plano de ação para a implantação de um sistema de

gestão ambiental.

A justificativa do tema deste estudo apóia-se em dois aspectos: relevância e

viabilidade. É possível afirmar que o trabalho possui uma relevância prática, na

medida em que contribui para a qualificação da empresa em questão, no âmbito

dos assuntos ambientais junto aos setores públicos, privados e sociedade civil, no

Estado de Espírito Santo. Assim mesmo, o assunto se mostra ainda relevante na

medida em que pode oferecer subsídios para que a empresa pesqueira evolua

suas práticas de gestão ambiental e na reorientação de suas estratégias de

responsabilidade social.

Este trabalho foi estruturado da seguinte maneira: no primeiro e segundo capitulo

apresenta-se a Introdução e os Procedimentos Metodológicos. Já no terceiro e

quarto capítulo foram explorados os conceitos teóricos pertinentes ao Sistema de

Gestão Ambiental e as normas da ISO 14000, respectivamente. E no quinto

capítulo, encontra-se a proposta do modelo de Implementação do SGA para a

empresa Via do Mar Pescados Ltda.

Portanto, o capítulo 3, aborda o Sistema de Gestão Ambiental – SGA, que é

considerado como um conjunto de responsabilidades organizacionais,

procedimentos, processos e meios que se adotam para a implantação de uma

política ambiental em determinada empresa ou unidade produtiva. Neste capítulo,

também é apresentado um breve histórico sobre a evolução da Gestão Ambiental,

Page 17: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

17

assim como são apresentadas as normas ISO 14000, cujas regras estão

destinadas à normalização das organizações na implantação ou no

aprimoramento de um SGA.

Já o quarto capítulo trata da definição dos requisitos da Norma ISO 14001:2004,

apresentando propostas de adequação a estes requisitos, apontando seus

principais pontos e justificando a necessidade de utilização da legislação

ambiental com intenção de agregar valores aos produtos e serviços da

organização.

Finalmente, o quinto capítulo apresenta uma proposta de sistema de gestão

ambiental para a empresa Via do Mar, uma vez que por atuar na área de

comercialização de pescados e mariscos, a empresa está diretamente relacionada

a degradação da natureza, precisando minimizar seus impactos ambientais e

atuar em conformidade com a legislação vigente no país, no que diz respeito a

captura de pescados e mariscos, além de adaptar seus processos de produção à

preservação do meio ambiente, além treinar e capacitar seus funcionários

reduzindo a quantidade de resíduos gerados.

Page 18: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

18

2. Procedimentos Metodológicos

De acordo com GIL (2002, p. 17), uma pesquisa é um processo formal e

sistemático de desenvolvimento do método científico, que tem como objetivo

fundamental descobrir respostas para problemas mediante o emprego de

procedimentos científicos. Desta forma, é possível caracterizar a pesquisa

científica como um esforço cuidadoso para descobrir novas informações ou

relações, cujo objetivo esteja voltado para a verificação e a ampliação do

conhecimento existente.

Segundo LOPES (1990, p. 118), as fases da pesquisa e suas operações

estão diretamente relacionadas, como mostra o quadro abaixo:

COMPONENTES SINTAGMÁTICOS DO MODELO METODOLÓGICO

Fases Metodológicas Operações Metodológicas I) Definição do objeto (Teorização da problemática)

1) Problema de pesquisa 2) Quadro teórico de referência 3) Hipóteses

II) Observação (técnicas de investigação)

4) Amostragem 5) Técnicas de coleta

III) Descrição (técnicas e métodos de descrição)

6) Análise descritiva

IV) Interpretação (métodos de interpretação)

7) Análise interpretativa 8) Conclusões* 9) Bibliografia*

* As conclusões e a bibliografia não constituem operações da fase IV.

A definição do objeto, que constitui a primeira fase da pesquisa empírica, já foi

relatada e explicada anteriormente. Cabe agora esclarecer as demais fases

metodológicas.

Considerando que o objetivo deste trabalho é desenvolver um plano de

ação para a implantação de um sistema de gestão ambiental, ou seja, estudar

uma situação com base em possibilidades reais de verificação entende-se que o

Page 19: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

19

presente trabalho enquadra-se na classificação de pesquisa qualitativa-

exploratória.

Uma vez definida a natureza ou tipo de pesquisa, é necessário a

definição do melhor método de pesquisa a ser utilizado. Entre os métodos

pertinentes à pesquisa qualitativa, pretende-se escolher aquele que melhor se

ajuste à natureza do problema investigado e aos objetivos da pesquisa.

De acordo com LOPES (1990, p. 129), para estudar uma organização

(grupo, instituição) é necessário utilizar o método do estudo de caso e o uso de

questionário, entrevista e/ou observação participante. Segundo YIN (2005, p. 28),

“em geral os estudos de caso representam a estratégia preferida quando o

pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em

fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real”.

Para GIL (2002, p. 54), o estudo de caso é caracterizado pelo estudo

profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita o seu

amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros

métodos alternativos.

Sobre as técnicas de coleta de dados é possível afirmar que são

instrumentos através dos quais são obtidas ou coletadas as informações ou dados

brutos da pesquisa. Tais informações devem ser rigorosamente coletadas,

analisadas, para finalmente serem interpretadas.

Inicialmente, foi utilizado como técnica de coleta de dados o levantamento

em fontes secundárias (documentação indireta), que compreende levantamentos

bibliográficos, levantamentos documentais e levantamentos de pesquisas

realizadas. Segundo KINNEAR e TAYLOR (1996), em levantamentos secundários,

o importante é descobrir idéias e explicações possíveis para o fato ou fenômeno a

ser posteriormente investigado e não tomá-los como verdades.

Com a pesquisa bibliográfica aprofundou-se o problema de pesquisa por

meio do conhecimento dos trabalhos já feitos anteriormente. A principal vantagem

Page 20: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

20

da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao pesquisador a cobertura de

uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que se poderia

pesquisar diretamente (GIL, 2002). Este levantamento bibliográfico envolveu a

procura em livros e artigos científicos publicados em revistas especializadas.

Foi feito também um levantamento de informação em fontes primárias

(documentação direta), utilizando-se como técnica de abordagem a entrevista

semi-estruturada individual, por meio de um roteiro com questões abertas. O

caráter semi-estruturado implicou em combinar certa padronização das questões

abertas com liberdade para que o entrevistador explorasse aspectos específicos

em profundidade e fizesse questões oportunas que se mostraram necessárias no

decorrer da entrevista.

Portanto, a técnica de coleta de dados utilizou os seguintes elementos:

a) Dados Secundários - documentação indireta (obtenção de dados já existentes):

∼ Levantamento bibliográfico;

∼ Levantamento de artigos publicados em anais de congressos e revistas

acadêmicas;

b) Dados primários - documentação direta:

∼ Entrevista semi-estrutura individual com os executivos/profissionais

responsáveis pela empresa. O objetivo foi o de aumentar a familiaridade

com o ambiente e o fato;

∼ Observação direta

Vale ressaltar que o roteiro da entrevista foi elaborado posteriormente à

coleta de informações básicas sobre a empresa.

Page 21: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

21

3. Sistema de Gestão Ambiental

A constante necessidade de preservar o meio ambiente designou ações

ambientais em determinados espaços geográficos, chamadas de Gestão

Ambiental.

Dentre as ações, podemos destacar a gestão ambiental empresarial, que está

voltada para as organizações e pode ser definida como sendo “um conjunto de

políticas, programas e práticas-administrativas e operacionais que levam em conta

a saúde e a segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente através da

eliminação ou minimização de impactos e danos ambientais decorrentes do

planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação ou desativação de

empreendimentos ou atividades, incluindo-se todas as fases do ciclo de vida de

um produto”2.

Na implantação do Sistema de Gestão Ambiental, as organizações utilizam,

freqüentemente, o grupo de Normas ISO 14000 que em conformidade com o

grupo das Normas ISO 9000, tornam-se um desafio quando, as instituições,

pretendem ser competitivas e gerir a questão ambiental, ou seja, produzir com

responsabilidade sócio-ambiental.

“O início de qualquer programa de melhoria ou de mudanças culturais na

organização deve se dar, de preferência, através do planejamento estratégico”

(VITERBO, 1998, p.13), com base nessa afirmativa, que as organizações

deveriam traçar e programar seus objetivos, metas, programas e atividades.

Lembrando que as organizações ao planejarem não devem, em hipótese alguma,

ignorar o negócio principal da instituição. Haja vista que o desvio de foco, não

agregaria valor algum aos programas propostos.

Neste primeiro capítulo, será abordado o interesse da sociedade mundial pela

preservação do meio ambiente, bem como as propostas apresentadas pelas

entidades competentes no combate à degradação da natureza. Além disso, serão

2 Disponível em www.ambientebrasil.com.br – Sistema de Gestão Ambiental - Acessado em 02 de fevereiro de 2007.

Page 22: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

22

apresentadas as normas para que as organizações possam adaptar seus

processos produtivos e, também, funcionários à uma visão sustentável. A fim de

contextualizar o sistema de gestão ambiental, iniciar-se-á com um breve histórico.

3.1 – Breve Histórico

A evolução da gestão ambiental no mundo surgiu quando os seres humanos

passaram a viver em comunidade, havendo necessidade de gerenciar os recursos

naturais. Segundo DIAS (2006, p. 04), “a concentração humana em locais

específicos – aldeias, vilas, cidades - cresceu a necessidade de atendimento

dessa população, e principalmente aumentou a ocupação dos espaços naturais”.

Como exemplo, pode-se citar a alteração de cursos d’água, a destruição de

florestas e a ocupação desordenada das cidades. Como conseqüência, surgiram

os primeiros impactos ambientais causados com o intuito de atender às

necessidades das comunidades, como habitação e saneamento básico. Assim, “o

homem perdeu o controle sobre seu próprio poder de alterar o equilíbrio dos

ecossistemas em larga escala” (MOREIRA 2001, p. 23).

No século XVIII, junto com a Revolução Industrial, inicialmente na Inglaterra,

surgiram as alterações no meio ambiente natural, que por conseqüência do

desenvolvimento na produção gerou a sua destruição. De acordo com DIAS

(2006, p.05,06), “a Revolução Industrial promoveu o crescimento econômico e

abriu as perspectivas de maior geração de riqueza, que por sua vez traria

prosperidade e melhor qualidade de vida”.

Infelizmente, o preço pelo desenvolvimento industrial e econômico traria

conseqüências graves ao meio ambiente, no qual “o homem começou a produzir

freneticamente e, como conseqüência, a poluir na mesma intensidade”

(MOREIRA, 2001, p.23), utilizando, sem controle, os recursos naturais, gerando a

degradação contínua do meio ambiente.

Dando continuidade ao processo de industrialização, no século XX, os problemas

ambientais ficaram mais visíveis e começaram a aparecer com maior freqüência

Page 23: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

23

aos olhos da população. “A poluição era visível, mas o benefício advindo do

progresso a tomava um mal necessário” (MOREIRA, 2001, p.23). Como não

poderia deixar de ser, os países desenvolvidos foram os primeiros a serem

afetados pelos impactos provocados pela Revolução Industrial.

Na década de 60, pela primeira vez, o tema Meio Ambiente foi abordado, com o

objetivo de avaliar a reconstrução dos países europeus, no pós-guerra, e os

negócios internacionais. A reunião do Clube de Roma3 abordou a poluição dos

rios europeus, considerado na época a problemática da nova dimensão que o

meio ambiente estava assumindo. Logo após, “a Conferência sobre a Biosfera

realizada em Paris, em 1968, mesmo sendo uma reunião de especialistas em

ciência, marcou o despertar de uma consciência ecológica mundial”. (ANDRADE,

2000, p.2)

Em 1972, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, em

Estocolmo, inseriu a questão ambiental nas agendas oficiais internacionais. O

objetivo da reunião, entre outros, foi o de lançar os primeiros passos do que se

tornaria, mais tarde, o conceito de desenvolvimento sustentável. O resultado final

foi a elaboração de um Plano de Ação Mundial, cujo objetivo era o de orientar a

preservação e a melhoria do ambiente humano. Outro resultado importante foi a

criação do Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente – que recebeu o

nome de PNUMA – que visava monitorar o avanço dos problemas ambientais no

mundo.

Segundo MOREIRA (2001, p.24), o Brasil participou do evento e assumiu uma

postura de resistência (até então compreensível, levando-se em consideração a

mentalidade da época), alegando que para o País era mais importante investir no

desenvolvimento do que em controle ambiental.

No final do mesmo ano, a Assembléia Geral da ONU deu continuidade, com base

na Conferência de Estocolmo, ao debate sobre os problemas do meio ambiente

3 O Clube de Roma é uma organização internacional cuja missão é "agir como um catalisador de mudanças globais, livre de quaisquer interesses políticos, econômicos, ou ideológicos". A organização busca analisar os problemas chave diante da humanidade. Seus trabalhos, como a publicação em 1972 do notório "Limits to growth", possuem significativo impacto no cenário político internacional. Disponível em: http://www.ebape.fgv.br/novidades/asp/dsp_dados_comunicados.asp?rep=247 Acessado em abril de 2007.

Page 24: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

24

aprovando a Resolução 2997/XXIV, “os representantes dos países mais

industrializados chegaram à conclusão de que deveria haver uma certa prudência

no processo de industrialização para se evitar o processo de degradação

ambiental no mundo” (ABREU, 1997, p.30), criando “um programa internacional

para salvaguarda do Meio Ambiente, com um Conselho Diretor formado por 58

Estados” (DIAS, 2006, p.17).

Em meados da década de 1980, a ONU criou a Comissão Mundial sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), objetivando analisar e apresentar

propostas para a problemática entre meio ambiente e desenvolvimento. Um fato

marcante dessa década foi a divulgação do documento “Nosso Futuro Comum”,

que seria utilizado, futuramente, como referência na Conferência das Nações

Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio

de Janeiro em 1992, quando o conceito de desenvolvimento sustentável se

popularizou.

“Como produto desse encontro foram assinados cinco documentos que direcionariam as discussões sobre o meio ambiente nos anos subseqüentes, quais sejam: - Agenda 21; - Convênio sobre a Diversidade Biológica (CDB); - Convênio sobre as mudanças climáticas; - Princípios para a Gestão Sustentável das Florestas; e – Declaração do Rio de Janeiro sobre meio ambiente e desenvolvimento” (DIAS, 2006, p.19).

A ECO-92, como ficou mais conhecida, discutiu entre outros assuntos a questão

da Mudança Climática, dando origem ao Protocolo de Kyoto, que virou objeto de

negociações nas conferências internacionais sobre o clima. O Protocolo, segundo

MOREIRA (2001, p. 24), propunha “a redução gradativa dos níveis de emissão de

dióxido de carbono” no mundo. Contudo, ficou evidente que a maior parcela das

emissões de poluentes que contribuem para o "efeito estufa" é emitida pelos

países desenvolvidos.

Se, por um lado, os países subdesenvolvidos degradam o meio ambiente por falta

de informação, de conscientização e de recursos, os países desenvolvidos, muitas

vezes, se esquivam de acordos internacionais para redução da geração de

poluentes industriais. O motivo seriam os problemas econômicos de difícil solução.

Page 25: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

25

No entanto, é possível observar que a questão ambiental, infelizmente, não tem

fronteiras geográficas ou geopolíticas.

No Brasil, após a ECO-92, até 1998, não houve manifestação de interesse pelas

autoridades competentes, tanto privadas quanto públicas, no tocante à

preservação do meio ambiente. Nesse mesmo ano, a Confederação Nacional da

Indústria (CNI) elaborou a “Declaração de Princípios da Indústria para o

Desenvolvimento Sustentável”, iniciando um novo ciclo de interação entre meio

ambiente e economia no meio empresarial.

A CNI, ao elaborar tal declaração, possibilitou a visão, por parte dos empresários,

da gestão eficiente com o intuito de desenvolver nas indústrias a eco-eficiência e

produção limpa, aumentando o interesse pelo desenvolvimento econômico

sustentável. Segundo DIAS (2006, p.38), apesar de haver um crescimento

perceptível da mobilização em torno da sustentabilidade, ela ainda está mais

focada no ambiente interno das organizações, direcionada, sobretudo, para os

processos e os produtos. “(...) mas ainda falta muito para que as empresas se

tornem agentes de um desenvolvimento sustentável, socialmente justo,

economicamente viável e ambientalmente correto”.

No ano 2000, foi realizado o I Fórum Mundial de Âmbito Ministerial, em Malmo, na

Suécia, resultando na aprovação da Declaração de Malmo, que aborda as novas

questões ambientais para o século XXI e sugere compromissos no sentido de

contribuir mais, efetivamente, para o desenvolvimento sustentável.

Dois anos após a aprovação da Declaração de Malmo, foi realizada pela ONU, em

Johannesburgo, África do Sul, a denominada Cúpula Mundial sobre o

Desenvolvimento Sustentável, conhecida com Rio+10, cujo objetivo era reavaliar e

implementar as conclusões e diretrizes abordadas durante a ECO-92, que

“procurou examinar se foram alcançadas as metas estabelecidas pela Conferência

do Rio-92 e serviu para que os Estados reiterassem seu compromisso com os

princípios do Desenvolvimento Sustentável” (DIAS, 2006; p. 37).

Page 26: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

26

3.2 – Os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA)

DIAS (2006, p. 91) define o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) como “o conjunto

de responsabilidades organizacionais, procedimentos, processos e meios que se

adotam para a implantação de uma política ambiental em determinada empresa

ou unidade produtiva”. Para VITERBO (1998, p.15), o SGA “é a base para o

estabelecimento de um método de gerenciamento que vise à melhoria contínua

dos resultados e promova o desenvolvimento sustentável”.

CALDUCH (s/d, p. 07) define sistema de gestão ambiental como o método de

trabalho que toda organização deve seguir com o objetivo de alcançar um

determinado comportamento em função das metas fixadas. Assim mesmo, é uma

forma da empresa realizar suas atividades dando resposta às normas, aos riscos

ambientais e às pressões tanto sociais, financeiras, econômicas e dos

concorrentes.

De acordo ainda com a autora, um Sistema de Gestão Ambiental é composto por

duas partes:

a) descritiva: que inclui os procedimentos, as instruções específicas, as normas e

os regulamentos, etc.

b) prática: composta por duas variáveis:

• Aspectos físicos: locais, máquinas, equipamentos de informática e de

controle, instalações de tratamento de contaminação, etc.

• Aspectos humanos: habilidades da equipe, formação, informação, sistemas

de comunicação, etc.

Já a adoção de um SGA por uma organização dar-se-á por várias razões.

Portanto, uma empresa poderá adotá-lo por mero cumprimento à legislação

ambiental ou para fixar suas políticas ambientais, possibilitando a conscientização

e unificação de todo o pessoal da organização, envolvidos direta ou indiretamente.

Organizações que apresentam níveis mínimos de Gestão Ambiental normalmente

Page 27: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

27

possuem um setor dedicado ao meio ambiente, que é responsável pelo

atendimento às exigências dos órgãos ambientais. Isso significa que “a empresa

demonstra quase sempre uma postura reativa, procurando evitar os riscos e

limitando-se ao atendimento dos requisitos legais, o que normalmente significa

investimentos” (MOREIRA, 2001, p.52).

Contudo, não se deve esquecer que a gestão ambiental não deverá ser tratada

isoladamente, mas sim, incluí-la na gestão dos negócios da organização, pois a

gestão ambiental está vinculada à Gestão pela Qualidade Total (GQT).

O Planejamento de uma organização é o ponto de partida para iniciar qualquer

programa de melhoria ou de mudanças culturais, ou seja, a partir do ponto futuro

desejado, as organizações devem desdobrar os objetivos e metas. De acordo com

VITERBO (1998, p.13), “nenhum programa deveria nascer dissociado do negócio

da organização, pois, não agregaria qualquer tipo de valor para as partes

interessadas”. Portanto, para se obter sucesso:

“um sistema de gestão ambiental (SGA) requer a formulação de diretrizes, definição de objetivos, coordenação de atividades e avaliação de resultado (...) tratar das questões ambientais de modo integrado com as demais atividades corporativas”. (BARBIERI, 2006, p.137)

Ao aplicar o SGA, a organização prepara-se para adequar sua estrutura, física e

pessoal, à redução de possíveis danos causados ao meio ambiente. Para DIAS

(2006, p. 89), o “objetivo é conseguir que os efeitos ambientais não ultrapassem a

capacidade de carga do meio onde se encontra a organização, ou seja, obter-se

um desenvolvimento sustentável.”

Segundo VITERBO (1998, p.15), “a sobrevivência da organização está

intimamente ligada ao conceito de desenvolvimento sustentável, pois a sociedade

não mais tolera ou tolerará as agressões ao meio ambiente”. Já MOREIRA (2001,

p. 50) afirma que ”a sociedade continua evidenciando sua necessidade quanto a

produtos e serviços, porém passa a valorizar cada vez mais a proteção do meio

ambiente”.

Page 28: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

28

Assim sendo, entende-se que os fundamentos predominantes podem variar de

uma organização para outra. Tais fundamentos são adequados à área de atuação

da organização, possibilitando a aplicabilidade do SGA em conformidade com as

necessidades dos funcionários, bem como da comunidade do seu entorno.

Para MOREIRA (2001, p. 52), “uma empresa que implantou um sistema de gestão

ambiental adquire uma visão estratégica em relação a meio ambiente: deixa de

agir em função apenas dos riscos e passa a perceber também as oportunidades”.

Já DIAS (2006, p. 89) afirma que “o processo de gestão ambiental nas empresas

está profundamente vinculado a normas que são elaboradas pelas instituições

públicas (prefeituras, governos estaduais e federal) sobre o meio ambiente”, a fim

de limitar a organização na emissão de agentes poluentes, buscando a

sustentabilidade.

“A criação e a operação de um SGA, próprio ou baseado num modelo genérico, podem ser consideradas uma espécie de acordo voluntário unilateral, desde que a empresa se comprometa a alcançar um desempenho superior ao exigido pelas leis ambientais” (BARBIERI, 2006, p.137).

Então, espera-se, ao menos, que o SGA contribua para que a empresa atue em

conformidade com a legislação, mas sempre se comprometendo em promover

melhorias que a levem gradativamente a alcançar as exigências legais. Para isso,

cabe dizer que “os recursos naturais (matéria-prima) são limitados e estão sendo

fortemente afetados pelos processos de utilização, exaustão e degradação

decorrentes de atividades públicas ou privadas, (...) os bens naturais (água, ar) já

não são mais bens livres/grátis.” 4

VITERBO (1998, p.14) afirma que “cada vez mais as organizações devem se

preocupar em aumentar sua "eco-eficiência", ou seja, sua eficiência via utilização

de recursos não renováveis, matérias-primas, energias, água e uso do solo e do

ar”.

4 Disponível em: www.ambientebrasil.com.br – Sistema de Gestão Ambiental - Acessado em fevereiro de 2007.

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29

O fato das organizações não atentarem para a preservação da natureza no início

da industrialização, com a Revolução Industrial, resultou na aplicabilidade, tardia,

das normas ambientais, outrora citadas. Assim sendo, as empresas que utilizam o

SGA, preocupam-se em recuperar os danos causados, para que, enfim, possam

atuar diretamente na preservação do meio ambiente.

Tal procedimento proporciona o aumento dos custos da organização,

possibilitando conclusões adversas sobre o assunto. No geral, o empresariado,

em sua maioria mal informada, deixa transparecer algumas percepções

equivocadas a respeito de Sistema de Gestão Ambiental. MOREIRA (2001, p.49)

aponta algumas destas declarações: “é caro e não dá retorno; isto é para empresa

rica; demanda muito tempo e esforço da empresa; pode ser uma ameaça, uma

vez que meus problemas ambientais serão expostos e passarão a requerer

soluções de curto prazo; controles ambientais exigem altos investimentos; obter

certificado exige comprometimento verdadeiro com a questão ambiental; será que

podemos sustentar isto?”.

No entanto, a organização durante o planejamento do seu SGA poderá incluir

estudos que comprovem os possíveis efeitos causados ao meio ambiente,

reestruturando os produtos e os processos envolvidos. À aplicação de métodos

preventivos estuda a eliminação dos impactos na origem, procurando as causas.

Isto não somente para os impactos diretos da empresa, mas também para os que

são produzidos por toda a vida do produto (DIAS, 2006, p.90).

Para a organização, é importante dar tratamento adequado aos resíduos

provenientes das suas atividades, dos seus processos, dos seus produtos e dos

seus serviços. Portanto, a gestão ambiental exige que se passe a combater os

resíduos no momento de sua geração e não no final do processo.

Mas, ao iniciar o planejamento do SGA, a empresa deve centralizar seus esforços

em “estabelecer e manter procedimentos que permitam avaliar, controlar e

melhorar os aspectos ambientais...” 5. Para tanto, deverá zelar pelo cumprimento

5 Disponível em: www.ambientebrasil.com.br – Sistema de Gestão Ambiental. Acessado em fevereiro de 2007.

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30

da legislação e normas vigentes, bem como, a integridade (saúde e segurança)

dos funcionários e o uso controlado da matéria-prima e insumos, visando

minimizar os impactos e/ou danos ambientais causados.

“Os objetivos básicos do sistema de gestão são o de aumentar constantemente o valor percebido pelo cliente nos produtos ou serviços oferecidos, o sucesso no segmento de mercado ocupado (através da melhoria contínua dos resultados operacionais), a satisfação dos Funcionários com a organização e da própria sociedade com a contribuição social da empresa e o respeito ao meio ambiente”. (VITERBO, 1998, p.15)

A responsabilidade ambiental na organização e a adoção de uma postura pró-

ativa passam a ter seu verdadeiro papel na sociedade no momento em que uma

empresa existe e se mantém viva enquanto estiver atendendo a uma demanda da

sociedade. “Se esta demanda cessar, a empresa simplesmente deixa de existir”

(MOREIRA, 2001, p. 50). VITERBO (1998, p. 17) afirma que “se o sistema de

gestão não trouxer resultados para a empresa, ele não serve ao propósito a qual

se destina”.

Com isso, é possível afirmar que todo o procedimento para a implantação do SGA

está relacionado, diretamente, aos custos financeiros, uma vez que o não

cumprimento da legislação acarretará em penalidades e multas. Associando a

questão financeira à ambiental, entende-se que as organizações, ao traçar seus

objetivos no SGA, procuram a maneira menos onerosa de prevenir os impactos

ambientais e não necessariamente remediá-los.

“Os acionistas não querem comprometer resultados em função de problemas ambientais; por sua vez os investidores e agentes financeiros exigem uma avaliação ambiental antes de fechar qualquer negócio. Então, mais cedo (voluntariamente) ou mais tarde (obrigatoriamente), as empresas terão que ampliar seu sistema de gestão de modo a tratar também a questão ambiental” (VITERBO 1998, p.51).

Deste modo, surge a seguinte questão: qual é o principal benefício por parte de

uma empresa ao implantar o SGA? Para MOREIRA (2001; p. 51), a resposta é

simples: a empresa que investe em um Sistema de Gestão Ambiental terá uma

imagem que a tornará mais atraente aos olhos do mercado.

Page 31: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

31

3.3 – Necessidade de uma cultura ambiental – Por qu e implantar?

A Educação Ambiental constitui, preliminarmente, um passo importante para a

implantação da Política Ambiental da empresa que se consolidará através de

um Sistema de Gestão Ambiental.

A implantação do SGA nas empresas deve vir acompanhada de uma mudança

cultural, na qual as pessoas devem estar mais envolvidas com a nova perspectiva.

Alguns hábitos e costumes já consolidados no ambiente exterior das empresas

podem e devem ser eliminados, enquanto os positivos devem ser adotados pela

organização (VITERBO, 1998; MOREIRA, 2001, VALLE, 2000).

A introdução dos conceitos do Desenvolvimento Sustentável e da

Conservação Ambiental no dia-a-dia da empresa requer uma mudança

cultural em todos seus níveis funcionais. Esses novos conceitos na cultura da

empresa exigem um sistema de comunicação eficiente entre os níveis

hierárquicos, através do estabelecimento de um programa de educação

ambiental que envolva todos os seus integrantes.

Na tabela a seguir, MOREIRA (2001, p. 50) apresenta os principais motivos que

podem despertar o interesse de uma empresa pelo sistema de gestão ambiental,

juntamente com uma nota de intensidade que varia entre 1 e 5. A nota 5 indica a

maior intensidade da motivação (com base em percepção empírica).

Tabela 1 – Motivação para a implantação do SGA

MOTIVO INTENSIDADE

Exigência por parte de um cliente significativo 5

Exigência por parte da matriz 5

A concorrência está adotando SGA 4

Apelo de marketing para manter ou ampliar mercados

(internacionais principalmente) 4

Perspectivas de ganhos para a imagem institucional 3

Pressões da comunidade (reivindicações, 3

Page 32: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

32

reclamações, movimentos, manifestações pela mídia,

ações judiciais provenientes da comunidade ou de

ONGs)

Percepção de possibilidades de redução de

desperdícios e custos de controles ambientais 2

Interesse em financiamentos incentivados 2

Garantia do cumprimento das leis ambientais 2

Percepção das tendências mundiais 2

Fonte: MOREIRA, Maria Suely. Estratégia e implantação de sistema de gestão ambiental modelo ISO 14000.

Contudo, é sabido que a motivação depende exclusivamente da ‘percepção da

necessidade’. Em muitos casos, porém, por falta de informação e/ou outros

fatores, o indivíduo não percebe tal necessidade. Portanto, a realização de

eventos pode ser considerada fator-chave para que se possa tornar explícito o

interesse da alta administração da empresa na implantação do SGA; alertar para

os riscos envolvidos nas questões ambientais, evidenciar os benefícios, as

vantagens e oportunidades associadas à implantação do sistema.

É possível citar algumas das estratégias utilizadas para convencimento dos

funcionários nas empresas, tais como: promoção de palestras informativas; visitas

a empresas certificadas pela ISO 14001; investigação de concorrentes em

processo de certificação; clipping de notícias sobre meio ambiente na área

empresarial, principalmente no que se refere a acidentes e multas. Para

MOREIRA (2001, p. 59), são duas as principais estratégias para obter motivação:

Page 33: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

33

Figura 1 – Estratégias para Motivação

Estratégia nº 1

Estratégia nº 2

Os funcionários da empresa devem eliminar a idéia de que a solução de

problemas ambientais compete tão somente às chefias ou aos setores de

segurança e higiene do trabalho da empresa. Todo empregado é responsável

pela proteção ambiental, da mesma forma que é pela segurança.

“Um Programa de Educação Ambiental (PEA) no âmbito de toda a empresa deve estimular a participação de seus funcionários na apresentação de sugestões e propostas para ação e deve permitir a reavaliação contínua dos resultados alcançados, através de campanhas de incentivo, seminários internos, eventos de congraçamento alusivos à proteção e à melhoria do meio ambiente”. (VALLE, 2000; p. 13)

A identificação dos efeitos ambientais produzidos pelas atividades produtivas

da organização deve ser percebida por todos os funcionários, o que auxiliará

na sensibilização para participarem da solução dos problemas. Os

funcionários devem receber informações sobre os impactos no meio ambiente

pelos materiais que são processados e pelos produtos que são gerados. Além

disso, devem tomar conhecimento dos regulamentos para a execução da

reciclagem e a separação de resíduos. Outra questão que não pode deixar de

ser abordada é em relação à tecnologia empregada, os produtos que

manuseiam e a rotina a ser adotada no caso de uma situação de emergência.

“É fundamental que os funcionários reconheçam na Educação Ambiental um novo fator de progresso, não a confundindo com treinamento profissional, muito embora os dois se complementem. (...)

Obter motivação para a mudança

Causar desconforto

Apresentar uma solução

Obter motivação para a mudança

Demonstrar a importância

Atuar na percepção (fundamentar a necessidade)

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34

A obtenção da certificação ambiental por uma empresa e as condições para sua manutenção dependerão, inequivocamente, da participação consciente de seus funcionários e fornecedores” (VALLE, 2000, p. 13).

Um treinamento correto e a conscientização por parte dos funcionários são

fundamentais no processo, pois, na maioria das vezes, é por meio dos erros

operacionais que são gerados os piores resíduos e, consequentemente, são

provocados os maiores acidentes. Deste modo, a educação ambiental pode

antecipar esse processo de conscientização, possibilitando chegar mais

rapidamente à certificação por uma entidade credenciada.

Portanto, quais seriam os benefícios ao implantar um Sistema de Gestão

Ambiental? De acordo com DIAS REIS (2002, p. 25), é possível listar, no

mínimo, dez motivos para se implantar o SGA numa empresa. São eles:

1. Demonstrar aos clientes o comprometimento com a gestão ambiental -

inputs e outputs;

2. Manter e/ou melhorar as relações com a comunidade e público em

geral;

3. Facilitar o acesso a novos investimentos;

4. Obter diminuição dos custos de seguro;

5. Melhoria da imagem da empresa e aumento do "market share";

6. Melhoria do controle de custos;

7. Diminuição de custos via redução de desperdícios de fatores

produtivos;

8. Redução e/ou eliminação dos impactos negativos;

9. Cumprimento da legislação ambiental aplicável;

10. Redução do número de auditorias dos clientes;

Já MOREIRA (2001, p. 51) completa a lista com outros itens, como:

1. Garantia de melhor desempenho ambiental;

2. Redução de desperdícios;

3. Prevenção de riscos. (acidentes ambientais, multas, ações judiciais, etc);

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35

4. Disseminação da responsabilidade sobre o problema ambiental para toda

a empresa (a área de meio ambiente passa a atuar como staft ou mesmo

se transforma em consultoria externa);

5. Homogeneização da forma de gerenciamento ambiental em toda a

empresa, especialmente quando suas unidades são dispersas

geograficamente;

6. Possibilidade de demonstrar consciência ambiental ao mercado nacional

e internacional (competitividade);

7. Boa reputação junto aos órgãos ambientais, à comunidade e ONGs;

8. Possibilidade de obter financiamentos a taxas reduzidas;

9. Benefícios intangíveis, tais como melhoria do gerenciamento, em função

da cultura sistêmica, da padronização dos processos, treinamento e

capacitação de pessoal e rastreabilidade de informações técnicas.

Sendo assim, ao implantar o SGA, uma empresa pode obter tanto benefícios

econômicos quanto estratégicos. Os benefícios econômicos dizem respeito à

redução de custos (consumo de água, energia e insumos); à redução de resíduos

e redução de multas e penalidades por poluição. Ao mesmo tempo, o SGA permite

que a empresa incremente a sua receita com os chamados “produtos verdes”,

agregando participação no mercado com produtos inovadores e aumentando a

demanda de produtos não-poluentes.

Já os benefícios estratégicos passam pela melhoria da imagem institucional

perante o mercado consumidor; aumento da produtividade; comprometimento do

quadro de funcionários; melhoria nas relações com entidades governamentais,

comunidades e ONGs e um possível acesso ao mercado externo.

Portanto, pode-se afirmar que os pontos fortes referentes à questão ambiental da

empresa são: produtos amigáveis ao ambiente; processos produtivos que

economizam recursos e não provocam riscos ao ambiente; imagem corporativa

em relação à causa ambiental; compromisso da gerência e do pessoal com a

proteção ambiental; capacidade da área de P&D para tecnologias e produtos

"limpos" (DONAIRE, 1999, p. 63).

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36

Por outro lado, DONAIRE (1999, p. 64) aponta alguns pontos fracos relativos à

questão ambiental, tais como: “produtos que não podem ser reciclados;

embalagens, recipientes etc. não recicláveis; processos poluentes;

efluentes perigosos; imagem poluidora; pessoal não engajado na questão

ambiental”.

Na verdade, há maneiras pelas quais uma organização pode incorporar a questão

ambiental. A primeira seria verificar o posicionamento da empresa em relação ao

Desafio Ambiental, certificando-se em quais variáveis a empresa teve baixa ava-

liação. Uma outra abordagem envolveria a identificação das ameaças e

oportunidades, relacionando-as com os pontos fortes e fracos da empresa.

‘A discussão da situação da empresa o desenvolvimento de cenários futuros resultarão em novos direcionamentos e planos que permitirão tirar vantagens das oportunidades possíveis, prevenir as ameaças potenciais, manter os pontos fortes e minimizar ou eliminar os pontos fracos” (DONAIRE, 1999, p. 63).

Contudo, a existência de um plano ambiental formal não é suficiente, pois a

transformação da questão ambiental em um valor da organização dependerá das

ações da Alta Administração e de suas gerências. Os funcionários serão os

responsáveis por garantir a imagem ambiental da empresa internamente e fazer a

divulgação junto à comunidade local. Desta forma, os empresários e a Alta

Administração desempenham um importante papel na difusão dessa imagem para

o exterior da empresa junto à sociedade, ao governo e ao órgão de controle

ambiental.

A partir dessas considerações, é possível dizer que o SGA nada mais é que uma

vantagem competitiva para a empresa, pois ao alcançar a excelência na gestão

ambiental e a melhoria de sua imagem, esta se tornará estável junto ao mercado

que, a cada dia, exige produtos ambientalmente corretos, ou seja, empresa que

possuam o chamado “Selo Verde”. Pode-se dizer então que a adequação às

Normas da ISO 14000 é fundamental para a empresa buscar a padronização de

sua estrutura, visando a preservação do meio ambiente, bem como uma melhor

qualidade nos seus produtos e na execução de seus serviços.

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37

3.4 – As Normas ISO 14000

O assunto meio ambiente está em destaque entre as preocupações da sociedade

e, ultimamente, vem sendo foco de um processo de gradativa reavaliação.

Atitudes que são tomadas em prol da preservação do meio ambiente, de forma

radical ou “romântica”, estão “cedendo espaço para abordagens mais racionais,

objetivas e sistêmicas dos problemas causados pela poluição e pelos impactos

das atividades humanas sobre o ambiente”. (VALLE, 2000, p.95)

À medida que as preocupações com a manutenção e a melhoria da qualidade de

meio ambiente e a proteção da saúde humana aumentam, organizações de todos

os portes voltam suas atenções para os potenciais impactos de suas atividades,

produtos e serviços. A partir disso, o desempenho ambiental de uma organização

consiste no “desenvolvimento de políticas econômicas e outras medidas, visando

adotar a proteção ao meio ambiente e de uma crescente preocupação expressa

pelas partes interessadas em relação às questões ambientais e ao

desenvolvimento sustentável”6.

Para tanto, a ISO (International Organization for Standardization) elaborou um

conjunto de regras destinadas à normalização das organizações na implantação

ou no aprimoramento de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). A ISO é uma

organização não-governamental, fundada no ano de 1947, com o objetivo de

reunir órgãos de normalização de diversos países e criar um consenso

internacional normativo. A sua sede está localizada em Genebra, na Suíça, e

possui cerca de 100 países membros que participam, com direito a voto, das

decisões ou apenas como observadores das discussões (ABREU, 1997, p. 44).

A série ISO 14000 foi escrita pelo Comitê Técnico 207 (TC-207) e define os

elementos de um SGA, a auditoria do sistema, a avaliação de desempenho

ambiental, a rotulagem ambiental e a análise de ciclo de vida. As normas só

entram em vigor após vencerem uma série de etapas de discussões, que

culminam numa votação dos países membros, quando, então, assumem o caráter

de normas internacionais ISO. “Antes desse estágio, a futura norma encontra-se

6 ABNT NBR ISO 14001:2004 – Sistema de Gestão Ambiental – Requisitos com orientação para uso.

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38

na forma de DIS (Draft International Standard), uma espécie de minuta sujeita a

ajustes” (ABREU, 1997, p. 45).

Outras normas compõem a série ISO-14000, são elas:

• ISO 14001 - Sistemas de gestão ambiental Especificações e diretrizes para

uso;

• ISO 14004 - Sistemas de gestão ambiental Diretrizes gerais sobre

princípios, sistemas e técnicas de apoio;

• ISO-14010 - Diretrizes para auditoria ambiental - Princípios gerais;

• ISO-14011 - Diretrizes para auditoria ambiental - Procedimentos de

auditoria Auditorias de sistemas de gestão ambiental, substituída pela

norma ISO-19011;

• ISO- 14012 -Diretrizes para auditoria ambiental - Critérios de qualificação

para auditores ambientais;

• ISO-14014 - Diretrizes para auditoria ambiental - Guia para avaliações

iniciais;

• ISO-14015 - Diretrizes para auditoria ambiental - Guia para avaliações de

sítios;

• ISO-14020 - Rotulagem Ambiental Princípios básicos;

• ISO-14021 - Rotulagem Ambiental - Termos e definições para aplicação

específica e auto-declarações;

• ISO-14022 - Rotulagem Ambiental Simbologia para os rótulos;

• ISO-14023 - Rotulagem Ambiental - Testes e metodologias de verificação;

• ISO-14024 - Rotulagem Ambiental- guia para certificação com base em

análise multi-criterial;

• ISO-14031 - Avaliação de desempenho Ambiental;

• ISO-14040 - Análise do ciclo de vida Princípios gerais e prática;

• ISO-14041 - Análise do ciclo de vida Inventário;

• ISO-14042 - Análise do ciclo de vida Análise dos impactos;

• ISO-14043 - Análise do ciclo de vida Interpretação;

• ISO-14050 - Termos e definições Vocabulário;

• ISO GUIDE 64 - Guia de inclusão dos Aspectos ambientais nas normas do

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39

produto.

O Brasil faz parte da ISO como membro fundador, tem direito a voto e está

representado pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) através do

GANA (Grupo de Apoio à Normalização Ambiental). Este grupo foi criado com o

apoio de algumas empresas brasileiras, que colaboraram com cotas e colocaram

seus funcionários em disponibilidade para ajudar nas atividades do grupo e

participar das reuniões do TC-207.

A série ISO 14000, na visão de HARRINGTON (2001, p. 31), possui vantagens

significativas que podem complementar os requisitos regulatórios de uma

empresa, como: a) reduzir os conflitos entre agências reguladoras e indústrias; b)

encorajar a organização a se envolver mais com os programas ambientais; e c)

iniciar o processo de mudança por meio de debates.

Os autores ainda discorrem sobre as normas voluntárias geralmente mais bem

aceitas. São elas: a) o envolvimento das indústrias na criação dessas normas; b) o

desenvolvimento dessas mesmas normas num ambiente consensual; c) promoção

de um entendimento internacional; d) aceitação plena por parte dos detentores de

interesses; e) preparação por parte de pessoas capacitadas em suas áreas de

atuação e f) politicamente independentes.

Para DIAS REIS (2002, p. 25), as normas da série ISO 14000 foram

desenvolvidas com os principais objetivos:

1. Proporcionar meios ou condições para um melhor gerenciamento

ambiental.

2. Ser aplicável a todos os países.

3. Promover, da forma mais abrangente possível, a harmonia entre o interesse

público e os dos usuários das normas.

4. Possui uma base científica.

5. Ser prática, útil e utilizável.

MOREIRA (2001, p. 88) afirma que “um sistema deste tipo permite a uma

organização estabelecer e avaliar a eficácia dos procedimentos destinados a

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40

definir uma política e objetivos ambientais, atingir a conformidade com eles e

demonstrá-Ia a terceiros”.

3.4.1 – Termos e definições básicas

A ISO 14000 possui termos e definições básicas, que são:

1) Organização: pode ser definida como companhia, corporação, firma, empresa

ou instituição, ou parte ou combinação destas, sociedade anônima ou limitada,

pública ou privada, com funções e administração próprias.

2) Meio Ambiente: local onde uma organização atua, incluindo “ar, água, terra,

recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações”. Neste caso,

o meio ambiente se alonga do interior da organização até o sistema global7.

3) Aspecto Ambiental: “elemento das atividades, produtos ou serviços

organizacionais que podem interagir com o meio ambiente” (HARRINGTON 2001,

p. 33). Fica a cargo da organização identificar os aspectos ambientais de seus

produtos, processos e serviços ao estabelecer um SGA.

4) Impacto Ambiental: qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou

benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços

de uma organização. HARRINGTON (2001, p. 33) explica dois tipos de impactos:

a) agudo – está associado a ocorrências de curta duração e b) crônico – é aquele

que ocorre por um longo espaço de tempo.

5) Sistema de Gestão Ambiental: Parte do sistema total que inclui a estrutura

organizacional, as atividades de planejamento, as responsabilidades, práticas,

procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, alcançar,

proceder à avaliação crítica e manter as políticas ambientais.

6) Auditoria do SGA: Processo de verificação sistemático e documentado para

obter e avaliar objetivamente evidências para determinar se o Sistema de Gestão 7 MOURA, L. A. R. O que é ISO 14000? Extraído do site http://www.gestaoambiental.com.br . Acessado em março de 2007.

Page 41: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

41

Ambiental de uma organização está em conformidade com os critérios de auditoria

formados pela própria organização.

7) Desempenho Ambiental: Refere-se a resultados mensuráveis do Sistema de

Gestão Ambiental, relacionados com o controle dos aspectos ambientais de uma

organização baseados em suas políticas, objetivos e alvos ambientais.

8) Melhorias Contínuas: Processo de aprimoramento do Sistema de Gestão

Ambiental, visando atingir melhorias no desempenho ambiental global de acordo

com a política ambiental da organização.

HARRINGTON (2001, p. 35), esclarece que as empresas deverão encontrar suas

próprias respostas, no tocante a implantação do Sistema de Gestão Ambiental,

com base na sua situação mercadológica, ponderando o processo de tomada de

decisão.

3.5 – A norma ISO 14001: 2004

A Norma ISO 14001:2004 especifica os requisitos de um SGA, possibilitando uma

organização desenvolver e implementar uma política ambiental que leva em conta

os requisitos legais referentes aos aspectos ambientais significativos. Emprega-se,

a Norma, aos aspectos ambientais que a organização identifica como aqueles que

possam controlar e aqueles que possam influenciar, não estabelecendo critérios

de desempenho ambiental.

As Normas da séria ISO 14000 foram elaboradas com o objetivo de tratar

exclusivamente do SGA. Já a Norma ISO 14001, baseia-se no ciclo PDCA (plan,

do, check, act), ou seja: planejar, executar, verificar e agir corretivamente.

O ciclo PDCA, conforme figura 2, está dividido em quatro etapas fundamentais:

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42

Figura 2 – Ciclo do PDCA

Fonte: MOREIRA, Maria Suely. Estratégia e implantação de sistema de gestão ambiental modelo ISO 14000.

1ª Etapa – Planejamento : inclui o estabelecimento de metas e a definição de

como alcançá-las, ou seja, define o plano que satisfaça as políticas da empresa;

2ª Etapa – Execução: inclui o treinamento necessário, a execução do processo e

a coleta de dados, ou seja, fornece os recursos e mecanismo de apoio;

3ª Etapa – Verificação: pressupõe a comparação dos resultados obtidos com as

metas estabelecidas, ou seja, a organização meda, monitora e avalia seu

desempenho ambiental;

4ª Etapa - Ação corretiva: visa eliminar a causa dos problemas identificados,

ou seja, programa continuamente melhorias para alcançar o desempenho

ambiental total.

MOREIRA (2001, p.88), afirma que: “o ciclo PDCA pode ser utilizado tanto para

manter um estágio alcançado, impedindo o retorno para o patamar inferior, quanto

para promover melhorias significativas, mediante redefinição de metas ao longo do

tempo”. O modelo de sistema de gestão ambiental proposto na Norma deixa claro

o compromisso com a melhoria contínua, conforme podemos verificar na figura 3.

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43

Figura 3 – Modelo do Sistema de Gestão Ambiental para esta Norma (Diagrama da fl. vi, NBR ISO 14001:2004)

Fonte: ABNT NBR ISO 14001:2004 – Sistema de Gestão Ambiental – Requisitos com orientação para uso, 2004.

Portanto, observa-se que um SGA é um conjunto de responsabilidades

organizacionais, procedimentos, processos e meios que se adotam para

implantação de uma política ambiental em determinada empresa. Na maioria dos

casos, concentra-se na diminuição de custos e riscos associados a sanções na

reparação econômica de danos ambientais (DIAS, 2006).

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44

4. Plano de Implementação do Sistema de Gestão Ambi ental

4.1 – O que é?

Um plano de implantação do SGA necessita ser estruturado com base em uma

abordagem diferenciada, distinguindo empresas de pequeno, médio e grande

porte. Isto é importante, considerando a relativa simplicidade de empresas com

estes perfis, relevando o número de funcionários, o que influencia drasticamente

na quantidade e na diversidade de treinamentos que serão realizados.

Necessita-se estabelecer um período de tempo para a implantação do plano, não

sendo muito longo, evitando que as empresas percam a noção de horizonte e,

nem muito curto, de modo que o sistema não tenha tempo hábil para consolidar a

integração de seus subsistemas.

Entretanto, as características do plano podem variar: em função do ramo de

atividade da empresa, perfil de capacitação de seu quadro funcional, nível de

impacto ambiental do processo, características específicas de seu processo e

existência de passivo ambiental. Num modo geral, segundo SEIFFERT (2002), o

plano de implantação para empresas de pequeno e médio porte pode variar de 8

(oito) a 12 (doze) meses. No entanto, o ritmo de implantação do plano deverá ser

determinado pela própria empresa.

Além disso, na opinião da autora, na elaboração do plano existem três cenários

que devem ser considerados, e que são determinados, em sua maioria, por

necessidades estratégicas da empresa:

1. A empresa já é certificada pela ISO 9001 e deseja receber o da ISO 14001;

2. A empresa deseja implantar as duas normas conjuntamente;

3. A empresa está interessada em implantar apenas a ISO 14001;

Para CLEMENTS apud SEIFFERT (2002, p. 152) um plano de implantação típico

para a ISO 14001 segue os seguintes passos:

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45

1. Nomeação de um comitê diretivo para supervisionar a implantação;

2. Diagnóstico da organização;

3. Redação da política do SGA;

4. Elaboração de um plano de ação baseado nas discussões da diretoria;

5. Atribuição de funções específicas a diretores específicos;

6. Elaboração e implementação de um conjunto de projetos com prazos definidos;

7. Revisão ou criação do manual de procedimentos ambientais (nível II) para

refletir os requisitos da norma;

8. Seleção de uma entidade certificadora;

9. Ampliação ou redação das instruções de trabalho necessárias (nível II);

10. Organização de uma auditoria interna de todo o sistema;

11. Preparação para auditoria externa, revisando todos os pontos do SGA;

12. Auditorias externas (adequação e conformidade);

13. Correção das não conformidades identificadas nas auditorias.

De acordo com SEIFFERT (2002, p. 153), após o diagnóstico e durante a

preparação do plano de Implantação do projeto, é preciso ter em mente os tipos

de riscos relacionados à sua finalização, tais como:

1. Riscos do Negócio: são os que fogem ao controle do planejador, como uma

mudança administrativa, inviabilizando a continuidade do projeto, ou a perda de

apoio da Alta Administração, alterações orçamentárias, etc.

2. Riscos Técnicos: Identificam potenciais problemas de projeto, implementação,

interface, verificação e manutenção. Acrescente-se a estes: ambigüidade de

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46

especificação, incertezas técnicas, obsolescência técnica e utilização de

"tecnologia de ponta".

3. Riscos de Projeto: Refere-se a problemas orçamentários, de cronograma, de

pessoal, de recursos e de requisitos, bem como ao impacto sobre o projeto.

Vale ressaltar que é necessário analisar os riscos e suas prováveis combinações,

os quais podem apresentar atraso ou encerramento do projeto, por implicarem em

aumento excessivo do custo e degradação do desempenho esperado. Portanto, é

fundamental a elaboração de um “Fluxograma de Implantação a partir do plano de

implantação, como forma de monitorar/gerenciar os riscos” (SEIFFERT, 2002, p.

154). Abaixo estão descritos os passos essenciais para a aplicação desta

ferramenta:

1. Definição de todas as atividades do projeto;

2. Definição da dependência e paralelismo entre elas;

3. Estimar o tempo que cada atividade consome;

4. Estimar os tempos mais cedo de início e término das atividades;

5. Estimar os tempos mais tarde de início e término das atividades;

6. Estimar as folgas existentes;

7. Determinar o caminho crítico das atividades.

O resultado desse processo está representado na figura 4, cujas atividades do

projeto foram descritas. É possível observar que as atividades desenvolvidas em

série e em paralelo devem “receber uma atenção especial em virtude de sua

criticidade para o andamento do projeto” (SEIFFERT, 2002, p. 154).

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47

Tabela 2 – Cronograma de Implantação

Fonte: SEIFFERT, Mari Elizabete Bernardini. Modelo de Implantação de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA-ISO14001) segundo a abordagem da Engenharia de Sistemas.

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Figura 4 – Fluxograma de implantação de um SGA ISO 14001 adequada à

empresas de pequeno porte

Fonte: SEIFFERT, Mari Elizabete Bernardini. Modelo de Implantação de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA-ISO14001) segundo a abordagem da Engenharia de Sistemas.

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49

4.2 Requisitos Gerais

Para uma organização elaborar seu plano de implantação de SGA, segundo a

NBR ISO 14001:2004, ela deve estabelecer, documentar, implementar, manter e

continuamente melhorar o seu sistema. Determinar como irá atender os requisitos,

também é fundamental. Além de definir e documentar o escopo de seu SGA.

Os requisitos apresentados pela NBR ISO 14001:2004 são os seguintes:

1- Política Ambiental;

2- Planejamento:

• Aspectos ambientais;

• Requisitos legais e outros requisitos;

• Objetivos e metas;

• Programas de gestão ambiental;

3- Implementação e operação:

• Recursos, funções, responsabilidades e autoridades;

• Competência, treinamento e conscientização;

• Comunicação, Documentação e Controle de documentos;

• Controle operacional;

• Preparação e resposta à emergência;

4- Verificação:

• Monitoramento e medição;

• Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros;

• Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva;

• Controle de registros e Auditoria interna;

5- Análise pela Administração.

Os requisitos acima citados serão estudados na continuidade deste capítulo.

Page 50: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

50

4.2.1 – Política ambiental

Política ambiental refere-se a uma declaração pública e formal por parte da Alta

Administração de qualquer empresa sobre as intenções e princípios de ações

relacionadas com a proteção do meio ambiente. CALDUCH (s/d, p. 8) considera

que a política ambiental é o núcleo do sistema de gestão ambiental.

Ainda, de acordo com CALDUCH (s/d, p. 8), toda política ambiental deve estar

coerente com as políticas de prevenção de riscos laborais, qualidade e qualquer

outra política estabelecida na organização. Compete à Alta Administração

certificar-se que a política ambiental da empresas considera os seguintes

aspectos:

� A política ambiental está adequada para as atividades, produtos ou

serviços oferecidos pela empresa;

� A política é conhecida, compreendida, desenvolvida e mantida ao dia

por todos os níveis da organização;

� A política é acessível ao público;

� Está dirigida à prevenção e/ou minimização dos impactos ambientais e

ao desenvolvimento sustentável;

� Inclui compromissos de melhoria continua de todos os requisitos das

normas;

� Assume ou pode assumir a adoção e publicação dos objetivos

ambientais da empresa;

De acordo com a NBR ISO 14001:2004, a Alta Administração da empresa é quem

deve definir a política ambiental e assegurar, dentro do escopo elaborado, que os

seguintes itens sejam observados:

a) seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais e suas

atividades, produtos e serviços;

b) comprometimento com a melhoria contínua e preservação de poluição;

c) comprometimento em atender os requisitos legais aplicáveis aos seus

aspectos ambientais;

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51

d) fornecer estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos e metas

ambientais;

e) documentar, implementar e manter;

f) comunicar aos funcionários e parceiros;

g) disponibilizar ao público.

Para MOREIRA (2001, p. 92) a política ambiental nada mais é que a carta de

intenções da empresa, podendo ser considerada a bússola do Sistema, contendo

as diretrizes norteadoras, servindo de base para a definição e revisão de objetivos

e metas. É claro, que isto depende da estrutura de decisão característica da

empresa.

A política ambiental deverá adaptar-se à natureza, escala e impactos ambientais

das atividades da empresa, produtos e serviços, na qual a grande questão é:

“Como garantir que ela é apropriada aos impactos das atividades, produtos ou

serviços se o procedimento para esta identificação ainda não foi desenvolvido?”

(VITERBO, 1998, p. 73)

O ideal para responder a questão acima é elaborar, num primeiro momento, uma

minuta da política ambiental e utilizá-la internamente para desenvolver seu

sistema de gestão. Devem-se utilizar representantes de cada setor, deixando claro

que o grupo de colaboradores esteja teoricamente mais capacitado a atender os

requisitos da Norma. O aconselhável é que participem do grupo até 12

colaboradores, sendo que um número maior de participantes poderia causar

dificuldades em obter o consenso comum.

Para DIAS REIS (2002, p. 36), “na elaboração da política ambiental deve haver o

cuidado de mantê-la simples e compreensível a todos os colaboradores, de forma

que possa ser auditável”. Já VITERBO (1998, p. 74) relata o fato de a política

fornecer estrutura, visando à revisão dos objetivos e metas, sendo capaz de gerar

ação e avaliar os indicadores, podendo rever a política e perceber como a

empresa fixou seus objetivos e metas.

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52

MOREIRA (2001, p. 97) afirma que precipitar-se ao formalizar o “documento pode

provocar retrabalho mais tarde, pois a disseminação da política requer todo um

trabalho de reprodução gráfica, divulgação e treinamento”.

4.2.2 – Planejamento

A fase de planejamento inclui a identificação e classificação dos aspectos

ambientais, o levantamento de requisitos legais aplicáveis e a definição de

objetivos e metas ambientais.

Para tanto, a recomendação é a de que os empresários façam algumas perguntas

essenciais relativas a seus empreendimentos. Onde estamos agora e para onde

queremos ir?8 Responder a esses questionamentos significa seguir três passos:

- fazer avaliação ambiental inicial;

- obter uma visão clara do futuro;

- estabelecer uma política ambiental.

Ao planejar o Plano de Implantação do SGA, a empresa, segundo a NBR ISO

14001:2004, deverá observar os requisitos abaixo:

a) Aspectos Ambientais;

b) Requisitos legais e outros requisitos;

c) Objetivos e metas;

d) Programas de gestão ambiental;

a) Aspectos ambientais:

VITERBO (1998, p. 76) define aspecto ambiental como sendo “qualquer elemento

das atividades, produtos ou serviços que possam interagir com o meio ambiente”,

ou seja, um potencial impacto ambiental. MOREIRA (2001, p. 99) considera este

8 Dados coletados no site: www.sebrae.com.br . Acessado em março de 2007.

Page 53: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

53

requisito fundamental para a elaboração do sistema, uma vez que os demais

requisitos dependerão do que estiver estabelecido nele.

De acordo com a NBR ISO 14001:2004, a empresa deverá estabelecer,

implementar e manter procedimentos para identificar os aspectos ambientais de

suas atividades, produtos ou serviços e determinar quais aspectos terão, ou

poderão ter, impactos significativos ao meio ambiente. Vale ressaltar que a

empresa deverá documentar as informações e mantê-las atualizadas,

assegurando que os dados sejam levados em consideração no estabelecimento,

implementação e manutenção do seu SGA.

Saber diferenciar aspectos de impactos é de suma importância para a empresa

durante a fase de planejamento do seu SGA. Para HARRINGTON (2001, p. 89),

“aspecto é uma interação com o ambiente, e um impacto é o resultado dessa

interação”. No entanto, em outras palavras, o aspecto é a causa e o impacto é o

efeito.

A importância, para a empresa, em saber determinar e gerenciar os aspectos

permitirá que ela possa classificá-los em: “os que possuem relação direta com a

legislação e regulamentos aplicáveis e os não regulamentáveis” (VITERBO 1998,

p. 76).

A NBR ISO 14001:2004 recomenda que o processo de identificação e avaliação

dos aspectos ambientais leve em consideração o local de atividade, os custos e o

tempo para realizar análise e a disponibilidade dos dados. Contudo, é importante

observar que tal procedimento não deve alterar ou aumentar, necessariamente, as

obrigações da organização.

b) Requisitos legais e outros requisitos:

DIAS REIS (2006, p. 38) afirma que “a organização deve estabelecer e manter

procedimentos para identificar a ter acesso à legislação e outros requisitos por ela

subscritos, aplicáveis aos aspectos ambientais de suas atividades, produtos e

serviços”.

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54

O atendimento a legislação e normas ambientais aplicáveis é um dos

compromissos principais na política ambiental da empresa, bem como os

requisitos por ela subscritos. Saber identificar os requisitos implica em:

• Possuir acesso contínuo à legislação ambiental e outros requisitos;

• Obter mecanismos para:

o Identificar e interpretar os documentos legais;

o Verificar o grau de interferência de seus aspectos ambientais;

o Extrair requisitos básicos;

o Garantir seu atendimento;

o Gerenciar a informação.

A NBR ISO 14001:2004 identifica os requisitos legais como sendo os aplicáveis

aos aspectos ambientais, são eles:

• Requisitos legais nacionais e internacionais;

• Requisitos legais estaduais/municipais/departamentais;

• Requisitos legais do governo local.

A Norma cita ainda outros requisitos que uma organização poderá subscrever, se

aplicáveis. São eles:

• Acordos com entidades públicas, clientes, fornecedores, comunidade e

ONG’s;

• Princípios voluntários;

• Etiquetagem ambiental voluntária;

• Requisitos corporativos.

MOREIRA (2001, p. 141) apresenta outros requisitos que poderão ser

considerados pela empresa em seu SGA, que são:

• Regulamentos e Normas Técnicas relacionadas com a questão ambiental,

dando preferência às emitidas pela ABNT – Associação Brasileira de

Normas Técnicas;

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55

• Normas emitidas pelo Ministério do Trabalho, preferencialmente as que

tratam de saúde ocupacional e segurança no trabalho;

• Normas direcionadas para aspectos ambientais específicos da empresa,

como por exemplo, material radioativo;

Entende-se, então, que o SGA deverá demonstrar com clareza seu compromisso

em atendimento à legislação, lembrando que a não execução de alguns dos

requisitos propostos pela empresa, deverá ser identificado e justificado junto às

autoridades ambientais. Vale lembrar que o SGA não exige que a empresa tenha

um nível de desempenho determinado, mas sim que exige uma melhoria contínua.

c) Objetivos e metas

Um sistema de Gestão Ambiental além de fornecer as medidas necessárias para o

cumprimento do regulamento da legislação existente, deve definir os objetivos e

os compromissos destinados à melhoria continua do próprio SGA. De acordo com

CALDUCH (S/D, p. 9), os principais objetivos de um SGA são:

I. Garantir a aplicação da legislação existente com relação à preservação

ambiental,

II. Fixar e promulgar as políticas e os procedimentos operativos internos

necessários para atingir os objetivos da organização com relação à

preservação do meio ambiente.

III. Identificar, interpretar, valorizar e prevenir os impactos que as atividades

do dia-a-dia da organização produzem sobre o meio ambiente, analisando

e administrando os riscos nos quais a organização possa vir a ter como

conseqüência da suas atividades,

IV. Estimar o volume de recursos e a qualificação do pessoal apropriado em

função do nível dos riscos existentes e os objetivos da empresa com

relação à preservação do meio ambiente.

Estes objetivos devem ser coerentes com a política ambiental definida pela

empresa, além disso, é necessário levar em consideração os seguintes aspectos:

Page 56: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

56

• Impactos do meio ambiente,

• política econômica e financeira,

• Política Comercial

• tecnologias disponíveis

Os objetivos e metas de um SGA deverão ser especificados e mensurados

continuamente, o não estabelecimento tornará mais difícil que alguma melhoria

venha ser alcançada. Além disso, recomenda-se que os objetivos e as metas

ambientais deverão estar alinhados com as metas anuais do negócio,

considerando que a empresa elabore um planejamento de curto e longo prazo.

HARRINGTON (2001, p. 95) explica que “um objetivo é um alvo ambiental de nível

elevado. Uma meta é um requisito ambiental mensurável. Pode ser necessária

mais de uma meta para alcançar um único objetivo”.

Para MOREIRA (2001, p. 151), o objetivo ambiental é “um propósito ambiental

global, decorrente da política ambiental que uma organização se propõe a atingir,

sendo quantificado sempre que exeqüível”. Já a meta ambiental, é entendida pela

autora como um “requisito de desempenho detalhado, quantificado sempre que

exeqüível, aplicável à organização ou partes dela, resultante dos objetivos

ambientais e que necessita ser estabelecido e atendido para que tais objetivos

sejam atingidos”.

Para garantir que a empresa leve em conta os aspectos e impactos ambientais na

determinação de seus objetivos e metas, recomenda-se, para a Alta

Administração, identificá-los e fixá-los, considerando os de maior gravidade ou os

de cumprimento à legislação ambiental. VITERBO (1998, p. 92) defende que ao

identificar e fixar os objetivos e metas, a empresa deverá limitar o orçamento para

“que não coloque em risco a saúde financeira da organização”.

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57

d) Programa de gestão ambiental

Programa de gestão ambiental é o plano de ação detalhado, na qual as metas são

estabelecidas e os meios (recursos) definidos para se atingirem tais metas, os

responsáveis pelas ações e os prazos.

A empresa deverá estabelecer e manter seus programas para atingir os objetivos

e metas traçados anteriormente no planejamento do Plano de Ação. Para isso,

deve incluir, segundo a NBR, os seguintes itens: - a atribuição de responsabilidade

em cada função e nível pertinente da organização, visando atingir os objetivos e

metas; - os meios e o prazo dentro em que devem ser atingidos.

HARRINGTON (2001, p. 97) alerta que, para projetos relativos a novos

empreendimentos e atividades, produtos ou serviços novos ou modificados, o

programa deve ser corrigido para assegurar que a Gestão Ambiental se aplique a

esses planos.

“Programa de Gestão Ambiental deve ser dinâmico e passível de correção sempre que necessário. Se tiver ocorrido uma reestruturação, ou modificações em produtos, atividades e serviços, ou outra coisa que possa afetar os objetivos e metas, o programa deve ser ajustado para refletir essas alterações” (HARRINGTON, 2001, p. 97).

Para a implantação dos requisitos, é necessário seguir os seguintes passos:

- desdobrar os objetivos e metas em programas;

- estimar prazos e custos;

- obter aprovação da autoridade competente, providenciando os recursos no

orçamento;

- definir responsabilidades pelas ações específicas;

- documentar os programas;

- acompanhar o andamento dos programas;

- incluir novos programas;

- manter o documento atualizado;

- registrar em ata eventuais atrasos ou alterações significativas.

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58

4.2.3 - Implementação e Operação

A fase de implementação e operação do SGA está centrada nas diretrizes

expressas na política ambiental e especificada através dos objetivos e metas. Esta

etapa compreende os seguintes requisitos:

a) Estrutura e responsabilidades;

b) Competência, treinamento e conscientização;

c) Comunicação, Documentação e Controle de documentos;

d) Controle operacional;

e) Preparação e resposta à emergência;

a) Estrutura e Responsabilidade

A estrutura e as responsabilidades relacionadas ao sistema de gestão ambiental

encontram-se diretamente ligadas à implementação e operacionalização do

sistema. Depois de estabelecidas, tornam-se possíveis o desenvolvimento e a

continuidade. Para SEIFFERT (2002, p. 215), decorre do fato de que passa haver

uma definição de atribuições permanentes para os inúmeros sujeitos envolvidos,

assim como a coordenação dos esforços frente à estrutura desenvolvida para a

gestão ambiental na organização. Os recursos para a implementação e o controle

do SGA serão fornecidos pela administração, tanto os recursos humanos, quanto

qualificação específica, tecnologias e recursos financeiros.

Para CLEMENTS apud SEIFFERT (2002, p. 218), um dos passos mais difíceis na

implantação do sistema é convencer a Alta Administração da empresa da

necessidade de um SGA. Para tanto, podem ser utilizadas as seguintes

argumentações:

1. Exigência dos clientes: satisfação dos clientes, um dos principais objetivos da

organização;

2. A implantação representa uma vantagem de marketing;

Page 59: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

59

3. A ISO 14001 ajudará a empresa a funcionar melhor e reduzir as preocupações

durante as auditorias ambientais.

HARRINGTON (2001, p. 99) defende a idéia de que a Alta Administração da

empresa deve nomear um representante específico para executar as funções,

responsabilidades e ter autoridade independente de outras atribuições. Portanto, o

representante, deverá assegurar que os requisitos do SGA estejam estabelecidos,

implementados e mantidos de acordo com a Norma da ISO 14001:2004, além de

relatar o desempenho do SGA, para análise crítica, buscando o aprimoramento do

sistema.

b) Competência, treinamento e conscientização

A NBR ISO 14001:2004 explica que a organização deve identificar a

conscientização, o conhecimento, a compreensão e as habilidades dos

funcionários, a fim de que estejam aptos a executar as tarefas determinadas, ou

seja, a organização deverá identificar a necessidade de treinamento dos

colaboradores. Estabelecer e manter procedimentos que façam com que seus

funcionários estejam conscientes sobre:

• Importância de conformidade com a política ambiental da empresa;

• Os impactos ambientais significativos que suas atividades possam causar

ao meio ambiente, bem como os benefícios resultantes da melhoria de seu

desempenho;

• Funções e responsabilidades em atingir a conformidade com a política

ambiental;

• Conseqüências da não execução correta dos procedimentos operacionais

especificados.

O treinamento visa assegurar tanto a conscientização das questões ambientais

quanto a competência para realizar as tarefas necessárias para a sua

administração. A identificação das necessidades de treinamento está sujeita à

compreensão do papel exercido por uma pessoa para alcançar objetivos e metas

ambientais e no SGA em geral.

Page 60: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

60

c) Comunicação, Documentação e Controle de document os

De acordo com a NBR ISO 14001:2004, a comunicação interna é importante, pois

propõe assegurar a eficácia da implementação do SGA. Os métodos de

comunicação interna podem compreender reuniões regulares de grupo de

trabalho, boletins informativos, quadro de aviso e intranet. A organização pode

esquematizar a sua comunicação, levando em consideração as decisões sobre

grupos-alvo pertinentes, as mensagens e temas adequados e a escolha dos meios

de comunicação.

Com relação à comunicação externa, as organizações devem levar em

consideração os pontos de vista e as necessidades de todas as partes

interessadas. Os métodos para realizar tal comunicação podem incluir relatórios

anuais, boletins informativos, páginas de internet e reuniões da comunidade.

Portanto, a função principal da comunicação, seja ela interna ou externa, “é definir

os fluxos de informações. Isso significa não somente o destino da informação, mas

também o método de comunicação que deve ser utilizado” (HARRINGTON, 2001,

p. 103).

Já em relação à documentação, a norma sugere que haja um detalhamento que

seja suficiente para descrever os elementos principais do SGA e sua interação.

Deve-se fornecer também orientação sobre fontes de informação, detalhando o

funcionamento das partes específicas.

“A ISO 14001 não exige que a documentação esteja sob a forma de um manual

integrado” (HARRINGTON, 2001, p. 106). Ela pode ser ou estar integrada a outros

sistemas de gestão da informação dentro da empresa por meio de referência a

banco de dados e sistemas pré-existentes.

Page 61: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

61

Figura 5 – Hierarquia da Documentação

Fonte: HARRINGTON, H. James. Implementação da ISO 14000 - como atualizar o sistema de gestão ambiental com eficácia.

No que diz respeito ao controle de documentos, a intenção é fazer com que a

organização estabeleça e mantenha procedimentos para o controle de todos os

documentos exigidos pela Norma a fim de assegurar que:

- possam ser localizados;

- Sejam periodicamente analisados, revisados e aprovados quanto à sua

adequação;

- as versões atualizadas estejam disponíveis em todos os locais onde são

executadas operações essenciais;

- documentos que não possuem interesse imediato para a organização

deverão ser retirados de todos os pontos de emissão e uso;

- os documentos obsoletos deverão ser adequadamente identificados,

visando a preservação de conhecimento.

Page 62: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

62

A documentação deverá ser legível, datada e identificada, mantida de forma

organizada e retida por tempo especificado. O controle eficaz desses documentos

torna o processo de auditoria ordenado e eficiente. Vale lembrar que a circulação

desses documentos deverá ser controlada, visto que devem ser periodicamente

analisados e revisados. O procedimento de controle identifica a freqüência de

análise para adequação contínua, datando a revisão seguinte para que todos os

usuários tenham conhecimento.

A forma mais comum de controlar a documentação é por meio de uma lista

mestra, na qual estão relacionados todos os documentos que fazem parte do

sistema integrado de gestão (VITERBO, 1998, p. 113). O objetivo é informar quais

os documentos fazem parte do sistema, em que parte da revisão se encontram,

quais os setores estão utilizando e quantas cópias possui cada setor.

d) Controle operacional

A NBR ISO 14001:2004 recomenda avaliar quais as operações estão associadas

aos aspectos ambientais, identificando e assegurando que elas sejam conduzidas

de modo a controlar ou reduzir os impactos ambientais para que, desta forma,

atendam os requisitos de sua política ambiental e atinjam seus objetivos e metas.

HARRINGTON (2001, p. 109, 110) entende que a obrigação da organização é

planejar o controle operacional, incluindo a manutenção das atividades, de forma a

assegurar que sejam executadas sob condições específicas por meio:

- do estabelecimento e manutenção de procedimentos documentados, para

abranger situações na qual sua ausência possa acarretar desvios em relação

à política ambiental;

- de estipulação de critérios operacionais nos procedimentos;

- do estabelecimento e manutenção de procedimentos relativos aos aspectos

ambientais de bens e serviços utilizados pela organização, e da comunicação

dos procedimentos e requisitos a serem atendidos por fornecedores e

contratantes.

Page 63: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

63

VITERBO (1998, p. 114) sugere que o controle operacional seja iniciado com as

atividades já padronizadas, incluindo parâmetros de controle necessários para

assegurar a conformidade ambiental. Em suma, o controle operacional implica em

gerenciar resíduos, efluentes líquidos e da qualidade da água, de emissões

atmosféricas e da qualidade do ar, aspectos significativos identificados,

manutenção, atuação junto a fornecedores e otimização do uso de recursos.

e) Preparação e resposta à emergência

Sobre este item, o texto da norma indica que a organização deve estabelecer e

manter procedimentos para identificar o potencial e atender a acidentes e

situações de emergência, bem como prevenir e diminuir os impactos ambientais

que possam estar associados a eles. É função ainda da empresa analisar e

revisar, quando necessário, seus procedimentos de preparação e atendimento à

emergências, preferencialmente após ocorrência de acidentes ou situações de

emergências. A organização deve também testar periodicamente tais

procedimentos, quando exeqüíveis.

Segundo DIAS REIS (2002, p. 79), os procedimentos de um plano de emergência

devem:

- ser descritos em função de cada tipo de evento;

- considerar o inter-relacionamento dos recursos disponíveis;

- considerar as formas de racionamento de outras atividades;

- considerar os incidentes que surjam ou que possam surgir como

conseqüência de: i) condições anormais de operação e ii) acidentes e

situações potenciais de emergência.

Page 64: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

64

4.2.4 – Verificação e Ação Corretiva

De acordo com SEIFFERT (2002, p. 295) os subsistemas da ISO 14001 devem

assegurar os padrões de desempenho ambiental que foram estabelecidos e

documentados. Com exceção do subsistema de monitoramento e medição, os

requisitos desses subsistemas são similares a ISO 9001. As principais

adequações de tais procedimentos envolveram principalmente a inserção da

variável ambiental em seu contexto.

Em princípio, o SGA, em conformidade com a ISO 14001:2004, divide-se em:

a) Monitoramento e medição, avaliação do atendimento a requisitos legais;

b) Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva;

c) Controle de registros e Auditoria interna;

a) Monitoramento e medição, avaliação do atendiment o a requisitos

legais

A NBR ISO 14001:2004 esclarece que a organização deve estabelecer e manter

procedimentos documentados para monitorar e medir as características principais

de suas operações e atividades que possam ter um impacto significativo sobre o

meio ambiente.

Em outras palavras, segundo MOREIRA (2001, p. 229), “os aspectos ambientais

significativos devem ter suas características medidas periodicamente e seus

resultados comparados com os padrões legais aplicáveis”. O monitoramento e a

medição são requisitos contínuos e abrangentes. HARRINGTON (2001, p. 109,

110) afirma que a organização deve “reconhecer que um sistema eficiente de

monitoramento e medição também depende do emprego de indicadores de

desempenho úteis e confiáveis”.

Em relação aos requisitos legais, a ISO 14001:2004 recomenda que a empresa

seja capaz de demonstrar que esteja apta a fazer a avaliação do atendimento aos

requisitos identificados, incluindo autorizações ou licenças aplicáveis. A

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65

organização deverá ser capaz também de demonstrar que ela tenha avaliado o

atendimento a outros requisitos subscritos identificados.

b) Não-conformidade 9, ação corretiva e ação preventiva

Fazem parte das atribuições de um dos subsistemas do SGA operar sobre as não-

conformidades e realizar ações corretivas ou preventivas. “Também devem ser

implementadas e registradas quaisquer mudanças dos procedimentos

documentados, que resultaram de ações corretivas ou preventivas” (SEIFFERT,

2002, p. 299).

Esse elemento da norma é crítico para o contínuo desenvolvimento do SGA e de

seu desempenho ambiental. O objetivo é analisar por que deu errado e realizar

alterações para que haja menos probabilidade de dar errado novamente.

As não-conformidades identificadas no SGA devem ser analisadas, de maneira

que detectem eventuais tendências do sistema. Antecipar tal identificação destas

tendências permitirá implantar ações preventivas que impeçam a ocorrência de

problemas futuros.

c) Controle de registros e Auditoria interna

A organização deve estabelecer e manter, segundo a norma, procedimentos de

identificação, de armazenamento, de proteção, de recuperação, de retenção e de

descarte. Os registros de treinamento e as conclusões de auditorias e análises

críticas deverão estar incluídos.

“Os registros ambientais devem ser legíveis e identificáveis, permitindo rastrear a atividade, produto ou serviço envolvido. Os registros ambientais devem ser arquivados e mantidos de forma a permitir sua pronta recuperação, sendo protegidos contra avarias, deterioração ou perda. O período de retenção deve ser estabelecido e registrado” (HARRINGTON, 2001, p. 116).

O gerenciamento adequado dos registros, assim como seu controle, é parte

essencial do SGA. Um auditor irá verificar se: os documentos necessários

9 Uma não-conformidade é um desvio a uma dada especificação ou a um critério estabelecido para o SGA. Ela também pode ser um desvio a uma determinação expressa pela Norma ISO 14001 (requisito).

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66

existem, podem ser facilmente lidos e entendidos, se a mensagem é clara, podem

ser encontrados quando necessário e se estão protegidos contra danos ou perda.

Sobre auditoria interna, a organização deve estabelecer e manter um programa e

procedimentos para auditorias periódicas do seu SGA, realizando-as da seguinte

forma:

• Determinar se o SGA:

o está em conformidade com as planejadas para a gestão ambiental;

o se está implantando e sendo mantido.

• Fornecer informações, à Alta Administração, dos resultados das

auditorias.

Portanto, a auditoria é um importante instrumento de verificação e manutenção do

sistema como um todo e constitui um passo fundamental para as melhorias. O

processo está ilustrado na figura a seguir:

Figura 6 – Processo de Auditoria

Fonte: VITERBO JUNIOR, Enio. Sistema integrado de gestão ambiental - como implementar um sistema de gestão que atenda à norma NBR ISO 14001, a partir de um sistema baseado na norma ISO 9000.

“O plano anual de auditorias, mesmo em um sistema integrado, normalmente é

desenvolvido em virtude do número de não conformidades detectadas na auditoria

Page 67: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

67

anterior e da eficiência das ações corretivas tomadas” (SEIFFERT, 2002, p. 309).

Sobre o período em que as auditorias devem acontecer, fica a cargo de cada

organização.

4.2.5 – Análise Crítica

A norma estabelece que a organização deve analisar o SGA, em intervalos

planejados, para assegurar sua contínua adequação, pertinência e eficácia. Essa

análise deve incluir a avaliação de oportunidades de melhoria e a necessidade de

alterações no SGA, inclusive da política ambiental e dos objetivos e metas. Os

registros dessas análises deverão ser mantidos pela empresa.

“Uma análise crítica deve considerar a necessidade de mudanças na política ambiental, seus objetivos e os componentes relacionados do SGA. Com base nos resultados levantados pelo subsistema de auditorias, além de mudanças contextuais, considerando sempre o comprometimento com a melhoria contínua” (SEIFFERT, 2002, p. 317).

Apesar de a análise crítica ser de responsabilidade da Alta Administração, ela

deve envolver também os demais níveis administrativos, desde que possuam

responsabilidade direta pelos elementos a serem julgados. O anexo da 14001

recomenda que a análise crítica inclua os seguintes itens: o resultado das

auditorias internas; nível de atendimento aos objetivos e metas; adequação do

SGA em relação a mudanças de condições e preocupações das partes

interessadas.

Após cada análise crítica, a organização deve avaliar a necessidade de efetuar

alterações em sua política ambiental. Caso haja realmente necessidade de fazer

alguma alteração, esta deve ser registrada. VITERBO (1998, p. 131) afirma que a

efetuação das análises pode ser proporcionada de diversas formas, como por

exemplo, por meio de “atas de reunião, de formulários-padrão preenchidos, de

planos de ação com as deliberações da Alta Administração ou outro registro que

descreva a análise efetuada e as conclusões”.

Com base nas informações descritas acima, o próximo capítulo trará um plano de

ação para a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental direcionado à

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68

empresa Via do Mar Pescados Ltda, localizada no município de Vila Velha,

Espírito Santo.

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69

5. Proposta de Plano de Implementação do Sistema de Gestão Ambiental para Via do Mar Pescados Ltda. 5.1 – Breve Histórico da empresa

A empresa Via do Mar Pescados Ltda foi idealizada por dois associados da

Cooperativa de Pescadores da Prainha, em Vila Velha. Eles viram no mercado

pesqueiro uma grande oportunidade de constituir um empreendimento e

fundaram, assim, a empresa especializada em pescados. Atuando no mercado

capixaba há seis anos, a Via do Mar Pescados Ltda começou suas atividades

distribuindo pescados diretamente dos barcos para bares e restaurantes da

região.

A qualidade dos produtos permitiu que a Via do Mar ampliasse sua estrutura,

começando a atuar no mercado de atacado de pescados. Tal crescimento

proporcionou a comercialização de grandes volumes de seu produto, não só no

Espírito Santo como também em outros Estados, como São Paulo.

Devido a esse crescimento, a empresa constituiu sua sede no bairro de Jardim

Camburi, em Vitória/ES, e com o passar dos anos, a Via do Mar passou a utilizar

uma câmara frigorífica, localizada no bairro Vale Encantado, em Vila Velha/ES,

visando atender uma fatia maior do mercado.

Em 2004, decidiu então conquistar as redes de supermercados. Um passo

considerado ousado, pois precisava quebrar alguns paradigmas do mercado. Um

deles foi a resistência por parte dos supermercadistas com relação à

comercialização de pescados congelados e, principalmente, pescados frescos. A

partir deste momento, a empresa passou a investir na contratação de uma equipe

com mão-de-obra qualificada para trabalhar o produto, reduzindo assim as perdas

e maximizando os lucros.

Atualmente, a Via do Mar possui 60 funcionários que trabalham na área

administrativa e no tratamento dos pescados (congelados e frescos) preparando-

os para a comercialização. Entretanto, a empresa pretende aumentar o número de

Page 70: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

70

funcionários, pois há planos de ampliação de suas atividades, mediante a

aquisição de um container refrigerado e novos caminhões, além da implantação

de uma indústria de beneficiamento dos pescados que, na visão da organização,

facilitará a comercialização dos produtos, principalmente camarão e peixes

congelados (inteiro, em posta e filé).

A Via do Mar Pescados Ltda atualmente atende o mercado da Grande Vitória,

tendo como principais clientes redes de supermercados como EPA, Casagrande,

Extrabom e Carrefour, além de atender os mercados de São Paulo e Natal. Sua

participação no mercado local é de aproximadamente 80% para produtos

congelados e 100% para produtos frescos, referente aos supermercados que

comercializam esse tipo de produto. Além disso, acumula 2% do mercado

nacional, correspondente ao fornecimento para a rede Carrefour.

5.2 – Considerações sobre a Gestão Ambiental da emp resa

Atualmente, a empresa não tem uma estrutura organizacional voltada para a

Gestão Ambiental, entretanto, existe uma preocupação por parte dela para

adequar-se.

De acordo com a gerente de recursos humanos, Kelli Dettmann, a empresa

necessita adaptar-se a uma cultura ambiental, implantando um programa de

Educação Ambiental, com o objetivo de mostrar sua importância na

conscientização dos funcionários. Entretanto, a Alta Administração ainda não está

voltada para essa vertente. Ela afirma ainda que seria interessante que a

empresa proporcionasse treinamentos aos funcionários como, por exemplo, o

manuseio do pescado e o descarte dos resíduos gerados, a fim de melhorar as

condições de trabalho.

Outro ponto citado pela gerente foi o destino dado aos resíduos gerados na

limpeza dos pescados, que são enviados para uma fábrica de ração no município

de Cariacica, no estado do Espírito Santo. Já o resíduo líquido, gerado em toda a

empresa é despejado na rede de esgoto, medida foi tomada em virtude do

Page 71: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

71

aumento do índice de insetos e do mau cheiro, o que gerou reclamações

permanentes da comunidade, bem como a fiscalização constante dos órgãos

gestores.

Quanto à segurança dos funcionários ao manusear os produtos, a gerente afirma

que, anteriormente, o índice de acidentes com facas e espinhas de peixe era

recorrente. Hoje em dia, prevendo a diminuição de tais acidentes, a empresa

passou a utilizar Equipamento de Proteção Individual (EPI) obrigatórios no

beneficiamento dos pescados, conseguindo diminuir em até 75% os casos.

Na parte administrativa, segundo Dettmann, a empresa elaborou um processo de

profissionalização que estava baseado em: (1) aperfeiçoar os canais de venda; (2)

controlar as despesas e (3) desenvolver o fator humano. No primeiro objetivo, a

empresa espera atuar em todos os segmentos possíveis de forma conjunta,

competitiva e lucrativa, focando:

• o mercado externo mediante a exportação;

• a criação de uma rede de vendedores varejistas no Espírito Santo;

• criação de unidade de negócios em São Paulo;

• ampliação das vendas para grandes redes de Minas Gerais e Rio de

Janeiro;

• vendas em atacado para distribuidores no Norte e Nordeste do país.

Quanto ao controle das despesas, essas passaram a ser classificadas e

aprovadas antes de serem efetivadas, analisando e comparando mensalmente a

sua evolução. Esse controle permitirá a integração da empresa a um Sistema de

Gestão, que possibilitará um controle total de todas as unidades que vierem, um

dia, a existir.

No que diz respeito ao desenvolvimento humano, a empresa pretende

profissionalizar as funções-chave, disseminando uma cultura de trabalho e

buscando investir e qualificar seus funcionários.

Page 72: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

72

Com base nas informações cedidas pela gerente de Recursos Humanos, é

possível perceber que a empresa Via do Mar Pescados Ltda necessita, em

primeiro lugar, estabelecer e definir suas políticas para realizar um sistema de

gestão da qualidade e, posteriormente, implantar um sistema de gestão ambiental.

No item a seguir, abordar-se-á o sistema de gestão ambiental na estrutura da

empresa, permitindo analisar alguns pontos da ISO 14000, bem como apresentar

uma proposta de modelo para implantação de um SGA, utilizando as normas da

ISO.

5.3 – Proposta de Modelo

São grandes os problemas que as empresas enfrentam quando decidem implantar

um SGA. Considerando que uma organização é um conjunto de sistemas e estes,

por sua vez, estão formados por um conjunto de subsistemas, na opinião de

ANDRADE (2000, p. 89), esta subdivisão das partes resultará em divergências

operacionais na implementação de um SGA, minimizando assim o resultado dos

esforços. Para o autor, torna-se necessário procurar adotar uma visão abrangente,

pois isto possibilitará à organização analisar as relações de causa e feito, dentro e

fora dela.

“A organização deve ser visualizada como um conjunto de partes em constante interação, constituindo-se em um todo orientado para determinados fins, em permanente relação de interdependência com o ambiente externo” (ANDRADE, 2000, p. 90).

Ao elaborar um modelo de gestão voltado para o meio ambiente, a organização

deverá observar alguns fatores que delinearão sua estratégia. São eles: análise da

missão e dos aspectos essenciais do mercado, os concorrentes, os fornecedores,

os órgãos normatizadores, seus processos produtivos e, principalmente, seus

produtos (TACHIZAWA, 2004, p. 111).

Page 73: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

73

A fim de nortear o modelo de gestão proposto para a empresa Via do Mar

Pescados Ltda, o item a seguir apresentará um esboço da política ambiental além

de determinar os requisitos, anteriormente, apresentados pela norma ISO 14000.

5.3.1 - Política Ambiental

Dentro do que se refere à política ambiental, a Via do Mar Pescados Ltda ainda

está numa fase embrionária no que diz respeito a necessidade de elaborar tal

política, levando-se em conta que retira do meio ambiente sua matéria-prima. Para

desenvolver uma política ambiental na empresa, a Alta Administração deverá

planejar os objetivos e as metas, bem como prazos para atingi-los.

A empresa tem consciência da importância e do comprometimento com a proteção

do ambiente, com a saúde e a segurança de seus empregados, dos seus clientes

e da comunidade. No entanto, dado o alto custo para implantação de um SGA e a

falta de pressão por parte de fornecedores e consumidores, a Via do Mar

Pescados Ltda mantêm-se passiva em relação à criação de uma política ambiental

consistente.

Com base nas observações de CALDUCH (s/d, p. 8), inicialmente para elaborar

uma política ambiental, a Via do Mar deverá considerar os fatores discriminados a

seguir. São eles:

I - adotar um Programa de Educação Ambiental para conscientização dos

funcionários na importância da preservação do meio ambiente, treinando e

capacitando-os com procedimentos operacionais que visam à redução dos

impactos ambientais causados, diminuição no desperdício de matéria-prima e

coleta seletiva dos resíduos, obtendo a colaboração de todos;

II - adaptar sua política às necessidades da comunidade do entorno e torná-

la pública, conduzindo-a de maneira para proteger a saúde das pessoas e

proteger o meio ambiente local;

Page 74: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

74

III - atender a legislação e normas ambientais vigentes, obtendo licença

ambiental para comercialização do produto, além de descrever todos os

elementos principais relacionados e, tornando-os acessíveis a todos os setores

essenciais da empresa, analisando-os periodicamente;

IV - utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), Equipamentos

de Proteção Coletiva (EPC’s) e ferramentas adequados para a execução das

atividades operacionais da empresa, principalmente na área de produção,

preservando a saúde dos funcionários;

V - gerenciar de maneira correta os resíduos gerados nas atividades da

empresa, desde sua origem até seu destino final, dedicando-se a reciclar e

reutilizá-los, principalmente os do setor de produção e administrativo;

VI - analisar se os procedimentos estão de acordo com o proposto,

buscando atualizá-los e preocupando-se com a melhoria contínua, realizando

auditoria interna e externa.

Ao assegurar a concretização das ações voltadas à proteção do meio-ambiente,

avaliando periodicamente e garantindo a adequação desta política aos impactos

ambientais das atividades, produtos e serviços pertinentes, a política ambiental

proposta para empresa Via do Mar Pescados Ltda deverá estar sustentada nos

seguintes passos:

1º - Prevenção

Conduzir as atividades da Empresa, levando em consideração o conceito de

prevenção, não adquirindo produtos (pescados e mariscos) em período de defeso,

nem fora dos padrões exigidos por lei. Capacitar os funcionários para que

identifiquem produtos em conformidade.

2º - Educação

Treinar, conscientizar e motivar os colaboradores para conduzir as atividades de

maneira ambientalmente responsável, através de palestras, simulados e um

Page 75: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

75

programa de educação ambiental, além de incentivá-los com prêmios por

atingirem as metas ambientais.

3º - Desenvolvimento

Desenvolver processos direcionados ao desempenho ambiental da empresa, tais

como: educação ambiental, treinamento, cursos, palestras, simulados e

emergência, enfatizando o conceito de melhoria contínua, utilizando as auditorias

internas e externas e reuniões periódicas para identificar não-conformidades e

elaborar ações corretivas ou preventivas, de acordo com a necessidade.

4º - Recursos Naturais

Otimizar a captura do pescado através de mecanismos de uso eficiente, treinando

e capacitando os proprietários de barcos, incentivando a não utilização de redes

da arrasto e a pesca predatória e destinar corretamente os resíduos gerados.

5º - Inovação

Incorporar inovações tecnológicas viáveis que reduzam os impactos ambientais

significativos, adaptando exaustores nas câmaras frigoríficas, na intenção de

reduzir o mau cheiro, maquinário para embalar os produtos congelados, reduzindo

a emissão de resíduos sólidos, bem como evitando o desperdício de material.

6º - Transparência

Manter um diálogo aberto com as partes interessadas para troca de informações,

reconhecendo e respondendo as demandas pertinentes em relação aos aspectos

ambientais significativos da empresa, utilizando folder, cartazes, sites, reuniões

com a comunidade, palestras e audiências públicas para as tomadas de decisões

de interesse da empresa quanto da comunidade.

7º - Atendimento Legal

Buscar o atendimento à legislação e às normas ambientais aplicáveis a empresa,

ministrando uma atualização periódica da legislação e das normas vigente e

realização de auditorias identificando falhas na execução dos processos

relacionados à legislação e as normas.

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76

5.3.2 – Planejamento

Ao planejar seu SGA, a empresa identificará e classificará os aspectos ambientais,

fará o levantamento de requisitos legais aplicáveis e definirá os objetivos e metas

ambientais.

É fundamental para a empresa analisar sua atuação no mercado e como pretende

estar após a implantação de seu SGA. Para tanto, se faz necessário levantar e

analisar os seguintes itens conforme a ISO 14001:2004:

a) Aspectos ambientais:

No capítulo anterior, definiu-se aspecto ambiental como sendo um potencial

impacto ambiental, oriundo de qualquer elemento das atividades, produtos ou

serviços da empresa, que possa interagir com o meio ambiente. Para uma

empresa do ramo pesqueiro como a Via do Mar, os aspectos ambientais estão

bem definidos, desde a obtenção da matéria-prima até o final do processo de

produção e descarte de seus resíduos.

A identificação de tais aspectos ambientais, num primeiro momento, será

considerada quanto a sua temporalidade, que indicará o período de ocorrência do

processo, atividade ou operação causadora do impacto ambiental. No entanto,

pode-se dividir essa temporalidade em três períodos, que são:

I – Passado: identificado no presente mais que foi causado por atividade

desenvolvida no passado. Um exemplo claro é a diminuição dos cardumes de

peixes de várias espécies, ocorrido pela falta de fiscalização. Não havendo na

época preocupação com o defeso para reprodução e a captura desordenada de

peixes fora da fase adulta.

II – Atual: decorrente de atividade atual. Um exemplo que afetaria

diretamente a atuação da empresa no mercado seria a aquisição de peixes

oriundos de barcos pesqueiros sem licença, como também não respeitar a época

de defeso das espécies. Além disso, o descarte dos resíduos gerados em locais

impróprios.

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77

III – Futuro: decorrente de futuras alterações de processo, aquisições de

novos equipamentos, introdução de novas tecnologias. No caso da Via do Mar,

tais aspectos então relacionados à ampliação da empresa, que segundo

informado pela Dettmann, pretende instalar uma indústria para beneficiamento do

pescado, fornecendo produtos manufaturados. Sendo que tal fato acarretará em

uma nova fonte de resíduo (embalagem), pois passará a comercializar produtos

congelados.

Após identificação dos aspectos ambientais, bem como seus respectivos

impactos, requer da empresa sua continuidade, não podendo ser descuidada

pelos agentes envolvidos no gerenciamento ambiental. Desta forma, aspectos

ambientais assumem um importante papel no SGA, fornecendo as informações

necessárias para desempenhar o sistema, distinguindo processos, produtos e

serviços envolvidos na questão ambiental e suas conseqüências, ou prováveis

conseqüências deste envolvimento.

O nível de compreensão dos impactos ambientais associados à empresa é

reduzido e menos complexo quando considerado que estão associados

basicamente a efluentes hídricos, resíduos sólidos, emissões atmosféricas e

consumo de recursos naturais. Será fundamental identificá-los observando se

realmente apresentam um impacto de abrangência ambiental e não contextos

associados à saúde e segurança ocupacional.

Neste caso, considerar-se-á um impacto ambiental àquele que ultrapassar os

limites da empresa, proporcionando potencial para provocar reclamações de

partes interessadas (órgãos de controle ambiental, associações comunitárias,

ambientalistas, organizações não governamentais, mídia, etc) quanto ao

comportamento ambiental da empresa (SEIFFERT, 2002, p. 164).

Segundo Marli Francisco, sócia-gerente, da Via do Mar Pescados Ltda, houve um

interesse da empresa em realizar um levantamento sobre os problemas que

causou ao meio ambiente, com intuito de obter licença ambiental, mas por não ser

pressionada por fornecedores, clientes e comunidade, não realizou tal ação.

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78

Entretanto, ela afirma que a empresa, após obter reclamações da comunidade

devido ao aumento significativo de insetos e o forte mau cheiro, passou a utilizar

produtos (desinfetantes, inseticidas e purificadores de ar) para combatê-los. A

sócia-gerente comentou, também, que a empresa foi autuada, apenas uma vez,

por despejar resíduos em áreas desapropriadas, além de adquirir produtos

(pescados) não autorizados pelo IBAMA.

b) Requisitos legais e outros requisitos:

Conforme descrito no capítulo dois, a organização estabelecerá e manterá os

procedimentos para identificar e ter acesso à legislação e demais requisitos por

ela subscritos, aplicando-os aos aspectos ambientais de suas atividades, produtos

e serviços.

Atender à legislação e as normas ambientais será um dos compromissos

principais da empresa, além dos requisitos por ela subscritos. No caso da Via do

Mar, alguns dos requisitos legais referentes ao setor de comercialização de

pescados, deverão ser analisados, interpretados e implantados no SGA, tendo

como base o que se refere a NBR ISO 14001:2004, são:

• Lei 6.938 de 21 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional de

Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação a aplicação, e da

outras providências;

• Lei 10.366 de 24 de janeiro de 1997, que dispõe sobre a fixação da política

de defesa sanitária animal e adota outras providências;

• Lei 7.679 de 23 de novembro de 1988, que dispõe sobre a proibição da

pesca de espécies em períodos de reprodução e dá outras providências;

• Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais

e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio

ambiente, e dá outras providências;

• Portaria IBAMA nº 113 de 22 de dezembro de 1997, que exige o registro no

Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou

Utilizadoras de Recursos Ambientais;

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79

• Resolução CONAMA nº 001 de 23 de janeiro de 1986, que considera

impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e

biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou

energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente

afetam o meio ambiente;

• Resolução CONAMA nº 237 de 19 de dezembro de 1997, que institui a

revisão dos procedimentos e critérios utilizados no licenciamento ambiental;

• Resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005, que dispõe sobre a

classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu

enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de

lançamento de efluentes, e dá outras providências.

• Instrução Normativa nº 3/SEAP de 12 de maio de 2004, que estabelecer

normas e procedimentos para operacionalização do Registro Geral da

Pesca - RGP, no âmbito da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da

Presidência República -SEAP/PR10.

• Lei Estadual nº 5.736 de 21 de outubro de 1998, que dispõe sobre a fixação

da política de defesa sanitária animal e adota outras providências.

• Lei Estadual nº 4.701 de 01 de dezembro de 1992, que dispõe sobre a

obrigatoriedade que todas as pessoas, físicas e jurídicas, devem garantir a

qualidade do meio ambiente, da vida e da diversidade biológica no

desenvolvimento de sua atividade, assim como corrigir ou fazer corrigir às

suas expensas os efeitos da atividade degradadora ou poluidora por ela

desenvolvida;

• Decreto Estadual nº 4.344-N de 07 de novembro de 1998, que regulamenta

o sistema de licenciamento de atividades poluidoras ou degradadoras do

meio ambiente, denominado SLAP, com aplicação obrigatória no Estado do

Espírito Santo.

Outros requisitos que a Via do Mar poderá subscrever, se aplicáveis, são:

10 Associação Catarinense de Acaquicultura - www.acaq.com.br, acesso em 02 de maio de 2007.

Page 80: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

80

• Acordos com entidades públicas, clientes, fornecedores, comunidade e

ONG’s, visando o aprimoramento da sua política ambiental, além de

proporcionar melhor desempenho em suas atividades, produtos e serviços;

• Princípio voluntário, pois a atuação no terceiro setor será interessante para

empresa, uma vez que o apoio a entidades beneficentes proporcionará uma

visão positiva da marca, bem como divulgação das atividades relacionadas

à proteção ambiental;

• Normas emitidas pelo Ministério do Trabalho, preferencialmente as que

tratam de saúde ocupacional e segurança no trabalho, também poderão ser

utilizadas;

Ao apontar e direcionar seus requisitos, a Via do Mar deverá demonstrar com

clareza seu compromisso em atendimento à legislação, observando que o não

cumprimento dos requisitos propostos acarretará em identificá-los e justificá-los

junto às autoridades ambientais. Vale lembrar que o SGA não exige que a

empresa tenha um nível de desempenho determinado, mas sim que exige uma

melhoria contínua.

c) Objetivos e metas ambientais:

A partir do conhecimento e da análise dos aspectos e impactos ambientais

considerados significativos, bem como dos requisitos legais e outros requisitos ora

propostos pela empresa, será possível constituir um conjunto de objetivos

ambientais duradouros para toda a organização.

Tais objetivos devem ser considerados desde a captura do pescado, realizada

pelos barcos pesqueiros até a comercialização dos produtos e serviços por parte

da empresa. Para tanto, a Alta Administração da Via do Mar deverá estabelecer a

sua política ambiental em conjunto com os seus objetivos permanentes,

garantindo sua aplicabilidade em conformidade com a norma ISO 14001, visando

atender à legislação, prevenir a poluição e melhorar continuamente.

Os objetivos e metas ambientais deverão ser coerentes com a política ambiental

definida pela empresa. Com base nas informações cedidas pela sócia-gerente da

Page 81: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

81

organização, a Via do Mar Pescados Ltda não possui objetivos e metas

ambientais formalizados, possibilitando, assim, a formulação dos seguintes

objetivos:

• Aumentar o grau de relacionamento com as partes interessadas nas

questões ambientais, estipulando programas de pesquisa de satisfação dos

clientes e programa de comunicação social. Para tanto, a criação de

indicadores, como: o índice de satisfação ambiental dos clientes e o índice

de reclamação ambiental que possibilitará avaliar se as metas estipuladas

foram atingidas pela organização;

• Aumentar o nível de capacitação da força de trabalho com relação à área

ambiental. Desenvolver um programa de treinamento e conscientização

ambiental, visando obter um índice aceitável como meta, pois possibilitará à

empresa analisar o percentual de funcionários que estão ambientalmente

capacitados;

• Reduzir a poluição no ar, no solo e na água causada por produtos ou

dejetos presentes na empresa, sendo eles oriundos do setor administrativo

e/ou do setor de produção.

• Desenvolver programas de requisitos contratuais, auditorias ambientais e

reaproveitamento de resíduos. Com base nos índices provenientes de

relatórios de não-conformidades ambientais e de reaproveitamento de

detritos, será possível estabelecer uma análise crítica que permita

equiparar o percentual de não-conformidades ambientais relacionadas às

identificadas, além de avaliar o volume de resíduos reaproveitados com o

volume gerado;

• Garantir o atendimento da legislação e dos requisitos ambientais inclusive

pelos fornecedores, desde barcos pesqueiros até os fornecedores de

embalagens e material de escritório. O desenvolvimento de um programa

de auditorias ambientais e de reaproveitamento de resíduos facilitará a

Page 82: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

82

continuidade do sistema. Tal procedimento proporcionará avaliar o número

de sanções ambientais, ou seja, avaliar a quantidade de multas aplicadas à

empresa por infrações ambientais.

Com a definição dos objetivos e metas ambientais, a Alta Administração deverá

garantir que tais pontos sejam identificados e fixados, ponderando os de maior

gravidade ou os de cumprimento à legislação ambiental, limitando seu orçamento,

evitando gerar o risco de deterioração financeira da empresa.

d) Programa de gestão ambiental

Após a elaboração dos objetivos e metas ambientais, será possível especificar

claramente os programas ambientais próprios às atividades da empresa,

detalhando suas ações na execução dos processos.

Estabelecer e manter seus programas facilitará à empresa alcançar os objetivos e

metas traçados anteriormente. Desta forma, segundo a ISO 14001, os seguintes

itens deverão ser verificados nessa etapa:

- a atribuição de responsabilidade em cada função e nível pertinente da

organização, visando atingir os objetivos e metas;

- os meios e o prazo em que devem ser atingidos.

Com base nos itens da ISO e dos objetivos e metas propostos acima, foram

idealizados alguns programas para serem aplicados à Via do Mar, ressaltando que

cabe à Alta Administração determinar os funcionários ou setores que deverão

acompanhar a execução dos programas, conforme quadro a seguir:

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83

Quadro 1 - Descrição dos programas corporativos e e specíficos do SGA

PROGRAMAS DESCRIÇÃO RESPONSÁVEL

Pesquisa de Satisfação dos Clientes

Programa que atinge todos os setores da empresa, aplicado aos clientes para avaliar o grau de satisfação através de notas atribuídas aos produtos em relação a um conjunto de perguntas sobre meio ambiente e outras áreas.

SAC – Serviço de Atendimento ao Cliente. Poderá ser terceirizado ou gerenciado pelo setor de comunicação.

Programa de Treinamento e Conscientização Ambiental dos Funcionários

Programa corporativo de treinamento aplicado a todos os setores da empresa para suporte aos planos de treinamento específicos e aplicação de cursos, seminários e palestras sobre meio ambiente.

Departamento de Recursos Humanos.

Programa de Requisitos Contratuais

Programa corporativo de revisão dos contratos antigos e inclusão, nos contratos novos, de diretrizes ambientais alinhadas com os requisitos legais e requisitos de outras origens.

Gerência Administrativa-financeira

Programa de Auditorias Ambientais

Programa corporativo coordenado pela Alta Administração, estabelecendo e implementando um plano de auditorias internas e externas para avaliação do desempenho ambiental.

Presidência, Diretorias e Gerências.

Programa de Reaproveitamento de Resíduos dos Setores Administrativo e de Produção

Programa específico desdobrado diretamente nos setores através da implementação dos Planos Diretores de Resíduos (Coleta Seletiva de materiais).

Diretoria de Produção e Gerência Administrativa-financeira

Programa de Comunicação Social

Programa específico destinado a todos os setores através da aplicação de pesquisa de opinião e estabelecimento de plano de marketing e de canais de comunicação interno e externo.

Departamento de Comunicação

Programa de controle de efluentes líquidos

Programa específico destinado a todos os setores com o objetivo de controlar a emissão dos efluentes líquidos da empresa, utilizando tanques coletores, a

Assessoria de Segurança, Meio Ambiente e Saúde e demais setores

Page 84: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

84

fim de evitar que contaminem o solo e os lençóis freáticos, sem utilizar a rede de esgoto diretamente.

Adaptado de Fernando Luiz Affonso, Metodologia para Implantação de Sistema de Gestão Ambiental em Serviços de Engenharia para Empreendimentos Petrolíferos: Um Estudo de Caso – RJ, 2001, p. 93.

Vale salientar que para projetos relativos a novas atividades, produtos ou serviços,

os programas devem ser corrigidos, assegurando que a Gestão Ambiental se

aplique nesses planos e melhore continuamente.

5.3.3 - Implementação e Operação

a) Estrutura e Responsabilidade

Conforme descrito no capítulo anterior, a definição da estrutura e das

responsabilidades relacionadas ao sistema de gestão ambiental encontra-se

diretamente relacionada à implementação e operacionalização do sistema,

tornando possível seu desenvolvimento e continuidade. Isso decorre devido ao

fato da empresa definir atribuições permanentes para os vários sujeitos

envolvidos, bem como a coordenação de seus esforços. Os recursos para a

implementação e o controle do SGA serão fornecidos pela Alta Administração,

tanto os recursos humanos, quanto qualificação específica, tecnologias e recursos

financeiros.

Um aspecto fundamental relacionado à estrutura de suporte ao SGA diz respeito à

existência de um setor que se ocuparia desta questão dentro da organização. As

características deste setor, segundo MOURA apud SEIFFERT (2002, p. 215) são

os seguintes:

1. Possuir poucos profissionais especializados com dedicação integral.

Além das responsabilidades diretas, devendo atuar como consultores junto às

outras áreas da organização;

Page 85: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

85

2. Forma de atuação frente aos problemas através de grupos de

trabalho que envolvam pessoas de outras áreas da organização, sendo

conduzidos por um integrante do setor ambiental;

3. Os funcionários de outros setores, que componham os grupos de

trabalho ambientais, devem atuar em tempo parcial, desempenhando o papel de

“facilitadores” junto aos seus setores de origem, serem apoiados por seus chefes

imediatos e serem reconhecidos explicitamente pelas boas atuações (elogios,

prêmios).

Com base nas características acima, pode-se dizer que a Via do Mar deveria

incluir em sua estrutura organizacional a Assessoria de Segurança, Meio

Ambiente e Saúde, atuando de forma que facilite a execução e operação do SGA,

sendo responsável por tornar disponível a todos os setores da empresa os

objetivos e metas traçados pela política ambiental.

Portanto, para a idealização e execução do SGA, propõe-se que tal divisão

deveria ser composta por um profissional da área especializado em Gestão

Ambiental, a fim de realizar um trabalho em conjunto com os demais responsáveis

pelas unidades e departamentos da empresa.

Assim sendo, pode-se então propor o organograma da Alta Administração da

empresa Via do Mar, conforme descrito a seguir:

Page 86: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

86

Figura 7 – Proposta de Estrutura Organizacional da Empresa

As responsabilidades dos vários agentes perante o SGA estão normalmente

estabelecidas de forma genérica de acordo com as seguintes orientações

propostas por MOURA apud SEIFFERT (2002, p. 221), adaptadas para a Via do

Mar Pescados Ltda:

DIRETORIA (Alta Administração)

Assessoria de Segurança, Meio

Ambiente e Saúde

Diretoria Administrativa -

Financeira

Diretoria de Produção Diretoria

Comercial

Depto de Recursos Humanos

Depto de Produção

Peixe Fresco e Congelado

Depto de Apoio

Operacional

Depto de Vendas

Depto de Distribuição e Logística

Depto de Comunicação

Page 87: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

87

1. Presidência e diretoria da organização → definição da política

ambiental, acompanhamento das etapas de implantação do SGA, integrar a

gestão ambiental à gestão organizacional, definir o processo de solução de

conflitos entre objetivos e metas ambientais frente aos outros objetivos e

prioridades da organização;

2. Assessoria de Segurança, Meio Ambiente e Saúde → formação de

equipes, direção do planejamento, implantação, monitoramento e

responsabilidade sobre a eficácia do SGA, verificação de conformidade frente a

leis e normas e a prestação de contas frente a diretoria da organização;

3. Diretoria Comercial → identificação de necessidades e expectativas

dos clientes com relação aos produtos da organização, ligadas a aspectos

ambientais, bem como o transporte e acondicionamento adequado do produto;

4. Diretoria de Produção → identificar se o manuseio do produto está

em conformidade com o proposto e providenciar o armazenamento e

encaminhamento dos resíduos gerados no setor;

5. Diretoria Administrativa-financeira → utilizar a contabilidade da

organização para caracterizar os custos ambientais inseridos nos seus produtos e

serviços;

6. Demais membros da organização → cumprir as metas de

melhoramento, conforme instruções específicas e planos de ação das chefias

operacionais.

Assim, a Assessoria de Segurança, Meio Ambiente e Saúde atuará em todos os

setores da empresa, sendo que para um bom desempenho ambiental será

importante a Alta Administração indicar os funcionários/colaboradores que serão

parte integrante dessa divisão, optando por profissionais com visão

ambientalmente correta, assegurando que os requisitos do SGA que foram

estabelecidos, sejam implementados e mantidos de acordo com a Norma da ISO

Page 88: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

88

14001:2004, além de relatarem o desempenho do SGA para análise crítica,

buscando o aprimoramento do sistema.

b) Competência, treinamento e conscientização

Conforme a NBR ISO 14001:2004, a empresa - por meio da Alta Administração e

da Assessoria de Segurança, Meio Ambiente e Saúde - deve identificar a

conscientização, o conhecimento, a compreensão e as habilidades dos

funcionários, a fim de que estejam aptos a executar as tarefas determinadas. Ou

seja, a organização deverá identificar a necessidade de treinamento dos

colaboradores, assegurando que seus empregados que atuam em setores cujas

atividades tenham potencial de causar impactos ambientais significativos,

possuam as competências necessárias, considerando os aspectos de formação,

treinamento ou experiência.

O treinamento, a conscientização e a competência representam uma forma da

empresa confirmar que seus funcionários/colaboradores são conhecedores da

importância da concordância com a política ambiental através do cumprimento de

procedimentos e requisitos do SGA. Entretanto, leva-se em conta que os

problemas que ocorrem estão associados à falta de conformidade, originários de

treinamentos inadequados (MOHAMED apud SEIFFERT 2002, p. 226).

Portanto, é possível dividir as competências em três fatores fundamentais11:

1 – Educação → cada ocupação tem o seu nível de escolaridade exigida

e definida pelo Departamento de Recursos Humanos, disponibilizado na rede

corporativa da empresa;

2 – Treinamento → Será adequado à ocupação e de acordo com o

conhecimento/escolaridade do funcionário;

3 – Experiência → a empresa deve exigir experiência prévia na

função/cargo, sendo o tempo de experiência definido como um dos critérios de

seleção/recrutamento. 11 Manual de Sistema de Gestão Ambiental da Companhia Siderúrgica de Tubarão – CST/Arcelor Brasil.

Page 89: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

89

O treinamento visa assegurar tanto a conscientização das questões ambientais

quanto a competência para realizar as tarefas necessárias para a sua

administração. A identificação das necessidades de treinamento está sujeita à

compreensão do papel exercido por uma pessoa para alcançar objetivos e metas

ambientais e no SGA em geral.

c) Comunicação, Documentação e Controle de document os

A NBR ISO 14001:2004 cita que a comunicação, sendo ela interna ou externa, é

importante para a organização, pois assegura a eficácia da implementação do

SGA. Os métodos de comunicação interna podem compreender reuniões

regulares de grupo de trabalho, boletins informativos, quadro de aviso e intranet.

Com relação à comunicação externa, a organização deve levar em consideração

os pontos de vista e as necessidades de todas as partes interessadas. Os

métodos para realizar tal comunicação podem incluir relatórios anuais, boletins

informativos, páginas de internet e reuniões da comunidade.

Neste caso, a Via do Mar pode esquematizar a sua comunicação, levando em

consideração as decisões sobre grupos-alvo pertinentes (comunidade,

fornecedores, clientes, órgãos ambientas, etc), as mensagens e temas adequados

e a escolha dos meios de comunicação. Os tipos de comunicação mais comuns e

mais usados, segundo SEIFFERT (2002, p. 245) são:

1 – Organização x Público: boletins, relatórios anuais, folder de

divulgação do SGA, home page, anúncios em jornais, folhetos de associação de

classe, divulgação de um telefone para consultas e reclamações (usualmente o

SAC), reuniões e outros eventos abertos ao público e malas-diretas;

2 – Público x Organização: cartas, mensagens via e-mail, telefonemas,

reuniões;

3 – Organização x Colaboradores: informativos periódicos, folhetos,

murais, cartazes, reuniões, mensagens pelo correio eletrônico, intranet;

Page 90: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

90

4 – Colaboradores x Organização: formulário específico de comunicação

ambiental e correio eletrônico.

Portanto, a função principal da comunicação, seja ela interna ou externa, é definir

os fluxos de informações da política ambiental da empresa, podendo também ser

considerada como um fator determinante para o sucesso da implantação SGA.

Alguns recursos de comunicação podem ser efetivos na divulgação dos

programas da empresa não havendo limites para utilizá-los (SEIFFERT 2002, p.

248). São eles:

• Cartazes e placas;

• Quadros;

• Informativos periódicos e folders;

• Utilização do verso de holerite do colaborador;

• Papel de parede e protetor de tela para computadores;

• Através de películas autocolantes ou lâminas complementares a crachás

de funcionários e visitantes;

• Camisetas, etc.

No que se refere à documentação, a ISO 14001:2004 aconselha que haja um

detalhamento suficiente para descrever os elementos principais do SGA e sua

interação. Tais documentos devem fornecer a orientação sobre fontes de

informação, especificando o funcionamento das partes envolvidas no SGA, além

de estabelecer e manter as informações, em papel ou em meio eletrônico

atualizadas. O elemento mais significativo consolida-se na forma do manual de

gestão, o qual busca resumir as informações relativas aos procedimentos do SGA.

O manual atua como um índice do sistema, possibilitando a localização de

determinados itens para que possam ser acessados ou trabalhados.

SEIFFERT (2002, p. 257) sugere que alguns documentos, tais como Padrões

Técnicos e Operacionais, Registros, Legislação e Normas, devem ser mantidos

eletronicamente ou em disquetes com a devida identificação, proporcionando a

utilização quando necessário com facilidade.

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91

No caso da Via do Mar este arquivo será mantido e desmembrado em: Programas

e planos; Treinamentos; Legislação; Resultados de monitoramento e auditorias;

Documentos e licenças legais; Projetos de sistemas de controle; Inventário de

produtos perigosos, Normas e procedimentos.

No que diz respeito ao controle de documentos, a intenção é fazer com que a

organização estabeleça e mantenha procedimentos para o controle de todos os

documentos exigidos. A documentação deverá ser legível, datada e identificada,

mantida de forma organizada e retida por tempo especificado. O controle eficaz

desses documentos torna o processo de auditoria ordenado e eficiente.

Na escolha pela forma de controle de documentos a Via do Mar pode optar pelos

meios digital, físico ou uma integração de ambos. Dependendo de uma série de

fatores, tais como: disponibilidade de um software eficiente e seu custo para

aquisição, disponibilidade de assessoria especializada, grau de informatização da

empresa, número de usuários, nível de conhecimento de informática de cada

usuário, credibilidade do fornecedor do serviço de rede, além de adequar um

espaço para a instalação de um arquivo geral com os documentos impressos.

Ressalta-se a necessidade de controlar a circulação desses documentos,

observando o fato de que devem ser periodicamente analisados e revisados,

determinando a freqüência de análise para adequação contínua, datando a

revisão seguinte para que todos os usuários tenham conhecimento.

A forma mais comum de controlar a documentação é por meio de uma lista

mestra, surgindo assim duas diferentes possibilidades de identificá-los:

1. Estruturação de acordo com temas ambientais: onde são formados

grupos de trabalho para a elaboração de procedimentos baseando-se em

temas ambientais (resíduos, efluentes, emissões, recursos naturais).

2. Estruturação de acordo com os requisitos da norma: onde cada grupo

ficará incumbido da elaboração dos procedimentos operacionais associados

a cada requisito da norma ISO 14001.

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92

O objetivo é informar quais os documentos fazem parte do sistema, em que parte

da revisão se encontram, quais os setores estão utilizando e quantas cópias

possuem cada setor.

d) Controle operacional

A ISO 14001 aconselha avaliar quais as operações estão integradas aos aspectos

ambientais, identificando e garantindo que sejam administradas de modo a

controlar ou reduzir os impactos ambientais, atendendo os requisitos de sua

política ambiental e atingido seus objetivos e metas. O compromisso da Via do

Mar será planejar o controle operacional, incluindo a manutenção das atividades,

de forma a assegurar que sejam executadas sob condições específicas.

É recomendável, neste caso, que esses procedimentos sejam elaborados a partir

de um planejamento operacional, que é desenvolver uma planilha de identificação

de aspectos e impactos ambientais, que serão identificados numa série de

procedimentos, os quais deverão ser elaborados e associados diretamente a

impactos ambientais resultantes de atividades operacionais específicas. Tais

procedimentos, por apresentarem natureza operacional, são mais específicos em

determinados departamentos da empresa (SEIFFERT, 2002, p. 274).

A Via do Mar poderá realizar o controle operacional através de procedimentos

documentados abrangendo situações, onde sua ausência possa causar desvios

em relação a sua política ambiental e seus objetivos e metas. Será necessário que

o treinamento, nos procedimentos operacionais, seja aplicado ao setor

administrativo e produtivo da empresa, assegurando que a execução das

atividades, os cuidados e ações preventivas e corretivas com relação ao meio

ambiente estejam contextualizadas, da seguinte forma:

a. No setor administrativo – assegurar a qualidade e a segurança dos

processos propostos na política ambiental e aos objertivos e metas

do SGA, estabelecendo diretrizes de gerenciamento e destinação

final de produtos e resíduos, do controle ambiental de fornecedores e

serviços terceirizados, além de treinamentos onde serão abordados

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93

assuntos relacionados ao SGA, palestras, quadros de aviso,

cartazes, exercícios simulados, cartilha de código de conduta, etc

• No setor produtivo – executar as diretrizes impostas pelo

procedimento operacional, garantindo a qualidade e a segurança dos

processos.

É pertinente que o controle operacional tenha início com as atividades já

padronizadas, incluindo parâmetros de controle necessários para garantir à

conformidade ambiental gerenciando os resíduos gerados, a qualidade da água, a

qualidade do ar, aspectos significativos identificados, manutenção, atuação junto a

fornecedores e otimização do uso de recursos.

e) Preparação e resposta à emergência

Após estabelecer e manter procedimentos para identificar e atender a acidentes e

situações de emergência, além de prevenir e diminuir os impactos ambientais que

possam estar associados a eles, a Via do Mar analisará e revisará, quando

necessário, seus procedimentos de preparação e resposta à emergências, de

preferência após ocorrência de acidentes ou situações de emergências, testando

periodicamente os procedimentos.

Nesse plano de emergência deverão ser descritos as funções de cada tipo de

evento, considerar o inter-relacionamento dos recursos disponíveis, as formas de

racionamento de outras atividades e os incidentes que surjam ou que possam

surgir como conseqüência de condições anormais de operação e acidentes e

situações potenciais de emergência (DIAS REIS 2002, p. 79).

A capacidade de agir corretivamente bem como preventivamente à sua

ocorrência, buscar diminuir os impactos ambientais ocorridos, além de atuar na

causa básica que o provocou, tomando as medidas necessárias de modo a evitar

que venha a se repetir. Assim, na opinião de CULEY apud SEIFFERT (2002, p.

285), devem-se considerar alguns preceitos básicos no decorrer da preparação

para atendimento a acidentes ou situações de emergência:

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94

1. Orientação para novos empregados: uma orientação inicial para

apresentação do programa de emergências, com orientações básicas

quanto ao procedimento de evacuação, comunicação inicial em situação

de perigo, e um ponto específico que inclui equipamentos para resposta

a emergência.

2. Avaliações de risco: identificação dos equipamentos que serão

necessários para os diferentes tipos de emergência.

3. Sistemas de pesquisa e avaliação de emergência: após ter avaliado o

tipo e risco enfrentado, será necessário ter uma idéia do tipo de

equipamentos necessários para resposta a situações de emergência

detectadas.

4. Treinamento: estando o equipamento necessário disponível no lugar

correto é necessário o treinamento de pessoal para a sua adequada

utilização.

Com base no exposto, a Via do Mar poderá constituir sua estrutura de

atendimento a situações de emergência utilizando os seguintes itens:

1. Caracterizar fisicamente a empresa, definindo as dimensões do prédio

administrativo e das câmaras frigoríficas;

2. Descrever a infra-estrutura básica disponível para as atividades de

combate à emergência (treinamentos, sistema de alarme, sistema de

controle a incêndio, armazenamento dos resíduos, recursos externos

disponíveis e sua localização);

3. Identificar os cenários de emergência agrupados, com o objetivo de

elaborar planos de atendimento a emergência específicos;

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95

4. Atribuir responsabilidades respeitando a estrutura organizacional da

empresa;

5. Elaborar um fluxograma de ações associadas às emergências;

6. Realizar simulados de emergência, visando o treinamento específico de

pessoal quanto ao uso de equipamentos de emergência e

procedimentos de primeiros socorros, além de acidentes com os

resíduos sólidos e líquidos gerados que possam, por ventura, acarretar

danos à comunidade do entorno.

5.3.4 – Verificação e Ação Corretiva

a) Monitoramento e medição, avaliação do atendiment o a requisitos

legais.

Os aspectos ambientais devem ter suas características medidas regularmente e

comparar seus resultados aos padrões legais aplicáveis. O monitoramento e a

medição são requisitos contínuos e abrangentes em um sistema eficiente que

depende da utilização de indicadores de desempenho úteis e confiáveis.

O monitoramento em escala de prioridade facilitará identificar os aspectos

ambientais que se referem aos parâmetros de desempenho que estão associados

a requisitos legais. Conforme o desempenho ambiental vai melhorando em relação

a estes parâmetros de monitoramento, a empresa, posteriormente, identificará

outros que podem ser eleitos tendendo à melhoria contínua. (SEIFFERT, 2002, p.

296).

Para atender a este requisito, a Via do Mar, poderá elaborar um plano de

monitoramento e medição definindo cada parâmetro que será monitorado,

podendo constar:

1. Aspecto/impacto ambiental significativo (poluição do solo, água e ar,

destinação incorreta dos resíduos, pesca predatória, etc);

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96

2. Quando pertinente indicação da meta ao qual está associado bem como

o respectivo indicador de desempenho (reciclagem dos resíduos do

setor administrativo e produtivo, tratamento da água de limpeza das

câmaras frigoríficas, etc);

3. Local de coleta e método de coleta a ser empregado (utilização de

veículos especiais, câmara fria para os resíduos sólidos, etc);

4. Identificação do funcionário responsável (determinado pela Assessoria

de Segurança, Meio Ambiente e Saúde).

De acordo com a ISO 14001:2004 a empresa deverá ser capaz de demonstrar que

está apta a fazer a avaliação do atendimento aos requisitos identificados, incluindo

autorizações ou licenças aplicáveis. Para tanto a Via do Mar terá que avaliar de

forma contínua e por meio de diferentes instrumentos de monitoramento seus

requisitos legais, utilizando:

1- Relatório de monitoramento dos resíduos gerados e como estão sendo

destinados, os encaminhado ao órgão ambiental Federal, Estadual ou

Municipal;

2- Relatório de acompanhamento do cumprimento das condicionantes das

licenças ambientais;

3- Auditoria de conformidade legal e internas do SGA;

4- Reuniões específicas entre a Alta Administração e a Assessoria de

Segurança, Meio Ambiente e Saúde e os responsáveis pela auditoria

interna para avaliação dos requisitos impostos pela própria empresa.

b) Não-conformidade 12, ação corretiva e ação preventiva

O elemento Não-conformidade da norma ISO 14001:2004 é importante para o

contínuo desenvolvimento do SGA e do desempenho ambiental da instituição. O

12 Uma não-conformidade é um desvio a uma dada especificação ou a um critério estabelecido para o SGA. Ela também pode ser um desvio a uma determinação expressa pela Norma ISO 14001 (requisito).

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97

objetivo é analisar por que deu errado e realizar alterações para que haja menos

probabilidade de dar errado novamente.

A identificação e tratamento de não-conformidades poderão ser identificados pela

própria Via do Mar, ou por órgãos ambientais, em reuniões de análise crítica e a

partir de avaliação de atendimento legal, em inspeções ambientais e nos relatórios

de auditorias internas e externas. Possibilitando verificar uma maneira para

detectar eventuais tendências do sistema, permitindo implantar ações preventivas

que impeçam a ocorrência de problemas futuros.

SEIFFERT (2002, p. 300), propõe uma lista de atividades que possibilitará a

identificação das não-conformidades num SGA:

b. Periodicidade e registros de análise crítica pela alta administração;

c. Comunicações ambientais internas ou externas inadequadamente

tratadas;

d. Atividades de monitoramento e medição sendo realizadas em

desacordo com as especificações definidas;

e. Atividades de controle operacional em geral;

f. Atendimento a situações de emergência;

g. Problemas associados à falta de cumprimento de leis e normas

ambientais;

Tendo como base a lista de atividades proposta, a Via do Mar poderá avaliar a

tendência de adequar outras atividades, que atuariam diretamente na identificação

das não-conformidades, quais são:

1. Revisar o projeto;

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98

2. Treinamento e certificação de competência;

3. Grupos de ações corretivas e de melhoria;

4. Tratamento de reclamação de clientes descritas em relatórios

apropriados;

Assim, a empresa estará apta a identificar não-conformidades reais, que

resultarão em processos de ação corretiva, bem como as não-conformidades

potenciais podendo resultar em ações preventivas.

c) Controle de registros e Auditoria interna

A empresa deverá estabelecer e manter, de acordo com a norma ISO 14001:2004,

procedimentos de identificação, de armazenamento, de proteção, de recuperação,

de retenção, de descarte, treinamento e as conclusões de auditorias e análises

críticas.

Gerenciar adequadamente os registros será parte essencial do SGA. Os registros

estarão: arquivados em local apropriado, onde poderão ser facilmente lidos e

entendidos; em mensagens claras e objetivas; fácil localização, caso seja

necessário a sua utilização; protegidos contra danos ou perda e com período de

retenção pré-estabelecido e registrado.

No caso da Via do Mar, a implantação do sistema de controle de registros será de

forma centralizada, onde todos os registros gerados serão indexados e

controlados através de uma lista de registros, facilitando assim o acesso aos

registros.

A empresa deverá estabelecer e manter um programa e procedimentos para

auditorias periódicas do seu SGA, utilizando-se de uma lista de verificações que

deverá determinar se o sistema está em harmonia com as conformidades

Page 99: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

99

planejadas, se está sendo implantado e mantido e fornecer informações, à Alta

Administração, dos resultados das auditorias.

Portanto, os procedimentos de auditoria deverão levar em conta o contexto de

aplicação, a freqüência, as metodologias, as responsabilidades e requisitos que

compõem a realização de auditorias e a apresentação de resultados. A auditoria

interna é um importante instrumento de verificação e manutenção do sistema

como um todo e constitui um passo fundamental para as melhorias.

Para uma empresa de pequeno porte, no caso a Via do Mar, o interessante é que

haja um plano anual de auditorias, pois permitirá a empresa desenvolver um

relatório com o número de não conformidades detectadas na auditoria realizada

anteriormente, bem como medir a eficiência das ações corretivas tomadas.

Referente ao período em que as auditorias devem acontecer, entende-se que a

empresa durante a implementação do seu SGA realizará uma auditoria a cada

seis meses. Estima-se que a auditoria aconteça nesse intervalo de tempo em

função da complexidade do sistema em implantação que deve levar em conta a

freqüência, as metodologias, as responsabilidades e requisitos que compõem a

realização de auditorias e a apresentação de resultados.

5.3.5 – Análise Crítica

A norma ISO 14001:2004 estabelece que a empresa deverá analisar o SGA, em

intervalos planejados, sendo em um período mínimo de 6(seis) meses ou quando

julgar necessário, assegurando sua contínua adequação, pertinência e eficácia.

Nessa análise deverá incluir a avaliação de oportunidades de melhoria e a

necessidade de alterações no SGA, inclusive da política ambiental e dos objetivos

e metas, originando relatórios que deverão ser mantidos e preservados para

consultas e análise futuras.

A Alta Administração da Via do Mar executará reuniões de análise crítica, nas

quais deverão estar presentes:

Page 100: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

100

• O Diretor Presidente;

• Os Diretores dos setores pertinentes às atividades, produtos e serviços;

• Os Gerentes de Departamentos;

• O Responsável pela Assessoria de Segurança, Meio Ambiente e Saúde.

O anexo da ISO 14001 recomenda que a análise crítica inclua os seguintes itens:

o resultado das auditorias internas; nível de atendimento aos objetivos e metas;

adequação do SGA em relação a mudanças de condições e preocupações das

partes interessadas.

Cabe à Assessoria de Segurança, Meio Ambiente e Saúde a responsabilidade de

planejar, coletar informações e registrar os resultados pertinentes à execução do

SGA, buscando a melhoria contínua do sistema.

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101

6. Considerações Finais

A partir da década 70, é possível identificar uma preocupação constante por parte

dos governos com as questões ambientais, assim mesmo, observa-se que a

relação ambiente e empresa, transformou-se em tema cada vez mais importante

de política pública e de estratégia de negócios. Já a partir da década de 80 e início

dos anos 90, as melhorias ambientais eram resultado de regulamentações, nesse

sentido, a série ISO 14000 foi criada pela Organização Internacional de

Normalização - ISO e define os elementos de um SGA, constituindo o único

padrão normativo sobre sistemas de gestão ambiental.

Portanto, a abordagem conceitual apresentada neste trabalho mostrou-se

apropriada na elaboração de um modelo de implantação de Sistema de Gestão

Ambiental, seguindo o modelo normativo da ISO 14001. Possibilitou, também,

esquematizar e identificar os objetivos e metas ambientais, além de contextualizar

a política ambiental da empresa.

A contribuição da pesquisa documental e as entrevistas realizadas com os

profissionais da Via do Mar Pescados Ltda., foram importantes no

desenvolvimento do trabalho, pois possibilitaram a caracterização do objeto de

estudo e a elaboração da proposta e adequação contínua do modelo, identificando

possíveis soluções, promovendo reavaliação e readequação à realidade da

empresa conforme as suas necessidades.

No decorrer da pesquisa observou-se que as organizações ao planejar a

implantação de um SGA, deveriam utilizar como base as normas da ISO 14000.

Com a aplicação destas normas, a empresa estaria definindo os elementos-

chaves que constroem um SGA; desta forma, os objetivos básicos do sistema de

gestão aumentariam a satisfação do cliente nos produtos ou serviços oferecidos,

possibilitando a conquista de novos mercados.

Como ponto de partida, no caso da Via do Mar, pode-se dizer que a educação

ambiental, aplicada aos funcionários, estabelecerá um importante passo para a

Page 102: Sistema de Gestão Ambiental Uma Proposta Para Implementação Na Empresa Via Do Mar Pescados

102

elaboração da política ambiental, consolidado seus objetivos e metas através

de um Sistema de Gestão Ambiental. Contudo, é sabido que a motivação

depende exclusivamente da percepção da empresa na necessidade de

adequação de suas atividades, produtos e serviços à legislação norteadora do

sistema.

Ao identificar e administrar os efeitos ambientais produzidos pelas atividades

produtivas, a Via do Mar Pescado Ltda, promoverá a harmonia entre o interesse

público e o os usuários das normas, onde o meio ambiente se alonga do interior

da organização até o sistema global, identificando seus aspectos/impactos

ambientais e promovendo, através da melhoria contínua, um desempenho

ambiental aceitável. Contudo um SGA, se bem instruído, fornece as medidas

necessárias para o cumprimento do regulamento da legislação existente.

Na proposta apresentada à Via do Mar Pescados Ltda., pode-se estimar o volume

de recursos e a qualificação do pessoal apropriado em função do nível dos riscos

existentes e os objetivos da empresa com relação à preservação do meio

ambiente, conscientizando a Alta Administração de como utilizar o SGA com

eficácia. Apresentando-lhes elementos significativos que refletirão no desempenho

da empresa, tanto financeiramente, quanto publicamente.

Considerando que a empresa Via do Mar Pescados Ltda. foi idealizada por dois

associados de uma cooperativa de pescadores, atuando apenas no mercado

capixaba com a distribuição de pescados diretamente dos barcos para bares e

restaurantes da região, a qualificação de seus produtos permitiu a ampliação de

seus negócios, atendendo também a supermercadistas e até mercados de outros

estados.

Com base no levantamento realizado, pode-se afirmar que a Via do Mar Pescados

Ltda, ao conduzir suas atividades deverá considerar, sempre, a preservação do

meio ambiente, atentando para a aquisição de produtos ambientalmente corretos,

principalmente os pescados e mariscos. Além disso, a troca de informações com

as partes interessadas (governo, população, fornecedores, funcionários, etc)

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103

proporcionará à empresa definir suas decisões relevando seus aspectos

ambientais significativos.

Outro fator importante será atender em conformidade a legislação e às normas

ambientais vigentes, buscando uma atualização periódica e, assim mesmo,

procurar identificar os aspectos ambientais e definir seus objetivos e metas

ambientais. Lembrando que ao agregar tais conformidades ao seu processo, a

participação da Via do Mar Pescados Ltda. no mercado, regional ou nacional,

poderá se ampliar significativamente.

Por fim, para a empresa Via do Mar Pescados Ltda. estabelecer e implantar seu

SGA, a Alta Administração deverá instituir uma Divisão de Meio Ambiente, com

objetivo de planejar, coletar informações e registrar os resultados pertinentes à

execução, buscando a melhoria contínua de seu sistema, além de atuar como

fator de diferencial perante as empresas do mesmo ramo no mercado capixaba e

brasileiro. A Divisão de Meio Ambiente trabalhará em conjunto com todas as

outras unidades da empresa para atingir o objetivo de ser a primeira empresa do

mercado pesqueiro capixaba a obter certificação ISO 14001:2004.

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7. Referências Bibliográficas

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APÊNDICE 1

LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA DIAGNÓSTICO INICIAL

1- Há sistema de gestão de qualidade (SGQ) formalizado?

2- Existe um documento que descreva os principais elementos do sistema de

gestão da empresa e a interação entre eles?

3- A empresa possui uma política formalizada sobre gestão ambiental?

4- Os objetivos e metas estão formalizados?

5- Existem programas específicos para atingir as metas determinadas?

6- Existe procedimento que mantém a empresa atualizada a respeito da

legislação aplicável ao meio ambiente?

7- Os objetivos e metas incluem referências à preservação ambiental?

8- Os procedimentos de trabalhos existentes abordam aspectos relacionados

à preservação do meio ambiente?

9- Há procedimentos que incluem medições de algum aspecto ambiental?

10- A empresa conhece o volume de resíduos gerados por serviços em seu

procedimento de trabalho?

11- Antes da implantação da empresa no local, foram coletadas informações

específicas a respeito do entrono, que sirvam de premissas para as

atividades produtivas, tal como, proximidade de hospital ou escola?

12- Foram realizados treinamentos de educação ambiental envolvendo todos

os funcionários?

13- Os funcionários recebem alguma orientação que contribua para a redução

do desperdício de materiais ou do produto na execução das tarefas?

14- Os procedimentos para estocagem de insumos atuam preventivamente

com relação a algum impacto ambiental?

15- Existem procedimentos especiais para o manuseio e descarte dos resíduos

gerados?

16- Existe alguma coleta especial de resíduos?

17- É feito o reaproveitamento de algum resíduo?

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18- Buscam-se mercados para o reaproveitamento de seus resíduos?

19- Os resíduos do escritório administrativo são descartados em sacos de

plástico para a coleta pública?

20- Existem práticas para a gestão eficiente do uso da água?

21- Existe alguma ressalva no processo de aquisição que dê preferência ao uso

de produtos renováveis?

22- Existe alguma ressalva no processo de aquisição que dê preferência a

produtos provenientes de fornecedores de certificados ou selos ambientais?

23- Existe alguma ressalva no processo de aquisição que dê preferência para

produtos cuja embalagem gere menos resíduos?

24- A empresa já realizou estudos de impacto ambiental com a finalidade de

obter licenciamento ambiental?

25- São estabelecidos acordos com a vizinhança no que se refere aos períodos

de emissão de resíduos (líquidos ou sólidos), até mesmo fortes odores?

26- A empresa já recebeu solicitações ou reclamações da comunidade vizinha

com relação às suas atividades diárias?

27- A empresa já foi autuada por violação de alguma norma de proteção

ambiental? Se sim, quais as medidas que foram tomadas?

28- Há clientes (incorporadores) da empresa possuidores de sistema de gestão

ambiental?

29- Há pressão por parte de clientes e outras partes interessadas para a

implementação de um sistema de gestão ambiental?

30- As empresas concorrentes têm inserido práticas ambientais em suas

atividades?

31- A empresa conhece seus custos de produção para cada serviço?