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SIMULAÇÃO DA DINÂMICA OPERACIONAL DE UM PEQUENO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO: UM ESTUDO DE CASO Roberta Alves (UTFPR ) [email protected] Jose Airton Azevedo dos Santos (UTFPR ) [email protected] Edna Possan (UNILA ) [email protected] Carla Adriana Pizarro Schmidt (UTFPR ) [email protected] Este trabalho teve como objetivo desenvolver um modelo computacional para simular a dinâmica operacional de um pequeno restaurante universitário do tipo self-service. O sistema real modelado está localizado no Campus Medianeira da Universiddade Tecnológica Federal do Paraná. O modelo do tipo dinâmico, discreto e estocástico foi desenvolvido utilizando o software Arena®. Como parâmetro de comparação entre os dados obtidos a partir do sistema e gerados pelo modelo foi selecionado a variável tempo de espera na fila da balança. Para a validação do modelo foi utilizado análise de variância com 1% de significância. Não foram detectadas diferenças estatísticas entre os valores obtidos do sistema real e os gerados pelo modelo. Considerando-se esta e outras análises, foi concluído que o modelo aplica-se à finalidade para o qual foi desenvolvido. Palavras-chaves: (simulação computacional; Arena®; sistemas de serviço; restaurante universitário) XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

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SIMULAÇÃO DA DINÂMICA

OPERACIONAL DE UM PEQUENO

RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO: UM

ESTUDO DE CASO

Roberta Alves (UTFPR )

[email protected]

Jose Airton Azevedo dos Santos (UTFPR )

[email protected]

Edna Possan (UNILA )

[email protected]

Carla Adriana Pizarro Schmidt (UTFPR )

[email protected]

Este trabalho teve como objetivo desenvolver um modelo

computacional para simular a dinâmica operacional de um pequeno

restaurante universitário do tipo self-service. O sistema real modelado

está localizado no Campus Medianeira da Universiddade Tecnológica

Federal do Paraná. O modelo do tipo dinâmico, discreto e estocástico

foi desenvolvido utilizando o software Arena®. Como parâmetro de

comparação entre os dados obtidos a partir do sistema e gerados pelo

modelo foi selecionado a variável tempo de espera na fila da balança.

Para a validação do modelo foi utilizado análise de variância com 1%

de significância. Não foram detectadas diferenças estatísticas entre os

valores obtidos do sistema real e os gerados pelo modelo.

Considerando-se esta e outras análises, foi concluído que o modelo

aplica-se à finalidade para o qual foi desenvolvido.

Palavras-chaves: (simulação computacional; Arena®; sistemas de

serviço; restaurante universitário)

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos

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1. Introdução

A busca constante do homem por conforto e comodidade é um dos fatores que tem promovido

o crescimento do setor de serviços que atualmente é a área de maior crescimento econômico

no mundo. No mercado brasileiro um serviço que ocupa grande espaço é o setor de

alimentação, uma vez que é primordial para o desenvolvimento de todos os seres humanos,

fornecendo todas as substâncias necessárias para a manutenção da vida.

O restaurante self-service é um dos empreendimentos alimentícios característicos do mundo

moderno, bastante comum no Brasil. Vivendo a correria diária dos grandes centros urbanos,

os consumidores exigem comida pronta, variada, nutritiva, bem elaborada, na quantidade

escolhida, servida em ambiente confortável e com preço acessível. Essas características vêm

ao encontro do oferecidos por esse tipo de restaurante.

De origem inglesa, a palavra self-service significa , e é um tipo de restaurante predominante

em centros universitários do país. Entretanto, na maioria das vezes, esses empreendimentos

tendem a apresentar filas, uma vez que a chegada dos clientes ocorre em grupos e em um

curto espaço de tempo.

O fenômeno de formação de filas já é rotineiro na vida atual, ocorre em diversas aplicações,

como uma peça esperando para ser lixado ou polido (na indústria), um avião esperando para

decolar (em um aeroporto), e é claro uma fila de seres humanos esperando um serviço (como

em bancos, lotéricas,etc.) (BARBOSA et al., 2009).

De acordo com Arenales et al. (2007) as filas se formam em decorrência do aumento dos

consumidores e da incapacidade do sistema em atender a essa demanda. Assim, através de

técnicas de simulação, busca-se encontrar um ponto de equilíbrio que satisfaça os clientes e

seja viável economicamente para o provedor do serviço.

A simulação é uma técnica de solução de um problema pela análise de um modelo que

descreve o comportamento de um sistema usando um computador digital (BANKS, 2000). A

simulação de um modelo permite entender a dinâmica de um sistema assim como analisar e

prever o efeito de mudanças que se introduzam no mesmo. (FERNANDES, 2006)

Diante do exposto, este trabalho teve por objetivo implementar um modelo computacional

para simular a dinâmica operacional de um pequeno restaurante universitário do tipo self-

service.

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2. Fundamentação

A simulação tem sido cada vez mais aceita e empregada como uma técnica que permite aos

analistas dos mais diversos seguimentos verificarem ou encaminharem soluções com a

profundidade desejada, aos problemas com os quais lidam diariamente. A simulação

computacional permite que estudos sejam realizados sobre sistemas que ainda não existem,

levando ao desenvolvimento de projetos eficientes antes que qualquer mudança física tenha

sido iniciada (RYAN, 2006).

Prado (2009) revela que existem duas etapas para o estudo de simulação de sistemas. Na

primeira o analista deve construir um modelo, fornecer alguns dados e obter outros que sejam

idênticos ao sistema que está sendo estudado. A segunda consiste na mudança do modelo,

para que com base nos resultados obtidos, realizem-se análises, gerando recomendações e

conclusões.

O uso da simulação deve ser considerado quando uma ou mais das condições abaixo existirem

(FREITAS FILHO, 2008):

− Não há formulação matemática completa para o problema;

− Não há solução analítica para o problema;

− A obtenção de resultados é mais fácil de alcançar com a simulação do que com o

modelo analítico;

− Não existe habilidade pessoal para a resolução do modelo matemático por técnicas

analíticas ou numéricas;

− É necessário observar o processo desde o início até os resultados finais, mas não

necessariamente detalhes específicos;

− A experimentação no sistema real é difícil ou até mesmo impossível;

− É interessante observar longos períodos de tempo ou alternativas que os sistemas reais

ainda não possuem.

Segundo Law e Kelton (2000) as principais vantagens da simulação advém do fato que um

modelo criado pode ser utilizado inúmeras vezes, o qual não depende da disponibilidade do

sistema real para a realização de ensaios, nem incorre em custos para executar os

experimentos. Também pode conter simplificações com relação aos sistemas reais para que

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facilitem a modelagem e torne mais fácil a compreensão dos parâmetros abordados, desde que

os elementos desprezados não interajam com os parâmetros estudados com relação aos

resultados a serem avaliados. A simulação é mais fácil de aplicar que os modelos analíticos,

que por sua vez devem ainda ser muito simplificados para tornarem-se viáveis

matematicamente. Por fim, podem ser quase tão detalhados como os sistemas reais,

permitindo realizar ensaios num cenário muito similar ao real sem o ônus e o desgaste de ter

de interferir na rotina dos sistemas reais. Permite também um estudo detalhado de todas as

operações e características do sistema.

A construção de modelos exige treinamento e experiência prévia e nem sempre a

variabilidade de um sistema é bem captada e modelada, podendo levar a resultados

equivocados (LAW E KELTON; 2000). Entretanto, algumas soluções, tais como introdução

de geradores de números aleatórios, podem ajustar o modelo de forma a representar bem a

variabilidade. Ainda, destacam que a construção de modelos consome muito tempo. E busca

por tentar simplificar esse modelo para reduzir tempo pode levar a resultados insatisfatórios.

As linguagens de simulação foram criadas inicialmente objetivando a simulação de

equipamentos militares, nos anos de 1940 para testes de aviões e submarinos. Todavia em

1960, iniciou o uso dessas linguagens de simulação para o uso especifico como o caso do

Simula, SIMSCRIPT®, GPSS®, etc. E a maioria dos simuladores atuais foram desenvolvidos

de acordo com a plataforma dessas linguagens, como exemplo disso tem-se o software

Arena®, implementado na linguagem Siman (SILVA, 2007).

Dentre os pacotes de simuladores pesquisados, para realizar a simulação do sistema de

atendimento do restaurante universitário, optou-se por utilizar, neste trabalho, o software

Arena®, da Rockwell Software Corporation, por ser um dos softwares, de simulação discreta,

mais utilizado no mundo empresarial e acadêmico.

O Arena® é um ambiente gráfico integrado de simulação, que contém inúmeros recursos para

modelagem, animação, análise estatística e análise de resultados. A plataforma de simulação

Arena® possui as seguintes ferramentas (PRADO, 2010).

a) Analisador de dados de entrada (Input Analyzer);

b) Analisador de resultados (Output Analyzer);

c) Analisador de processos (Process Analyzer).

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Na Figura 1 apresenta-se o layout da animação do modelo, do restaurante universitário,

desenvolvido, neste trabalho, utilizando-se os recursos do software Arena®.

Figura 1 - Layout da animação do modelo

O Arena® de acordo com Kelton et al. (1998), é um software de simulação, que contém um

conjunto de blocos (ou módulos) capazes de descrever uma aplicação real através de

comandos de uma linguagem de programação. A modelagem neste é composta por elementos

básicos que definem quem, o quê, quando, onde e o como ocorre o processamento da entidade

na simulação. As entidades representam as pessoas, objetos, transações, etc, que se movem ao

longo do sistema.

3. Material e métodos

O presente trabalho realizado no restaurante universitário da Universidade Tecnológica

Federal do Paraná - Campus Medianeira trata-se de uma pesquisa aplicada que objetiva gerar

conhecimentos para aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos.

Desenvolvido por meio de uma pesquisa exploratória, que visa proporcionar maior

familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. No que

tange os procedimentos técnicos de pesquisa os adotados nesta, são de um estudo de caso

único nos quais todos os resultados são validos para a situação em estudo (TURRIONI E

MELLO, 2011).

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O método de modelagem e simulação foi adotado para o desenvolvimento dessa pesquisa. Um

estudo de modelagem e simulação exige um planejamento e o seguimento de uma

metodologia a fim de evitar o desperdício de tempo, dinheiro e resultados frustrantes, por isso

adotou-se uma metodologia para o desenvolvimento do estudo de acordo com o que propõem

Banks (2000) as etapas desta metodologia se encontra no anexo 1.

3.1. Coleta de dados

No planejamento, da coleta de dados, concluiu-se que seria necessário determinar as seguintes

variáveis:

− Tempos entre chegadas dos clientes;

− Tempos que os clientes levam, para servirem-se, na mesa de buffet;

− Tempos de atendimento na balança.

Segundo Chwif e Medina (2007) o tamanho da amostra deve estar entre 100 e 200

observações. O que esta de acordo com que foi coletado neste trabalho, em que durante o

horário de almoço foi coletado, mais de 150 amostras de cada uma das três variáveis em

estudo.

Estes dados foram analisados com a ferramenta Input analyzer (analisador de dados de

entrada) do software Arena®. Segundo Prado (2010) esta ferramenta permite analisar dados

reais do funcionamento do processo e escolher a melhor distribuição estatística que se aplica a

eles.

A simulação da dinâmica operacional do restaurante foi realizada com o software Arena®, e

os resultados analisados nas ferramentas Output Analyzer e Process Analyzer.

3.2. Definição do número de Replicações

Segundo Freitas Filho (2008), de uma maneira geral, a coleta de dados para a composição de

uma amostra a partir da simulação de um modelo pode ser realizada de duas formas:

a) Fazer uso das observações individuais dentro de cada replicação. Por exemplo, pode-se

simular o modelo do restaurante e utilizar o tempo que cada cliente esperou na fila da

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mesa do buffet para realizar uma estimativa do tempo médio de espera na fila. Neste

caso, o tamanho da amostra será igual à quantidade de clientes que passaram pela fila

ao longo do período simulado.

b) A segunda maneira de gerar a amostra é realizar n simulações (replicações). Assim,

cada replicação gera um elemento para a amostra. Uma vez que estamos lidando com

um sistema terminal no qual as condições iniciais e o período de simulação são fixos, a

melhor maneira de garantir que os valores da amostra sejam estatisticamente

independentes é obtê-los a partir de replicações independentes.

Neste trabalho, o número de replicações (n*) foi obtido através da Equação 01:

(01)

Onde:

n = número de replicações já realizadas;

h = semi-intervalo de confiança já obtido;

h* = semi-intervalo de confiança desejado.

3.3. Validação do Modelo

A validação tem por objetivo proceder à comparação de valores de variáveis geradas pelo

modelo com os obtidos do sistema real (RYAN, 2006). Para assegurar que os resultados deste

estudo tenham um efeito significativo na execução do procedimento de validação, para o

sistema em estudo, foi: (i) realizada uma comparação de médias por meio de análise de

variância (ANOVA); (ii) calculado o erro médio estimado pela equação 02

(MENNER, 1995).

(02)

Onde:

SE = erro médio estimado;

SR = valor obtido a partir do sistema real;

MD = média dos valores gerados pelo modelo;

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GLR = grau de liberdade considerando o número de replicações do modelo.

A análise de variância é um teste estatístico amplamente difundido entre os analistas, e visa

fundamentalmente verificar se existe uma diferença significativa entre as médias de dois ou

mais grupos (MONTGOMERY, 2005).

4. Resultados e discussões

4.1. Estudo de caso

O Restaurante Universitário, da UTFPR do Câmpus Medianeira, oferece almoço e jantar aos

seus clientes (discentes, docentes e técnicos administrativos da Instituição). Neste trabalho

estudou-se apenas o funcionamento do almoço, pois é o período de maior demanda do

restaurante.

Na Figura 2 apresenta-se o layout do restaurante, em que no espaço número 1 estão dispostas

as mesas (M). Este espaço conta com 33 mesas com 10 lugares cada, totalizando 330 lugares.

No espaço número 2 estão localizados os buffets. O buffet 01 está representado, na Figura 2,

como o conjunto A-B e o buffet 02 como o conjunto C-D-E-F.

Figura 2 – Layout

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Onde: A: Mesa talheres; B:Buffet; C: Mesa Talheres; D-E Buffet; F:Temperos; G:Caixa; H: Freezer; I: Balança;

J: Freezer; K: Balção; M: Mesas;

O fluxograma geral de todo o funcionamento do restaurante se encontra no anexo 02. E neste

pode-se verificar que para atender a demanda o restaurante conta com dois sistemas de buffet

self-service: o por quilo (representado no anexo 02 como buffet 02) e o buffet com preço fixo

subsidiado pelo governo, para os alunos carentes, pelo programa do bolsa permanência

(representado no anexo 02 como buffet 01).

Este trabalho teve como objeto de estudo o buffet 2, porque este buffet apresenta a maior

formação de filas e mais postos de trabalho envolvidos no sistema, por se tratar de um Buffet,

por quilo, conta com o posto de trabalho da balança.

A formulação do modelo partiu da observação direta do sistema, visando caracterizar a

dinâmica de suas operações e a organização de seus recursos. A fronteira do modelo foi

limitada às atividades de front Office, ou seja, apenas as atividades do serviço de atendimento

ao público. Isso implicou em não abranger as atividades de back-office não relacionadas à

entrega de serviços aos clientes presentes, e também ao funcionamento do sistema antes e

depois do horário de atendimento. Na observação realizada in loco identificou-se, que o

gargalo do sistema em estudo, está na capacidade de atendimento da mesa de buffet. Portanto,

o sistema analisado, neste trabalho, restringe-se ao fluxograma do sistema apresentado na

Figura 3.

Figura 3 - Fluxograma do sistema estudado

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O processo em estudo inicia no momento em que os clientes chegam ao restaurante

universitário. Em seguida, dirigem-se a mesa de buffet, com capacidade para 10 clientes ao

mesmo tempo, deve-se destacar que todas as operações de pegar bandeja, prato, talheres,

guardanapos e servir-se; foram consideradas com uma única operação (servir o alimento)

tanto na coleta de dados como na modelagem do sistema.

A seguir, os clientes deslocam-se para estação de pesagem. Nesta estação o cliente faz a

escolha da bebida e realiza o pedido da mesma. Simultaneamente é feita a pesagem dos

alimentos, que serão consumidos, através de uma balança eletrônica. Observa-se que as

operações de pesagem e entrega da bebida foram consideradas com uma única operação tanto

na coleta de dados como na modelagem do sistema. Depois de pesar os alimentos, os clientes

se deslocam para as mesas do restaurante. Após o almoço, alguns clientes se dirigem ao caixa

para pagamento, vale ressaltar que a maioria dos clientes possuem um sistema de credito. No

momento da pesagem o valor gasto é anotado pelo funcionário que atende na estação de

pesagem.

4.2. Análise estatística dos dados

Os dados obtidos da coleta de dados foram submetidos a uma análise exploratória. E são

apresentados na Tabela 1.

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Tabela 1 - Análise exploratória dos dados coletados no restaurante

Observa-se, nos dados apresentados na Tabela 1, que a variável Tempo na Fila do Buffet

apresentou a maior mediana e a maior média entre os dados coletados no restaurante. Já os

coeficientes de variação (105.86%, 40.27% e 42.41%) para as três variáveis coletadas

apresentam uma dispersão alta, possuindo uma elevada variabilidade em relação à média.

Após a análise exploratória, realizou-se a análise de correlação entre os dados, ou seja,

verificou, se há dependência entre os valores das amostras. No figura 04 apresenta-se, como

exemplo, a dispersão dos tempos entre chegadas dos clientes no restaurante. Neste gráfico

pode-se comprovar que não há correlação entre as observações da amostra. ou seja eles não

possuem qualquer tendência (não formam uma reta, uma curva, por exemplo), o que confirma

a aleatoriedade dos dados.

Figura 04 - Gráfico de dispersão dos tempos entre as chegadas de clientes

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4.3. Tratamento estatístico dos dados

Para uma análise preliminar do comportamento das observações, inicialmente optou-se por

plotar os dados em forma de boxplots, como esta apresentado na figura 05.

Figura 5 - Gráfico de dispersão dos tempos entre as chegadas de clientes

Na sequência aplicou-se a técnica de identificação de outliers (valores fora da normalidade)

apresentada na Tabela 2 (CHWIF; MEDINA, 2007). As razões mais comuns para o

surgimento desses valores são os erros na coleta de dados ou eventos raros e inesperados. Os

outliers considerados como extremos só foram descartados, das amostras, depois de uma

análise criteriosa de suas causas. Os valores julgados como possíveis de ocorrer foram

mantidos nas amostras.

Tabela 2 - Identificação de outliers

Na Tabela 2 Q1 e Q

3 são, respectivamente, os valores do primeiro e terceiro quartis, assim a

amplitude entre inter-quartil “A” é calculada pela diferença: A=Q3-Q

1.

Após a utilização da técnica de identificação dos outliers, o passo seguinte foi determinar as

curvas de distribuição teórica de probabilidades que melhor representem o comportamento

estocástico do sistema em estudo, através da ferramenta Input Analyzer do Arena®. Como os

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p-values dos testes de aderência: teste Qui-quadrado e do teste Kolmogorov-Smirnof são

maiores que o nível de significância adotado (0,1), concluiu-se que as distribuições,

apresentadas na Tabela 3, são as expressões que melhor se adaptaram aos dados coletados no

sistema.

Tabela 3 - Distribuição de probabilidade

4.4. Validação do Modelo Implementado

A comparação entre os valores obtidos do sistema real com as médias geradas pelo modelo

para a variável Tempo na Fila da Balança (TFBL) são apresentados na Tabela 4. Nesta tabela

apresenta-se, também, o erro médio estimado.

Tabela 4 - Dados do sistema real e do modelo

Ao ser aplicado a análise de variância, através da ferramenta de análise de dados do Microsoft

Excel (Tabela 5), a 1% de significância, na comparação das médias obtidas a partir do sistema

real e as geradas pelo modelo de simulação, para a variável Tempo na Fila da Balança, não

foram constatadas diferenças estatísticas. Pode-se observar, através dos dados apresentados na

Tabela 5, que F0 é menor que Fcrítico (F0=0,00497 enquanto Fcrítico= 7,011399).

Tabela 5 - Análise de variância

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Considerando as discussões apresentadas, pode-se afirmar que o modelo computacional

presta-se para os objetivos propostos neste trabalho.

4.5. Simulação de cenários

Para analisar o sistema, em estudo, foram construídos quatro cenários:

a) Cenário 1: Mesa de buffet para 8 Lugares;

b) Cenário 2: Mesa de buffet para 10 Lugares (Sistema Atual);

c) Cenário 3: Mesa de buffet para 12 Lugares;

d) Cenário 4: Mesa de buffet para 14 Lugares.

Nas Tabelas 6 e 7 e nos Figuras 6 e 7 apresentam-se os resultados obtidos, da simulação do

sistema em estudo, para os quatro cenários. Observa-se que os resultados foram obtidos após

40 replicações. Este número de replicações foi definido, com nível de confiança de 95%,

utilizando a ferramenta Output Analyzer do Arena®.

A Tabela 6 apresenta os valores máximos (Max) obtidos de simulação da Fila do Buffet.

Tabela 6 - Resultados da simulação para a fila do Buffet

Através dos resultados, apresentados na Tabela 6, conclui-se, inicialmente, que o cenário 4 é o

que gera melhores indicadores. Pode-se, também, observar que o tempo máximo de espera na

fila e o número máximo de clientes na fila do buffet (Figuras 06), para o cenário 2 (Cenário

atual), são considerados altos, para o intervalo de almoço.

Figura 06 - Gráfico dos resultados da simulação para a fila do buffet

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A Tabela 7 e o Figura 07 apresentam os valores médios (Med) e máximos (Max) obtidos de

simulação da Fila da Balança.

Tabela 7 - Resultados da simulação para a fila do Balança

Figura 7 - Gráfico dos resultados da simulação para a fila da balança

Através dos resultados, obtidos de simulação para fila da balança, constata-se que:

a) O número médio de clientes na fila da balança é considerado baixo para os cenários

simulados;

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b) Um aumento na capacidade da mesa de buffet para 14 lugares é impraticável, devido:

ao pequeno espaço destinado, no restaurante, para fila da balança e ao tempo máximo

de espera na fila da balança de 1,7 minutos (figura 08);

Figura 8 - Tempos máximos de espera na fila da balança

Considerando a análise dos resultados obtidos, pode-se afirmar que o cenário 3 é o melhor,

pois reduz para mais da metade o tempo máximo de espera da fila do buffet que atualmente é

de 3,6 minutos que passaria pra 1,43 minutos, e mais importante sem causar um grande

aumento (este aumento seria de 0,8810 para 1,36760 pessoas em média) de pessoas na fila da

balança, uma vez que o espaço no qual localiza-se a balança é pequeno um aumento muito

grande da fila seria impraticável.

5. Conclusões

De acordo com os resultados das análises procedidas para a validação do modelo

computacional desenvolvido, foi possível concluir que o mesmo pode ser aplicado para

simular a dinâmica operacional do restaurante.

Concluiu-se, também, por meio dos resultados obtidos de simulação, que a fila da mesa de

buffet é o “gargalo” do sistema em estudo. O tempo máximo de espera e o número de clientes

nesta fila são considerados altos para o tempo de intervalo de almoço. Observou-se, também,

que o cenário 3, em relação ao cenário atual apresenta menos clientes na fila do buffet e um

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número maior de clientes atendidos. Neste cenário, pensa-se desnecessária qualquer mudança

relacionada ao atendimento da balança. Portanto, sugere-se, como a melhor alternativa

estudada, a utilização de uma mesa para 12 lugares para atender os clientes do restaurante no

intervalo de almoço.

A aplicação da simulação computacional gerou um conhecimento adicional à cerca do

processo para todos os envolvidos e possibilitou, também, a identificação de oportunidades de

melhora para o sistema de atendimento aos clientes do restaurante.

REFERÊNCIAS

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operacional. 6 ed. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2007

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Produção (ENEGEP), 29, Salvador: Anais eletrônicos... 2009.

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York: McGraw-Hill, 1998.

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McGraw-Hill, 1991.

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Anexo01: Etapas para um estudo de modelagem e simulação

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Fonte: Banks (2000)

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Anexo 02 - Fluxograma do funcionamento do RU no horário de almoço

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Aguarda vez na

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Aguarda vez na

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Mesa

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Espera próximo

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Espera próximo

cliente

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