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SFI 5800 Espectroscopia Física Espectroscopia Infravermelha: sólidos Prof. Dr. José Pedro Donoso Universidade de São Paulo Instituto de Física de São Carlos - IFSC

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Page 1: SFI 5800 Espectroscopia Física Espectroscopia ...donoso/espectroscopia/Infravermelho_solidos.pdf · Kittel: Introdução à Física do Estado Sólido. A espectroscopia infravermelha

SFI 5800 Espectroscopia Física

Espectroscopia Infravermelha: sólidos

Prof. Dr. José Pedro Donoso

Universidade de São Paulo

Instituto de Física de São Carlos - IFSC

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Espectroscopia Infravermelha : sólidos

1 – Espectros vibracionais cristais moleculares

Exemplos: calcita CaSO4 ·2H2O

K2CrO4 e K2PtBr4

2 – Cristais iônicos: banda de absorção no infravermelho

Exemplo: LiF

3 – Espectroscopia Infravermelha em semicondutores

Transição direta: determinação do gap de energia

Gap de energia do Teluro

Espectros de excitons

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As bandas observadas nos espectros vibracionais de sólidos se dividem em:

1 - Modos internos (movimento dos átomos dentro da molécula)

2 - Modos externos

Bandas observadas em baixas frequências são chamadas de modos externos ou

modos de rede (lattice mode). Estes modos resultam dos movimentos dos íons e

moléculas, ums em relação aos outros

Os métodos utilizados para análizar estes espectros são:

1 - Site group analysis, empregado quando se conhece a simetria do sitio do íon ou

da molécula. Os modos de rede resultam das vibrações individuais dos íons ou das

moléculas. Se aplica para cristais moleculares

2 – Factor group analysis: Neste caso há acoplamento entre as vibrações. Todas as

oscilações na celda unitária contribuim para as vibrações observadas

Espectros Infravermelhos em sólidos cristalinos

Carter: J. Chem. Educ. 48, 297 (1971); Straugham & Walker, Spectroscopy. Vol 2

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Bandas observadas em estado gasoso

podem aparecer desdobradas no estado

sólido por causa da baixa simetria local da

mólecula na rede cristalina (site group

splitting effects) ou pelo acoplamento com

vibrações de outras moléculas (correlation

field splitting effects) Fig. 4.35(a)

Os modos de rede (lattice mode) são

subdivididos em modos traslacionais,

Fig 4.35(b) e modos rotacionais ou

libracionais Fig. 4.35(d). Estes modos

aparecem na região de baixas frequências

(ν < 800 cm-1).

Bandas infravermelhas em sólidos

Carter: J. Chem. Educ. 48, 297 (1971)

Straugham & Walker, Spectroscopy. Vol 2

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Exemplo: espectro vibracional da calcita CaSO4 ·2H2O

Nudelman & Mitra, Optical properties of solids. Chap. 14

Espectros IR modo de trasmissão e de reflexão

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A calcita contém três grupos estruturais:

1 – íons monoatómicos Ca2+

2 – íons poliatómicos [SO4]2-

3 – moléculas de água, H2O

Os modos internos resultam dos íons [SO4]2- e as moléculas H2O

Os modos da rede resultam do movimento dos oito grupos estruturais, ums em

relação aos outros

Para determinar o número de modos internos considera-se primeiro a rede

composta unicamente pelo CaSO4, obtendo-se os modos fundamentais do grupo

SO4. A seguir se considera a rede composta unicamente por moléculas de água

CaSO4 ·2H2O

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O íon livre [SO4]2- tem simetria

tetraédrica

A figura mostra as espécies de

simetria e a identificação dos

modos normais de vibração de

uma molécula XY4 no grupo Td

O modo ν1(A1) e o modo

duplamente degenerado ν2(E)

são Raman ativos e IR inativos

Os dois modos triplamente

degenerados ν3(F2) e ν4(F2) são

ativos em Raman e IR.

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Frequências das bandas de absorção observadas no CaSO4 · H2O

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Desdobramento das bandas no cristal CaSO4 · H2O em relação as

observadas no estado líquido ou gasoso

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Grupo de simetria do íon [CrO4]2- : Td

Modos normais de vibração do íon: 4

Exemplo: espectro vibracional do K2CrO4 sólido

Ref: Spectrochim. Acta 12, 403 (1958)

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A Figura mostra que:

1- no lugar das bandas do íon livre, no

estado sólido aparecem multipletes

2 - as bandas ν1 e ν2 aparecem no espectro

infravermelho do sólido apesar delas serem

inativas pelas regras de seleção do íon livre

3 – aparecem bandas em baixas

frequências (< 200 cm-1)

Estes três fatos são uma consequência da

Existência de sitios de diferentes simetria

para o íon CrO42- dentro do cristal, e a

presença de forças intermoleculares que

não existem na fase gasosa.

K2CrO4

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As espécies (B2g, Ag, etc) se

referem ao grupo D2h, de acordo

aos estudos de raios-X da

estrutura cristalina do composto

Factor group analysis

Straugham & Walker, Spectroscopy

Vol 2, Chapter 4.

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Exemplo: espectro vibracional do K2PtBr4

Sistema tetragonal

Grupo de simetria: D4h

Representação total (soma dos modos vibracionais,

Modos traslacionais da rede, modos traslacionais

acústicos e modos rotacionais):

( ) RTTvibN A +++Γ=Γ )(3

Figura: espectro da refletância infravermelha do K2PtBr4

com luz polarizada no eixo unico (espécies A2u) e os

parâmetros dielétricos calculados.

Referência: D.M. Adams in Cheetham & Day (ed.),

Solid State Chemistry: techniques (Oxford, 1987)

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Da representação total substraimos os três modos traslacionais acústicos TA = T(x,y,z)

que no grupo D4h associamos as espécies: A2u + Eu

Os modos ópticos consistem em contribuições de:

1 – modos internos do íon [PtBr4]2- : Γ(vib)

2 – modos traslacionais de rede dos íons K+ e [PtBr4]2- : T

3 – modos rotacionais do anion : R (associada as espécies: A2g + Eg em D4h)

O sitio 1a, onde o anion esta localizado, tem simetria D4h (i). Os modos de traslação

de dois íons K+ estão identificados na linha (ii). Finalmente: T = (i) + (ii) - TA

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Nenhum modo traslacional é ativo em Raman e nenhum modo rotacional é ativo no IR

Espécies de simetria:

Modos ν(Pt – Br) : A1g, B1g e Eu

In-plane deformation δ(Br – Pt – Br) : B2g, B1u e Eu

Out-of-plane deformation π(Br – Pt – Br) : A2u

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A luz do laser é polarizada (Ez) é a radiação

espalhada é coletada a 90o da direção de

incidência, com polarização paralela a x.

O momento de dipolo elétrico induzido nesta

experiência é: Px = αxzEz

A análise anterior mostra que αxz é auto-função

de Eg no grupo D4h, ou seja é um modo de

rotação do anion. Experimentos em x(zz)y e

x(yx)y geram os espectros A1g e B2g

Raman: geometria x(zx)y

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Para completar a identificação dos

modos Raman utiliza-se a geometria de

back-scattering. O momento de dipolo

elétrico induzido na figura é:

Py = αyyEy

A componente αyy é autofunção de A1g

no grupo D4h

Raman: geometria ( )xyyx

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Espectroscopia infravermelha no K2PtBr4

Todos os seis modos ativos no infravermelho (2A2u + 4Eu)

podem ser observados no material. Para identificar entre

estes modos, se mede o espectro de absorção (trasmissão)

em cristais orientados no eixo c (≡ z).

A luz polarizada paralela ao eixo c excita o modo A2u

A figura mostra o espectro de refletância do K2PtBr4 com luz

polarizada no eixo c.

Os modos δ(Br-Pt-Br) in-plane deformation (associadas a

espécie Eu) e π(Br-Pt-Br) out-of-plane deformation (A2u) são

observados a 129 e 128 cm-1, respectivamente.

D.M. Adams in A.K. Cheetham & D. Day (editors)

Solid State Chemistry: techniques (Oxford, 1987)

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Propriedades ópticas dos sólidos Polarizabilidade total:

1 - contribuição eletrônica

2 – contribuição iônica

3 – polarizabilidade dipolar

moléculas com momentos de

dipolo elétrico permanente.

Kittel: Introdução à Física do Estado Sólido

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A espectroscopia infravermelha fornece informações sobre as frequências de

vibração no cristal e sobre as forças que controlam estas vibrações

A descrição dos movimento dos átomos num potencial periódico requer a solução da

equação de onda no sistema periôdico. O resultado é que apenas certas frequências

podem propagar-se através da estrutura enquanto outras são proibidas: existe uma

relação entre a frequência (ω) e o comprimento de onda (λ) expressada pelo vetor de

onda k = 2π/λ.

A relação ωωωω - k geralmente não é linear: ela mostra uma dispersão (ondas de

diferentes frequências se propagam a diferentes velocidades). Este conjunto de k’s

correspondem aos autovalores da equação de Schrödinger. As correspondentes

frequências determinadas pela relação ωωωω - k fornecem os estados de energia do

sistema.

Vibrações da rede cristalina

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A absorção de energia é descrita pela densidade de estado:

Vibrações da rede

E

k

Num cristal de muitos átomos teremos um grande número de frequências agrupadas

e o termo da densidade de estados será uma função quase-coontínua, e o espectro

será um espectro de bandas

Desejamos determinar a frequência da onda da rede em termos do vetor de onda

que a carateriza. Quando a onda se propaga no cristal, planos inteiros de átomos

movem-se em fase com os deslocamentos, paralelos ou perpendiculares à direção

do vetor de onda.

Para os cristais que possuem mais do que um átomo em cada célula primitiva (NaCl,

CsCl, etc), para cada modo da polarização numa dada direção de propagação, a

relação de dispersão de ωωωω vs k possui dois ramos, conhecidos como o ramo acústico

e o ramo ótico.

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Modelo: cadeia linear unidimensional

de massas m e M separadas por uma

distância a ligadas por molas de

constante de força f. As equações de

movimento longitudinal de m e M são:

Vibrações de redes mono- e di- atômicas

Soluções:

( )nnn

n xxxft

xM 212122

2

2

2−+=∂

∂−+

( )122222

12

2

2 +++ −+=

∂nnn

n xxxft

xm

( ) ( )nkati

n Aetx2

2

+= ω

( ) ( )kanti

n Betx)12(

12

+++ = ω

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Substituindo, obtemos o sistema de equações

( ) 022 =++−− −fAeefBMA

ikaikaω

( ) 022 =++−− −fBeefAmB

ikaikaω

A solução, chamada de relação de dispersão,

relaciona a frequência ω com o vetor de onda k

21

22

2 41111

+=

Mm

kasen

Mmf

Mmfω

( )

++±−=

kaMmmMmM

kaMm

B

A

cos2

cos222

A razão das amplitudes:

BA =Em k = 0

ramo acústico

( )Bm

MA −= ramo ótico

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A natureza das vibrações da cada rama pode

ser determinada examinando a razão (A/B).

Nos fonons com comprimentos de onda grandes

(k ≈0) os átomos adjacentes se movimentam

todos juntos, como nas ondas elásticas (som).

Na rama ótica, átomos adjacentes vibram uns

contra os outros, porém o centro de massa

permanece fixo. Se os dois átomos possuem

cargas opostas, teremos um dipolo elétrico

oscilante que pode acoplar-se a componente

elétrica da radiação. Este é o modo responsável

pela absorção nos cristais iônicos.

8102

6002

)( ≈=<<≈=a

kIRkπ

λ

π

Por tanto k(IR) pode ser considerada ≈ 0. Em

K = 0 as freq. dos modos acústicos são nulas

Para a radiação IR, o vetor de onda é ordens

de grandeza menor que o vetor de onda no

limite da 1a zona de Brillouin (em cm-1):

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Espectro de absorção IR de cristais iônicos

O modelo classico unidimensinal prediz uma banda de

absorção na frequência de fonon ótico a k = 0.

+=

Mmf

11maxω

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Em materiais polarizéveis, como os cristais iônicos, as ondas longitudinas se comportam

de forma diferente que as tranversais e suas frequências de vibração são mais altas.

O valor de ωL pode ser obtido da relação de Lyddane, Sachs e Teller:( )( ) 2

20

T

L

ω

ω

ε

ε=

Kittel: Introdução à Física do Estado Sólido; Houghton & Smith: Infrared Physics

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Espectro infravermelho do LiF Constantes dielétricas:

ε(0) = 9.3

ε(∞) = 1.92

( )

−+=

221

ωωωε

T

BA

Em ω → ∞ : ε(∞) = A = 1.92

Para ω → 0 : B = 3.84ωT2

O zero de refletância ocorre em

λ0 ≈ 14.8 µ (675 cm-1)

ω0 = 2πc/λ0 = 1.27 × 1014 s-1

No zero da refletância: ε(ω0) = 1

⇒ ωT2 = 0.11ω0

2

ou seja ωT = 5.24 × 1013 s-1

(32.9 µ; 304 cm-1)

Kittel: Introdução à Física do Estado Sólido; Christman, Fundamentals of Solid State Physics

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Parte real (ε’) e parte imaginâria (ε’’) da constante dielétrica complexa do NaCl

D.M. Adams in Cheetham & Day (eds.) Solid State Chemistry: Techniques

Page 29: SFI 5800 Espectroscopia Física Espectroscopia ...donoso/espectroscopia/Infravermelho_solidos.pdf · Kittel: Introdução à Física do Estado Sólido. A espectroscopia infravermelha

Espectro de refletância IR do NaCl

Espectro calculado a partir da constante

dielétrica complexaEspectro observado. Mitsuishi et al.

J. Opt. Soc. Amer. 52, 14, 1962

D.M. Adams in Cheetham & Day (eds.) Solid State Chemistry: Techniques

Nudelman, Optical properties of Solids

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Espectro Raman do ZnSe

Em certos cristais, as regras de seleção

permitem os modos longitudinais óticos (L.O.)

em k = 0 serem ativos em Raman. Este é o

caso do ZnSe. O espectro mostra ambos

os modos óticos, o longitudinal LO (252 cm-1)

e o tranversal TO (206 cm-1)

Nudelman, Optical properties of Solids

Page 31: SFI 5800 Espectroscopia Física Espectroscopia ...donoso/espectroscopia/Infravermelho_solidos.pdf · Kittel: Introdução à Física do Estado Sólido. A espectroscopia infravermelha

Para redes diatômicas unidimensionais são

permitidos deslocamentos apenas na direção

da cadeia (ondas longitudinais). Em cristais tri-

dimensionais, há também duas ondas

tranversãis adicionais.

A identificação separada dos modos de

vibração em longitudinais e tranversais

somente é possível em certas direções de

simetria do cristal.

Se existirem p átomos na célula primitiva,

ocorrerão 3p ramos na relação de dispersão: 3

ramos acústicos e (3p -3) ramos óticos. No

germanio, p = 2, possui seis ramos: um L.A.,

um L.O., dois T.A. e dois T.O. Kittel: Introdução à Física do Estado Sólido

Estruturas tri-dimensionais

Page 32: SFI 5800 Espectroscopia Física Espectroscopia ...donoso/espectroscopia/Infravermelho_solidos.pdf · Kittel: Introdução à Física do Estado Sólido. A espectroscopia infravermelha

Curva de dispersão do KBr a 90 K

Woods, Phys Rev 131, 1025 (1963)

Cheetham & Day Solid State Chemistry: Techniques

Estruturas tridimensionais

Como as constantes de força

que governam os movimentos

são geralmente diferentes

dependendo da direção

do movimento, a relação de

dispersão será diferente

para os diferentes ramos.

T : tranverse

L : longitudinal

O : optical

A : acustical

k em unidades de π/a

As curvas de dispersão em

alguns sólidos tem sido

determinadas por experiências

de scattering de neutrons

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Curvas de dispersão e espectro de absorção do Si

realizada por Johnson (1959) antes das experiências de scattering de neutrons

Houghton & Smith, Infrared Physics

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Dispersão do índice de refração As propriedades vibracionais da rede

dos materiais iônicos determinam a

sua utilidade para componentes

opticos (prismas e janelas). O mais

importante é que não existam bandas

de absorção na região de interesse

Os cristais iônicos são particularmente

apropriados porque só tem uma banda

Intensa de absorção e podem ser

produzidos comercialmente.

A região onde (dn/dλ) é minímo, é

determina o limite prático para o uso

em prismas.

Exemplos: LiF: como absorve em 5.7µ

é um bom prisma abaixo desse limite.

NaCl: trasparente no UV e IR até 16 µ

UV V IR FIR

Houghton & Smith, Infrared Physics

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Absorção Infravermelha em semicondutores

Houghton & Smith, Infrared Physics

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Absorption edge

A uma certa frequência, equivalente ao gap

do material semicondutor, o cristal muda de

trasparente para opaco e o coeficiente de

absorção muda varias orden de grandeza.

A figura mostra a absorção ótica no InSb.

A transição é direta porque tanto a extremidade

da banda de condução quanto a extremidade

da banda de valência estão no centro da zona

de Brillouin, k = 0

A frequência ωg do início da absorção por

Transição direta determina a lacuna de energia

(gap) do semicondutor:

Kittel: Introdução a Física do Estado SólidoEg = ħωg

Page 37: SFI 5800 Espectroscopia Física Espectroscopia ...donoso/espectroscopia/Infravermelho_solidos.pdf · Kittel: Introdução à Física do Estado Sólido. A espectroscopia infravermelha

Determinação do gap de um semicondutor

Houghton & Smith, Infrared Physics

Mombelli: Processes Optiques dans les Solides

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Semicondutores

Houghton & Smith, Infrared Physics

Page 39: SFI 5800 Espectroscopia Física Espectroscopia ...donoso/espectroscopia/Infravermelho_solidos.pdf · Kittel: Introdução à Física do Estado Sólido. A espectroscopia infravermelha

Kittel: Introdução a Física do Estado Sólido

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ÉxcitonsOs espectros de absorção de refletância

muitas vezes apresentam uma estrutura

para as energias dos fotons imediatamente

abaixo do gap, onde esperariamos que o

cristal fosse trasparente. Esta estrutura é

causada pela absorção de um foton com

a criação de um exciton.

Um eletron pode permanecer ligado a um

buraco através da interação eletrostática

atrativa existente entre eles. O sistema

ligado eletron – buraco denomina-se um

éxciton. Ele pode mover-se atraves do

cristal transportando energia de excitação,

mas é eletricamente neutro.

Espectro de absorção do semicondutor GaAsa 21 K. O gap de energia: Eg = 1.52 eV. A energia de ligação do éxciton é de 3.4 meV. Kittel: Introdução a Física do Estado Sólido

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Níveis de energia de um éxciton criado num

processo direto. A energia de ligação dos

excitons pode ser medida (a) das transições

oticas a partir da banda de valência, (b) da

luminescência produzida pela recombinação

ou (c) da fotoionização dos éxcitons ao formar

portadores livres

Page 42: SFI 5800 Espectroscopia Física Espectroscopia ...donoso/espectroscopia/Infravermelho_solidos.pdf · Kittel: Introdução à Física do Estado Sólido. A espectroscopia infravermelha

Energias de ligação dos excitons

Quando um foton com energia superior ao gap de energia (Eg) for absorvido num cristal

ocorre a criação de um eletron livre e de um buraco livre. A formação do éxciton (sistema

ligado eletron – buraco) a energia caraterística do início da absorçào diminui pela energia

de ligação do éxciton, que tipicamente está no intervalo entre 1 meV e 1 eV.

Kittel: Introdução a Física do Estado Sólido

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Modelo para as energias de ligação de éxciton

A descrição matemática mais simples de um estado de éxciton é dada pelo chamado

modelo hidrogenoide. Considere um eletron na banda de condução e um buraco na banda

de valência, atraindo-se mutuamente pelo potencial coulumbiano:

onde r é a distância entre as partículas e ε é a constante dielétrica. Os níveis de energia

referidos ao topo da banda de valência são dados por uma equação de Rydberg

modificada do átomo de hidrogênio:

−=

22

0

222

4 1

32 n

eEE gn

εεπ

µ

h

onde n é o número quântico principal e µ é a massa reduzida formada pela massa efetiva

do eletron (me) e pela massa efetiva do buraco (mh)

( )εr

erU

2

−=

he mm

111+=

µ

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A energia do estado fundamental do éxciton é

obtida fazendo-se n = 1. Esta é a energia de

ionização do éxciton:

2

0

222

4

32 εεπ

µ

h

eEex −=

Como a energia de ionização do átomo de

hidrogênio é de -13.6 eV,

( )6.1332 22

0

22

4

2 ε

µ

επε

µ=

−=

h

emE e

ex

Exemplo: Ge ( ε = 16; me = 1.64; mh =0.04)

( ) ( ) 0021.06.1316

032.06.13

2===

ε

µexE

O valor experiental para a energia de ligação do germânio é de -0.0025 eV.

Kittel: Introdução a Física do Estado Sólido; Ibach & Luth: Solid State Physics

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O espectro de absorção do óxido de cobre

mostra uma série de linhas de éxcitons.

As energias dos níveis de éxciton

concordam com a equação de Rydberg

modificada com n > 2:

−=

22

0

222

4 1

32 n

eEE gn

εεπ

µ

h

O ajuste dessa expressão com as linhas

observadas é:

( )

−=−

2

1 80017508

ncmν

Fazendo ε = 10, encontra-se µ = 0.7

O termo 17.508 cm-1 corresponde ao

Gap de energia, Eg = 2.17 eV

Modelo hidrogenoide para os

níveis de éxcitons

Kittel: Introdução a Física do Estado Sólido

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Gap de energia num semicondutor tipo II : Teluro

O Teluro, com três átomos por célula unitária, foi considerado primeiramente como um

sistema de simetria C2v (Gaspar, 1957). Uma aproximação mais elaborada foi proposta

por H.B. Callen, com uma estrutura de forma de cadeias com simetria D4h (Callen, 1954)

Nussbaum, Teoria de Grupos Aplicada

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A figura mostra o espectro de absorção

no Infravermelho para duas polarizações:

uma com a componente de campo elétrico

da radiação incidente paralela ao eixo de

simetria (E || c) e outra perpendicular a

esse eixo (E ⊥ c).

Na geometria E ⊥ c, os dados indicam

um gap de 0.32 eV enquanto que na

geometria E || c, o gap é de 0.35 eV.

Para explicar estes resultados devemos

examinar a estrutura de bandas do Teluro

identificando as transições envolvidas

em cada caso.

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Geometria E || c

A representação da banda de valência formada pelos orbitais (px, py) é Eu (em D4h)

A representação da componente elétrica da radiação IR paralela a z é A2u

Examinamos o produto Kronecker associado com as representações para z e para (px,py):

00-20200-202A2u

×Eu

0020-200-202Eu

11-1-1-1-1-1111A2u

2σd

2σy

σh

2S4

i2C2’

2C2’C

22C

4E

Verifica-se que A2u× Eu = Eg

A função final na transição deve, então, pertencer a Eg. Os orbitais associados a Eg

são dyx e dxz. Estes orbitais formam a banda que está ligeiramente acima da parte

inferior da banda de condução. A transição desta geometria é então:

(px, py) → (dyx, dyz)

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Geometria E ⊥ c

A representação da componente elétrica da radiação IR ⊥ a z é Eu

Examinamos o produto Kronecker

0040400404E2×E

u

0020-200-202Eu

0020-200-202Eu

2σd

2σy

σh

2S4

i2C2’

2C2’C

22C

4E

Verifica-se que Eu× Eu = A1g + A2g+ B1g + B2g

A banda mais baixa das quatro possíveis é formada apartir dos orbitais dz2

pertencentes a A1g. Por tanto, a parte inferior da banda de condução é acessível aos

eletrons excitados com luz polarizada no plano (x,y). A transição desta geometria é:

(px, py) → (dz2)

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Geometria E || c

A banda formada pelos orbitais (dyz, dxz) se

encontra ligeiramente acima da parte inferior

da banda de condução. EGap = 0.35 eV

Geometria E ⊥ c

Os eletrons excitados com luz polarizada no

plano (x,y) alcamçam a parte inferior da

banda de condução. Este é o motivo de que

esta polarização corresponde uma menor

diferença de energia. EGap = 0.32 eV.