sessÃo ordinÁria da assembleia municipal de lisboa...

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------------------------ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA ------------------------ ----- SESSÃO ORDINÁRIA DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA, INICIADA NO DIA 22 DE FEVEREIRO E CONTINUADA NO DIA 1 DE MARÇO DE 2011. -------------------------------------------------------------------------------- ----------------------------- ACTA NÚMERO TRINTA E NOVE -------------------------- ----- No dia 1 de Março de 2011, reuniu na sua Sede, sita no Fórum Lisboa, na Avenida de Roma, a Assembleia Municipal de Lisboa, sob a presidência do Presidente em exercício, Excelentíssimo Senhor Nelson Pinto Antunes, coadjuvado pela Excelentíssima Senhora Deolinda Carvalho Machado, como Primeira Secretária, e pelo Excelentíssimo Senhor Doutor António Manuel Dias Baptista, como Segundo Secretário--------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Assinaram a “Lista de Presenças”, para além dos mencionados, os seguintes Deputados Municipais: ---------------------------------------------------------------------------- ----- Adolfo Miguel Baptista Mesquita Nunes, Alberto Francisco Bento, Aline Gallash Hall, Álvaro da Silva Amorim de Sousa Carneiro, Ana Bela Burt Magro Pires Marques, Ana Maria Gaspar Marques, Ana Rita Teles Patrocínio Silva, André Nunes de Almeida Couto, António José do Amaral Ferreira de Lemos, António Manuel, António Manuel de Freitas Arruda, António Manuel Pimenta Prôa, António Modesto Fernandes Navarro, António Paulo Duarte de Almeida, António Paulo Quadrado Afonso, Armando Dias Estácio, Artur Miguel Claro da Fonseca Mora Coelho, Belarmino Ferreira Fernandes da Silva, Cláudia Alexandra de Sousa e Catarino Madeira, Diogo Feijó Leão Campos Rodrigues, Diogo Vasco Gonçalves Nunes de Bastos, Ermelinda Lopes da Rocha Brito, Fernando Manuel Moreno D’Eça Braamcamp, Fernando Manuel Pacheco Ribeiro Rosa, Fernando Pereira Duarte, Filipe António Osório de Almeida Pontes, Filipe Mário Lopes, Francisco Carlos de Jesus Vasconcelos Maia, Francisco David Carvalho da Silva Dias, Gonçalo Maria Pacheco da Câmara Pereira, Hugo Alberto Cordeiro Lobo, Hugo Filipe Xambre Bento Pereira, Idália Maria Jorge Poucochinho Morgado Aparício, Inês de Drummond Ludovice Mendes Gomes, Inês Lopes Cavalheiro Ponce Dentinho de Albuquerque D’Orey, Ismael do Nascimento Fonseca, João Álvaro Bau, João Augusto Martins Taveira, João Cardoso Pereira Serra, João Diogo Santos Moura, João Manuel Costa de Magalhães Pereira, João Nuno de Vaissier Neves Ferro, João Paulo Mota da Costa Lopes, Joaquim Emanuel da Silva Guerra de Sousa, Joaquim Lopes Ramos, Joaquim Maria Fernandes Marques, John Law Rosas da Costa Jones Baker, Jorge Manuel da Rocha Ferreira, Jorge Telmo Cabral Saraiva Chaves de Matos, José António Nunes do Deserto Videira, José Filipe de Mendonça Athayde de Carvalhosa, José Joaquim Vieira Pires, José Manuel Rosa do Egipto, José Manuel Marques Casimiro, José Maria Bento de Sousa, José Maximiano de Albuquerque Almeida Leitão, José Roque Alexandre, Luís Filipe Graça Gonçalves, Manuel Luís de Sousa Silva Medeiros, Maria Albertina de Carvalho Simões Ferreira, Maria Cândida Rio Freitas Cavaleiro Madeira, Maria do Céu Guerra Oliveira e Silva, Maria Clara Currito Gargalo Ferreira da Silva, Maria da Graça Rezende Pinto Ferreira, Maria de Lurdes de Jesus Pinheiro, Maria Filomena Dias Moreira Lobo, Maria Irene dos Santos Lopes, Maria Isabel

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Page 1: SESSÃO ORDINÁRIA DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA ...1998-2013.am-lisboa.pt/fileadmin/ASSEMBLEIA_MUNICIPAL/AML/Ac… · ----- No dia 1 de Março de 2011, reuniu na sua Sede, sita

------------------------ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA ------------------------ ----- SESSÃO ORDINÁRIA DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA, INICIADA NO DIA 22 DE FEVEREIRO E CONTINUADA NO DIA 1 DE MARÇO DE 2011. -------------------------------------------------------------------------------- ----------------------------- ACTA NÚMERO TRINTA E NOVE -------------------------- ----- No dia 1 de Março de 2011, reuniu na sua Sede, sita no Fórum Lisboa, na Avenida de Roma, a Assembleia Municipal de Lisboa, sob a presidência do Presidente em exercício, Excelentíssimo Senhor Nelson Pinto Antunes, coadjuvado pela Excelentíssima Senhora Deolinda Carvalho Machado, como Primeira Secretária, e pelo Excelentíssimo Senhor Doutor António Manuel Dias Baptista, como Segundo Secretário--------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Assinaram a “Lista de Presenças”, para além dos mencionados, os seguintes Deputados Municipais: ---------------------------------------------------------------------------- ----- Adolfo Miguel Baptista Mesquita Nunes, Alberto Francisco Bento, Aline Gallash Hall, Álvaro da Silva Amorim de Sousa Carneiro, Ana Bela Burt Magro Pires Marques, Ana Maria Gaspar Marques, Ana Rita Teles Patrocínio Silva, André Nunes de Almeida Couto, António José do Amaral Ferreira de Lemos, António Manuel, António Manuel de Freitas Arruda, António Manuel Pimenta Prôa, António Modesto Fernandes Navarro, António Paulo Duarte de Almeida, António Paulo Quadrado Afonso, Armando Dias Estácio, Artur Miguel Claro da Fonseca Mora Coelho, Belarmino Ferreira Fernandes da Silva, Cláudia Alexandra de Sousa e Catarino Madeira, Diogo Feijó Leão Campos Rodrigues, Diogo Vasco Gonçalves Nunes de Bastos, Ermelinda Lopes da Rocha Brito, Fernando Manuel Moreno D’Eça Braamcamp, Fernando Manuel Pacheco Ribeiro Rosa, Fernando Pereira Duarte, Filipe António Osório de Almeida Pontes, Filipe Mário Lopes, Francisco Carlos de Jesus Vasconcelos Maia, Francisco David Carvalho da Silva Dias, Gonçalo Maria Pacheco da Câmara Pereira, Hugo Alberto Cordeiro Lobo, Hugo Filipe Xambre Bento Pereira, Idália Maria Jorge Poucochinho Morgado Aparício, Inês de Drummond Ludovice Mendes Gomes, Inês Lopes Cavalheiro Ponce Dentinho de Albuquerque D’Orey, Ismael do Nascimento Fonseca, João Álvaro Bau, João Augusto Martins Taveira, João Cardoso Pereira Serra, João Diogo Santos Moura, João Manuel Costa de Magalhães Pereira, João Nuno de Vaissier Neves Ferro, João Paulo Mota da Costa Lopes, Joaquim Emanuel da Silva Guerra de Sousa, Joaquim Lopes Ramos, Joaquim Maria Fernandes Marques, John Law Rosas da Costa Jones Baker, Jorge Manuel da Rocha Ferreira, Jorge Telmo Cabral Saraiva Chaves de Matos, José António Nunes do Deserto Videira, José Filipe de Mendonça Athayde de Carvalhosa, José Joaquim Vieira Pires, José Manuel Rosa do Egipto, José Manuel Marques Casimiro, José Maria Bento de Sousa, José Maximiano de Albuquerque Almeida Leitão, José Roque Alexandre, Luís Filipe Graça Gonçalves, Manuel Luís de Sousa Silva Medeiros, Maria Albertina de Carvalho Simões Ferreira, Maria Cândida Rio Freitas Cavaleiro Madeira, Maria do Céu Guerra Oliveira e Silva, Maria Clara Currito Gargalo Ferreira da Silva, Maria da Graça Rezende Pinto Ferreira, Maria de Lurdes de Jesus Pinheiro, Maria Filomena Dias Moreira Lobo, Maria Irene dos Santos Lopes, Maria Isabel

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Homem Leal de Faria, Maria João Bernardino Correia, Maria José Pinheiro Cruz, Maria Luísa Rodrigues das Neves Vicente Mendes, Maria Margarida Matos Mota, Maria Teresa Cruz de Almeida, Maria Virgínia Martins Laranjeiro Estorninho, Mariana Raquel Aguiar Mendes Teixeira, Miguel Alexandre Cardoso Oliveira Teixeira, Nuno Roque, Patrocínia da Conceição Alves Rodrigues do Vale César, Paulo Alexandre da Silva Quaresma, Paulo Miguel Correia Ferrero Marques dos Santos, Pedro Manuel Tenreiro Biscaia Pereira, Pedro Miguel de Sousa Barrocas Martinho Cegonho, Pedro Miguel Ribeiro Duarte dos Reis, Rita Susana da Silva Guimarães Neves e Sá, Rodrigo Nuno Elias Gonçalves da Silva, Rogério da Silva e Sousa, Rosa Maria Carvalho da Silva, Rui Jorge Gama Cordeiro, Rui Manuel Pessanha da Silva, Salvador Posser de Andrade, Valdemar António Fernandes de Abreu Salgado, Vítor Manuel Alves Agostinho, Sara Luísa Sousa Santos, Carla Almeida, Nuno Vasco Cruz de Almeida Franco, Pedro Paulo Machado Alves Mendes, Ana Maria Lopes Figueiredo Páscoa Baptista e João Capelo. ------------------------------- ----- Faltaram à reunião os seguintes Deputados Municipais: ------------------------------- ----- Ana Maria Bravo Martins de Campos, João Mário Amaral Mourato Grave, Maria Elisa Madureira de Carvalho, Maria Idalina de Sousa Flora, Vasco André Lopes Alves Veiga Morgado e Paulo Alexandre Justino Monteiro. ---------------------------------------- ----- Pediram suspensão do mandato, que foi apreciada e aceite pelo Plenário da Assembleia Municipal nos termos da Lei 169/99, de 18 de Setembro, com a redacção dada pela Lei 5-A/2002, de 11 de Janeiro, os seguintes Deputados Municipais:---------- ----- Maria Simonetta Bianchi Aires de Carvalho Luz Afonso (Presidente da AML), por um dia, tendo sido substituída pelo Deputado Municipal Nuno Franco (IND) ------- ----- António Pinheiro Torres (PSD), por um dia, tendo sido substituído pela Deputada Municipal Sara Luísa Sousa Santos. ------------------------------------------------------------ ----- José Alberto Ferreira Franco (IND), por um dia, tendo sido substituído pelo Deputado Municipal Pedro Paulo Mendes (IND). --------------------------------------------- ----- Rui Paulo Figueiredo, Renata Andreia Lajas, Paula Santos, António Maria Henrique, Maria Helena Sobral Sousa Ribeiro, Carla Almeida, Glória Teixeira e José Dias Ferreira, Deputados Municipais suplentes do PS, pediram a suspensão do mandato por um dia. (1 de Março de 2011). --------------------------------------------------- ----- Rita da Conceição Carraça Magrinho (PCP), por um dia, tendo sido substituída pela Deputada Municipal Ana Páscoa Baptista.------------------------------------------------ ----- Carlos Fernando Moreira de Carvalho (PCP), por um dia. ----------------------------- ----- José Luís Ferreira (PEV), de 28 de Fevereiro a 31 de Março de 2011, tendo sido substituído pela Deputada Municipal Cláudia Madeira. -------------------------------------- ----- Sobreda Antunes, João Gordo Martins e Cristina Serra, Deputados Municipais suplentes do PEV, pediram a suspensão do mandato durante o período de 28 de Fevereiro a 31 de Março de 2011. --------------------------------------------------------------- ----- Foram justificadas as faltas e admitidas as substituições dos seguintes Deputados Municipais, Presidentes de Junta de Freguesia: ----------------------------------------------- ----- Luís Filipe da Silva Monteiro (PS), Presidente da Junta de Freguesia de Santos-O-Velho, por Paulo Alexandre Monteiro. ------------------------------------------------------

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----- Alexandra Figueira (PS), Presidente da Junta de Freguesia da Encarnação, por Carla Almeida. -------------------------------------------------------------------------------------- ----- Carlos Lima (PCP), Presidente da Junta de Freguesia do Castelo, por João Capelo. ----------------------------------------------------------------------------------------------- ----- A Câmara esteve representada pelo Senhor Presidente e pelos Srs. Vereadores: Manuel Salgado, Maria João Mendes, Graça Fonseca, Catarina Vaz Pinto, Manuel Brito, Fernando Nunes da Silva, Sá Fernandes e Helena Roseta. --------------------------- ----- Estiveram ainda presentes os Srs. Vereadores da oposição: Victor Gonçalves, António Monteiro e Lívia Tirone. --------------------------------------------------------------- ----- Às 15 horas e 20 minutos, constatada a existência de quorum, o Senhor Presidente em exercício declarou aberta a reunião, segunda da Sessão Ordinária iniciada no dia 22 de Fevereiro de 2011. ------------------------------------------------------- ------------------------- CONTINUAÇÃO DA ORDEM DO DIA -------------------------- ----- PONTO 1 - APRECIAÇÃO DA INFORMAÇÃO ESCRITA DO PRESIDENTE DA C.M.L. ACERCA DA ACTIVIDADE MUNICIPAL , FEITA NOS TERMOS DO DISPOSTO NA ALÍNEA E) DO N.º 1 DO ART.º 53.º, DA LEI N.º 169/99, DE 18 DE SETEMBRO, COM A REDACÇÃO DADA PELA LEI N.º 5-A/2002, DE 11 DE JANEIRO;----------------------------------------------------- ----- O Senhor Presidente da Câmara disse que gostaria, em primeiro lugar, de sublinhar a conclusão de duas obras da maior importância para o futuro da Cidade, da frente ribeirinha, da Baixa e em particular do Terreiro do Paço. ---------------------------- ----- Por um lado, a conclusão das obras de construção do grande interceptor que, ligado à ETAR de Alcântara, eliminava o despejo de afluentes sem tratamento no Rio Tejo e a entrada em funcionamento da ETAR de Alcântara. --------------------------------- ----- Quase ao mesmo tempo concluíram-se também as obras realizadas através da ATL para a requalificação do Pátio da Galé, a abertura da Sala do Risco e o início da abertura das primeiras esplanadas no Terreiro do Paço. -------------------------------------- ----- O Senhor Presidente da Junta de Freguesia de São Nicolau, que honrara com a sua presença na passada sexta-feira, pudera testemunhar a importância que tinha para toda a Baixa da Cidade a inauguração da primeira esplanada no Terreiro do Paço. Até ao final do mês, após a realização no local da Moda Lisboa, entrariam em funcionamento dois outros restaurantes que já estavam neste momento concessionados. ------------------------------------------------------------------------------------- ----- Isso só sublinhava a importância e a urgência de se concretizar a entrada do Município de Lisboa no capital da Frente Tejo, de forma a dotar essa sociedade da capacidade e da energia necessárias para que o conjunto da sua intervenção pudesse ter um sucesso semelhante àquele que vinha tendo a intervenção no âmbito da ATL. Era por isso importante que a Assembleia Municipal concluísse a apreciação da proposta para entrada do Município de Lisboa no capital da Sociedade Frente Tejo. ---- ----- Queria também chamar a atenção dos Senhores Deputados Municipais para que cerca de uma semana antes, juntamente com a Senhora Vereadora Helena Roseta, tivera oportunidade de fazer a entrega das primeiras chaves para o realojamento dos moradores do Bairro Padre Cruz. Tinha sido um momento importante, testemunhado

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pelo Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Carnide, onde se iniciara a concretização efectiva do processo de reabilitação do Bairro Padre Cruz.----------------- ----- O início do realojamento dos moradores da zona de alvenaria do Bairro Padre Cruz, assim como a conclusão do processo de realojamento do Bairro dos Artistas de Circo, eram dois factos da maior importância, do trabalho desenvolvido pela DMH e em particular pela Senhora Vereadora Helena Roseta, que teriam na sessão de Câmara da próxima semana um impulso acrescido com a apreciação de cinco regulamentos importantes para a gestão e a definição de toda a política habitacional do Município de Lisboa.------------------------------------------------------------------------------------------------ ----- Em terceiro lugar, na semana anterior a Câmara pudera apreciar um conjunto de planos de pormenor que prosseguiam o esforço que vinha sendo feito para concluir todo o processo de planeamento da Cidade de Lisboa. Permitia-se destacar dois, pela sua importância estratégica: o Plano da Boavista Nascente e o Plano do Vale de Santo António, ambos muito importantes.-------------------------------------------------------------- ----- Esse esforço prosseguiria já no próximo dia 16, com uma reunião extraordinária de Câmara para apreciação, para envio para debate público da versão final do Plano Director Municipal, de forma a que o calendário anunciado em Setembro, no início dos trabalhos, pudesse ser cumprido e de modo a que ainda na Primavera a proposta do PDM pudesse chegar finalmente à Assembleia Municipal para a sua apreciação final.--------------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Para além do PDM, também no final do corrente mês a Câmara seria chamada a apreciar, agora já para envio para a Assembleia Municipal, o Plano do Parque Mayer e ainda dois outros planos muito importantes, o Plano de Urbanização de Alcântara e o Plano de Pormenor de Carnide. ------------------------------------------------------------------- ----- Em quarto lugar, queria chamar a atenção para um conjunto de equipamentos municipais que finalmente encontraram forma de voltarem a funcionar. Um voltara já mesmo a funcionar, o Arquivo Histórico Municipal, que estivera anos encerrado ao público e que cerca de 15 dias antes pudera reabrir, sendo hoje acessível a todos os cidadãos e em particular aos estudiosos e ao público especializado, que encontrava no Arquivo Histórico Municipal um acervo da maior importância.----------------------------- ----- Três outros equipamentos do Município, abandonados havia muito tempo, viram finalmente a decisão da sua concessão aprovada na última reunião de Câmara. Referia-se às três piscinas históricas da Cidade de Lisboa, Olivais, Areeiro e Campo Grande, que ao fim de muitos anos de abandono encontraram finalmente um rumo que prometia resgatá-las ao abandono a que vinham estando votadas, através da sua concessão e da sua colocação à disposição das populações e da Cidade. ------------------ ----- Duas notas finais. Uma sobre a política de mobilidade. Estava em conclusão a obra de requalificação da Av. Duque de Ávila. Era um exemplo excelente do que tinha que ser o futuro da mobilidade na Cidade de Lisboa e a recuperação do espaço público para os cidadãos e a limitação da área de circulação automóvel ou de estacionamento automóvel. Era uma obra finalmente possível de realizar, após a conclusão da obra do metropolitano, e onde se criava espaço pedonal generoso, via

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ciclável, área de estacionamento e requalificava-se todo um eixo central da Cidade de maior importância, como era a Av. Duque de Ávila.------------------------------------------ ----- Em dois quarteirões, entre o Arco do Cego e a Av. da República e entre a Av. da República e a Av. 5 de Outubro, já era perceptível o que iria ser o futuro da Av. Duque de Ávila e perceber-se assim o que se ia desenvolver da Av. 5 de Outubro até São Sebastião e o que se ia desenvolver desde o Arco do Cego até à Alameda D. Afonso Henriques. Era um eixo central da Cidade, da maior importância que viesse a ser estruturado para esses novos usos e essa nova forma de vivenciar a Cidade. --------- ----- Associado a essa política de mobilidade, entendia-se que era dever do Município também dar o exemplo para uma melhor gestão da sua própria mobilidade. Queria recordar que desde Agosto de 2007 já tinham sido reduzidas à frota de viaturas ligeiras do Município cerca de 180 unidades. Havia agora menos 180 viaturas ligeiras do que em Agosto de 2007. Iam agora dar-se mais dois passos importantes, um de nova redução significativa de mais 60 viaturas ligeiras através do acordo que se iria estabelecer com as empresas de rádio-táxi na Cidade de Lisboa para a utilização, pelos serviços da Câmara, de um sistema de táxi-voucher em detrimento da utilização de viaturas proprietárias do Município. ------------------------------------------------------------- ----- Significava menos investimento em viaturas, menos investimento na sua manutenção, menos investimento em pessoal e um apoio importante a uma actividade decisiva para o futuro da Cidade, que era a actividade dos táxis na Cidade de Lisboa. -- ----- Ao mesmo tempo que se reduzia o número de viaturas, iniciara-se já um processo de renovação da frota de ligeiros, tendo em vista a adopção de viaturas menos poluentes e mais amigas do ambiente. Era por isso que as primeiras quatro viaturas atribuídas à Vereação e movidas a energia eléctrica estavam já a operar e assim se iniciara a renovação da totalidade das viaturas da Vereação para a utilização de viaturas eléctricas. ---------------------------------------------------------------------------------- ----- Uma última nota era de congratulação e de felicitação a todos aqueles que na Câmara ou na EGEAC, na EMEL ou na SRU Ocidental, contribuíram para que tivessem sido atribuídos ao Município de Lisboa quatro prémios que muito honraram, relativamente à actividade desenvolvida no ano 2010:---------------------------------------- ----- Em primeiro lugar, e mais recente, o prémio atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores para melhor programação autárquica de 2010, atribuído ao Município de Lisboa na semana anterior; ------------------------------------------------------------------------ ----- Em segundo lugar, a menção honrosa de melhores práticas autárquicas, atribuída pela Fundação Calouste Gulbenkian ao Programa “Todos – diálogo intercultural na zona da Mouraria”; --------------------------------------------------------------------------------- ----- Finalmente, dois prémios de boas práticas ao sector empresarial que foram atribuídas no concurso das boas práticas no sector público, organizado pela Delloitte em parceria com a Fundação Luso-Americana Para o Desenvolvimento e o Instituto Nacional de Administração, que entre os 16 prémios atribuídos dois deles foram a duas empresas municipais, a SRU Ocidental e a EMEL. ------------------------------------

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----- A todos aqueles, trabalhadores, funcionários e administradores da EMEL, da SRU Ocidental, da EGEAC e da Câmara Municipal de Lisboa, que contribuíram para esses resultados, queria deixar a sua palavra de felicitação.---------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal António Prôa (PSD) disse que tinha ouvido com a atenção a exposição do Senhor Presidente da Câmara relativa à Informação Escrita, devida à Assembleia Municipal, e queria começar por se associar à congratulação quanto ao final da obra tão ansiada pelos lisboetas e pela Cidade, no que dizia respeito ao tratamento de águas residuais na Cidade de Lisboa. Era uma situação que envergonhava a todos, ter o maior estuário da Europa e ter a Capital do País a contribuir de forma gravosa para a poluição desse magnífico potencial para a Cidade e para a região de Lisboa que era o estuário do Tejo. -------------------------------- ----- A intervenção da SIMTEJO devia ser registada como o fim do ciclo e o início de um próximo, que tinha que ver com uma maior exigência quanto ao aproveitamento da água. Essa conclusão devia permitir concentrar em novos objectivos mais ambiciosos nessa matéria. No entanto, era de registar um processo que havia tantos anos estava programado e que fora possível concretizar, por iniciativa da SIMTEJO. Sublinhava a iniciativa da SIMTEJO, não querendo diminuir a importância da Câmara nessa matéria, até porque a CML era accionista da SIMTEJO e fora também a sua vontade e o seu empenho que permitira concretizar essa importante intervenção, quer no que dizia respeito ao interceptor, quer no que dizia respeito à ampliação e modernização da ETAR de Alcântara, que tratava águas residuais provenientes de concelhos que não o de Lisboa, mas estando instalado em Lisboa era um equipamento estruturante da Cidade.----------------------------------------------------------------------------- ----- Sublinhava a iniciativa da SIMTEJO porque o Senhor Presidente da Câmara, e todos teriam registado, logo no início da sua intervenção referira os exemplos mais emblemáticos do período de actividade da Câmara e enunciara três intervenções, mas por coincidência eram todas por iniciativa de entidades que não a Câmara Municipal. Eram iniciativas que foram realizadas na Cidade de Lisboa mas, coincidência ou não, nenhuma delas era da responsabilidade da Câmara e sim de outras entidades. O interceptor e a ETAR de Alcântara eram da responsabilidade da SIMTEJO: o Pátio da Galé era uma iniciativa do Porto de Lisboa; a intervenção no Terreiro do Paço, que o Senhor Presidente da Câmara referira com destaque, também era uma iniciativa da SIMTEJO.-------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Esse sublinhado tinha que ser feito, porque era importante que obra útil para os munícipes se concretizasse na Cidade de Lisboa, mas também era importante que a Câmara, além de enunciar as intervenções e as iniciativas estruturantes por parte de outras entidades, fizesse algum sublinhado daquilo que eram as suas próprias responsabilidades e a sua própria iniciativa e não se refugiasse naquilo que eram intervenções de outras entidades que não a Câmara Municipal. ----------------------------- ----- Em segundo lugar queria fazer uma referência, no âmbito da Informação Escrita do Senhor Presidente da Câmara, a algo que lhe parecia fundamental e que tinha a haver com o relacionamento entre a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal de Lisboa. Não era a primeira vez que as duas questões que referiria hoje eram referidas

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pelo PSD e que tinham a haver com o respeito que a Câmara Municipal devia à Assembleia Municipal. Nos dois exemplos, infelizmente, esse respeito não se verificara. -------------------------------------------------------------------------------------------- ----- A Segunda Alteração Orçamental aprovada pela Câmara Municipal era ilegal, porque não respeitava a necessidade da Assembleia Municipal se pronunciar previamente à diminuição da dotação relativa à Assembleia Municipal. No caso concreto havia uma diminuição da dotação global da AML no valor de mais de sete mil euros, mas bastava um euro para que a Câmara fosse obrigada legalmente a, previamente à aprovação da Alteração Orçamental na Câmara, ter que submeter essa proposta à Assembleia Municipal. Isso não tinha sido feito e, portanto, não houvesse dúvidas que essa Alteração Orçamental era ilegal e devia ser corrigida, sob pena da Câmara incorrer numa ilegalidade, com todas as consequências que daí advinham. ----- ----- O PSD sabia que a diminuição da dotação global tinha a haver com algo que não punha em causa, que era a concentração da gestão das verbas destinadas ao pagamento de horas extraordinárias pelo Departamento de Gestão de Recursos Humanos. Sobre isso nada a opor, mas o facto era que essa verba estava inicialmente proposta no Orçamento como dotação da Assembleia Municipal e, mesmo com essa política de concentração que não punha em causa, essa diminuição tinha que ser submetida previamente à Assembleia Municipal.---------------------------------------------- ----- Outra questão era relativamente aos requerimentos que eram produzidos pelos Senhores Deputados Municipais. O PSD, do conjunto de requerimentos que vinha apresentando à Câmara, havia três para os quais a Câmara ainda não encontrara oportunidade para responder, um dos quais com 92 dias, outro com 167 dias e um terceiro com 356 dias sem resposta da Câmara Municipal. Não lhe parecia que fosse respeitar o órgão Assembleia Municipal ter quase um ano um requerimento sem resposta, outro com meio ano e outro com mais de três meses.------------------------------ ----- Apelava, e não era a primeira vez que o fazia, a que o Senhor Presidente da Câmara respeitasse a Assembleia Municipal e os Senhores Deputados Municipais e o seu direito a verem respondidos em tempo útil os requerimentos que colocavam à Câmara Municipal. --------------------------------------------------------------------------------- ----- Por outro lado, recentemente a Assembleia Municipal viabilizara, e o PSD assumia que tinha sido determinante nessa aprovação, o Orçamento Municipal para o ano de 2011. Não ia repetir a reflexão e a conclusão que o PSD fizera para viabilizar o Orçamento, mas de facto o PSD, como maior partido da oposição, que pretendia ser responsável e pretendia ajudar a Cidade a não sofrer as consequências daquilo que eram os actos com os quais discordava da gestão socialista, entendera que era sua obrigação procurar melhorar um instrumento que não satisfazia, que considerava não se encontrar em condições para servir os interesses da Cidade, sobretudo numa altura de crise financeira tão dramática do País. A Capital do País não podia estar um segundo ano sem Orçamento e, portanto, assumira-se que havia possibilidade de viabilizar o Orçamento se algumas condições fossem satisfeitas pela Câmara Municipal, a saber:----------------------------------------------------------------------------------

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----- Um reforço muito significativo dos meios ao dispor das juntas de freguesia, por o PSD acreditar que as juntas de freguesia eram entidades capazes de gerir a Cidade em determinadas áreas. Quanto a essa matéria tudo bem. A Câmara Municipal muito recentemente já deliberara relativamente a essa matéria e, portanto, dera seguimento àquilo que tinha sido uma das exigências do PSD; -------------------------------------------- ----- Outra exigência fora a criação de um fundo de emergência social no valor de 1.5 milhões de euros. Carecia que fosse definido um conjunto de condições para a sua aplicação, que fossem propostas pela Câmara Municipal e submetidas à Assembleia Municipal para aprovação, para depois sim estar em condições de vir a ser utilizado, mas dessas condições ainda não havia notícia. O compromisso assumido nessa matéria encontrava-se por cumprir, na medida em que a Câmara ainda não apresentara à Assembleia as condições necessárias à utilização desse fundo de emergência social. - ----- Também tinha sido estabelecido um programa de emparedamento de edifícios devolutos na Cidade de Lisboa e quanto a essa matéria, de duas uma, ou devia dar os parabéns ao Senhor Presidente da Câmara porque, por consulta do Orçamento da Câmara Municipal, dos 350 mil euros, só se encontravam disponíveis 50 euros para esse programa e dava os parabéns porque a Câmara fora de extrema celeridade na aplicação desses recursos e a única coisa que pedia era que informasse a Assembleia Municipal da lista dos edifícios que foram alvo de intervenção e que permitira esgotar praticamente essa verba ainda no decurso do primeiro trimestre do ano, ou então, e infelizmente parecia ser essa a situação, o Senhor Presidente tinha violado o compromisso estabelecido com a Assembleia Municipal, porque tinha havido uma alteração orçamental que descapitalizara esse programa de emparedamento. ------------- ----- A Assembleia e o PSD exigiam que na próxima alteração orçamental o valor de 350 mil euros fosse integralmente reposto e fosse integralmente disponibilizado para a execução do programa, para que fosse um programa sério e para que fosse concretizado pela Câmara Municipal. ----------------------------------------------------------- ----- Enquanto o Senhor Presidente não corrigisse a situação de na “secretaria” ter alterado o que se comprometera a cumprir, o PSD considerava que o Senhor Presidente se encontrava em violação de um acordo e de um compromisso que estabelecera com a Assembleia Municipal. ----------------------------------------------------- ----- Finalmente, porque o PSD levava a sério o compromisso que estabelecera com a Câmara Municipal para a viabilização do Orçamento, o fundo imobiliário era algo que o PSD tinha colocado com algumas reservas. Isso tinha sido claramente afirmado pelo PSD também na Assembleia Municipal, que tinha dúvidas quanto à exequibilidade integral do que estava previsto e proposto pela Câmara Municipal e que era a constituição de um fundo com património no valor de 292 milhões de euros. ------------ ----- Nessa altura, tanto quanto a Assembleia fora informada, estava-se em fase de finalização o elenco dos edifícios e do património em geral a ser alvo de transferência para esse fundo imobiliário, já era tempo da Câmara apresentar não só à própria Câmara, mas na sequência disso à Assembleia Municipal, a lista do património a transferir para concretizar esse fundo imobiliário.---------------------------------------------

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----- O tempo não parava e o PSD mantinha as reservas e as dúvidas quanto à concretização desse fundo. No entanto, viabilizara a constituição desse fundo mas exigia que o Senhor Presidente concretizasse, nomeadamente começar por informar a Assembleia Municipal da lista do património a incluir no âmbito dessa operação.------- ----- Esperava ouvir, no âmbito da apresentação da Informação Escrita, a referência a duas questões que eram estruturais para o funcionamento da Câmara. Por um lado, na sequência da aprovação da reestruturação orgânica da Câmara, esperava poder ver apresentado hoje um conjunto de metas e de objectivos decorrentes dessa reestruturação orgânica, para que a Assembleia se pudesse pronunciar e pudesse, como era seu dever, acompanhar e fiscalizar o desempenho da Câmara na sequência dessa reestruturação orgânica. -------------------------------------------------------------------- ----- Verificava que a Câmara não tivera ainda oportunidade de identificar concretamente quais os objectivos de desempenho decorrentes da reestruturação orgânica. Esperava que numa próxima apresentação da Informação Escrita a Assembleia pudesse saber quais eram as metas e os objectivos que a Câmara pretendia alcançar com a reestruturação orgânica.--------------------------------------------------------- ----- Ainda nesse âmbito, por diversas vezes o PSD tinha vindo a defender a necessidade da Câmara também efectivar a reestruturação do seu universo empresarial, para que não acontecesse o que tinha vindo a acontecer. Já se extinguiram umas SRUs, ao mesmo tempo evidenciava o prémio que a única SRU sobrevivente conseguira alcançar, o que demonstrava que se calhar a extinção das SRUs feita apressadamente pela Câmara não fora o melhor caminho, porque se calhar o prémio da SRU sobrevivente justificava o bom desempenho e o bom papel que podia desempenhar na Cidade.-------------------------------------------------------------------- ----- Agora queria participar no capital social da Sociedade Frente Tejo, quando também não se percebia qual era a vantagem para a Cidade disso acontecer quando, sublinhava, o objectivo original era que a Câmara pudesse ter um capital de 50% e em termos de capital social ficar com um poder efectivo nessa Sociedade e o Senhor Presidente aceitara diminuir a sua participação em 49%.------------------------------------- ----- O PSD queria afirmar claramente que enquanto a Câmara não apresentasse de forma clara, global, qual era a sua estratégia e o seu pensamento relativamente ao papel das empresas e outras participações da Câmara em entidades de âmbito empresarial, enquanto isso não acontecesse dificilmente o PSD poderia viabilizar de forma avulsa iniciativas que tivessem que ver com alterações do universo empresarial da Câmara Municipal. ------------------------------------------------------------------------------ ----- O Senhor Deputado Municipal Miguel Coelho (PS), dirigindo-se ao Senhor Deputado Municipal António Prôa, disse saber que a sua estrutura partidária representativa da Cidade de Lisboa tivera eleições no dia anterior e que elegera uma nova liderança, pelo que queria através do Senhor Deputado Municipal cumprimentar essa nova liderança e desejar-lhe um bom trabalho em prol da Cidade.-------------------- ----- Recordava-se que em 2007, quando o Senhor Presidente da Câmara tivera a posição de porventura impor ao restante universo dos seus apoiantes a ideia de que era necessário abrir urgentemente obras no Terreiro do Paço para resolver um problema

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que se arrastava com dezenas de anos na Cidade de Lisboa, que era o problema do despejo directo dos esgotos de mais de 60 mil habitações directamente no Rio Tejo, em que muitos dos seus apoiantes consideravam que isso podia hipotecar a sua eventual reeleição para daí a um ano. O Senhor Presidente tinha tido uma postura de grande firmeza e de grande dedicação à causa pública e ao interesse da Cidade e recordava-se muito bem do rol de críticas de que fora alvo na Assembleia Municipal pelos Senhores Deputados Municipais do PSD, mas também por responsáveis políticos do PSD na altura e por aquele que depois viera a ser o seu adversário nas eleições municipais, dizendo que aquela obra era uma loucura e se estava novamente a desventrar a Cidade de Lisboa e que era desnecessária. -------------------------------------- ----- Agora estavam todos, inclusive o PSD, a elogiar aquilo que tinha sido feito no Terreiro do Paço. Isso devia-se ao mérito do Senhor Presidente, devia-se à sua coragem política e à sua capacidade de realizar e de fazer com que as coisas acontecessem e só era pena que outros autarcas da Cidade, nomeadamente do PSD, que quando estiveram no poder e o seu partido também estava no poder a nível nacional, não tivessem tido a capacidade de trazer sinergias desse mesmo estado em prol e em defesa do desenvolvimento da Cidade de Lisboa. --------------------------------- ----- O Senhor Presidente da Câmara estava certo quando insistira naquela importantíssima obra que era preciso fazer no Terreiro do Paço e quando hoje informava que recentemente se inauguraram as primeiras esplanadas no Terreiro do Paço e que brevemente haveria mais esplanadas no Terreiro do Paço, estava a informar que estava a fazer cidade, estava a tornar Lisboa uma cidade mais amigável, que estava a cumprir com o seu programa e que estava a devolver Lisboa aos seus cidadãos e ao convívio das grandes cidades capitais europeias. ----------------------------- ----- A Informação Escrita podia não ter mais nada, mas só com isso já era uma Informação Escrita riquíssima, que muito honrava e muito dignificava. ------------------- ----- O Senhor Presidente também tinha falado no realojamento do Bairro Padre Cruz, que muitos diziam que não ia para a frente, que muitos criticavam porque queriam que ela fosse feita instantaneamente, como se com uma varinha mágica se pudessem resolver imediatamente todas as questões que se colocavam para que se pudesse resolver. Estava agora em execução esse processo de realojamento, que também muito honrava e dignificava a gestão e que vinha contrariar aquelas vozes da desgraça que diziam que esse processo nunca mais teria o seu fim, nem sequer teria o seu início, esquecendo-se que era necessário libertar terreno porque era um realojamento difícil e feito no mesmo local, esquecendo-se que era preciso primeiro criar as residências provisórias para as pessoas que eram agora desalojadas e esquecendo-se que todas essas pessoas regressariam aos seus locais de origem. ---------------------------------------- ----- Era uma informação notável que muito honrava e orgulhava os socialistas, a que o Senhor Presidente podia estar a fazer neste momento. ------------------------------------- ----- Aquilo que queria dizer ao Senhor Presidente da Câmara, em nome da bancada do PS, era que a Informação Escrita correspondia a um período muito exacto do mandato e que o PS estava particularmente satisfeito com o conteúdo apresentado.-----

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----- Apenas uma última nota em relação à parte final do Senhor Deputado Municipal António Prôa, para dizer que, felizmente, agora só se ouvia falar do universo empresarial da Câmara Municipal de Lisboa por boas razões, coisa que infelizmente não acontecia no passado. ------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal António Prôa (PSD) começou por agradecer as palavras amáveis relativamente à eleição para a Concelhia de Lisboa do PSD. Agradecia as palavras e transmitiria ao Presidente da Concelhia. --------------------------- ----- Queria fazer um esclarecimento em relação ao interceptor da Baixa e à ETAR. Como o Senhor Deputado Municipal Miguel Coelho saberia, eram intervenções que estavam programadas pela SIMTEJO. Era a entidade responsável pelo tratamento em alta dos esgotos da Cidade e tinha essas duas intervenções programadas na Cidade de Lisboa havia muitos anos, entidade que era participada pela Câmara Municipal, obras que não tinham decorrido ainda devido a uma dívida que fora saldada entretanto e que permitira a conclusão dessas obras. -------------------------------------------------------------- ----- Entendia a euforia, mas valia a pena temperá-la com a realidade e a realidade era que essas obras estavam programadas havia muito tempo na Cidade de Lisboa. Parecia-lhe consensual a necessidade delas se concretizarem. A única questão que na altura fora referida pelo PSD era sobre a oportunidade de continuar a martirizar os cidadãos de Lisboa e não só, aqueles que frequentavam, com a continuação de obras traumáticas numa zona que era o coração da Cidade, depois de um processo que não era edificante para ninguém. O período durante o qual os lisboetas se viram privados da utilização normal do Terreiro do Paço não abonava a favor de ninguém, era uma história triste, com episódios muito tristes de arrastamento de uma situação que era inaceitável no coração da Cidade de Lisboa. --------------------------------------------------- ----- Diria que, apesar da interpretação revista da história, provavelmente aquela intervenção corajosa do Senhor Presidente da Câmara, como dizia o Senhor Deputado Municipal Miguel Coelho, resultara em benefício eleitoral e não em sacrifício. Era a interpretação que cada um fazia.------------------------------------------------------------------ ----- O que interessava esclarecer era que o interceptor da Baixa estava programado e não tinha sido pela Câmara, fora com a colaboração da Câmara mas era uma intervenção da responsabilidade da SIMTEJO. Aliás, as duas obras estruturantes da SIMTEJO na Cidade de Lisboa que estavam dependentes não só de oportunidade, como também de possibilidade financeira, eram precisamente a ampliação e modernização da ETAR de Alcântara e também o interceptor da Baixa. ------------------ ----- O Senhor Deputado Municipal Miguel Coelho referira a questão do Terreiro do Paço e elogiara. Também se associava a esse elogio de haver um Terreiro do Paço mais apetecível e mais convidativo, finalmente com esplanadas e outras actividades afins. Agora, queria novamente sublinhar que tanto a intervenção no Terreiro do Paço por via do interceptor, como a intervenção no Terreiro do Paço pela via da sua animação e a sua modernização, não eram iniciativas da Câmara. Portanto, a Informação Escrita também podia não ser da Câmara, podia ser uma Informação Escrita da SIMTEJO e da Sociedade Frente Tejo. ---------------------------------------------

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----- O Senhor Deputado Municipal Miguel Coelho (PS) disse que, no fundo, o que o PSD tinha realmente pena era que o plano não fosse social-democrata em vez de ser socialista, porque assim não estavam a passar por tantos embaraços. ---------------------- ----- De facto, era fácil ter as coisas programadas no papel, difícil era fazer. O PSD já tinha tido dois Presidentes de Câmara e dois Primeiros-Ministros em simultâneo e não fora capaz de transpor essa obra programada do papel para a realidade. Depois tiveram vários responsáveis, a começar pelo último candidato à CML, dizendo que era contra essa obra. Por essa lógica, Lisboa ainda estava no passado, ainda não estava com o Terreiro do Paço a ser devolvido aos cidadãos, o Presidente da Junta de São Nicolau não estava tão satisfeito como estava agora em relação àquilo que era investido na Baixa da Cidade, um dos cartões de visita mais importantes da Cidade de Lisboa.------------------------------------------------------------------------------------------------ ----- A intervenção não pecava pela sua não oportunidade, antes pelo contrário. Essa intervenção já devia ter sido feita no tempo do PSD, mas porque tinha havido receio de custos eleitorais e todo esse tipo de calculismo político, ficavam na História por terem perdido uma boa oportunidade para concretizar e não o fizeram. De facto também era preciso ter coragem política e arriscar para fazer determinadas coisas que à partida incomodavam temporariamente as pessoas e que eram polémicas. A intervenção no Terreiro do Paço tinha sido posta em causa no seu conjunto, era a própria concepção da arquitectura, era a não oportunidade, era tudo em conjunto.------- ----- Com esta intervenção protegera-se o ambiente da Cidade de Lisboa em primeiro lugar e devolvia-se à Cidade e àqueles que partilhavam a Cidade, os que moravam e os que visitavam, cidadãos nacionais ou estrangeiros, devolvia-se um ex-libris a todas essas pessoas. ---------------------------------------------------------------------------------------- ----- Registava o embaraço do Senhor Deputado Municipal António Prôa nessa matéria, mas havia de ter muitos mais ao longo do mandato. -------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Modesto Navarro (PCP) começou por referir que havia figuras regimentais e a Mesa tinha que impor o seu cumprimento. Tinha havido segundas intervenções antes das intervenções dos outros grupos municipais. --- ----- Encontravam-se perante uma informação feita de apontamentos e retalhos, sem uma linha criteriosa de análise. Um texto banal e de propaganda. -------------------------- ----- Lá vinha a referência à reforma administrativa, onde se falava “de uma solução de consenso”, de um “processo com serenidade e sem tabus”. Pois era, mas duas propostas apresentadas nesta assembleia, no dia 15 de Fevereiro, foram chumbadas pelo PS e o PSD. Só seguira a proposta do Bloco Central de interesses, que demonstrava sempre a diversidade mas no essencial estavam juntos, para um período de discussão curto, bem curto, que podiam vir aí eleições, podia cair a Assembleia da República e a coisa tinha de avançar fosse como fosse. -------------------------------------- ----- Verdade, verdadinha, era que o secretário de Estado da Administração Local José Junqueiro vinha entretanto afirmar que a reorganização administrativa do País já começara em Lisboa e na Covilhã, “com a redução de mais de três dezenas de Juntas, de assembleias de freguesia e da consequente redução de número de deputados

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municipais”. Perguntou se estariam a ver como se punha o carro à frente dos bois e quais eram os objectivos. -------------------------------------------------------------------------- ----- O PCP já dissera aqui que o poder local significava 2% no Orçamento de Estado e que as Juntas e Assembleias de Freguesia significavam apenas 0,1%. ------------------- ----- “Que não se dê a entender que, se extinguirem autarquias ou se fundirem algumas, resolvem o problema das contas públicas”, dizia o presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses e presidente da Câmara de Viseu eleito pelo PSD. Num estudo que essa associação de municípios promovera, lá era realçado o risco da extinção de municípios do interior, o que levaria a acentuar a tendência de desertificação que se tinha verificado nessas regiões. Era o que o PCP dissera aqui no dia 15 de Fevereiro. O que era preciso, concluía o estudo, eram medidas políticas e administrativas que contrariassem o abandono. Tal e qual o que o PCP pensava e dissera na discussão da proposta de reforma administrativa, a propósito da prioridade da regionalização.----------------------------------------------------------------------------------- ----- O PS reagira quanto à ligação que se fizera ao encerramento de escolas, de hospitais, de maternidades e outras malfeitorias praticadas por todo o país nos últimos anos. Mas essa era uma realidade de encerramentos e de ataque ao poder local do 25 de Abril e da democracia, bem como à economia e à afirmação da independência e sobrevivência, face à situação que se agravava.------------------------------------------------ ----- Esvaziar o interior significava menos produção e menos criação de riqueza.-------- ----- O estudo da ANMP fazia a comparação entre os vencimentos anuais do pessoal político das autarquias, presidente da Câmara, dois vereadores e equipa de apoio, no conjunto, na ordem de 200 000 euros anuais. Concluía que essa dotação era bem mais baixa do que um único vencimento mensal de um presidente de um instituto público como o do Seguros de Portugal, ou da Caixa Geral de Depósitos, ou da RTP ou da ERSE ou da TAP, que rondavam entre 200 mil a 400 mil euros por mês. Mas, nesses altos vencimentos de amigos e companheiros, o PS e o PSD não deixavam mexer, como se vira recentemente na Assembleia da República. ------------------------------------ ----- Hipocrisia, ataque ao poder local que beneficiava as populações, benesses para outra gente, bem protegida e amada pelo governo e pelos partidos do bloco central, que acertavam e distribuíam lugares e protegiam privilégios escandalosos e ofensivos da dignidade de quem trabalhava e de quem estava desempregado. ------------------------ ----- A informação do senhor presidente da Câmara vinha festejar a conclusão de diferentes obras na frente ribeirinha, como o desvio de esgotos para a ETAR de Alcântara. Todos festejavam, mas conviria lembrar que o processo principiara havia muitos anos e que havia responsáveis políticos de outros mandatos e serviços do Município que também se destacaram e mereciam a consideração e respeito. ------------ ----- Quanto à participação do Município no capital social da Sociedade Frente Tejo, a proposta ainda havia de subir à discussão nesta Assembleia e tinha muitas reservas quanto ao processo, mas disso falariam lá mais para diante. Hoje mesmo, lá vinha no jornal Público a notícia de um hotel para a Praça do Comércio, a substituir o Ministério da Administração Interna. Afinal, a remodelação da praça obedecia a uma

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perspectiva simbólica de poder, era o que se tinha dito, e esse poder era, nem mais nem menos, o poder dos negócios em preparação. -------------------------------------------- ----- A Incubadora de Empresas na Rua da Prata era apresentada como uma enorme obra, mas a realidade era que se tratava de um investimento inicial de cerca de 100 mil euros por parte da Câmara, com a previsão de ir até 500 mil euros, num total de 2 milhões de euros, ficando esta, face aos parceiros, IAPMEI e Montepio Geral, numa posição de mera acompanhante do processo. --------------------------------------------------- ----- A proposta subiria também à discussão na Assembleia e aí veriam o que ela decidiria em relação a essa matéria, que parecia ambígua e desistente, quanto a poderes efectivos da Câmara Municipal num processo que poderia ser importante para a cidade. ---------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Havia críticas e dúvidas que eram colocadas, quanto à parceria público-privada da CML com duas empresas espanholas, válida por quarenta anos, para concessionar e transformar as piscinas dos Olivais, Areeiro e Campo Grande, matéria que era referida na informação.--------------------------------------------------------------------------------------- ----- O próprio Presidente do Júri do concurso internacional lançado pela CML vinha dizer que a qualidade arquitectónica dos projectos não era brilhante. Tratava-se da destruição de obras que foram consideradas emblemáticas na arquitectura portuguesa dos anos 60. A demolição seria total no Areeiro e parcial no Campo Grande. ------------ ----- Eram referidas negativamente as volumetrias desses projectos. Havia a inclusão de um ginásio de 3 pisos no sítio da actual piscina de Keil do Amaral, o que causava repúdio e protestos. --------------------------------------------------------------------------------- ----- Na reconversão e exploração da piscina do Areeiro, era posta em causa a empresa que ganhara o concurso. Reduzia a oferta de actividades num complexo desportivo, na Corunha, e tinha havido conflitos laborais que obrigaram ao encerramento de espaços e serviços no complexo. Em várias situações, em Espanha, a empresa não devolvia mensalidades que os frequentadores dos recintos pagaram, com os próprios municípios a exigirem essa devolução aos utentes.-------------------------------------------- ----- Ou seja, em vez de terem serviço público nas piscinas municipais, vinham aí problemas e mais problemas. --------------------------------------------------------------------- ----- Depois de serem assinalados na informação o concurso público de concepção para a elaboração do projecto de um monumento comemorativo do Centenário da Implantação da República e a cedência de espaço para a instalação da Casa da Cultura de Cabo Verde em Lisboa, vinham os prémios de Lisboa Ocidental, da EMEL e, pasmassem, até a entrega de uma menção honrosa recebida pelo presidente da Câmara Municipal na Fundação Gulbenkian.------------------------------------------------------------- ----- Perguntou se não haveria nada de estruturante na actividade da Câmara para informar a Assembleia Municipal. Havia o Parque de Estacionamento Provisório da Memória, os regulamentos de estacionamento na cidade que também haveriam de analisar na assembleia, bem como os regulamentos nas coroas tarifadas e nas zonas de acesso automóvel condicionado, que também iriam discutir e votar na corrente sessão ordinária da Assembleia Municipal. Vinha ainda o projecto “Verdinhos” – Em Segurança para a Escola, e pronto, acabava-se a Informação do Presidente da Câmara -

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----- Era pouca uva, muita conversa velha e deslavada. Se não fosse a Informação dos Serviços, esta informação do presidente da Câmara referente a dois meses e meio de actividade da Câmara seria de mero cumprimento de uma formalidade repetida. Ainda por cima, quando fora distribuída, chegara às suas mãos sem a informação sobre a situação financeira do município. ---------------------------------------------------------------- ----- Valeria a pena ter mais atenção a essa matéria de cumprimento da legislação em vigor. Toda a gente sabia que o senhor presidente e a vereação desenvolviam outras actividades. Mas perguntava se seriam assim tão fracos, em matéria realmente autárquica e de interesse para a cidade. Custava a acreditar que não pudessem pegar em áreas decisivas e informar como ia a mobilidade ou a reabilitação urbana, como ia a limpeza e higiene urbana, enfim, questões sérias que deveriam ser abordadas com sentido crítico, capacidade de aprofundamento e intenção de estabelecer um verdadeiro debate sobre como estava a cidade e como se devia trabalhar em Lisboa e para Lisboa. ------------------------------------------------------------------------------------------ ----- Não era isso que acontecia, o que muito lamentava.------------------------------------- ----- Confirmava-se assim a distância enorme entre a propaganda, o ataque aos serviços e trabalhadores do município, e a ausência de uma postura de experiência, de prática autárquica de serviço público realmente a favor das populações concretas dos bairros e das freguesias.---------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Adolfo Mesquita Nunes (CDS-PP) disse que ao ler a Informação Escrita que o Senhor Presidente enviara e ao ouvir com igual atenção a apresentação que dela fizera, tinha ficado com a estranha sensação de que o Senhor Presidente se tinha furtado a destacar aquela que era, com mérito seu, a maior conquista política dos últimos meses. Referia-se à conquista política que lhe vinha permitindo impor o socialismo aos lisboetas, nos impostos, nas taxas, nos instrumentos de gestão territorial, na reorganização dos serviços e até afastando as hipóteses alternativas na Reforma Administrativa da Cidade de Lisboa.------------------- ----- Referia-se à conquista política que vinha permitindo, sem cedências, impor a sua especial visão de cidade e que lhe vinha permitindo sem grandes engulhos adiar a resolução dos problemas mais urgentes da Cidade e dos lisboetas. ------------------------- ----- Referia-se ao consenso socialista que conseguira alcançar na Assembleia Municipal e que lhe vinha permitindo governar sem oposição. Não estava a ironizar, antes estivesse. -------------------------------------------------------------------------------------- ----- Nos últimos meses, com uma mestria e sagacidade que eventualmente não fora apreendida por quem devia ter sido, o Senhor Presidente da Câmara conseguira na Assembleia formar a maioria estável que as urnas não lhe forneceram e que os eleitores não esperavam. Através dessa maioria, sempre com o mesmo parceiro, recusara-se a definir uma carga fiscal justa e capaz de ajudar os lisboetas em anos de crise. Através dessa maioria, sempre com o mesmo partido, recusara proceder a uma redução substancial da despesa na Câmara. Também através dessa mesma maioria aprovara um Orçamento baseado em perspectivas completamente irrealistas. Também através dessa maioria apresentara uma reorganização dos serviços que ficava muito aquém daquilo que era suposto. Também através dessa maioria impunha uma reforma

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administrativa da Cidade e, mais do que impor essa reforma, conseguia afastar as restantes propostas, mais reformistas do que a sua, da discussão pública. ----------------- ----- Através dessa maioria sempre o Senhor Presidente da Câmara vinha conseguindo vitória política sobre vitória política e isso não seria propriamente um problema, já que não tinha qualquer problema contra o Senhor Presidente e muito menos contra as alianças que politicamente conseguia obter, mas a verdade era que essa maioria que tinha conseguido estava a impor o socialismo em Lisboa, como se as urnas lhe tivessem conferido essa possibilidade. ---------------------------------------------------------- ----- O socialismo, na sua modesta opinião, não era uma boa opção para Lisboa. Aliás, não era para lhe permitir continuar a exercer as políticas socialistas que tinha sido eleito. No programa eleitoral que subscrevera e que o trouxera à Assembleia Municipal o socialismo não constava do cabaz, não constavam as taxas a subir, a carga fiscal a subir, a despesa a subir, o endividamento a subir, assim como não constavam reformas tímidas ao jeito de “mude-se alguma coisa para que tudo fique na mesma”, quer nos serviços, quer na reforma administrativa da Cidade.-------------------- ----- Não estava em questão, esperava que compreendessem, a necessidade política de contemporização e negociação. Estava bem ciente da necessidade, que não repudiava, de oposição e Executivo se encontrarem a meio caminho das suas políticas para encontrarem consenso produtivo para ambos, mas por mérito do Senhor Presidente, que devia ser destacado, não era isso que vinha sucedendo na Assembleia Municipal. Não se tinha visto obrigado a negociar à direita nem à esquerda, a ceder ou a desistir de qualquer política ou objectivo político. Vinha conseguindo exactamente o que pretendia sem ter de desistir de nada. ------------------------------------------------------------ ----- Não estava em causa a responsabilidade política de fazer uma oposição construtiva, não fossem confundir as coisas. Nunca o ouviriam dizer que o CDS se recusava por princípio a negociar consensos. O que estava em causa era o que fazer com os votos que obtivera para impedir o PS de governar mal. O que estava em causa era saber como respeitar os votos recebidos de forma a fazer vingar as políticas que lhe eram caras.--------------------------------------------------------------------------------------- ----- A responsabilidade política não se aferia pelo número de acordos que eram feitos. Ela aferia-se pela qualidade e pela substância desses acordos e, do ponto de vista de oposição, aferia-se pelo volume de cedências que obrigava o Executivo a fazer, ou pelo volume de políticas que se conseguia impor ao Executivo. ---------------------------- ----- Perguntou, tudo visto e somado, em que é que se tinha traduzido a nova maioria, em que é que o Senhor Presidente desistira, o que iriam mostrar de relevo aos eleitores daí a uns anos, o que se conseguiria demonstrar como conquista contra a viabilização do socialismo. Outros podiam ter outra opinião e respeitava-a bastante, mas não podia concordar. O que se estava a mostrar aos eleitores era quase nada. Essa era a maior conquista política do actual Executivo.---------------------------------------------------------- ----- O Senhor Presidente queria ficar na História pelas contas e pelas reformas. Apesar de ter falhado nas contas e de ter ficado a meio caminho das reformas, a nova maioria parecia apostada em fazer-lhe a vontade. Como se não lhe bastasse essa conquista política, até conseguira que essa nova maioria contribuísse activa e

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conscientemente para afastar a possibilidade dos lisboetas acederem a outras propostas e outras soluções. ----------------------------------------------------------------------- ----- Esta maioria era uma conquista política de grande relevo e merecia destaque na Informação Escrita. Acreditava que o pudor tivesse impedido o Senhor Presidente de exibir esse galhardete que era seu e acreditava que a modéstia o tivesse aconselhado a ignorar essa conquista na Informação Escrita, o que só lhe ficava bem, mas como compreenderia para o CDS, que nesta Assembleia vinha representando e continuaria a representar uma alternativa não socialista, essa conquista política não podia deixar de ser evidenciada. ------------------------------------------------------------------------------------- ----- Pela parte do CDS, contaria sempre com o espírito crítico e reformista, umas vezes de acordo, outras vezes em desacordo, mas não contassem com uma prática política que vinha conduzindo Lisboa ao aprofundamento do socialismo.----------------- ----- Para que se percebessem as funções daqueles que tinham sido eleitos, esse socialismo devia estar a ser atenuado na Assembleia Municipal, porque o Senhor Presidente não tinha maioria na Assembleia e devia estar a ser obrigado a baixar o IRS, a baixar as taxas, a identificar funções supérfluas e a cortá-las, a reduzir a despesa, a apresentar contas. ---------------------------------------------------------------------- ----- Não sabia se já tinham dado conta, mas nos últimos meses, talvez enfeitado com pírricas cedências, o Senhor Presidente não era obrigado a quase nada. Era chegar e vencer. Era o que sucedera na Assembleia a propósito da reforma administrativa da Cidade. A História já devia ter ensinado que entregar a socialistas as reformas do Estado não dava bom resultado. ------------------------------------------------------------------ ----- Estava, aliás, estupefacto com o site de propaganda municipal criado por esta Câmara Municipal e que dava cobertura à nova maioria e a esse consenso político. Percebia-se agora porque o PS e o PSD não quiseram que outras propostas fossem viabilizadas para a discussão pública. Assim, com esse site, essa nova maioria estava à vontade para fazer a propaganda que entendesse com recurso aos meios municipais, mas não era isso que ia impedir o CDS de defender intransigentemente a proposta das nove freguesias para a Cidade. Era a única proposta que ia ao encontro das necessidades de Lisboa, era a menos despesista, era mais económica e era mais eficaz na distribuição dos poderes autárquicos. -------------------------------------------------------- ----- O Senhor Presidente da Câmara estava de facto de parabéns, infelizmente era essa a sua opinião. Essa conquista política não trazia, infelizmente, nada de bom a Lisboa e Lisboa nada teria a agradecer àqueles que lhe tinham viabilizado tanto socialismo, que se revelava por exemplo na execução orçamental do ano anterior que trazia na Informação Escrita. Continuava-se a ter um peso excessivo dos impostos sobre o património ou nas receitas municipais, nomeadamente o IMI e o IMT. Isso já devia merecer uma reflexão sobre a capacidade contributiva dos lisboetas. --------------- ----- Por outro lado, a derrama registava um decréscimo face a 2009, uma quebra mais do que expectável, como o CDS avisara, atendendo à situação económica das empresas nestes anos de crise. -------------------------------------------------------------------- ----- Olhava-se para a taxa de execução da receita e via-se que em 2010 era inferior a 2009, rondaria os 75% em oposição aos 89% de 2009, o que se saldava em menos 69

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milhões de euros. Verificava-se, por isso, que a Câmara não tinha sido realista na previsão das receitas de património e de capital, principalmente na rubrica de “venda de bens de investimento”. Dos 91,6 milhões só concretizara 23,5 milhões. Isso dava bem conta da credibilidade que merecia o fundo de investimento anunciado pela Câmara e que fora viabilizado com o Orçamento aprovado na Assembleia Municipal. - ----- Veriam que futuro traria tanto socialismo. Estava consciente que a força política do CDS não era suficiente para o travar, mas estava certo de que mesmo sem essa força era o CDS que neste momento representava aqueles que não se reviam na forma socialista de governar. Preferia que não estivesse só nesse caminho e tinha a esperança de não vir a estar só no futuro. -------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal José Casimiro (BE) disse que estavam hoje a debater a Informação Escrita do Senhor Presidente à Assembleia Municipal, que se centrava em assuntos já debatidos, como a reforma administrativa ou a candidatura do fado a património cultural da humanidade, ou a debater por esta Assembleia e inscritas na presente Ordem de Trabalhos e que no momento próprio o BE se iria pronunciar. ------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Gostaria, no entanto, de fazer duas pequenas notas e a primeira era relativa à conclusão das obras de desvio de esgotos da ETAR de Alcântara, obra que tinha sido feita pela SIMTEJO e não propriamente uma obra do Presidente António Costa. Talvez o Senhor Presidente António Costa se quisesse congratular com a conclusão da obra, que há muito deveria estar concluída, se não fosse a tentativa de estrangulamento financeiro da SIMTEJO pela gestão Santana/Carmona, mas o mínimo de deontologia e de ética devia levar o Senhor Presidente indicar no seu relatório a quem coubera realizar as obras, a SIMTEJO. ------------------------------------- ----- A segunda nota era para a quase conclusão de concursos, quase porque no que tocava à piscina do Campo Grande ainda havia um processo negocial a concluir, para a concessão de três piscinas municipais. Na altura da discussão havida na Assembleia o BE manifestara e agora reafirmava a sua oposição à privatização desses equipamentos municipais. ------------------------------------------------------------------------- ----- Outro assunto que gostaria de abordar e que não constava da Informação Escrita era a questão de dois chumbos da Comissão de Protecção de Dados sobre a videovigilância, sem antes e previamente colocar a visão do BE quanto à necessidade de adopção de medidas que permitissem garantir a segurança dos cidadãos de Lisboa, que tinham a percepção justificada de que a sua Cidade se tornara menos segura, com aumentos relevantes de pequenos furtos e roubos por esticão.------------------------------- ----- No domínio da garantia da segurança dos cidadãos, era necessário que se adoptassem medidas de proximidade, de participação dos cidadãos e de respeito pelas pessoas e pelos seus direitos, liberdades e garantias constitucionais. ----------------------- ----- Entre as medidas adoptadas no âmbito das políticas de garantia e de segurança, era admissível o recurso à videovigilância em pontos concretos, tais como os transportes públicos, pontos de multibanco, bombas de gasolina, mas não era aceitável a instalação de câmaras em zonas alargadas da via pública, numa lógica de big brother e de desrespeito pela privacidade da generalidade dos cidadãos. ------------------

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----- Colocando o posicionamento do BE, a primeira questão era sobre a notícia de que, depois da Comissão Nacional de Protecção de Dados, era agora a vez do Tribunal Central Administrativo do Sul chumbar a providência cautelar interposta pela CML, instando-a a desligar as 22 câmaras de videovigilância de trânsito instaladas em Lisboa. Em causa o direito à circulação anónima e a intimidade da vida privada, pois estava em causa a reserva da vida privada, uma vez que as câmaras permitiam captar um vasto leque de imagens que nada tinham a ver com o controle de tráfego, nem com a matrícula dos carros estacionados num raio de acção. -------------------------------------- ----- O argumento do controle de custos aparecia uma vez mais quando se colocava a questão de substituição de câmaras, ou por pessoas, porque seriam necessários cerca de 70 polícias de trânsito e isso não seria possível. A segurança das pessoas tinha que ser preservada e tinha que se tomar medidas.--------------------------------------------------- ----- O mesmo se afirmava em relação à videovigilância da Baixa, mais concretamente entre a Baixa e a Praça do Chile e novamente, no ver do BE bem, a Comissão Nacional de Protecção de Dados voltara a chumbar a instalação de câmaras por estar em causa a privacidade das pessoas, não se justificando esse meio de combate à criminalidade. Mas insistia-se, o Ministro, o Presidente da Câmara, a PSP, etc. Tudo se justificava para colocar em causa a privacidade das pessoas, em nome do combate à criminalidade, como se esse fosse o único meio para o fazer. ------------------------------- ----- O BE reafirmava que a mera instalação de câmaras de vigilância não garantia de forma alguma a segurança das pessoas e bens na Cidade de Lisboa, que as resoluções no domínio da segurança não eram fáceis e exigiam respostas plurais, articuladas, em projectos de médio e longo prazo que deviam incluir, nomeadamente, um planeamento de cidade que visasse o aumento da segurança dos cidadãos, nomeadamente num desenho urbano que evitasse a criação de impasses ou zonas de difícil controle visual, com uma iluminação adequada das ruas e espaços públicos, com a requalificação dos espaços públicos.----------------------------------------------------- ----- Era a necessária a adopção de políticas sociais que permitiam reverter a trajectória de desagregação e guetização da Cidade, de políticas que promovessem o repovoamento de Lisboa, em especial as zonas mais desertificadas, que tornassem Lisboa uma Cidade de menos desemprego, com habitação de qualidade a preços acessíveis, com melhores transportes públicos e que promovesse um combate inteligente à toxicodependência, conhecido que era que a dependência de drogas, em especial as drogas duras, era uma das principais causas de criminalidade de roubo por esticão.------------------------------------------------------------------------------------------------ ----- Era necessária a adopção de políticas de policiamento de proximidade e que apontassem para dar uma maior visibilidade à Polícia Municipal, que devia ser reconvertida de forma, e com meios adequados, a poder desenvolver uma vasta gama de operações de policiamento de proximidade e de apoio à comunidade e que incluíssem a reconstituição de um corpo de guardas nocturnos. ----------------------------- ----- O problema da segurança dos cidadãos de Lisboa preocupava o BE. Não admitia um posicionamento securitário e muito menos populista ou demagógico, que procurava captar sentimentos fáceis de aparente insegurança. O que se exigia era um

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debate sereno, assumindo políticas de segurança de proximidade que a situação impunha e desejava. Sinceramente, o BE esperava e desejava que o Executivo Camarário tivesse o bom senso de reflectir e decidir por políticas de segurança de proximidade, acatando as decisões do tribunal e da Comissão Nacional de Protecção de Dados e não as entendesse como uma força de bloqueio de triste memória. ----------- ----- O Senhor Deputado Municipal John Rosas (MPT) disse que o Partido da Terra tinha vindo ao longo do mandato a adoptar uma postura de responsabilidade no que dizia respeito à análise e votação não só das propostas que eram trazidas pelo Executivo Municipal, quer aquelas que outras bancadas apresentavam para discussão e votação. Essa atitude estava, aliás, de acordo com aquilo que era a postura tradicional do MPT, a de criticar quando havia razão para criticar e apoiar quando as propostas mereciam tal apoio, mas sempre apresentando soluções alternativas para a resolução dos problemas. Era essa, uma vez mais, a postura que hoje o MPT trazia à Assembleia Municipal e que incidia sobre o conteúdo da Informação Escrita apresentada pelo Senhor Presidente da Câmara. ----------------------------------------------- ----- No entanto, antes de se pronunciar directamente sobre a Informação Escrita, gostaria desde já de questionar o Senhor Presidente e o Senhor Vereador Nunes da Silva, esse último com responsabilidades directas na área da mobilidade, sobre uma informação que acabara de receber de fonte fidedigna relativamente a uma alegada decisão da empresa de transportes públicos de Lisboa, a Carris, de suprimir entre 16 a 19 carreiras de transportes colectivos que se encontravam sob a sua responsabilidade e que serviam a Cidade de Lisboa. ----------------------------------------------------------------- ----- A ser verdade, o MPT entendia que se trataria de uma decisão à qual a Assembleia e mesmo a própria Câmara Municipal não podiam ficar alheios, porque a concretizar-se tal medida, isso representaria uma fortíssima machadada na qualidade de vida dos munícipes alfacinhas e afectava o transporte aos turistas que escolheram visitar a Cidade de Lisboa. Acrescia que essa medida por parte da Carris não contribuiria para uma maior utilização de transportes públicos na Cidade. Antes pelo contrário, iria afectar de forma drástica todas as actividades comerciais da Capital. ----- ----- O Partido da Terra considerava urgente que o Senhor Presidente da Câmara dissesse de forma clara e perante a Assembleia se essa informação era ou não verdadeira e, a sê-lo, que posição e que medidas propunha a CML tomar para pôr cobro a mais uma tentativa de asfixiar os lisboetas. ------------------------------------------- ----- Alertada que estava essa situação, passaria a reportar-se ao conteúdo da Informação Escrita e, de entre os vários pontos passíveis para serem abordados, salientava o seguinte:------------------------------------------------------------------------------- ----- No que dizia respeito à reforma administrativa de Lisboa e na linha daquilo que deixara expresso na passada terça-feira, o MPT refutava a postura assumida pelas bancadas do PS e do PSD, a qual tinha como principal crítica o factor de excluir toda e qualquer proposta alternativa, revelando uma estranha dificuldade em lidar com a pluralidade de opiniões, que permitiriam, sem qualquer dúvida, um enriquecimento da proposta da reforma da organização municipal.------------------------------------------------

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----- Os senhores do bloco central falavam em democracia e igualdade, na importância de todos contribuírem para a discussão, mas por vezes parecia que todos os contributos para a discussão eram iguais, simplesmente uns eram mais iguais que outros. No entanto, queria deixar bem claro que o MPT que concordava com a necessidade de uma reforma administrativa, mas neste caso acreditava que o conteúdo da proposta se revelava inoportuno face à ausência de resultados dos Censos 2011 e sem a pluralidade dos contributos que referira.------------------------------------------------- ----- Em segundo lugar, uma referência devia ser feita à conclusão da obra de desvio de esgotos da Cidade, com a qual concordava, aproveitando para saudar a Câmara e a SIMTEJO por essa iniciativa, a qual, todavia, já deveria ter sido iniciada muitas décadas atrás para benefício do ambiente e da qualidade de vida dos alfacinhas. -------- ----- No que se referia à participação na Sociedade Frente Tejo, a mesma era positiva, mas registava o facto lamentável da Câmara Municipal ter andado durante largos meses arredada de qualquer participação nos trabalhos da referida sociedade, com claro prejuízo para a Cidade. ---------------------------------------------------------------------- ----- Já no que se referia à incubadora de empresas, entendia que a ideia até poderia ter pernas para andar, não fora ser demasiado redutora por não contemplar a sobrevivência das empresas já existentes e que actualmente se encontravam em vias de falência. No estado actual de crise económica e de contenção de despesas a que se encontrava sujeito o Município de Lisboa, esse projecto, infelizmente, serviria apenas e unicamente para criar mais “jobs for the boys”. --------------------------------------------- ----- Três referências finais deviam ser feitas no âmbito da apreciação que o MPT fazia da Informação Escrita:----------------------------------------------------------------------- ----- Uma primeira para criticar o enorme atraso verificado no lançamento do concurso para as piscinas dos Olivais, Areeiro e Campo Grande. Tendo a Assembleia aprovado a Carta Desportiva cerca de um ano antes, era incompreensível e carecia de explicação o motivo pelo qual só agora se ia lançar o respectivo concurso público. A pergunta que os lisboetas faziam era quando veriam as piscinas a funcionar, se passaria mais um Verão e mais um Inverno sem que os munícipes tivessem acesso a esses três importantes equipamentos desportivos da Cidade. -------------------------------- ----- Uma segunda referência não podia deixar de ser feita ao concurso para a estátua da República. Tratava-se, na opinião do MPT, de um gasto desnecessário e polémico, essencialmente quando a Câmara era obrigada a cortar noutras áreas. A Cidade de Lisboa dispensava bem neste momento um aumento de despesa com assuntos que pouco ou nenhum contributo davam para a melhoria das condições económicas dos seus habitantes. ------------------------------------------------------------------------------------- ----- Mais valia que o Senhor Presidente incumbisse os serviços camarários, designadamente aqueles que tinham responsabilidade na área da intervenção social, de procederem à inventariação dos idosos residentes em Lisboa e que vivessem sozinhos em casa, por forma a proporcionar-lhes um acompanhamento diário e evitar que durante três ou mais meses houvesse idosos que permaneciam mortos em suas casas sem que deles se soubesse algo, como fora o caso da situação que tiveram oportunidade de tomar conhecimento através dos media no fim-de-semana.--------------

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----- Já no que se referia à Casa de Cultura de Cabo Verde, aí a Câmara tinha estado bem, uma vez que, ao contrário da iniciativa anterior, se tratava de uma iniciativa concreta e positiva de apoiar culturalmente os cabo-verdianos radicados em Lisboa, bem como dar a conhecer a cultura daquele país lusófono aos habitantes da Cidade.---- ----- Por último, e por bizarro que parecesse, não poderia deixar de questionar directamente o Senhor Presidente sobre a razão da existência de uma cruz suástica gravada na calçada à portuguesa no passeio norte da Praça João do Rio. Para além de entender tratar-se de uma ofensa grave à Cidade de Lisboa e aos seus munícipes, o Partido da Terra questionava a forma como eram geridas as intervenções no espaço público por parte da Câmara, fosse como interveniente directa nas obras, fosse como entidade fiscalizadora das mesmas. -------------------------------------------------------------- ----- Face ao exposto, o Partido da Terra exigia o apuramento das responsabilidades inerentes, bem como a imediata intervenção dos serviços camarários no sentido de removerem tamanha ofensa à dignidade da pessoa humana, da Cidade de Lisboa e dos seus munícipes.-------------------------------------------------------------------------------------- ----- A Senhora Deputada Municipal Alline Hall (PPM) disse que, antes de opinar sobre a Informação Escrita, permitia-se fazer uma singela observação: folgava em ver o Senhor Presidente bem disposto, com certeza seriam resquícios da sua satisfação pelo jogo Benfica-Sporting, onde o seu clube saíra vencedor. Como sportinguista, via isso como a lei da compensação, o Benfica ganhava jogos mas em compensação o Sporting era capaz de ganhar uns milhões da Câmara.---------------------------------------- ----- Era um pouco o que sentia em relação à Informação Escrita, provocava-lhe olheiras mas em compensação deliciava-se ao lê-la, principalmente porque aprendia algumas lições. Uma delas seria muito útil aquando da sua vida profissional a corrigir trabalhos dos alunos, era perceber como sem se fazer absolutamente nada dava-se a impressão de fazer alguma coisa.----------------------------------------------------------------- ----- A Informação Escrita dizia respeito ao período de 15 de Novembro a 31 de Janeiro, ou seja, plena altura natalícia. Pelo volume de trabalho, perguntava para quê o Pai Natal e a rena Rodolfo quando tinham o Senhor Presidente da Câmara e as bicicletas do Senhor Vereador Sá Fernandes. -------------------------------------------------- ----- Começando pela reforma administrativa da Cidade, se era para esperar 50 anos e ficar com essa reforma de divisão de águas para a direita e para a esquerda, como Moisés com o seu cajado à beira-Tejo, se calhar era preferível esperar mais alguns anos. Toda a gente sabia a opinião do PPM sobre essa reforma e não se iria alongar sobre esse ponto. De qualquer forma ainda estava por concretizar. Achava curioso que se mencionasse o chamado debate público de Novembro de 2010 quando a grande maioria dos presentes não era público em geral mas sim funcionários camarários, debate esse divulgado ainda dois dias depois de ter acontecido, como chegara a ver na Praça de Espanha ou na Av. Columbano Bordalo Pinheiro, quando colocavam os cartazes para publicitar o dito evento. Era o bom funcionamento do espírito natalício, com certeza.------------------------------------------------------------------------------------------ ----- Mencionava que “uma reforma como esta não se faz a régua e esquadro”. Claro que não e apesar do Senhor Presidente ser ateu, na realidade dividira a Cidade em

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duas, como no exemplo bíblico, mas sem perder a dimensão centro, como se fosse um novo mapa cor-de-rosa 120 anos depois. Não podia deixar de reparar, pela cor das flores que enfeitavam as mesas da Assembleia, com quem o Senhor Presidente fazia os seus acordos, que era com certeza a força política superior na Assembleia. ----------- ----- Exaltava não só o actual Executivo, que finalizara um longo processo, mas os anteriores executivos camarários pela obra de desvio de esgotos da ETAR de Alcântara. Ainda não havia ostras nem golfinhos no Tejo, mas a Cidade já recuperara alguma da sua dignidade e com certeza todos agradeciam por isso. ------------------------ ----- Para não se pensar que só via vários pontos negativos do Executivo e só um ponto positivo, acrescentava a parabenização pela candidatura do fado a património cultural imaterial da humanidade. Era-lhe cara a atenção dada à cultura e em boa hora tinha sido feita essa lembrança. O PPM louvava todos os esforços feitos em prol de algo que era muito maior e acabava por consubstanciar a alma portuguesa. Isso sim, era digno de aplausos. ------------------------------------------------------------------------------ ----- Quanto à Frente Tejo, gostaria de perceber as vantagens de participação no capital social, que parecia ser apenas a de lançar dinheiro sem se saber bem o retorno e a criação de mais um ou dois lugares de administração talvez para alguns boys. ------- ----- Quanto à criação da incubadora de empresas, que visava o aumento de postos de trabalho e de riqueza para a Cidade de Lisboa, o PPM estava muito expectante e atento. Esperava que se concretizasse como se sugeria. -------------------------------------- ----- Em toda a Informação Escrita, de alta excelência literária, havia algo que no entanto causava alguma confusão e que era perceber como a EMEL ganhava prémios. Tinha imensos problemas, o prejuízo era cada vez maior, para acabarem as dores de cabeça mais valia fecharem a empresa. Contudo, havia uma entidade que lhe conferia prémios. Das duas uma, ou andavam todos enganados em muitos anos e a EMEL era um primor e um exemplo empresarial a seguir, ou esta entidade não sabia o que fazer aos prémios e rifava-os, desconhecendo totalmente a EMEL. Havia coisas fantásticas.- ----- Por fim, como era óbvio e expectável, a parte mais preciosa de toda a Informação Escrita, o ponto 7 relativo ao concurso de concepção para elaboração do projecto de um monumento comemorativo do Centenário da Implantação da República Portuguesa. Para além de não saberem fazer contas, porque centenário dizia respeito a 100 anos e não 101, estavam muito generosos e não imaginavam o que fazer ao dinheiro. Pelos vistos, a Senhora Vereadora das Finanças vinha estando enganada e a Câmara não tinha problemas financeiros nenhuns. -------------------------------------------- ----- Sugeria que em vez de espetarem com mais poluição visual sem qualquer originalidade, não fosse terem imitado os franceses para criarem a imagem da República Portuguesa. Devia ser um fetiche republicano qualquer, o de colocarem mulheres de peito desnudo e barretes na cabeça. Sugeria que aplicassem esse montante em recuperação e limpeza das várias estátuas da Cidade, isso sim seria honrar a cultura e a arte urbana e as pessoas de bom gosto obviamente agradeciam. ---- ----- Era muito triste ver dinheiro assim esbanjado com uma instituição moribunda, podre, polémica, incompetente, como essa “relespública” vinha demonstrando ser. O povo, definitivamente, não estava satisfeito e ainda havia quem quisesse levantar

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ídolos a uma espécie de deus com morte anunciada. Que tivessem juízo. Havia prioridades e obviamente criarem e erguerem estátuas não era uma delas. ---------------- ----- A Senhora Deputada Municipal Cláudia Madeira (PEV) disse que, analisando a informação escrita do Senhor Presidente da CML, deparava-se logo, no primeiro ponto, com uma referência à reforma administrativa de Lisboa. Sobre essa matéria o PEV tivera oportunidade, na última reunião, de transmitir a sua opinião. Contudo, e perante a informação que era fornecida, não podia deixar de salientar alguns aspectos: ------------------------------------------------------------------------------------ ----- Primeiro, continuava-se a tentar passar a ideia de que os problemas de Lisboa se centravam na forma como estava feita a sua divisão administrativa. Quando tinham a sua base nas políticas prosseguidas, que se vinham revelando incapazes de resolver problemas e que, além disso, os agravavam. --------------------------------------------------- ----- Segundo, o tão propalado acordo entre PS e PSD ignorava aspectos importantíssimos de forma a ajustar-se aos interesses eleitorais desses partidos e não às necessidades da população. ------------------------------------------------------------------- ----- Terceiro, se esta proposta, que queriam fazer crer que era a única, se concretizasse, teriam freguesias menos democráticas e mais afastadas dos cidadãos. --- ----- Uma reorganização administrativa não podia ser feita sob pressas nem pressões, devia ser um processo amplamente divulgado, participado, envolvendo as freguesias e as suas populações, de forma a responder melhor aos problemas que afectavam o seu dia-a-dia, e tinha que englobar todas as propostas e não apenas a proposta acordada entre o PS e o PSD. -------------------------------------------------------------------------------- ----- Era por isso que o PEV não percebia como era possível que se continuasse a dizer que se iniciara um período de debate público com serenidade e sem tabus. Parecia que esse processo tinha sido marcado, sim, pela celeridade e não serenidade. Perguntou se quando se referia a uma proposta como sendo a proposta, se não estavam a fazer das outras propostas alternativas um tabu.----------------------------------- ----- Passando agora para o ponto 6 do relatório do Senhor Presidente, tinham os Complexos Desportivos Municipais dos Olivais, Campo Grande e Areeiro que se encontravam em avançado estado de degradação. Pois claro, com os actos de vandalismo de que vinham sendo alvo, não era de esperar outra coisa. ------------------- ----- Mas isso era o que acontecia quando se abandonavam equipamentos, como o Senhor Presidente devia saber muito bem, devido ao que também acontecera ao equipamento social de Campo de Ourique. ---------------------------------------------------- ----- Acontecia que a CML dizia que os projectos de transformação preservavam a identidade e a memória desses equipamentos. Perguntou, então, se o edifício da piscina do Areeiro ia ser completamente demolido, como é que se mantinha o que quer que fosse.--------------------------------------------------------------------------------------- ----- E isso quando em 2006, a então Presidente da Ordem dos Arquitectos, a Senhora Vereadora Helena Roseta, escrevera ao então Presidente da CML, chamando a atenção para a importância dessas peças arquitectónicas. Perguntou, então, em que é que ficavam, se o edifício era ou não importante, ou se a sua importância arquitectónica estava dependente de outros valores.-------------------------------------------

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----- Gostaria também de abordar outro ponto. Já havia algum tempo que o PEV vinha questionando o executivo sobre o antigo Hospital de Arroios, sem ter obtido, até agora qualquer resposta. Muito recentemente, a Câmara Municipal de Lisboa respondera apenas à pergunta do requerimento que se inscrevia no âmbito da vereação da cultura, respeitante ao processo de classificação desse antigo Convento. --------------------------- ----- De resto, não obtivera mais nenhuma resposta e, nos últimos dias, tinha havido máquinas a trabalhar nesses terrenos. Isso apesar da resposta que fora fornecida comunicar que, apesar de o processo de classificação não abranger a totalidade do complexo conventual, determinava que a zona envolvente constituísse zona de protecção. -------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Ora, perante isso, agradecia que, desta vez, o executivo respondesse a algumas questões que voltava a reformular: -------------------------------------------------------------- ----- Qual a razão para haver máquinas a trabalhar no espaço do antigo Hospital de Arroios; ---------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Quais os resultados do parecer realizado pela Direcção Municipal de Protecção Civil, Segurança e Tráfego, relativo à possibilidade de construção de um estacionamento temporário nesse local; --------------------------------------------------------- ----- Se confirmava a construção de um parque de estacionamento temporário nesse local; ------------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Qual tinha sido a relação da CML com a Junta de Freguesia de São Jorge de Arroios e os moradores relativamente a esse assunto.----------------------------------------- ----- Passando agora ao projecto das Bibliotecas Itinerantes. Esse serviço era constituído por duas carrinhas, no entanto, e segundo informações dos serviços da própria Rede de Bibliotecas Municipais, o serviço de Carnide e do Parque das Nações encontrava-se suspenso. --------------------------------------------------------------------------- ----- Uma vez que na Informação escrita não encontrava qualquer explicação, gostaria de saber quantas carrinhas estavam, neste momento, a funcionar no âmbito do serviço de Bibliotecas Itinerantes e qual o motivo para o serviço de Carnide e do Parque das Nações se encontrar suspenso. -------------------------------------------------------------------- ----- Sobre a rede escolar, o PEV deparava-se com algumas situações inadmissíveis como, por exemplo, a situação da antiga Escola 111, de São João de Brito, onde ocorrera um acidente, que poderia ter causado vários feridos graves, uma vez que parte do telheiro da escola tinha caído, numa zona habitualmente utilizada pelos alunos e funcionários, que lá tinham estado pouco tempo antes. ---------------------------- ----- Também o refeitório se encontrava em condições degradantes, onde faltavam partes do tecto, onde não havia aquecimento, e onde não havia sequer condições para a confecção das refeições, que tinham que ser fornecidas por uma empresa de catering. ---------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Para além dessas situações, o Grupo Municipal de “Os Verdes” tivera também conhecimento da redução do pessoal auxiliar. Essa situação fazia com que houvesse metade do número de auxiliares que havia no início do ano lectivo, para um universo de, aproximadamente, 350 crianças, que neste momento eram vigiadas por 6 funcionários. -----------------------------------------------------------------------------------------

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----- Perante isso, “Os Verdes” perguntavam qual a razão para a Câmara Municipal de Lisboa ter deixado essa escola chegar a esse estado de degradação, uma vez que até estava inscrita no Programa Escola Nova. Gostaria também de obter esclarecimentos relativamente às outras situações detectadas nesse estabelecimento de ensino. ----------- ----- Esse era apenas um exemplo, porque havia também outra situação, a da Escola Básica EB1 Nº 120, nas Laranjeiras, que fora, recentemente, alvo de obras de ampliação e remodelação, ao abrigo do Programa Escola Nova que previa obras de beneficiação geral, no exterior e a construção de um ginásio. ------------------------------- ----- No passado dia 17 de Dezembro, o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e a Ministra da Educação deram por concluídas essas obras. Acontecia que nas traseiras da escola as obras prosseguiam, pois apenas a zona da fachada exibida durante a cerimónia estava verdadeiramente pronta e terminada. -------------------------------------- ----- Ou seja, os alunos continuariam a ter aulas em contentores mas, para a fotografia era suficiente ter a fachada pronta. Aqui aplicava-se perfeitamente a expressão “é só fachada!” e era notória a preocupação das políticas educativas do município: fazer grandes alaridos e propaganda em volta de uma medida, mas na prática, essa nem se chegava a concretizar ou ficava muito aquém do desejado e do proposto.----------------- ----- E poderiam pegar igualmente no caso da Escola Aida Vieira, no Bairro Padre Cruz, ou muitos outros, mas depois era caricato ler, na Revista Metrópoles, um artigo do Senhor Vereador da Educação, que em nada deixava adivinhar que se passavam situações dessas na cidade de Lisboa, porque aí parecia que estava tudo no bom caminho e que se resolveram todos os problemas das escolas de Lisboa, quando a verdade era que estavam muito longe disso. --------------------------------------------------- ----- Tiveram também o lançamento do Guia do Parque Florestal de Monsanto, e na opinião do PEV, tudo o que ajudasse à promoção e preservação desse espaço era uma mais-valia. Mas não se podia ficar por aí e por isso gostaria de ver esclarecida a seguinte questão: ----------------------------------------------------------------------------------- ----- Em Outubro do ano passado fora dito que, no âmbito das medidas de compensação pela realização do Festival Delta Tejo, estava prevista a plantação de aproximadamente 300 árvores durante o ano de 2010, das quais já tinham sido plantadas cerca de metade. Então, o que gostaria de saber era se entretanto foram plantadas as restantes árvores previstas e no prazo previsto, e se não foram, qual a razão para esse incumprimento. ------------------------------------------------------------------ ----- Para terminar, fora também anunciado que não haveria reactivação do eléctrico 24, que ligava o Cais do Sodré a Campolide. Recordava que em 2007, por iniciativa do Grupo Municipal do PEV, fora aprovada por unanimidade uma recomendação no sentido de repor algumas carreiras de eléctricos, entre elas o 24, e ainda na semana passada tinha sido aprovada na assembleia uma moção sobre essa situação. -------------- ----- Essa carreira, aquando do início das obras de construção do parque de estacionamento subterrâneo em Campolide, havia mais de dez anos, fora temporariamente interrompida, tendo suspendido uma das linhas de eléctricos mais importantes de Lisboa, nomeadamente ao nível turístico. ------------------------------------

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----- Tendo em conta que existia um protocolo entre a Câmara Municipal de Lisboa e a CARRIS, para activar a antiga carreira de eléctrico nº 24, e que (segundo fonte da própria CARRIS) apenas se aguardava pela conclusão das obras no passadiço do Elevador de Santa Justa para a reactivar, a nova decisão contrariava as deliberações da Assembleia Municipal, e o próprio protocolo, pelo que gostaria de saber qual a posição da CML relativamente a essa situação, e o que fizera ou pensava fazer em relação a isso.---------------------------------------------------------------------------------------- ----- Essas eram algumas das questões que, após a apreciação da Informação Escrita do Senhor Presidente, mereceram alguma reacção da parte do PEV ou, exactamente pelo facto de não constarem deste relatório ou levantarem algumas dúvidas, as colocavam aqui, esperando obter algum esclarecimento por parte do executivo. --------- ----- O Senhor Deputado Municipal José Maria Bento (PS), Presidente da Junta de Freguesia de São João, disse que na actual sessão da Assembleia Municipal, no âmbito da apreciação da Informação Escrita do Presidente a Câmara Municipal, queria referir três aspectos que lhe pareciam dever merecer especial atenção. -------------------- ----- Em primeiro lugar a questão da Reforma Administrativa de Lisboa, matéria essa que fora já objecto de acesa e profunda discussão na última reunião da Assembleia e que, votada, tinha ido para debate público que iria reflectir, estava certo, a relevância que essa questão levantava para a vida colectiva. Sobre ela gostava de deixar algumas breves considerações: ------------------------------------------------------------------------------ ----- Realçar a disponibilidade e a abertura de todas as forças vivas e locais da Cidade na discussão aberta dessa proposta da Reforma Administrativa de Lisboa;---------------- ----- Felicitar as forças políticas que eram a favor, pela sua coragem política, pelo respeito ao principal desígnio da democracia e pela noção estruturada de mudança, mas também, e não menos importante, felicitar as forças políticas que eram contra pela sua intervenção política, reveladora da sua cidadania e respeito pela democracia em que se vivia. ------------------------------------------------------------------------------------- ----- Quer se quisesse ou não, era um marco histórico a mudança territorial de 53 para 24 freguesias propostas, situação que se vinha mantendo inalterada havia mais de 50 anos. Esse novo mapa das freguesias revelava uma necessidade de escala na dimensão territorial para o desenvolvimento de novas competências passíveis de melhor servir a população.-------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Não se podiam esquecer de que a intervenção social e política na Cidade de Lisboa se fazia com progresso, mudança e trabalho. Por isso deviam ser dadas às Juntas de Freguesia mais e melhores condições para melhor colmatar as dificuldades inerentes às suas comunidades. ------------------------------------------------------------------- ----- Tinham que ter presente que a Cidade de Lisboa tinha que crescer como as maiores cidades da Europa e do mundo e que estavam na capital dos Descobrimentos, a capital da aventura do além-mar e a capital da diferença, do cosmopolitismo e da mundialização das culturas. ----------------------------------------------------------------------- ----- No fundo, o que a todos se exigia era trabalharem numa mudança para melhor e para a Cidade, mas também não podia deixar de referir, por uma questão de justiça,

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que esse desafio da Reforma Administrativa de Lisboa era uma aposta do Presidente da CML e que merecia por isso mesmo o respeito de todos. --------------------------------- ----- Gostava também de referir a Carta dos BIP-ZIP, bairros e zonas de intervenção prioritárias de Lisboa, que identificava 67 bairros ou zonas prioritárias, que já fora aprovada por deliberação de Câmara no passado mês de Dezembro e que estava já agendada para apreciação na Assembleia Municipal. ----------------------------------------- ----- Referia-o enquanto Presidente da Junta de Freguesia de São João, Freguesia que tinha dois dos seus bairros integrados nessa Carta, a Quinta do Lavrado e o Bairro Horizonte. Considerava começar-se a olhar finalmente essa questão com a vontade de procurar encontrar algumas respostas aos inúmeros e prementes problemas que se colocavam às populações que nesses bairros e zonas residiam e trabalhavam.------------ ----- Sobretudo no que se referia ao Bairro Horizonte, com características semelhantes a outros existentes ali bem perto, lembrava que era preciso ter consciência da necessidade de maior empenho e vontade porque os problemas, nomeadamente os de carácter jurídico, eram bem exigentes. Essa era, estava convicto, uma questão que não podia continuar à espera de soluções sem solução. Havia que ter a coragem de a encarar de frente e de começar a dar os passos que importava dar para que o tempo não fosse afinal uma perda de tempo. As pessoas que lá moravam e trabalhavam, estava certo, mereciam de todos pelo menos a vontade de não parar, de não desistir, porque pessoas mereciam o empenho, a vontade e o esforço.-------------------------------- ----- Para terminar, ainda na sua qualidade de Presidente da Junta de Freguesia de São João, gostava de, ao registar algumas intervenções em arruamentos, como fossem a execução do pavimento anti-derrapante junto à Escola 142 e propostas de soluções para o contínuo melhoramento da segurança em vias como a Av. Mouzinho de Albuquerque, gostava de desejar que na próxima apreciação da Informação Escrita do Presidente da Câmara Municipal pudesse vir felicitar o Executivo Camarário por ter finalmente dado início a uma das obras de reestruturação viária mais ansiadas pela população da Freguesia, a via que ligava o Alto Varejão à Parada do Alto de São João, a célebre Rua Lopes. ------------------------------------------------------------------------------- ----- Isso não era de maneira nenhuma uma crítica, sempre positiva obviamente, até porque outras não eram do seu timbre fazer. Era mais uma convicção, a convicção de que estaria então aqui a fazê-lo. ------------------------------------------------------------------ ----- A Senhora Deputada Municipal Lurdes Pinheiro (PCP), Presidente da Junta de Freguesia de Santo Estevão, disse que a Informação escrita do Sr. Presidente, sobre a actividade da Câmara no período de 15 de Novembro a 31 de Janeiro de 2011, mostrava mais uma vez poucas obras para problemas que aumentavam. Podia limitar-se ao que se passava na freguesia de Santo Estêvão e no Bairro de Alfama, mas limitava-se a dizer que não tinha novidades boas no estado real das coisas. Conversa, claro, era como nesta informação: abundava. Mas os problemas permaneciam. --------- ----- Daria mais esperança saber que no resto da cidade as coisas não se passavam assim. Mas passavam-se assim mesmo. Ouvia-se projectos e promessas, eram apontados falsos culpados (como as monstruosas dificuldades que advinham de uma organização administrativa que não deixava trabalhar...), fazia-se aqui e ali uma

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intervenção pontual... Mas do que se via na cidade não trazia motivos de esperança quanto ao que faltava fazer na freguesia e no bairro. ----------------------------------------- ----- O espaço público estava numa degradação total, havia ruas cheias de buracos no betuminoso, os passeios estavam numa desgraça por quase toda a cidade. Era o que se via na Rua de São Sebastião da Pedreira, na Avenida Duque de Loulé (que iria entrar em obra profunda até final do ano passado, como o Senhor Vereador lá anunciara, numa reunião pública, em Maio), na Avenida Infante D. Henrique, na Rua de Santa Marta, na Rua das Pretas, na Rua do Arsenal, na Rua do Comércio - tal como na Rua dos Remédios, na Rua do Vigário, no Largo do Miradouro de Santo Estêvão. Voltava a insistir na necessidade de tornar pedonal a Calçada do Forte, que agora estava em muito mau estado, mas mesmo em bom estado era já perigosa. E recordava ainda a proposta de colocar piso anti-derrapante na descida do Beco da Lapa para o Beco do Melo. Recordava que era preciso fazer a recuperação da Fonte das Almas (junto ao Miradouro de Santo Estêvão), a recuperação do Chafariz de Dentro, e a reabilitação do espaço libertado pela demolição de um prédio municipal na Rua da Regueira. Lembrava que estava por concretizar a construção do campo de jogos. Não podia ficar na mesma a situação dos colectores, porque ainda continuavam a ocorrer grandes inundações quando chovia, com graves prejuízos para o comércio local. ----------------- ----- Havia ruas com candeeiros apagados há muito tempo. Sabia que a resolução desses problemas não dependia dos serviços municipais de Iluminação Pública (esses muitas vezes, até conseguiam fazer milagres). Sendo da EDP a responsabilidade, cabia à Câmara exigir-lhe uma acção mais rápida e mais eficaz. --------------------------- ----- O Senhor Presidente saberia por sua experiência que em certas ruas de Lisboa parecia ter havido uma guerra. Mas podia dizer-lhe que à Freguesia de Santo Estêvão podia ir sem recear acidentes que aconteciam nessas situações. Apesar de não terem ainda recebido qualquer verba do protocolo, continuava a intervir no espaço público e a resolver como podia e como melhor sabia vários problemas do espaço público que eram da competência da Câmara. Mesmo sendo uma freguesia pequena, mesmo tendo falta de meios, mesmo com os obstáculos acrescentados ao seu trabalho pelo poder central e pela Câmara, ainda conseguia ter resultados positivos que a população conhecia e reconhecia. ----------------------------------------------------------------------------- ----- Eram resultados desse género que faltavam na informação que aqui apreciavam hoje. -------------------------------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal António Ferreira de Lemos (CDS-PP) disse que da análise da Informação Escrita do Senhor Presidente da CML à Assembleia constatava-se que nada de verdadeiramente relevante se tinha feito, ou mesmo se iniciara. Era absolutamente frustrante, mesmo deprimente, vivendo e trabalhando em Lisboa, observando atentamente o dia-a-dia da Cidade e dos lisboetas, constatar a diferença entre o que se percepcionava e o que o Senhor Presidente entendia que era o bom governo da Cidade de Lisboa. -------------------------------------------------------------- ----- Lisboa era a Capital de Portugal na Europa, mas a capital mais próxima em distância física era Rabat. A Informação do Senhor Presidente fazia-lhe pensar com verdadeira angústia que a proximidade física não fosse, infelizmente, a única.-----------

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----- Voltando ao relatório, como primeira actividade era indicada a Reforma Administrativa de Lisboa. Para essa Reforma Administrativa tinha-se partido de um estudo do Instituto Superior de Ciência do Instituto Superior de Economia e Gestão e do Instituto de Ciências Sociais, que dizia que após meio século nada se tinha feito nessas matérias. ------------------------------------------------------------------------------------- ----- Dizia também que a melhor solução seria aquela que o CDS tinha preconizado, uma reforma profunda e autêntica que permitiria abrir caminho para um futuro governo da metrópole de Lisboa, com Lisboa como pólo central do conjunto das cidades da região. ----------------------------------------------------------------------------------- ----- Ao longo de mais de um ano a equipa da Câmara dedicara-se a um trabalho alargado sobre o estado actual da Cidade e concluíra que apenas era preciso manter os limites geográficos actuais das 53 freguesias e propunha a redução para 24 freguesias. Com serenidade e sem tabus, não podia deixar de manifestar que um acordo de maioria efémera não implicava necessariamente a melhor opção para a Cidade, agora e no futuro.------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Num segundo ponto, ainda relativamente à actividade, referia-se a conclusão da obra do desvio de esgotos para a ETAR de Alcântara. O CDS saudava essa conclusão, saudava também o apoio da EPAL ao renovar o sistema de condutas, libertando o Terreiro do Paço para usufruição do espaço. Mas mantinha-se o silêncio sobre a evolução do processo de transferência da rede em baixa de Lisboa para aquela empresa. Uma vez mais, um acordo de maioria efémera obrigara à desistência de algo que uma semana antes a Câmara entendia como prioritário e estrutural para a Cidade. Agora nem uma palavra. --------------------------------------------------------------------------- ----- Seguia-se a candidatura do fado a património cultural imaterial da humanidade, a participação do Município no capital social da Frente Tejo SA, a incubadora de empresas com o Montepio e IAPMEI.----------------------------------------------------------- ----- Depois, como grandes acções, eram informados da realização do concurso público para a concessão de obras públicas nos complexos desportivos de Olivais, Campo Grande e Areeiro, outro para o monumento comemorativo do Centenário da República e um protocolo de cedência de espaço para a Casa da Cultura de Cabo Verde em Lisboa. ----------------------------------------------------------------------------------- ----- Depois, a exposição no Mercado de Santa Clara da colecção de Pancho Guedes, interessante mas não mais do que isso, e os prémios à SRU Ocidental e EMEL pelas boas práticas no sector público. Boas práticas marginais que não impediam o seu desequilíbrio financeiro, a sua insustentabilidade económica e social. --------------------- ----- Para terminar o relatório, a menção honrosa da Gulbenkian, um parque provisório de estacionamento da Memória, pensava que perto da Calçada da Ajuda, o Projecto “Verdinhos” e o Regulamento de Estacionamento da Cidade de Lisboa, que ainda não tinha sido discutido na Assembleia.-------------------------------------------------------------- ----- Acrescia uma segunda parte de informação dos serviços, extensa, monótona e desinteressante, sobretudo nesta sede, em que se procurava demonstrar que a Câmara conseguia que os serviços realizassem aquilo que era a sua função mínima e obrigatória.-------------------------------------------------------------------------------------------

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----- Ficava espantado que algumas direcções relatassem que elaboraram um relatório de actividades e outras conseguiram manter os sistemas corporativos da Câmara, nomeadamente da aplicação de vencimentos. Era, de facto, verdadeiramente espantoso. Por aí fora, numa longa lista de obrigações mínimas que foram cumpridas, bem ou mal não se sabia, e que mais não eram do que o exercício burocrático essencial para o funcionamento do Município.------------------------------------------------- ----- Era isso o essencial da Informação Escrita do Senhor Presidente. Mais um trimestre, mais uma Informação Escrita. ------------------------------------------------------- ----- Perguntou como evoluíra a ideia de Cidade, que estratégia para Lisboa endividada, pobre e envelhecida, qual o futuro dos jovens munícipes em Lisboa, se ficar e resistir ou abandonar. ---------------------------------------------------------------------- ----- A Informação não era o pessimismo da inteligência nem o optimismo da vontade, era muito mais um optimismo trágico que se erguia sobre escombros não reabilitados, insustentáveis e em que todos pareciam acreditar que tudo ia correr mal. ----------------- ----- O Senhor Deputado Municipal João Bau (BE) disse que vinha abordar duas questões, ambas não referidas no relatório do Senhor Presidente, tendo a primeira delas a ver com um pedido que o BE tinha feito para que fossem entregues os relatórios e contas de 2007, 2008 e 2009 de todas as empresas municipais e ainda das restantes empresas em que a CML tivesse participação. -------------------------------------- ----- O BE tinha pedido ainda que fossem indicadas as datas de apresentação dos relatórios dos conselhos de administração e as datas de aprovação dos relatórios pelas entidades com competência para o efeito.------------------------------------------------------- ----- O primeiro pedido tinha sido dirigido, nos termos regimentais, à Senhora Presidente da Assembleia em 29 de Junho do ano transacto e, portanto, certamente teria seguido para a Câmara nos primeiros dias de Julho. O segundo pedido em 13 de Setembro de 2010. Estavam em Março de 2011 e essa negação de informação à Assembleia não podia ficar sem registo e sem protesto. -------------------------------------- ----- O BE tinha uma posição conhecida relativamente às empresas municipais. Entendia que elas se justificavam nos casos em que a gestão empresarial era a forma mais adequada para prestar serviço aos cidadãos e era contra empresas que não tinham nenhuma justificação para existir. Uma das razões que vinha apontando era a falta de transparência que rodeava a sua acção. ---------------------------------------------------------- ----- A Assembleia perdia o controle das actividades que essas empresas desempenhavam, perdia o controle dos serviços que essas empresas deviam prestar aos cidadãos.----------------------------------------------------------------------------------------- ----- A negação do envio à Assembleia, no mínimo do relatório e contas, era um exemplo concreto da forma como estavam impedidos, não dizia de criticar, mas de conhecer a actividade das empresas municipais. Essa falta de transparência não podia deixar de ser assacada, a sua responsabilidade, ao Senhor Presidente da Câmara e à forma como geria o Município. ------------------------------------------------------------------- ----- O segundo ponto tinha a haver com a mobilidade na Cidade de Lisboa. Aliás, o problema já tinha sido levantado por outra força política. Neste momento o preço do barril de petróleo no mercado internacional estava a subir e era previsível que viesse a

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subir mais. Esse tema era uma preocupação para o País, nomeadamente na situação económica e financeira em que se estava, porque isso iria agravar os problemas, agravar a balança de pagamentos, a dependência do estrangeiro, a necessidade de divisas estrangeiras, etc. --------------------------------------------------------------------------- ----- Era a altura de mudar de paradigma no que tocava à mobilidade. Impunha-se havia muito tempo, mas diria que nesta crise isso ainda era mais importante. Os novos paradigmas de opção pela utilização do transporte público em detrimento do transporte privado, de opção pelo transporte ferroviário em detrimento do transporte rodoviário, eram questões importantíssimas. --------------------------------------------------- ----- O que acontecia era que com a política dos PECs, a política de direita rosa/laranja que vinha sendo seguida a nível nacional e que vinha a ter reflexos também ao nível municipal, com essa política todas as empresas públicas foram levadas à obrigação de cortar 15% nos seus custos. Evidentemente que parte desse corte era o corte nos salários dos trabalhadores, eram sempre os trabalhadores a ter uma fatia grande nesse esquema de sacrifícios, mas o corte nos salários não chegava para alcançar os 15% dos custos das empresas.--------------------------------------------------------------------------- ----- Nas empresas de transportes, Metro, Carris, Transtejo, isso fazia-se cortando serviço público, cortando carreiras, cortando comboios, barcos. O que acontecia era que não havia uma visão global e integrada sobre essa matéria da mobilidade e o que vigorava era uma soma de micro-visões, uma soma de consideração apenas das questões económicas e financeiras de cada uma das empresas de transportes------------- ----- Era evidente que isso não era compatível com o fomento do transporte público, pelo contrário. A redução das carreiras das empresas de transportes públicos levava as pessoas a optarem pelo transporte privado. ----------------------------------------------------- ----- Essa era uma questão central nestes dias. Na vizinha Espanha já tinham sido publicadas medidas para combater o dispêndio em divisas pela importação de petróleo. Em Portugal, o Senhor Ministro ainda hoje de manhã dizia na rádio estar a preparar. --------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Na Cidade de Lisboa isso tinha a importância que se conhecia, porque o Metro, a Carris e a Transtejo serviam cidadãos de Lisboa e pessoas que vinham a Lisboa. O BE gostaria de saber qual era a posição que o Senhor Presidente da Câmara vinha adoptando nessa importante questão, quer no que tocava à sua função de Presidente da Câmara de Lisboa, quer no que tocava à sua função de membro da Junta Metropolitana de Lisboa. Gostaria de saber também que notícias tinha da actividade da Autoridade Metropolitana de Transportes, o que vinha fazendo nessa área, o que pensava fazer, isso se pensava fazer o que quer que fosse. ----------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Gonçalo da Câmara Pereira (PPM) diss que intervinha para dar uma resposta ao Presidente da Junta de São João que vinha exactamente tocar no ponto essencial da Reforma Administrativa. Vinha dar a ideia do que era a Junta e o lugar em que recebera os votos da sua população, dos fregueses de São João. Vinha fazer um elogio da Reforma Administrativa, que era, quisessem ou não, acabar com 43 juntas de freguesia. Não escamoteassem a dizer que era uma

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fusão, porque era acabar com 43 juntas de freguesia e criar 24 estruturas novas. Era isso que se iria passar.------------------------------------------------------------------------------ ----- O Senhor Presidente da Junta vinha primeiro defender essa opinião e depois fazer exactamente o que fazia um representante de uma freguesia, “a minha ruazinha, o meu vizinho disse que a rua precisava de ser arranjada”. Isso era o papel que uma freguesia sempre fizera e devia fazer. Devia era ter mais poderes.-------------------------------------- ----- Também chamava à atenção mais uma vez para o aventureirismo da Reforma Administrativa. Portugal tinha crescido através das freguesias, das paróquias, e era isso que se estava a acabar. Não se esquecia que uns anos antes, um célebre Ministro da Justiça também tinha feito uma reforma da justiça e passados uns anos era a justiça que havia. Era um aventureirismo. --------------------------------------------------------------- ----- Chamava à atenção do PSD para não colaborarem em determinadas situações, que podia ser muito bem agora mas dentro de uns tempos podiam cair num caos. Não se podia acabar com freguesias sem haver reordenamento do território. Depois disso sim, então iriam tratar das freguesias e dos municípios. -------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Silva Dias (PCP) disse que para quem se habituara a ler de três em três meses com curiosidade e interesse a Informação Escrita dos Senhores Presidentes da câmara e a considerar uma espécie de Boletim Médico sobre o estado de saúde da cidade era obrigado a dizer sobre o documento que agora chegava às mãos, referente ao período que ia de Novembro de 2010 a Janeiro de 2011, que se tratava de um documento rotineiro e morno, que dizia que a cidade ainda mexia, que os Serviços se esforçavam, que os Vereadores vereavam, no sentido arcaico da palavra, geriam o quotidiano da Cidade e só isso, passasse um eventual exagero. ---------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Contudo, sem pessimismo, aqui na Assembleia, que tinham o privilégio da perspectiva global, ouviam-se todos os Vereadores, sentia-se que a Cidade se não estava doente estava pelo menos debilitada. ---------------------------------------------------- ----- E talvez essa debilidade viesse da ausência de uma Carta Estratégica que lhe apontasse o futuro e lhe quebrasse o desânimo e de um Plano Director que a revigorasse. Anunciava-se agora o ressurgimento do PDM, infelizmente afogado por planos de pormenor e de loteamentos avulso, que antes da sua nascença já erusionaram a eficácia. ----------------------------------------------------------------------------- ----- Ou talvez a maleita estivesse numa situação que se começava a perceber nas Informações Escritas e nas explicações aqui fornecidas. A percepção de que o governo da Cidade se situava entre duas correntes distintas de pensamento: ------------- ----- Aquela que se fundamentava num municipalismo forte em que o conjunto dos órgãos autárquicos, Juntas, Câmara, Assembleia estendiam a sua soberania a todo o território e funções da sua competência apoiados em serviços e quadros de escol, ou aquela que atribuía papel hierárquico e protagonizante ao Executivo Municipal e ao qual caberia a escala das grandes decisões, a coordenação e fiscalização de organismos exteriores ao município que se ocupariam, um da cultura e dos festejos, outro do trânsito e do estacionamento, outro, ainda da urbanização de determinadas

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zonas ou da gestão do parque imobiliário e assim por aí fora, consoante as funções e as conveniências. A balcanização poder-se-ia evocar. ---------------------------------------- ----- Ia toda a sua afeição para o primeiro dos modelos, parecia ir todo o carinho do actual executivo para o segundo. ----------------------------------------------------------------- ----- A questão era que neste momento se encontravam numa situação híbrida e prejudicial à Cidade, espelhada na Informação Escrita, pois aí pouco ou nada se dizia sobre o funcionamento da EMEL, da EPUL, da EGEAC, da SRU, do que restava da GEBALIS. ------------------------------------------------------------------------------------------- ----- E porque outra questão, ainda mais grave ressurgia da Informação Escrita e que se encastrava em propostas recentes aqui discutidas ou em discussão. --------------------- ----- A reorganização dos serviços, a reforma administrativa, os BIP/ZIP, mais o estatuto da EMEL e onde se configurava um confronto entre o único e o múltiplo, central e o local, entre a Câmara e as Juntas, entre os Serviços e as Juntas, entre as Juntas e os Serviços.-------------------------------------------------------------------------------- ----- Permitissem-lhe que mudasse de escala, falasse de um problema da Freguesia onde habitava e que reflectia o espírito desse confronto. A Praça de Londres, aqui bem perto, tinha uma placa central ajardinada onde até há pouco tempo se realizava, no 2º sábado de cada mês animada feira de antiguidades. ------------------------------------------- ----- Quisera o governo central da cidade intervir profundamente no arranjo dessa placa central e apresentou os respectivos projectos e o orçamento provocando uma reacção da população da freguesia que não se fizera esperar, com razões que iam desde as de carácter histórico, pelo desrespeito pelo desenho do jardim dos anos 50 do século passado condizente com o espírito do bairro aos de carácter funcional, que reclamavam unicamente melhoria de pavimento e tratamento adequado da cobertura vegetal. ----------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Vencera o governo central da cidade. Procurara na Informação Escrita uma análise crítica da intervenção - porque era que o pavimento escolhido não permitia uma varredura eficaz, porque era que à mínima chuvada a gravilha se espalhava pelas faixas de rodagem, porque era que a erosão já corroía os taludes artificiais ou as árvores já denotavam mal estar. ------------------------------------------------------------------ ----- Perguntou porque era que se fizeram ouvidos moucos à população. Porque era que se esquecera o princípio de subsidiariedade, o que podia ser decidido ao nível da freguesia não precisava de o ser ao nível do concelho e o que podia ser ao nível do concelho não precisava de ser ao nível da região e assim por ai fora até ao nível da Europa. ----------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Era prenhe de dados sobre a acção do Executivo, a Informação Escrita do Senhor Presidente, mas evidentemente parca de doutrina. --------------------------------------------- ----- O Senhor Vereador Manuel Brito disse que se iria referir expressamente à questão das piscinas. Em relação a esse facto havia muitos pontos por onde pegar. Uma maneira de pegar era como tinha feito o PSD, que fora em Câmara desejar felicidades e que o processo andasse bem. Se o processo andasse bem, toda a Cidade ganhava. ----------------------------------------------------------------------------------------------

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----- Sabia que, no fundo, todas e todos os Deputados Municipais queriam que o processo dos Olivais, do Campo Grande e do Areeiro corresse bem, porque isso seria enriquecer o património da Cidade, de equipamentos que estavam destruídos havia muito tempo, abandonados, foram vandalizados e eram um antro de marginais, drogados e delinquentes. Era com isso que se queria acabar. -------------------------------- ----- Iria dizer alguns pontos por onde essa abordagem vinha sendo feita:----------------- ----- Problemas com as piscinas e as empresas, isso não conhecia. Aliás, uma das empresas já tinha 20 anos de mercado, já estava em Espanha e tinha centros desportivos em cerca de 30 municípios de todo o espectro político, desde a Esquerda Unida ao PSOE. O mesmo modelo era replicado em França, na Alemanha. Era um modelo que vinha tendo algum desenvolvimento e não era, ao contrário do que o Senhor Deputado Municipal do BE dissera, a privatização das piscinas. Não era nada disso que se tratava. Tratava-se de um contrato de concessão de obras públicas, nomeadamente no plano da gestão, na qual os interesses públicos municipais estavam suficientemente salvaguardados, quer em termos de horas para aprendizagem das crianças, quer em termos de preços, quer em termos das taxas que tinham que ser pagas relativamente à facturação dessas empresas. -------------------------------------------- ----- A Câmara não tinha entre 25 a 30 milhões para investir e era um contrato aberto que beneficiava o Município e os cidadãos. ---------------------------------------------------- ----- Outro modo de pagar, e até estava espantado de não o terem abordado, era por exemplo o IVA. O IVA ia ser pago à taxa em vigor na altura em que as actividades decorressem. Havia muito modo de pagar.------------------------------------------------------ ----- Dizia-se que a arquitectura não era brilhante, mas isso era como os hotéis. Havia hotéis de três estrelas, de quatro e cinco estrelas, mas os de três estrelas não deixavam de ser bons hotéis onde se podia ficar. Não seriam tão brilhantes como os de cinco estrelas, mas em termos da arquitectura de Lisboa conhecia talvez dois projectos de cinco estrelas, a Fundação Calouste Gulbenkian e o CCB. Curiosamente, um dos autores era o Senhor Vereador Manuel Salgado.----------------------------------------------- ----- O problema do brilhantismo, do ponto de vista estético, nem sempre correspondia e poderia fazer uma listagem exaustiva de projectos brilhantes do ponto de vista estético e medíocres do ponto de vista funcional. Até conhecia um projecto magnífico em que se esqueceram dos balneários. Portanto, estavam entendidos quanto a esse equilíbrio entre o estético e o funcional.--------------------------------------------------------- ----- Eram bons projectos que iriam servir muito bem os interesses para a saúde, para o desenvolvimento físico e desportivo da população de Lisboa. ---------------------------- ----- Havia uma coisa que nunca tinha sido dita, que durante décadas os Olivais e o Campo Grande tiveram uma cobertura insuflável, um balão absolutamente inestético, pouco saudável e ninguém se incomodara. Agora que havia um projecto decente do ponto de vista estético dizia-se que a arquitectura não era brilhante. ----------------------- ----- Não gostava, como sabiam, de abordar o passado do Município. O que receberam era o que receberam e havia que tocar para a frente, mas havia questões que o Senhor Deputado Municipal Modesto Navarro teria que perguntar no seio da sua própria bancada como explicava que uma piscina de 25 metros não tivesse durado sequer

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cinco anos e o Município tivera que devolver à União Europeia 500 mil euros. Conhecia centenas de piscinas em todo o mundo e não conhecia nenhuma que tivesse durado menos de cinco anos. Ou por exemplo a construção medíocre da piscina Baptista Bastos, que não fora acompanhada nem fiscalizada e cuja cuba estava em riscos de rebentar. Gostava que no seio da bancada do PCP desse essas explicações. --- ----- O problema levantado pelo BE, da privatização das piscinas, não era nada disso que se tratava. Era um contrato celebrado entre o Município e empresas que concorreram a concurso público internacional, perfeitamente legítimo e aprovado pela Assembleia Municipal, que se dispunham a colaborar com o Município naquilo que era a solução de um problema.-------------------------------------------------------------------- ----- Cada etapa era uma etapa e estava-se numa etapa importante, mas tal como hoje vinha uma frase sua no jornal “A Bola”, só descansaria quando no dia da inauguração se atirasse para a água e até prometera aos seus colegas que faria uma demonstração de estilos antigos de natação. --------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal John Rosas tinha falado da questão da Carta Desportiva. Evidentemente que havia uma ligação entre as duas coisas, mas não havia tempo. Acontecera uma primeira tentativa que tinha fracassado por ficar deserto o concurso, que eram as três peças em conjunto, mas tinha que haver sempre um plano de contingência. Este plano, separando as peças, correra melhor e parecia-lhe que por uma razão de conjuntura política e económica. ------------------------------------------------ ----- Aquando do primeiro concurso estavam em eleições locais e nacionais e os concorrentes estavam com alguma curiosidade de saber com quem iriam contratar. Achava isso perfeitamente compreensível do ponto de vista negocial. A situação agora estava diferente, mesmo numa conjuntura economicamente desfavorável era de grande coragem empresas estrangeiras virem investir em Portugal e em Lisboa.--------- ----- Eram concursos públicos internacionais, mas tinha pena que os portugueses não tivessem arriscado e nomeadamente fazerem um consórcio de uma empresa de gestão, de uma construtora e de uma financeira, que eram os modelos que normalmente constituíam isso. ------------------------------------------------------------------------------------ ----- Depois da Carta Desportiva foram-se fazendo tentativas, mas isso era como no desporto, treinar, ensaiar. Era tudo por ensaios e erros, não era abandonar à primeira. -- ----- A Senhora Deputada Municipal Cláudia Madeira tinha falado do avançado estado de degradação, preservar a memória e identidade. Podia dizer que se tinha cumprido exactamente tudo aquilo que os Serviços de Urbanismo determinaram. Não se estava a falar dos Jerónimos ou da Torre de Belém, estava-se a falar de equipamentos que tiveram um determinado período de vida e que no essencial, em relação à marca histórica e ao seu valor, no caso dos Olivais estava completamente preservada e no caso da grande degradação que estava na piscina do Campo Grande o projecto de arquitectura previa a preservação de muitos dos traços. -------------------------------------- ----- Gostava de dizer, em relação a algumas críticas feitas a esse propósito, que Luís Vaz de Camões tinha explicado tudo no Canto X dos Lusíadas com a última palavra e que era “inveja”. ------------------------------------------------------------------------------------

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----- O Senhor Presidente da Câmara começou por dizer ao Senhor Deputado Municipal António Prôa que tinha toda a razão no que dizia respeito ao fundo de emergência social e ao programa de emparedamento. O erro tinha sido cometido na alteração orçamental e iria já ser revisto. Para que não se repetisse, as verbas ficavam cativadas de forma a que não pudessem ser alteradas pelas diferentes áreas sem autorização da Senhora Vereadora das Finanças e, portanto, poderem ser cumpridas.--- ----- No que dizia respeito à lista dos imóveis a integrar no fundo, estava agendada para a sessão de Câmara a abertura do concurso para a contratação da entidade gestora do fundo. O trabalho de casa estava feito quanto ao levantamento do património, mas tinha que ser trabalhado com a entidade gestora, visto que tinha que ser profissionalmente avaliada a melhor estratégia de colocação do fundo relativamente aos activos a integrá-lo. Era na sequência desse trabalho que seria feita a consulta, naturalmente que com a reserva necessária à Assembleia Municipal. ---------------------- ----- Tinha que se agir nas duas vertentes, a Câmara não se podia comprometer com o fundo sem ter garantias da viabilização da Assembleia Municipal, mas obviamente que não podia abrir uma discussão pública que arriscasse a desvalorizar o valor do património municipal. Portanto, isso teria que ser gerido com a devida reserva. Com a reserva necessária, essa auscultação à Assembleia Municipal seria feita no momento adequado. -------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Relativamente à Sociedade Frente Tejo, ela tinha nascido numa iniciativa do tempo do Prof. Carmona Rodrigues e na sequência da troca de contactos entre ele próprio e o então Ministro do Ambiente e Ordenamento do Território, Prof. Nunes Correia. Tendo em conta as vicissitudes sobre esse mandato, a sociedade viera a ser constituída num momento em que o Prof. Carmona Rodrigues já não exercia as funções de Presidente da Câmara Municipal. Existia uma comissão administrativa que, aliás, o Senhor Deputado Municipal integrava, que não tinha legitimidade para tomar decisões sobre essa matéria. --------------------------------------------------------------- ----- No início do seu mandato anterior a Câmara, por razões diversas e bastante contraditórias entre si, entendera que não se devia integrar a Sociedade Frente Tejo. Assim tinha sido e estabelecera-se um mecanismo de trabalho com a Sociedade Frente Tejo que fora escrupulosamente cumprido e podia dizer que as coisas correram muito bem.--------------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Na última campanha eleitoral, que determinara a eleição para o presente mandato, o cabeça de lista do PPD/PSD à Câmara Municipal tinha-o criticado bastante pelo facto do Município de Lisboa não ter integrado a Sociedade Frente Tejo. Nessa campanha tinha assumido o compromisso com o Dr. Santana Lopes de que proporia a integração do Município de Lisboa e a participação do Município de Lisboa no capital da Sociedade Frente Tejo. Estava a honrar esse compromisso e era um compromisso vantajoso para a Cidade. Não lhe parecia que fosse essencial a Câmara ser membro da Sociedade Frente Tejo, mas se pudessem estar seria melhor para a Cidade. --------------------------------------------------------------------------------------- ----- Quanto à participação no capital, era preciso ter em conta os activos que o Estado tinha na Sociedade Frente Tejo, que eram claramente desproporcionais aos 2,5

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milhões com que o Município pretendia entrar. Dava só o exemplo de tudo o que dizia respeito ao Museu dos Coches, que valia muito mais do que os 2,5 milhões de euros. -- ----- A capacidade de intervenção na gestão de uma sociedade não requeria a existência de 50% do capital. Podia dizer que até agora, sem participação no capital, não havia nada que a Sociedade Frente Tejo tivesse feito em oposição ao Município de Lisboa. Não era pelo facto de participar que passaria a ter uma posição contrária àquela que vinha tendo até ao momento. -------------------------------------------------------- ----- A distribuição do capital conforme estava era benéfica para o Município de Lisboa e quando se fizesse a apreciação na Comissão de Finanças, a avaliação demonstraria que com a participação da Câmara, com a percentagem que participava, não ficaria em nada prejudicada, bem pelo contrário, com a posição na Sociedade Frente Tejo. ------------------------------------------------------------------------------------------ ----- Em relação às empresas, havia uma estratégia definida quanto a muitas empresas desde o princípio. Em primeiro lugar distinguira-se todas aquelas que não tinham objecto ou que se revelavam desadequadas, que fora o caso da EMARLIS, da SRU Oriental e da SRU da Baixa-Chiado. Decidira-se manter a SRU Ocidental, embora o entendimento fosse que devia haver uma fusão entre a SRU Ocidental e a EPUL, mas a SRU Ocidental tinha entretanto obtido um financiamento do BEI para poder exercer a sua actividade e, ao contrario das outras duas SRU, não havia nenhuma razão que determinasse a sua extinção e havia um bom trabalho conduzido pela Dra. Teresa do Paço que devia ser continuado e que estava a ser executado. -------------------------------- ----- Quanto à reestruturação da EPUL, a Assembleia Municipal nunca viabilizara as propostas apresentadas e, portanto, não tinha sido possível concretizar essa reforma, não obstante o Tribunal de Contas continuar a insistir para se adequarem os estatutos da EPUL à nova legislação. ----------------------------------------------------------------------- ----- Relativamente às outras empresas, felizmente foram todas saneadas. A EGEAC deixara de dar prejuízo e cumpria os contratos que tinha celebrados com a Câmara. --- ----- A GEBALIS, tinha sido feita uma avaliação e uma auditoria apreciada em Câmara, que determinara a viabilização da GEBALIS por via do reforço do capital, o que constava do Orçamento para 2011. Com a realização dessa injecção de capital, a GEBALIS tinha condições para ser viável e para poder funcionar e cumprir bem as suas funções.----------------------------------------------------------------------------------------- ----- Quanto à EMEL, tal como a EGEAC, a administração conseguira ultrapassar os problemas que a EMEL enfrentava e vinha tendo resultados positivos, ao contrário do que tinha sido dito. Tinha um ambicioso programa de investimento que estava a concretizar e que tinha condições para executar e tinha uma alteração estatutária pendente na Assembleia Municipal para poder concluir a sua reestruturação. ------------ ----- O caso mais duvidoso era a situação da EPUL e aqui repetidamente tinha dito durante o ano de 2010 que aguardava o exercício de 2010 para verificar se tinha sido ou não possível ao Conselho de Administração cumprir o plano estratégico que tinha apresentado à Câmara e se podiam concluir pela viabilidade da EPUL ou se tinham que retirar uma ilação negativa quanto ao futuro da EPUL.----------------------------------

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----- Não queria antecipar a apreciação que a Câmara iria fazer durante o corrente mês às contas que a EPUL ia apresentar, mas como na semana anterior tivera uma reunião de trabalho, juntamente com o Vereador Manuel Salgado, com a Administração da EPUL e já conhecia os números que a EPUL ia apresentar no seu relatório do exercício de 2010, não queria deixar de partilhar com os Senhores Deputados Municipais, sem prejuízo da apreciação que a Câmara e a própria Assembleia teriam que fazer em devido tempo das contas da EPUL. Felizmente, apontavam para uma alteração muito substancial no sentido positivo da rota de depreciação da EPUL. ------- ----- Quanto ao volume de negócios da EPUL em 2010, fora um total de 66 milhões de euros, o que representava uma duplicação relativamente aos 32 milhões de euros de volume de negócios que a EPUL tinha tido no ano de 2009 e que resultava essencialmente do facto da EPUL ter concluído parte significativa dos programas que estavam em atraso, designadamente os programas do Paço do Lumiar e do Campo Grande, tendo realizado no ano passado 58 milhões de euros de escrituras de entrega dos fogos contratados aos promitentes compradores, designadamente um esforço extraordinário que a EPUL tinha feito para, no último trimestre do ano, ter realizado mais de 300 escrituras, o que correspondia à entrega dos fogos contratados e havia muito atrasados aos promitentes compradores, a par de ter retomado programas que estavam paralisados, como o Programa do Martim Moniz que estava finalmente retomado e em obra e finalmente poderia concluir-se. ---------------------------------------- ----- Isso contribuíra para que os resultados operacionais da EPUL no ano 2010, ao contrário do que tinha acontecido ainda no ano 2009, já foram resultados operacionais positivos a mais de nove milhões de euros, indo a EPUL apresentar em 2010 resultados líquidos positivos de cinco milhões de euros. Decisivos para o seu futuro eram dois dados: primeiro quanto ao nível de endividamento, que se reduzira em 6% de 2009 para 2010; os capitais próprios, que tiveram uma apreciação positiva, tendo passado de uma situação negativa de capitais próprios negativos no ano 2009 para 13,7 milhões de euros de capitais próprios positivos. ----------------------------------------- ----- Isso era fruto, por um lado, da capacidade que o actual Conselho de Administração revelara de conseguir repor o nível de produção da empresa e, portanto, conclusão das obras, conclusão das escrituras, criando a possibilidade de poder ter o nível de receitas que retirara a empresa do ponto negativo. Por outro lado, o esforço que tinha feito quanto à reestruturação interna e que tinha vindo a permitir a diminuição dos efectivos, tendo uma redução de despesa de quase 28% em matéria de pessoal, fruto das rescisões que tinha vindo a fazer no seu quadro de pessoal.------------ ----- Chamava à atenção que este era o ano mais difícil para a EPUL, porque neste momento já estava em apreciação pública o plano de pormenor do Vale de Santo António, esperava que este ano a Câmara e a Assembleia Municipal concluíssem a aprovação do plano de pormenor do Vale de Santo António e com essa aprovação viabilizava-se a concretização dos projectos de loteamento a que a EPUL se vira obrigada e que tinha sido objecto das famosas vendas de bens futuros por volta de 2003 a 2005. A concretização dessa operação de loteamento permitia à EPUL não só honrar os compromissos que tinha, como sobretudo permitiria à EPUL ter encaixes

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financeiros muito significativos que, designadamente, contribuíam para resolver a situação de endividamento da EPUL.------------------------------------------------------------ ----- Se quanto às outras empresas, EMEL, EGEAC e SRU Ocidental, tinha sido possível saneá-las e colocá-las em positivo já no ano 2009, se com as decisões tomadas em 2010 e que se concretizavam este ano conseguira-se recuperar a GEBALIS, neste momento os resultados do exercício da EPUL durante o ano 2010, permitia dizer agora com confiança que o período perigoso da EPUL estava ultrapassado e se houvesse continuidade na gestão, houvesse continuidade na conclusão dos processos que vinham do passado, se concretizasse, como era instrução da Câmara, a opção da EPUL de deixar de ser uma construtora para retomar a sua função de ser uma empresa de urbanização e não de construção, conseguir-se-ia ter uma EPUL recuperada e perante a qual todos os cenários se tornavam possíveis.-------- ----- Essa era a enorme diferença entre a EPUL que havia dois anos antes e a EPUL que havia hoje. Dois anos antes só havia uma via muito estreita para a viabilização da EPUL e uma via muito larga na qual a EPUL corria, que tendia ao necessário encerramento e liquidação da EPUL. Felizmente que a empresa fugira da via larga que a conduziria necessariamente à liquidação e conseguira percorrer o caminho estreito da sua viabilização. Consolidada essa viabilização, o Município retomaria em 2013 a capacidade de poder escolher todos os cenários, manter e desenvolver a EPUL, privatizar a EPUL, encerrar a EPUL, mas em condições que fossem favoráveis ao Município. ------------------------------------------------------------------------------------------- ----- A sua convicção era que neste momento o ponto de viragem fora conseguido e estava-se numa rota onde todas as opções eram possíveis, mas só eram possíveis e só deviam ser tomadas no momento próprio, depois de consolidado esse percurso, ou seja, nunca antes de 2013. ------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal António Prôa (PSD) agradeceu os esclarecimentos do Senhor Presidente da Câmara a algumas questões colocadas. Registava que iria corrigir as questões resultantes dos compromissos assumidos com a Assembleia Municipal para a viabilização do Orçamento e esperava para breve a devida correcção. ----------------------------------------------------------------------------------- ----- Registava também que não tivera oportunidade para dar conta da razão de ser da irregularidade por si referida quanto à alteração orçamental que diminuía a dotação da Assembleia Municipal.----------------------------------------------------------------------------- ----- Sobretudo queria fazer referência às questões que o Senhor Presidente abordara de forma mais alongada quanto ao universo empresarial da Câmara e, se lhe era permitido, não só ao universo empresarial, mas ao conjunto vasto de entidades que eram participadas pela Câmara, entre empresas inter-municipais e associações, num conjunto que ia muito para além da dezena. Entidades que se foram arrastando no tempo e que tiveram a sua utilidade em determinada altura, não punha em causa a integração ao tempo de cada uma dessas entidades, mas punha em causa o facto de assim permanecerem ano após ano sem se saber a utilidade de cada uma dessas instituições e que papel deviam desempenhar de forma a serem úteis para a Cidade de

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Lisboa e não serem, como eram hoje em muitos casos, um fardo mais ou menos pesado para a Cidade de Lisboa. Era isso que estava em causa. ----------------------------- ----- Já na última reunião da Assembleia Municipal tivera oportunidade de referir a necessidade de emagrecer esse universo de participações da Câmara Municipal. Voltava a dizer que estava pendente na Assembleia uma iniciativa, parecia-lhe que do BE, no sentido de se reflectir o universo de participações da Câmara Municipal e ganhava cada vez mais utilidade a necessidade de se utilizar essa iniciativa e que, nessa medida, teriam no seio da Assembleia que desenvolver e concretizar essa iniciativa.--------------------------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Presidente da Câmara não tinha dado resposta a essas questões. Compreendia a argumentação e louvava a preocupação quanto ao equilíbrio financeiro dessas empresas que eram tuteladas pela Câmara Municipal, mas muito mais importante do que essa preocupação de saber se as empresas tinham uma gestão equilibrada ou não, que não era preciso ser Presidente da Câmara para ter essa obrigação e essa preocupação, um Presidente da Câmara devia muito mais do que isso, devia definir qual era o papel de cada uma das entidades participadas pela Câmara numa política global para a Cidade de Lisboa. Como era que cada uma dessas entidades servia como instrumento útil para a concretização das políticas da Câmara. Era isso que faltava definir e era isso que era urgente voltar a reflectir. Era isso que a Câmara não definia sistematicamente, qual o papel para a Cidade de cada entidade, que entidades podiam ser extinguidas, de que entidades a Câmara podia sair. ------------ ----- Estava para aparecer, de acordo com a proposta do Senhor Presidente da Câmara no último Orçamento e que fora por iniciativa também do PSD retirado do Orçamento, a alteração da propriedade da rede de saneamento de Lisboa e a possível passagem para a EPAL. Nesse contexto, que era mais uma operação avulsa, valia a pena pensar por exemplo em que medida essa operação devia influenciar a participação da CML na Simtejo e sequer qual era o papel da Simtejo e a sua articulação com a EPAL se viesse a ter, por exemplo, a gestão da rede de saneamento em Lisboa. ------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Era tudo isso que valia a pena pensar, era tudo isso que o PSD também tinha a obrigação de chamar à atenção, de uma forma global qual era o papel de cada uma dessas entidades. Não lhe parecia que a Câmara tivesse que continuar a participar na Lispolis, por exemplo. Não queria ser injusto, mas a Lispolis era um bom exemplo, não se sabia qual era o papel desempenhado por essa entidade, qual era o papel que a Câmara entendia que devia ter essa entidade nas suas políticas para a Cidade de Lisboa. Como esse, com certeza havia muitos outros que estavam na mesma circunstância e era essa resposta global que carecia ser dada pela Câmara, ao invés de iniciativas pontuais em que agora entrava no capital de uma sociedade, agora vendia o património a outra sociedade. --------------------------------------------------------------------- ----- Para finalizar, a extinção das SRUs tinha sido uma má solução do ponto de vista do PSD. Não era solução alternativa seguramente, para garantir a necessidade de reabilitação urbana na Cidade de Lisboa, integrar essa responsabilidade na EPUL. O PSD já tivera oportunidade de dizer e reafirmava hoje para que não houvesse qualquer

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dúvida, com esse caminho o PSD não concordava e por isso, se a EPUL quisesse cumprir o que a Lei determinava em relação aos seus estatutos, nada impedia que o fizesse, que trouxesse apenas essa conformação com o que a Lei impunha para os estatutos da EPUL. Agora, que não se misturasse uma questão com a outra, porque quanto a essa matéria o desacordo era significativo e a posição do PSD era clara. ------- ----- A Senhora Deputada Municipal Cláudia Madeira (PEV) chamou a atenção para o facto de terem sido colocadas várias questões que ficaram sem resposta por parte do Executivo. Aguardava que essas respostas fossem fornecidas, nomeadamente em relação à situação das escolas da Cidade e também à situação do antigo Hospital de Arroios, uma vez que até agora o Executivo não tinha respondido aos vários requerimentos apresentados, nem hoje na reunião. -------------------------------------------- “-------------------------------------- VOTO DE PESAR --------------------------------------- ------------------------------------ Gérard Castello-Lopes-------------------------------------- ----- Nasceu na cidade francesa de Vichy em 1925. Licenciou-se em Economia pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras de Lisboa, mas trabalhou profissionalmente nas áreas do cinema, da fotografia e da crítica, tendo sido também gerente de uma sociedade no campo do audiovisual.------------------------------------------ ----- Viveu em Lisboa, Cascais e Estrasburgo, onde fez parte do Corpo Diplomático da Missão Permanente de Portugal junto do Conselho da Europa, mas foi em Paris que decidiu fixar a sua residência.---------------------------------------------------------------- ----- Começou a dedicar-se à Fotografia por volta de 1956, tendo desenvolvido a aprendizagem dessa arte de forma autodidacta, através do seu instinto e interesse pelas outras artes plásticas ou representacionais. ----------------------------------------------------- ----- Já no cinema, trabalhou como assistente de realização do filme português Os Pássaros de Asas Cortadas (1962) e como co-autor e assistente de produção e realização, juntamente com Fernando Lopes e Nuno de Bragança, da curta-metragem Nacionalidade: Português (1970). Foi membro fundador do Centro Português de Cinema, tendo desempenhado a função de presidente do Júri do Instituto Português de Cinema entre 1991 e 1993. Foi membro do Conselho Consultivo da Culturgest. Escreveu críticas e ensaios sobre cinema para a revista O Tempo e o Modo (entre 1964 e 1966) e colaborou com outros órgãos de comunicação social escrita como A Tarde e o Semanário (de 1982 a 1984).---------------------------------------------------------- ----- Expôs individual e colectivamente em cidades portuguesas e no estrangeiro: Áustria, Bélgica, Canadá, E.U.A., França, Itália, Japão, Reino Unido, Suíça e Tunísia. Em 1966 traduziu para português o importante ensaio de André Bazin Ontologie de l’Image Photographique (1945). ------------------------------------------------------------------ ----- Figura em algumas colecções privadas, mas também em colecções públicas como a Colecção Nacional de Fotografia (do Centro Português de Fotografia — Porto), a da Secretaria de Estado da Cultura, a da Fundação Calouste Gulbenkian, a da Fundação de Serralves, a Colecção Permanente da FNAC de Paris, a do Carpenter Center for the Visual Arts (Harvard University – E.U.A.) e a do Centre Carré d’Art. Chartres de Bretagne (França). ----------------------------------------------------------------------------------

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----- O valor artístico e testemunhal da sua obra é inestimável, e cumpre-nos também, nesta hora, fazer votos para que o património que nos lega possa continuar a ser desfrutado pelas gerações do presente e do futuro. -------------------------------------------- ----- A Assembleia Municipal de Lisboa, reunida em 1 de Março de 2011, presta homenagem ao cidadão, guarda um minuto de silêncio em sua memória, endereça à sua família as mais sentidas condolências e recomenda à Comissão Municipal de Toponímia a atribuição do seu nome a uma artéria da Cidade. ------------ ----- Lisboa, 1 de Março de 2011 ----------------------------------------------------------------- ----- O Grupo Municipal do CDS-PP ------------------------------------------------------------” ----- O Senhor Presidente em exercício submeteu à votação o Voto de Pesar, tendo a Assembleia deliberado aprová-lo, por unanimidade. ------------------------------------- ----- (Seguidamente a Assembleia, de pé, prestou um minuto de silêncio em homenagem a Gérard Castello-Lopes)----------------------------------------------------------- ----- PONTO 15 – PROPOSTA Nº 42/2011 - APROVAR ALTERAR O PROTOCOLO ENTRE A CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA E O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL, NOS TERMOS DA PROPOSTA, AO ABRIGO DO DISPOSTO NA ALÍNEA I) DO Nº 2 DO ART.º 53.º DA LEI N.º 169/99, DE 18 DE SETEMBRO, COM A REDACÇÃO DADA PELA LEI N.º 5-A/2002, DE 11 DE JANEIRO.------------------------------------------------------------------ “------------------------------ PROPOSTA N.º 42/2011 ----------------------------------------- ---Alteração ao Protocolo entre a CML e o Sporting Clube de Portugal ------------------- ----- Pelouro: Vereador Manuel Salgado e Vereadora Maria João Mendes ---------------- -----Serviços: Direcção Municipal de Planeamento Urbano (DMPU), Direcção Municipal de Gestão Urbanística (DMGU) e Direcção Municipal de Finanças (DMF).- ----- Considerando que: ---------------------------------------------------------------------------- ----- No âmbito do Acórdão proferido no Processo Arbitral n.º 1/2008/AHC/AVS, em 15 de Setembro de 2008, pelo Tribunal Arbitral constituído ao abrigo do Acordo estabelecido entre a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e o Sporting Clube de Portugal (SCP), foi decidida à atribuição ao SCP de uma compensação pelo reconhecimento de uma edificabilidade equivalente a 29.000m2; --------------------------- ----- Através da proposta n.º 1098/2009, aprovada em Reunião de Câmara Ordinária em 25 de Novembro de 2009 e em Assembleia Municipal, em 12 de Janeiro de 2010, foi aprovado um protocolo a celebrar entre as partes em execução da citada decisão arbitral. ----------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Nos termos do protocolo foi acordado atribuir um valor de €725,00/m2 para a área de construção acima do solo, aceitando a CML que o SCP construa nos terrenos destinados ao lote B2 um pavilhão Gimnodesportivo com a área de construção de 9.000,00m2 mediante o pagamento de uma compensação de €335,00/m2;---------------- ----- Estabeleceu-se também que é devida ao SCP pela CML uma compensação de 18,0M€ e que tal valor fosse pago através da entrega de bens imóveis, para reabilitação urbana, a valorizar nos termos estabelecidos no referido documento; -------

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----- A CML disponibilizou um lote de prédios, para aquele efeito, que foram sendo sucessivamente avaliados, nos termos do previsto no Protocolo, sem nunca se ter chegado a consenso; -------------------------------------------------------------------------------- ----- O protocolo previa o recurso a um perito avaliador escolhido na lista oficial do Ministério da Justiça, que foi nomeado e cuja avaliação se encontra junta ao processo, sendo que a CML considerou essa avaliação anormalmente baixa e não suficientemente fundamentada, conforme Informação n.º 50/DPI/DAAPI/11, de 25.01.2011, do Departamento de Património Imobiliário, também junta ao processo;--- ----- Face ao exposto, foi acordado entre as partes, encerrar aquela etapa negocial, devendo o pagamento da compensação ser exclusivamente em numerário, nos seguintes termos:------------------------------------------------------------------------------------ -----1,0M€ no mês de Fevereiro de 2011; ------------------------------------------------------- -----5,0M€ no mês de Julho de 2011; ----------------------------------------------------------- -----6,0M€ no mês de Julho de 2012; ------------------------------------------------------------ -----6,0M€ no mês de Julho de 2013; ------------------------------------------------------------ ----- Os valores não serão objecto de qualquer revisão ou actualização. ------------------- ----- Tenho a honra de propor que a Câmara Municipal delibere, ao abrigo do disposto no artigo 64º, n.º 7, alínea d) e das disposições conjugadas dos artigos 64º, n.º 6, alínea a), e 53º, n.º 2, alínea i), todos da Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, na redacção conferida pela Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro, e em execução do Acórdão proferido em 15 de Setembro de 2008 pelo Tribunal Arbitral constituído ao abrigo do Acordo de Arbitragem celebrado entre a CML e o SCP, aprovar e submeter à Assembleia Municipal para que este Órgão delibere: --------------------------------------- ----- Aprovar alterar o Protocolo entre o Município de Lisboa e o Sporting Clube de Portugal, aprovada em Reunião de Câmara Ordinária em 25 de Novembro de 2009 e em Assembleia Municipal, em 12 de Janeiro de 2010, nos seguintes termos:------------- ----- A. O Ponto sexto passa a ter a seguinte redacção: --------------------------------------- ----- Sexto – 1) O referido valor de € 18.000.000,00 será pago pela CML ao SCP, no prazo de 3 anos, nos seguintes termos:---------------------------------------------------------- -----1,0M€ no mês de Fevereiro de 2011; ------------------------------------------------------- -----5,0M€ no mês de Julho de 2011; ------------------------------------------------------------ -----6,0M€ no mês de Julho de 2012; ------------------------------------------------------------ -----6,0M€ no mês de Julho de 2013; ------------------------------------------------------------ ----- 2) Os valores não serão objecto de qualquer revisão ou actualização. -------------- ----- 2. São revogados os pontos Sétimo, Oitavo e Nono do Protocolo. -------------------- ----- A presente proposta tem cabimento na Orgânica 04.00, rubrica económica 11.02.02 – Outras despesas de capital – Outras. ----------------------------------------------- ----- (Processo n.º 27352/CML/09)--------------------------------------------------------------- ----- Lisboa, Paços do Concelho, em 03 de Fevereiro de 2011------------------------------- -----O Vereador – Manuel Salgado -------------------------------------------------------------- ----- A Vereadora - Maria João Mendes -------------------------------------------------------- ” “----------------------------------------- PARECER -----------------------------------------------

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----- Comissão Permanente de Administração, Finanças, Património, Desenvolvimento Económico e Turismo ----------------------------------------------- --------------------------------PROPOSTA Nº.42/2011------------------------------------------ ----- ALTERAÇÃO AO PROTOCOLO ENTRE A CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA E O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL ---------------------------------------- ----- A Comissão Permanente de Administração, Finanças, Património, Desenvolvimento Económico e Turismo, reunida em 23 de Fevereiro de 2011, deliberou elaborar o seguinte parecer relativo à Proposta nº. 42/2011: --------------------- ----- 1. A Câmara Municipal de Lisboa deliberou submeter à Assembleia Municipal de Lisboa a presente proposta, no seguimento de acordão do Tribunal Arbitral – constituído ao abrigo do Acordo com o Sporting Clube de Portugal – proferido em 2008, no qual foi decidida uma compensação ao Clube pelo reconhecimento de uma edificabilidade equivalente a 29.000 m2; -------------------------------------------------------- ----- 2. A presente proposta surge igualmente no seguimento do Protocolo aprovado em 2009 / 2010 nos orgãos municipais, após a citada decisão arbitral;--------------------- ----- 3. O referido Protocolo teve várias etapas, em conformidade com o descrito nos considerandos da presente proposta, até que se chegou a um acordo para se proceder ao pagamento compensatório, em numerário, no valor de 18 M€ até 2013, sem revisão ou actualização; ------------------------------------------------------------------------------------- ----- 4. Em 17 de Fevereiro de 2011, a Comissão procedeu à audição do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa sobre a proposta, na qual fez uma exposição sobre o historial do processo; -------------------------------------------------------- ----- 5. Neste contexto, a Comissão entende que a Proposta nº. 42/2011 está em condições de ser discutida e votada em plenário. ---------------------------------------------- ----- O presente parecer foi aprovado por unanimidade, estando ausentes o BE e o Deputado Independente José Franco. ------------------------------------------------------------ ----- Assembleia Municipal de Lisboa, em 23 de Fevereiro de 2011. --------------------- ----- O Presidente da Comissão - Rui Pessanha da Silva ----------------------------------- ” ----- O Senhor Deputado Municipal Rui Pessanha da Silva (PSD), Presidente da Comissão Permanente de Administração, Finanças, Património, Desenvolvimento Económico e Turismo, leu o parecer da Comissão acima transcrito. ----------------------- ----- O Senhor Presidente da Câmara disse que esta situação já era conhecida quanto às suas origens. Havia uma divergência entre o Município e o Sporting Clube de Portugal sobre os direitos de edificabilidade do Sporting Clube de Portugal e tinha sido constituído um tribunal arbitral que dera razão ao Sporting quanto ao volume de edificabilidade a que tinha direito e reconhecendo o direito do Município a autorizar ou não a colocação desses 29 mil metros quadrados de construção no local que estava previsto, tendo em conta as limitações do PDM.----------------------------------------------- ----- Como sabiam, o PDM não permitia a instalação de 29 mil metros quadrados de construção naquele local e tinha sido então acordado com o Sporting Clube de Portugal que seria objecto de indemnização pelo valor correspondente, tendo sido fixado pelo tribunal arbitral o montante do valor indemnizatório. --------------------------

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----- A anterior direcção do Sporting Clube de Portugal, presidida pelo Dr. Soares Franco, tinha apresentado uma proposta que parecera interessante de que esse pagamento fosse feito não como habitualmente em terrenos para construção nova, mas que pelo menos uma parte importante fosse pela via da cedência ao Sporting Clube de Portugal de edifícios propriedade do Município carentes de reabilitação, que poderiam ser reabilitados pelo Sporting Clube de Portugal ou por terceiros a quem revenderia esse património. Tinha-se iniciado um trabalho conjunto com o Sporting para identificar e avaliar esses edifícios. -------------------------------------------------------------- ----- Entretanto mudara a direcção do Sporting, presidida pelo Dr. José Eduardo Bettencourt, que propusera que fosse viabilizado por parte do Município a autorização para construção de um pavilhão gimnodesportivo no terreno onde não tinha sido permitida a construção dos 29 mil metros quadrados. Tinha sido feito um trabalho entre o Município e o Sporting, de onde se concluíra ser possível a construção desse pavilhão gimnodesportivo mediante a elaboração de um plano de pormenor, a cedência para o domínio público municipal da parte remanescente devidamente ajardinada. Esse plano de pormenor tinha ido já a sessão de Câmara e estava na CCDR para regressar a sessão de Câmara, ir para debate público e vir à Assembleia Municipal.-------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Tendo em conta a avaliação que tinha sido feita e acordada entre o Município e o Sporting Clube de Portugal, dos 23 milhões de euros que haveria a pagar, 5 milhões seriam pagos mediante a viabilização do pavilhão. Não se tratava da Câmara construir o pavilhão, tratava-se de aprovar o plano de pormenor que viabilizava ao Sporting a construção do pavilhão, tendo esse direito sido avaliado em 5 milhões de euros. -------- ----- Havia um remanescente de 18 milhões de euros que o Município tinha a pagar ao Sporting Clube de Portugal. Viera-se a verificar, por razões que pudera explicar mais detalhadamente na Comissão de Finanças, que não tinha havido entendimento entre o Município e o Sporting Clube de Portugal quanto à avaliação dos prédios, nem havia condições de vir a haver acordo que fosse satisfatório para os interesses patrimoniais do Município quanto ao valor desses prédios. -------------------------------------------------- ----- A solução alternativa, para não arrastar mais a solução do problema, o que seria negativo para o Município e seria necessariamente negativo para o Sporting Clube de Portugal, era negociar o pagamento em prestações dessa indemnização, não na cedência de património, mas mediante o pagamento em dinheiro. -------------------------- ----- A proposta que aqui estava era só relativamente ao protocolo anterior aprovado pela Assembleia Municipal, aceitando que em vez de se começar a pagar em prédios, se pagassem os 18 milhões de euros em dinheiro em três prestações, todas no actual mandato, sem encargos para futuros mandatos. Era 1 milhão de euros a pagar de mediato, após a aprovação pela Assembleia Municipal do protocolo e a sua assinatura, 5 milhões de euros em Julho deste ano, 6 milhões de euros em Julho do próximo ano e 6 milhões de euros em Julho de 2013, sem outros encargos. Isso era o que estava acordado com a direcção cessante do Sporting e era o que se submetia à aprovação da Assembleia Municipal.-----------------------------------------------------------------------------

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----- Não se tratava de assumir nenhuma nova obrigação que não houvesse já, nenhum novo encargo que não houvesse já, tratava-se simplesmente da Assembleia autorizar a celebração de um protocolo que alterava o modo de pagamento. Em vez de se pagar em espécie, pagava-se em singelo, não dizia em suaves prestações porque eram pesadas, mas em três prestações anuais.--------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Filipe Pontes (PSD), Presidente da Junta de Freguesia da Sé, disse que em relação à proposta que hoje discutiam, fora sucintamente apresentada pelo Senhor Presidente da Câmara. No ponto a que se chegara já não estava em causa a assunção ou não das responsabilidades, porque a partir do momento em que elas foram decididas no processo arbitral eram reconhecidas pela Câmara, mas o que se discutia era forma de resolver e liquidar essas responsabilidades.----------------------------------------------------------------------------------- ----- Sobre o percurso da proposta, diria que se havia alguma coisa a lamentar era o facto dela se arrastar desde 2007 e estava-se no ano 2011 sem ter ainda conseguido resolver essa situação. A questão que era apresentada, como tendo sido uma proposta feita pela anterior direcção do Sporting liderada pelo Dr. Filipe Soares Franco e que ia ao encontro das expectativas da Câmara pela compensação, em parte, por via da alienação de imóveis. Essa proposta, por aquilo que fora explicado mais em pormenor na Comissão mas que certamente todos percebiam, não tinha ido de encontro às expectativas da Câmara e nesse sentido aquela que era a possibilidade de liquidar a esse valor uma grande parte por via dos imóveis e o restante por via financeira e do pavilhão gimnodesportivo, uma questão de componente imobiliária e patrimonial, resumia-se única e simplesmente nesta altura a uma questão de numerário, de pagamento por via cash, em liquidez. ----------------------------------------------------------- ----- O que se estava agora a falar não era de uma questão imobiliária, de contabilização, de valorização. Aliás, o Senhor Presidente da Câmara tinha vindo evocar aquilo que lhes era muito caro e o PSD vinha sendo ao longo dos tempos também muito crítico em relação, nomeadamente, aos fundos de investimento imobiliário, que era aquela percepção que qualquer comum dos mortais tinha de desvalorização do património da Câmara. Se isso era válido para a valorização dos patrimónios que agora se queriam dar ao Sporting Clube de Portugal, também era válido na eventual constituição de um fundo de investimento imobiliário. ---------------- ----- A seu tempo cá estariam para discutir essa outra questão, mas a verdade era que o princípio era o mesmo, ou seja, o princípio da prudência contabilística. Nesse sentido, o Senhor Presidente da Câmara decidira e bem defender os interesses da Câmara, considerando que uma vez que a ceder os imóveis naquelas condições o valor era muito inferior ao valor contabilístico e ao valor das avaliações que existiam disponíveis no mercado, que não seria esse o caminho. -------------------------------------- ----- Estavam neste momento a falar de uma proposta que era no mesmo montante, mas diferente na sua forma de pagamento. O modus operandi passara de uma operação imobiliária para uma operação de índole financeiro. Falando sobre essa proposta em concreto, diria que aquando da discussão da proposta 1098/2009 em reunião de Câmara, já no actual mandato, os Deputados assumiram com a viabilização

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dessa proposta que depositariam a confiança no Executivo Municipal no sentido de arranjar a melhor forma de liquidar isso. Chegados ao dia de hoje, havia uma proposta em que era apresentado um pagamento faseado em três anos, 2011, 2012 e 2013, de seis milhões de euros em cada ano, sob a forma de um primeiro pagamento já em Fevereiro e um segundo em Julho de 2011. Era sobre essa forma orçamental que o PSD tinha as dúvidas e, portanto, não era a questão da responsabilidade decretada por tribunal arbitral, não era a questão daquilo que já fora votado e que já fora viabilizado pelo PSD, mas era a forma de qual o modus operandi que tinha sido utilizado por este Executivo para fazer. ------------------------------------------------------------------------------- ----- A 9 de Fevereiro do ano corrente, com a primeira alteração orçamental de 2011, fora decidida a cabimentação de uma verba de seis milhões de euros para acautelar essa responsabilidade que dizia respeito ao ano 2011. Aí começavam as três falhas da proposta:---------------------------------------------------------------------------------------------- ----- A primeira prendia-se com a questão da cabimentação. Como todos sabiam, quem andava nas funções autárquicas, só poderiam ser utilizadas rubricas económicas quando devidamente cabimentadas. Apesar de tudo, não se via anexa à proposta a cabimentação dessa verba para o corrente ano e, portanto, era um procedimento de fácil resolução, mas a verdade era que não existia a cabimentação dessa verba e embora fosse dito que estava prevista na rubrica e era visível, não estava apensa à proposta.---------------------------------------------------------------------------------------------- ----- A segunda questão tinha a haver com o princípio orçamental da compensação. A Câmara Municipal sabia nesta altura por um lado o que ia ser a receita, por via da questão dos 3 milhões e 15 mil euros relativos à construção do gimnodesportivo e sabia qual seria a despesa, 18 milhões, que já estava acautelada. Não devia inscrever, com base no princípio orçamental da não compensação, “todas as despesas e receitas são inscritas pela sua importância integral, sem deduções de qualquer natureza”, não devia fazê-lo só com a simples inscrição de 6 milhões do lado da despesa sem a devida compensação. Havia aí uma aparente compensação de saldos que contabilisticamente era de todo reprovável.----------------------------------------------------- ----- Ainda assim, em termos contabilísticos, essa questão poderia ser de somenos importância, ou dito de outra forma, poderia ser ultrapassado do ponto de vista contabilístico.---------------------------------------------------------------------------------------- ----- Chegados à terceira questão havia um problema muito grave. O Senhor Presidente da Câmara vinha dizer que já se sabia que iria pagar a três anos 18 milhões de euros e sabia-se também que este ano se previa pagar apenas seis milhões de euros e, portanto, estava-se a dizer que ia projectar em três anos esse pagamento. Se estivessem a falar de serviços era uma repartição de encargos a três anos. Na prática não era uma repartição de encargos porque não se estava a falar de serviços, mas a verdade era que contabilisticamente tinha sido inscrita essa verba como uma verba de despesa de capital em “outras despesas de capital”.------------------------------------------- ----- Sabia-se já que a verba ia ser gasta no próximo ano e no seguinte, o Senhor Presidente da Câmara dissera e bem que em princípio esgotava-se no mandato em curso, mas a verdade era que ultrapassava em muito o exercício em curso. Isso era

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uma questão contabilística essencial e para resolver essa questão teriam que ter por exemplo, a título de sugestão, essa verba inscrita como despesa de investimento. Dessa forma seria acautelado e constituído um projecto de investimento que seria inscrito numa alteração ao PPI apresentado e seria acautelado o projecto calculado a três anos. De outra forma, o que se estava a dizer era que no limite não só não se estava a acautelar os interesses contabilísticos da Câmara no modus operandi, como também podiam estar em causa os interesses contabilísticos do Sporting Clube de Portugal. Em casa alheia cada um se podia pronunciar, mas aí diria, até atendendo às circunstâncias actuais das eleições em curso, não seria bom para nenhum Presidente eleito receber uma situação dessas. -------------------------------------------------------------- ----- Não se percebia a urgência da proposta. Aliás, a proposta dizia em rigor que fosse já pago um milhão de euros em Fevereiro, prazo que já fora ultrapassado pelo calendário que havia actualmente. Essas três questões eram importantes: a não existência de cabimento, o documento de aprovação de cabimento que devia ser anexo à Assembleia; o desrespeito pelo princípio orçamental da não compensação; a questão da projecção.----------------------------------------------------------------------------------------- ----- Nenhum dos Senhores Deputados Municipais estava aqui a aprovar o pagamento de 18 milhões de euros, isso era o que se tinha feito na proposta anterior. O que se devia estar hoje a aprovar era que este ano, no Orçamento que estava em curso, iriam ser gastos seis milhões de euros. Tudo o que perpassava esse exercício económico tinha que ser contabilisticamente reflectido de alguma forma e era isso que queria que a Câmara explicasse, qual era forma de salvaguarda desse princípio. ---------------------- ----- Dizia e repetia que o que estava em causa era uma questão de formalismo contabilístico, era uma questão que devia ser acautelada pela Câmara e pelo Município de Lisboa, mas que também se devia reger pelo respeito e pelo acautelamento dos interesses da instituição Sporting Clube de Portugal. ------------------ ----- Gostaria que essas questões fossem esclarecidas na discussão, se calhar pela Senhora Vereadora das Finanças. Diria que eram questões importantes para a designação de voto do PSD, pois a existir a dúvida, compreenderiam todos que não estava em condições de votar a proposta. Quando os interesses da Cidade e os interesses das instituições, acima de tudo aqueles que eram do Município, estavam em causa, o PSD estaria aqui para os apontar, para os registar e para os esclarecer cabalmente. ------------------------------------------------------------------------------------------ ----- O Senhor Deputado Municipal José Roque Alexandre (PS) disse que gostaria de reforçar um pouco o que tinha dito o Senhor Deputado Municipal Filipe Pontes. Era um processo que se arrastava já com demasiado tempo.--------------------------------- ----- O processo de permuta de terrenos, que ainda advinha dos terrenos do Metro, vinha desde 2007 e era uma situação que já tinha passado pela Assembleia, todos os Deputados Municipais eram conhecedores, e a intervenção do Senhor Deputado Municipal Filipe Pontes dizia que o processo se arrastava e tinham que se defender os interesses do Sporting. Bom, tinham que se defender os interesses do Sporting, mas tinham que se defender sobretudo os interesses da Cidade de Lisboa. Estava à vontade

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para falar nisso, porque até era sportinguista, e entendia que os interesses da Câmara e do Sporting defendiam-se aprovando a proposta. ---------------------------------------------- ----- Era uma proposta aprovada ainda com a actual direcção em exercício e sabia-se lá se a nova direcção entenderia que os pressupostos que levaram à assinatura e à permuta não deveriam ser postos em causa, até porque se sabia que em termos arbitrais tinha havido uma decisão que não era favorável à CML. -------------------------- ----- A bancada do PS entendia, em relação à proposta 42/2011, de alteração ao protocolo entre a Câmara Municipal de Lisboa e o Sporting Clube de Portugal, embora fosse ao encontro do acórdão do tribunal arbitral constituído ao abrigo do acordo, decidindo uma compensação do clube pelo reconhecimento da edificabilidade equivalente aos 29 mil metros quadrados que o Senhor Presidente da Câmara referira, essa permuta e esse acordo servia melhor os cidadãos de Lisboa.--------------------------- ----- Havia também, como o Senhor Presidente da Câmara já explicara, várias etapas em todo o processo, algumas delas que em termos de desvalorização não eram a melhor saída para os interesses dos cidadãos de Lisboa. Logo essa proposta tinha sido posta em causa e o que agora se estava a discutir era realmente o modelo de como os representantes dos cidadãos de Lisboa iriam cumprir aquilo que era já de um processo arbitral que efectivamente estava a ser muito moroso, com penalizações não só para a Cidade de Lisboa, mas também para o Sporting Clube de Portugal. ------------------------ ----- O pagamento compensatório era feito em três anos, em numerário, no valor de 18 milhões de euros até 2013, sem qualquer revisão e sem qualquer actualização. Era diluído no tempo, sem qualquer encargo de outro tipo. Era um bom negócio para o Sporting, era um bom negócio para Lisboa e, portanto, dava os parabéns à Câmara Municipal de Lisboa pela proposta. -------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Filipe Pontes (PSD), Presidente da Junta de Freguesia da Sé, no uso da palavra para um pedido de esclarecimento, disse que tinha ficado estupefacto com a última frase do Senhor Deputado Municipal José Roque Alexandre, dizendo que era um bom negócio para o Sporting e para a Câmara. Pedia desculpa, mas isso era tudo menos um negócio. O que estava em causa era o cumprimento de uma obrigação legal, da melhor forma que defendesse não só os interesses da Câmara, que era esse o mandato que o Senhor Deputado Municipal tinha igual ao seu. Se tivesse outro mandato que dissesse, mas o mandato que tinha era defender os interesses da Câmara de Lisboa e era na Assembleia Municipal que se cumpria esse mandato. O que estava em causa não era um negócio. ----------------------- ----- Por outro lado, reconhecia que um ano antes a Assembleia Municipal mandatara o Executivo Municipal para que, com base nos valores que já tinham sido apurados, encontrasse a melhor forma de fazer a proposta, mas o mandato da proposta anterior esgotara-se a partir do momento em que o Senhor Presidente da Câmara trazia outra proposta à discussão, no sentido da forma. A forma era completamente diferente, não era igual pagar com património ou pagar com dinheiro, era diferente ir lá entregar terrenos para construção ou ir lá com a maleta cheia de notas. ------------------------------

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----- Se para o Senhor Deputado Municipal José Roque Alexandre era igual, até pelas responsabilidades que tinha por ser membro eleito numa Comissão de Finanças, não parecia muito bem. Lamentava se era assim a competência que dedicava a si próprio.-- ----- A questão era que nem isso era um negócio, nem o que estava em causa era fazerem como quisessem e pagarem o que tinham a pagar. O que tinham era a posição de salvaguarda, que se fosse esclarecida estavam todos em condições de votar e eventualmente acompanhar aquelas que eram as vontades de uma grande parte das bancadas e da massa associativa do Sporting. -------------------------------------------------- ----- O que estava em causa era a defesa dos interesses, não de um negócio, do cumprimento de um acordo arbitral e um modus operandi que respeitasse as regras contabilísticas em vigor em todos os municípios. Se isso fosse devidamente referenciado, parecia-lhe estarem todos em condições de votar.----------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Paulo Quaresma (PCP), Presidente da Junta de Freguesia de Carnide, começou por dizer que já era a segunda vez que através da figura do pedido de esclarecimentos se faziam segundas intervenções das duas primeiras bancadas, em detrimento das restantes. Esperava que não se usasse o pedido de esclarecimento a uma pergunta e o que tinha sentido não era pergunta nenhuma, era uma segunda intervenção.--------------------------------------------------------------------- ----- Em relação à proposta em concreto, a presente proposta visava alterar os termos do protocolo celebrado com o Sporting, nos termos da proposta 1098/2009, que na altura merecera o voto contra do PCP. Essa mesma proposta aprovava os termos do protocolo assinado com o Sporting, que assentava numa decisão do tribunal arbitral constituído a partir da posição do Sporting e não da posição da própria Câmara Municipal. Isso fora o final daquilo que tinha sido o tal negócio ruinoso e o negócio escandaloso que os grandes clubes, a propósito da construção dos estádios para o Euro 2004, obtiveram com a Câmara Municipal, com a cumplicidade e convergência quer do PSD, quer do PS, sacrificando o interesse público. ---------------------------------------- ----- Vinha consagrar o reconhecimento do direito do Sporting a mais 29 mil metros quadrados de área de edificação, duplicando os mesmos já contemplados no protocolo de 1999 e comprometendo o Município com mais uma dívida de 18 milhões de euros a saldar pela entrega de património imobiliário. Como se tal não bastasse, ainda vinha isentar o Sporting de garantir áreas destinadas a equipamento e espaços verdes proporcionalmente à edificação a levar a cabo, passando assim mesmo por cima da decisão do tribunal arbitral que poderia, com base no protocolo vigente, isentar o Sporting de compensar a falta de áreas destinadas a espaços verdes e equipamentos que não pudessem ser garantidas no âmbito do licenciamento dos loteamentos de que era titular, mas não podia isentar o Sporting da obrigação de disponibilizar na área loteada os espaços possíveis a necessários equipamentos e espaços verdes.--------------- ----- Até aí ficavam goradas as pretensões expressas, por exemplo, na Assembleia de Freguesia do Lumiar, de garantir espaços para a implementação de equipamentos sociais na zona.-------------------------------------------------------------------------------------- ----- As alterações agora propostas ao protocolo não alteravam, nos seus aspectos essenciais, aquilo que justificara o voto contra do PCP, o reconhecimento do direito

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do Sporting de beneficiar dos tais mais 29 mil metros quadrados de área de construção. A alteração agora proposta visava apenas alterar, como já tinha sido dito, a forma de indemnização dos 18 milhões de euros ao Sporting, que seria cumprido pela tal transferência do património imobiliário municipal a reabilitar mas, goradas as hipóteses de acordo entre o valor dos imóveis a transferir, pela diferença de avaliação entre o perito da Câmara e do Sporting, que se agravara ainda mais depois da avaliação do perito conjunto, pretendia-se agora satisfazer o valor da indemnização em numerário, em quatro prestações, representando um encargo para a Cidade de seis milhões de euros por ano num horizonte temporal de três anos.----------------------------- ----- Esses seis milhões de euros por ano eram um pouco mais do que 50% daquilo que as 53 Juntas de Freguesia recebiam na Cidade para o desenvolvimento da sua actividade.-------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Atendendo à posição repetida e suficientemente exposta das razões que levaram o PCP a opor-se ao reconhecimento dessa legitimidade, de tal compromisso com o Sporting, o PCP iria votar contra a proposta. --------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal João Bau (BE) disse que se estava hoje a analisar ainda os impactos do Euro 2004, ou melhor, os impactos da utilização de dinheiros públicos para a construção de estádios para o Euro 2004. Era hoje possível fazer um balanço mais rigoroso do que estava a custar ao País a decisão de construir uma série de estádios em Portugal para a realização desse evento. ------------------------- ----- Devia dizer, em abono da verdade, que na bancada do BE não tinham nada contra clubes de futebol, não tinham nada contra futebol. Havia na bancada entusiastas pelo futebol. Não tinha nada contra estádios de futebol, pelo contrário, era frequentador assíduo de estádios de futebol e continuaria a sê-lo. O que eram contra era a delapidação de dinheiros públicos nos estádios de futebol. ---------------------------------- ----- Hoje em dia via-se que havia já municípios onde se discutia se o estádio construído para o Euro devia ou não ser demolido, face aos custos de conservação que e existência da estrutura implicava. Hoje verificava-se haver estádios onde o clube da cidade não queria jogar e procurava cidades à volta para jogar, porque os custos de utilização do estádio eram insustentáveis para o clube. Esse era o quadro existente.----- ----- Em Lisboa estava-se hoje, em Março de 2011, ainda a discutir o pagamento de dinheiros públicos para os estádios da Capital. Estava-se a analisar ainda os impactos das promessas feitas de financiamento a clubes de futebol nas campanhas eleitorais para o Município de Lisboa. Ainda se recordavam certamente das fotografias de candidatos a Presidente da Câmara nos relvados dos antigos estádios de Lisboa. Quem era leitor de jornais desportivos, e no seu caso era, recordava-se dessas fotografias e das promessas de financiamento aos clubes feitas durante a campanha eleitoral. Hoje estavam ainda a pagar essas promessas. --------------------------------------------------------- ----- Hoje estavam a pagar ainda o facto de se atribuir a um clube desportivo de Lisboa uma área e um volume de edificabilidade incomportável para essa área porque violava o PDM. O responsável político por isso era o responsável pelos 18 milhões de euros que tinham agora que pagar. Nessas responsabilidades olhava para o centro, como sempre, era a santa aliança entre o PS e o PSD, era sempre a aliança rosa/laranja

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responsável por essas coisas, por essas e por outras. Era isso que hoje estavam a pagar. ------------------------------------------------------------------------------------------------- ----- A posição do BE em relação a esse negócio, porque de facto tratava-se de um negócio, era que neste momento a função da Assembleia era ser o pagador de promessas da campanha eleitoral para as Autárquicas em Lisboa na altura do Euro 2004. O BE não tinha feito tais promessas, não concordara com esse negócio e, em consequência, evidentemente que votaria contra essa delapidação de 18 milhões de euros que tanta falta faziam em Lisboa para fazer tanta coisa.------------------------------- ----- A Senhora Deputada Municipal Teresa Almeida (PS) disse que não era para intervir nesta proposta, mas a intervenção do Senhor Deputado Municipal Filipe Pontes deixara-a perplexa. Faziam ambos parte da Comissão de Finanças e quando essa proposta tinha sido discutida na Comissão de Finanças, de facto não fora levantada nenhuma questão quanto àquilo que chamava de formalismos contabilísticos. Era estranho, porque se tivessem sido votados, independentemente da opinião que tinham sobre a proposta em causa e sobre a resolução que o Senhor Presidente da Câmara encontrara para esse processo, se tivesse sido posto o problema pelo PSD na Comissão, não sabia se teria o ponto 5 no relatório. Se tivesse acolhimento na Comissão, não estaria dito que a proposta estava em condições de ser votada. ------------------------------------------------------------------------------------------------ ----- Se tivesse sido levantado esse problema, talvez a discussão tivesse ido noutro sentido. Portanto, ficava perplexa e escusava-se de adjectivar de outra maneira, que o Senhor Deputado Municipal Filipe Pontes não tivesse colocado isso e depois viesse falar em formalismos contabilísticos. Era no mínimo estranho. ----------------------------- ----- Reportando-se à proposta em si, a intervenção do Senhor Presidente da Câmara tinha sido completamente clara, o tribunal arbitral decidira e tinha que se cumprir e, portanto, parecia-lhe que a proposta estava de facto em condições de ser votada.-------- ----- O Senhor Deputado Municipal António Prôa (PSD), no uso da palavra para um pedido de esclarecimento, disse que, com toda a consideração que lhe merecia a Senhora Deputada Municipal Teresa Almeida, não tinha compreendido a sua intervenção. ------------------------------------------------------------------------------------------ ----- A responsabilidade de todos os Deputados Municipais não começava nem acabava nas reuniões das comissões. Devia dizer, e não tinha que o fazer, que essa questão fora suscitada sem a presença do Senhor Deputado Municipal Filipe Pontes em reunião do grupo. A qualquer tempo que fossem detectados problemas, como fora o caso, que do ponto de vista do PSD colocavam em causa a total transparência com que o processo devia ser concluído, era dever de qualquer Deputado Municipal a qualquer tempo levantar essa questão.----------------------------------------------------------- ----- Não tinha entendido que a Senhora Deputada Municipal tivesse dito que se o problema tivesse sido levantado na Comissão talvez não tivesse tido a mesma conclusão. Gostava de saber se a Senhora Deputada Municipal achava que, depois de levantadas as dúvidas e dependendo do esclarecimento da Câmara, porque era esse que faltava e era esse que para o PSD era essencial, se de facto considerava que a proposta estava em condições de ser votada ou não. Era sobre isso que gostava de

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ouvir a Senhora Deputada Municipal, não era a questão da oportunidade, porque a todo o tempo era obrigação de qualquer Deputado Municipal levantar as questões que fossem pertinentes e que entendesse pertinentes. ---------------------------------------------- ----- Como era tradição, os partidos reservavam a suas posições para a Assembleia e até ao momento da votação era obrigação de qualquer Deputado Municipal suscitar e colocar todas as questões. A única coisa que se tinha feito era colocar questões à Câmara Municipal para poder esclarecer a Assembleia. Perguntou se a Senhora Deputada Municipal preferia que, como não tinha sido na Comissão, mesmo depois de serem suscitadas dúvidas novas teriam que votar. Não era esse o entendimento que tinha da responsabilidade de cada Deputado Municipal.-------------------------------------- ----- A Senhora Deputada Municipal Teresa Almeida (PS) esclareceu que não era isso que tinha dito. Para si a proposta estava em condições de ser votada.----------------- ----- O que dizia era que havia muitas maneiras de retardar determinadas votações e não se votar determinadas propostas. O Senhor Deputado Municipal António Prôa que desculpasse, mas tinha que dizer isso. ----------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal António Prôa (PSD), no uso da palavra para defesa da honra, disse que o PSD não tinha por hábito utilizar expedientes para retardar o que quer que fosse. Se a Senhora Deputada Municipal Teresa Almeida estava habituada a esse estilo, o PSD não fazia isso. O PSD tinha uma posição responsável, assumia as suas posições em cada momento, mas não se demitia da sua obrigação até ao limite das votações. ------------------------------------------------------------ ----- O Senhor Deputado Municipal Gonçalo da Câmara Pereira (PPM) disse que o PPM se iria abster e deixar viabilizar a proposta porque as boas contas faziam os bons amigos e davam seriedade. Se chegaram a um acordo entre o Sporting e a Câmara para o pagamento, achava bem que se fizesse e que a Câmara começasse a cumprir os seus compromissos, porque durante muitos anos nunca cumprira. Muitas vezes viera cantar e tinha demorado três ou quatro anos para receber um cachet. -------- ----- Se isso acontecia agora, dava os parabéns ao Senhor Presidente da Câmara e ao Sporting, por terem chegado a acordo. ---------------------------------------------------------- ----- A Senhora Vereadora Maria João Mendes disse que não ia falar de uma decisão que estava tomada pelo tribunal arbitral, quer no que dizia respeito ao seu âmbito, quer no que respeitava ao valor atribuído. O que iria era descansar o Senhor Deputado Municipal Filipe Pontes relativamente às questões que colocara.--------------- ----- Na realidade, tinha sido feita a alteração orçamental e assegurada a cabimentação, que estava feita. Não se tratava de forma alguma de uma questão de PPI, estava-se em presença de uma indemnização e, como qualquer indemnização definida por um tribunal arbitral, tratava-se de uma despesa corrente e não de uma despesa de capital inserida em PPI. Portanto, era aí que ela devia estar. ------------------- ----- O Senhor Presidente em exercício, constatando não haver mais intervenções, submeteu à votação a proposta nº 42/2011, tendo a Assembleia deliberado aprová-la, por maioria, com votos a favor de PS e 5 IND., votos contra de PCP, CDS-PP, BE e PEV e abstenções de PSD, PPM e MPT.------------------------------------------------------

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----- O Senhor Deputado Municipal António Prôa (PSD) fez a seguinte declaração de voto: ---------------------------------------------------------------------------------------------- ----- “O PSD absteve-se nesta votação porque considera não terem ficado esclarecidas as dúvidas que colocou durante o debate. Nomeadamente não ficou esclarecido sobre se este procedimento é o procedimento correcto e regular, face às dúvidas que nós colocámos sobre a natureza desta despesa, se seria despesa corrente ou de capital e sobre o mecanismo adequado a cada uma dessas circunstâncias. --------------------------- ----- Na prática o que a Assembleia Municipal fez foi aprovar a alteração do texto de um protocolo, de acordo com o que tinha de facto que suceder, visto que foi a Assembleia que também se pronunciou inicialmente sobre esse protocolo. Já sobre as garantias de pagamento desse compromisso, tudo isso ficou por esclarecer por esta Assembleia Municipal. ---------------------------------------------------------------------------- ----- Porque considerámos que quer para a Câmara Municipal, quer para o Sporting Clube de Portugal, era muito importante que não houvesse qualquer dúvida relativamente à regularidade desta decisão, nós entendemos que a solução adequada seria a abstenção, não pondo em causa a aprovação deste protocolo, mas mantendo todas as reservas sobre a regularidade da forma que foi escolhida pela Câmara para proceder ao pagamento desse compromisso. --------------------------------------------------- ----- Nessa medida, entendemos abster. Mantemos todas as dúvidas e vamos fazer todos os possíveis a bem da transparência e a bem do interesse, quer da Câmara, quer da outra entidade com quem a Câmara assumiu um protocolo, que é o Sporting Clube de Portugal, entendemos que é nosso dever pedir todos os esclarecimentos sobre a regularidade do procedimento que foi escolhido pela Câmara Municipal.”---------------- ----- PONTO 4 – PROPOSTA Nº 616/2010 – APROVAR A CARTA DOS BIP/ZIP, NOS TERMOS DA PROPOSTA, AO ABRIGO DO DISPOSTO NA ALÍNEA A) DO Nº 3 DO ART.º 53.º DA LEI N.º 169/99, DE 18 DE SETEMBRO, COM A REDACÇÃO DADA PELA LEI N.º 5-A/2002 , DE 11 DE JANEIRO; ------------------------------------------------------------------------------------------ “------------------------------ PROPOSTA N.º 616/2010 --------------------------------------- ----- Aprovação da Carta dos BIP/ZIP – Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária de Lisboa------------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Pelouros: todos -------------------------------------------------------------------------------- ----- Serviços: todos -------------------------------------------------------------------------------- ----- Considerandos: -------------------------------------------------------------------------------- ----- 1. Através da proposta 363/2010, aprovada em 14 de Julho, a CML aprovou submeter a debate público até 30 de Setembro a proposta de Carta dos Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária de Lisboa, com a identificação de 61 BIP/ZIP segundo metodologia então apresentada, contida no relatório “Metodologia de identificação e construção da carta dos BIP/ZIP”, em anexo. -------------------------------------------------- ----- 2. Durante a consulta pública realizaram-se quatro sessões de debate abertas ao público em geral e um workshop com especialistas. Os Relatos dessas sessões constam do Relatório da Consulta Pública, em anexo.----------------------------------------

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----- 3. Para a consulta pública foi preparado um inquérito sobre a carta dos BIP/ZIP e sobre os principais problemas neles existentes, que foi divulgado on-line através do site do Programa Local de Habitação e colocado em folhetos próprios, incluídos em “kits de consulta pública” que foram distribuídos através das Juntas de Freguesia e de associações e parceiros locais. Além das respostas ao inquérito, foram recolhidos comentários, quer on-line, quer no verso dos folhetos distribuídos. ------------------------ ----- 4. A consulta pública registou um total de 1039 respostas ao inquérito, dos quais 78% em papel e 22% on-line. A participação revela uma boa dispersão territorial pela cidade, com valores de resposta de moradores em BIP/ZIP da ordem dos 90%. Das várias fontes de recolha de inquéritos, a percentagem mais significativa foi a de respostas recolhidas em papel pelas organizações locais (cerca de 64%). ----------------- ----- Esta resposta massiva reveste-se de particular importância, dado que os moradores e respectivas organizações irão desempenhar um papel preponderante nas operações a realizar no âmbito deste programa BIP/ZIP. ------------------------------------ ----- 5. As respostas ao inquérito revelaram um elevado grau de concordância com a Carta dos BIP/ZIP, com 87% de “sim”, 3% de “não” e 10% de “não sabe/não responde”.-------------------------------------------------------------------------------------------- ----- 6. A análise das respostas às perguntas do inquérito sobre os principais problemas dos BIP/ZIP permite dar uma imagem global das questões que os afectam e está detalhada no Relatório da Consulta Pública. Estes valores gerais, confrontados com a expressão estatística de cada BIP/ZIP, permitem sustentar uma divisão dos BIP/ZIP em quatro grandes tipologias, com problemáticas afins e diferenciadas das restantes tipologias: Augis, Históricos, Municipais e Outros/Mistos. Estes dados, bem como a caracterização individual de cada BIP/ZIP, são muito relevantes para preparar as regras de repartição da dotação orçamental do programa dos BIP/ZIP pelas diferentes operações locais a propor por Juntas de Freguesia, associações de moradores, colectividades e organizações não governamentais e respectivas parcerias. --------------- ----- 7. Foram recebidos 244 comentários escritos (79% em papel e 21% online), todos incluídos no Relatório da Consulta Pública. Este tipo de participação traz informação muito personalizada e detalhada sobre os assuntos que mais preocupam os habitantes de Lisboa. Os comentários foram analisados e classificados como: desabafos, identificação de problemas, sugestões, incentivo/concordância, cepticismo/discordância, questões metodológicas e outros. Cada comentário obteve por vezes mais de uma classificação. Da totalidade de comentários classificados, 66% são sugestões ou identificação de problemas, 8,7% são comentários de concordância/incentivo, 20,2% são desabafos ou manifestações de cepticismo e discordância e 5% incidem sobre questões metodológicas ou outras. A distribuição da origem dos comentários revela que cerca de 60% é proveniente das zonas Norte e Oriente da cidade.----------------------------------------------------------------------------------- ----- 8. Foi registado um total de 76 respostas à questão específica da sugestão de novos Bairros ou Zonas para integrar a lista proposta. Dessas respostas, 49 não foram consideradas por deficiente explicitação da localização, por se situarem fora dos limites do concelho de Lisboa, ou ainda por corresponderam a áreas que já constavam

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da Carta. Foram assim analisadas 27 propostas, de que resultaram as alterações que abaixo se indicam: ---------------------------------------------------------------------------------- ----- Inclusão da área envolvente à estrada de Chelas no BIP/ZIP 9 (Quinta do Ourives) ---------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Trata-se de um tecido urbano com grande diversidade de ocupação (habitação, oficinas, armazéns, edifícios devolutos, baldios, etc.) e que se encontra em processo de estruturação através dos diversos PMOT eficazes ou em estudo. Toda esta área envolvente à estrada de Chelas sofrerá assim um processo regenerativo que se enquadra nos objectivos do programa BIP/ZIP. Reconhecendo-se unidade territorial e urbana com a delimitação do BIP/ZIP 9, propõe-se a sua inclusão neste BIP/ZIP já existente. --------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Subdivisão do Bairro das Galinheiras ----------------------------------------------------- ----- Optou-se por subdividir o Bº das Galinheiras em dois BIP/ZIP, com o mesmo número (21a e 21b), em conformidade com as áreas que o bairro ocupa em cada uma das Freguesias abrangidas (Charneca e Ameixoeira)------------------------------------------ ----- Exclusão do Bairro da Serafina do BIP/ZIP 14------------------------------------------- ----- Optou-se pela exclusão do Bº da Serafina do BIP/ZIP 14 (Serafina e Liberdade), na medida em que se considera uma área social e urbanisticamente estabilizada. -------- ----- Autonomização do Bairro do Castelo como BIP/ZIP 62-------------------------------- ----- Optou-se pela de do Bº do Castelo (BIP/ZIP 62), cuja área coincide com a da respectiva Junta de Freguesia. -------------------------------------------------------------------- ----- Junção do Bairro dos Alfinetes com o Bairro das Salgadas como BIP/ZIP 32 Bairros contíguos.----------------------------------------------------------------------------------- ----- Inclusão de novo BIP/ZIP – 33 (Marquês de Abrantes) Bairro municipal ----------- ----- Inclusão de novo BIP/ZIP – 63 (Rio Seco)------------------------------------------------ ----- Área da cidade por consolidar, com grandes desarticulações urbanísticas associadas a problemáticas sociais. Propomos a inclusão como BIP, com a delimitação do Estudo Urbano em curso no DPU.--------------------------------------------- ----- Inclusão de novo BIP/ZIP – 64 (Anjos) --------------------------------------------------- ----- Esta área envolvente ao eixo da Av. Almirante Reis apresenta carências sociais e urbanísticas relevantes, merecedoras de inclusão na Carta dos BIP/ZIP. ------------------ ----- Inclusão de novo BIP/ZIP – 65 (Quinta do Ferro) --------------------------------------- ----- Área não totalmente coincidente com a mancha da fractura socio-territorial, mas apresentando condições sociais e urbanísticas que aconselham a sua inclusão na Carta, com a delimitação proposta no Estudo Urbano em curso no DPU. ------------------------- ----- Inclusão de um novo BIP/ZIP 66 (Charneca do Lumiar) Bairro municipal ---------- ----- Autonomização do Bairro Alta de Lisboa – Centro como BIP/ZIP 67 Bairro municipal--------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Proposta ---------------------------------------------------------------------------------------- ----- Tendo em conta os resultados da consulta pública da Carta dos BIP/ZIP, detalhadamente descritos no Relatório da Consulta Pública em anexo, e ao abrigo do nº 2, alínea a) do artigo 64 da Lei 5-A/2002, de 11 de Janeiro e da competência delegada no pelouro da Habitação, prevista no ponto I – A – 2, alíneas a) e b) do

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Despacho de delegação de competências (Despacho 166/P/2009, publicado no BM de 03.12.2009), proponho que a CML delibere aprovar e submeter à apreciação da Assembleia Municipal a Carta dos BIP/ZIP (Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária) em anexo. ------------------------------------------------------------------------------ ----- Anexo que faz parte integrante desta proposta:------------------------------------------- ----- Carta dos BIP/ZIP – Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária de Lisboa de 10 de Novembro ---------------------------------------------------------------------------------------- ----- Anexos de suporte (para consulta):--------------------------------------------------------- ----- Relatório da Consulta Pública da Carta dos BIP/ZIP ------------------------------------ ----- Relatório “Metodologia de identificação e construção da carta dos BIP/ZIP”------- ----- Proposta 363/2010 e Carta dos BIP/ZIP de 14 de Julho--------------------------------- ----- Lisboa, 10 de Novembro de 2010 ---------------------------------------------------------- ----- A Vereadora da Habitação - Helena Roseta---------------------------------------------- ” “----------------------------------------- PARECER ----------------------------------------------- ----- Comissão Permanente de Habitação, Reabil i tação Urbana e Bairros Municipais ----------------------------------------------------------------------------------------- --------------------------------PROPOSTA Nº 616/2010 ----------------------------------------- ----- A Comissão Permanente de Habitação, Reabilitação Urbana e Bairros Municipais, reunida em 25 de Janeiro de 2011, para análise da Proposta nº 616/2010, referente à Carta dos BIP/ZIP – Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária de Lisboa, deliberou elaborar o seguinte parecer. ----------------------------------------------------------- ----- Na reunião de 19 de Janeiro, esta comissão, em conjunto com outras comissões, ouviu a Sra. Vereadora Helena Roseta sobre a proposta em apreço. ------------------------ ----- A Comissão considera positivo o programa BIP/ZIP e respectiva carta, considerando que a mesma corresponde a uma avaliação dos bairros que carecem de uma intervenção prioritária. ----------------------------------------------------------------------- ----- Esta comissão não deixa de salientar o trabalho desenvolvido para diagnosticar toda a problemática dos bairros sociais da cidade de Lisboa, no entanto considera que a proposta nº 725/2010 que define a metodologia do programa devia ter sido objecto de discussão em sede da Comissão, visto considerarmos ser parte integrante da proposta agora em discussão. --------------------------------------------------------------------- ----- A presente proposta encontra-se em condições de ser discutida e votada em plenário. ---------------------------------------------------------------------------------------------- ----- O presente parecer foi aprovado por unanimidade, estando ausente o BE.----------- ----- Assembleia Municipal de Lisboa, em 25 de Janeiro de 2011.-------------------------- ----- O Presidente da Comissão - Fernando Manuel D’Eça Braamcamp ------------------” “----------------------------------------- PARECER ----------------------------------------------- ----- Comissão Permanente de Intervenção Social e de Promoção da Igualdade de Oportunidades. --------------------------------------------------- --------------------------------PROPOSTA Nº 616/2010 ----------------------------------------- ----- A Comissão Permanente de Intervenção Social e Promoção da Igualdade de Oportunidades, reunida a 10 de Fevereiro de 2011 para análise da Proposta nº 616 / 2010 referente à Carta dos BIP / ZIP – Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária de

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Lisboa, deliberou elaborar o seguinte parecer depois da apresentação da mesma Carta pela Exma. Senhora Vereadora Helena Roseta, na reunião de dia 19 de Janeiro de 2011. -------------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Os Deputados desta comissão reconhecem o trabalho de diagnóstico que levou ao apuramento dos Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária em Lisboa e consideram que esta proposta está em condições de ser votada pela Assembleia Municipal de Lisboa, reservando aos Grupos de Lista o debate e sentido de voto em plenário.--------- ----- Não estando em discussão a metodologia de concretização do Programa BIP / ZIP, os Deputados desta Comissão consideram que é recomendável apreciarem igualmente os critérios da sua aplicação. -------------------------------------------------------- ----- Do mesmo modo, a Comissão Permanente de Intervenção Social e Promoção da Igualdade de Oportunidades entende que a Assembleia Municipal de Lisboa deve acompanhar o desenvolvimento do Programa BIP / ZIP.------------------------------------- ----- O presente parecer foi aprovado por unanimidade. -------------------------------------- ----- Assembleia Municipal de Lisboa, a 10 de Fevereiro de 2011 -------------------------- ----- A Presidente da Comissão (em substituição) - Inês Ponce Dentinho A. d’Orey---- ” “----------------------------------------- PARECER ----------------------------------------------- ----- Comissão Permanente de Urbanismo e de Acompanhamento da Gestão da Intervenção na Zona Ribeirinha e Baixa de Lisboa. ------------ --------------------------------PROPOSTA Nº 616/2010 ----------------------------------------- --------- Bairros de Intervenção Prioritário/Zonas de Intervenção Prioritária -------------- ----- A Comissão Permanente de Urbanismo e de Acompanhamento da Gestão da Intervenção na Zona Ribeirinha e Baixa de Lisboa reuniu em 16 de Fevereiro de 2010 para apreciar a Proposta nº 616/2010, apresentada pela Câmara Municipal, relativa à Carta dos Bairros de Intervenção Prioritária/Zonas de Intervenção Prioritária. ----------- ----- Previamente, em reunião conjunta com outras comissões, os critérios subjacentes ao documento em causa foram apresentados pelo Senhora Vereadora Helena Roseta. -- ----- O conteúdo da proposta foi debatido pela comissão, tendo sido colocadas várias questões conexas com a delimitação dos Bairros de Intervenção Prioritária/Zonas de Intervenção Prioritária e com a execução do respectivo programa, entre as quais as seguintes:--------------------------------------------------------------------------------------------- ----- o carácter problemático da aplicação de critérios quantitativos para delimitar áreas caracterizáveis por indicadores sociais; -------------------------------------------------- ----- a natureza relativamente limitada do programa;------------------------------------------ ----- o risco de sobreposição com a área de actuação da GEBALIS, bem como com as áreas de actuação de departamentos municipais com intervenção no espaço público; --- ----- a necessidade de fortalecer as potencialidades e o financiamento do programa; ---- ----- o facto do sucesso das medidas previstas depender, em grande medida, da própria execução e, em especial, do enlace com as juntas de freguesia e com as associações; --- ----- o carácter adequado da distribuição de meios em áreas com problemas sociais, visando o robustecimento e o amadurecimento das redes sociais;--------------------------- ----- os objectivos do reforço da noção de cidadania e do desenvolvimento do associativismo; --------------------------------------------------------------------------------------

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----- a harmonização da actividade municipal com as iniciativas das associações, especialmente relevante em áreas como os Bairros de Intervenção Prioritária/Zonas de Intervenção Prioritária.----------------------------------------------------------------------------- ----- Para além do debate sobre a delimitação dos Bairros de Intervenção Prioritária/Zonas de Intervenção Prioritária, a Assembleia Municipal deve, no entender da 4ª Comissão, proceder ao acompanhamento da execução do respectivo programa. -------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Assembleia Municipal de Lisboa, em 16 de Fevereiro de 2011. ----------------------- ----- O Presidente da Comissão - António Duarte de Almeida------------------------------ ” ----- A Senhora Vereadora Helena Roseta disse que era do conhecimento dos Senhores Deputados Municipais o que se estava a votar. A Carta era o resultado de um trabalho participativo feito junto das populações e das Juntas de Freguesia, no sentido de identificar as zonas ou bairros de Lisboa com mais carências sociais e urbanísticas. O resultado fora amplamente debatido e tinha estado presente em três comissões.-------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Queria apenas dar uma explicação e que era a seguinte: verificava que nos pareceres apresentados pelas comissões havia um pedido de acompanhamento do programa de intervenção nos bairros BIP/ZIP que acompanhava a Carta. A Carta era elaborada afim de ser integrada no Plano Director Municipal e isso era muito importante, embora fosse apenas um documento anexo ao Plano e não um documento integrante do próprio Plano. Como documento anexo era importante, para dar a essa intervenção dos BIP/ZIP alguma estabilidade no tempo. ------------------------------------- ----- Todas as opiniões abalizadas recolhidas na consulta pública sobre programas desse género, de intervenção local em bairros problemáticos ou bairros com dificuldades, disseram que a coisa pior que havia era começar um programa desses e passado um ano, porque levantava expectativas e depois não tinha continuidade. Era importante criar alguma continuidade e pensava-se que a maneira de criar continuidade, uma vez que o PDM era um documento que tinha alguma estabilidade no tempo quando era aprovado pela Assembleia e estava em vigor, era associar a Carta dos BIP/ZIP ao PDM, dando-lhe alguma estabilidade e perceber-se que o prazo que havia para fazer alguma coisa nesses bairros e tentar melhorar a sua condição não era um prazo de um ano ou dois, era um prazo de dez ou doze anos, que era o prazo de cumprimento do PDM.----------------------------------------------------------------------------- ----- Essa era a razão que fazia trazer aqui a Carta e pedir a aprovação da Carta à Assembleia Municipal.----------------------------------------------------------------------------- ----- Quanto ao programa de intervenção propriamente dito. Lembrava que ele tinha sido inscrito em Plano de Actividades e Orçamento de 2011 aprovados na Assembleia com uma verba de um milhão de euros. A partir do momento em que a Assembleia aprovara o Plano e Orçamento sentiram-se legitimados para desenvolver as acções necessárias para o programa se efectivar. ------------------------------------------------------ ----- Os processos na Assembleia Municipal levavam o tempo que era necessário, mas queria dizer aos Senhores Deputados Municipais das Comissões de Habitação, de

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Urbanismo e de Intervenção Social que gostava, como Vereadora responsável por esse trabalho, de ter um maior acompanhamento das comissões no programa do BIP/ZIP. -- ----- Era um programa ambicioso, era um programa que precisava de ser muito bem acompanhado. Vinha procurando junto dos Senhores Presidentes de Junta, com quem fizera várias reuniões sobre esse programa, manter toda a informação actualizada, mas era de braços abertos que acolhia a sugestão no sentido de haver um maior acompanhamento.----------------------------------------------------------------------------------- ----- Não tinha sido colocado em votação na Assembleia Municipal o programa dos BIP/ZIP precisamente porque a Assembleia Municipal tinha competências próprias na Lei, a aprovação de programas específicos não era competência da Assembleia. A grande opção que suportava isso tudo era a Carta dos BIP/ZIP e a Câmara tinha competências legais para desenvolver um programa cuja dotação era definida pela Assembleia, cuja base tinha que ser aprovada pela Assembleia e que depois tinha que ser desenvolvido segundo regras que eram escrutinadas pela Assembleia a todo o tempo, como era evidente.------------------------------------------------------------------------- ----- Era essa explicação que queria dar, agradecendo desde já toda a atenção que tivera de todos os Senhores Deputados Municipais das Comissões que participaram na apresentação desse trabalho e todo o estímulo que lhe deram para que o trabalho continuasse e para que se pudesse agora, na concretização, fazer trabalho válido com as populações. --------------------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal António Duarte de Almeida (PS), Presidente da Comissão Permanente de Urbanismo e de Acompanhamento da Gestão da Intervenção na Zona Ribeirinha e Baixa de Lisboa, leu o parecer da Comissão relativo à proposta 616/2010. (acima transcrito) --------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Fernando Braamcamp (PSD), Presidente da Junta de Freguesia do Alto do Pina, na qualidade de Presidente da Comissão Permanente de Habitação, Reabil i tação Urbana e Bairros Municipais, leu o parecer da Comissão relativo à proposta 616/2010. (acima transcrito) -------------- ----- O Senhor Deputado Municipal José Maria Bento (PS), Presidente da Junta de Freguesia de São João, na qualidade de Secretário da Comissão Permanente de Intervenção Social e de Promoção da Igualdade de Oportunidades, leu o parecer da Comissão relativo à proposta 616/2010. (acima transcrito) --------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Fernando Braamcamp (PSD), Presidente da Junta de Freguesia do Alto do Pina, na qualidade de Presidente da Comissão Permanente de Habitação, Reabil i tação Urbana e Bairros Municipais, disse que a proposta 616/2010, que estava agora em discussão fazia-lhe lembrar uma frase popular, “quando o enxoval não acompanha a noiva, o casamento não está completo”. Parecia-lhe que neste caso estavam perante uma situação dessas. -- ----- Tinha acompanhado todo o programa quase desde o seu início e não tinha a mínima dúvida sobre a virtuosidade da proposta 616/2010. Fazia todo o sentido um retrato exaustivo da realidade da Cidade de Lisboa, mas o que não fazia sentido, e o próprio nome indicava, era que a intervenção prioritária pressupunha que à posteriori haveria uma intervenção e parecia-lhe fazer todo o sentido na própria proposta fazer a

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metodologia e o regulamento da aplicação desse programa. Era a sua interpretação pessoal. Portanto, “estavam a apreciar a noiva mas não viam o enxoval”. ----------------- ----- Sabia-se que o PSD na Assembleia Municipal defendia com rigor e intransigentemente o seu sentido de voto, aqui e lá fora. Se votava a favor ou votava contra, votava com a convicção e defendia as suas próprias convicções. Neste caso propunha-se votarem uma situação que não sabiam como iria acabar. Sabia-se como começava, tinham a proposta, mas não sabiam como a aplicação prática desse programa seria no futuro executada. Era quanto a isso que de certa forma havia algum receio.------------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Solicitava à Senhora Vereadora Helena Roseta que esclarecesse a Assembleia se os métodos de aplicação podiam ser de alguma forma incluídos ou não na proposta. --- ----- O Senhor Deputado Municipal Hugo Chambre (PS), Presidente da Junta de Freguesia do Beato, disse que a proposta 616/2010 aprovava a Carta dos BIP/ZIP, que tinha a montante e era uma sequência do Plano Local de Habitação, e que iria permitir com o Programa BIP/ZIP intervir de várias formas nas áreas geográficas que a proposta definia. ------------------------------------------------------------------------------------ ----- Os motivos porque a proposta apenas referia a Carta, a Senhora Vereadora já tivera oportunidade também de explicar e prendiam-se com as competências que a Assembleia Municipal tinha. Também nas várias reuniões com os Presidentes de Junta de Freguesia e com uma série de entidades, parceiros locais que iriam ser úteis para poder aplicar o programa, estava a ser amplamente explicada a forma como iria ser feito.--------------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Assim, o Grupo Municipal do PS realçava, em relação à Carta, todo o estudo de caracterização urbana, social, as condições habitacionais do espaço público que era feito para as áreas BIP/ZIP, como se podia ver pelo relatório que era apresentado em anexo e que não só definia conceitos, definia aquilo que se pretendia, como também definia aquilo que no futuro era necessário para um conjunto de bairros. Um estudo que fora feito não só numa única área, mas através de uma associação com especialistas de várias áreas do saber, a nível da acção social, do próprio urbanismo, daquilo que era a reabilitação urbana numa série de áreas que contribuíram para que o estudo fosse o mais completo possível.---------------------------------------------------------- ----- A Carta final dos BIP/ZIP resultava também de uma série de sugestões das Juntas de Freguesia, de associações, de munícipes, nas várias reuniões conjuntas promovidas pela CML e também no período de discussão pública. Ninguém podia dizer que faltavam BIP/ZIP, ou que não concordavam com os BIP/ZIP, porque tinha havido uma ampla discussão e a proposta final tinha várias alterações sugeridas aquando do período de discussão pública. --------------------------------------------------------------------- ----- Pegando nos dados do que fora a própria discussão pública, era importante realçar que a mesma tivera mais de mil participantes através de inquéritos, fora todos aqueles que nas reuniões opinaram sobre a Carta, com cerca de 250 comentários também recebidos. Tinha havido uma participação plena da população residente nos bairros, também de IPSS, de associações que faziam um trabalho específico nos bairros. Fora um estudo prévio à proposta amplamente participado.------------------------

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----- Ainda reportando ao conjunto de dados recolhidos no inquérito realizado aquando da discussão pública, era importante referir o grau de concordância do conjunto de moradores dos bairros nas áreas BIP/ZIP com a própria Carta. Era muito alto, com 87% de respostas “sim” e apenas 3% de respostas “não”. Eram dados muito relevantes daquilo que era a opinião das pessoas que iriam ser alvo do conjunto de medidas do BIP/ZIP e da definição de áreas do BIP/ZIP. ------------------------------------ ----- O inquérito realizado também era importante para as Juntas de Freguesia, para a própria GEBALIS, para um conjunto de parceiros locais ter uma melhor noção das necessidades e do conjunto de medidas que podiam ser tomadas face às necessidades das populações residentes nos bairros.----------------------------------------------------------- ----- A Carta definia uma série de conceitos daquilo que era um bairro de intervenção, um bocado na base daquilo que era definição de bairro crítico, e ia agrupar o conjunto de tipologias de bairros, uma série de bairros que estavam dispersos e que ficavam agregados no BIP/ZIP de forma a que pudesse haver uma acção conjunta e uma acção mais unida do ponto de vista daquilo que era o conjunto de objectivos a nível da Câmara Municipal. --------------------------------------------------------------------------------- ----- Assim, o PS tinha uma convicção muito clara, de que era possível intervir numa série de situações havia muito tempo reclamadas e que, infelizmente, ainda estavam pendentes, com a noção de que com as verbas disponíveis não se conseguia fazer uma revolução imediata no conjunto de bairros, mas passo a passo, obra a obra, era possível criar condições para os moradores desses bairros terem melhor qualidade de vida. --------------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Outro aspecto era que a Carta não era estática. Podia haver acrescento de novos bairros, novos BIP/ZIP, e podia haver maior riqueza com informações através de vários inquéritos que podiam ser feitos. Bastava pegar no exemplo dos Censos que estavam a ser feitos. Todos esses dados seriam úteis de forma a que os BIP/ZIP tivessem cada vez mais informação para se poder intervir. Era um Carta flexível e que servia de base para que no futuro a CML pudesse intervir com uma noção do conjunto de necessidades.------------------------------------------------------------------------------------- ----- Por outro lado, essa Carta também permitiria que o programa BIP/ZIP, que era uma ferramenta de intervenção em bairros com carências muito antigas, com problemas sociais, falta de qualidade no espaço público, pudesse ser posto em prática. Entre um conjunto de características destacava, porque lhe parecia a mais importante, que um bairro com problemas sociais, habitacionais, devia ter um conjunto de investimentos não só a nível de habitações, que até hoje sempre tinha sido o enfoque dos programas que a Câmara fazia, mas devia ter uma intervenção no espaço público, aplicando um conceito que a habitação não se resumia apenas ao apartamento e implicava tudo aquilo que era a envolvência.--------------------------------------------------- ----- Por tudo isso, o PS iria votar a favor da proposta. --------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Silva Dias (PCP) começou por pedir desculpa por ocupar 4 ou 5 minutos com uma crítica à proposta, que tinha carácter emotivo mas que, por ser sentida, seria dura, anunciando desde já que o PCP votaria favoravelmente. -------------------------------------------------------------------------------------

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----- Perguntar-se-ia pois para quê o arrazoado, para quê a perda de tempo. Por um imperativo de consciência e para dissipar dúvidas. -------------------------------------------- ----- A proposta encerrava sintomas de segregação e fazia antever conflitos de competência entre órgãos autárquicos. A Cidade de Lisboa vinha-se caracterizando por possuir ao longo da sua história um tecido social de grande diversidade e coesão. Em todos os sítios e tempos, vinha-se mantendo uma proporção equilibrada e tranquila de novos e velhos, ricos e pobres, povo e aristocracia. Podia-se ver a encosta de Santos e a da Lapa, a Estrela e um pouco mais além Campo de Ourique. Uma homogeneidade social que se reflectia inclusivamente no corpo da Cidade e que levara um visitante estrangeiro do século XVIII a dizer que em Lisboa um palácio só se distinguia de uma casa humilde pelo número de janelas, tinha mais janelas. -------------- ----- A palavra “gueto” nunca tinha existido. Mouraria era hoje um topónimo, a Judiaria mal se sabia onde tinha sido e ninguém se lembrava que o Bairro do Mocambo, hoje Madragoa, fora sítio só de negros. A palavra “bairro”, que etimologicamente significava separado, ou mais especificamente um conjunto edificado que se constituía como expansão de um aglomerado, desaparecia da toponímia mas a Cidade absorvia as novas extensões.---------------------------------------- ----- Ninguém se referia hoje ao Bairro das Colónias, ao Bairro de Santos, ao Bairro Andrade, ou ao sítio onde existira o Bairro Chinês, a maior extensão de barracas do País, hoje felizmente desaparecida. -------------------------------------------------------------- ----- A designação mantinha-se hoje exclusivamente quando ligada a áreas com características formais ou de vivência marcante, como Bairro Azul, o Bairro Social do Arco do Cego, o Bairro Alto. Expressões como “bairro fino”, “bairro popular”, “bairro rico”, “bairro pobre”, “bairro da prostituição” iam-se apagando, substituídas pelo sentido de uma cidade abrangente e integradora de valores locais, mas longe da acusação de diferente ou segregado. Ao valor positivo, sem dúvida, do bairrismo, sobrepunha-se agora o conceito de cidadania.-------------------------------------------------- ----- Era por isso chocante que na proposta surgissem cartografadas a vermelho áreas com a designação de bairros. Essa mancha vermelha resultava da sobreposição de factores de identificação como “concentração de beneficiários de rendimento social de inserção”, “concentração de beneficiários do complemento social de idosos”, “concentração de beneficiários do subsídio de desemprego”, “concentração de beneficiários de prestações sociais”, “concentração de população não empregada”, “concentração de população residente menos qualificada” e até as condições de salubridade expressas na qualidade da recolha do lixo. --------------------------------------- ----- Desculpariam a brutalidade da observação, mas eram os porcos, os feios, os maus e agora até os pobres.------------------------------------------------------------------------------- ----- Nem uma única palavra sobre a história dos sítios, as causas da situação ou a capacidade e iniciativa das comunidades locais, o espírito associativo e a interajuda, ou sobre a forma como em muitas das freguesias apontadas a população superava as bases materiais da sua existência e favorecia o espírito de convivência. ------------------- ----- A malfadada Chelas apanhava na sua totalidade com a mancha vermelha de BIP/ZIP. Dias antes num jornal lia-se: “habitante de Chelas apanhado a roubar num

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supermercado”. Não se recordava de alguma vez ter visto ser referida a morada de um grande ladrão, talvez porque os grandes ladrões viviam nos bairros VIP e esse desgraçado agora passaria a viver num bairro BIP e por isso estava condenado a que constantemente lhe recordassem a situação e o amaldiçoassem. ---------------------------- ----- Mesmo que a proposta conduzisse a uma discriminação aparentemente positiva para alguns dos cidadãos, a mágoa de ver que o método subjugara o objectivo impunha o desabafo e passado o desabafo de ordem moral colocava-se a dúvida. Na proposta de reorganização dos serviços e da reforma administrativa que havia algum tempo a esta parte vinha ocupando as preocupações da Assembleia, eram remetidas para as juntas de freguesia as competências de ordem cultural e desenvolvimento participativo, que aparentemente cabiam no âmbito da proposta. -------------------------- ----- Eram ainda referidos meios e processos de financiamento adequados com a indicação, salvando erro da sua parte, de que esses seriam diminuídos ou retirados quando as acções a desenvolver tivessem a participação directa da Câmara. Se assim fosse, haveria mais de duas dezenas de freguesias que veriam as suas competências cerceadas. Nesse âmbito, ocorria ainda perguntar qual o papel das associações de cultura e recreio, que, talvez paradoxalmente, eram especialmente resistentes e activas nos sítios que se designavam na proposta por BIP e ZIP.------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Diogo Moura (CDS-PP) saudou a Senhora Vereadora Helena Roseta e a sua equipa, assim como a equipa do Programa Local de Habitação, pelo levantamento efectuado na Cidade de Lisboa e o diagnóstico apresentado, que era um apontar de caminhos para resolver as questões que afligiam os lisboetas que viviam e trabalhavam nas zonas analisadas. -------------------------------- ----- Numa primeira análise, a escolha dos bairros parecia óbvia. A maior parte constituía-se por bairros municipais, com graves problemas de sustentabilidade social, habitacional, ambiental e económica. ------------------------------------------------------------ ----- Após a consulta pública, por sinal muito participada, era com bom grado que constatava a inclusão de zonas necessitadas de reconversão havia muito tempo. Dava como exemplo o BIP/ZIP 64, referente à zona dos Anjos, em particular o Regueirão dos Anjos e o Largo do Intendente, que eram zonas muito abandonadas pelo Município, carenciadas pela falta de reabilitação urbana dos edifícios e de espaço público e fustigadas pelo tráfico de droga, jogo ilícito e prostituição. ---------------------- ----- O Intendente tinha vindo a ser alvo gradual da atenção dos lisboetas. O CDS, em sessão de Câmara, tivera oportunidade de apresentar uma proposta de revitalização dessa zona, com o intuito de acabar com a chaga social em que se tornara esse local que, no eixo da Almirante Reis, era considerada a avenida principal de Lisboa. --------- ----- Outro ponto positivo era a inclusão da Quinta do Ferro e São Vicente de Fora, também ela votada ao abandono havia muitos anos. O parque habitacional encontrava-se em adiantado estado de degradação e urbanisticamente por planear. ------------------- ----- No entanto, o CDS colocava algumas preocupações perante a apresentação da Carta a anexar ao PDM, sem demérito da mesma.--------------------------------------------- ----- Tendo a Câmara efectuado uma análise bairro a bairro, zona a zona, e tendo em conta os valores estimados em projectos de recuperação, entendia como essencial que

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o Município calendarizasse e priorizasse acções porque, embora todas fossem importantes, havia umas mais urgentes que outras. Afinal, fora essa a incumbência política que assumira ao iniciar a elaboração do Plano Local de Habitação e a definição das políticas de habitação para Lisboa, ou seja, a Carta era um bom diagnóstico mas continuava-se ainda na fase que devia ter sido finalizada no PLH, a de diagnóstico. -------------------------------------------------------------------------------------- ----- O CDS entendia também desnecessária a desanexação na zona do Castelo da Freguesia de Santiago, juntando essa a Alfama. Não parecia fazer sentido, tendo em conta as realidades distintas das duas zonas.---------------------------------------------------- ----- Concluindo, o CDS entendia como essencial estabelecer metas e calendarizar, mas a proposta não fazia sentido ser discutida sem considerar a proposta 725/2010, a qual definia a metodologia do Orçamento Participativo para os BIP/ZIP. Era essa proposta que indicava a forma como se iriam reabilitar as zonas referenciadas. ---------- ----- Um aspecto positivo a reter da proposta era a participação cívica das entidades que trabalhavam em cada bairro e em cada zona. Ninguém melhor do que os que trabalhavam no terreno, que acudiam às situações mais preocupantes das famílias lisboetas, para saber a forma de actuar e congregar esforços para melhorar o dia a dia de cada bairro. --------------------------------------------------------------------------------------- ----- Mas se verificassem os vários níveis de participação, podia-se concluir que alguns deles poderiam subverter aquilo que era o objectivo principal da Carta, reabilitar e melhorar a qualidade de vida nesses bairros e zonas. O programa definia três projectos: intervenções pontuais até 5.000 euros; serviços à comunidade até 25.000 euros; pequenos investimentos e acções integradas até 50.000 euros. No primeiro escalão entravam os mais variados projectos, desde uma exposição sobre o bairro, um convívio, até eventos comunitários entre moradores. --------------------------- ----- Ora, numa primeira análise e tendo em conta a grave situação financeira do Município, perguntou se não seria de poupar 5.000 euros na maioria dos BIP/ZIP em actividades efémeras e aplicá-los em projectos e iniciativas que perdurassem. Era uma questão de prioridades. Perguntou se não seria mais útil qualificar o espaço público ao invés de promover uma sardinhada.-------------------------------------------------------------- ----- O CDS entendia que era necessário dar mais atenção aos projectos que pudessem efectivamente perdurar nos bairros do que a alguns apontamentos pontuais e, nesse sentido, essas verbas deviam ser alocadas para outros tipos de projectos. Aliás, não definindo o programa quotas para cada tipo de intervenção, perguntou o que seria se só se apresentassem projectos de intervenção pontuais. Com certeza não seria esse o desejo da Senhora Vereadora, nem o objectivo daquele Orçamento Participativo. ------- ----- No que dizia respeito à calendarização, os projectos teriam execução em Maio e Dezembro, oito meses. Para a implementação desses projectos e tendo alguns intervenção no espaço público, a pergunta que fazia era se o prazo definido seria suficiente. Perguntava ainda o que aconteceria às entidades que não conseguissem concluir até Dezembro. ---------------------------------------------------------------------------- ----- A Senhora Deputada Municipal Rita Silva (BE) disse que o processo que levara à elaboração da Carta tivera claramente uma preocupação de participação e

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envolvimento dos cidadãos de Lisboa, facto que saudava, desejando que essas metodologias fizessem escola no Município, noutros sectores que precisavam igualmente de participação activa. A participação enriquecera a Carta, com os contributos dos residentes, associações e organizações que se relacionavam quotidianamente com os destinos da Cidade. Associações e organizações que sentiam as dificuldades reais dos tempos que se atravessavam. --------------------------------------- ----- A Carta revelava-se um diagnóstico de problemas urgentes da Cidade de Lisboa na área social e urbana, mas não podia ficar-se pelo diagnóstico e por isso o BE concordava também com a sua inclusão no PDM, esperando que a partir daí outras coisas se fizessem. Tinha que se avançar para a fase seguinte, a fase da terapêutica. Tinham que avançar porque o tempo urgia e as necessidades expressas na Carta eram efectivas e agravar-se-iam nos próximos meses e anos com a crise económica e social potenciada pelas medidas anti-sociais e regressivas do Governo e pelo estado do edificado e do espaço público em muitos dos bairros apontados. --------------------------- ----- Os efeitos da crise sem fim à vista atingiam a esmagadora maioria da população portuguesa, mas eram sobretudo as populações dos bairros mais desfavorecidos e das zonas mais esquecidas da Cidade que sofreriam os impactos mais severos. Os cortes nos apoios sociais feitos pelo bloco central, que governava, eram para essas populações um rolo compressor de exclusão social e os dois milhões de portugueses que estavam já em situação de desemprego ou de precariedade, muitos deles estavam também nessas zonas marginalizadas da Cidade. Por isso era urgente avançar-se para a fase da terapêutica e, para haver uma terapêutica eficaz, tinha que se garantir um financiamento adequado. Esse financiamento, como dizia a Carta, devia ser prioritário, feito de forma efectiva e com fundos suficientes, que permitissem a concretização dos objectivos. --------------------------------------------------------------------- ----- Apesar de não estarem a discutir o programa que acompanhava os BIP/ZIP, o BE não podia deixar de se pronunciar sobre algumas coisas desse programa que considerava interessante mas muito modesto. Eram precisos outros programas integrados e estruturantes, com a importância que a prioridade lhes dava. Os projectos que promoviam a cidadania activa e a participação democrática deviam ser aprofundados e promovidos. Os programas que envolviam o poder local e as associações com capacidade de intervenção social deviam ser apoiados activamente. -- ----- O BE entendia que a gestão da Cidade e a resolução dos seus problemas devia envolver as populações, porque assim se servia melhor os cidadãos e se respondia às suas necessidades e anseios. Por entender que se devia avançar rapidamente para a execução e porque concordava com o diagnóstico realizado, o BE votaria favoravelmente a Carta.---------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal António Arruda (MPT) disse que a Carta BIP/ZIP que o Executivo Camarário submetia à aprovação da Assembleia Municipal traduzia-se, no entendimento do Partido da Terra, num importante instrumento de gestão territorial que havia muito tempo vinha a ser reclamado pela população lisboeta. ----------------------------------------------------------------------------------------------

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----- Essa Carta, que surgia no âmbito do Plano Local de Habitação, como forma de referenciar e sintetizar as diferentes situações e problemas locais dos bairros de Lisboa, analisava as áreas referentes aos bairros municipais, tais como as áreas urbanas de génese ilegal, as áreas críticas de recuperação e reconversão urbanística, as zonas remanescentes do plano de intervenção a médio prazo, PIMP, e o plano de erradicação dos bairros de barracas, PER, os bairros do ex-serviço ambulatório de apoio local, SAAL, as áreas de intervenção da SRU Ocidental, bem como a área do programa “Viver Marvila”. Era todo um conjunto de situações com problemas específicos e que, aprazia-lhe dizer, se encontravam devidamente registados e catalogados neste mapa. --------------------------------------------------------------------------- ----- A Carta BIP/ZIP detalhava bem a dimensão sócio-económica da Cidade e por isso mesmo só tinha que felicitar o trabalho desenvolvido pelo pelouro da habitação da CML. Assim, e do ponto de vista urbanístico, gostaria de dizer à Senhora Vereadora Helena Roseta que a Carta parecia bem estruturada, com o levantamento detalhado do edificado ou da rede de transportes públicos, da rede de equipamentos de proximidade que completavam o mapa dos equipamentos de saúde, bem como o mapa desportivo, a Carta era bem elucidativa das reais necessidades dos bairros de Lisboa. Os mapas elaborados davam uma visão muito clara da situação dos bairros, tanto na sua componente urbanística, como social, pesasse embora não contemplar qualquer resposta a nível de intervenção social. ----------------------------------------------------------- ----- O MPT considerava hoje que se tratava de um bom documento de trabalho, que poderia resultar na implementação de medidas concretas, que pudessem vir a minimizar e alterar as condições de vida em muitos desses bairros. No entanto, e como “não há bela sem senão”, gostaria de referir que era pena a elaboração da Carta não ter envolvido toda a estrutura municipal. -------------------------------------------------- ----- No Partido da Terra entendia-se que um instrumento de gestão territorial municipal dessa envergadura deveria ter tido obrigatoriamente uma abrangência muito maior. Perguntou onde estava a componente cultural e de equipamentos e respostas sociais. Também no que concernia à respectiva dimensão ambiental da Carta, dissesse-se de passagem que essa estava muito pouco trabalhada. ------------------------- ----- De facto, bastava darem uma rápida vista de olhos à mesma para verificar que essa se ficava pela cobertura da recolha selectiva de resíduos sólidos, com dados que ainda não estavam tratados, o que impossibilitava a elaboração de um índice ambiental. Também aí o pelouro do ambiente devia ter dado uma “mãozinha” na elaboração desse importante documento, mas quiçá por falta de tempo para tratar desses assuntos menos importantes, o pelouro do Senhor Vereador Sá Fernandes tivesse entendido enveredar por outros caminhos, designadamente na espúria privatização dos serviços sob a sua responsabilidade.----------------------------------------- ----- Outra questão que gostaria de levantar era a falta de uma visão humana da Cidade e dos bairros com essas características. Em boa verdade, teria que dizer que as dimensões analisadas pelo grupo de trabalho não tiveram em conta nesta fase, mas esperava que viessem a ter num futuro próximo, a importância das comunidades e dos seus referenciais alicerçados em relações e cumplicidades que deviam ser acauteladas.

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De facto, era sobejamente reconhecido que as comunidades necessitavam, para se manterem enquanto tais, de um conjunto de bens que por definição não eram públicos nem privados e que por isso mesmo não podiam ser da responsabilidade das entidades públicas, nem tão pouco podiam ser comprados ou alvo de lançamento de uma qualquer empreitada. ------------------------------------------------------------------------------- ----- Esses bens que acabara de referir, que resultavam da vida em comum, das cumplicidades que se iam criando, da solidariedade natural e espontânea, não se encontravam quantificáveis ou rastreados por qualquer mapa. No entanto, eles eram determinantes para o trabalho que se viesse a desenvolver, facto pelo qual considerava que o envolvimento das pessoas nesse processo desde a raiz era determinante para a construção e a manutenção de comunidades activas e actuantes e uma oportunidade para reforçar a identificação dos moradores com o seu bairro. ------------------------------ ----- Assim, face ao exposto, gostaria ainda de saber porque era que nesta fase do projecto não foram envolvidas de uma forma mais activa as juntas de freguesia, nem as associações de moradores, que no entendimento do MPT poderiam ter dado um grande contributo nessa área. Aliás, e era sintomático do que acabava de referir, durante o período de consulta pública a percentagem mais significativa de inquéritos e sugestões tinha sido exactamente recolhida pelas organizações locais, o que só por si denotava uma grande predisposição para participar nesse processo. Acrescia que a participação do público durante o período de consulta tinha obtido só 1039 respostas, num total de 92600 moradores que habitavam nos bairros municipais identificados na Carta, o que demonstrava claramente que a amostra era insuficiente e por isso mesmo não era representativa. ----------------------------------------------------------------------------- ----- A Senhora Vereadora sempre poderia dizer que o número de 1039 participações ultrapassava a participação comum das consultas públicas, mas neste caso em concreto e para este tipo de intervenção exigia-se um trabalho de terreno ainda mais incisivo e de maior proximidade. Julgava poder concluir que esse facto indiciava por parte do Executivo uma falta de confiança nos munícipes de Lisboa e nas suas associações. Falar de participação não era afirmar o que se pretendia fazer e pedir uma opinião sobre o projecto ou as intenções apresentadas, como resultava de todo este processo. --------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Participação era sim solicitar a contribuição de todos e com essas contribuições trabalhar na criação de um projecto de intervenção onde todos eram simultaneamente autores e interessados. Só assim teriam moradores empenhados e determinados a contribuir com a sua dedicação e esforço para ultrapassar os enormes obstáculos que a Cidade e os bairros municipais em particular tinham pela frente. Toda e qualquer intervenção devia, no entendimento do Partido da Terra, contar com a participação de todos, mas era à Câmara Municipal que caberia necessariamente a definição das prioridades de intervenção em cada um dos bairros. Só dessa forma a Câmara poderia assumir a plenitude das suas responsabilidades. ----------------------------------------------- ----- O Partido da Terra também acreditava que não seria escudando-se num qualquer modelo de Orçamento Participativo, depositado nas mãos de uma eventual motivação e mobilização do mundo associativo, que residia a fórmula ideal para intervenção

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necessária. Esse passo era demasiadamente importante e sério para ser dado neste preciso momento. Outra forma bem diferente e seguramente mais eficaz teria sido a de definir âmbitos de intervenção e prioridades das intervenções bairro a bairro e depois, então sim, promover a participação e as parcerias para a sua implementação. Agora era tempo de agir e com urgência, como vinha referindo a Senhora Vereadora, com determinação e com a assunção das responsabilidades e do ónus da decisão que cabia à Senhora Vereadora com o pelouro da acção social. Passado o período de urgência, então sim, o movimento associativo deveria assumir em suas mãos os projectos de desenvolvimento local que melhor respondessem às necessidades de todos. ------------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Assim, e para finalizar, gostaria de perguntar ao Senhor Presidente qual era verdadeiramente a utilidade da Carta BIP/ZIP.------------------------------------------------- -----Face ao exposto e atendendo aos motivos atrás mencionados, o Grupo Municipal do MPT decidira abster-se na votação da presente proposta.--------------------------------- ----- A Senhora Deputada Municipal Ana Gaspar (IND) disse que saudava vivamente a Carta, que reflectia um processo que reputava de exemplar pelo processo de diagnose havido, pela inovação e pela participação inclusiva. Essa metodologia de participação conjunta propunha-se envolver os cidadãos em parcerias formais e não formais, escolas, juntas de freguesia, comissões de vizinhos, comissões de moradores, ONGs, na definição conjunta de um espaço público que se queria vivencial, a tal prova viva do empowerment gerador de energias, que do ponto de vista sociológico e político se revelavam decisivas no sentimento de pertença a que todas e todos tinham direito em Lisboa, capital que esperava também de cidadania. ------------------------------ ----- A Senhora Vereadora Helena Roseta agradeceu as intervenções de todos. Naturalmente, havia questões que podia responder e outras que eram para reflectir até porque foram feitas nesse sentido, para poder reflectir com a equipa que estava a fazer esse trabalho e poderem melhorar o que estavam a fazer. ------------------------------------ ----- Quanto à questão colocada pelo Senhor Deputado Municipal Fernando Braancamp, da vontade da Comissão de Habitação discutir a proposta 725, que era a proposta do programa dos BIPs, havia um problema de não se poder emendar o passado. A proposta tinha sido aprovada pela Câmara com base numa verba que fora aprovada pela Assembleia Municipal no Orçamento de 2011. O programa estava neste momento a andar, estavam candidaturas abertas até ao dia 18 de Março e tinha alguma dificuldade de pôr em causa uma coisa que estava a correr.---------------------------------- ----- Havia dois compromissos que assumia com muito gosto, porque preferia mesmo que a Assembleia acompanhasse o programa. Também tinha consciência que o programa era difícil e quanto mais alargada fosse a base de cabeças que pensassem nele e de eleitos que o ajudassem, mais o programa se podia reforçar. O que estava perfeitamente ao alcance era as candidaturas que neste momento estavam a decorrer até ao dia 18 de Março, havia um júri que as ia apreciar, esse júri tinha que fazer um relatório e comprometia-se a enviar o relatório à Comissão, para ter conhecimento directo do relatório e da apreciação das candidaturas todas. ---------------------------------

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----- Depois os trabalhos começavam, os Senhores Deputados Municipais podiam acompanhar os trabalhos das várias candidaturas que fossem aceites, e havia um relatório de avaliação obrigatório no final do ano que era muito importante remeter à Comissão de Habitação. As outras duas comissões que participaram também o poderiam ver, naturalmente, para poder ser discutido e, aí sim, era o momento oportuno para se discutir em sede de comissão propostas e ideias para reformular os critérios do programa para o ano orçamental de 2012. Seria muito oportuno nessa altura, em tempo útil, antes de começar o ano, haver através de uma recomendação da Assembleia ou da forma que entendessem, porque tinha competências para isso, fazer uma recomendação à Câmara a dizer quais deviam ser os critérios na próxima edição. - ----- Para a edição que estava a decorrer era difícil, porque havia um concurso a decorrer e não podia mudar os critérios a meio do jogo, mas achava muito útil que no próximo ano, como estava prevista uma avaliação entre Outubro e Dezembro e dessa avaliação decorreria um relatório, esse relatório poder ser apresentado e apreciado pelas comissões e poder haver uma forma de pelo menos recolher o parecer das comissões especializadas. Parecia-lhe que podiam trabalhar nisso. Quando as comissões quisessem podiam chamá-la.--------------------------------------------------------- ----- Tinha feito várias cartas ao longo do ano a mandar as informações para os vários grupos políticos e para os Presidentes das comissões e estava à disposição para encontrar uma forma de colaboração que fosse expedita, que não sobrecarregasse os trabalhos e que permitisse que todo o saber e empenho dos Senhores Deputados Municipais pudesse melhorar o programa em futuras edições. ------------------------------ ----- Relativamente à questão colocada pelo Senhor Deputado Municipal Silva Dias, tinha-o ouvido com muito carinho mas a leitura que fazia era exactamente a contrária. Não lhe parecia que o facto de se procurar cartografar indicadores significasse qualquer espécie de gueto. Pelo contrário, ao chamar prioritário a um bairro que tinha determinados indicadores estava-se a dizer que se tinha indicadores negativos era para sair deles, teriam indicadores melhores no futuro. Não havia nenhuma intenção de guetização, não havia nenhuma intenção de fazer uma mancha vermelha ou de outra cor qualquer, havia a intenção de olhar para a realidade da Cidade e procurar mudar. As pessoas faziam leituras diferentes das coisas e os processos podiam ter interpretações diferentes, mas o processo que se fizera era um processo comum no planeamento de identificar uma realidade e procurar melhorar a partir dessa identificação. ---------------------------------------------------------------------------------------- ----- Quanto à questão colocada pelo Senhor Deputado Municipal do CDS, dizer que aqueles pequenos eventos de cinco mil euros, que achava poder ser dinheiro mal empregue, evidentemente que não era pagar cinco mil euros para uma sardinhada. Podia haver um evento, e estava lá fora um exemplo no Bairro Horizonte, que por acaso não tinha sido uma candidatura mas era um trabalho feito no Bairro Horizonte, em que faziam uma exposição sobre a história do bairro, andaram a recolher os dados sobre o bairro e apresentavam. Achava isso válido, um evento que juntava as pessoas para terem o sentimento de pertença e de vizinhança reforçado. ----------------------------

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----- Estava a ver o Senhor Presidente da Junta do Lumiar e lembrava-se que no ano passado, no Projecto “O meu bairro é a minha cara”, fizeram a limpeza dos graffitis. Era um dia e essas operações eram válidas, mesmo que custassem pouco dinheiro. Portanto, não achava que fosse desperdício nenhum, o dinheiro não era só para fazer obras, havia investimentos naquilo a que a literatura anglo-saxónica chamava “o capital social”, a que costumava chamar “energia social”, que era um investimento válido e valia a pena fazê-lo. ---------------------------------------------------------------------- ----- Quanto ao Senhor Deputado Municipal do PS, agradecia as palavras que lhe dirigira e era importante o sublinhado que tinha feito sobre a necessidade de pegar em certos bairros que estavam esquecidos, os tais ex-SAAL, cooperativas abortadas que tinham problemas gravíssimos. Havia vários Senhores Deputados Municipais que tinham casos desses nas suas freguesias e precisavam de ter um tratamento adequado, que iriam ter.----------------------------------------------------------------------------------------- ----- Também agradecia as palavras da Senhora Deputada Municipal Rita Silva. Era evidente que o que tinham era apenas um ponto de partida. O programa de um milhão de euros era apenas um programa de apoio à cidadania, não era um programa de regeneração dos bairros, que custava mais de um milhão de euros, mas para se poder fazer esse programa de regeneração era preciso que a Carta fosse aprovada, que entrasse em PDM e que passasse a ser um critério no futuro. Era esse o objectivo da Carta, que passasse a ser um critério para definição de prioridades no futuro. A partir do momento em que a Carta fosse aprovada pela Assembleia, se o fosse como esperava, podia ser um elemento de definição de prioridades no futuro para todos os sectores. Aliás, o Senhor Deputado Municipal do Partido da Terra tinha chamado a atenção que toda a rede municipal deveria ter esse critério, mas para isso era preciso que o instrumento existisse. ----------------------------------------------------------------------- ----- Procurara-se ouvir tudo o que se podia, através de parceiros ao longo da elaboração do processo, que também tinha sido relativamente rápido, usando trabalho já feito por vários serviços da Câmara. Agora podia ser melhorado, mas se a Assembleia Municipal entendesse que merecia ser aprovado, então havia outra legitimidade para, cada vez que houvesse uma deliberação, dizer que ela tinha que obedecer à ideia de tais zonas da Cidade serem prioritárias e, portanto, teria que se canalizar para aí outro tipo de verbas. ----------------------------------------------------------- ----- Quanto à questão da dimensão ambiental, era rigorosamente verdade e estava de acordo, o trabalho feito era muito pouco e tinha alguma expectativa que no processo da Agenda Local XXI, que também era um processo participativo e que começaria a ser agora novamente desenvolvido, se pudesse avançar mais. Havia indicadores ambientais importantes que não tinham. O que se identificara no trabalho e que para si tinha sido surpreendente, porque não tinha essa noção, era que os indicadores ambientais revelavam carências de variada ordem nos bairros e também eram maltratados do ponto de vista dos serviços de higiene. Havia uma dupla discriminação que tinha que ser combatida e não tinha sequer essa imagem. ------------------------------- ----- Quanto à participação das juntas de freguesia, tinham-se feito três reuniões com todas as juntas acerca da Carta. Uma vez antes da apresentação à Câmara, uma

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segunda vez depois da apresentação à Câmara e uma terceira vez antes de apresentar o programa dos BIP/ZIP à Câmara. O programa dos BIP/ZIP não tinha vindo à Assembleia Municipal, mas tinha sido apreciado pelos Senhores Presidentes de Junta expressamente numa reunião para o efeito. Não tinha sido possível multiplicar mais as iniciativas. ------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Também achava que mil pessoas numa consulta pública não chegava, mas tinha sido o possível, numa altura de Verão e tudo o mais. As pessoas não podiam participar à força, só participavam se queriam. A participação era um processo de adesão voluntária, ou as pessoas estavam suficientemente motivadas ou não valorizavam coisa nenhuma. Valorizava muito a participação, mesmo quando ela não tinha um número esmagador, porque cada pessoa que perdia algum do seu tempo a assistir a uma sessão, ou a escrever um questionário, ou a dar a sua opinião na internet, estava a dar um contributo importante e havia muitos cidadãos que nem isso faziam. Procurara-se valorizar exactamente essas contribuições. ------------------------------------- ----- Resumindo, o compromisso que podia fazer para o futuro era o relatório do júri ser apresentado à Comissão de Habitação. Não dizia à Assembleia toda por causa das ordens de trabalho, porque a Assembleia tinha obrigatoriedades legais de votar determinadas matérias e se depois metiam outras que não eram competência específica da Assembleia, podia-se prejudicar os trabalhos. Podia-se depois ver com os vários grupos políticos a melhor maneira de fazer. O relatório de Abril e o relatório de Dezembro, com certeza, uma recomendação ou uma deliberação para o próximo ano, com certeza, mexer nos critérios de uma candidatura que já estava em curso podia criar instabilidade e não era positivo neste momento. --------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Fernando Braamcamp (PSD), Presidente da Junta de Freguesia do Alto do Pina, disse que tinha escutado ao longo das intervenções que também havia dúvidas de outros Senhores Deputados Municipais quanto à matéria dos critérios, não tinham sido só as suas e as do PSD. ------------------- ----- No entanto, queria deixar bem claro e bem expresso, segundo aquilo que tinha percebido da intervenção da Senhora Vereadora, de que haveria uma análise da execução do programa de 2011 e para o ano 2012 os critérios vinham explicitamente à Assembleia sob proposta para serem votados. Se era isso que tinha depreendido das palavras da Senhora Vereadora, o sentido de voto do PSD seria favorável à proposta. -- ----- A Senhora Vereadora Helena Roseta disse que não tinha nenhum problema em assumir o compromisso de remeter os documentos para a Assembleia Municipal, para serem analisados e verem os critérios para 2012. O seu problema era só o calendário das sessões plenárias da Assembleia e, portanto, se houvesse uma forma de trabalho através das comissões, talvez fosse melhor. Não tinha problema nenhum em ser escrutinada pelo plenário, mas sabia que por vezes o ritmo era lento e essas coisas tinham que correr. O seu compromisso de envio para os Senhores Deputados Municipais, de envio para as comissões, logo que tivesse os relatórios, esse era seguro. Fazer qualquer deliberação também dependia da iniciativa de a agendarem e proporem aquilo que entendessem.---------------------------------------------------------------

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----- O Senhor Presidente em exercício, constatando não haver mais intervenções, submeteu à votação a proposta nº 616/2010, tendo a Assembleia deliberado aprová-la, por maioria, com votos a favor de PSD, PS, PCP, BE, PEV e 5 IND. e abstenções de CDS-PP, PPM e MPT. ------------------------------------------------------------------------- ----- Seguidamente, Senhor Presidente em exercício deu por encerrada a reunião. ---- ----- Eram 20 horas e 30 minutos. --------------------------------------------------------------- ----- E eu, , Primeiro Secretário, fiz lavrar a presente acta que subscrevo juntamente com a Segunda Secretária, .----- --------------------------------------- A PRESIDENTE--------------------------------------------