sessÃo extraordinÁria da assembleia municipal de...

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------------------------ ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA ----------------------- ----- SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA, INICIADA NO DIA 8 DE FEVEREIRO E CONTINUADA NO DIA 15 DE FEVEREIRO DE 2011. --------------------------------------------------------------------- ----------------------------- ACTA NÚMERO TRINTA E SETE --------------------------- ----- No dia 15 de Fevereiro de 2011, reuniu na sua Sede, sita no Fórum Lisboa, na Avenida de Roma, a Assembleia Municipal de Lisboa, sob a presidência da sua Presidente efectiva, Excelentíssima Senhora Dra. Maria Simonetta Bianchi Aires de Carvalho Luz Afonso, coadjuvada pelo Excelentíssimo Senhor Nelson Pinto Antunes e pela Excelentíssima Senhora Dra. Deolinda Carvalho Machado, respectivamente Primeiro Secretário e Segunda Secretária. ----------------------------------------------------- ----- Assinaram a “Lista de Presenças”, para além dos mencionados, os seguintes Deputados Municipais: ---------------------------------------------------------------------------- ----- Adolfo Miguel Baptista Mesquita Nunes, Alberto Francisco Bento, Aline Gallasch Hall, Álvaro da Silva Amorim de Sousa Carneiro, Ana Bela Burt Magro Pires Marques, Ana Maria Gaspar Marques, André Nunes de Almeida Couto, António José do Amaral Ferreira de Lemos, António Manuel, António Manuel Dias Baptista, António Manuel de Freitas Arruda, António Manuel Pimenta Proa, António Modesto Fernandes Navarro, António Paulo Duarte de Almeida, António Paulo Quadrado Afonso, Armando Dias Estácio, Artur Miguel Claro da Fonseca Mora Coelho, Belarmino Ferreira Fernandes da Silva, Cláudia Alexandra de Sousa e Catarino Madeira, Diogo Feijó Leão Campos Rodrigues, Diogo Vasco Gonçalves Nunes de Bastos, Ermelinda Lopes da Rocha Brito, Fernando Manuel Moreno D’Eça Braamcamp, Fernando Manuel Pacheco Ribeiro Rosa, Fernando Pereira Duarte, Filipe António Osório de Almeida Pontes, Filipe Mário Lopes, Francisco Carlos de Jesus Vasconcelos Maia, Francisco David Carvalho da Silva Dias, Gonçalo Maria Pacheco da Câmara Pereira, Hugo Alberto Cordeiro Lobo, Hugo Filipe Xambre Bento Pereira, Idália Maria Jorge Poucochinho Morgado Aparício, Inês de Drummond Ludovice Mendes Gomes, Inês Lopes Cavalheiro Ponce Dentinho de Albuquerque D’Orey, João Álvaro Bau, João Cardoso Pereira Serra, João Diogo Santos Moura, João Manuel Costa de Magalhães Pereira, João Mário Amaral Mourato Grave, João Nuno de Vaissier Neves Ferro, João Paulo Mota da Costa Lopes, Joaquim Emanuel da Silva Guerra de Sousa, Joaquim Lopes Ramos, Joaquim Maria Fernandes Marques, John Law Rosas da Costa Jones Baker, Jorge Manuel da Rocha Ferreira, Jorge Telmo Cabral Saraiva Chaves de Matos, José Alberto Ferreira Franco, José António Nunes do Deserto Videira, José Filipe de Mendonça Athayde de Carvalhosa, José Joaquim Vieira Pires, José Manuel Rosa do Egipto, José Manuel Marques Casimiro, José Maria Bento de Sousa, José Maximiano de Albuquerque Almeida Leitão, José Roque Alexandre, Luís Filipe da Silva Monteiro, Luís Filipe Graça Gonçalves, Manuel Luís de Sousa Silva Medeiros, Maria Albertina de Carvalho Simões Ferreira, Maria do Céu Guerra Oliveira e Silva, Maria Clara Currito Gargalo Ferreira da Silva, Maria da Graça Resende Pinto Ferreira, Maria de Lurdes de Jesus Pinheiro, Maria Elisa Madureira de Carvalho, Maria Filomena Dias Moreira Lobo, Maria Irene dos Santos

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Page 1: SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE …1998-2013.am-lisboa.pt/fileadmin/ASSEMBLEIA_MUNICIPAL/AML/Ac… · Carvalho Luz Afonso, coadjuvada pelo Excelentíssimo Senhor

------------------------ ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA ----------------------- ----- SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA, INICIADA NO DIA 8 DE FEVEREIRO E CONTINUADA NO DIA 15 DE FEVEREIRO DE 2011. --------------------------------------------------------------------- ----------------------------- ACTA NÚMERO TRINTA E SETE --------------------------- ----- No dia 15 de Fevereiro de 2011, reuniu na sua Sede, sita no Fórum Lisboa, na Avenida de Roma, a Assembleia Municipal de Lisboa, sob a presidência da sua Presidente efectiva, Excelentíssima Senhora Dra. Maria Simonetta Bianchi Aires de Carvalho Luz Afonso, coadjuvada pelo Excelentíssimo Senhor Nelson Pinto Antunes e pela Excelentíssima Senhora Dra. Deolinda Carvalho Machado, respectivamente Primeiro Secretário e Segunda Secretária. ----------------------------------------------------- ----- Assinaram a “Lista de Presenças”, para além dos mencionados, os seguintes Deputados Municipais: ---------------------------------------------------------------------------- ----- Adolfo Miguel Baptista Mesquita Nunes, Alberto Francisco Bento, Aline Gallasch Hall, Álvaro da Silva Amorim de Sousa Carneiro, Ana Bela Burt Magro Pires Marques, Ana Maria Gaspar Marques, André Nunes de Almeida Couto, António José do Amaral Ferreira de Lemos, António Manuel, António Manuel Dias Baptista, António Manuel de Freitas Arruda, António Manuel Pimenta Proa, António Modesto Fernandes Navarro, António Paulo Duarte de Almeida, António Paulo Quadrado Afonso, Armando Dias Estácio, Artur Miguel Claro da Fonseca Mora Coelho, Belarmino Ferreira Fernandes da Silva, Cláudia Alexandra de Sousa e Catarino Madeira, Diogo Feijó Leão Campos Rodrigues, Diogo Vasco Gonçalves Nunes de Bastos, Ermelinda Lopes da Rocha Brito, Fernando Manuel Moreno D’Eça Braamcamp, Fernando Manuel Pacheco Ribeiro Rosa, Fernando Pereira Duarte, Filipe António Osório de Almeida Pontes, Filipe Mário Lopes, Francisco Carlos de Jesus Vasconcelos Maia, Francisco David Carvalho da Silva Dias, Gonçalo Maria Pacheco da Câmara Pereira, Hugo Alberto Cordeiro Lobo, Hugo Filipe Xambre Bento Pereira, Idália Maria Jorge Poucochinho Morgado Aparício, Inês de Drummond Ludovice Mendes Gomes, Inês Lopes Cavalheiro Ponce Dentinho de Albuquerque D’Orey, João Álvaro Bau, João Cardoso Pereira Serra, João Diogo Santos Moura, João Manuel Costa de Magalhães Pereira, João Mário Amaral Mourato Grave, João Nuno de Vaissier Neves Ferro, João Paulo Mota da Costa Lopes, Joaquim Emanuel da Silva Guerra de Sousa, Joaquim Lopes Ramos, Joaquim Maria Fernandes Marques, John Law Rosas da Costa Jones Baker, Jorge Manuel da Rocha Ferreira, Jorge Telmo Cabral Saraiva Chaves de Matos, José Alberto Ferreira Franco, José António Nunes do Deserto Videira, José Filipe de Mendonça Athayde de Carvalhosa, José Joaquim Vieira Pires, José Manuel Rosa do Egipto, José Manuel Marques Casimiro, José Maria Bento de Sousa, José Maximiano de Albuquerque Almeida Leitão, José Roque Alexandre, Luís Filipe da Silva Monteiro, Luís Filipe Graça Gonçalves, Manuel Luís de Sousa Silva Medeiros, Maria Albertina de Carvalho Simões Ferreira, Maria do Céu Guerra Oliveira e Silva, Maria Clara Currito Gargalo Ferreira da Silva, Maria da Graça Resende Pinto Ferreira, Maria de Lurdes de Jesus Pinheiro, Maria Elisa Madureira de Carvalho, Maria Filomena Dias Moreira Lobo, Maria Irene dos Santos

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Lopes, Maria Isabel Homem Leal de Faria, Maria João Bernardino Correia, Maria José Pinheiro Cruz, Maria Luísa Rodrigues das Neves Vicente Mendes, Maria Margarida Matos Mota, Maria Teresa Cruz de Almeida, Maria Virgínia Martins Laranjeiro Estorninho, Mariana Raquel Aguiar Mendes Teixeira, Miguel Alexandre Cardoso Oliveira Teixeira, Nuno Roque, Patrocínia da Conceição Alves Rodrigues do Vale César, Paulo Alexandre da Silva Quaresma, Paulo Miguel Correia Ferrero Marques dos Santos, Pedro Miguel de Sousa Barrocas Martinho Cegonho, Pedro Miguel de Sousa Barrocas Martinho Cegonho, Pedro Miguel Ribeiro Duarte dos Reis, Rita da Conceição Carraça Magrinho, Rita Susana da silva Guimarães Neves e Sá, Rodrigo Nuno Elias Gonçalves da Silva, Rogério da Silva e Sousa, Rui Jorge Gama Cordeiro, Rui Manuel Pessanha da Silva, Salvador Posser de Andrade, Valdemar António Fernandes de Abreu Salgado, Vasco André Lopes Alves Veiga Morgado, Vítor Manuel Alves Agostinho, Rosa Maria Carvalho da Silva, António Manuel dos Prazeres Costa, Sara Luísa Sousa Santos, Paulo Moreira, Carla Almeida, Rui Paulo da Silva Soeiro Figueiredo, Nuno Vasco Cruz de Almeida Franco, Maria Helena Sobral de Sousa Ribeiro, João Capelo, Ricardo Amaral Robles e Guilherme Diaz Bérrio. ----- ----- Pediram suspensão do mandato, que foi apreciada e aceite pelo Plenário da Assembleia Municipal nos termos da Lei 169/99, de 18 de Setembro, com a redacção dada pela Lei 5-A/2002, de 11 de Janeiro, os seguintes Deputados Municipais:---------- ----- Manuel Falcão (PPD/PSD), por um (1) dia, tendo sido substituído pela Deputada Municipal Rosa Maria Carvalho da Silva. ------------------------------------------------------ ----- António Torres (PPD/PSD), por um (1) dia, tendo sido substituído pela Deputada Municipal Sara Luíza Sousa Santos. ------------------------------------------------------------ ----- Pedro Tenreiro Biscaia (PS), por um (1) dia, tendo sido substituída pela Deputada Municipal Maria Helena Sobral de Sousa Ribeiro. ------------------------------------------- ----- Maria Cândida Rio de Freitas Cavaleiro Madeira (PS), por um (1) dia, tendo sido substituída pelo Deputado Municipal Nuno Franco. ------------------------------------------ ----- Ismael do Nascimento Fonseca (PS), por um (1) dia, tendo sido substituído pelo Deputado Municipal Rui Paulo Figueiredo. ---------------------------------------------------- ----- Gonçalo Matos Correia Castro de Almeida Velho (PS), por quarenta e cinco (45) dias, tendo sido substituído pela Deputada Municipal Maria Margarida Matos Mota.--- ----- Renata Andreia Lajas, Paula Santos, António Maria Henrique, Carla Almeida, Glória Teixeira e José Dias Ferreira, Deputados Municipais suplentes do PS, pediram a suspensão do mandato por um (1) dia, fazendo-se substituir de acordo com o disposto no art.º 10º do Regimento da AML. -------------------------------------------------- ----- Rita Silva (BE), por oito (8) dias, tendo sido substituída pelo Deputado Municipal Ricardo Amaral Robles. ------------------------------------------------------------- ----- Joana Mortágua (BE), por quinze (15) dias. ---------------------------------------------- ----- Mónica Frechaut (BE), por noventa (90) dias. ------------------------------------------- ----- Jorge Nascimento Fernandes (BE), por quinze (15) dias. ------------------------------ ----- Foi justificada a falta e admitida a substituição dos seguintes Deputados Municipais, Presidentes de Junta de Freguesia: -----------------------------------------------

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----- João Augusto Martins Taveira (PPD/PSD), Presidente da Junta de Freguesia de São Jorge de Arroios, por António Manuel dos Prazeres Costa. ---------------------------- ----- Ana Bravo de Campos, (PSD), Presidente da Junta de Freguesia de S. Mamede, por Paulo Manuel Bernardes Moreira. ---------------------------------------------------------- ----- Maria Idalina Flora (PPD/PSD), Presidente da Junta de Freguesia de Nossa Senhora de Fátima, por Guilherme Diaz Bérrio. ---------------------------------------------- ----- Alexandra Figueira (PS), Presidente da Junta de Freguesia da Encarnação, por Carla Almeida. -------------------------------------------------------------------------------------- ----- Carlos Lima (PCP), Presidente da Junta de Freguesia do Castelo, por João Capelo. ----------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Às 15 horas e 25 minutos, constatada a existência de quorum, a Senhora Presidente declarou aberta a reunião, segunda da Sessão Extraordinária iniciada no passado dia 8 de Fevereiro, que tinha para apreciação e votação os seguintes pontos:--- -------------------------- CONTINUAÇÃO DA ORDEM DO DIA ------------------------- ----- Ponto 1 – Proposta n.º 15/2011;----------------------------------------------------------- ----- Ponto 2 – Proposta n.º 553/2010; --------------------------------------------------------- ----- Ponto 3 – Proposta n.º 609/2010; --------------------------------------------------------- ----- Ponto 4 – Proposta n.º 616/2010. --------------------------------------------------------- ----- A Senhora Presidente informou que a presente Sessão seria dedicada à Proposta n.º 15/2011. ------------------------------------------------------------------------------------------ ----- PONTO 1 – PROPOSTA N.º 15/2011 - APROVAR UMA PROPOSTA PARA DISCUSSÃO PÚBLICA RELATIVA À REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA, NOS TERMOS DA PROPOSTA, A O ABRIGO DO DISPOSTO NA ALÍNEA R) DO Nº 1 DO ART.º 53.º DA LEI N.º 169/99, DE 18 DE SETEMBRO, COM A REDACÇÃO DADA PELA LEI N.º 5-A/2002, DE 11 DE JANEIRO. ------------------------------------------------------------------ ------------------------------------PROPOSTA N.º 15/2011 ------------------------------------- ----- “A reforma da organização administrativa da cidade é essencial para que Lisboa seja cada vez mais uma cidade para os cidadãos, com olhos postos no futuro.------------ ----- Assim, e com vista a possibilitar um amplo debate relativamente ao modelo de organização administrativa da cidade, temos a honra de propor que a Câmara Municipal de Lisboa delibere aprovar e submeter à Assembleia Municipal uma proposta para discussão pública relativa à Reforma Administrativa de Lisboa, nos termos constantes dos documentos em anexo.-------------------------------------------------- Paços do Concelho de Lisboa, 20 de Janeiro de 2011 ---------------------------------------- ----- Pelos eleitos pelo PS: O Presidente -------------------------------------------------------- ----- Vereador Victor Gonçalves PPD/PSD ---------------------------------------------------- ----- Vereadores Independentes (Cidadãos Por Lisboa) -------------------------------------- ----- Vereador José Sá Fernandes.” -------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Presidente da Câmara, no uso da palavra para apresentação da proposta, começou por referir que era para si uma grande honra apresentar nesse dia àquela Assembleia Municipal aquela proposta, aprovada recentemente na Câmara. ----

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----- A cidade de Lisboa necessitava daquela reforma. Ao município faltavam várias competências essenciais à gestão da Cidade; competências na área do policiamento de trânsito e competências na área do planeamento da rede de transportes públicos mas, simultaneamente, o município tinha um conjunto de competências que, com vantagem, podiam e deviam ser exercidas com maior proximidade pelas Juntas de Freguesia. -------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Lisboa precisava, para isso, de um duplo processo de descentralização do Estado para o município, mas também do município para as freguesias. Hoje, com a proposta que ali apresentavam, criavam condições para viabilizar um ambicioso programa de descentralização do município para as freguesias, um programa que assentava em três pilares fundamentais. ------------------------------------------------------------------------------ ----- O primeiro pilar referia-se ao reforço das competências próprias das freguesias na gestão e manutenção do espaço público e na gestão de equipamentos escolares, sociais, culturais ou desportivos de proximidade, competências no âmbito da intervenção comunitária e competências no âmbito da política de habitação. Sem prejuízo de futuras competências que viessem a ser delegadas pelo município nas freguesias, ao município ficariam, no fundo, reservadas funções de planeamento e de regulamentação, de definição de políticas, de gestão urbanística e de prestação de serviços que exigiam uma gestão integrada, como os cemitérios ou a recolha de resíduos sólidos urbanos e ainda a gestão de espaços, vias ou equipamentos que fossem estruturantes para o conjunto da Cidade. ---------------------------------------------- ----- O segundo pilar, a par da transferência de competências, era a transferência para as freguesias dos meios humanos, técnicos e financeiros necessários para assegurar aquelas novas competências. Aquela transferência fazia-se por partilha de recursos e não por acréscimo de recursos e por isso gostaria de enfatizar duas notas. Em primeiro lugar, aquele aumento dos meios para as Juntas de Freguesia era suportado essencialmente pelo município e pelo seu orçamento, e não por encargo do Orçamento de Estado. Sem prejuízo, naturalmente, da majoração prevista na lei das finanças locais para o FEF das freguesias que se viessem a fundir. ----------------------------------- ----- Por outro lado, aquela transferência apostava numa gestão com maior eficiência dos meios existentes, não podendo dali resultar nem um aumento da despesa, nem um aumento de funcionários afectos a essas actividades que, actualmente, eram competências próprias do município e que passariam a ser competências próprias das freguesias. ------------------------------------------------------------------------------------------- ----- O terceiro pilar tinha a ver com mais competências, mais meios, mas também com dotar-se as freguesias de uma dimensão com escala, com capacidade para exercerem eficientemente aquelas novas competências. ------------------------------------- ----- Aquele era, naturalmente, um grande desafio. Procurar conjugar-se história e identidade com a evolução que a Cidade vivera nos últimos 50 anos e com as exigências que se apresentariam no futuro. ---------------------------------------------------- ----- A proposta que apresentavam era simultaneamente ambiciosa e equilibrada, ao procurar conjugar a identidade e a necessidade, a História e as exigências do futuro. A proposta fazia com que se evoluísse de uma organização administrativa assente em 53

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Freguesias, para 24 Freguesias, diminuindo as assimetrias populacionais, mas conservando a ideia de freguesia como um território reconhecível, como uma comunidade de cidadãos e no respeito pela identidade dos diferentes bairros que compunham a cidade de Lisboa. Aquela proposta era uma proposta do conceito de Lisboa e para o conceito de Lisboa, previa, por isso, que se limitasse a si própria nas fronteiras do concelho de Lisboa, e por isso e só por isso, não desenhava freguesias ou novas freguesias (como no caso da Freguesia do Oriente) com espaços territoriais que excedessem os limites do Concelho. ------------------------------------------------------------ ----- Este processo não começara nesse dia, nem acabara nesse dia. Tinha tido por base uma reflexão profunda, de anos, no âmbito daquela Assembleia Municipal. Em 1982, quando pela primeira vez fora eleito deputado àquela Assembleia Municipal, já então ali existia uma comissão, então eventual, para a reforma administrativa da Cidade. Os anos haviam decorrido e aquela comissão, de eventual transformara-se em comissão permanente, mas o debate e a reflexão haviam sido continuados ao longo do tempo naquela Assembleia Municipal. --------------------------------------------------------- ----- Mais recentemente, em 2008, a Câmara encomendara um estudo a duas instituições universitárias de referência na Cidade, o Instituto Superior de Economia e Gestão e o Instituto de Ciências Sociais que haviam feito um estudo aprofundado sobre o modelo de governação da cidade de Lisboa. Esse estudo era conhecido daquela Assembleia, que em torno do qual já organizara, aliás, um importante seminário para o seu debate público, em Novembro passado, no Teatro Aberto., e era um estudo que reflectia sobre o modelo de gestão da Cidade, nas suas dimensões regional, metropolitana, municipal e infra-municipal. ---------------------------------------- ----- Esse estudo apresentara diferentes cenários para uma reforma da divisão administrativa da Cidade de Lisboa. Um primeiro cenário, conservador, mantendo o actual número de 53 freguesias. Um modelo de ruptura com o modelo actual, assente na criação de nove freguesias, e um modelo intermédio, que então tinha proposto 27 freguesias que deveriam suportar um novo conjunto de competências próprias das freguesias da cidade de Lisboa. Fora este estudo, entre outros, que servira de base de trabalho ao debate público que se tinha vindo a desenvolver nos últimos meses na Cidade, e as negociações diversas que as diferentes forças políticas haviam mantido para procurar uma solução que fosse uma solução tão consensual quanto possível e que correspondesse à maior maioria possível no âmbito dos órgãos municipais. Esse trabalho não acabava nesse dia, e fora por isso que a Câmara Municipal entendera submeter àquela Assembleia Municipal aquela proposta, para debate público. ---------- ----- Era fundamental um amplo acordo partidário em torno daquela reforma, mas aquela reforma carecia de mais do que um acordo partidário, ela merecia ser conhecida da Cidade, precisava ser debatida pela Cidade, precisava ser submetida ao juízo crítico da Cidade, precisava ser melhorada com os contributos da Cidade, de forma a que pudesse ser uma reforma mobilizadora do conjunto da Cidade por um novo modelo organizativo para o Séc. XXI. Era nesse sentido que entendiam que aquela proposta devia ser apreciada pela Assembleia e pela Assembleia devia ser colocada em debate público. ----------------------------------------------------------------------

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----- Após aquele debate público, devia a proposta regressar à Câmara e à Assembleia Municipal para que pudessem avaliar as sugestões, as críticas, as propostas, os comentários, para que a pudessem melhorar em todas as dimensões; ao nível das competências, ao nível da partilha de recursos e ao nível da divisão administrativa proposta. Acreditava que era importante consolidar o modelo e, em torno desse modelo, construir-se o acerto final que resolvesse os inúmeros problemas que certamente aquela proposta ainda tinha, os quais mereciam, com um debate público, poder ser resolvidos. Se assim o fizessem, estariam em condições de poder apresentar à Assembleia da República uma proposta de projecto-lei, que um conjunto de deputados saberia assumir, estava certo disso, para se iniciar então o processo legislativo próprio ao nível parlamentar, e de modo a que nas próximas eleições autárquicas já pudesse haver a eleição das novas freguesias com base naquela reforma, e que no dia 1 de Janeiro de 2014, primeiro dia do primeiro ano do novo mandato, se pudesse dar início ao exercício das funções, das novas competências e das novas freguesias. ------------------------------------------------------------------------------ ----- Havia um trabalho longo a fazer até lá. Primeiro de debate e depois de concretização daquela reforma. Aquela era uma reforma que só podia ser concretizada com o empenho e a participação activa dos actuais Presidentes de Juntas de Freguesia., porque só eles podiam constituir a comissão instaladora das novas freguesias e realizarem os inúmeros trabalhos que a execução daquela reforma exigia, para que tudo estivesse pronto e em condições para que o próximo mandato se pudesse iniciar nas melhores condições. -------------------------------------------------------- ----- Não queria terminar, sem deixar de saudar todos aqueles que haviam contribuído para que aquela proposta fosse possível. Desde logo, todos aqueles que na Assembleia Municipal, ao longo das décadas, haviam reflectido e tinham mantido em aberto aquele debate sobre a reforma administrativa da Cidade. Queria saudar também as equipas do ISEG e do ICS que tinham dado um contributo importante para que aquela reflexão tivesse actualmente uma base de trabalho, para ter chegado ao ponto onde haviam chegado. Queria saudar, naturalmente, ao nível da vereação, todos aqueles que haviam trabalhado muito afincadamente para que a proposta fosse possível, e era de justiça referir em particular, os Srs. Vereadores Graça Fonseca e Vítor Gonçalves, como também as delegações partidárias que haviam permitido que aquela proposta se fosse construindo com um consenso cada vez mais alargado. ------------------------------- ----- Continuou, dirigindo-se à Sra. Presidente, e dizendo que com aquela proposta queriam dar um passo importante para concretizar uma das dimensões do duplo processo de descentralização, sem esquecer a outra dimensão, que era a dimensão da descentralização das competências de Estado para o Município. Com aquela proposta dariam um passo importante, para instalar na Cidade de Lisboa, um sistema de governo mais eficiente, mais próximo e mais participado. ---------------------------------- ----- A Senhora Presidente referiu que a Proposta n.º 15/2011 fora distribuída para Parecer à Comissão da Reforma Administrativa, à Comissão das Finanças, à Comissão do Urbanismo e à Comissão do PDM. ----------------------------------------------

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----- A Senhora Deputada Municipal Maria Irene Lopes (PS), na qualidade de Presidente da Comissão Permanente da Reforma Administrativa da Cidade, apresentou o Parecer, que a seguir se transcreve. --------------------------------------------- ------------------------------------------ PARECER ---------------------------------------------- ----- “A Câmara Municipal de Lisboa, na sua reunião de 26 de Janeiro 2011, aprovou, por larga maioria, a Proposta nº 15/2011, relativa à Reforma Administrativa de Lisboa e a sua submissão à Assembleia Municipal, para aprovação e promoção de discussão pública. ---------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Submetida a referida Proposta à Assembleia Municipal, decidiu a Senhora Presidente que a mesma fosse analisada e sujeita a Parecer nesta Comissão. ------------- ----- A Comissão Permanente para a Reforma Administrativa da Cidade regozija-se por, finalmente, após cerca de 30 anos de criação da 1ª. Comissão Eventual para a Divisão Administrativa da Cidade, ter sido possível chegar a uma proposta sobre esta temática. --------------------------------------------------------------------------------------------- ----- A Proposta nº. 15/2011 prevê um processo de descentralização nas Freguesias, com o alargamento efectivo das competências próprias das Juntas, com a consequente atribuição de meios financeiros, técnicos e humanos, sem agravamento dos meios e despesa global, visto estes reforços resultarem da partilha de recursos entre o Município e as Freguesias. ------------------------------------------------------------------------ ----- A Proposta define um novo mapa das Freguesias de Lisboa, que considera ter em conta não só a necessidade de escala na dimensão territorial, para o desenvolvimento das novas competências, mas também a dimensão histórica e identitária das Freguesias. ------------------------------------------------------------------------------------------ ----- Por último, solicita-se, na Proposta, à Assembleia Municipal, a abertura de um período de discussão pública. -------------------------------------------------------------------- ----- A Comissão Permanente para a Reforma Administrativa da Cidade considera que a Proposta está em condições de ser discutida pelo Plenário, reservando os diferentes grupos parlamentares, para o debate no mesmo, a definição do seu sentido de voto. ---- ----- A Comissão Permanente para a Reforma Administrativa da Cidade manifesta o seu empenho para que, caso a Proposta nº. 15/2011 seja aprovada pela Assembleia, a subsequente Discussão Pública seja o mais alargada e profunda possível, disponibilizando-se para todo o trabalho necessário para tal. ------------------------------- ----- Este Parecer foi aprovado por maioria, com votos desfavoráveis dos elementos do PCP e do BE que, no entanto, são totalmente favoráveis à discussão pública da Proposta. --------------------------------------------------------------------------------------------- ----- O Deputado Municipal Joaquim Fernandes Marques, Presidente da Junta de Freguesia de S. João de Brito, embora aprovando este parecer, apresentou uma declaração de voto, a título individual, por não concordar com o conteúdo da Proposta nº. 15/2011.” ---------------------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal António Duarte Almeida (PSD), na qualidade de Presidente da Comissão Permanente de Urbanismo e de Acompanhamento da Gestão na Intervenção da Zona Ribeirinha e Baixa de Lisboa, apresentou o Parecer que a seguir se transcreve. -----------------------------------------------------------------------

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------------------------------------------ PARECER ---------------------------------------------- ----- “A Comissão Permanente de Urbanismo e de Acompanhamento da Gestão da Intervenção na Zona Ribeirinha e Baixa de Lisboa reuniu em 7 de Fevereiro de 2011 para apreciar a Proposta nº 15/2011, apresentada pela Câmara Municipal - submissão a discussão pública de uma proposta relativa à Reforma Administrativa de Lisboa. ---- ----- Tal proposta foi objecto de debate, tendo a comissão considerado que o seu conteúdo devia ser assumido como ponto de partida para um amplo debate público, dinamizado pela Assembleia Municipal e envolvendo toda a população, sobre as alternativas de reforma administrativa da cidade. --------------------------------------------- ----- A Comissão Permanente de Urbanismo e de Acompanhamento da Gestão da Intervenção na Zona Ribeirinha e Baixa de Lisboa não deixará de ponderar os resultados do debate público, reservando para esse momento uma pronúncia sobre as opções de organização administrativa dos poderes municipais.” --------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Rui Pessanha da Silva (PSD), na qualidade de Presidente da Comissão Permanente de Administração, Finanças, Património, Desenvolvimento Económico e Turismo, começou por chamar a atenção de que a Declaração de Voto do Deputado Municipal Joaquim Fernandes Marques, teria ficado anexa ao Parecer da Comissão Permanente para a Reforma Administrativa da Cidade, a fim de se juntar à Acta. Seguidamente, apresentou o Parecer que a seguir se transcreve. ------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------------------ PARECER ---------------------------------------------- ----- “A Comissão Permanente de Administração, Finanças, Património, Desenvolvimento Económico e Turismo, reunida em 14 de Fevereiro de 2011, deliberou elaborar o seguinte parecer relativo à Proposta n.º 15/2011: -------------------- ----- - A Câmara Municipal de Lisboa aprovou na sua reunião de 26 de Janeiro de 2011 a Proposta relativa à Reforma Administrativa de Lisboa, submetendo-a à Assembleia Municipal de Lisboa para votação e promoção de discussão pública; ------- ----- - A Proposta da Reforma Administrativa de Lisboa prevê a diminuição do número de freguesias, com maior descentralização, nomeadamente com alargamento de competências próprias e atribuição de meios para a sua efectiva actividade; --------- ----- - A Comissão Permanente de Administração, Finanças, Património, Desenvolvimento Económico e Turismo acompanhará a discussão pública – caso a Proposta seja aprovada – e contribuirá para essa mesma discussão pública, disponibilizando-se para esse efeito; ------------------------------------------------------------ ----- - A Comissão entende que a Proposta promoverá o debate público, envolvendo a população de Lisboa, e recomenda à Assembleia e Câmara Municipal de Lisboa que dinamizem essa mesma discussão pública; ----------------------------------------------------- ----- - Neste contexto, a Comissão entende que a Proposta está em condições de ser discutida e votada em Plenário; ------------------------------------------------------------------ ----- - Por fim, a Comissão terá em conta os resultados da discussão pública, para posteriormente se pronunciar sobre a mesma. ------------------------------------------------- ----- O presente parecer foi aprovado por maioria, com o voto contra do CDS/PP e a abstenção do PCP, estando ausente o BE e o Deputado Independente José Franco.” ---

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----- O Senhor Deputado Municipal João Serra (PSD), na qualidade de Presidente da Comissão Permanente para o Planeamento Estratégico e Acompanhamento do PDM, informou que a 5.ª Comissão Permanente para o Planeamento Estratégico e Acompanhamento do PDM deliberara, em reunião realizada na semana transacta, não emitir Parecer sobre a Proposta n.º 15/2011, por entender que a matéria objecto da mesma não era enquadrável nas suas competências. ------------------------------------------ ----- A deliberação em causa fora tomada por maioria, com os votos favoráveis do PSD, PS, CDS-PP e MPT, tendo votado contra o PCP, o PPM e o Deputado Independente Filipe Lopes, e estando ausentes o BE e o PEV. ----------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal António Prôa (PSD), no uso da palavra, disse que aquele era um dia que podia marcar a história da cidade de Lisboa. Era um dia em que os autarcas de Lisboa tinham a coragem e a responsabilidade de enfrentar um desafio enorme, o de proceder às mais importantes alterações à organização político-administrativa da Cidade em mais de um século. As modificações propostas constituíam uma mudança determinante na forma como as freguesias e os respectivos autarcas actuavam na Cidade, aumentando a sua eficácia e a sua eficiência na resolução dos problemas dos cidadãos. --------------------------------------------------------- ----- A reforma que propunham para Lisboa, através da Proposta 15/2011, tinha como principal preocupação as pessoas. Eram elas que importavam e deveria ser essa a preocupação central dos políticos. Apreciavam nesse dia uma proposta que visava modernizar as freguesias, tornando-as mais úteis aos cidadãos, salvaguardando a proximidade, respeitando a identidade e a história, aprofundando competências. Haviam passado 50 anos, em rigor 52, desde a última reforma administrativa de Lisboa. Então, as mudanças eram justificadas pelas alterações demográficas e pelo desenvolvimento urbano. Mas antes dessa, várias outras alterações em função do desenvolvimento da Cidade haviam sido concretizadas em Lisboa, formando ou extinguindo freguesias ou alterando sistematicamente os seus limites. -------------------- ----- Todas as freguesias de Lisboa tinham sido sujeitas a sucessivas alterações ao longo da sua história. Havia 50 anos, freguesias cuja população decrescia haviam sido integradas noutras, e em zonas da Cidade onde tinham lugar expansão urbana haviam sido criadas novas freguesias. Passados 50 anos o cenário repetia-se. Em Lisboa muitas freguesias tinham perdido população em número muito significativo, e várias áreas haviam sido alvo de desenvolvimento urbanístico assinalável. ---------------------- ----- O PSD assumia sem complexos, restrições ou condicionalismos, o seu papel de maior Partido da oposição em Lisboa. Aceitavam aquela tarefa com responsabilidade e com firmeza. Aquela condição de principal Partido da oposição e Partido que se assumia como a alternativa ao PS no Governo da Cidade, implicava particular responsabilidade e isso significava pensar a Cidade, sentir os cidadãos, honrar a sua história, preservar o seu património e olhar o futuro sem amarras imobilistas. Com humildade, mas com orgulho tinham consciência que a aposição do PSD naquela Assembleia era determinante para o futuro e progresso da Cidade. ------------------------ ----- Naquele processo de reforma administrativa da Cidade, o PSD podia ter assumido a posição de táctica fácil - uma iniciativa daquelas, no mandato do Dr.

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António Costa, era para chumbar. Não importava se era boa ou má para a Cidade, pouco importava se era positiva para os Lisboetas, se era uma proposta no mandato do Dr. António Costa, não podia passar. Mas esse estilo de oposição fácil, simplista e destrutiva não era a forma de estar do PSD e isso mesmo vinha sendo demonstrado naquela Assembleia. Para o PSD primeiro estavam as pessoas, primeiro estavam os Lisboetas. Decidiam a sua posição em função da Cidade e dos Lisboetas e nunca em função do autor das propostas ou das conveniências partidárias de cada momento. ----- ----- O PSD inscrevera a reforma administrativa na sua candidatura aos órgãos autárquicos de Lisboa em 2009, como um dos seus compromissos. Haviam assumido a necessidade de alterar a divisão administrativa da Cidade. O PSD considerava que o actual modelo de governação da Cidade tinha de ser modernizado, adequado a novas exigências da população, ao desenvolvimento da Cidade e a novas ambições. As freguesias de Lisboa tinham actualmente características que as tornavam insustentáveis se queriam potenciar o papel que deviam desempenhar na Cidade. Realidades tão distintas como, por exemplo, a Freguesia dos Mártires, com cerca de 380 eleitores e a Freguesia de Santa Maria dos Olivais com cerca de 45.000 eleitores, ocupando uma área superior a 1.000 hectares, que contrasta com a Freguesia do Castelo, com cerca de 5 hectares de área ou novamente a Freguesia dos Mártires com um orçamento anual da ordem dos 100.000 euros e Santa Maria dos Olivais com uma verba disponível da ordem dos 4.5 milhões de euros anuais, e muitos outros exemplos de disparidade podiam ser dados. Não podiam ser tratadas do mesmo modo, sob pena de se exigir aquilo que umas não podiam dar ou não permitir que outras desenvolvessem tudo aquilo que podiam concretizar com a sua capacidade. Esta situação de completa disparidade entre freguesias prejudicava Lisboa. Era possível, diria até que era imprescindível haver freguesias mais capazes para fazer face aos problemas das respectivas populações e de enfrentar de forma eficaz os problemas que quotidianamente se colocavam na sua acção. Aquele cenário era também injusto para os autarcas, que eram confrontados todos os dias com enormes exigências e que muitas vezes se sentiam impotentes para as resolver, o que levava também à inevitável e indissociável questão das competências das juntas de freguesia. Quadro esse que no entender do PSD tinha de ser profundamente corrigido. ---------------------- ----- Na verdade, no actual quadro de competências próprias das juntas de freguesia, apenas a delegação de competências da Câmara Municipal permitia às juntas desenvolver actividade com importância verdadeiramente sentida pelos respectivos fregueses, de outro modo, as escassas competências próprias definidas por lei tornavam as juntas de freguesia uma entidade com parca margem de manobra. Ora, esta dependência quase total da Câmara Municipal, por parte das juntas de freguesia, era de todo inconveniente pois não promovia uma política de estabilidade na sua acção, e contrariava o princípio da autonomia dos órgãos das autarquias locais. Perante aquele cenário e colocado o desafio de se empreender uma mudança, o PSD, ciente de que seria determinante para a sua concretização, assumira como sempre assumia o risco de aceitar ser parte da solução, consciente de que poderia ser visto como cúmplice do PS. Mas o PSD assumira e afirmava que naquele processo, como

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sempre, queria ser, sim, cúmplice de Lisboa e conivente com o interesse dos Lisboetas. -------------------------------------------------------------------------------------------- ----- O PSD acreditava no papel que as freguesias podiam desempenhar na resolução dos problemas concretos das populações. O PSD, partido com forte implantação autárquica, confiava plenamente e sem hesitações nos autarcas das freguesias e no seu incansável trabalho, postura essa que vinha merecendo a confiança dos portugueses e dos lisboetas, confiança essa reflectida de forma inequívoca no facto do PSD ser o partido que detinha em Lisboa a maioria das presidências das juntas de freguesia. ------ ----- Consciente das suas responsabilidades, o PSD aceitara analisar a proposta para a reforma administrativa da Cidade, baseada no estudo do Prof. Augusto Mateus e do Prof. João Seixas e das equipas que com eles haviam trabalhado e que lhes mereciam toda a consideração. Empenhado naquele processo, o PSD assumira frontalmente a sua divergência em relação às opções propostas e colocara com clareza três condições para proceder às reformas necessárias. ---------------------------------------------------------- ----- Em primeiro lugar, a defesa do desenvolvimento de políticas de proximidade pelas Juntas de Freguesia; esta condição manifestava-se pela necessidade de salvaguardar a existência de freguesias com dimensão e população adequadas ao exercício de uma governação de proximidade. Por outro lado, o respeito pela identidade das freguesias; esta obrigação significava que as fronteiras das actuais freguesias deviam ser respeitadas procedendo-se preferencialmente a fusões integrais e não parciais das freguesias. Por fim, e de grande relevância, a terceira questão prendia-se com a promoção do princípio da subsidiariedade, segundo o qual as decisões deviam ser tomadas tão perto quanto possível dos cidadãos. Esta exigência traduzia-se no necessário e inadiável aprofundamento e alargamento das competências próprias das Juntas de Freguesia, substituindo, nuns casos as actuais competências delegadas, e noutros casos adquirindo-se novas competências a serem definitivamente transferidas da Câmara para as juntas de freguesia. ------------------------------------------- ----- Perante a aceitação das condições apresentadas pelo PSD, fora possível chegar-se a uma solução global para a reforma político-administrativa das freguesias de Lisboa que obtivera o acordo com o PS. A proposta apresentada aumentava muito significativamente as competências próprias das juntas de freguesia, diminuindo o grau de dependência das competências delegadas da Câmara Municipal. Novas competências ficavam estabelecidas em áreas tão importantes como a gestão, manutenção e fiscalização do espaço público, gestão e manutenção de equipamentos colectivos com intervenção social ou ainda na área da habitação. Garantia recursos financeiros adequados ao exercício das novas responsabilidades e previa um mecanismo de transferência de pessoal da Câmara para as juntas de freguesia em função, naturalmente, de mútuo acordo. Definia uma nova divisão das freguesias de Lisboa, salvaguardando a identidade das que eram objecto de fusão, criando novas freguesias com dimensão, população e afinidade compatíveis com o exercício de mais responsabilidades. Esta era a proposta que garantia sucesso na concretização da reforma político-administrativa considerada importante para o futuro da Cidade, pois

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obtivera o acordo entre os dois Partidos que, na Assembleia da República, eram determinantes para a sua viabilização. ---------------------------------------------------------- ----- Como todas as propostas que resultassem de um consenso, não reflectia a visão de cada parte, mas o acordo entre as partes. Esta não era, contudo, uma proposta definitiva ou fechada, não era uma proposta que excluía ou ignorava, mas a deliberação que fosse nesse dia tomada na Assembleia Municipal tinha um significado político. A Assembleia Municipal, na opinião do PSD, não devia simplesmente promover o debate público, devia dar um sinal claro sobre um caminho que fora trabalhado, aprofundado e debatido. Aquela Assembleia não podia, hipocritamente, ignorar um consenso conseguido, devia transmitir esse compromisso para a discussão pública e depois cada pessoa, cada partido e cada organização podiam e deviam defender as suas posições. ------------------------------------------------------------------------ ----- Seguia-se, portanto, estavam certos, um desejável e produtivo período de discussão pública, um período que tivera início com um debate público promovido por aquela Assembleia no Teatro Aberto, no dia 9 de Novembro, havia três meses. Cabia agora aos cidadãos e aos partidos pronunciarem-se, e o PSD apelava a que os lisboetas participassem activamente naquele processo que se queria abrangente e inclusivo. Durante aquele período, os Lisboetas podiam e deviam analisar, colocar dúvidas e apresentar sugestões para melhorar a proposta. Estavam convictos que os Lisboetas saberiam responder àquele desafio de forma dedicada. Após esse período de discussão pública, todos os contributos seriam por parte, pelo menos do PSD, considerados para a análise e eventual melhoria da proposta. Seguidamente, seria remetida para a Assembleia da República uma proposta final, que seria finalmente apresentada pelos partidos que entendessem subscrever. Estaria daquela forma cumprido o papel dos autarcas com responsabilidades em Lisboa. ------------------------- ----- Continuou, dizendo que lhe cabia fazer nesse momento algumas referências que o PSD ali devia deixar. Em relação à futura freguesia do Parque das Nações, o PSD mantinha a sua posição. Não tinham mudado de posição, tinham mantido a sua posição. Defendiam que a Freguesia devia manter todo o território do Parque das Nações, mas tinham consciência que essa proposta, naquele momento, podia inviabilizar o processo pelo envolvimento que implicaria por parte de outros municípios. Por isso, haviam optado deliberadamente por uma solução que, não satisfazendo totalmente as justas aspirações da população daquela área, significava ainda assim um avanço muito significativo, que tornaria a prazo inadiável a próxima inclusão do território que ficaria fora desse novo limite. ------------------------------------- ----- Permitissem-lhe ainda fazer uma referência à atitude construtiva do Sr. Presidente da Câmara e à Sr.ª Vereadora Graça Fonseca nesse processo. Uma palavra de apreço pelo desempenho do vereador Vítor Gonçalves que, em conjunto com ele próprio, acompanhara aquele processo, e que dali saudava, desejando uma rápida recuperação. Acrescentou também uma palavra de reconhecimento pelo envolvimento, pelo empenho e pelo compromisso político do Presidente da Distrital de Lisboa do PSD, que haviam tornado possível conduzir todo aquele processo. Finalmente, uma referência aos presidentes de junta de freguesia de Lisboa, que

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podiam e tinham argumentos para recusar alterações à divisão administrativa da Cidade, com base no compromisso que cada um assumira com os seus fregueses, muitos deles há vários mandatos, mas que tinham optado, e bem, pelo interesse comum, mas estava certo, também pelo interesse das próprias populações. O seu muito obrigado por essa atitude que confirmava a mais valia e o exemplo que representavam. -------------------------------------------------------------------------------------- ----- Aquele era um processo exemplar na participação, um processo que tivera o seu início de discussão pública em Novembro e que voltaria a ser discutido durante o mês de Fevereiro. Mas era também um processo exemplar pela maturidade democrática que revelava o entendimento entre dois partidos que eram adversários políticos e que competiam na conquista e exercício do poder. Aquela era a confirmação que as tão necessárias reformas estruturais em Lisboa eram possíveis e desejáveis, com entendimentos políticos alargados. Mas aquele era também um processo exemplar para outras reformas, para as reformas estruturais de que o país carecia e para as quais a actual situação de crise aguda podia ser uma oportunidade. Se em Lisboa fora possível chegar-se a um entendimento sobre reformas político-administrativas, porque não estender esse espírito reformista ao âmbito nacional? Lisboa, enquanto capital do país, tinha de ter a ambição de ser um motor de mudança do nosso país. Portugal carecia de alterações no sistema eleitoral, quer para as autarquias, quer para a Assembleia da República, bem como no modelo de organização administrativa do país. O modelo de Lisboa podia e devia ser catalisador de mudanças. Se em Lisboa o PSD e o PS se haviam entendido para mudanças estruturais, e sendo certo que o PSD preconizava mudanças no plano nacional, faltava o PS seguir o exemplo de Lisboa. ---- ----- Regressando a Lisboa, e agora que o processo da reforma político-administrativa das freguesias estava em fase de conclusão no que respeitava à intervenção dos órgãos autárquicos de Lisboa, deviam concentrar a sua atenção nos outros problemas da Cidade, naqueles que só dependiam do Sr. Presidente e dos autarcas de Lisboa - e dirigindo-se ao Sr. Presidente da Câmara, continuou, referindo que agora que se concluíra a reestruturação orgânica da Câmara Municipal e encaminhado que estava o processo da reforma político-administrativa das freguesias, continuava a faltar a prometida e sistematicamente adiada, reforma do universo empresarial da Câmara Municipal de Lisboa. Cinco empresas municipais, actualmente quatro, e por vontade da Câmara, em breve cinco empresas participadas, e pelo menos mais sete outras entidades com participação municipal. Aquela era a realidade de Lisboa e aquele era o desafio que lhe colocavam; o PSD estava disponível para trabalhar numa solução que racionalizasse e emagrecesse aquele excessivo sistema de satélites que gravitavam em torno da Câmara, muitos deles sem razão de existir. Queriam diminuir o número de empresas e de outras entidades em que a Câmara estava envolvida. Faltava a resposta do Sr. Presidente sobre a sua disponibilidade.-------------------------------------------------- ----- O PSD tinha o entendimento de que não havia instituições públicas imutáveis. Elas eram instrumentos para prosseguir políticas que contribuíssem para o bem comum. A responsabilidade dos políticos era, em cada momento, assegurarem as condições óptimas para servir a comunidade de forma eficaz e eficiente. Os autarcas,

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pelas características de proximidade das funções que desempenhavam eram os primeiros interessados em garantir condições adequadas para servir a sua comunidade. Por isso, estavam disponíveis para as reformas que assegurassem a eficaz execução das suas responsabilidades. ----------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Miguel Coelho (PS), no uso da palavra, disse que havia cerca de um mês, concretamente no passado dia 20 de Janeiro, os líderes das distritais do PSD e do PS haviam assinado um acordo para a implementação de uma reforma administrativa na cidade de Lisboa. Esse acordo, que visava uma redução de 53 juntas de freguesia para 24, reforçando em simultâneo as suas competências, tinham uma importância extraordinária para a Cidade e pelo seu exemplo inédito assumia uma particular importância simbólica para o país. ------------- ----- Começando pela última, o PS e o PSD, partidos concorrentes entre si, não só nacionalmente, mas também no que concernia ao poder local, haviam sido capazes de, na capital do país, precisamente um dos territórios com um histórico de uma acesa e muito dura competitividade entre aquelas duas forças políticas, haviam sido capazes de encontrar um denominador comum para implementar uma reforma, uma verdadeira reforma que uma vez viabilizada implicaria uma profunda alteração na organização da cidade de Lisboa, com impactos positivos muitos significativos para os seus habitantes. Ao assinarem aqueles acordos, em nome das respectivas estruturas partidárias, os doutores Carlos Carreiras e Marcos Perestelo, haviam assumido corajosamente um compromisso que, por colocar em causa um status quo com mais de 50 anos, suscitaria seguramente resistências organizadas, porventura potenciadoras até de alguns custos eleitorais. Ali estava um bom exemplo que era dado ao país, de como era possível procurar introduzir reformas que eram absolutamente necessárias, ultrapassando-se qualquer tipo de contabilidade de natureza partidária ou eleitoralista. Ali estava um bom exemplo de como era possível separar o que pertencia à luta política e ao legítimo combate pelo exercício do poder, das grandes questões que se prendiam com importantes reformas estruturais, só possíveis com base num alargado consenso político. ----------------------------------------------------------------------------------- ----- Aquele acordo fora feito porque tinha de ser feito. As assimetrias administrativas na organização da cidade de Lisboa já vinham sendo sentidas como um obstáculo a uma eficaz administração local havia mais de 25 anos, meio século depois da última grande reforma efectuada em Lisboa, e a anterior só tinha ocorrido em 1895, constatava-se que no que respeitava à sua organização como cidade, Lisboa não acompanhara os ritmos de mudança que haviam ocorrido nos quadros demográfico, social, económico e cultural. A cidade de Lisboa não era a mesma cidade que havia sido há 50 anos atrás. O seu cosmopolitismo cultural, o desenvolvimento das suas infra-estruturas, a alteração do seu quadro demográfico, quer em número de habitantes, quer na sua própria tipologia e, sobretudo, na importância do seu papel enquanto motor da economia nacional e regional haviam criado novos problemas e novas exigências que tinham evidenciado a inadequação daquele modelo ainda em vigor para lhes fazer frente. Por isso se procurava agora introduzir em Lisboa um novo paradigma de organização administrativa, alicerçado numa nova racionalidade

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que procurasse, potenciando as novas dinâmicas locais, implementar um modelo de gestão de cidade que visasse obter uma maior rentabilidade para os investimentos dos recursos disponíveis, sempre escassos, face aos desafios presentes. ----------------------- ----- O Dr. António Costa, por ocasião das comemorações do 5 de Outubro de 2008, tivera a oportunidade de defender no discurso que então proferira perante o Sr. Presidente da República, a necessidade de se poder resolver o paradoxo do município de Lisboa estar privado pelo Estado de competências fundamentais para o exercício das suas atribuições, assim como o facto de que várias das competências exercidas pelo município poderiam ser melhor exercidas por freguesias com dimensão e escala suficiente. A partir daquela data, esse assunto passara a estar de um modo permanente na agenda política da cidade de Lisboa. -------------------------------------------------------- ----- Particular relevância para o acordo agora concluído, tivera um profundo estudo realizado por uma equipa do Instituto Superior de Economia e Gestão e do Instituto de Ciências Sociais, estudo esse que levara à sua apresentação e debate público, em Outubro de 2010. Nesse estudo confirmara-se o enorme constrangimento que a actual assimetria administrativa provocava na gestão da Cidade, nomeadamente, disparidades de natureza demográfica, já ali salientadas pelo Sr. Deputado António Prôa, e disparidades quanto à sua dimensão geográfica pelo simples facto de se constatar existirem freguesias com uma área inferior a 0,5 km2 e outras com áreas entre 8 e 10 km2 e uma delas até com uma área superior a 10 Km2. A estas disparidades de natureza quantitativa haviam correspondido, inevitavelmente, acentuadas disparidades quanto ao modelo de organização local, e quanto às respostas encontradas por cada uma das freguesias aos problemas de território, originando descontinuidades na implementação das medidas necessárias. ----------------------------- ----- Aquela proposta de reforma acordada entre o PSD e o PS ia muito mais longe do que uma simples reconfiguração do mapa da Cidade. Como já tinha sido salientado, era uma proposta ainda mais ambiciosa, porque propunha um reforço de competência das freguesias, transferindo poderes do município para elas. Não faria sentido racionalizar a organização da Cidade, se não fosse igualmente para lhe conferir um novo paradigma de responsabilidades de intervenção local. Pela sua proximidade com os cidadãos, pela natureza das questões com que lidavam diariamente, os eleitos nas freguesias e, em particular, os seus presidentes de junta, eram dos políticos eleitos aqueles que porventura estavam mais próximos das pessoas e dos seus problemas. Este reforço de competências acordado entre o PS e o PSD, abrangendo as áreas de gestão e manutenção de espaço público, da gestão de equipamentos, da intervenção comunitária e da política de habitação, mais não fazia do que reconhecer essa mais valia desses autarcas, fazendo jus ao conceito de que 1 euro gasto naquelas valências pelas Juntas de Freguesia era sempre muito mais rentabilizado do que quando era gasto por outro poder mais distante das populações.------------------------------------------ ----- Após o período que se iniciava nesse momento de discussão pública, do qual o PS estaria naturalmente, particularmente atento, aquele processo retornaria para uma nova aprovação em Câmara Municipal de Lisboa e seria novamente submetido àquela Assembleia Municipal. Processo mais democrático e mais participado, não poderia

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porventura existir e, por si só, também era um excelente exemplo de como ele era apresentado aos cidadãos e de como seria preparado para ser submetido à Assembleia da República, mas porque se tratava de um processo extremamente importante para a cidade de Lisboa também tinham noção da sua urgência. Não deviam desperdiçar a oportunidade de implementar uma reforma que procurava descentralizar competências, criando unidades administrativas mais próximas entre si, no que respeitava a recursos, áreas e populações. O PS estaria disponível para contribuir para um bom final daquela exemplar iniciativa das estruturas e dos responsáveis dos dois partidos na cidade de Lisboa. --------------------------------------------------------------------- ----- Queriam também saudar, não só os líderes das respectivas Distritais, e aproveitava para saudar o Dr. Carlos Carreiras que assistia pessoalmente àquele debate, saudava também o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, principal motor daquela iniciativa, a Sr.ª Vereadora Graça Fonseca, o Sr. Vereador Vítor Gonçalves e o Sr. Deputado António Prôa, que participaram directamente naquela discussão e naquele acordo e, naturalmente, sendo responsáveis das respectivas estruturas partidárias, o seu colega e camarada e amigo Rui Paulo Figueiredo, e todos aqueles que ao longo dos anos tinham lutado para que aquela reforma fosse possível e estivesse em debate público. Tinham plena consciência da dupla importância daquela reforma, ou seja, da importância que a sua implementação teria para uma melhor oferta da qualidade de vida para quem vivia, trabalhava ou visitava Lisboa, assim como pela importância daquela reforma surgir num particular momento do país, caracterizado por uma grave crise financeira e económica, apontando caminhos para um debate mais extensivo sobre a necessidade de se repensar a organização administrativa do país, ainda formatado, e citava ali novamente o Dr. Carlos Carreiras, “no tempo do comboio a vapor”. ---------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Modesto Navarro (PCP), no uso da palavra, começou por dizer que estavam perante um processo de reforma administrativa manipulado desde o seu início para ser utilizado a nível nacional. Ia ao encontro de outras ofensivas dos governos do PS contra os hospitais e maternidades, contra as escolas, contra estruturas de serviço público desconcentradas em todo o país, que haviam sido encerradas, esvaziando ainda mais o interior. Este processo de ataque e encerramento de 1500 juntas de freguesia (não fora o PCP que o dissera, fora o PS), 1500 juntas de freguesia e 100 municípios em todo o país, já estava nos projectos de José Sócrates, e António Costa, quando era Ministro da Administração Interna. O estudo, que fora encomendado a Augusto Mateus e João Seixas, significara a capa que faltava para dourar a pílula. Esse estudo, que fora objecto de uma sessão promovida pela Assembleia Municipal, até era mais amplo e democrático, deixando três caminhos possíveis, mas não passara de farsa todo aquele processo de cantorias e enlevos quanto aos bairros de Lisboa, quanto à necessidade de abordar seriamente os problemas da reforma administrativa, desde logo à escala metropolitana, como o estudo também preconizara. A Sessão de 9 de Dezembro de 2010 no Teatro Aberto, para ter a sala cheia, fora transformado em acção de formação de trabalhadores do Município, com ficha de avaliação até dos oradores, que haviam protestado pelo facto

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de estarem ali como convidados e não como formadores. Fora a Câmara de António Costa que enviesara tudo aquilo e não a Assembleia Municipal. --------------------------- ----- Lutavam por desenvolvimentos propícios a uma efectiva medida quanto à área metropolitana de Lisboa, que tinham considerado nos dois últimos mandatos, preparada para ter órgãos directamente eleitos, por unanimidade em 2008 e 2009, haviam considerado na Junta Metropolitana e na Assembleia Metropolitana a legislação do Governo do PS para as áreas metropolitanas, mais atrasada que as leis 10 e 11 de 2003, as chamadas Leis Relvas, e que se impunha um processo de verdadeira regionalização e eleição dos órgãos nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, para enfrentar legitimamente os problemas reais que era necessário resolver. --- ----- Afinal, o que deveria acontecer na reforma administrativa que interessava ao país, era enfrentar e pôr em marcha o processo de regionalização administrativa, acabar com os Governos Civis e com as comissões de coordenação, as CCDRs, órgãos que eram braços armados do governo central e pouco ou nada faziam, e dar voz à democracia e ao desenvolvimento em cada região e em cada município. ---------- ----- Portugal era um dos países da Comunidade Europeia e da OCDE que menos recursos colocava à disposição das autarquias. Mas o que movia o governo e António Costa? Queriam poupar ainda mais numa área que gastava menos de 2% do orçamento de Estado, as autarquias locais? O que fazia o PSD neste negócio distribuidor de dinâmicas locais? O PSD, em alguns casos, como a extinção da Maternidade em Mirandela, estivera ao lado das populações, mas nesse momento, como se tratava de aproveitar a crise para ampliar mais os cortes do orçamento de estado para 2011 e atingir juntas, assembleias de freguesia e municípios, estava de braços abertos ao nível das cúpulas, jogando contra os seus próprios eleitos, de mãos dadas com o PS de António Costa. -------------------------------------------------------------- ----- Atacavam para já, em Lisboa, autarquias onde até estavam em maioria, onde tinham homens e mulheres empenhados em resolver os problemas locais, em darem condições de vida aos jovens que restam na Cidade, aos idosos cada vez mais isolados em suas casas e que passariam a ficar mais sós com aquela Reforma. Queriam assim, eliminar a proximidade entre eleitos e populações, reduzir o número de autarcas em quase 50% na cidade de Lisboa, e destruir dinâmicas populares essenciais. Se esta reforma fosse aprovada nos prazos do acordo entre o PS e o PSD, os eleitos para as freguesias apenas cumpririam metade daquele mandato, na prática activa e independente, defraudando assim as populações que as elegeram. Era o que estava previsto no final da Proposta 15/2011, no ponto 4, pág. 7, até chamava a atenção para essa página e que fizessem o favor de a ler. ---------------------------------------------------- ----- Afinal - e dirigiu-se ao Sr. Presidente da Câmara Municipal - onde estava a paixão pelos bairros, tão decantada na carta estratégica que “deus” tinha, e no estudo encomendado a preceito? Os problemas de Lisboa não radicavam na acção das juntas de freguesia, estavam centrados numa Câmara Municipal que não exercia as suas funções como devia, de serviço público e de resolução dos problemas quotidianos e reais. O que António Costa, José Sócrates e actualmente Passos Coelho e outros odiavam, era esse poder local de proximidade nas freguesias, essa vida intensa de

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trabalhar com mais eficácia e rentabilidade, de resolver problemas concretos, de realizar iniciativas, convívios, sessões culturais e sociais, passeios e excursões, cursos de formação e tudo o que levava o povo, as pessoas, a virem para a rua, encontrarem-se e participarem na vida da Cidade. ------------------------------------------------------------ ----- Lisboa não podia ser o pontapé de saída para aquele crime anunciado e elogiado por José Sócrates e Silva Pereira, como se lembrariam. Aquela ofensiva contra o poder local e a democracia, a iniciar em Lisboa, jogava com critérios economicistas e falsamente igualitárias de números de população. Queria juntar ao molho freguesias sobre freguesias. Não atendia à morfologia dos territórios e à evolução demográfica prevista no modelo de revisão do PDM. Prosseguia a ideia gasta da poupança e ao mesmo tempo, acenava com mais lugares a tempo inteiro nas juntas de freguesia. Pudera, propunha-se distribuir juntas e assembleias de freguesia, 58 órgãos autárquicos locais em Lisboa e, desses lugares eliminados, propagandeavam a entrega de metade ou outros tantos a quem se deixasse enlevar na cantiga daquela mistura com as chamadas Unidades de Intervenção Territorial. Iriam assim criar uma amálgama em que os interesses de António Costa e Manuel Salgado, por exemplo o planeamento avulso discricionário, a compactação da Cidade, os licenciamentos levados a cabo em ligação directa com o vice-presidente e o presidente, sem passarem pela Câmara no seu todo e pela Assembleia Municipal, eram objectivos perigosos que queriam pôr em marcha. -------------------------------------------------------------------------- ----- Ficariam mais alienadas as frentes de serviço público e as responsabilidades que eram da Câmara Municipal, bem como a independência e a autonomia dos órgãos locais nas freguesias, com aquela opaca contra dança de braços armados da Câmara com as juntas de freguesia, acumuladas à força e desconjuntadas face à enormidade de problemas e responsabilidades com que se veriam afundadas na sua acção quotidiana. Poderiam ficar como repartições do aparelho municipal, as freguesias, ainda mais distantes do poder político da Câmara. Para além do mais, a representatividade política da Assembleia Municipal seria diminuída e amputada com aquele acordo do PSD/PS. Outra coisa seria a negociação democrática de descentralizar responsabilidades e meios financeiros e técnicos, com a independência e o respeito por cada órgão local, com a clarificação e actualização das atribuições e competências das Juntas e Assembleias de Freguesia. --------------------------------------------------------- ----- Por tudo isso, o processo de divisão administrativa da Cidade estava envenenado e teria de ser enfrentado pelos eleitos locais em cada freguesia e os principais interessados, as populações das freguesias e dos bairros. Era urgente ter bom senso e sensibilidade para ouvir as pessoas de cada bairro e de cada freguesia. Elas não conheciam os golpes que estavam preparados, por exemplo, no espúrio ajuntamento de São João de Deus com o Alto do Pina, no desgraçado fadinho de juntar apenas numa freguesia o Castelo, Alfama e a Mouraria, entre outros monstros destruidores da identidade e cultura local, que a Câmara queria criar na Cidade. Ao contrário, era preciso respeitar as afinidades históricas e culturais, os espaços de identidade e complementaridade. -------------------------------------------------------------------------------

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----- O processo deveria ter sido iniciado pela discussão pública, nas dezenas de freguesias e bairros, nas colectividades e onde o povo pudesse ser informado e pudesse fazer-se ouvir. Contra a crise apregoada e utilizada eram necessárias, mais democracia, mais participação popular e proximidade entre a administração local e os cidadãos. Havia e haveriam outras propostas até tudo ir à Assembleia da República e depois voltar à Câmara, à Assembleia Municipal e às Assembleias de Freguesia para essas oficialmente se pronunciarem. O Processo não era da responsabilidade da Câmara, era da responsabilidade da Assembleia da República, e ali seriam votadas as propostas que viessem a ser equacionadas. Uma reforma manipulada, deturpada, iria ter efeitos muito negativos que perdurariam por dezenas de anos na Cidade. Havia freguesias enormes, com dificuldades evidentes de realizar esse objectivo tão impressionante e criador que era o da proximidade entre eleitos e eleitores. Aí, as soluções deviam ir no sentido de tornar mais próximo o trabalho para resolver os problemas de cada pessoa, de cada rua e de cada bairro. O desafio era da população de Lisboa, que se respeitassem os interesses, as identidades e os territórios diferentes da Cidade, de cada freguesia e de cada bairro. Teriam tempo para o fazer, mobilizando as vontades locais e o empenhamento popular. --------------------------------------------------- ----- O PCP defendia que aquele processo de auscultação pública devia decorrer até 24 de Abril. Deviam dar a palavra à população, às colectividades, aos homens e mulheres, aos jovens, a todos os que apostavam numa sociedade renovada, criadora de trabalho e de riqueza, criadora de emprego e de habitação para rejuvenescer os bairros e as freguesias, para afirmar a Cidade como uma cidade do 25 de Abril, do progresso, da democracia e da voz de quem vivia, amava e queria resolver os reais problemas e anseios de Lisboa. O PCP estaria contra a destruição do poder local e identitário e que fazia bom trabalho nas freguesias, estaria a favor de maior proximidade entre eleitos e eleitores, entre autarcas e populações dos bairros e freguesias. Não contassem com o PCP para barbaridades que iriam destruir o trabalho autárquico naquele mandato que ainda não chegara ao meio do seu tempo. Poderia ser inconstitucional o que aquela proposta previa; deformação de comissões instaladoras, constituídas pelos presidentes das juntas de freguesia actuais e do processo de transferências de competências e meios de correr no prazo máximo de um ano, conforme dizia a Proposta. Onde estava a legalidade de interromper mandatos dos eleitos nas freguesias para os obrigar a deixar de cumprir as obrigações perante os eleitores e as populações que os elegeram? Não, não embarcavam naqueles golpes na legalidade e na acção das juntas e assembleias de freguesia de Lisboa. ------------------------------------------------------------- ----- Por tudo isso, o PCP votaria contra a Proposta 15/2011 da Câmara Municipal, contra aquele acordo do PS e do PSD. Mas como se tratava de iniciar um processo de debate público, estavam de acordo que aquela e outras propostas fossem colocadas à discussão em toda a Cidade, com o tempo necessário e a intervenção activa das populações, dos bairros e das freguesias. ------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Mesquita Nunes (CDS), no uso da palavra, disse que aquilo que se discutia nesse dia ali, não era a reforma administrativa da Cidade, o que se discutia ali era a circunstância, que saudavam, da Câmara Municipal

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de Lisboa ter decidido apresentar uma proposta para discussão pública sobre a mesma, era sobre isso que estavam a ser chamados a pronunciar-se e a isso não hesitavam em dizer concerteza que sim. ------------------------------------------------------------------------- ----- Que se iniciasse a discussão pública sobre aquela matéria e que se iniciasse a discussão sobre a proposta que a Câmara Municipal de Lisboa decidira aprovar. O CDS, desde sempre manifestara desejo e intenção de participar naquele processo de reforma administrativa da Cidade e haviam-no dito sempre, que estariam entre os mais reformistas dos reformistas, e fora por isso mesmo que em reunião de Câmara haviam apresentado também eles a sua proposta. --------------------------------------------- ----- Aquilo que se discutia nesse dia ali, era porque é que uma proposta aprovada em Câmara, com o apoio, pelos vistos, dos directórios do PSD e do PS, podia ser discutida em discussão pública, e uma outra proposta apresentada por um outro partido não o pudesse ser. Estariam perante uma proposta inaceitável do ponto de vista legal ou até do ponto de vista dos objectivos de reforma administrativa da Cidade? não podia compreender, nem aceitar que quando se previa a redução para 24 freguesias, se olhasse para uma proposta que previa a redução para 9 freguesias como aquela que era proposta pelo CDS e se considerasse que a mesma era inaceitável. A proposta resultava do estudo onde assentava também a proposta que a Câmara Municipal ali apresentara, aliás, em rigor, a proposta do CDS era a única proposta que resultava tal e qual o estudo que estivera na base da proposta da Câmara. ---------------- ----- Era também ela uma proposta racional porque compreendia um mapa que não sofria grandes alterações. Era uma proposta europeia, estava ao nível daquilo que se fazia lá fora. Era uma proposta que compreendia o interesse geral daquela reforma administrativa da Cidade, porque ela permitia tudo aquilo que o Sr. Presidente da Câmara quisera assegurar. Permitia cortar na despesa, permitia descentralizar, permitia desburocratizar e permitia transferir competências para as freguesias. Aquela proposta de 9 freguesias não era uma proposta para atrasar ou não era uma proposta contra-reforma, antes pelo contrário, era uma proposta que ia à frente, e que acelerava a reforma. Porque razão então impedir aquela proposta de ir a discussão pública? Era isso que estavam a decidir ali. Não entrava nos discursos dos méritos da proposta de redução para 24 freguesias, porque essa proposta tinha evidentemente méritos e discuti-la-ia na discussão pública. --------------------------------------------------------------- ----- O que tinha que discutir ali era porque é que uma proposta que pedia a reforma administrativa da Cidade e redução para 24 freguesias, podia ir a discussão pública e uma que defendia para 9 não podia ir a uma discussão pública. Não haviam sido das explicações, nem uma única explicação lhes fora dada, portanto, não podiam adivinhar, mas podiam ouvir. Se aquela proposta de 24 freguesias fora acordada em directórios partidários teriam sido esses directórios a recusar aquela proposta de 9 freguesias. Se aquela proposta correspondia a um acordo partidário, a proposta de 9 freguesias saia fora da discussão pública porque saía fora desse acordo partidário. Ora, se o objectivo era a reforma administrativa da Cidade, a redução de mandatos e portanto, uma reforma que se fazia contra os directórios partidários, porque razão é que eram os directórios partidários a obstaculizar uma proposta que saía fora desses

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termos. Era quase caso para dizer que aquela proposta, independentemente dos méritos que tinha, era uma espécie de Tratado de Tordesilhas. A Cidade dividia-se a dois, tentando-se que cada um perdesse o menos possível com uma reforma que era inevitável. ------------------------------------------------------------------------------------------- ----- O que estava ali em questão não era por isso os méritos da proposta, o que estava ali em questão era os deméritos de uma proposta de 9 freguesias que em reunião de Câmara fora impedida de chegar até ali. Mas o CDS não desistia, não tinham autarcas para proteger, não tinham juntas para manter, não tinham propriamente interesses instalados que tivessem de acomodar. Eram absolutamente livres naquela discussão e era por isso que insistiam nela. Apresentavam hoje ali uma proposta no sentido de que, para além da proposta de 24 freguesias, fosse levada à discussão pública a proposta apresentada pelo CDS. Faziam questão de dizer na proposta que apresentavam que a submissão da proposta do CDS a discussão pública não correspondia a uma aceitação política sobre a mesma. Não correspondia a uma adesão à mesma e tinham a preocupação de dizer naquela proposta que queriam que a proposta 15/2011 fosse correctamente identificada e apreendida na discussão pública como sendo a proposta que resultara da votação de Câmara. Não queriam confundir, nem se queriam imiscuir Queriam apenas o direito a que os lisboetas conhecessem a sua proposta. ---------------------------------------------------------------------------------------- ----- Era por isso que não tinham qualquer sombra de dúvida em juntar a sua voz àqueles que aprovavam a submissão da proposta a discussão pública, mas a pergunta tinha que ser devolvida. Aquilo que nesse dia deviam decidir ali, era se os senhores deputados entendiam que uma proposta que pretendia a reforma administrativa da Cidade, com redução para 9 freguesias, podia ou não podia ter o direito a ser conhecida pelos Lisboetas. Porque se respondessem que não, e estariam dentro da legitimidade, então era porque aquela discussão pública não servia para nada e era uma espécie de discussão pública plebiscitária para que directórios partidários se sentissem mais ou menos acompanhados no acordo ou Tratado de Tordesilhas que haviam feito. ---------------------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal João Bau (BE), no uso da palavra, começou por referir que estavam nesse dia ali, naquela sessão da Assembleia Municipal a discutir uma proposta de reforma administrativa do Município, aprovada em sessão de câmara e subscrita pelos vereadores do PS, por um vereador do PSD e por três vereadores independentes. ------------------------------------------------------------------------ ----- Tal proposta consagrava um acordo PS/PSD, que figuraria após as próximas eleições autárquicas, que reduzia o número de freguesias de 53 para 24 e que previa que as novas freguesias tivessem mais competências. Após a sua aprovação pela Câmara Municipal, a proposta referida fora submetida para discussão pública à Assembleia Municipal de Lisboa. O Vereador Pedro Santana Lopes e mais 4 vereadores do PPD/PSD na Câmara Municipal de Lisboa, haviam apresentado em Sessão de Câmara uma outra proposta, que previa a divisão da Cidade em 26 freguesias, e referiam na sua declaração de voto terem a garantia por parte do executivo municipal que a sua proposta seria também submetida, em momento

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próprio, à apreciação da Assembleia da República. Também o CDS apresentara em sessão de Câmara uma proposta de redução de freguesias de 53 para 9. ------------------ ----- O BE queria começar por deixar claro que era favorável a uma reforma administrativa, que em todos os aspectos consagrasse a efectiva criação das regiões administrativas, que consagrasse a atribuição às áreas metropolitanas de competências que actualmente não tinham e do consequente envelope financeiro, que reforçasse as transferências de competências e dos meios financeiros da administração central para os municípios e desses para as freguesias. Tinha tido, aliás, uma acção continuada e efectiva de apoio à descentralização administrativa e de combate ao excessivo centralismo de que padecia a administração pública portuguesa. No que tocava à cidade de Lisboa e às suas freguesias, o BE em todos os programas eleitorais que apresentara em eleições autárquicas tinha vindo a apresentar uma proposta concreta de reforma e de transferência de meios e competências do município para as freguesias, propondo que quando essas não tivessem uma indispensável escala mínima para que tal transferência se pudesse processar, ela pudesse ser feita para o que designara de distritos urbanos, que seriam associações voluntárias de freguesias. ----------------------- ----- O BE tinha vindo também a propor nos seus programas eleitorais, que Lisboa, concelho, se batesse por soluções metropolitanas para problemas metropolitanos, e vinha defendendo que a junta metropolitana e a assembleia metropolitana fossem dotadas de competências metropolitanas efectivas, uma vez que actualmente a sua actividade apenas tinha como resultado o aumento da despesa pública sem ter a utilidade que era imperioso que viesse a ter. É que a reforma administrativa que a Cidade carecia não se podia, nem se devia limitar a discutir a problemática das freguesias. Muitos dos problemas de que Lisboa padecia, por exemplo, os relativos à mobilidade, só podiam ter solução no quadro de estratégias e políticas definidas e implementadas à escala metropolitana, por isso confessava que quando lera na imprensa que as distritais do PS e do PSD se tinham reunido para debaterem a reforma administrativa de Lisboa, logo pensara que estaria na agenda a resolução dos problemas que tornavam completamente ineficazes os órgãos da área metropolitana de Lisboa. Era esse, pensara então, um problema adequado à escala dos intervenientes na reunião. Erro seu, afinal as tais distritais apenas se tinham debruçado sobre a delimitação das freguesias de um dos concelhos do distrito. -------------------------------- ----- A análise que estava a ser feita naquele momento, no município, sobre a reforma administrativa, fora precedida de um estudo da responsabilidade do ISEG e do ICS, como já ali tinha sido referido, estudo esse que permitira recolher e trabalhar muita informação sobre a Cidade e sobre a sua governação, e que propunha várias orientações e estratégias, identificava várias soluções e cenários possíveis para permitir desconcentrar e descentralizar a gestão autárquica em Lisboa. ------------------- ----- Contrariamente ao que PS e PSD pareciam apontar, não havia uma solução única para a delimitação territorial das freguesias, o próprio estudo a que fizera referência identificava várias soluções possíveis e a discussão que era necessário travar tinha que ser um debate aberto, democrático e sem tabus, onde pudessem ser analisadas e discutidas, as várias propostas que foram ou viessem a ser apresentadas pelas

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diferentes forças políticas sobre aquela matéria. Aliás, a solução que o PS/PSD propunham apresentava várias fragilidades e pontos negativos e um deles era o facto de necessitar da aprovação da Assembleia da República, que teria que aprovar legislação específica para permitir a sua implementação, e ainda que essa legislação fosse aprovada, ela só poderia produzir os seus efeitos após as próximas eleições autárquicas, ou seja, após o início de 2014.----------------------------------------------------- ----- Em contrapartida, a solução que o BE vinha defendendo, a da criação de distritos urbanos e a consequente descentralização de competências pela Câmara Municipal, poderia ser aplicada imediatamente, bastando para tal a concordância da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal. Portanto, a implementação da solução que o BE propunha, podia pôr à disposição das freguesias e dos seus presidentes, novas e importantes competências e mais meios financeiros a muito curto prazo, permitindo dar um outro fôlego à sua actividade, com evidente beneficio para a Cidade. Era urgente aumentar a desconcentração e a descentralização de competências municipais em Lisboa, e isso podia ser feito a curto prazo. Não havia razões que justificassem mais adiamentos. ----------------------------------------------------------------------------------- ----- Acrescia, ser do conhecimento público, haver intenção governamental de alterar a legislação autárquica, nomeadamente no que respeitava às competências e composição dos órgãos do município e freguesias, à lei eleitoral e às finanças locais. Seria prudente e de bom senso aguardar a conclusão desse anunciado processo de revisão legislativa, antes de avançar para a extinção de freguesias em Lisboa, bem como seria importante conhecer como ia evoluir ou não o processo da regionalização e o eventual processo de definição de competências das áreas metropolitanas, até porque a diminuição do número de freguesias, decorrente da proposta aprovada pela Câmara Municipal do PS/PSD, ia introduzir alterações na composição política da Assembleia Municipal, por um lado, pela diminuição do número de membros, presidentes de junta, e pela expectável diminuição da diversidade política das presidências de junta de freguesia, e por outro lado, porque para além desse efeito, também o número de membros eleitos directamente podia vir a ser alterado. ------------ ----- Se vingasse a proposta para que os executivos municipais fossem monocolores, então a diminuição proposta do número de freguesias transformar-se-ia num instrumento ainda mais poderoso de diminuição da representatividade e da diversidade política da Assembleia Municipal, o que tornaria mais pobre artificialmente a representatividade e a democraticidade do Parlamento da Cidade. Esta proposta tinha uma agenda escondida, aliás, mal escondida, era “gato escondido com rabo de fora”. Esta proposta era convergente com outras propostas, como as dos presidentes António Costa e Rui Rio, para que os executivos municipais fossem monocolores, como a do ministro Jorge Lacão, para reduzir em 50 o número de deputados da Assembleia da República, a qual tivera logo a concordância entusiástica do PSD. ---------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Estavam, pois, perante uma estratégia definida em aliança, por PS e PSD, que visava hegemonizar a ocupação de posições em órgãos de poder pelos partidos do Bloco Central, que visava limitar e impedir que as vozes consideradas incómodas

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pudessem ter uma adequada representação e expressão institucional na Assembleia da República, nos municípios e nas freguesias. Esta orientação, a vingar, empobreceria na Cidade e no país a riqueza do debate democrático e limitaria a acção de fiscalização da Assembleia Municipal de Lisboa. Esta orientação, a vingar, aumentaria o divórcio existente entre os eleitores e os eleitos e tornaria mais pobre a democracia. Porventura teria sido exactamente para equilibrar a repartição do bolo, tendo em conta que a primeira proposta do PS, que previa a existência de 27 freguesias era claramente desequilibrada a favor do PS e indirectamente do PSD, que se justificara a entrada em campo das distritais, naquele dossier de fusão, extinção e de limitação de freguesias. De facto, naquela segunda proposta de 24 freguesias o bolo aparecia distribuído mais equitativamente entre os dois aliados, e a solução continuava eficaz no afastamento das restantes forças políticas. ---------------------------- ----- Havia ainda um facto importantíssimo que deveria condicionar a decisão a tomar sobre a anunciada proposta de reforma administrativa da Cidade, que era o da legitimidade política das forças representadas na Assembleia Municipal para extinguir freguesias em Lisboa. A realidade é que nenhuma das forças políticas actualmente representadas naquela Assembleia propusera nos programas eleitorais que haviam apresentado ao eleitorado quando das últimas eleições, a extinção de freguesias, embora todas elas defendessem a descentralização de competências do município nas freguesias e a importância da actividade das juntas de freguesia para as populações.---- ----- O BE propusera no seu programa a sua solução de criação de distritos urbanos, associações de freguesias, instrumento viabilizador da descentralização que defendia e o programa eleitoral do PS e seus aliados, Unir Lisboa, assentava a sua proposta de reforma administrativa da Cidade, exactamente no incentivo à associação de freguesias à escala do bairro sob a epígrafe, o modelo de governação que propunham, o programa eleitoral do PS e seus aliados referia e passava a citar: “é prioritária a reforma administrativa da Cidade assente numa dupla descentralização do município para as freguesias e do Estado para os municípios” e quanto a isso dizia que estavam de acordo. No segundo parágrafo que citava: “Esta reforma deve incentivar as freguesias a associar-se à escala do bairro, dotando-as dos meios e competências para que exerçam funções urbanas de proximidade, como a manutenção de pavimentos, calçadas e jardins, equipamentos de proximidade, limpeza urbana, gestão de apoios locais às colectividades, licenciamentos nas obras, pequenas reparações no domicílio ou qualificação e manutenção no espaço público”, e quanto a isso diziam que estavam de acordo, ou seja, os dois únicos partidos que se haviam pronunciado sobre a reforma administrativa da Cidade, no que tocava às freguesias, haviam proposto a mesma solução, descentralizar competências do município para associações voluntárias de freguesia. ----------------------------------------------------------- ----- Afigurava-se pois democraticamente insustentável, vir o PS, passado um ano e poucos dias das eleições, propor soluções de reforma administrativa que implicavam extinções de freguesias e que eram substancialmente diferentes das apresentadas no seu programa eleitoral, muito em especial no que respeitava ao centro histórico e à zona da Charneira ocidental, assim chamada no estudo do ICS, onde existia uma

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fortíssima identificação dos habitantes com o seu bairro e com a sua freguesia, e que eram exactamente as zonas onde se situavam grande parte das freguesias com menos habitantes. ------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Um processo de reforma administrativa tinha evidentemente que procurar racionalizar a dimensão territorial dos municípios e freguesias, mas não podia ser feita a régua e esquadro por um conjunto de iluminados, ignorando o sentimento das populações, a sua identidade, o seu sentimento de pertença e as suas raízes. Não eram evidentemente contra a intervenção da Assembleia da República naquele processo, consolidada, anunciada alteração do quadro jurídico que enquadrava as autarquias locais, apresentadas pelas várias forças políticas ao eleitorado, as suas propostas de reforma administrativa de Lisboa, com a extinção das freguesias que haviam entendido propor, nas próximas eleições, então seria a altura da Assembleia da República analisar eventuais propostas de reforma que implicassem extinção de freguesias. Proceder de outra maneira seria desrespeitar as regras básicas da transparência democrática e desrespeitar os cidadãos de Lisboa. --------------------------- ----- A proposta do BE, era conhecida. Era no sentido de obviar aos desequilíbrios existentes na divisão administrativa de Lisboa, dar-lhes massa crítica e poder político, aproximar a decisão das populações e desburocratizar a Câmara Municipal, o que propunham era a criação de distritos urbanos. Esses distritos seriam constituídos ou por grandes freguesias ou associações voluntárias de freguesias de menor dimensão. A criação dessas associações permitiriam viabilizar novos protocolos de transferência de competências, e elaboração de contratos-programa para investimentos específicos, não apenas para as freguesias de maior dimensão, mas também para conjuntos de freguesias de menor dimensão, passariam a dispor da massa crítica necessária para o efeito. ------------------------------------------------------------------------------------------------ ----- No programa eleitoral do BE haviam sido apresentados alguns domínios susceptíveis de transferência de competências, que deveriam ser acompanhados dos correspondentes recursos financeiros. Não iria ali referir, porque estava na sua proposta, mas iria dizer que o BE aceitava numa primeira fase que as transferências a transferir para os distritos urbanos fossem exactamente as novas competências da proposta aprovada em Câmara Municipal pelo PS/PSD, e a esses distritos urbanos defendiam que deveriam estar ligados gabinetes de apoio técnico, formados por técnicos da Câmara, destacados exactamente para apoiar as freguesias e os distritos urbanos. ---------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Relativamente à delimitação dos distritos, o BE apresentava no seu programa e na sua proposta uma sugestão de agregação. Mas era uma mera sugestão porque como defendiam que os distritos deviam resultar da associação voluntária de freguesias era óbvio que não se podiam substituir às freguesias nesse seu movimento de associação voluntária. O que diria é que a proposta do BE era perfeitamente compatível com os vários mapas que haviam sido apresentados, do de 27, do de 24, do de 9. Na proposta do BE os actuais presidentes de junta continuariam a ter assento na Assembleia Municipal e não perderiam nenhuma das suas actuais funções de representação política, e ainda, o reforço financeiro que permitiria a criação desses distritos urbanos

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e a transferência de competências e meios permitiria até ter mais presidentes de junta a tempo inteiro. ------------------------------------------------------------------------------------- ----- Uma das características da proposta do BE era ser uma proposta aberta, quer no que tocava à delimitação territorial dos distritos urbanos, quer porque não obrigava a que numa primeira fase todas as freguesias se constituam distritos urbanos, quer porque não obrigava sequer as freguesias que se associarem a formalizarem nos termos legais uma associação de freguesias, isso poderia ser feito no âmbito de protocolos de transferência de competências. Contudo, o facto de algumas freguesias entenderem ficar de fora daquele processo, não implicava que o processo de descentralização não pudesse ser iniciado com todas as questões que estivessem em condições e quisessem participar. ---------------------------------------------------------------- ----- Esta era a posição do BE sobre a problemática da reforma administrativa da cidade de Lisboa. Esta era a proposta que apresentavam. Consideravam que a importância do tema que tinham estado nesse dia a analisar justificava a abertura de um grande debate em Lisboa, que devia ser levado aos bairros e freguesias da Cidade e que devia suscitar a participação dos cidadãos. Consideravam que, de forma a enriquecer esse debate, deviam ser disponibilizadas aos Lisboetas as várias, todas, as propostas que foram ou viessem a ser formuladas e que o debate decorresse durante o lapso de tempo necessário e suficiente para que a discussão pública não viesse a ser reduzida a uma mera formalidade e por isso apoiavam a que a discussão pública fosse até à Páscoa, até 24 de Abril. Por isso, vinham propor que também a proposta do BE fosse submetida a discussão pública, juntamente, evidentemente, com a proposta aprovada em reunião de Câmara Municipal e também com todas as restantes propostas apresentadas, quer na referida sessão de Câmara, quer na presente sessão daquela Assembleia, e até com as propostas que outras forças políticas, grupos de cidadãos ou simples cidadãos viessem a formular. -------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal John Rosas (MPT), no uso da palavra, disse que o executivo camarário vinha nesse dia apresentar a Proposta n.º 15/2011, através da qual submetia àquela casa uma proposta para discussão pública relativa à reforma administrativa da idade de Lisboa. -------------------------------------------------------------- ----- Como se referia no corpo da referida proposta que dizia que, e citava: “A reforma da organização administrativa da Cidade é essencial para que Lisboa seja cada vez mais uma Cidade para os cidadãos com olhos postos no futuro” também no MPT haviam entendido que tinha chegado o momento de se proceder à reformulação administrativa da Cidade. No entanto, e como já anteriormente tivera oportunidade de referir naquela mesma casa, o MPT entendia que a apresentação daquela proposta era prematura, uma vez que julgavam que a mesma deveria ter tido em conta os resultados do Census 2011 que se iniciaria proximamente. ---------------------------------- ----- De facto, não conseguiam vislumbrar os motivos da pressa daquele executivo em apresentar uma proposta daquela envergadura, sem que a mesma tivesse tido por base os elementos que viessem a resultar do Census. Como se poderia querer diminuir, expandir ou fundir freguesias se não sabiam em concreto qual a população residente em cada uma delas? Seria que o Sr. Presidente, pensando quiçá na sua eminente saída

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do executivo da Cidade, teria querido deixar o seu nome ligado a tão importante medida para a Cidade de Lisboa e que, com receio de que os dados do Census de 2011 não estivessem prontos a tempo, inviabilizassem a perpetuidade do seu nome naquele importante feito? ------------------------------------------------------------------------------------ ----- Fosse como fosse, e no que respeitava à proposta, gostaria de referir antes de mais que o MPT entendia ser importante que o agrupamento de freguesias na cidade de Lisboa tivesse por principal critério a realidade sociocultural das mesmas, e com isso estaria necessariamente a referir-se às suas características históricas e culturais e à sua história e implantação no tecido da cidade de Lisboa, bem como à topografia da própria Cidade. Consideravam também que os indicadores sociais, que os recursos e equipamentos de proximidade, a oferta social de acordo com a tipologia da população deveriam também ser tidos em conta no reajustamento das juntas de freguesia para a reformulação administrativa da Cidade de Lisboa. ------------------------------------------- Julgavam que esses dados eram de extrema importância para a formulação de uma opinião consentânea com responsabilidade de uma alteração daquela envergadura que ora se propunha à discussão da opinião pública. Nesse sentido, gostaria de referir a título de exemplo, a situação da nova freguesia do parque das Nações e referir que se os elementos acabados de referir tivessem sido tidos em consideração, jamais a proposta que ali se discutia proporia o nascimento amputado de tal freguesia. De facto, não conseguiam conceber aquela mesma freguesia esquartejada entre os concelhos de Loures e de Lisboa. Aliás, nesse mesmo sentido devia ser auscultado o sentimento da população ali residente, e já ali expresso naquela mesma casa, que se mostrara claramente contra esse esquartejamento e até mesmo afrontada com aquela proposta.---------------------------------------------------------------------------------------------- ----- O MPT entendia naquele particular que a freguesia a criar para o Parque das Nações, pelas características que lhe eram próprias e pelos critérios atrás referido, teria necessariamente de ser una e integrada na Cidade de Lisboa. A realidade social era una e o seu planeamento e reestruturação fora concebida de forma uniformizada. Por isso mesmo, entendiam no MPT que não fazia qualquer sentido outra proposta para aquela zona da Cidade que não fosse a unificação de toda aquela zona no concelho de Lisboa. Se por um lado entendiam que as questões culturais eram de extrema importância no equilíbrio da vida da Cidade, aceitando como boa a visão de manutenção do espírito de bairro preconizado na proposta apresentada pelos vereadores do PPD/PSD em reunião de Câmara, no passado dia 26 de Janeiro, também no MPT eram sensíveis ao facto que a Cidade, na sua evolução natural, criar cidade, e este era o caso de Telheiras por exemplo, que se fizera cidade, reunindo as condições sociais, económicas e culturais que lhe davam um cunho próprio e características de uma identidade assumida. --------------------------------------------------- ----- O MPT entendia que todas as propostas elaboradas até ao presente momento, sujeitas ou não a votação na Câmara Municipal, deviam ser submetidas em pé de igualdade a discussão pública, e não como até ali era pretendido, unicamente a proposta votada em reunião de Câmara. Face ao exposto o MPT propunha à consideração da Assembleia Municipal a consideração de todas as propostas

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apresentadas ou não à Câmara Municipal, a discussão pública, em pé de igualdade, até 24 de Abril. ----------------------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Gonçalo da Câmara Pereira (PPM), no uso da palavra, começou por pedir permissão para fazer um aparte e falar pessoalmente para duas pessoas especificamente, para o Dr. António Proa e para o Dr. Carlos Carreiras. Sentia-se uma noiva enganada. Tinha ido vestido de branco para uma coligação que fazia sentido e de repente assinara no registo civil o acordo e quando chegara ao altar ou à boda, eis que lhe aparecera o noivo com uma amante. Sentia-se enganado. Era só uma questão pessoal e quem não se sente não é filho de boa gente, como dizia a Senhora Presidente da Assembleia Municipal. -------------------------------- ----- Mas passando à Proposta n.º 15/2011, que era proposta para discussão pública relativa à reforma administrativa da Cidade, era quanto ao PPM uma maneira sibilina de fazer aprovar uma reforma que ia acabar com o acesso dos lisboetas à governação do espaço envolvente, onde labutava, vivia e criava os seus laços familiares e humanos. Era sabido que ao longo da vida se conhecia pelo nome e visualmente, 1200 a 1500 pessoas. Tomava-se conhecimento e podia-se fixar o rosto, mas não os nomes de até cerca de 10000 a 12000 pessoas. A partir deste número não era possível reconhecer ou saber nada da vida de mais ninguém, e isto era exactamente o número que se queria e que naturalmente constituía o núcleo de freguesia. ------------------------ ----- Lisboa crescera desse modo, à medida que os fregueses deixavam de se conhecer, dividia-se a freguesia. Isso era a Lisboa dos bairros; Madragoa, Alfama, Mouraria, Castelo, Olivais, Marvila e actualmente, Telheiras, Parque das Nações. Aquela reforma administrativa da Cidade era um contra-censo de tudo o que o elenco camarário proclamava. Falava da Lisboa dos bairros, mas acabava com os seus representantes directos. Fazia super-juntas de freguesia e, claro, os candidatos seriam nomeados pelos partidos e não impostos por núcleos locais de freguesia e não era difícil prever que esses nomeariam de modo próprio os seus representantes nos bairros ou nas extintas e antigas freguesias. E assim falavam em atribuir mais poderes às Juntas, mas só se aquelas fossem reduzidas para metade. ------------------------------------ ----- Mal ia aquela forma de impor o poder central ao povo lisboeta. Para esconder a tanga que os obrigavam a usar, tentavam impor-lhes a canga. O PPM estaria na disposição de votar favoravelmente aquela proposta de debate público, se o tempo de informação e discussão fosse mais alargado, de forma a que os lisboetas que não compravam os jornais nem tinham acesso à Internet, fossem esclarecidos e tomassem conhecimento das consequências das suas vidas daquela reforma. Em 30 dias para discussão pública nas 53 freguesias? Parecia-lhes que era uma manobra de propaganda política, com falta de consideração pelos fregueses, que iam perder os seus representantes mais próximos sem terem conhecimento disso, e em prol de um centralismo que nem Salazar, nos seus melhores dias, conseguira. ------------------------- ----- A Senhora Deputada Municipal Cláudia Madeira (PEV), no uso da palavra, disse que uma reforma administrativa das freguesias de Lisboa era um assunto de extrema importância para o futuro da Cidade, pelo que no PEV entendiam ser

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necessário um debate o mais participado, plural e amplo possível, sem qualquer tipo de atropelo a essa discussão. --------------------------------------------------------------------- ----- Estavam perante a Proposta n.º 15/2011 que visava lançar a discussão pública da reforma administrativa da cidade de Lisboa baseada na proposta que resultara de um acordo entre PS e PSD e que previa uma redução do número de freguesias de 53 para 24. O que lhes era apresentado e o que aparentemente se pretendia com aquela reforma administrativa era a racionalização do território e a introdução de melhorias no serviço prestado aos cidadãos. ---------------------------------------------------------------- ----- Ora, seria bom que se dissesse que os problemas da Cidade não tinham a sua base na actual divisão administrativa, mas sim, nas políticas que tinham sido seguidas e que tinham reflexos negativos, fazendo com que fosse cada vez mais difícil resolver esses problemas. Era verdade que já havia muito tempo se falava da necessidade de uma reforma administrativa na Cidade, da urgência de reorganizar as freguesias de Lisboa, e o PEV não negava completamente uma reforma administrativa da Cidade, mas era preciso perceber a verdadeira razão para o fazer e estavam perante uma proposta que visava melhorar o funcionamento da cidade de Lisboa ou estavam perante uma proposta que visava corresponder aos interesses do PS e do PSD? --------- ----- Assim, no entendimento do PEV, e não rejeitando a possibilidade de se proceder a uma reorganização administrativa, esta fase tinha de ser encarada como o ponto de partida para um amplo debate público, envolvendo toda a população e abrangendo as diferentes alternativas para uma reforma administrativa da Cidade, ou seja, as várias propostas que tinham sido ou que viessem a ser apresentadas no decorrer daquele processo, e de facto, perante isso não percebiam como é que, havia dias, se assistira na Assembleia da República a um momento de enaltecimento do acordo alcançado entre PS e PSD, que resultara dos interesses de cada um daqueles partidos, que apenas eram concorrentes quando calhava. Mas a verdade fora mesmo essa, como lhes interessara PS e PSD lá se haviam entendido para apresentar uma proposta que lhes conviria a ambos. Em vez de terem pensado numa reorganização que atendesse às necessidades da população e o que tinham era um acordo que dividia o mapa da Cidade consoante determinados interesses partidários. ------------------------------------------------------------- ----- É que, contrariamente ao que PS e PSD queriam fazer crer, não havia apenas uma solução para aquela reforma administrativa. Efectivamente não existia só aquela proposta e nada estava decidido. Todas as propostas existentes e as que ainda viessem a surgir tinham toda a legitimidade em relação àquela para serem levadas à discussão pública. Aliás, convinha lembrar que aquele processo fora precedido de um estudo elaborado pelo ISEG e pelo ICS, identificando várias soluções possíveis, mas era claro que a Câmara Municipal apenas retivera as considerações que lhe eram favoráveis, e fora seguramente aquela a razão para que tivessem ficado esquecidas algumas considerações sobre a área metropolitana de Lisboa. Parecia-lhes, portanto, evidente a necessidade de se ter um amplo debate sobre aquele processo que se pretendia aberto e acolhendo as diversas opiniões, experiência e conhecimento das pessoas que deviam estar envolvidas no decurso daquele processo. Só assim, na perspectiva do PEV, se podia trabalhar de forma a ter uma proposta que fosse de

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encontro às necessidades e especificidades da Cidade, dos seus moradores e de todos os que a utilizam. ----------------------------------------------------------------------------------- ----- As razões apresentadas sobre as profundas discrepâncias geográficas e demográficas não podiam ser razão suficiente para extinguir e fundir freguesias, passando por cima de alguns factores que lhes pareciam essenciais. Havia freguesias onde estava concentrado o coração de Lisboa, zonas com história e com importância cultural. Freguesias que faziam a história e a memória da Cidade e como tal deviam ser mantidas. Logo, para se avançar com qualquer proposta de reforma administrativa da Cidade era indispensável que se tivesse em consideração alguns aspectos, como a história, a cultura, a população, o urbanismo e o planeamento, entre outros. Numa proposta de divisão administrativa não se podia ignorar aspectos históricos, relações de vizinhança e de proximidade. Por isso mesmo, a Cidade tinha que ser pensada como um todo, mas tendo sempre em conta as especificidades e necessidades de cada freguesia. Depois havia outras questões que lhes levantavam sérias dúvidas e reservas. ----- Primeiro, preocupava-os o facto de se aumentar a dimensão das freguesias, o que podia potenciar um distanciamento ainda maior entre a população e os eleitos. A realidade é que a redução do número de freguesias proposta iria criar freguesias com dimensões de tal ordem, que podia vir a dificultar o contacto com as populações, o que se devia evitar, na perspectiva do PEV, sobretudo se pretendiam uma democracia participada e uma aproximação entre os eleitores e os eleitos. Aliás, uma nova divisão administrativa deveria ser orientada tendo como preocupação, não só uma maior aproximação entre as freguesias e as populações, como também uma oportunidade para reafirmar a necessidade de dotar as freguesias dos meios e condições necessárias para desenvolverem as suas atribuições e competências. ------------------------------------ ----- Neste contexto, era de salientar que as juntas de freguesia beneficiavam de uma posição única e privilegiada de proximidade com a população. Conheciam melhor a sua área, os equipamentos, necessidades, problemas e características. Claro que para que as juntas de freguesia pudessem aplicar os seus conhecimentos, estreitando cada vez mais os laços com os munícipes, que era o que se pretendia, era necessário haver um reforço dos recursos que estavam ao seu dispor. Em segundo lugar, e como se sabia, havia intenção de alterar a legislação autárquica no que dizia respeito a composição e às competências dos Órgãos Municipais. ------------------------------------- ----- Ora, a própria redução do número de freguesias, patente na proposta aprovada pela Câmara Municipal, implicaria alterações na composição daquela Assembleia Municipal, pois teriam uma diminuição do número de presidentes de junta de freguesia, e teriam também uma provável diminuição da diversidade política, a nível das presidências das juntas. Acrescia a essa situação, que caso avançasse a proposta para que os executivos camarários fossem monocolores, também poderia haver alterações no número de eleitos directamente. Perante esse cenário parecia-lhes que a redução do número de freguesias não era mais do que um meio para reduzir a representatividade e a diversidade. -------------------------------------------------------------- ----- Em terceiro lugar, havia também outra referência no tópico sobre a implementação do novo modelo de governação da cidade de Lisboa, na pág. 7, que

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propunha que no período transitório, ou seja, desde a aprovação das alterações ao termo do actual mandato dos presidentes de juntas de freguesia, fossem criadas comissões instaladoras das novas juntas, constituídas pelos actuais presidentes. Não iria isso, perguntava o PEV, impossibilitar que aqueles presidentes de junta cumprissem o mandato completo para as funções para que tinham sido eleitos? quer dizer, os presidentes tinham sido eleitos para cumprir o seu mandato com as funções e competências inerentes a esse cargo e não para estarem numa comissão instaladora. Os mandatos haviam sido concebidos para 4 anos e era isso que devia ser cumprido. No fundo, e para concluir, voltavam ao início da sua intervenção; uma reforma administrativa era um assunto demasiado complexo e sério que devia ser discutido com o tempo necessário, de uma forma alargada e participada, nunca devendo estar sujeitos a pressas. Razão pela qual haviam concordado com a data de 24 de Abril na Conferência de Representantes. ------------------------------------------------------------------ ----- Este processo devia, por isso, integrar as várias propostas que surgissem ao longo do processo e devia ouvir as populações sobre essa matéria e aquela Proposta n.º 15/2011 não previa isso. Uma última nota, apenas para referir que não concordavam com esse acordo ente o PS e o PSD, reflectido na Proposta n.º 15/2011, e consideravam que todas as propostas deviam ser levadas à discussão pública. ----------- ----- O Senhor Deputado Municipal João Bravo (PSD), no uso da palavra, referiu que a reforma administrativa da cidade de Lisboa era uma necessidade sentida desde há muito. A demonstração disso era a existência das várias Comissões para a divisão administrativa da Cidade que se haviam sucedido ao longo dos últimos mandatos.------ ----- Simultaneamente, fora-se consolidando a figura do presidente de junta-mendigo – aquele que ia do presidente, do vereador, do director municipal, mendigando mais um apoio para a sua freguesia, mais uma atenção para aquele e para o outro assunto; “já agora Sr. Presidente, por favor, veja lá isso do mercado, veja lá aquilo da piscina, façam aqui qualquer coisa, dê uma ajudinha”. ------------------------------------------------- ----- As juntas de freguesia, julgava que era consensual e reconhecido, desenvolviam com mais eficiência e com mais eficácia as tarefas que lhes estavam actualmente atribuídas, por isso não se compreendia porque é que nas juntas de freguesia havia uma falta tão grande de competências que permitissem aos fregueses, quando a elas se dirigiam, uma resposta diferente de “isso não é competência da Junta, para isso tem que se dirigir à Câmara, tem que se dirigir a Governo, tem que ir mais longe, nós aqui não podemos”. Não se compreendia, uma Lisboa de 53 freguesias, que depois não tinham respostas para dar aos seus fregueses. Ao alargar o leque das competências atribuídas às juntas de freguesia, julgava que estariam concerteza a aumentar a qualidade do serviço, que nelas era prestado aos cidadãos de Lisboa, cidadãos esses que eram cada vez mais exigentes, cada vez mais informados e por conseguinte cada vez menos compreendiam aquilo que era a realidade actual., das 53 freguesias, mas sem respostas. --------------------------------------------------------------------------------------- ----- Convicto de que esta reforma traria consigo, acima de tudo, uma maior qualidade nas respostas que as juntas de freguesia estariam aptas a dar aos seus fregueses, convicto de que aquela era uma reforma, antes de mais ansiada por parte das

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populações, pelos motivos atrás expostos, ele próprio, que exercia no momento um cargo de presidente de uma das juntas que viriam a ser extintas, queria deixar ali o seu apreço e o seu reconhecimento pelos dirigentes partidários que haviam conseguido consensualizar aquele acordo e aquela proposta, que em sua opinião não era perfeita, mas seria viável, seria possível, e sendo a bem dos residentes e dos cidadãos de Lisboa, não lhe parecia que nenhum presidente de junta democraticamente eleito pudesse de forma alguma, em consciência, opor-se a ela. ----------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Luís Baptista (PS), no uso da palavra, disse que estavam naquela sessão da Assembleia Municipal a discutir uma proposta que, eventualmente, seria a proposta mais importante daquele mandato e era importante registar aquele facto por várias ordens de razões, a primeira das quais, por aquilo que ela encerrava. --------------------------------------------------------------------------------------- ----- Aquela proposta tinha querido trazer um tema novo para a discussão porque ela representava da parte da Câmara Municipal, dos seus subscritores, o reconhecimento do papel das juntas de freguesia e era importante referenciar aquele facto. Sobretudo, aquilo que se pretendia com aquela proposta era dignificar e dar valor àquilo que era o papel e o desempenho dos autarcas das freguesias e querer escamotear isso era uma questão absolutamente insanável, e essa era uma nota que queria trazer à colação porque, manifestamente, ela estava no centro do debate. Evidentemente que começava por se pretender atribuir mais competências próprias às juntas de freguesia, e a propósito dessa questão iria fazer desde logo uma relação entre aquilo que a proposta dizia e aquilo que a proposta que tinham ouvido o BE apresentar, dizendo que em vez de terem mais competências atribuídas pela Assembleia da República, a Câmara Municipal poderia, mais rapidamente, atribuir mais competências. Bom, com o rigor dos factos é que se deviam tratar aquelas questões e em primeiro lugar, não estavam a comparar situações comparáveis, e era bom que se dissesse e se sublinhasse isso, não se lograsse enganar os eleitores e os cidadãos de Lisboa, porque do que se tratava era que com aquela proposta, se como esperavam e desejavam, ela fosse aprovada na Assembleia da República, aquilo que acontecia era que as juntas de freguesia pudessem ter mais competências próprias, ou seja, deixavam de estar ao livre arbítrio dos autarcas do município, e essa era uma questão essencial para a dignificação, que era uma matéria fundamental das Juntas de Freguesia e dos seus autarcas. --------------- ----- A segunda nota era relativa a mais meios. Era importante dizer-se que quando se pretendia referenciar, e naquela Assembleia Municipal pensavam que era uma matéria em que estavam todos de acordo, as juntas de freguesia exerciam muitíssimo bem as suas competências e os seus meios, e gastavam muitíssimo bem os dinheiros públicos e potenciar esse reconhecimento devia registar-se e realçar-se o facto de por essa proposta se pretender aumentar ainda mais aquilo que eram os meios próprios, as competências e também os meios para efectivamente pôr em prática essas competências. --------------------------------------------------------------------------------------- ----- Quando se falava em meios, falava-se em dois tipos de meios, meios financeiros e meios técnicos e eram duas questões essenciais e com uma preocupação de, em tempos de rigor, dizer, aduzir e assumir que não estavam a falar de aumento de

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despesas, estavam a falar de verbas que saíam do orçamento municipal e havia aí um compromisso de não haver um aumento de despesas o que era também uma matéria importante, sobre a qual merecia realmente a pena saudar aquilo que era um acordo político essencial. ---------------------------------------------------------------------------------- ----- A propósito de acordo faria ali uma nota para dizer que era pena, era lamentável que na sede do Parlamento de Lisboa não fosse realçado o facto dos dois partidos do centro político, os dois partidos do arco governamental fazerem um acordo que era um acordo estratégico fundamental. Como se o acordo entre os partidos fosse uma coisa criticável. Era evidente que na política para haver reformas era absolutamente essencial que houvesse acordos, e o acordo político feito daquela forma, com total transparência, feito com discussão, feito abertamente, e perfeitamente às claras, era um acordo que só dignificava os seus eleitores. Desse ponto de vista rejeitava liminarmente algumas afirmações com carácter pejorativo que tinham sido aduzidas a propósito daquela matéria, porque aquele acordo, pelo contrário, enobrecia os seus subscritores. Era um acordo que acima de tudo pretendia ser feito com total transparência, porque aquilo que estava consignado nesse acordo era algo que congratulava os cidadãos de Lisboa, porque ao contrário daquilo que já fora afirmado nesse dia, essa reforma ia permitir fazer com que os cidadãos de Lisboa fossem mais bem representados. --------------------------------------------------------------------------------- ----- Aquela reforma não pretendia, como já ali tinham ouvido dizer, fazer uma redução da representatividade na Assembleia Municipal. Bom, se hipoteticamente viesse a acontecer, essa redução seria apenas uma consequência do voto democrático. Não era isso que se pretendia, o que se pretendia era que houvesse, da parte das Juntas de Freguesia, maior capacidade para dar satisfação aos anseios e necessidades dos cidadãos que representavam, portanto, desse ponto de vista, parecia-lhes que aquela proposta preenchia todos os requisitos, e parecia-lhes também que preenchia mais um requisito, que era o facto de ter toda a legitimidade. Fora muitíssimo bem trabalhada, estava assente num suporte técnico-científico que já fora muito bem referenciado, um estudo elaborado por uma equipa de duas universidades. ------------------------------------ ----- Ainda a propósito desse estudo, não era verdade que se dissesse que o único pressuposto em que assentava, como já ali tinham ouvido dizer pelo CDS, que o único estudo verdadeiro era o das 9 freguesias, não era verdade, como todos os que haviam analisado os estudos elaborados tinham sido apresentados 3 cenários; o das 53 juntas de freguesia, o cenário intermédio da manutenção passaria de 53 para 27 naquela proposta, e um outro cenário, das 9 freguesias, e portanto não era verdadeiro dizer-se que o único cenário que correspondia aos estudos era aquele que teria as 9 juntas de freguesia, não correspondia à realidade. Assim como também não era verdade que a proposta que o BE pretendia apresentar nesse dia, no sentido de terem os doze distritos urbanos fosse aquela que melhor representava os interesses. --------------------- ----- A propósito dessa matéria conviria também dizer que quer a proposta do CDS, quer a proposta do BE, independentemente delas virem a ser votadas e rejeitadas naquela Assembleia, como certamente esperavam que acontecesse, elas poderiam ser apresentadas em sede de debate público porque era bom que se dissesse que a

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discussão pública que se pretendia fazer e que demoraria o tempo que era normal e necessário, os 30 dias habituais, e que certamente era aquilo que todos esperavam que acontecesse. Os 30 dias acabariam no final do mês do Março, e durante esse espaço de tempo em que todos se iriam envolver e participar na discussão o mais possível ampla, o CDS-PP e o BE poderia apresentar as suas propostas e depois seriam analisadas em sede final quando fosse elaborado o relatório, para além de que quando esse período estivesse encerrado seria apresentada a nova proposta em sede Câmara e de Assembleia Municipal e só posteriormente é que esse tema seria tratado em sede própria que era a Assembleia da República, e também aí, evidentemente, na Assembleia da República, o BE e o CDS-PP poderiam apresentar as suas propostas e aí, no local próprio apresentá-las para serem votadas e sufragadas, e se tivessem apoio para tal, serem aprovadas. ------------------------------------------------------------------------- ----- A Senhora Deputada Municipal Lurdes Pinheiro (PCP), no uso da palavra, disse que tinha-lhes sido proposto lançar uma discussão pública sobre uma reforma administrativa da Cidade, que se traduzia na redução substancial do número de freguesias. ------------------------------------------------------------------------------------------- ----- A base para essa discussão trazia da vereação um leque aparentemente amplo de subscritores, mas isso não lhe dera a solidez que faltava nas versões que antes haviam sido divulgadas. Não era consistente a fundamentação da urgência dessa mudança. Não via o PCP, qualquer necessidade de aglutinar freguesias apenas com o argumento geral de que 53 eram muitas e de que algumas delas eram demasiado pequenas ou demasiado grandes. -------------------------------------------------------------------------------- ----- Em Santo Estêvão e no Bairro de Alfama tinham boas experiências de cooperação entre várias freguesias com o envolvimento da Câmara, desde a presidência a departamentos e serviços ou empresas municipais. A possibilidade de alargar esse tipo de cooperação não estava esgotada, mas fora ignorada pelos autores da proposta. A reconstituição do mapa das freguesias precisava de ser solidamente justificada em cada caso concreto e devia ter, efectivamente, como finalidade uma melhor governação, que respondesse aos justos interesses de quem vivia e trabalhava em Lisboa, e que levasse em conta a história, a tradição, a cultura, os relacionamentos colectivos, enfim, a vida real das freguesias e dos bairros. ---------------------------------- ----- Nalgumas intenções da proposta, isso até estava contemplado, mas essas intenções eram postas em causa por tudo aquilo que até o PS e o PSD tinham feito no município e no Governo, tal como eram contrariadas pelas medidas futuras que vinham defender. Conhecendo o passado recente, que crédito poderiam dar à proclamada ambição de descentralizar do estado para os Municípios e destes paras Freguesias? Toda a descentralização havia sido arrancada a ferros e só se concretizava porque as freguesias haviam provado que faziam melhor, mais depressa e mais barato, e porque as populações exigiam que os problemas fossem resolvidos e a Câmara não era capaz de responder a essas justas exigências. --------------------------------------------- ----- Com tanto empenho que se falava de reforma administrativa, até se podia concluir que essa era mais uma maneira de certos políticos fugirem às suas responsabilidades. O actual quadro administrativo seria uma espécie de crise

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internacional, quando não um Tsunami. Para justificar o fraco desempenho que tinha governado a Cidade. Mas olhassem a proposta mais em concreto. Que sentido fazia aglutinar numa só freguesia, os bairros de Alfama, do Castelo, e da Mouraria e toda a zona da Baixa? Isso era o que os promotores da proposta entendiam como espaços de entidade reconhecidos pelos cidadãos? o novo leque de competências apenas era novo naquilo que a Câmara queria alienar, mas com esse novo quadro, ter apenas uma Junta com um presidente e quatro vogais, seria melhor para a população do que ter doze juntas, doze presidentes e 24 vogais? Ficaria, como dizia a lei, apenas um presidente em permanência? Mas actualmente podiam ficar seis e eleger uma Assembleia de Freguesia com treze membros. Seria melhor do que eleger 12 com 96 representantes. - -----Se a Câmara actualmente não respondia, se a descentralização era insuficiente, como poderia actuar essa nova autarquia? Ia tratar da gestão e manutenção do espaço público, excepto o que estava concessionado, mas tinha de garantir a uniformidade estética e funcional. Poderia apoiar actividades desportivas, mas não a que tivessem apoio municipal. Mas teria quaisquer competências em tudo o que fosse considerado estruturante para a Cidade, como já se vira no que era dito quanto à habitação? Essa nova freguesia teria ainda competências delegadas pela Câmara, até com o eventual destacamento de funcionários municipais, mas não era dado um único exemplo de que poderia ser delegado. E que meios financeiros teria a nova freguesia? Mais do que as actuais 12? Claro que não. Tudo ficaria igual, excepto o valor a calcular para as novas competências próprias que não estavam já em protocolos. O nome podia ser Freguesia, mas com esses contornos a coisa ficaria muito semelhante a um departamento municipal. Fosse qual fosse a reconfiguração administrativa, uma melhor governação só seria alcançada se o poder central respeitasse o quadro de competências das freguesias e lhes atribuísse meios adequados, e se a Câmara Municipal desse boa conta das suas responsabilidades próprias e cumprisse integralmente os acordos que estabelecia com as freguesias. -------------------------------- ----- Ao bom desempenho das freguesias do município não era indiferente a opção político-partidária de quem os dirigia, nem o contexto político mais geral em que actuavam. Os eleitos do PCP e da CDU mostravam no dia a dia uma diferença pela positiva. ---------------------------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal António Ferreira de Lemos (CDS-PP), no uso da palavra, disse que a Câmara Municipal de Lisboa apresentar uma colecção de estudos elaborados por insignes personalidades sobre a reforma de Lisboa, e abarcando a qualidade de vida e o governo da Cidade. --------------------------------------- ----- Congratulavam-se com essas iniciativas e saudavam a Câmara por ter constatado essa necessidade. No relatório final do ano passado eram apresentadas as bases para o novo modelo de governação da Cidade de Lisboa. As reformas na governação de Lisboa assentavam em 4 pilares - o que a Cidade era, o que a Cidade pensava e procurava, o que a Cidade sonhava, o que a Cidade projectava.----------------------------- Sobre estes 4 pilares, para o suporte das reformas, nada disse a maioria que governava a Câmara, nem lhe fora suficiente a ajuda do partido com maior representação naquela Assembleia. -----------------------------------------------------------------------------------------

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----- À relevante questão de que poderes tinha Lisboa para determinar o seu projecto futuro, podia o CDS-PP responder. Estagnação económica com decrescimento e envelhecimento da população, cada vez menos competitividade e com mais carga fiscal, péssima qualidade de vida, mau sistema de governação. Era bastante paradoxal a presente situação de Lisboa numa Cidade, a nossa Cidade, com elevadas potencialidades, com uma profunda força histórica, sociocultural identitária surgia-nos no séc. XXI, com lastro de dificuldades na exponenciação das suas vitalidades, todos sabiam que esse paradoxo residia essencialmente nas estruturas e modelos de governação instalados na Cidade. ---------------------------------------------------------------- ----- Esta situação revelava pontos fracos e ameaças que era urgente erradicar. Desde logo havia uma afirmação envergonhada da Cidade como objecto sociopolítico, as elites políticas e económicas mantinham-se pouco interessadas na problemática da Cidade. Não estavam colocadas, debatidas e divulgadas as estratégias e os grandes desafios de Lisboa. Esta ausência de estratégia era, sobretudo, muito débil na perspectiva de políticas à escala metropolitana, o que confere à cidade capital de Portugal um peso político reduzido face ao panorama institucional e técnico-administrativo da região metropolitana de Lisboa. -------------------------------------------- ----- A Câmara de Lisboa possuía uma estrutura organizacional não orientada para respostas céleres e eficazes ao quotidiano dos munícipes e caracteriza-se por uma opacidade, falta de transparência na maioria dos processos decorrentes da administração municipal, com evidentes reduzidos processos de avaliação e de fiscalização, tanto no plano interno como no plano externo. As Juntas de Freguesia muito desiguais e extremamente débeis e com baixos níveis de capacidade e autonomia estavam muito dependentes de terceiros, a que acrescia uma hipertrofia da responsabilidade e decisão nas direcções municipais e nos gabinetes dos vereadores executivos que tornavam moroso o processo de ligação de competências da Câmara nas Juntas. ------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Constatavam que a governação da Cidade se encontrava espartilhada entre vários municípios e as estruturas organizativas metropolitanas eram ou inexistentes ou quase, exercendo funções, a maior parte das vezes muitíssimo pouco relevantes. O aumento da competitividade internacional de Lisboa seria uma alavanca fundamental para a economia nacional. Para saberem interpretar a Cidade e saber governar a Cidade, havia que procurar movimentos de reforma a todos os níveis. Registava que o cumprimento da República de Lisboa após 1910 radica na República formal e igualdade política na Cidade, a cidade residencial e as infra-estruturas de base, a cidade industrial, comercial e financeira, a dotação de equipamentos e de serviços públicos assistenciais, a consolidação das funções da capitalidade à escala nacional e metropolitana (como estava no estudo que haviam apresentado), o cumprimento da democracia e desenvolvimento económico-social após 1974 e também constante do mesmo estudo referia a equidade social e o acesso à habitação, mobilidade, saneamento, ambiente, saúde, educação, envelhecimento, enfim, ao bem público e à coesão social. ---------------------------------------------------------------------------------------

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----- A governação metropolitana, a cidade de Lisboa com centro inequívoco em Lisboa, a governação a participação e o envolvimento cívico requeriam transparência e proximidade. Ao avançar para a discussão pública de tão importante tema, nada podia ser sonegado, todas as opções deviam ser colocadas. Já se tornara fortemente evidente que o enfrentar de uma série de problemáticas centrais para a região de Lisboa só se conseguia de forma integrada e activa no âmbito político que contemplasse a escala metropolitana com efectivos poderes e competências que permitissem ultrapassar a incapacidade que Lisboa revelava diariamente a todos os cidadãos e aos seus próprios residentes, e que esses tivessem diminuído brutalmente nas últimas décadas, colocando em perigo a própria viabilidade de Lisboa nos actuais limites administrativos. ---------------------------------------------------------------------------- ----- Não parecia haver razão para que o governo da república e de Lisboa se sentisse tão encorajado pelo exemplo de Lisboa, que pudesse e devesse avançar bastante mais do que uma redutora proposta a discussão pública, sem incluir a dimensão metropolitana e sem saber da sustentabilidade da Cidade e, sobretudo, das suas freguesias.-------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Continuou, dirigindo-se à Sr.ª Presidente e dizendo que, actualmente, se discutia entre os ministros das finanças da União Europeia, o pacote legislativo para o reforço da governação económica, havia meses em cima da mesa, e que os 27 estados membros queriam ver em vigor até ao Verão. Nesse dia, ali naquela Assembleia, discutia-se a reforma da Cidade, e a Câmara, com o apoio do PSD, sentia-se muito encorajada e motivada pelo exemplo da Cidade de Lisboa. Na Europa, a actual presença da União Europeia queria um acordo até Março seguindo-se a discussões com o Parlamento Europeu que tinha poder de co-decisão naquele pacote legislativo, as questões essenciais eram as orçamentais (que também eram tema do dia nos EUA) e uma ampla reforma do pacto de estabilidade e crescimento. Ambos procuravam detectar e corrigir os desequilíbrios que existiam e se agravavam na EU e na Zona Euro. ------------------------------------------------------------------------------------------------- ----- O que ali se discutia e que era parte dos problemas dos municípios em geral e em particular de Lisboa, suscitava um forte encorajamento por parte do governo e da Câmara e um total alheamento da população, e esperavam haver capacidade da Câmara e da Assembleia em promover um claro e participado debate público por parte da população em geral e das elites económicas sociais e culturais, que pareciam ter desistido de participar por clara falta de iniciativa que os tornassem úteis. Era o momento de se associarem, de se assumirem autónomos e de iniciar um processo com transparência democrática, que permitisse dar conteúdo às próximas discussões públicas da reforma da Cidade, para que não lhes sucedesse o mesmo que estava a verificar a nível europeu, com graves consequências para o enorme esforço exigido a quase todos os portugueses e empresas que prosseguiam nesse modelo. ------------------ ----- Nada mais lhes restaria do que muitos anos de estagnação, para não dizer quase certamente de recessão, que conduziria assim à esquizofrenia política semanal, de que o momento actual era um bom exemplo e um péssimo sinal de confiança e estabilidade política e psicológica de todos os portugueses, e lisboetas em particular.

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Reclamavam, em particular, por transparência e verdadeiras propostas alternativas que assegurassem a sustentabilidade de Lisboa e de Portugal, exemplos também da base para o topo, onde aí mesmo a situação de Portugal voltara a ser tema na conferência de imprensa internacional, com um certo alívio momentâneo, introduzido com muitas precauções por Jean Claude Juncker. A similitude desta situação não trazia bom augúrio para o futuro de Lisboa, que se permitia ver como um município consolidado, viável, jovem e competitivo, que há muito deixara de ser e não sabia como enfrentar as novas realidades nacionais e metropolitanas. ----------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Filipe Lopes (IND), no uso da palavra, disse que não punham em causa a necessidade de reforma administrativa, já se haviam pronunciado várias vezes sobre a sua importância, e a importância da discussão pública, que no seu entender devia ter uma duração mínima de 2 a 3 meses para poder ser eficaz, mas queria fazer ali um apelo. Não podiam perder uma parte importante do que a nível colectivo tinham de melhor, a proximidade, as relações vivas de vizinhança, o sentimento de pertença a uma comunidade e a um território, as redes de entreajuda real e actuante. Aquilo que permitia que uma pessoa não fique morta em sua casa esperando 9 anos pelo funeral. -------------------------------------------------------- ----- Tinham uma experiência secular de municipalismo que os distinguia e tornava ricos de uma vida local, construída à volta de centralidades consubstanciadas pelas freguesias que davam um nome ao local e a base da organização social com que a população se identificava, reconhecendo-se nela e por ela. Falara desse assunto da morte na Rinchoa, e tinham tido na televisão um breve apontamento, que mostrava entrevistas de pessoas vivendo naqueles bairros que citara, em que se evidenciava que aquela situação não poderia acontecer naqueles bairros. Isso fora entendido de há muito, que nos bairros antigos de Lisboa se guardava cuidadosamente essa riqueza, ao manter os habitantes nas suas casas, que o mesmo era dizer, no envolvimento das suas redes de solidariedade e de cultura próprias. --------------------------------------------------- ----- Pelo contrário, actualmente arriscavam-se a ir pelo caminho errado, ao apagar os traços distintivos dos diferentes grupos, na sua diversidade compunham o corpo vivo da Cidade e criavam a substância específica. Ao invés da centralização, deveriam nos grandes espaços administrativos que eram as freguesias, resultantes do crescimento urbano moderno, suscitar a formação de unidades locais, à semelhança das pequenas freguesias antigas. Dessas sairiam representantes eleitos, que à maneira dos antigos homens bons iriam, benévolos e empenhados dar a voz aos problemas dos seus vizinhos, no agrupamento adequado de freguesias reunidas para administração do respectivo território. Isso era tudo compatível com as diversas propostas que tinham sido apresentadas. ---------------------------------------------------------------------------------- ----- A desumanização a que estavam a chegar as interacções sociais no espaço urbano, que os sociólogos desde há muito denunciavam, e a realidade confirmava dolorosamente, devia constituir ali naquela Assembleia, um motivo sério de reflexão, que deveria orientar as suas decisões em matéria de tão grave melindre. Por isso, propunham a manutenção das actuais freguesias, que escolheriam os seus representantes funcionando de um certo modo como circunscrições de eleição, a

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possibilidade de criação de novas freguesias por divisão das grandes, e a criação de uma forma eficaz de agrupamento em juntas de freguesia. ---------------------------------- ----- Isso, efectivamente podia colar perfeitamente às propostas apresentadas, só que mantinha o tecido que era uma riqueza, o tecido das freguesias existentes. Havia depois uma divergência entre o papel da freguesia, da pequena freguesia, que era um papel de proximidade e um papel que se queria estender e desenvolver, e bem, em unidades funcionais com a dimensão própria, que eram os agrupamentos de freguesia e isso era incompatível. Ou se mantinha uma proximidade dos cerca de 1000 a 2000 habitantes e depois uns agrupamentos poderiam ir aos 15000 ou 20000, ou o número que tecnicamente fosse mais aconselhável, e isso tinha a vantagem de manter o existente, de ser flexível, e de se poder mudar os ajuntamentos conforme a evolução da vida e das necessidades. ----------------------------------------------------------------------- ----- A Senhora Deputada Municipal Irene Lopes (PS), no uso da palavra, começou por dizer que Lisboa e os lisboetas estavam abrangidos pela administração directa do estado, pela administração indirecta do estado, pela administração directa municipal, pela administração indirecta municipal, pela administração participada pelo município e pela administração da freguesia. A interacção entre os diferentes níveis de administração e a organização de cada um deveriam garantir a maior eficácia exigível pelos cidadãos com o mais elevado padrão de qualidade e com os menores custos para o erário público, respeitando o princípio da subsidiariedade. ------------------------------- ----- Lisboa possuía todo um conjunto de problemas, alguns dos quais se tinham sobreposto ao longo do tempo e que implicava a existência de uma organização que fosse capaz de responder aos desafios que actualmente se colocava às grandes cidades europeias e que iam desde as carências económicas ao abandono do centro da cidade, à degradação do património imobiliário, ao trânsito e estacionamento desordenado, à criminalidade, à poluição e degradação ambiental, à sujidade e ao desleixo no espaço público, ao envelhecimento da população, aos problemas sociais, à integração das minorias, à existência de cidades-satélite e ao seu enquadramento numa área metropolitana. -------------------------------------------------------------------------------------- ----- A resolução dos problemas que a cidade colocava exigia, como sucedera noutras cidades europeias, uma nova organização do espaço que permitisse uma maior aproximação entre os cidadãos e o município. Os problemas referidos não eram os mesmos, nem se faziam sentir da mesma forma em todas as zonas da Cidade, pelo que o conhecimento dos problemas e a sua solução exigia uma maior desconcentração e descentralização dos poderes atribuídos à Câmara Municipal de Lisboa. A reorganização dos serviços camarários, recentemente aprovada naquela Assembleia, permitia a desconcentração e a criação de condições para reforçar a descentralização territorial especializada de competências. O reforço da descentralização nas freguesias já se iniciara e a Proposta 15/2011, aprovada por larga maioria em reunião de Câmara, e que nesse dia ali apreciavam, permitia o reforço da proximidade, eficiência e rigor e, portanto, um melhor governo da Cidade. A proposta 15/2011 baseava-se no modelo intermédio sugerido nos estudos do ISEG e ICS, e resulta de um acordo histórico

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entre o PS e o PSD que haviam sabido colocar os interesses da Cidade acima dos interesses partidários. ------------------------------------------------------------------------------ ----- A proposta apontava para um modelo de governo que dotava as freguesias de mais competências próprias, de mais meios para o exercício das competências e, consequentemente, para um novo mapa administrativo da Cidade de Lisboa, pois mais competências e mais meios exigiam unidades políticas de maior dimensão. Os deputados municipais do PS apoiavam com grande satisfação a Proposta, e empenhar-se-iam na realização da sua discussão pública junto da população e autarcas da Cidade, por forma a serem acolhidos contributos válidos para uma proposta final, a ser novamente votada em Câmara e na Assembleia Municipal e, posteriormente, apresentadas à Assembleia da República. ------------------------------------------------------ ----- O Senhor Deputado Municipal Jorge Ferreira (PCP), no uso da palavra, disse que a Freguesia da Madalena seria uma das mais pequenas da Cidade, com 448 eleitores e cerca de 600 moradores, no entanto, se tivessem em consideração todos os que circulavam regularmente nessa freguesia, esse número aumentava muito significativamente. O seu trabalho pautava-se pela política de proximidade. ------------- ----- Assim sendo, estava convencido que a situação verificada há poucos dias em Rio de Mouro, onde uma senhora idosa falecida há quase 9 anos, sem que ninguém se tivesse apercebido, seria quase impossível de acontecer na sua freguesia. Em resultado do trabalho de parceria que há muito haviam estabelecido com as equipas do policiamento de proximidade, o Regimento de Sapadores Bombeiros, a Corporação de Bombeiros Voluntários da sua freguesia, a Igreja e a Irmandade da Madalena e as colectividades da freguesia, e que com verbas reduzidas asseguravam um ATL com cerca de 30 crianças e jovens, com um custo de cerca de 2 euros por dia/por participante, com um espaço de convívio diário e actividades muito diferenciadas, envolvendo 4 dezenas de seniores, sendo muito dos participantes de fora da freguesia e alguns mesmo de fora da Cidade, com um custo de cerca de 1 euro por dia/por pessoa. Esses números, naturalmente, não se obtinham por milagre, resultavam em grande medida dos apoios de comerciantes locais que diariamente contribuíam com um conjunto de géneros alimentícios que, em 2010, haviam totalizado cerca de 60000 euros. ------------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Esses apoios permitiam ainda minimizar as necessidades alimentares de alguns moradores mais carenciados. Pelas razões atrás referidas entendiam que o facto de uma freguesia ser pequena não era uma desvantagem para a população, antes pelo contrário. Também não colhia, como se podia provar, o argumento de redução de custos, uma vez que uma gestão eficaz e o envolvimento de todas as forças vivas ajudavam a fazer bom trabalho, com pouco dinheiro. A extinção de freguesias independentemente do seu território e do número de habitantes, não resolvia, antes agravava os problemas das populações e, em particular, dos mais carenciados e, sobretudo, dos mais idosos. ----------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Diogo Moura (CDS-PP), no uso da palavra, começou por dizer que a Câmara Municipal de Lisboa, dirigida pelo PS e apoiada por Vereadores Independentes, apresentara no seu programa eleitoral a meta de reformar

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Lisboa administrativamente durante o actual mandato, e com esse intuito encomendara um estudo ao ISEG e ao ICS cuja equipa fora chefiada pelos professores Augusto Mateus e João Seixas. O estudo divulgado apresentava três caminhos possíveis, manter o actual cenário de divisão administrativa, reduzir para 27 freguesias ou para 9 distritos urbanos. ---------------------------------------------------------- ----- Na altura, o CDS fizera questão de escrever ao Dr. António Costa, manifestando a intenção do Partido em colaborar naquele processo tão importante para o futuro da Cidade e que se pretendia o mais abrangente quanto possível, mas após várias reuniões, o Sr. Presidente do Município decidira fazer um acordo com as estruturas locais do PS e PSD, dando conhecimento 24 horas antes aos partidos com quem reunira, mas sem aceitar quaisquer comentário ou sugestões, apenas os informara que iria efectuar um acordo para a divisão da Cidade em 24 freguesias. Assim, sem mais nem menos, sem apresentar o porquê das divisões, à excepção das demográficas, quais os seus critérios culturais, sociais, económicos ou urbanísticos. --------------------- ----- O CDS entendera essa reedição do Bloco Central, contrária à ideia generalizada da construção de uma proposta política consensualizada, caíra por terra, optando esse mesmo bloco, PS/PSD, por outro caminho a seu ver menos ambicioso e esse caminho de exclusão continuara a ser trilhado na reunião de Câmara Municipal, do passado dia 26 de Janeiro, na qual fora discutida a Proposta 15/2011, a qual propunha a discussão pública relativa à reforma administrativa da Cidade, subscrita pelos vereadores do PS, vereadores independentes e pelo vereador Vítor Gonçalves do PSD. Nessa reunião o CDS apresentara uma proposta de aditamento e não alternativa à apresentada, no sentido de incluir a discussão pública a proposta das 9 freguesias, também ela defendida no estudo. Também um grupo por 5 vereadores do PSD, encabeçado pelo vereador Santana Lopes, apresentara uma proposta convertida em contributo para o cenário de 26 freguesias. Tanto o CDS como o PCP e parte do PSD haviam defendido na Câmara que as propostas deviam ser alvo de discussão pública no intuito de gerar uma maior reflexão e debate por parte dos lisboetas, os quais deveriam ter conhecimento de todas as propostas, quer tivessem sido aprovadas, quer rejeitadas. --- ----- Não estavam a falar de uma matéria menor, tratava-se do futuro de Lisboa, da forma como queriam reformar administrativamente a Cidade, sem estarem preocupados com lugares políticos nas freguesias, mas com aquilo que era verdadeiramente importante. Servir os cidadãos com eficácia, desburocratizar serviços e colocar as freguesias ainda mais perto deles, através de competências próprias. Bastava ver outros exemplos europeus para perceber como se procurar simplificar, modernizar, reduzir custos e melhorar a eficácia da administração local. ----------------- ----- No entanto, essa abertura não fora aceite pelo PS, PSD e Independentes, os quais haviam rejeitado a proposta de aditamento do CDS, a qual em nada colidia com a apresentada e que apenas viria enriquecer o debate público. Não era esse o entendimento desses partidos, e o PS na Câmara, que defendia ferozmente orçamentos participativos, mas que cortava as pernas aos munícipes no acesso a todas as propostas apresentadas, bloqueando a informação. Não era esse também o entendimento dos Vereadores Independentes, tão defensores dos direitos e liberdades

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dos cidadãos, de lhes dar voz e poder no município, e que no entanto votavam de forma contrária àquela que vinham defendendo, empobrecendo assim o debate público com a recusa das propostas apresentadas por outros partidos. --------------------- ----- Não era esse o entendimento do PSD na Câmara, que votara contra, mas durante o debate e pela voz do Vereador Pedro Santana Lopes, afirmara (SIC) “ nestas propostas que se estão aqui a discutir, se é dito que se aceitam debates sem tabu, eu não percebo porque é que o modelo das nove há-de ser um tabu e há-de também ser colocado à disposição dos lisboetas para que eles se possam pronunciar”. E no entanto haviam votado contra. Era esse tabu, convertido em votação na Câmara, que não era esperado num órgão camarário, mesmo assim e durante a discussão em Câmara, fora solicitado e reiterado pelo Presidente que todas as propostas e contributos deviam ser fornecidos à Assembleia Municipal, mas tal não acontecera com a proposta do CDS. -- ----- Distribuíra-se um contributo de cinco vereadores do PSD e respectiva declaração de voto, bem como a do PCP. Da proposta do CDS, nada. E fora nessa base da falta de informação que as comissões de reforma administrativa e das finanças e do urbanismo se haviam pronunciado, sem terem acesso a todos os documentos discutidos em Câmara. As comissões daquela Assembleia Municipal haviam feito uma trabalho meritório na análise de propostas, mas entendia-se alguma vez que a comissão constituída exactamente para esse efeito, tenha de discutir uma proposta de discussão pública sem ter conhecimento de todos os documentos? Num aspecto, haviam visto nesse dia ali nos discursos, o PS e o PSD tinham estado em sintonia. Haviam dado como legítima a sua proposta, sugerindo até aos restantes partidos que se envolvessem na discussão pública. Quase como se os seus direitos naquela casa não fossem os mesmos que os deles. ------------------------------------------------------------ ----- Lisboa devia dar o exemplo às restantes autarquias do país, era a capital. A Assembleia Municipal enquanto órgão fiscalizador, não podia ser vista pelos munícipes como a casa onde se aprovavam ou rejeitavam propostas. Eram mais do que um plenário administrativo e tinham vindo a prová-lo, nomeadamente, com a realização de um colóquio sobre a Mulher e, mais recentemente, com o seminário sobre a reforma administrativa que se discutia nesse dia. Não discutiam se seriam 53, 26, 24, 12 ou 9 freguesias, discutiam sim de que forma devia decorrer a discussão pública, pelo que o CDS defendia que todas as propostas e contributos, fossem elas apresentadas em sede de Câmara ou nesse dia naquela Assembleia Municipal, fossem disponibilizadas durante esse processo de consulta. E era nesse mesmo dia que podiam dar outro bom exemplo de participação. Fizessem do debate público da reforma administrativa, matéria de extrema importância para o futuro de Lisboa, um debate amplo, sem tabus, disponibilizando o maior número de elementos aos Lisboetas para que eles pudessem assim, formar a sua decisão e opinião. Estava nas mãos dos Srs. Deputados o poder de dar voz aos cidadãos, capacitando-os de todas as propostas. A cidade era deles, eram eles que se deviam pronunciar, e se aquela Assembleia não contribuísse de forma construtiva para enriquecer aquele debate então qual era o seu papel? Deixava o repto.-----------------------------------------------------------

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----- O Senhor Deputado Municipal Hugo Xambre (PS), no uso da palavra, disse que não iria focar a sua intervenção sobre os limites geográficos que as novas freguesias iam ter. Não tinha dúvidas que em relação ao conjunto de freguesias que se deveriam fundir todos teriam um mapa diferente que nunca seria perfeito, por isso concordava com o mapa apresentado na proposta em apreço. ------------------------------ ----- Queria focar a intervenção realçando o aumento de competências que as freguesias iam passar a ter para servir melhor as suas populações com reforço de meios próprios. A prova de que estavam perante uma reforma moderna é que aquela era uma reforma 3D, competências, meios e aumento da dimensão de freguesias. Para se chegar até ali, para se ter um novo mapa de freguesias, para propor novas competências, o Presidente António Costa tivera o bom senso de chegar a um acordo. Achava lógico e louvável que tivesse havido a capacidade de encontrar pontos de entendimento entre partidos para levar aquele processo a bom porto. Não era negócio, como já se ouvira ali dizer, mas a capacidade de levar à prática, uma das melhores capacidades que um político devia ter, naquilo que distingue um regime democrático de outros, que era a capacidade de encontrar consensos e pontos de entendimento para aprovar o que tinha de ser aprovado, e que para ser aprovado precisava de uma maioria, que um só partido não tinha. ----------------------------------------------------------- ----- Se havia matérias em que esse entendimento era indispensável, uma delas era a reforma de freguesias da cidade de Lisboa, a reforma administrativa que já começara a ser discutida naquela Assembleia antes dele mesmo ter nascido, e já nessa altura havia uma comissão eventual sem que nunca tivesse produzido resultados. Por isso aquele debate tinha uma importância especial, sendo o início de um caminho que teria naquela Assembleia um seguindo passo quando se voltasse a discutir a proposta depois da discussão pública e que não tinha dúvidas nenhumas que ao ser um processo amplamente participado iria ganhar bastante. Mas queria focar-se no aumento de competências e de autonomia que as freguesias iriam conseguir, ficando responsáveis pela cobrança de taxas e emissão de licenças, como por exemplo no conjunto de licenças de publicidade, na emissão de licenças de ruído para actividades temporárias que com o conhecimento de populações locais, das ruas como a freguesia tinha, como o poder de proximidade, iria permitir passar o conjunto de licenças nos casos em que devia passar e não o permitir naquilo que não seria positivo. -------------- ----- O aumento da área e da população de cada freguesia permitia esse aumento de competências, que só era possível porque se aumentava a escala do conjunto de freguesias da cidade de Lisboa, o que permitia uma melhor capacidade de gestão porque as freguesias iam ter as estruturas de recursos humanos mais capazes de responder de forma eficaz às necessidades que a população tinha. Por isso, novas competências ao nível da limpeza das vias e espaço públicos, quantas vezes não se havia falado naquele fórum na necessidade de se melhorar aquele aspecto. Na gestão de mercados, uma maior participação na gestão de equipamentos escolares, sociais, de proximidade entre outras competências que faziam parte da proposta ali em discussão. Aquelas competências tinham de ser realçadas e referir que passavam a ser competências próprias. As Juntas de freguesia não iam ficar mais dependentes do à-

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vontade da Câmara Municipal de Lisboa para poder dar a competência ou não, para poder discutir sistematicamente as verbas para cada área dada ao conjunto de freguesias para depois e só depois os presidentes de junta de freguesia saberem que receitas, que verbas têm para poderem exercer melhor as suas funções. Com aquela proposta isso mudava. Os presidentes de junta de freguesia iam saber à partida que orçamento tinham o que permitia planear uma estrutura, definir fluxos de processos internos para responder àquelas novas competências, em suma permitia ter ganhos de escala. ------------------------------------------------------------------------------------------------ ----- Tinha de deixar ali mais uma nota. Ouvia-se que, com aquela reforma, acabava a proximidade do executivo das freguesias com as suas populações. Não lhe parecia mesmo nada. E não lhe parecia era que fosse positiva ter um presidente de junta de freguesia que conhecesse os problemas e não conseguisse actuar. O necessário era ter competências, ter meios financeiros, ter uma estrutura dinâmica para que a freguesia conseguisse actuar na sua área territorial, no maior número de necessidades possível, para servir melhor as populações, e para conhecer as necessidades era óbvio que o presidente da junta de freguesia iam continuar a ter que fazer visitas locais, o mais constantemente possível. Eventualmente, com uma metodologia mais eficaz, mas também ao mesmo tempo tinham de perceber que tinham de criar novas formas da população reclamar, dar ideias, mostrar as suas necessidades, o que podia ser feito por vários métodos. Utilizando as redes sociais, novas tecnologias de informação, a própria geo-referenciação de problemas, permitindo que o utilizador pudesse sugerir alterações dentro de um conjunto de parâmetros já previamente definidos, tal como a cidade de Londres fizera recentemente, para que o conjunto de habitantes de Londres pudessem indicar problemas e um conjunto de soluções, localmente, rua a rua, bairro a bairro, dizendo o que podiam propor. Era isso que a cidade de Lisboa precisa. Precisa de conseguir evoluir. Dizia isso porque não tinha dúvidas que aquela reforma não era só parta conseguir resolver os problemas actuais, era uma reforma que ia servir para os próximos 30 ou 40 anos. --------------------------------------------------------- ----- A Senhora Deputada Municipal Rita Magrinho (PCP), no uso da palavra, começou por dizer que o PCP considerava que os problemas de Lisboa não se centravam na reestruturação da divisão administrativa da Cidade, nas freguesias. Muitos problemas sentidos por todos, no dia a dia da Cidade decorriam da insistência num modelo desajustado de governo metropolitano, vazio de competências e de poderes, na área metropolitana de Lisboa. ----------------------------------------------------- ----- Urgente, sim, seria travar a batalha política pela sua alteração, tendo em conta as inter-dependências próprias do território metropolitano e os pesados impactos que geravam no governo da Cidade. A instituição de um nível intermédio de governo, metropolitano e regional era uma necessidade reconhecida por muitos. Só com ele se poderiam remeter para a instância própria os problemas e as soluções gerados pelas inter-dependências que todos os dias martirizam milhares de habitantes na área metropolitana e consumiam recursos imensos sem qualquer retorno. Centrariam, pois, as suas energias e vontade na resolução desse problema. ------------------------------------

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----- Quanto às freguesias, a situação demográfica de algumas freguesias no centro da Cidade poderia justificar, noutro contexto, a procura de âmbitos territoriais conjugados com afinidades histórico-culturais, num processo participado desde o início com o envolvimento das populações. Na mesma lógica, teria pertinência reequacionar a dimensão particularmente populacional de outras grandes freguesias da Cidade, de modo a garantir um adequado serviço às populações, ou seja, uma adequada gestão de proximidade, característica essencial desses núcleos de poder local. Ao contrário, a Proposta 15/2011 não tinha em conta os aspectos histórico-culturais, não tinha em conta as relações de proximidade e vizinhança presentes, não atendia à evolução demográfica prevista no modelo de revisão do PDM, também daquela maioria, prescindira da participação, desde o início, dos principais interessados, as populações visadas, mas apresentava, por outro lado, as soluções mais consentâneas com a gestão concentrada de interesses eleitorais do PS e do PSD. -------- ----- No entender do PCP, o essencial de uma adequada reorganização do território, ouvidas as populações, não passava pela obstinada redução das freguesias da Cidade, diminuindo o número de cidadãos chamados a participar nas instituições democráticas e nos seus órgãos, e comprometendo dessa forma, significativamente, a democracia na cidade de Lisboa. ----------------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Rui Paulo Figueiredo (PS), no uso da palavra, disse que aquele debate na Assembleia Municipal de Lisboa, realizado na linha do que vinha sendo feito, demonstrara a importância daquela reforma para a cidade de Lisboa. Demonstrara também a importância do reforço das competências próprias das freguesias, e a palavra “próprias” como bem indicava, fazia toda a diferença, como ficara ali bem expresso nas intervenções dos deputados municipais e presidentes de Junta, Irene Lopes e Hugo Xambre Pereira. ---------------------------------------------------- ----- Aquele debate demonstrara também a importância da existência de freguesias com dimensão e escala para fazer mais obra, para fazer cidade. Fazer cidade através de mais meios financeiros, mais e melhores recursos que possibilitassem melhores políticas de proximidade, a bem de Lisboa e dos lisboetas. Políticas de proximidade no respeito da identidade das freguesias e dos bairros da cidade de Lisboa. Tudo matérias que estavam asseguradas e consagradas na proposta que ali estava em debate, e a sua relevância demonstrava a importância e o fundamento do consenso que fora alcançado. -------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Havia um tempo para divergir, em termos de apresentação de projectos políticos, e havia também um tempo político para convergir em matérias estruturantes para a Cidade. Era também por isso que queria saudar o PSD por estar bem ciente dessa distinção importante para Lisboa, para os lisboetas, mas também para Portugal. Essa convergência, como ficara bem expresso naquele debate que ia chegando ao fim, fora feito em torno de uma proposta equilibrada, face a quem nada queria mudar, a quem nunca pensara que se chegasse a esse ponto, ou a quem queria ir muito mais além. Aquele debate demonstrara também que havia quem pensasse no futuro e nos desafios que a Cidade ia encontrar. Havia quem quisesse avançar a cidade e havia também quem ficasse preso ao passado ou introduzisse algumas falácias no debate.---------------

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----- Como não queria alongar-se, iria apenas esclarecer algo importante para o futuro daquela proposta e da sua implementação, e que tinha a ver com a putativa interrupção de mandatos dos autarcas a propósito de uma criada confusão com o que estava escrito sobre as comissões instaladoras, porque naturalmente que era bem perceptível o que estava em cima da Mesa naquela proposta, que todos os mandatos chegariam, natural e normalmente, ao seu términos, que todos os autarcas nas freguesias continuariam a desenvolver o seu trabalho, e que as comissões instaladoras, apenas e só, teriam funções muito relevantes de preparação de tudo aquilo que era necessário fazer para depois implementar aquela reforma a partir de 2013. Estava claro que naquilo que era proposto só uma falácia ou mal entendido é que podia ter dado origem a inúmeras intervenções por parte de alguns colegas sobre a putativa interrupção de mandatos a meio do período que decorria. ----------------------------------- ----- Aquele debate demonstrara também, que houvera um tempo em que alguns partidos tinham contribuído mais para fazer cidade, para construir cidade, para contribuir para soluções estruturantes e de futuro. Era uma pena que alguns desses partidos tivessem optado nos últimos anos por uma visão mais imobilista. Tinha saudades dos tempos em que eram mais ambiciosos e mais reformadores e a Cidade também tinha, porque no fundo havia reconhecido essa postura mais imobilista em termos de resultados eleitorais, que haviam conduzido ao declínio desses partidos, e aquilo que pensava, era que dever-se-ia ponderar voltar ao debate em termos do futuro da cidade de Lisboa. ------------------------------------------------------------------------------- ----- Aquele debate demonstrara também, que havia quem tivesse outras ideias em torno desse tema e dessa proposta. Ideias que seriam naturalmente ponderadas em sede de discussão pública. Proposta que estava em cima da Mesa, que fora fruto de várias ideias, resultado de um estudo que dera o pontapé de saída àquele debate, desde Novembro, e muito bem organizado pela Assembleia Municipal, que fora sofrendo aperfeiçoamentos e também que em sede de discussão pública, proposta que naturalmente estaria e era para isso que seria feita essa discussão pública, que estaria naturalmente sujeita a ponderação por parte dos órgãos municipais e ser aperfeiçoada, não só ali, mas depois futuramente em sede de Assembleia da República. E esse processo de diálogo, verdadeiramente havia sido exemplar e tivera o seu pontapé de saída, desde 2008, como já fora ali recordado, e portanto, em termos de discussão pública, de debate, de aperfeiçoamento, de construção das propostas, só não participara quem não quisera, só não continuaria a participar quem não o quisesse, ou quem nunca havia pensado que aquela reforma fosse para valer. --------------------------- ----- A esse propósito, queria terminar saudando todos os autarcas do PS, que se haviam empenhado construtivamente para enriquecer aquela proposta, não só ao nível da Câmara Municipal, todos aqueles que tinham participado, mas em especial o Presidente António Costa e a Vereadora Graça Fonseca, todo o Grupo Municipal do PS , mas em especial o seu líder Miguel Coelho e a Presidente da Comissão dedicada àquele tema, Irene Lopes, mas muito especialmente todos os presidentes de junta eleitos pelo PS, que haviam tido um trabalho fundamental de debate, de enriquecimento, de tudo aquilo que estava em cima da Mesa, mas muito em especial

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no reforço do quadro de competências próprias para as futuras freguesias e era nesse espírito e nessa linha que todos os autarcas do PS iriam continuar, empenhando-se em sede de discussão pública e depois, posteriormente, nos órgãos municipais e em todos os planos para levarem a cabo aquela reforma e para a concretizar, porque aquela reforma era essencial e era para isso que trabalhavam, para os lisboetas e para Lisboa. ----- O Senhor Deputado Municipal Paulo Quaresma (PCP), no uso da palavra, começou por dizer que já muito tinha sido dito sobre aquela proposta e essa era mais uma vez uma oportunidade perdida por Lisboa, porque pouco ou nada era de reorganização do território, e uma reorganização do território pressupunha e podendo estar de acordo na necessidade de criar escala, mas isso não era apenas extinguir freguesias, pois havia freguesias de grande dimensão que eram dadas muitas vezes como exemplo pela negativa por esse país fora, como era o caso de Marvila, de Benfica, do Lumiar, e nessas não se mexia, não se pensava na dimensão de escala, essas mantinham como freguesias que tinham uma dimensão maior do que por exemplo sete capitais de distrito. ---------------------------------------------------------------- ----- Eram maiores e continuariam a ser maiores do que por exemplo o município de Beja, o município de Bragança, o município de Portalegre, quase com a mesma dimensão que o município da Guarda, de Évora, de Castelo Branco ou de Vila Real. Mas nessas não havia preocupação com a dimensão de escala. A grande preocupação que estava ali, não era fazer uma reorganização do território, mas sim acabar com freguesias, e todas as especulações eram possíveis, porque até havia ali oportunidade política para o fazer. Porque iam reparar, e dava ali um exemplo muito concreto; se calhar havia uma razão para não se querer criar a freguesia de Telheiras, porque daquela reorganização dos 53 presidentes de junta, 51 iam poder ser novamente candidatos. Só havia dois que não iam poder ser, o Presidente de Carnide e o presidente do Lumiar. Se calhar era essa a razão de não se criar a Freguesia de Telheiras. -------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Todas as interpretações eram possíveis porque se calhar este era o momento para criar a freguesia do Oriente e, portanto, quando se fazia uma reorganização naquele sentido, não era a pensar nas pessoas, era a pensar noutros interesses que estavam por trás. Aquela era uma perca de identidade a três níveis. O PCP estava disponível para negociar com as pessoas, e estavam disponível para ouvir as pessoas e nomeadamente, se calhar fazia sentido criar a freguesia de Telheiras. --------------------- ----- Havia ali uma perca de identidade do que era uma freguesia. Achava que o que estavam ali a falar era, sobretudo, querer criar uma estrutura que não era aquilo para que tinham sido criadas as freguesias. Queriam criar mini câmaras municipais, e não, efectivamente o que eram e para aquilo que haviam sido criadas as freguesias. As freguesias haviam sido criadas como sendo um espaço de causa do estado e da situação das pessoas. Por isso é que nas freguesias se passava o atestado de residência, era por serem os únicos que estavam próximos das pessoas e que sabiam atestar da situação delas, e iam perder essa capacidade. Uma freguesia como aquela de que era presidente, uma freguesia com 22.000 habitantes, já nem essa tinha a capacidade para o fazer da forma como deveria fazer que era a questão da proximidade. ------------------

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----- A Proposta em causa vinha ao contrário daquilo que durante muito tempo, nos últimos 20 anos, se andara a fazer. Haviam sido criadas pequenas, em pequenos sítios, algumas câmaras municipais, algumas freguesias com vantagens muito grandes para as populações, a nível dessa proximidade e agora propunha-se exactamente o contrário. E porque é que não se podiam manter 50 freguesias na Cidade, mesmo com 500, 600 mil habitantes que tinha a Cidade, 50 freguesias na Cidade podiam ter 10.000, 12.000, 13.000 habitantes em média, em cada freguesia. Isso é que era proximidade, isso é que era verdadeiramente estar ao serviço das pessoas e não de outros interesses por trás. -------------------------------------------------------------------------- Infelizmente no país, e isso era a segunda perca de identidade da comunidade, primeiro fechavam-se escolas, depois fechavam-se centros de saúde, agora querem-se fechar freguesias, e a seguir só falta acabar com o povo. Aquela proposta não fora discutida com ninguém - falava-se agora num período de discussão pública, mas um período de discussão que se pretendia que ficasse fechado nesta escala e pouco mais. - ----- Esta era uma oportunidade perdida para a Cidade. Não se tinha em atenção, por exemplo, questões como os conflitos de freguesias, não se resolvia (e voltando a dar o exemplo de Carnide) o problema dos limites de freguesia - porque antigamente não existia uma Av. Lusíada, não existia o Centro Comercial Colombo, e aquela proposta continuava a atravessar pelo meio do centro comercial, a dividir a freguesia de Benfica com a freguesia de Carnide. Não se mexia nestes limites porquê? Não fazia sentido que o Parque dos Príncipes, que continuava a estar referenciado no INE, como Lumiar, e continuava a não se mexer no limite entre Carnide e o Lumiar, e por isso iam continuar a ter pessoas que tinham a sua casa de banho no Lumiar e a sua sala ou cozinha em Carnide. Não se mexia nesses limites, portanto, que reorganização do território era aquela que não pensava em resolver as questões dos limites de freguesias, mas que se limitava apenas a pensar no futuro de alguns e de tentar criar lugares para alguns. -------------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Vítor Agostinho (PCP), no uso da palavra, disse que tinha a opinião que havia que fazer, em primeiro lugar, uma reflexão sobre o que se pretendia que fosse uma freguesia. Se partissem todos, em primeiríssimo lugar, dessa situação seria muito mais fácil chegarem a conclusões muito melhores, em termos do que era necessário resolver na Cidade. --------------------------------------------- ----- Já haviam sido dadas ali várias informações, o líder do PS tinha ido ali dizer que os presentes estavam todos de acordo, mas não vira isso, as informações que tinha relativas às conversas que tinham fora da Assembleia era que os líderes partidários é que estavam a mexer nisso e que eles estavam a dizer que sim à cabeça, sabia-se lá porquê, portanto, não era verdade a situação que se colocava ali. Aliás, na Comissão de reorganização Administrativa ficara claro que o que incomodava alguns presidentes, tanto do PCP, como do PS e do PSD, todos eles tinham tido a opinião que realmente aquela proposta não era nada de extraordinário. Agora, essa era realmente uma das situações em que toda a gente queria ficar a sorrir para a fotografia. ------------ ----- Havia questões ali em que era importante que pudessem reflectir, se queriam uma divisão administrativa com objectivos da história, da população e dos equipamentos.

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Era surpreendente que tivesse havido um presidente de junta que dissera que na sua freguesia não tinha um polidesportivo, e a partir de momento em que se juntasse com outra passava a ter um polidesportivo. Portanto, os princípios que levavam muita gente, com toda a humildade e honestidade, a esse argumento, uma vez que não estava a haver um levantamento do número da população para naquele caso concreto para os polidesportivos, mas em relação à ideia que todos iriam ter polidesportivos, sabia-se lá todos teriam centros de saúde, todos teriam escolas, ou seja, a partir daí as freguesias passavam a ter tudo, e realmente, era uma máscara que se estava a pôr em cima da realidade.----------------------------------------------------------------------------------- ----- Por último, uma nota em relação aos eleitos. Havia 620 eleitos nas assembleias de freguesia e 220 nas juntas de freguesia, e números redondos, o que nessa perspectiva, passavam a existir menos de 400 nas assembleias de freguesia e menos de 150 nas juntas de freguesia, o que queria dizer que se passava de uma situação de um eleito por 330 votantes, para haver um eleito por 988 votantes, o queria dizer que cada vez se estava mais longe da população, cada vez se estava com mais problemas em saber quais eram os seus anseios. Desse modo, achava bem, e nisso concordavam todos, que havia coisas que tinham de ser alteradas, mas tinham que ver aquela situação e em primeiro lugar, por onde é que devia começar a divisão administrativa, se era da Cidade se era do país, o que é se queria das juntas de freguesia, e a partir daí, se calhar conseguir-se-iam resultados muito mais rápidos. ---------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Modesto Navarro (PCP), no uso da palavra, disse que queria começar, nessa segunda intervenção, por uma questão que lhe parecia bastante grave e que era atacar e desmerecer uma comissão de reforma administrativa que desde havia vários mandatos existia naquela assembleia Municipal. ----------------- ----- Eram normalmente avaliações negativas feitas na Câmara e feitas ali também, na Assembleia Municipal. Então, pela natureza do raciocínio – e dirigiu-se à Mesa - deviam o Sr. Presidente da Câmara, os Srs. Vereadores, os Srs. Deputados analisar a acção da Comissão de Divisão Administrativa daquele Mandato e chegassem a conclusões. Como é que começara aquele processo? Era um processo enviesado, como já referira na 1ª intervenção, era um processo tão ruidoso e tão silencioso que se assistia a uma discussão, não muito participada por muitos eleitos profundamente interessados naquela matéria na assembleia, o que era um sinal de doença. Era um sinal de que nem tudo ia bem no reino do acordo do PSD e PS, e veriam os desenvolvimentos que aí vinham. --------------------------------------------------------------- ----- Quanto à questão do ponto 4º da Proposta PS/PSD, ia passar a ler; “Implementação do modelo de governação da cidade de Lisboa – No período transitório, que decorrerá entre a aprovação das alterações legais ao quadro de governação da Cidade e suas Freguesias e o termo do actual mandato dos Presidentes de Junta de Freguesia, propomos a criação de comissões instaladoras das novas Juntas de Freguesia, constituídas pelos actuais presidentes de Junta de Freguesia. Este processo de instalação e de transferência de competências e meios deverá ser concluído no prazo máximo de um ano.”, Mas era o que dizia aquela proposta porque outras propostas podiam dizer outras coisas, e portanto, era a Assembleia da república

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que ia decidir sobre o processo, e estava-se perante um processo em que aparecia uma proposta que era do acordo de duas forças políticas do município de Lisboa e era veiculada como sendo a única e vinha à Assembleia Municipal, devia dizer-se, uma proposta que nem sequer tinha as características que tinham quaisquer outras propostas que vinham da Câmara e que eram agendadas na assembleia Municipal, ou seja, a Câmara podia ter procedido, mandar proceder à discussão pública, nem mandaria à Assembleia Municipal, mas, pronto, mandara e agora a Assembleia Municipal tinha que ter a independência e a autonomia para partir daquilo que era o o9bjectivo fundamental para a Cidade e pôr à discussão pública as três, para já, as três propostas que estavam entregues na Mesa e aos deputados municipais. ------------------- ----- Era disso que se tratava, e aí é que se veria se os senhores eram democráticos e construtivos, então porque é que não votavam favoravelmente as propostas do CDS e do BE para irem a discussão pública? Aí é que se via a boa ou má fé com que estavam naquele processo, aí é que se veria, porque se não votassem, se impedissem que aquelas duas propostas avançassem para a discussão pública, então estavam de facto a enviesar e a estreitar o processo e a Assembleia concorria para o estreitamento do processo, e não era isso que se pretendia. ------------------------------------------------------ ----- Para além do mais, queria dar ali notícia daquilo do que se discutia em Conferência de Representantes. Surgira, e bem, a necessidade de realização de uma iniciativa da Assembleia Municipal para ouvir as populações das freguesias, ouvir a Cidade, e iria ser, essencialmente, para ouvir a Cidade. Contudo, havia diferenças entre, por um lado, o tempo de discussão pública que o PS e o PSD queriam encurtar o mais possível e que propusera o termo do debate público para 22 de Março, e as restantes forças políticas, e PCP, CDS, MPT, BE PPM e Verdes, propunham 24 de Abril como termo para a discussão pública, como tempo essencial para a discussão pública. Para além disso, em relação à iniciativa que a Assembleia deveria promover, entendiam as mesmas forças políticas que esse debate deveria ocorrer a 29 de Março, mas o PS e o PSD, aceleradamente queriam que ele se realizasse a 15 de Março. Só não via quem não o quisesse, e de facto, estava aquela Assembleia um pouco amordaçada, e se não votasse no sentido de dar a voz efectiva à população de Lisboa perante essa e outras propostas que viessem a ser apresentadas, então estariam a fazer um mau serviço à Cidade. ------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Miguel Coelho (PS), no uso da palavra, disse que percebia que o PCP estivesse contra aquela iniciativa, aliás o PCP sempre fora uma força profundamente conservadora, que resistia à mudança, e o PCP sempre resistira historicamente às mudanças. Ou era ele a fazer as mudanças ou então resistia às mesmas, disso não restassem dúvidas nenhumas. ------------------------------------------ ----- Mas sendo isso legítimo, pois não tinham que ser progressistas, inovadores, podiam ser conservadores. O que não era legítimo era um determinado tipo de linguagem e de insinuações que ali se fazia. O que queria dizer ao Sr. Deputado Modesto Navarro, que desculpasse, mas também agora iria dizer que “amordaçados” só na Coreia do Norte ou em Cuba, provavelmente, não era ali naquela Assembleia Municipal. Aí, sim, é que as pessoas estavam amordaçadas, não podiam dizer o que

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queriam e quando o diziam eram presas ou desapareciam do mapa. Ou no Irão talvez, mas ali não. Aquela era uma Assembleia livre, de homens e mulheres livres, que diziam o que pensavam, muitas vezes concordavam, muitas vezes discordavam, e felizmente iria ser assim para o futuro. Hoje acordavam com uns, amanhã se calhar acordavam com outros e vice-versa. ------------------------------------------------------------ ----- O PS nunca tinha levado a peito quando ficava em minoria, e já acontecera várias vezes ali naquela Assembleia Municipal. Estava, entre aspas, um bocado farto de ouvir o PCP fazer insinuações - ”amordaçados”, “negociatas”, é que tinham estado quase 15 anos coligados ali na Câmara de Lisboa. Achava o Sr. Deputado que tinha sido uma negociata feita entre eles? Tinham feito uma coisa às escondidas? Não! Tinha sido um acordo político legítimo entre dois partidos, e depois acabara. Agora tinham ali um acordo político legítimo com o PSD para uma proposta concreta, não era para governar a Cidade, como haviam feito com o PCP. Infelizmente não era, tinham muitas divergências nessa matéria, mas tinham ali um acordo que era perfeitamente legítimo, fora feito às claras, o PCP participara quando o quisera e saíra quando o quisera, o que também era legítimo. Agora não podia era ir para ali pretender dar lições de superioridade moral, de democracia, porque não as aceitava. Também não as pretendia dar ao PCP e não as aceitava, e isso tinha que ficar claro entre eles, porque já cansava essa pretensa superioridade moral utilizada pelo PCP sempre que se via ali em minoria. Bastava com aquela matéria, não estavam em Cuba, nem na Coreia do Norte, estavam em Portugal que era um regime democrático e, portanto, ali, não iam ter o Egipto ou o Irão ou a Tunísia ou qualquer coisa assim, porque estavam felizmente em democracia. --------------------------------------------------- ----- Agora iam ao concreto. O Sr. Deputado Modesto Navarro tinha tentado ali confundir aquela Assembleia com a questão do período transitório, insinuando que o mandato terminava dali a dois anos. Era falso, que lesse o que estava escrito e interpretasse. Começava logo no primeiro parágrafo, onde se lia, “No período transitório que decorrerá entre a aprovação das alterações legais,” - que esperava o PS que fossem aprovadas esse ano na Assembleia da República - “que decorrerá entre a aprovação das alterações legais ao quadro de governação da Cidade e suas Freguesias e o termo do actual mandato dos Presidentes de Junta de Freguesia.” – portanto, o actual mandato dos Presidentes de Junta ia até ao fim, agora o que era preciso era ter tudo isso bem preparado e bem esclarecido para que em 2014, quando começassem os próximos mandatos se soubesse concretamente como é que cada nova freguesia que ia ser criada através de legislação produzida, esperava, na Assembleia da República. ----- ----- Não valia a pena estarem ali a querer enganar as pessoas ou quererem enganar-se a si próprios, porque isso seria porventura ainda mais preocupante. Iam entrar ali num período de discussão pública, segundo esperava. Aquilo ali não era um directório de partidos, como ouvira durante o debate, formara-se ali uma maioria legítima de dois partidos, que no seu conjunto para esse caso representavam mais de dois terços do eleitorado da Cidade. Não podiam reclamar a legitimidade de umas eleições quando lhes convinha, e depois renegá-las quando não lhes convinha, e portanto, formara-se ali uma maioria nesse sentido para uma proposta e uma reforma concreta. Era um

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acordo feito ás claras que representava forças políticas, que no seu conjunto representara mais de dois terços do eleitorado da Cidade, e pretendiam dar um sinal claro que queriam um debate que se fizesse em torno de uma proposta, na qual concordavam, mas qualquer força política, no entender do PS, era livre e tinha o dever de continuar a persistir nas suas ideias, mas ele também era livre de aceitar umas e rejeitar outras. --------------------------------------------------------------------------------------- ----- Era essa a riqueza do pluralismo e da democracia, que às vezes parecia que o Sr. Deputado Modesto Navarro não gostava quando o PCP não estava no centro ou no olho do furacão, como se costumava dizer. Desta vez não estava por vontade própria, lamentava imenso, o PCP era de facto uma força conservadora, e devia dizer ao Sr. Deputado em jeito até de estima, porque tinha estima pelo PCP, que se persistia naquele erro, desde que se iam a votos separados, havia cerca de 8 anos, em qualquer eleição o PCP perdia mandatos, votos, e Juntas de Freguesia. Se continuassem assim, ficariam reduzidos à expressão mais simples de todas. --------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Modesto Navarro (PCP), de novo no uso da palavra, referiu a visão que o Dr. Jorge Sampaio tivera num dado momento, em propor um acordo ao PCP, assim como, mais tarde, fora João Soares que reivindicara para si essa coisa memorável de propor ao PCP um acordo em Lisboa. Fora um acordo negociado, já lembrara ali algumas vezes o ponto de partida, em termos eleitorais, para terem memória disso também - doze Juntas de Freguesia que o PCP tinha, das grandes, 27% na votação na Cidade. O PS tinha uma percentagem de 12/13% e não tinha nenhuma, zero juntas de freguesia. Isso, obviamente, obrigava-os a repensar as qualidades que tivera, efectivamente, a coligação, e tivera imensas, e houvera desenvolvimentos históricos na Cidade inegáveis, só a direita é que não havia gostado, evidentemente, porque não estava no poder. Mas o Sr. Deputado Miguel Coelho que não viesse falar do Irão. Se viesse falar do Irão e do Iraque dir-lhe-ia que os comunistas haviam sido dos mais destruídos e atacados. Os comunistas haviam sido e continuavam a ser atacadíssimos. Falassem de luta pela liberdade em Portugal, e falassem do PCP, e o silêncio do PS era absoluto. ------------------------------------------ ----- Mas, que falassem então de democracia e do processo democrático. Tinha tempo cedido pelos Verdes para poder falar - disse, respondendo a um aparte das bancadas - como viam, se pedisse ao PS uma hora e tal, ele não daria. O Sr. Deputado não gostava de ouvir, mas ia ter que ouvir. Enquanto, no PCP, estivessem vivos e actuantes, iriam falar, iriam intervir, iriam denunciar e iriam propor. ---------------------- ----- Aquilo que estava no ponto 4 da Proposta 15/2011, era apenas um ponto, não era lei para a Assembleia da República, seria profundamente alterado, tinha que o ser, ao longo do debate, e depois nos debates que ainda haveria ali, na Câmara e nas Juntas de Freguesia. Era matéria que depois iria à Assembleia, e era a Assembleia que dirigia e coordenava o processo. Havia lá vários grupos de deputados - que o PS queria reduzir o número - sabia que o PS por enquanto ainda não alinhava naquela visão de poupança do PSD, mas veriam, com tanto acordo e tanta abertura... ----------------------- ----- Continuou, dirigindo-se ao Sr. Deputado António Proa, dizendo que até estava abismado, porque o conhecia bem, era de certo modo obrigado pelas circunstâncias,

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enfim, era aquele tipo de casamentos que no entendimento do PCP, era um casamento espúrio, mas pronto era o deles, que se governassem e passassem uma bela lua-de-mel. O que era verdade e se punha ali em cima da Mesa, claramente, e se iria ver nas eleições, era se os Srs. Deputados do PS e PSD seriam suficientemente democratas para que as propostas do CDS, com as quais o PCP não concordava, mas que votara favoravelmente na Câmara para que viessem a discussão, e a proposta do BE, com que o PCP tinha algumas diferenças de opinião relativamente àquilo que já lera, mas que passassem à opinião pública, que passassem às pessoas, assumidas por aquela Assembleia, que estava num papel autónomo e independente, não estava subordinada a uma proposta da Câmara Municipal. Era um órgão independente que podia e devia promover a discussão pública com inteireza, com verticalidade e com transparência, e era isso que o PCP defenderia na Assembleia. ------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal João Bau (BE), novamente no uso da palavra, disse que havia ali uma questão que era essencial e que era saber se a Câmara Municipal enviara aquela proposta “rosa/laranja” para a Assembleia, para ter uma claque que a aplaudisse, e se a Assembleia a ia enviar para discussão pública para ter uma claque durante um tempo reduzido, mas que aplaudisse a sua proposta ou pelo contrário, se a Câmara a mandava para a Assembleia para ela fazer um debate público e se a Assembleia assumia a responsabilidade de fazer um debate amplo, aberto, profundo na Cidade. O BE era, evidentemente, pela segunda opção. ---------------------- ----- Era evidente que a proposta PS/PSD fora aprovada em Câmara e portanto tinha esse “carimbo”, tinha essa legitimidade, mas as restantes forças políticas, naquele caso, o CDS e o BE, haviam apresentado propostas, não com a intenção de serem votadas ali naquela Assembleia e naquele momento. Haviam apresentado propostas com o pedido de serem submetidas à discussão pública, e isso tinha um significado. Não era, como diziam os seus ilustres colegas, os deputados Dias Baptista, e Miguel Coelho, não era usarem dos direitos constitucionais que tinham por liberdade de expressão. Por muito que eles não quisessem que o BE falasse, o BE usaria de todos os direitos e podiam contar com ele para se oporem às medidas com as quais discordassem. O problema que se punha era se queriam apenas uma claque de aplauso ou queriam fazer um debate na Cidade. O voto do PS diria o que queriam fazer. -------- ----- O Senhor Deputado Municipal António Prôa (PSD), no uso da palavra, disse que o debate fora longo e clarificador e queria muito brevemente fazer ali duas ou três notas, quer relativamente a algumas matérias que haviam sido ali colocadas, quer relativamente à posição do PSD sobre aquela discussão. Em primeiro lugar, no que dizia respeito ao tempo de discussão pública. Há pouco fizera referência e retomava essa referência. A discussão pública sobre a reforma administrativa da Cidade tivera início no dia 9 de Novembro de 2010. Estavam pelo menos há três meses num período que fora da iniciativa daquela Assembleia, num período de discussão pública sobre a reforma administrativa da Cidade. O que ali se propunha nesse dia era que esse período de discussão pública se prolongasse por mais um mês, contra a posição dos partidos que defendiam que o período de discussão pública se prolongasse ainda mais.

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----- Nesse contexto, devia ainda chamar a atenção de que no âmbito da competência que aliás era exclusiva da Assembleia da República para deliberar sobre essa matéria, nesse âmbito existia a obrigatoriedade da Assembleia da República ouvir todos os órgãos de todas as autarquias da cidade de Lisboa, Câmara Municipal, Assembleia Municipal, todas as Assembleias de Freguesia e todas as Juntas de Freguesia, de as ouvir relativamente a essa matéria, num prazo que estava determinado por lei. Portanto, quanto a tempo para discussão pública, não lhe parecia que estivesse em falta. Assim houvesse vontade dos cidadãos de participar, assim soubessem os partidos com representação naquela Assembleia Municipal promover os passos para esse debate, convidar as pessoas a participar, convidar as pessoas a melhorarem as propostas que pudessem vir a ser discutidas no âmbito da discussão pública que se ia prolongar a partir daí. ------------------------------------------------------------------------------ ----- Em relação às propostas que estavam em cima da Mesa, claramente o PSD entendia que devia dar um sinal concreto relativamente ao modelo. O PSD não fazia de conta que não estava a discutir aquele processo há muito tempo. O PSD não fazia de conta que o processo de discussão pública, no âmbito daquela Assembleia não decorria já há três meses. E se tinha havido esse tempo para discutir, tinha havido tempo para reflectir e formular propostas, tinha havido tempo para se chegar a um consenso sobre uma proposta, sobre um caminho a seguir que era assumido pelo PSD e pelo PS. Não era seguramente o único caminho. Não era necessariamente o melhor caminho, mas era a base de partida que o PSD entendia adequada para dar continuidade ao período de discussão, e por isso ali, nesse dia, o PSD defenderia que aquele era o caminho que entendia ser o mais adequado para colocar à discussão pública, e não outros, alternativos, com méritos concerteza, que eram ali também nesse dia propostos. Esses caminhos alternativos que outros partidos, nomeadamente, o BE e o CDS apresentavam ali nesse dia, teriam naturalmente virtudes e teriam espaço, concerteza, para serem colocados pelos próprios partidos num período de discussão pública. Aliás, devia dizer que estava ali a ouvir, repetidas vezes, uma certa ideia de paternalismo do período de discussão pública, por parte da Assembleia Municipal. ------------------------------------------------------------------------------------------- ----- A Assembleia Municipal não era dona da discussão pública. Qualquer pessoa, qualquer partido, qualquer organização tinha igual legitimidade para participar e apresentar propostas alternativas no período de discussão pública. A discussão pública era do público, era do povo, não era propriedade daquela Assembleia ou de qualquer partido, e nessa medida, quase que diria que era uma obrigação cívica dos partidos participarem activamente nesse processo. Agora que isso não fosse confundido com uma intenção que queria ali ser manifestada por dois partidos que haviam chegado a um entendimento. Tinham trabalhado nesse sentido durante largos meses e de forma intensa, que tinham uma proposta e um caminho a seguir, e queriam assumir esse caminho, tal como haviam assumido na Câmara Municipal, também ali na Assembleia Municipal. Por parte do PSD, embora com respeito por todas as propostas alternativas o PSD armaria ali a sua proposta de um caminho que devia ser seguido no âmbito da discussão pública. ----------------------------------------------------------------------------------

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----- O PSD deixara claro ali a sua posição e agora apelava por última vez a que dali saísse um apelo forte para que os lisboetas pudessem participar activamente nesse período e que a Assembleia Municipal criasse as condições para que a população fosse de facto ouvida e fosse de facto convidada a participar nessa discussão e que no fim houvesse a humildade para analisar todas as propostas e que todas as propostas que contribuíssem parta melhorar essa base de trabalho pudessem vir a ser consideradas e que dali saísse finalmente após esse período, uma proposta ainda melhor para a Assembleia da república, sendo certo que ali nesse dia se estava a dar um passo inédito no sentido de se poder concretizar uma reforma que há muitos anos se dizia que era necessária, mas que nem todos os partidos haviam tido a coragem de concre3tizar. ---------------------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Adolfo Mesquita Nunes (CDS), de novo no uso da palavra, com tempo cedido pelo MPT, disse que gostava de esclarecer ali um ponto que lhe parecia importante. --------------------------------------------------------------- ----- Havia dois modelos de discussão pública. Um, em que o público dizia aquilo que queria sobre um assunto e outro em que havia uma proposta que estava sujeita à discussão pública. Aquilo que estava em eminência de acontecer era que aquela Assembleia Municipal sujeitasse os lisboetas a discutirem uma proposta apenas. Era isso que estava em questão. Bem sabia que, como cidadãos, podiam apresentar contra aquela proposta de divisão em 24 freguesias, a sua própria proposta de 9., mas aquilo que estava a querer dizer é que, como partido político, não o podia fazer, isso tinha que ficar bem claro. Não podia ser porque, se só estava sujeita uma proposta a discussão pública, era essa proposta que tinha que ser analisada, era com ela que tinham que se confrontar, e era aliás caricato que aquela proposta que vinha, e bem, da Câmara para discussão pública dissesse “submeter à Assembleia Municipal uma proposta para discussão pública nos termos constantes nos documentos em anexo”. -- ----- Nos documentos em anexo, constava uma proposta de vereadores do PSD que, como não tinham tido tempo de apressar a proposta, não o haviam podido fazer, e tinham-na dado como contributo para a discussão, essa ia para discussão pública, o CDS que apresentara uma proposta completa, já não podia ir para discussão pública, porque razão? A que estava ali do PSD não dizia nada sobre as 23 ou 24, a do CDS dizia que era 9 e já não podia ir. Era com isso que se estavam a defrontar e portanto, os vereadores do PPD_PSD ou alguns deles apresentavam uma proposta, não tinham tido tempo para a aprovar e portanto ia como contributo, a do CDS que era uma proposta concreta pela qual davam a cara, não podia ir. Não aceitavam esse labéu de que eram cidadãos para uma coisa, mas já não eram cidadãos para outra, ou seja, aquela Assembleia não podia escusar-se a assumir as responsabilidades políticas da eleição e dos cargos que representava, não lhes podiam dizer que como deputados não podiam, como cidadãos, apresentassem a sua proposta, como se a proposta não existisse, como se ela não tivesse sido apresentada ali e como se aquela Assembleia Municipal não a pudesse assumir. --------------------------------------------------------------- ----- Terminava dizendo que a proposta do CDS era muito clara, a única coisa que pediam àquela Assembleia era que a colocasse à discussão pública. Dariam a cara por

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ela, representá-la-iam, ela não vinculava absolutamente ninguém. Como não ia vincular o voto que ia dar para viabilizar que a proposta da Câmara fosse posta em discussão pública. Era o que mais lhe faltava que ele fosse contra a possibilidade da Câmara colocar a sua proposta em discussão pública, ou que se opusesse a ela. Portanto, aquilo que estava do lado daquela Assembleia é que dissessem aos senhores deputados do CDS que eles, enquanto deputados, não podiam apresentar uma proposta para submeter a discussão pública, porque não fora isso que os seus directórios haviam entendido. -------------------------------------------------------------------- ----- A Senhora Vereadora Graça Fonseca, no uso da palavra, disse que talvez começando por aquela última questão, uma vez que continuava a ser ali debatida, se esclarecesse o assunto. O que seguia para a Assembleia Municipal era a proposta aprovada em reunião de Câmara, que era a proposta subscrita pelo PS, pelos vereadores José Sá Fernandes, Helena Roseta e Fernando Nunes da Silva, e o vereador do PPD-PSD que estava ali, o Sr. Vereador Vítor Gonçalves. ------------------- ----- Em reunião de Câmara fora apresentada uma proposta de alterações à proposta que estava em discussão, de 24 freguesias, e o CDS entendera apresentar uma proposta com 9 freguesias, uma proposta autónoma que, como tal, fora rejeitada em reunião de Câmara, e essa era a única e exclusiva razão por essa proposta não estar ali. Era importante dizer isso pelo seguinte; É que tinha-se falado ali muito do trabalho do ISEG e do ICS, então que se fizesse também um pouco de história, porque havia ali alguns elementos que não tinham sido contados. Aquele era de facto um debate que há muitos anos existia naquela Assembleia Municipal e na Cidade, discutia-se essa questão há muitos anos e a verdade é que nunca fora alterado aquilo que actualmente era o modelo de governação da Cidade e o mapa administrativo da Cidade, que como todos sabiam tinha mais de 50 anos. Essa é que era a verdade. ------ ----- O que é que mudara no anterior mandato? O facto de ter sido solicitado um estudo a uma equipa do ISEG e do ICS para ensaiar um novo modelo de governação da Cidade. Esse trabalho fora começado no anterior mandato e culminara com um primeiro relatório, já no actual mandato, no verão do ano passado, que fora enviado a todas as forças políticas com representação na Cidade. Todas as forças políticas haviam recebido esses documentos, tinham sido promovidas reuniões com todas as forças políticas sobre aquilo que era apresentado. Haviam debatido aquilo havia muitos meses. Fora ali referida a sessão que a Assembleia Municipal organizara. Esse fora um ponto culminante do debate, mas recordava que já antes dessa sessão organizada pela Assembleia Municipal tinham promovido várias reuniões. Essa aliás fora uma sessão promovida depois de terem promovido esse trabalho de troca entre todos. Essa era a história, ninguém fora excluído de participar ou de ser ouvido, quem entendera que deveriam discutir aquilo entre todos entendera, quem não entendera tinha saltado fora daquilo que tinha sido o trabalho entre todos, e essa era a história do que estavam ali a discutir. Essa era uma questão que era importante. ---------------------- ----- Continuou, referindo que, em segundo lugar, o que a Câmara estava a propor à Assembleia Municipal era que submetesse a debate público uma proposta que fora aprovada em reunião de Câmara. Já ali tinha sido dito, que a Câmara não estava a

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propor que fossem debater a reforma da Cidade. Isso era um modelo possível de debate público, mas não era isso que estava a ser apresentado, o que estava a ser apresentado era que iam propor à cidade e iam apontar um caminho como já ali tinha sido dito, e esse caminho era muito claro e queriam que a Cidade soubesse que o caminho era claro, e que o caminho claro era um modelo em que tinham mais competências próprias para as Juntas de Freguesia, em que queriam ter mais meios para as Juntas de Freguesia para poderem desempenhar as suas competências, e para isso necessitavam de Freguesias com maior dimensão, com maior massa crítica e, fundamentalmente (uma coisa importante que ninguém ali falara nesse dia) precisavam de um menor desequilíbrio entre Juntas de Freguesia. Hoje em dia havia freguesias na Cidade com 300 eleitores e Freguesias com 40000 eleitores e esse era um enorme desequilíbrio que existia entre as pessoas que viviam em diferentes zonas da Cidade, e os senhores presidentes de Juntas de Freguesia sabiam isso muito bem. -- ----- Quando se fizera o protocolo de delegação de competências do actual mandato, como sabiam, haviam delegado novas competências que pressupunham que as Juntas de Freguesia se associassem de forma voluntária, como ali já tinha sido salientado pelo BE, que propunha esse modelo, as Juntas de Freguesia associavam-se de forma voluntária para a gestão de determinados equipamentos, como era o caso do “Motocão” e o caso do “Lisboa Porta a Porta”, e sabiam melhor que ninguém as dificuldades que se tinham encontrado para o fazer, portanto, aquela questão da associação voluntária de freguesias era um modelo possível e, aliás, era um modelo que surgia no relatório do ISEG. ----------------------------------------------------------------- ----- Recordava-se que no relatório do ISEG havia três cenários, havia um que nunca fora falado, o cenário “A”, que mantinha tudo na mesma, eventualmente, com associações a nível de freguesias, o cenário “B” apresentava 27 freguesias, e o cenário “C” apresentava 9 freguesias. O que haviam entendido ao longo do trabalho que se fizera internamente em Lisboa fora que o modelo “B” era aquele que permitia conciliar melhor aquilo que era a identidade cultural e a identidade enquanto instância administrativa e política das Juntas de Freguesia com a necessidade de introduzir maior equilíbrio na Cidade de Lisboa. Essa fora a proposta que haviam seguido. Não tinham seguido o modelo “C”, que o CDS ali tinha defendido, por uma razão muito simples, porque lhes parecia que não era o melhor caminho para o modelo de governação que queriam que mantivesse a identidade e a história. Realçava, aliás, que no próprio relatório do ISEG e ICS, talvez fosse um detalhe que nem sempre tivesse sido visto, a própria equipa desaconselhava o modelo das 9 Freguesias e dizia mais, dizia que no inquérito que o ICS tinha dirigido às pessoas que viviam em Lisboa e que vinham a Lisboa, a esmagadora maioria das pessoas tinham optado pelo modelo “B”, ou seja, o modelo de 27 Freguesias que mantivesse a identidade das Juntas de Freguesia, e era esse o caminho que ali estavam a propor, e era o que queriam que fosse submetido à Cidade, que se discutisse esse modelo. E essa era uma questão fundamental, a reter, para que não houvesse equívocos. -------------------------------------- ----- Como última nota de um terceiro ponto que queria ali destacar, era que havia diversos aspectos do modelo de governação da Cidade que ali não estavam a submeter

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a debate público, se haviam lido bem a proposta. Não estavam ali a submeter alterações de fronteiras, esse era aliás um cenário proposto pela equipa do ISEG que não haviam acolhido ali, o que queriam precisamente era que a Cidade discutisse o novo modelo de governação da Cidade, com mais competências, mais meios, freguesias com maior dimensão e menor desequilíbrio, e para isso era importante discutir também as actuais fronteiras das freguesias. O actual mapa que propunham para debate mantinha exactamente as fronteiras tal como elas existiam na actualidade. Não haviam mexido em nenhuma fronteira. Isso era naturalmente um contributo que iria surgir do debate. Estavam convencidos que haveriam muitas pessoas, muitas instituições, muitos agentes da Cidade, que iriam fazer propostas de alteração de fronteiras. Veriam o que iria dar o debate público. ------------------------------------------- ----- O segundo aspecto, que não estava também naquela proposta, era relativo aos nomes das Freguesias. Queriam também que isso fosse um aspecto que resultasse do debate e que fosse tratado depois do debate. Agora o que queriam era ouvir a Cidade e esperavam que a Assembleia Municipal desse um contributo para que isso fosse possível. --------------------------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Adolfo Mesquita Nunes (CDS), no uso da palavra para pedir um esclarecimento, disse que tinha uma pergunta para fazer à Sr.ª Vereadora e que consistia no seguinte; A proposta que chegara à Assembleia Municipal, pedia-lhes para submeterem a proposta à discussão pública, nos termos dos documentos em anexo. Nos documentos em anexo, estava a proposta aprovada em Câmara, estava uma proposta subscrita pelos vereadores do PSD, (que terminava com “tenho a honra de propor que a Câmara delibere submeter à Assembleia Municipal, para efeitos de discussão pública, em conjunto com a Proposta 15/2011, a proposta de divisão administrativa constante do mapa anexo”, que não fora votada), estava uma declaração de voto do Sr. Vereador do PCP (que não era nenhuma proposta e também não fora votada), e estava a acta em minuta. --------------------------- ----- Lia-se a acta em minuta, e faltava ali um anexo, que era uma proposta que o CDS fizera. Fora recusada? Nem ele queria, nem lhe passava pela cabeça, obrigar a Câmara a concordar com ela, mas porque é que faltava naquela documentação um elemento essencial para que os lisboetas, não lhes podendo ser dadas as propostas em alternativa, entendessem aquilo que ali estava? Porque é que a proposta dos vereadores do PSD, que terminava também com a Proposta de discussão pública, estava ali e a do CDS não estava? Porque é que a declaração de voto do Sr. Vereador do PCP, que explicava a sua votação e posição estava ali, e a proposta do CDS não estava? Eram essas as perguntas que lhe colocava. ------------------------------------------- ----- Quanto àquilo que o estudo dizia sobre a opção “C”, perspectiva que o CDS defendia, relembrava-lhe apenas que o estudo concluía, como sendo aquela a opção que permitia uma conjugação mais integrada entre as políticas de responsabilidade municipal e as de responsabilidade das Juntas de Freguesia, coisa de que tanto tinham ouvido falar ali. ------------------------------------------------------------------------------------- ----- A Senhora Vereadora Graça Fonseca, no uso da palavra para esclarecimento, começou por dizer que não queria alongar aquela discussão regimental. ------------------

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----- Recordava e salientava que em reunião de Câmara, o CDS-PP decidira apresentar uma proposta própria que fora submetida a votação em reunião de Câmara, e em reunião de Câmara a proposta fora chumbada. Fora isso que acontecera. Quanto à Proposta dos Vereadores do PSD, eles tinham entendido não a apresentar como uma proposta autónoma, ou seja, fora um contributo que tinham querido dar em reunião de Câmara para a proposta apresentada. ------------------------------------------------------------ ----- Essa era a única razão, e como o senhor deputado saberia, as propostas que eram chumbadas em reunião de Câmara não eram remetidas à Assembleia Municipal. Porém, aquilo que já fora falado na semana passada – em que o Sr. Deputado não estava presente - pois a questão fora colocada na conferência de líderes, e ela mesma dissera, era que essa proposta deveria ser solicitada à Câmara para que fosse enviada (e enviá-la-iam com todo o gosto), e o CDS informara que já tinha distribuído a Proposta na Assembleia Municipal. Fora essa a informação que recebera, e desde a semana transacta que tinha a informação de que essa proposta teria sido distribuída. --- ----- Não se iria alongar em questões regimentais, porque honestamente achava que não eram o foco daquela questão. O CDS-PP certamente iria aproveitar-se do que era o período de debate público para submeter a sua proposta, o que aliás já estava a fazer, através dos meios próprios, como aliás tinha tido a possibilidade de acompanhar e de verificar e, portanto, essa seria claramente uma proposta que iria surgir no debate púbico, não tinha dúvidas nenhumas. Na semana passada, essa questão fora levantada e aquilo que fora acertado entre todos é que a proposta seria distribuída pelo próprio CDS-PP na Assembleia Municipal. Era essa a informação que tinha. --------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Adolfo Mesquita Nunes (CDS-PP), de novo no uso da palavra, disse que aquela Proposta do grupo dos vereadores do PPD-PSD também não fora aprovada e constava desse anexo. Mas gostava de colocar uma questão à Sr.ª Vereadora. O CDS estava na disposição de retirar o termo “Proposta” do documento que apresentara e substituí-lo por “Contributo para a discussão”. Queria saber se, nesse caso, esse contributo do CDS poderia acompanhar o anexo para a discussão. ------------------------------------------------------------------------------------------ ----- A Senhora Presidente, uma vez que ninguém mais desejara intervir, submeteu em seguida a Proposta n.º 15/2011 à votação, tendo a Assembleia deliberado aprová-la, por maioria, com votos favoráveis do PS, PSD e 4 IND, votos contra do BE, PEV, PCP, 1 PS, 3 PSD, PPM e MPT, e a abstenção do CDS-PP e 1 IND. ---------------------- ----- Seguidamente, a Senhora Presidente informou que, naquele momento, haviam sido entregues à Mesa as Declarações de Voto que a seguir se transcrevem.-------------- ------------------------ DECLARAÇÃO DE VOTO NÚMERO UM------------------------- ----- “John Rosas Baker e António Arruda, Deputados do Grupo Municipal do Partido da Terra – MPT, vêm, nos termos e para os efeitos previstos no artigo 92º da Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, na redacção introduzida pela Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro, e pela Lei n.º 67/2007, de 31 de Dezembro, fazer constar da Acta da Reunião Extraordinária realizada no dia 15 de Fevereiro de 2011 a sua declaração de voto relativa à Proposta n.º 15/2011, de 26 de Janeiro, que aprovou a discussão pública relativa à reforma administrativa de Lisboa, com o seguinte fundamento: ----------------

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----- Os Deputados do Grupo Municipal do Partido da Terra - MPT, discordando da postura assumida pelos Grupos Municipais do PS e do PSD, durante a discussão e a votação da Proposta n.º 15/2011, atentos ao facto desses mesmos Grupos Municipais terem deliberadamente inviabilizado toda e qualquer proposta alternativa de reforma administrativa que os demais deputados municipais pretenderam submeter. -------------- ----- Referem, ainda, os Deputados do Partido da Terra - MPT, que os Grupos Municipais do PS e do PSD revelaram, ademais, uma estranha dificuldade em lidar com a pluralidade de opiniões, a qual permitiria, sem quaisquer dúvidas, o enriquecimento da proposta de reforma da organização municipal, reforma com a qual os Deputados do Partido da Terra - MPT concordam, mas cujo conteúdo se revela como inoportuno face à ausência de resultados do Census2011 e sem a pluralidade de contributos que se entende como democraticamente necessária à tomada de decisão sobre a vida da cidade e dos seus munícipes, motivos pelos quais decidiram votar contra a referida proposta.” ----------------------------------------------------------------------- ----- (Subscrita pelos Deputados do Grupo Municipal do Partido da Terra - MPT) ------ ------------------------ DECLARAÇÃO DE VOTO NÚMERO DOIS----------------------- ----- “Discordo desta proposta de Reforma Administrativa da Cidade de Lisboa porque considero ela contraria o princípio da coesão do Estado ao prever, no mais elementar nível de representação política, a possibilidade inadmissível de criar os alicerces de «um País, dois sistemas». Acredito que as Leis devem ter uma aplicação universal, sobretudo as que regulam a organização política do Estado. Antes de Lisboeta, sou portuguesa e a coesão política do Estado é razão necessária e suficiente para me distanciar de uma reforma que defende que, na Capital, as Juntas de Freguesia podem ter privilégios e competências não reconhecidos às unidades políticas equivalentes do resto do País. ---------------------------------------------------------- ----- Discordo desta proposta de Reforma Administrativa da Cidade de Lisboa porque considero que o espírito reformador dos Deputados Municipais deve ser acompanhado pelo respeito pela identidade secular da Cidade, pelo imperativo da proximidade entre eleito e eleitor, pela consciência de que, no nosso tempo, uma Junta de Freguesia não se deve medir apenas pelo número de camas mas pelo número mutante de fregueses que a vivem durante o dia. Do mesmo modo, não defendo a extinção das freguesias dormitório propiciadas nas últimas décadas pela falta de ordenamento do território. --- ----- Estes princípios não ignoram a exigência de criação de novos modelos de gestão adaptados aos movimentos pendulares, atento aos fenómenos sociais emergentes das cidades capitais, mais frequentadas do que habitadas. Defendo, por isso, a criação de dez unidades de Freguesias em Lisboa que, sem o estrago social, histórico e político da extinção das freguesias, favorece a gestão autárquica, a maximização de recursos e a modernização do modelo de organização administrativa. É um modelo mais adaptável às exigências de cada época e de cada concelho do nosso País. Trata-se igualmente de uma solução menos agressiva para com os sentimentos de pertença das populações que merecem o nosso respeito e que devem ser considerados também na perspectiva da segurança interna. ----------------------------------------------------------------

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----- Discordo desta solução político-administrativa porque considero que trará mais e maiores problemas do que soluções. A reforma do chamado «universo empresarial» da Câmara Municipal de Lisboa, a revisão do número de Deputados, o corte de despesas e a avaliação laboral individual de cada um dos mais de 11 mil funcionários da CML, com critérios baseados no mérito, obteria maiores ganhos com menos custos. ------------------------------------------------------------------------------------------------ ----- O debate público inicia-se agora e não estamos perante uma proposta fechada. Isso não invalida que, hoje, o voto de cada Deputado da Assembleia Municipal de Lisboa representa um vínculo a um modelo concreto baseado em pressupostos políticos que merecem a minha discordância.”------------------------------------------------- ----- (Subscrita pela Deputada Municipal Inês Ponce Dentinho) ---------------------------- ------------------------ DECLARAÇÃO DE VOTO NÚMERO TRÊS ---------------------- ----- 1. A Freguesia de S. João de Brito foi criada pelo Decreto-Lei n.º 42.142, no Diário do Governo de 7 de Fevereiro de 1959.------------------------------------------- ----- 2. A proposta n.º 15/2011, da Câmara Municipal de Lisboa, propõe que seja submetida a discussão pública uma pseudo reforma administrativa da Cidade de Lisboa. ---------------------------------------------------------------------------------- ----- 3. A proposta de reforma administrativa, objectivamente, propõe a extinção da Freguesia de S. João de Brito, que hoje comemora 52 anos de existência. ------------------------------------------------------------------------------------- ----- 4. Voto contra esta proposta por diversas razões que poderia desenvolver e as pessoas conhecem. Sou absolutamente contra a extinção da Freguesia de S. João de Brito por lealdade aos milhares de moradores que, em quatro actos eleitorais consecutivos, me tem sempre manifestado a sua confiança como Presidente. Não trairei a sua livre e democrática vontade. Assim, farei tudo o que estiver, legalmente, ao meu alcance, para impedir a extinção da Freguesia de S. João de Brito. ------------------------------------------------------------------------------- ----- (Subscrita pelo Deputado Municipal Joaquim Fernandes Marques) ------------------ ----- Seguidamente, a Senhora Presidente informou que os Senhores Representantes, Líderes da Assembleia Municipal, haviam-se reunido nesse mesmo dia, de manhã, com a “Mesa”, entre as 11h00 e as 14h00. Nessa reunião haviam decidido fazer uma reunião mais alargada para discutir exactamente as várias possibilidades e a forma como a discussão pública deveria ser feita. Entretanto, a Presidência da Assembleia Municipal tinha recebido duas propostas, uma do BE e outra do CDS e, posteriormente, recebera duas recomendações, uma do PPM e outra do PS/PSD. ------- ----- Tinham acordado que as Propostas do BE e do CDS, que diziam respeito à sua opinião sobre a reforma administrativa da Cidade, e uma vez que havia sido solicitado pelos seus subscritores que fossem incluídas na informação da reforma administrativa da Cidade, e porque não haviam chegado a acordo sobre essa decisão, tinham decidido trazer ali ao Plenário, a votação, sobre se a maioria queria ou não queria que essas Propostas fizessem parte do conjunto de materiais de que o público teria conhecimento sobre a reforma administrativa da Cidade. Essa era a situação das Propostas. --------------------------------------------------------------------------------------------

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----- Continuou, referindo-se às Recomendações, que eram duas, uma das quais do PS, as quais também teriam de votar, assim como teriam de votar o prazo para o término do debate público, sobre o qual também não haviam chegado a acordo. O PS e o PSD haviam proposto a data de 22 de Março e o BE, o PEV, o PCP, o PPM, o MPT e o CDS tinham proposto a data de 24 de Abril.---------------------------------------------------- ----- Também não haviam chegado a acordo sobre a data do debate público, e por isso, teria de ser votada ali, que também decorria do prazo da discussão pública, em que o PS e o PSD tinham proposto a data de 15 de Março para o debate público e o BE, o PEV, o PCP, o PPM, o MPT e o CDS tinham proposto a data de 29 de Março. Era aquele o resumo do que passariam a votar a partir desse momento. ------------------------ ----- Em seguida, informou que ia pôr as propostas a votação pela sua ordem de entrada na Assembleia Municipal. A primeira proposta a entrar fora a do BE, a qual fora distribuída, via Internet, a todos os Srs. Deputados, no final da semana transacta. O BE propunha que a sua proposta integrasse os documentos para debate público, sobre a reforma administrativa da cidade, para conhecimento dos cidadãos, de modo a que se pudessem pronunciar ou criarem outras propostas. ----------------------------------- ----- A Senhora Presidente submeteu em seguida a Proposta do BE para integrar os documentos para debate público, à votação, tendo a Assembleia deliberado rejeitá-la, com votos favoráveis do BE, PEV, PCP, 4 IND, PPM, MPT e CDS-PP, votos contra do PS, PSD e 1 IND. ------------------------------------------------------------------------------- ----- A Senhora Presidente submeteu em seguida a Proposta do CDS-PP para integrar os documentos para debate público, à votação, tendo a Assembleia deliberado rejeitá-la, com votos favoráveis do BE, PEV, PCP, e 3 IND, PPM, MPT e CDS-PP, votos contra do PS, PSD e 1 IND, e a abstenção de 1 IND. ---------------------------------- ----- Continuando, a Senhora Presidente disse que ia pôr a votação as Recomendações, também por ordem de entrada, submetendo em seguida a Recomendação do PS/PSD à votação, e informando que seria deliberada ponto por ponto, a pedido do Partido Socialista. ----------------------------------------------------------- ----- PONTO 1 - aprovado, por maioria, com votos favoráveis do BE, PS, PSD, PPM MPT, CDS-PP e 1 IND, votos contra do PEV e PCP, e a abstenção de 4 IND. ----------- ----- PONTO 2 - aprovado, por maioria, com votos favoráveis do BE, PS, PSD, PPM, MPT, CDS-PP, 5 IND, votos contra do PEV, e a abstenção do PCP.----------------------- ----- A Senhora Presidente submeteu em seguida a Recomendação do PPM à votação, tendo a Assembleia deliberado rejeitá-la, com votos favoráveis do BE, PEV, PCP, PPM, MPT, CDS-PP e 3 IND, votos contra do PS, PSD e 1 IND, e a abstenção de 1 IND.--------------------------------------------------------------------------------------------- ----- A Senhora Presidente informou que ia pôr a votação as propostas de prazos para o término da Discussão Pública e em seguida submeteu a Proposta apresentada pelo PS/PSD à votação, tendo a Assembleia deliberado rejeitá-la, com votos favoráveis do PS, PSD e 1 IND, votos contra do e BE, PEV, PCP, 2 IND PPM, MPT e CDS-PP e a abstenção de 2IND. --------------------------------------------------------------- ----- A Senhora Presidente informou que ia pôr a votação a proposta de prazo para a Discussão Pública e em seguida submeteu a Proposta apresentada pelo PS/PSD à

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votação, tendo a Assembleia deliberado aprová-la, com votos favoráveis do PS e PSD, votos contra do BE, PEV, PCP e 1 IND, e a abstenção de 2IND, MPT, CDS-PP e PPM. ------------------------------------------------------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal Modesto Navarro (PCP), no uso da palavra, apresentou a declaração de voto que a seguir se transcreve. --------------------------------- ----- O PCP votara “sim” à discussão pública das propostas do CDS-PP e do BE, apesar de estarem em desacordo com o conteúdo, mas aquilo que interessava realmente ali era a democracia dos actos, e portanto, que a população de Lisboa tivesse acesso às várias posições, e até a outras que viessem a surgir, e nesse aspecto, a Assembleia Municipal não assumira a independência, porque não era obrigatório que aquela Proposta n.º 15/2011 fosse à Assembleia Municipal. A Assembleia tinha um processo independente e autónomo para prosseguir, e quando a Senhora Presidente dizia para entregarem à Câmara Municipal os resultados, não era assim. Os resultados iriam à Assembleia Municipal e constariam de um processo que a Assembleia Municipal iria enviar à Assembleia da República. Portanto, se tudo funcionasse, esperava que houvesse quem se fosse debater nas reuniões, para que a democracia funcionasse, e para que as propostas fossem tidas em conta e subissem à Assembleia em igualdade de circunstâncias. --------------------------------------------------- ----- O Senhor Deputado Municipal João Bau (BE), no uso da palavra, apresentou a declaração de voto que a seguir se transcreve. ------------------------------------------------- ----- Em primeiro lugar, queria explicar a situação que fora impossibilitado de colocar. Pretendia que relativamente à proposta da Câmara fosse destrinçado o que era o voto sobre a proposta e o que era o voto sobre a sua admissibilidade à discussão pública. Haviam sido obrigados a votar contra, mas queriam votar a favor da discussão pública. ----- Queria dizer que tinham votado pela dignificação da Assembleia. Tinham votado “sim” sempre que estivera em causa fornecer informação aos cidadãos. Haviam votado “sim” sempre pela democracia. Tinham votado “não” à caixa de ressonância. Tinham votado ”não” à transformação daquela Assembleia e a uma amputada discussão pública. Tinham votado “não” relativamente àqueles que queriam diminuir a representatividade e a diversidade política nas freguesias, na Assembleia Municipal e no país. --------------------------------------------------------------------------------------------- ----- A Senhora Presidente, seguidamente, deu por encerrada a Reunião, informando que a próxima Sessão teria lugar no próximo dia 22 de Fevereiro de 2011, pelas 14 horas. ------------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Eram horas e minutos.------------------------------------------------------------------ ----- E eu, , Primeiro Secretário, fiz lavrar a presente acta que subscrevo juntamente com a Segunda Secretária, .----- -------------------------------------- A PRESIDENTE--------------------------------------------