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Cristina José Reigoto Nunes SERRA DO MENDANHA: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMUNITÁRIA PARA O BAIRRO DO MENDANHA CAMPO GRANDE – RJ Universidade Cândido Mendes

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Cristina José Reigoto Nunes

SERRA DO MENDANHA: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL COMUNITÁRIA PARA O BAIRRO DO MENDANHA

CAMPO GRANDE – RJ

Universidade Cândido Mendes

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Universidade Cândido Mendes

SERRA DO MENDANHA: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL COMUNITÁRIA PARA O BAIRRO DO MENDANHA

CAMPO GRANDE – RJ

Cristina José Reigoto Nunes

Orientador: Maria Esther

Rio de Janeiro

2003

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

SERRA DO MENDANHA: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL COMUNITÁRIA PARA O BAIRRO DO MENDANHA

CAMPO GRANDE – RJ

Objetivos: formular uma proposta de Educação Ambiental

com a comunidade e investigar o desconhecimento da

população residente de uma Educação Ambiental objeti-

vando desenvolver um processo educacional coletiva-

mente, para que se promova mudança de comportamen-

to.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, primeiramente, por ter me capacitado na elabora-

ção deste trabalho. A minha família que sempre contri-

buiu com as realizações alcançadas em toda minha vida.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos que me ajudaram, direta ou

indiretamente para a realização do mesmo, aos meus

pais, em especial minha mãe, por tudo que fizeram e

ainda fazem por mim.

Cristina José Reigoto Nunes

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RESUMO

A preferência pelo estudo partiu de uma ilustre aspiração em conhecer

estreitamente esse remanescente de Mata Atlântica, características e o que resta desse

patrimônio ambiental, que compreende a Serra do Mendanha, com uma flora rica e

variada que abriga raros exemplares da fauna silvestre.

A pesquisa mostrou-se direcionada às áreas mais próximas à estrada do

Mendanha, entretanto, algumas informações pertinentes conseguidas com a direção da

associação de moradores do bairro da Serrinha, que mostra-se inserido na Serra do

Mendanha, foram consideradas, pois os dados alcançados naquela foram insuficientes

para a elaboração do trabalho, já que os bairros situados próximos àquela estrada não

dispõem de uma estrutura organizacional, como uma associação de moradores por

exemplo, que se preocupe com os interesses dos moradores e a preservação do lugar.

A Mata Atlântica é uma das mais importantes florestas do planeta, e conhecer

um pouco suas peculiaridades é de grande importância. Contudo, para que este

admirável cenário ambiental, com sua flora e fauna em equilíbrio, permaneça às

gerações futuras é preciso desenvolver um trabalho, com toda população residente e

visitante, do uso sustentado dos recursos naturais existentes, realizando um processo de

transformação educacional de maneira a atingir os objetivos de um projeto de Educação

Ambiental.

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METODOLOGIA

A fim de concretizar os objetivos apresentados foi adotada metodologia voltada

para a consulta bibliográfica concernente a conhecimentos pedagógicos e de Educação

Ambiental, além de retratar a compreensão de educação dos autores selecionados,

buscando um conteúdo teórico que irá permitir também uma melhor compreensão do

assunto em questão.

Através de uma pesquisa de campo foram realizadas entrevistas direcionadas aos

moradores da área em estudo, onde foram obtidas informações empíricas que permitiram

identificar na referida comunidade diferenças de saberes locais. Foi criado um espaço de

negociação dialógica acontecendo uma interação dos hábitos e costumes da região e

valorização dos elementos simbólicos que subsidiaram a pesquisa.

A proposta deste trabalho de pesquisa é mostrar a possibilidade de realizar uma

construção coletiva do conhecimento sempre preservando os valores sócio-culturais dos

indivíduos da região.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 9

UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA ALCANÇAR CONSCIÊNCIA

AMBIENTAL

CAPÍTULO II 18

A MATA ATLÂNTICA

COMENTÁRIOS 35

CONCLUSÃO 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37

INDICE 38

FOLHA DE AVALIAÇÃO 39

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INTRODUÇÃO

A pesquisa em questão tem como objetivo principal buscar informações que irão

subsidiar a elaboração de um projeto de Educação Ambiental com a comunidade do

remanescente a fim de contribuir para mudança da percepção romântica que a população

adquiriu no decorrer dos anos em relação a consciência ecológica, ou seja, associação

desta à proteção das plantas e dos animais desconsiderando a qualidade de vida da

espécie humana, como se todos não fizessem parte da natureza.

A educação ambiental constitui-se um desafio devendo ser inserida em seu

tempo e no contexto, deve contribuir principalmente para o exercício da cidadania,

estimular a participação garantindo os instrumentos, direitos e acesso nos centros de

decisões. A população assim irá aprender a pensar criticamente e atuar em seu mundo

para transformá-lo.

Os seres humanos compreendem o ponto focal pelo desenvolvimento

sustentável, têm direito a uma vida saudável em harmonia com a natureza. Além de

ambientalistas precisam esforçar-se na busca de equidade e democracia, mudar valores,

hábitos e comportamentos incompatíveis com uma educação ambiental plena.

Como dizia Paulo Freire: “uma aprendizagem é fundamentalmente social”.

Existe a necessidade do envolvimento dos indivíduos, inseridos em um projeto de

Educação Ambiental, com o mundo real. Uma aprendizagem integrando estes ao meio

ambiente, a fim de suscitar uma consciência de responsabilidade, uma ética do cuidado

em relação à degradação da qualidade de vida, percepção da importância de se ter uma

relação boa com a natureza, não agressiva, não destruidora.

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I – UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA

ALCANÇAR CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

A gravidade e multiplicação dos problemas ambientais tornaram-se grande

preocupação não apenas na opinião dos ecologistas, educadores ambientais e outros

profissionais da área, mas de toda população que se importa com a qualidade de vida da

espécie humana, pois todos fazem parte da natureza. Entretanto, a maior parte da

população possui uma visão romântica da ecologia, associando-a mais em defesa do

verde e, por extensão, das árvores e animais, não compreendendo que a espécie humana

também é parte integrante desta natureza.

A uma população preocupada com o meio ambiente e seus problemas associados

deve-se direcionar uma educação ambiental que venha incitar os indivíduos a

trabalharem coletivamente para a solução dos problemas atuais e a prevenção dos

problemas futuros, que se preocupem com a promoção de uma nova sociedade

ambientalmente sustentável e socialmente justa.

Deve-se considerar em um projeto de educação ambiental o processo educativo

de construção da cidadania plena, que visa a qualidade de vida dos envolvidos e a

consolidação de uma ética ecológica. Assim o fundamental na educação ambiental é

trazer para a educação o respeito à vida como seu eixo central, promovendo a superação

da dicotomia sociedade/natureza.

A educação ambiental é uma rediscussão da presença humana na natureza, indo

além dos aspectos naturais da problemática ambiental, deve-se reconhecer os diferentes

enfoques existentes como por exemplo: ação voltada para a realidade de vida; visão

global e de totalidades, interdisciplinaridade.

Cita Brugger (1994):

“ A compartimentalização do ambiental ou,

inserção de uma dimensão ambiental, levam o

meio ambiente a uma perspectiva instrumental

e o elenco de problemas ambientais se reduz

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à poluição, escassez de recursos naturais,

diminuição da biodiversidade, etc. A educação

ambiental vista dessa forma não ultrapassa

as fronteiras da velha educação conserva-

cionista e não faz jus, portanto, ao adjetivo a

que se propõe.”

Também cita Guimarães (1995):

“No trabalho de conscientização é preciso

estar claro que conscientizar não é

simplesmente transmiti r valores “verdes” do

educador para o educando, essa é a

lógica da educação “tradicional” , é, na

verdade, possibilitar ao educando questionar

criticamente os valores estabelecidos pela

sociedade, assim como os valores do

próprio educador que está trabalhando

em sua conscientização.”

A Educação Ambiental, portanto, constitui-se num desafio, mas sem participação

política fica impossível a realização da mesma. As autoridades governamentais precisam

garantir instrumentos para que um Projeto em Educação Ambiental seja concretizado.

Estimular mudança de comportamento e a construção de novos valores éticos são fatores

principais em uma pedagogia de ação, mas o exercício da cidadania não se mostra

destacado do comportamento dos cidadãos em relação ao seu meio ambiente. É preciso

educar para que o ser humano fique consciente dos problemas ambientais, mas também

tornar-se crítico e participativo.

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A realização de uma Educação conduzida a determinada região deve obedecer

estratégias didáticas fundamentais para atingir os objetivos dispostos no projeto de

EducaçãoAmbiental engendrado, como por exemplo, a participação dos cidadãos na

solução dos problemas ambientais preocupando-se não apenas com o aspecto ecológico,

mas também sócio ambiental para estarem mais relacionados sociedade e meio

ambiente, pois este tem uma definição bastante peculiar denotando relações dinâmicas e

interativas entre grupos sociais e o meio natural e construído. Assim define Reigota

(1997, p. 14), meio ambiente:

“o lugar determinado ou percebido, onde os

elementos naturais e sociais estão em relações

dinâmicas e em interação. Essas relações

implicam processos de criação cultural e

tecnológica e processos históricos e sociais de

transformações do meio natural e construído.”

É necessário à documentação da Educação Ambiental uma concepção de meio

ambiente, por parte dos indivíduos inseridos no projeto, que não se baseia em

objetividade e neutralidade, que venha exigir uma observação do mundo exterior ao

homem e não a partir dele.

O processo educativo de um projeto em Educação Ambiental envolve todos,

contribuindo assim para uma mudança de comportamento coletiva. O que ensina aprende

o processo democrático de diálogo, o mesmo está educando-se também. A Educação

Ambiental precisa ser permanente e ao longo do tempo, e as condições fundamentais

para a mesma compreende mudança de conduta, conhecimento do contexto do problema

e busca de soluções de problemas sócio-ambientais.

A Educação Ambiental precisa adquirir caráter político buscando a formação do

cidadão nacional, continental e planetário, fundamentando-se na troca de informações e

conhecimento entre culturas de povos e gerações. Uma Educação Ambiental criativa e

política, antitotalitária chegando aos princípios básicos de justiça social.

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1.1 – Como Elaborar um Projeto de Educação Ambiental

A educação tem uma função socializadora, prepara o indivíduo para desempenhar

atividade útil à sociedade, entretanto, para a realização de uma educação popular que

esteja comprometida com a transformação da sociedade buscando um equilíbrio social e

ambiental para o mundo, faz-se necessário a busca do planejamento como uma ação

pedagógica essencial.

Um planejamento participativo onde cada um venha contribuir com sua visão de

mundo, sua experiência acumulada, facilitando a compreensão da realidade vivenciada,

pois planejamento implica a participação de todos os elementos que encontram-se

comprometidos no processo de ensino.

Segundo Paulo Freire (1977), é essencial considerar em um processo educacional

as experiências vividas de cada indivíduo, deve existir respeito e valorização do outro,

um diálogo em torno do objeto que se quer conhecer. A metodologia freireana se centra

no ato aberto, criativo e de liberdade, e como ele dizia que metodologia não é pura

técnica, envolve emoção e as virtudes de quem ensina.

No caminhar metodológico, para Freire, é preciso pensar concretamente a partir

das contradições próprias da história e da condição humana e assim aprende-se os

fenômenos diversos que o mundo oferece. A compreensão de educação de Paulo Freire

não é menos científica ou rigorosa do que as que se baseiam nas descrições e prescrições

do que devemos fazer, a metodologia freireana mostra-se a negar este método que atrofia

o pensar e o agir.

Para Freire (1977):

“A educação libertadora é incompatível com

uma pedagogia que, de maneira consciente ou

mistificação, tem sido prática de dominação. A

prática da liberdade só encontrará adequada

expressão numa pedagogia em que o oprimido

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tenha condições de, refletivamente, desco-

brir-se e conquistar-se como sujeito de sua

própria destinação histórica.”

Reportando-se ao planejamento da Educação Ambiental é essencial considerar os

diferentes conteúdos que as diversas áreas de conhecimento oferecem a fim de buscar a

produção de novos conhecimentos, aplicados à realidade no sentido de transforma-la, e o

processo da transformação da realidade permite gerar novos valores e atitudes visando

atingir um equilíbrio local/global por meio de uma relação integrada ser

humano/natureza ampliando a consciência do educando. Verifica-se assim os objetivos

gerais que permeiam o planejamento para uma Educação Ambiental.

Mostra-se necessário que o processo de aprendizagem alusivo ao projeto de

educação ambiental seja longo e contínuo, que também venha considerar uma filosofia

de trabalho participativo em que todos, família, comunidade e escola devem estar

envolvidos. Diante da questão ambiental o indivíduo precisa possuir sensibilidade e

conseqüente interiorização de conceitos e valores onde serão trabalhados de forma

gradativa e contínua, e de acordo com a realidade local do mesmo, ou seja, trabalhar a

vivência imediata para alcançar uma vivência plena.

Assim cita Guimarães (1995):

A educação ambiental se realizará de forma

diferenciada Em cada meio para que se adapte

às respectivas realidade, trabalhando com seus

problemas específicos e solucões próprias em

respeito à cultura, aos hábitos, aos aspectos

psicológicos, às característica biofísicas e

socioeconômicas de cada localidade.”

Para atender aos interesses e às necessidades de uma comunidade a ação

pedagógica deve estar direcionada ao educando de maneira que a este seja transmitido

instrumentos teóricos e práticos para o enfrentamento dos problemas percebidos. Assim

um processo educacional consciente será alcançado.

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1.2 – Algumas contribuições de Leis, Movimentos e Órgãos Ambientais

para o Meio Ambiente

A influência dos movimentos ambientalistas ou ecologistas da Europa Ocidental

que, progressivamente, se organizaram contribuiu, a partir da década de 60, para gerar

preocupação com as questões ambientais. E assim espaços na mídia foram conquistados

em função disto. Um evento importante para a questão ambiental em todos os países e,

sobretudo, para o Brasil foi a Conferência das Nações Unidas, promovida em

Estocolmo, Suécia, em 1972.

Na década de 70, nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, viveu-se uma

intensa atividade dos grupos ecológicos, inclusive com o surgimento dos partidos verdes

e que segundo Guerra e Cunha (1996) estes grupos contribuíram na transformação

positiva das questões ambientais em fatos de natureza completamente política.

Conseguiram influenciar a sociedade e realizar pressão sobre instituições, responsáveis

por financiamentos, para que estas mudassem seus preceitos referentes às questões da

natureza.

Devido a grande preocupação com o desenvolvimento econômico através da

exploração dos recursos naturais e o avanço tecnológico, até o final da década de 60, não

existia nenhuma manifestação dos governos alusiva às questões ambientais, sobretudo

após a Segunda Guerra Mundial, sendo essa postura existente nos países capitalistas

como em países do bloco comunista. Somente em 1969 os Estados Unidos iniciou uma

política ambiental, sendo um dos primeiros responsáveis pela implementação de

políticas ambientais.

Em 1973 foi criada, no Brasil, a SEMA, Secretaria do Meio Ambiente em nível

federal que trouxe resultados significativos com a criação de várias unidades de

conservação, áreas de proteção ambiental (APAs) estações ecológicas e, mais tarde com

os parques nacionais.

O governo federal, na década de 80, instituiu a Lei 6938/81, sobre a Política

Nacional do Meio Ambiente, que estabelece os princípios, os objetivos e o sistema

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nacional do meio ambiente. E com atribuições em estabelecer normas e critérios para

licenciamento de atividades poluidoras, determinar a realização de estudos alternativos,

etc., foi criado o CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Contudo, apenas

em 1986, o CONAMA, regulamenta os EIAs (Estudo de Impactos Ambientais) e

RIMAs (Relatório de Impactos Ambientais), através da Resolução 001, que estabelece

os critérios e as normatizações para o licenciamento de implantação de grandes

empreendimentos.

A Constituição brasileira de 1988 trata especificamente sobre o meio ambiente,

no capítulo VI, artigo 225 e estabelece que “todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade

de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo para as

presentes e futuras gerações”.

A Constituição Federal, ao referir-se especificamente ao meio ambiente e

consolidar o CONAMA, também apresenta exigência aos Estados a adotarem

procedimentos semelhantes. Conseqüentemente os mesmos criaram suas constituições

que tratam das questões ambientais dispondo dos Conselhos Estaduais do Meio

Ambiente. E aos municípios também aplicou-se tais exigências para que assumissem

compromisso de promulgarem suas leis orgânicas, que devidamente seguem as

constituições federais e estaduais, entretanto, adequando suas especificidades com a

realidade de cada lugar.

A Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6938;81) expõe instrumentos que

tratam questões ambientais fazendo parte destes o EIA e o RIMA são também

instrumentos constantes dessa lei, segundo Guerra e Cunha (1996):

I – O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

II – O zoneamento ambiental;

III – A avaliação de impactos ambientais;

IV – O licenciamento e a revisão de atividades efetivas ou potencialmente

poluidoras;

V – Os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou

absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

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VI – A criação de reservas e estações ecológicas, áreas de proteção ambiental e

as de relevante interesse ecológico, pelos poderes público, federal, estadual ou

municipal; e

VII – Outros instrumentos normativos.

Ainda segundo Guerra e Cunha (1996) foi promulgado pelo CONAMA a

Resolução 001 de 23/01/1986, que resolve:

Art. 1o – Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer

alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por

qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que direta ou

indiretamente afetem:

I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II – as atividades sociais e econômicas;

III – a biota;

IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e

V – a qualidade dos recursos ambientais.

A criminalização de condutas lesivas ao meio ambiente é retratada na lei

9.605/98, Lei dos Crimes Ambientais, que consolida várias condutas, revoga previsões

existentes em leis distintas, que não seguiam uma lógica adequada. Assim a aplicação de

pena as atividades lesivas ao meio ambiente segue um princípio lógico e transparente. O

conteúdo desta lei exibe a aplicação de penas alternativas, que venham desestimular a

prática delituosa ao mesmo tempo ressocializar o indivíduo infrator.

Os crimes contra o meio ambiente são retratados na lei supracitada também pelo

Capítulo V, artigo 29, que impõe penas àquele que matar, perseguir, caçar, apanhar,

utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida

permissão, licença ou autorização da autoridade competente e no artigo 38 aos

responsáveis pela destruição de floresta considerada de preservação permanente, ou

infringir as normas de proteção utilizando-se de seus recursos naturais.

As leis e normas que tratam do meio ambiente não são novidade no Brasil. Até a

Proclamação da República foram editadas diversas normas que tratavam as questões

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ambientais. Entretanto, da segunda metade do século XX até os dias atuais, o surgimento

de novas leis ambientais vem ocorrendo de forma crescente.

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II – A MATA ATLÂNTICA

A Mata Atlântica foi o nome dado pelos portugueses a grande muralha verde que

separava as áreas internas do mar no século XVI. É mister saber que é um nome que se

manteve, e que hoje, tornou-se popular, definindo a floresta como uma grande variedade

de matas tropicais úmidas englobando os campos e mangues. Isto, aliado ao mecanismo

de distribuição da umidade da Massa Polar Atlântica, favorece a grande diversidade de

espécies.Esses ventos úmidos são retidos pelos diversos acidentes do relevo costeiro,

fazendo com que esta umidade precipite-se, tornando a região Sudeste a de maior

pluviosidade do Brasil, sendo por isso, fator preponderante na existência de vários rios

nesta região.

Esta exuberante mata possuía uma área que ia desde o Rio Grande do Sul e se

estendia até o Rio Grande do Norte, em uma faixa do litoral brasileiro. Hoje se resume a

algumas “manchas verdes” distribuídas por esta área.

Não obstante esta mata esteja reduzida a 7,3% de seu território ela possui uma

importância social e ambiental muito grande, pois segundo pesquisas da Fundação Mata

Atlântica/IMPE/ISA (1998) ela é responsável em equilibrar o fluxo dos mananciais

hídricos que contribui para fertilidade do solo, além de dar proteção a escarpas e

encostas das serras e controlar o clima da região. E nesta mata inúmeros rios nascem, os

quais promovem o abastecimento de água às cidades e metrópoles brasileiras.

O processo de colonização do Brasil pelos portugueses, começa no litoral, numa

área ocupada pela mata. Neste primeiro momento, a agricultura da cana-de-açúcar no

Nordeste e do café principalmente no Sudeste nos séculos XIX e XX teve grandes

conseqüências, principalmente na redução da mata.

Com o desmatamento acelerado, o país ocupa tristemente o primeiro lugar, entre

os que mais desmatam. A mata em seu primórdio cobria 12% do território nacional e

hoje cobre apenas 4% desta área, isto é, de mata original.

Com o desmatamento ocorre a conseqüente perda do habitat que se mostra

acelerada e fora do controle dos órgãos públicos ambientais. Verifica-se que 171

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espécies animais das 202 em extinção são da Mata Atlântica, portanto, considera-se área

prioritária para ações urgentes de conservação.

Com uma formação florestal muito densa e heterogênea, variando de acordo com

a latitude, a mata apresenta uma grande quantidade de vegetais, tendo uma maior

variedade de espécies e parecidos com os da Amazônia, acreditando-se com isso, que

essas florestas eram ligadas em alguma era distante.

A despeito de toda destruição da Mata Atlântica, ela possui a maior

biodiversidade por hectare, entre as florestas tropicais. Sua fauna apresenta grande

variedade de animais, e que em tempos remotos, possuiu quase a metade das espécies

existentes endêmicas, só encontradas nestas matas. O total de mamíferos, aves, répteis e

anfíbios que nesta ocorrem alcança 1361 espécies, sendo que 567 endêmicas,

representando 2% de todas as espécies do planeta, somente para esses grupos de

vertebrados. A Mata Atlântica possui ainda 20.000 espécies de plantas das quais 8.000

são endêmicas

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2.1 – Os Aspectos atuais da Mata Atlântica

As regiões densamente povoadas, quando não estão desnudadas, apresentam

áreas de capoeiras. As espécies vegetais espalham-se por vários estratos: o arbóreo, o

arbusto e o herbáceo.

O tamanho das árvores varia de 20 a 30 metros de altura, podendo chegar a 40

metros, sendo parecidos com os da Amazônia. Os fatores climáticos nas florestas

próximas dos trópicos, onde existe grande incidência de luz, umidade elevada e

temperaturas variando entre 18C e 32C, são responsáveis pela grande biodiversidade

destas regiões, enquanto que nas altas e médias latitudes (mais próximas aos pólos), com

invernos rigorosos, passa a ser um fator limitante, conseqüentemente, a diversidade

biológica nestas regiões é bem mais restrita do que nas tropicais.

Vale ressaltar em última análise, que mais da metade da água absorvida pela

atmosfera é fornecida pela transpiração das folhas e que esta mesma vegetação repassa a

água proveniente das chuvas, infiltra-se no solo, seguindo lentamente para os rios,

mantendo-os com grande volume de água. Com o desmatamento, o solo é aquecido

diretamente pelo sol, fazendo com que as camadas mais internas do solo, muito mais

úmidas e ricas em sais, emergirem, tornando o solo impermeável e interrompendo todo

este processo, principalmente na diminuição do fluxo de água para os rios.

A recomposição destas florestas tropicais é dificultada pela fragilidade das

sementes que constituem essas espécies de vegetais, pois elas germinam em poucos dias,

limitando sua capacidade de se dispersarem por meios naturais para locais mais

favoráveis ao seu crescimento. Portanto, a manutenção da Mata Atlântica, com suas

manchas verdes espalhadas pelo litoral, é indispensável. Sem uma política de repreensão

ao desmatamento e um projeto de Educação Ambiental, esta grande área poderá

apresentar-se ao longo dos anos um solo desertificado.

Recentemente foi considerada, a partir de estudos realizados por agências de

fomento e grupos de especialistas, a grande prioridade para a conservação da

biodiversidade em todo o continente americano.

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Em estado crítico, acha-se reduzida a cerca de 7,3%, ou seja, aproximadamente

94.000 km2 sua cobertura florestal original, que perfazia em sua extensão original pelo

menos 1.290.692,46 km2. Mesmo esse percentual não está distribuído uniformemente

para todos os conjuntos florestais que compõem o bioma. Vários deles estão mal

conservados, quase extintos, ou ainda, sub-representados nas unidades de conservação.

A Mata Atlântica preserva também importante conjunto de plantas medicinais,

muitas das quais ainda não devidamente estudadas, que são importante patrimônio para a

medicina. Mesmo reduzida e muito fragmentada, a Mata Atlântica significa também

abrigo para várias populações tradicionais e garantia de abastecimento de água e

qualidade de vida para mais de 70% (mais de 100 milhões) de brasileiros que vivem em

seu domínio.

Apesar da importância deste patrimônio, o ritmo de sua destruição mantém-se

extremamente alto, tendo sido, proporcionalmente duas vezes e meio superior ao

verificado na Floresta Amazônica nos anos de 1990 a 1995. Nestes cinco anos foram

devastados 500.317 hectares de Mata Atlântica. Ao persistir este ritmo, em cinqüenta

anos a Mata Atlântica desaparecerá completamente das propriedades privadas. O estado

brasileiro que mais desmatou no período de 1990 a 1995, foi o Rio de Janeiro com

140.372 hectares, ou seja, destruiu 13,13% de suas florestas em apenas cinco anos.

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2.2 – Serra do Mendanha e o início de sua ocupação

A Serra do Mendanha compreende um maciço (mapa 1) cujas matas começaram

a sofrer as primeiras agressões ainda no início do século XVII, no momento em que as

terras da região foram entregues como sesmarias a Manoel Gomes e Diogo Motarois, em

1603, onde foram plantados canaviais, caminhos foram construídos para o

estabelecimento dos engenhos de açúcar.

Mapa 1

Nas encostas deste maciço, segundo registros do século passado, existiam

cafezais, inclusive os que pertenciam às fazendas Espírito Santo e Mata-Fome, ambas

dominavam a região. Sendo as mesmas compradas pelo Conde Modesto Leal, em 1916,

entretanto, já apresentavam nova denominação, compreendendo Dona Eugênia e São

Felipe.

ESTADO DO RIO DE JANEIRO

SERRA DO MENDANHA

TINGUA

CABO FRIO

SERRA DE ITATIAIA

BAIA DE GUANABARA

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Espécies arbóreas consideradas de elevada qualidade, como o tapinhoã, faziam

parte da cobertura vegetal do maciço. Compreendia uma madeira rara rija. Além de ser

utilizada na construção da sede da Fazenda Dona Eugênia, o tapinhoã era também

empregado no reparo das embarcações portuguesas avariadas que chegavam,

substituindo o carvalho europeu. E sua importância fazia seu corte reservado apenas à

Coroa Portuguesa.

Até o final do século XIX a cultura do café era praticada, após esse período estes

espaços cedeu lugar ao início do processo de urbanização. E a transformação urbana se

teve inicialmente com a chegada do ramal Santa Cruz da Estrada de Ferro Central do

Brasil a Bangu, em 1890, e também com o estabelecimento da fábrica da Companhia

Progresso Industrial, em 1893.

A fábrica ficou conhecida como Fábrica Bangu e com um espaço que

compreendia três fazendas foram estabelecidas vilas onde passaram a residir os técnicos

e operários da fábrica, dando início ao bairro de Bangu.

A necessidade de água fez com que a construção de um reservatório fosse

realizada na Serra do Mendanha a fim de abastecer a fábrica através de um aqueduto.

Para os moradores da região este reservatório tornou-se uma referência e ficou

conhecido como “Caxinha”.

Com a abertura da Estrada Rio São Paulo, em 1930 e da Avenida Brasil, em

1946, a ocupação da Zona Oeste da cidade tornou-se intensa, com a facilidade de acesso

à região.

Os ciclos agrícolas do período colonial contribuíram consideravelmente com a

degradação do referido ecossistema, entretanto, iniciado o processo de urbanização este

ecossistema já degradado passou a sofrer ainda mais com a ação do homem. A falta de

cobertura vegetal na região e a irregular circulação de ventos transformaram Bangu em

um dos ambientes urbanos mais áridos do Rio de Janeiro.

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2.3 – Características da flora e da fauna

As matas que compõem parte da Serra são secundárias em avançado estágio de

regeneração. Nas áreas mais elevadas a vegetação exuberante ainda encontra-se em

estado de mata primária não tendo sofrido nenhuma ação antrópica.

A grande biodiversidade da botânica pode ser observada em meio às poucas

trilhas e estradas existentes. Espécimes de até 30 metros de altura e diâmetro de mais de

1 metro compõem o estrato arbóreo, e muitas espécies são raras e ameaçadas de

extinção. A exemplo dos jequitibás, ameaçados de extinção, a sapucaia, a paineira, o

palmiteiro ameaçado de desaparecer devido à retirada do palmito, a maçaranduba,

ameaçada de extinção o cedro brando, as canelas, o ameaçado pau-brasil, as

quaresmeiras, o jatobá e o raríssimo e ameaçado tapinhoã.

Uma grande diversidade de epífitas apresentando folhas e floradas vistosas, são

encontrados no estrato arbóreo destacando-se as begônias, as bromélias, os cactos e as

orquídeas entre outras. Verifica-se também uma grande quantidade de lianas (cipós),

como o cipó-pente-de-macaco.

As ervas com folhas decorativas compõem o estrato herbáceo-arbustivo,

destacando-se as Felicíneas que crescem dos matacões rochosos, nas margens dos

córregos e na serrapilheira. Observam-se também as bananeiras-do-mato, algumas

ameaçadas de extinção, a calateia e o asplênio, entre outras.

Embora a ação antrópica mostrar-se com freqüência a área florestada ainda

abriga uma grande biodiversidade na sua fauna, que compreende espécies raras,

endêmicas e ameaçadas de extinção, típicas das encostas da Mata Atlântica. Verifica-se

a existência de inúmeros anfíbios e répteis, além de mamíferos, porém, são as aves que

mais se destacam.

Na mastofauna verificam-se os bandos de macaco-prego, a irara, os tatus, o

esquilo, a paca, a cutia, o cachorro-do-mato e o coelho-do-mato, entre outros.

As espécies encontradas, na avifauna, de maior porte, compreendem o gavião,

ameaçado de extinção e a Jacupemba, também ameaçada de extinção; de pequeno porte,

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compreendendo periquitos e as tiribas, os sanhaços e os beija-flores; e as de médio porte

como o tucano-de-bico-preto, as corujas, a saracura e a maitaca, entre outras.

As serpentes e os lagartos compõem o grupo dos répteis. Os artrópodos são

representados pelas aranhas, escorpiões, borboletas. E um grande número de

Coleópteros, dípteros, Hemípteros e outras ordens também mostram-se existentes.

Os animais pertencentes ao grupo dos anfíbios compreendem os sapos, pererecas

e rãs, entre outras espécies.

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2.3.1 – Algumas espécies da fauna mais exploradas no remanescente

Apesar de muitas agressões ao meio ambiente local, devido a caça, a

biodiversidade da região apresenta grande variedade de espécies, muitas delas

endêmicas. Das 202 espécies de animais ameaçados de extinção no Brasil, 171 estão em

lugares que compõem a Mata Atlântica, onde podemos destacar algumas a seguir.

AVES

Araponga → ave de médio porte (Figura 1) existindo quatro tipos de espécies,

duas delas da Mata Atlântica. Possui pelugem branca (os machos) e verde oliva e preto

(as fêmeas). Habitam a copa das árvores mais altas, com indícios de mata primária na

região. Alimentam-se de frutos, e seu canto é ouvido a 1 quilômetro de distância. Alguns

moradores afirmam terem avistado indivíduos na região, mas a muitos anos, este canto

tão peculiar já não se faz mais presente devido a grande exploração predatória.

Figura 1

Jacutinga → uma das aves mais fascinantes da Mata Atlântica, (Figura 2)

caracteriza-se por possuir uma plumagem negra brilhante, com manchas brancas nas

asas e cabeça. Sua face é emplumada de negro e base do bico azulada. Espécie endêmica

da Mata Atlântica está praticamente extinta, em decorrência do desmatamento, da caça e

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do tráfico de animais selvagens, tem sido vista com menos freqüência nas matas densas

do Mendanha, em árvores de médio porte, muito arisca, ela é abatida principalmente por

caçadores da região devido ao sabor de sua carne.

Figura 2

Gavião → com uma grande variedade de espécies, ( Figura 3) com um porte

médio, possuem garras e bicos fortes, típicos de aves de rapina. No Mendanha,

costumam serem vistas próximas aos galinheiros. Pequenos primatas e ratos também

fazem parte da sua alimentação. São cada vez mais raros, sendo perseguidos pelos

criadores de galinhas do local.

Figura 3

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Trinca-Ferro → possui um variado número de espécies, são encontrados em

quase todo o território nacional, sua cor varia um pouco de acordo com a região.

Geralmente possuem pelugem amarela no peito, asas e cabeças são pretas com listas

brancas. São muito apreciados pelos criadores devido ao seu canto e sua boa adaptação

ao cativeiro. Na região do Mendanha, os caçadores espalham armadilhas para captura-lo.

MAMÍFEROS

Bicho Preguiça → as cinco espécies existentes vivem na América do Sul,

(Figura 4) sendo endêmica da Mata Atlântica a preguiça de coleira, que habita as matas

do Rio de Janeiro até o sul da Bahia. Quase extinta do Mendanha, com um pouco de

sorte, pode ser observada em alguns pontos mais elevados da Serra do Mendanha,

próximo as cachoeiras do rio Guandu do Sena. Espécie fácil de ser capturada pelos

caçadores, pois locomove-se com lentidão. Se alimentam-se de folhas e têm como

predadores os gaviões. Possui uma cor semelhante a das árvores, dificultando a visão do

predador. Seus braços são longos e garras grandes, facilitando o seu deslocamento nas

árvores.

Figura 4

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Cachorro-do-mato → distribuía-se geograficamente pela América do Sul, hoje

pode ser encontrado nas florestas da Mata Atlântica em bom estado de conservação.

Possui uma coloração marrom claro, são adaptados a viverem em áreas alagadas,

possuindo uma membrana entre seus dedos. Espécie muito arisca e faro aguçado, tem

procurado áreas mais distantes do contato do homem, mais ainda podem ser vistos nas

altitudes modestas da Serra do Mendanha.

Tatu → está quase extinto da região, (Figura 5) nas trilhas que dão acesso às

cachoeiras, são observados alguns buracos no solo, que alguns afirmam serem tocas de

tatus. Vive boa parte do tempo embaixo da terra à procura de vermes, insetos, larvas e

cupins que fazem parte da sua dieta. Possui uma couraça óssea que o protege de

inimigos, sua cor é acizentada e sua carne muito apreciada pelos caçadores.

Figura 5

Gambá-de-Orelha Preta → de hábito noturno, (Figura 6) pertencem ao mesmo

grupo dos cangurus. É observado com freqüência à noite, se tornando uma presa fácil

para o homem, pois enxerga com dificuldade. Se não adotarem uma política de controle

da espécie, dentro de poucos anos estará em extinção.

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Figura 6

Suçuarana → belo felino de cor parda, (Figura 7) infelizmente encontra-se

extinto da região, persegue presas de médio porte como javalis e pacas, inexistentes na

região do Mendanha, conseqüência da procura por outras áreas. Outro fator do

afastamento desse animal é o processo de ocupação humana da região.

Figura 7

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RÉPTEIS

Jararaca → com vasta distribuição geográfica, (Figura 8) com diversas

subespécies e variação de desenhos (um marrom com várias tonalidades). A fosseta

boreal divide-se em duas com o objetivo de armazenar a imagem no cérebro,

permitindo-lhe localizar suas presas a sua frente. Mesmo no período de mudança de

pele, quando ela está praticamente cega por um líquido leitoso situado entre as duas

peles (a nova e a velha), seu bote é sempre certeiro. Há casos de picadas deste réptil em

pessoas nesta região, que pode ser mortal, sendo na maioria das vezes capturadas e

mortas por moradores.

Figura 8

Cobra-cipó → serpente de hábito semi-arborícola, distribui-se em todo o

território nacional. Quanto está em situação de perigo, pode achatar a parte anterior do

corpo e dar botes. Não são venenosas, mesmo assim costumam ser abatidas por pura

ignorância da população da região.

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2.3.2 – Espécies da flora que sofrem com o desmate

A formação vegetal da Serra do Mendanha vista de longe, apresenta um aspecto

homogêneo, nas altitudes médias e altas, destacando-se a presença de Ipê Amarelo

distribuída pela floresta. Nas áreas de baixa e morros com vegetação secundária,

predominam-se as mangueiras, jaqueiras, goiabeiras, bananeiras e laranjais.

Verifica-se a seguir algumas espécies da mata relacionadas situadas próximas ao

vale das cachoeiras e seu entorno na Serra do Mendanha.

Ipê Amarelo → ocorre desde a Bahia até Santa Catarina. Trata-se de uma

espécie decídua, (Figura 9) perdem suas folhas em uma época do ano. Localiza-se tanto

em floresta pluvial (grande umidade) fechada, aberta ou em campo. A dispersão das suas

sementes se dá pelo vento. É indicada para arborização urbana e sua madeira é utilizada

em construções pesadas, estruturas externas, assoalhos etc. Árvore caducifólia, possui

flores amarelas vistosas e grandes, o fruto tem forma de cápsula, floresce nos meses de

agosto a setembro. Foram extintos na região de baixada, restando apenas nas altitudes

médias e altas do maciço.

Figura 9

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Jacarandá → ocorre desde o Rio de Janeiro até Santa Catarina na Mata

Atlântica. Localiza-se no interior da floresta densa, (Figura 10) sendo seletiva higrófita,

preferindo locais próximos aos rios em áreas de pouca drenagem. É típica de mata

primária, esta árvores é perenifólia, isto é, não perdem suas folhas em nenhuma época do

ano, a dispersão de suas sementes se dá pelo vento. Sua madeira é pesada e resistente,

utilizada em construções, marcenaria, cabo de ferramenta, etc. Árvore que pode chegar

até 30 metros de altura, floresce nos meses de março e abril e seus frutos amadurecem

em outubro e dezembro. É vista com freqüência na mata densa, localizada no vale, nas

cachoeiras do Rio Guandu do Sena, em altitudes médias, pois nas áreas de baixada

encontra-se extinta.

Figura 10

Pau-brasil → ocorre na Mata Atlântica, do Ceará até a Bahia, planta comum em

floresta primária densa, localizada em terreno seco. Tem grande importância histórica,

pois além de dar nome ao Brasil, foi por muito tempo o nosso principal produto de

exportação, extraindo-se tinta de sua madeira, para o tingimento de tecidos. Pode chegar

a 12 metros de altura, possui espinhos nos galhos e frutos. Florescem nos meses de

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setembro a outubro e seus frutos amadurecem de dezembro a janeiro. Planta extinta da

região há muitos anos devido à exploração predatória desenfreada.

Cedro → ocorre em todo o Brasil, principalmente do sul de Minas até o Rio

Grande do Sul. Espécies semidecídua, (Figura 11) ocorre em florestas abertas e em

campos, a dispersão de suas sementes se dá através do vento. Árvore podendo chegar até

30 metros de altura, possui casca grossa e rugosa, suas flores são grandes e brancas. Tem

um alto valor de mercado, sendo sua madeira empregada nas construções civis e de

móveis. Sua casca tem uso medicinal, sendo usadas no tratamento de úlceras e feridas.

Não foi observada espécie de cedro em mata nativa, somente em alguns sítios do

Mendanha.

Figura 11

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COMENTÁRIOS

Através da pesquisa de campo observou-se que a comunidade do remanescente

encontra-se completamente desprovida de uma consciência ambiental. As famílias que

residem no interior da Serra do Mendanha possuem hábitos incompatíveis com um

processo de Educação Ambiental, como por exemplo, o lixo produzido pelas mesmas é

lançado nas cachoeiras ou enterrados em áreas onde encontram-se as residências.

A exploração dos animais silvestres no local mostra-se intensa. Em algumas

residências foram encontradas muitas espécies de aves e mamíferos, sendo criados fora

do habitat natural. Bicho preguiça, gaviões, arapongas são alguns dos animais que são

vistos em cativeiros na região.

Segundo alguns moradores entrevistados, a fiscalização não mostra-se efetiva e o

remanescente, considerado pela Prefeitura do Estado do Rio de Janeiro como área de

preservação, ainda não recebeu os cuidados que precisa. Foi construído apenas um

parque ecológico em parte da serra que abrange o bairro de Bangu, compreendendo uma

área de preservação de pouco mais de 3000 hectares, ou seja, apenas este espaço que

encontra-se monitorado pelos agentes ambientais, servindo de área de lazer para turistas

que visitam o mesmo.

O bairro do Mendanha não possui representantes que busquem melhorias para o

mesmo e também para a Serra do Mendanha. Certamente a existência de um grupo

ativo, como uma associação de moradores, torna-se essencial para que junto ao poder

público reivindique ações concernentes a questão ambiental para que os serviços

necessários não prestados no momento sejam direcionados a essa área, melhorando

assim a qualidade de vida de cada indivíduo e minimizando os impactos ambientais

provocados pela ausência de uma consciência ambiental.

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CONCLUSÃO

Reportando-se ao processo educacional pode-se concluir que nenhuma

comunidade deve ser considerada homogênea. Numa pesquisa em comunidade sempre

existirá um encontro com as diferenças. A cada encontro, mais diferenças. Isso promove

delimitações no contato um com o outro permitindo uma construção coletiva do

conhecimento.

O trabalho de um educador ambiental será subsidiado com a criação de um

espaço que exista uma negociação dialógica e a interação daquele (educador) aos hábitos

e costumes locais, pois nestes pode-se observar elementos simbólicos que certamente

enriquecerá a pesquisa.

É fundamental que o papel da Educação Ambiental junto às comunidades seja,

respeitar o saber local dando voz as mesmas; preservar a riqueza sócio-cultural;

minimizar os impactos ambientais e sobretudo promover a formação de uma consciência

ambiental.

Diante da questão ambiental, do uso racional dos recursos que a natureza

oferece, é preciso que o indivíduo tenha consciência que a vida será bem melhor se as

gerações futuras puderem desfrutar do meio ambiente equilibrado. A extinção de

determinada espécie da flora existente em um ecossistema pode significar o

desaparecimento de uma espécie da fauna poderá extinguir algum tipo de vegetação,

afetando as espécies e desequilibrando uma cadeia alimentar.

A conscientização do indivíduo em manter o equilíbrio ambiental, a obediência

às leis ambientais, fiscalizações mais intensas, etc, precisam ser itens de um paradigma a

ser engendrado não como uma forma permanente de encontrar soluções diante dos

problemas existentes, mas uma alternativa a luz de diversas opiniões criadas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRUGGER, P., Educação ou Adestramento Ambiental? Ilha de Santa Catarina: Letras

Contemporâneas. Coleção Teses, 1994.

FREIRE, P., Pedagogia do Oprimido. 4a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.

GUIMARÃES, M., A Dimensão Ambiental na Educação. São Paulo: Papirus, 1995.

MEKSENAS, P., Sociologia da Educação: Introdução ao estudo da escola no processo

de transformação social. 9a ed. São Paulo: Edições Loyola, 2000.

REIGOTA, M., Meio Ambiente e Representação Social. 2a ed. São Paulo: Cortez, 1997.

ROSS, J. L. S., Geomorfologia: Ambiente e Planejamento. 4a ed. São Paulo: Contexto,

1997.

RUSCHEL, R. R., Guia Ruschel de Ecologia 92. São Paulo: Europa, 1992.

SOFFIATI, A., Fundamentos filosóficos e históricos para o exercício da ecocidadania e

da ecoeducação. São Paulo: Cortez, 2002.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 9

UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA ALCANÇAR CONSCIÊNCIA

AMBIENTAL

1.1 - Como elaborar um Projeto de Educação Ambiental 12

1.2 – Algumas contribuições de leis, movimentos e órgãos ambientais para o meio

ambiente 14

CAPÍTULO II 18

A MATA ATLÂNTICA

2.1 – Os aspectos atuais da Mata Atlântica 20

2.2 – Serra do Mendanha e o início de sua ocupação 22

2.3 – Características da flora e da fauna 24

2.3.1 – Algumas espécies da fauna mais exploradas no remanescente 26

2.3.2 – Espécies da flora que sofrem com o desmate 32

COMENTÁRIOS 35

CONCLUSÃO 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37

ÍNDICE 38

FOLHA DE AVALIAÇÃO 39

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Gradução “Latu Sensu”

Título do livro:

Data da Entrega: ______________________________

Auto Avaliação:

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Avaliado por: _______________________ Grau ____________________

_________________, _____ de _______________de ___________