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SERMAIS A compeção esporva no contexto escolar Comper significa enfrentar desafios e demandas que podem, de acordo com muitos aspectos individuais e situa- cionais, representar uma considerável fonte de estresse para os alunos, dependendo de seus atributos sicos, técnicos e psicológicos. Normalmente o termo “compeção” refere-se à ocasião na qual o aluno tem a oportunidade de demonstrar seus atributos, seja em um jogo, uma prova ou um confronto entre dois ou mais compedores. Na sua forma mais simples de interpretação, a compeção esporva pode ser considerada como o momento em que indivíduos ou equipes se confrontam para buscar um mesmo objevo, ou seja, a vitória. No entanto, para se chegar a ela, existem vários fatores que se caracterizam no momento do confronto, da demonstração, da comparação e da avaliação. Por muito tempo, a compeção no âmbito escolar esteve relacionada a discussões em diferentes abordagens que vivem e viveram reféns de seus aspectos posivos e negavos, sempre buscando uma melhoria no que se refere à compeção. A compeção é um elemento fundamental do esporte que dá sendo à sua existência, e é nela que a manifestação do esporte se realiza. De acordo com Huizinga (2001, p. 14), “quanto mais esver presente o elemento compevo, mais apaixonante se torna o jogo”. Portanto, quando bem conduzida, a compeção é capaz de se tornar um esmulo para um caminho de dedicação, interação, conquistas e superação. A compeção está inserida nas ações diárias, incluindo-se nelas o esporte. Desse modo, não se pode negar ou dar um valor inferior a ela. Estamos falando da compeção escolar, a qual tem o seu compromisso com a formação do indivíduo e deve estar consciente de sua função e parcularidades. Segundo Scaglia e Souza, a criança deve ser apresentada à compeção respeitando os seguintes princípios pedagógicos norteadores: porque (os mo- vos), para quem, quando e como a criança foi ou será inserida no mundo compevo. Na maioria das situações, a criança gosta de comper e se sente fascinada. E, quando a compeção é usada como um meio, torna-se uma valiosa ferramenta para contribuir na formação do caráter da criança, tornando-a mais parcipava, autênca, criava, solidária, integrada, sujeito de seu processo de desenvolvimento e aprendiza- gem. Portanto, “a compeção em si não é boa ou má, ela é o que fazemos dela”, assim afirma Ferraz (2002, p.37). Mesmo sendo bem conduzida através de um processo educavo, a compeção tem os seus resultados: a vitória

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SERMAIS

A competição esportiva no contexto escolar

Competir significa enfrentar desafios e demandas que podem, de acordo com muitos aspectos individuais e situa-

cionais, representar uma considerável fonte de estresse para os alunos, dependendo de seus atributos físicos,

técnicos e psicológicos.

Normalmente o termo “competição” refere-se à ocasião na qual o aluno tem a oportunidade de demonstrar seus

atributos, seja em um jogo, uma prova ou um confronto entre dois ou mais competidores. Na sua forma mais

simples de interpretação, a competição esportiva pode ser considerada como o momento em que indivíduos ou

equipes se confrontam para buscar um mesmo objetivo, ou seja, a vitória. No entanto, para se chegar a ela,

existem vários fatores que se caracterizam no momento do confronto, da demonstração, da comparação e da

avaliação.

Por muito tempo, a competição no âmbito escolar esteve relacionada a discussões em diferentes abordagens que

vivem e viveram reféns de seus aspectos positivos e negativos, sempre buscando uma melhoria no que se refere

à competição. A competição é um elemento fundamental do esporte que dá sentido à sua existência, e é nela que

a manifestação do esporte se realiza. De acordo com Huizinga (2001, p. 14), “quanto mais estiver presente o

elemento competitivo, mais apaixonante se torna o jogo”. Portanto, quando bem conduzida, a competição é

capaz de se tornar um estímulo para um caminho de dedicação, interação, conquistas e superação.

A competição está inserida nas ações diárias, incluindo-se nelas o esporte. Desse modo, não se pode negar ou dar

um valor inferior a ela. Estamos falando da competição escolar, a qual tem o seu compromisso com a formação

do indivíduo e deve estar consciente de sua função e particularidades. Segundo Scaglia e Souza, a criança deve

ser apresentada à competição respeitando os seguintes princípios pedagógicos norteadores: porque (os moti-

vos), para quem, quando e como a criança foi ou será inserida no mundo competitivo.

Na maioria das situações, a criança gosta de competir e se sente fascinada. E, quando a competição é usada como

um meio, torna-se uma valiosa ferramenta para contribuir na formação do caráter da criança, tornando-a mais

participativa, autêntica, criativa, solidária, integrada, sujeito de seu processo de desenvolvimento e aprendiza-

gem. Portanto, “a competição em si não é boa ou má, ela é o que fazemos dela”, assim afirma Ferraz (2002, p.37).

Mesmo sendo bem conduzida através de um processo educativo, a competição tem os seus resultados: a vitória

ou a derrota. Saber perder não é fácil e, dependendo da faixa etária, pode gerar maiores frustrações. Levar o aluno

à compreensão de que a derrota não é o “fim do mundo” é um dos princípios do ensino dentro do meio competiti-

vo, seja nas aulas de Educação Física e/ou nas equipes escolares. Dessa forma, é imprescindível saber analisar a

derrota com o objetivo de corrigir erros pessoais ou coletivos para conduzir os alunos a uma análise crítica de suas

ações que podem ter ocasionado a derrota, respeitando os outros e a si mesmo, sem deixar-se abater por um fato

que, assim como a vitória, é consequência da competição.

Devemos, também, ensinar a ganhar com humildade, enfatizando que a vitória, na maioria das vezes, é o reflexo

da dedicação, do esforço, da atenção, da cooperação, da superação e, às vezes, até da sorte, tudo isso respeitando

os limites de cada um. Não devemos analisar apenas o que observamos de forma exterior na competição, sabendo

que somente alguns se beneficiam dos resultados, pois muitos alunos competem consigo mesmo, com seus

limites, suas dificuldades, seus medos, para que eles sejam superados, conseguindo alcançar vitórias pessoais

cada vez que esses limites são ultrapassados. Isso garante que o sucesso não seja exclusivo do vencedor, e sim de

todos que participaram e se prepararam para a competição.

Ante o exposto, a prática esportiva escolar assenta na crença de que é propícia para o desenvolvimento de compe-

tências e atitudes com considerável valor na vida adulta e que os seus efeitos sobre o desenvolvimento humano

têm menos a ver com a prática em si mesma do que com a filosofia das organizações desportivas escolares e os

seus agentes.

Pensar a competição esportiva apenas visando aos resultados que ela gera – a vitória ou a derrota – reduz esse

fenômeno, caracterizando-o como algo cru e excludente. Na verdade, um aluno inserido em um meio esportivo

competitivo, de maneira cuidadosa, pode tirar de suas experiências, nos processos de ensino e aprendizagem (nas

aulas, nos treinos e nos jogos), lições que carregará por toda a sua vida. A competição, vale ressaltar, esteve e

continua presente na história da humanidade, e sua importância estende-se aos domínios motor, cognitivo, afeti-

vo, ético e social. Ganhar ou perder, tomar decisões, relacionar-se com pessoas e ambientes diferentes, superar os

seus limites e, acima de tudo, reconhecer-se como indivíduo autônomo e protagonista de suas ações na sociedade

são consequências de experiências em um meio competitivo saudável.

A competição esportiva no contexto escolar

Competir significa enfrentar desafios e demandas que podem, de acordo com muitos aspectos individuais e situa-

cionais, representar uma considerável fonte de estresse para os alunos, dependendo de seus atributos físicos,

técnicos e psicológicos.

Normalmente o termo “competição” refere-se à ocasião na qual o aluno tem a oportunidade de demonstrar seus

atributos, seja em um jogo, uma prova ou um confronto entre dois ou mais competidores. Na sua forma mais

simples de interpretação, a competição esportiva pode ser considerada como o momento em que indivíduos ou

equipes se confrontam para buscar um mesmo objetivo, ou seja, a vitória. No entanto, para se chegar a ela,

existem vários fatores que se caracterizam no momento do confronto, da demonstração, da comparação e da

avaliação.

Por muito tempo, a competição no âmbito escolar esteve relacionada a discussões em diferentes abordagens que

vivem e viveram reféns de seus aspectos positivos e negativos, sempre buscando uma melhoria no que se refere

à competição. A competição é um elemento fundamental do esporte que dá sentido à sua existência, e é nela que

a manifestação do esporte se realiza. De acordo com Huizinga (2001, p. 14), “quanto mais estiver presente o

elemento competitivo, mais apaixonante se torna o jogo”. Portanto, quando bem conduzida, a competição é

capaz de se tornar um estímulo para um caminho de dedicação, interação, conquistas e superação.

A competição está inserida nas ações diárias, incluindo-se nelas o esporte. Desse modo, não se pode negar ou dar

um valor inferior a ela. Estamos falando da competição escolar, a qual tem o seu compromisso com a formação

do indivíduo e deve estar consciente de sua função e particularidades. Segundo Scaglia e Souza, a criança deve

ser apresentada à competição respeitando os seguintes princípios pedagógicos norteadores: porque (os moti-

vos), para quem, quando e como a criança foi ou será inserida no mundo competitivo.

Na maioria das situações, a criança gosta de competir e se sente fascinada. E, quando a competição é usada como

um meio, torna-se uma valiosa ferramenta para contribuir na formação do caráter da criança, tornando-a mais

participativa, autêntica, criativa, solidária, integrada, sujeito de seu processo de desenvolvimento e aprendiza-

gem. Portanto, “a competição em si não é boa ou má, ela é o que fazemos dela”, assim afirma Ferraz (2002, p.37).

Mesmo sendo bem conduzida através de um processo educativo, a competição tem os seus resultados: a vitória

ou a derrota. Saber perder não é fácil e, dependendo da faixa etária, pode gerar maiores frustrações. Levar o aluno

à compreensão de que a derrota não é o “fim do mundo” é um dos princípios do ensino dentro do meio competiti-

vo, seja nas aulas de Educação Física e/ou nas equipes escolares. Dessa forma, é imprescindível saber analisar a

derrota com o objetivo de corrigir erros pessoais ou coletivos para conduzir os alunos a uma análise crítica de suas

ações que podem ter ocasionado a derrota, respeitando os outros e a si mesmo, sem deixar-se abater por um fato

que, assim como a vitória, é consequência da competição.

Devemos, também, ensinar a ganhar com humildade, enfatizando que a vitória, na maioria das vezes, é o reflexo

da dedicação, do esforço, da atenção, da cooperação, da superação e, às vezes, até da sorte, tudo isso respeitando

os limites de cada um. Não devemos analisar apenas o que observamos de forma exterior na competição, sabendo

que somente alguns se beneficiam dos resultados, pois muitos alunos competem consigo mesmo, com seus

limites, suas dificuldades, seus medos, para que eles sejam superados, conseguindo alcançar vitórias pessoais

cada vez que esses limites são ultrapassados. Isso garante que o sucesso não seja exclusivo do vencedor, e sim de

todos que participaram e se prepararam para a competição.

Ante o exposto, a prática esportiva escolar assenta na crença de que é propícia para o desenvolvimento de compe-

tências e atitudes com considerável valor na vida adulta e que os seus efeitos sobre o desenvolvimento humano

têm menos a ver com a prática em si mesma do que com a filosofia das organizações desportivas escolares e os

seus agentes.

Pensar a competição esportiva apenas visando aos resultados que ela gera – a vitória ou a derrota – reduz esse

fenômeno, caracterizando-o como algo cru e excludente. Na verdade, um aluno inserido em um meio esportivo

competitivo, de maneira cuidadosa, pode tirar de suas experiências, nos processos de ensino e aprendizagem (nas

aulas, nos treinos e nos jogos), lições que carregará por toda a sua vida. A competição, vale ressaltar, esteve e

continua presente na história da humanidade, e sua importância estende-se aos domínios motor, cognitivo, afeti-

vo, ético e social. Ganhar ou perder, tomar decisões, relacionar-se com pessoas e ambientes diferentes, superar os

seus limites e, acima de tudo, reconhecer-se como indivíduo autônomo e protagonista de suas ações na sociedade

são consequências de experiências em um meio competitivo saudável.

Cristiane Negreiros Santos é licenciada em Educação Física pela UNIME, bacharel em Educação Física pela FTC, especialista em Educação Física escolar pela CESAP e em Fisiologia do Exercício pela SALEM INTERNA-TIONAL UNIVERSITY (USA), West Virginia. Atua no Villa como professora de Educação Física do 2º ao 4º ano do Ensino Fundamental e do 1º e 2º anos do Ensino Médio.

Lucas Gonçalves de Santana é licenciado em Educação Física e especialista em Educação Física Escolar. Atua, na Rede Municipal de Ensino e no VILLA, como professor do 6º e 7º anos.

Ricardo Dantas Ramos é licenciado em Educação Física e especialista em Educação Física Escolar. Atua, no VILLA, como professor do 8º e 9º anos e como coordenador da área de Educação Física e Esportes.