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REVISTA SER ESSENCIAL | ABRH-RS 6 matériaespecial

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Materia especial sobre os ensinamentos de Steve Jobs

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Em 5 dE outubro, uma mortE foi notícia mundial. até aí, não há nEnhuma novidadE. mas não Era um cantor, um

político ou um Esportista. Era stEvE Jobs, um lídEr.

Liderançacontra a corrente

Pela primeira vez na História, a morte de um empre-sário causou comoção mundial. Steve Jobs era conhe-cido por ser visionário, e os produtos cuja invenção é creditada a ele revolucionaram a maneira como as pes-soas interagem com a tecnologia. Ele era ídolo para seus consumidores e liderados, embora seus métodos de trabalho possam ser controversos.

Que Jobs era um líder inspirador ninguém pode ne-gar, pois, além de funcionários, inspirou consumidores.

Ele tornou a Apple uma das poucas empresas que conseguem concretizar a fidelidade à marca através de uma identidade; transformou o consumo em um estilo de vida. Porém, também era conhecido como uma pessoa intransigente, grosseira e exi-gente em demasia. Segundo a revista norte-ame-ricana Forbes, Jobs não buscava o consenso, era um ditador que escutava quase que somente a própria intuição. Era tachado como supercontrola-dor ao mesmo tempo em que tinha um senso esté-tico fora do comum.

Histórias para ilustrar a sua vida privada, bem diferente do carisma mostrado nos famosos dis-cursos públicos que viraram hits da internet, não faltam. Dizer para funcionários que propostas apre-

sentadas em reunião eram “ideias do Bozo”, afir-mar que um colaborador “manchou a reputação da Apple” por ter desenvolvido um produto de que

ele não gostou, comentar que colegas de traba-lho deveriam “odiar um ao outro” são alguns exemplos.

Do que já leu sobre Steve Jobs, o publici-tário e diretor da escola de atividades criati-vas Perestroika, Tiago Mattos, destaca como técnica interessante de RH a composição de equipes de trabalho isoladas para um mesmo

projeto: “Ele não anunciava para qual produto a equipe estava trabalhando, pedia somente o projeto. Podia ser uma antena ou um teclado, mas as pessoas que estavam desenvolvendo não sabiam se era para um telefone ou um tablet, por exemplo. Além disso, ainda dava infor-mações falsas e diferentes para cada time. Assim, se al-guém vazasse para a imprensa, ele demitia na hora. Essa é a sensação dúbia que tenho quando penso em Jobs como líder. Por um lado, o considero carismático e inspi-rador. De outro, um chefe autoritário e cruel. Admiro-o como profissional, com certeza, mas não sei se o admiro como pessoa”.

O estilo de liderança de Steve Jobs é um exemplo de como uma empresa pode fazer tudo ao contrário do que ensinam os livros, do que é tido como as principais tendências de mercado e, mesmo assim, dar muito cer-to. Mesmo com toda essa fama de líder implacável, ele conseguiu 97% de aprovação dos seus funcionários em pesquisa realizada logo após ele deixar o cargo de CEO da empresa, pouco tempo antes de sua morte. Na mes-ma época, um ex-colaborador tatuou o rosto de Jobs no braço. De alguma maneira, ele é adorado. Outras competências tradicionalmente atribuídas a bons líde-res, como paixão pelo que faz, criatividade, foco e aber-tura ao novo, não lhe faltavam. Além disso, assim como sua equipe era levada ao extremo da pressão, também conhecia o extremo da valorização.

Este é um caso em que a inspiração falou mais alto, sublimando uma série de outros fatores que podem ser mortais para qualquer outra companhia que não tenha um superstar como Jobs. Mas demonstra que nem sem-pre o óbvio acontece. Cada empresa, cada líder faz a sua própria receita do sucesso ou do fracasso, mas pou-cas mudam a vida das pessoas no mundo inteiro como a Apple e Jobs fizeram.

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ensinamentos de Jobs

Concentrar-se no que é bom. Jobs deu esse conselho para o CEO da Nike. Ele acreditava que era melhor aniquilar produtos que não fossem os melhores, conceito que ele levava também para sua equipe. Além disso, ele considerava que cada pessoa deveria somen-te desempenhar as funções que fossem suas especiali-dades, o resto deveria ser delegado.

Esteja sempre cercado de pessoas talen-tosas. Pode até parecer, mas a Apple não é Steve Jobs. O executivo se cercou de pessoas muito talento-sas. O fato de que o preço das ações da Apple continua a se sustentar desde que o executivo teve de renunciar ao comando da companhia mostra a força da equipe.

As inovações mais permanentes unem arte e ciência. Jobs criou equipes mul-tidisciplinares. Esse foi o grande diferencial da Apple em relação às concorrentes. Em sua equipe, Jobs sempre teve pessoas com formações em áreas como antropologia, arte, história e poesia. Ele foi mes-tre em aliar as novidades tecnológicas a um design sim-ples e interessante, que foi a chave de seu sucesso.

Para criar o futuro, ouvir o cliente é perda de tempo. A teoria diz para testar produtos em fase de desenvolvimento com os clientes antes de lançá-los no mercado. Jobs sempre achou isso uma perda de tempo. As pessoas nem sempre sabem o que querem – ainda mais se é algo que nunca viram, ouviram ou to-caram. Jobs confiava mais em si mesmo. O mesmo vale para o público interno. Nem sempre uma pesquisa de opinião entre os colaboradores é a melhor maneira de decidir sobre um novo benefício, por exemplo.

Nunca tenha medo de fracassar. Jobs era ligado ao futuro. Dizia que não valia a pena olhar para o passado, o que ele queria era inventar o futuro.

Espere muito de si mesmo e dos outros. O cofundador da Apple não era exatamente “bonzi-nho”. Quem trabalhou com ele conta que Jobs costu-mava gritar com funcionários. Era um controlador, um perfeccionista. Ele era apaixonado pelo que fazia e por isso queria o melhor dele mesmo e dos outros. Se não fossem capazes de dar o melhor, que fossem embora.

Não se preocupe em estar certo. Preo-cupe-se em ser bem-sucedido. O exemplo de Jobs mostra que não se pode estar tão preocupado com a sua visão sobre como um produto vai funcionar a ponto de esquecer a realidade. Estar certo sobre um assunto não é o mais importante. O fundamental é re-conhecer quando algo precisa ser feito para alcançar o sucesso. Se não abrisse mão de algumas de suas “ver-dades”, a Apple nunca teria conseguido lançar o Mac.

As coisas ficam mais claras com o tempo. O executivo aprendeu a não se preocupar tanto com imprevistos e coisas que pareciam não dar certo em sua vida. Nem sempre é possível entender de antemão os motivos, mas com o tempo fica mais fácil “ligar os pon-tos”. Na realidade, esses imprevistos podem se tornar sementes de um sucesso imenso no futuro. Escute sua voz interior. Jobs foi um homem que seguiu sua voz interior. Ele tinha um plano e lutava por isso. Queria construir computadores. Muitos se conten-tam com uma profissão para agradar aos pais ou porque o salário é bom. Ele não. Fez o que amava e mudou o mundo com isso.

Continue com fome. Continue tolo. Foi com essas palavras que Jobs encerrou seu famoso discurso aos alunos de Stanford. Ele contou que costumava ler a enciclopédia “The Whole Earth Catalog” (O Catálogo de toda a Terra) – uma espécie de Google dos tempos pré-internet. Na contracapa de cada livro havia uma foto de uma estrada em uma manhã ensolarada e os dizeres: “Continue com fome. Continue tolo”. “Sempre desejei isso para mim mesmo”, disse Jobs aos alunos. “E agora, eu desejo isso para vocês.”