sequências de atividades · 2019. 2. 4. · 6 - calvin: menino que flerta com susie, e ainda não...
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Sequências de atividades
Subsídios para o Professor de Língua Portuguesa
7ª série/8º ano do Ensino Fundamental
São Paulo – 2018
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Sequência de Atividades Didáticas
Língua Portuguesa
7ª série/8º ano EF
Elaboração: Rozeli Frasca Bueno Alves
Leitura crítica: Clarícia Akemi Eguti
Objetivo: oferecer condições para que os alunos desenvolvam ou aprimorem
habilidades de leitura, esperadas para essa fase da escolaridade.
Sequência de Atividades: HQ/ Calvin e Haroldo
Objetivos: ler e compreender para refletir e fruir uma HQ.
Expectativa: desenvolvimento ou aprimoramento da competência leitora, com
as seguintes habilidades:
Localizar informação explícita em um texto.
Inferir informações em um texto.
Reconhecer os usos da norma padrão ou de outras variações
linguísticas em um texto.
Reconhecer marcas linguísticas em um texto do ponto de vista do
léxico, da morfologia ou da sintaxe.
Reconhecer elementos da narrativa (personagem, enredo, tempo,
espaço ou foco narrativo) em um texto.
Reconhecer efeitos de humor e/ou ironia em um texto.
Nº de aulas: 5.
Aula 1
Para iniciar, o professor deve distribuir aos alunos e/ou projetar a história
em quadrinhos – HQ – Calvin e Haroldo reproduzida a seguir:
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Calvin e Haroldo - E Foi Assim Que Tudo Começou, página 46
Disponível em:<http://tiras-do-calvin.tumblr.com/page/5>. Acesso em: 30 de dezembro de 2017.
Em seguida, pedir que leiam silenciosamente, cronometrando cerca de três
minutos. Na sequência, solicitar para que respondam oralmente às perguntas:
1 Calvin já é um personagem conhecido de vocês? E Haroldo?
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2 Quem gosta de quadrinhos? Alguém já ouviu falar de Bill Watterson?1
Nesse momento, é importante que o professor compartilhe algumas
informações sobre o autor e ilustrador da HQ, para situar os alunos no contexto
de produção, antes de prosseguir com as questões: Como por exemplo:
O autor, cuja assinatura podemos ver no final da HQ, é Bill Watterson. Norte-
americano, nascido em 1958, não costuma dar entrevistas, não gosta de
aparecer, nem faz contratos para estampar seus personagens em camisetas,
canecas etc.
Watterson parou de publicar Calvin & Hobbes (nome original do personagem
Haroldo) em dezembro de 1995. Suas tirinhas e HQ eram produzidas desde
novembro de 1985 e publicadas em jornais de todo o mundo.
3- Vocês repararam que, logo no início, há um diálogo entre Calvin e
Susie? Sobre o que conversam as duas crianças? Por que há palavras
grafadas em negrito? O que isso quer dizer? Calvin e Susie são colegas
de escola. Deu para perceber que entre eles existe algo além de simples
amizade? Por quê?
O professor pode aproveitar o momento para explicar o efeito de sentido
produzido pelo uso das letras em negrito na HQ ou nas tirinhas.
4- As falas dos personagens estão representadas por escrito nos
balõezinhos. Entre as frases da conversa, como o leitor percebe que os
personagens estão gritando? E no desenho das figuras, como se nota
que eles estão gritando? As bocas dos personagens dão pistas?
Note que no primeiro quadrinho é possível observar o uso do flashback.
Para que o aluno entenda esse recurso, sugere-se estimulá-los a
responder:
1 Ver: Biografia de Bill Watterson
<http://depositodocalvin.blogspot.com.br/2009/04/biografia-de-bill-watterson.html>. Acesso
em: 02 de janeiro de 2018.
Ver: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2014/01/calvin-vive.html>. Acesso em: 02
de janeiro de 2018.
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5- Por que o primeiro quadrinho é diferente dos outros? Ele não tem as
linhas que o enquadram, assim como os demais quadrinhos. Ele parece
solto no espaço. Por que o desenhista o fez dessa maneira? Poderá ser
algo que vem à memória de Calvin? Uma lembrança marcante de
alguma conversa com Susie? Qual o efeito do uso desse flashback para
o leitor? Por que Calvin e Susie usam palavras tão ásperas um com o
outro?
Com essas observações, o professor já criou condições para os alunos
saberem que a HQ é um gênero textual que combina linguagens: verbal e
visual (não verbal). Portanto, quando se lê uma HQ é preciso desvendar as
pistas deixadas por recursos multimodais como gestos, balões, quadros,
palavras, formas das letras e imagens. Eles são elementos linguísticos e
visuais encontrados na superfície da HQ e que precisam de certos
procedimentos interpretativos a fim de construir o seu sentido. Com a mediação
do professor, os alunos podem aperfeiçoar a mobilização de estratégias que os
levem a buscarem sentidos e estabelecerem relações com o contexto
sociocultural em que vivem e, assim, detectarem a crítica, a ironia ou o humor
que constituem a intenção do autor.
Uma HQ ou uma tirinha de Calvin e Haroldo, por exemplo, tem como
características o predomínio de sequências narrativas, com o uso de diálogo e
personagens fixas.
Voltando ao texto, dispõe-se de mais procedimentos interpretativos: a
fim de analisar melhor o que acontece entre Calvin e Susie e conhecer esses
personagens, o professor pode pedir para pesquisar no dicionário o que é
flertar2. O verbo aparece no 2º quadrinho na frase de Calvin: “A gente flerta de
um jeito descarado3.” E “um jeito descarado de flertar” como seria? Vale
pesquisar e fazer inferências também.
2 fler·tar - (flerte + -ar) verbo intransitivo
1. Ter com alguém uma relação amorosa curta ou de pouca importância.
verbo transitivo 2. Tentar conquistar alguém. = CORTEJAR, GALANTEAR "flertar", in Dicionário
Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013,<https://www.priberam.pt/dlpo/flertar>. Acesso em:
02 de janeiro de 2018. 3 des·ca·ra·do adjetivo e substantivo masculino. Desavergonhado; atrevido; insolente.
"descarado", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-
2013, <https://www.priberam.pt/dlpo/descarado>. Acesso em: 02 de janeiro de 2018.
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Em seguida, o professor pede aos alunos que, em duplas, forneçam as
informações para completar o quadro desenhado na lousa. As características
dos personagens devem ser detectadas a partir do que observam e interpretam
na HQ.
Personagens Características
Calvin
Susie
Haroldo
Para essa atividade, cronometrar cinco minutos. Em seguida, dialogar
com a turma sobre as informações que trouxeram para o quadro. É o momento
de conferir as leituras:
6- Calvin: menino que flerta com Susie, e ainda não entende o que é amor.
Chama-a de feia, tentando mostrar o contrário do que sente. Retribui o
bullying.
7- Susie: menina que flerta com Calvin e diz que ele cheira mal, faz bullying
com Calvin, que sempre retribui.
8- Haroldo: tigre de pelúcia, amigo e conselheiro imaginário de Calvin.
Ao final da aula, o professor retoma os aspectos estudados da HQ,
recolhe os impressos distribuídos (caso tenha optado pelo uso do texto em
xerox) e pede que pesquisem sobre outros personagens fixos das HQ de
Calvin e Haroldo, para a próxima aula. Os alunos devem anotar as perguntas
que o professor poderá escrever na lousa:
Que outros personagens costumam aparecer nas HQ Calvin e
Haroldo? Quem e como são?
Aula 2
No início da aula, o professor distribui novamente os textos e/ou projeta
a HQ.
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1- Além de Calvin, Susie e Haroldo (Hobbes, no original em inglês), quem
mais costuma aparecer?
É hora de conferir as respostas pesquisadas pelos alunos. Certamente,
falarão do pai e da mãe de Calvin, que não têm nomes na HQ; da
babá Rosalyn; do valentão Moe e de Miss Wormwood, professora de Calvin4,
figuras que também compõem o cenário da vida escolar de Calvin e Susie
Derkins.
2- O que mais descobriram sobre Calvin? Como ele se relaciona com os
pais? E com a escola? Descobriram a idade dele?
Com essas respostas, espera-se que os alunos tenham aprofundado um
pouco mais o estudo sobre os personagens dessa narrativa curta, que é a HQ.
3- Além dos personagens, o que se pode dizer sobre o tema em torno do
qual o enredo se desenvolve?
Essa pergunta vai ser respondida pelas duplas de alunos, que farão a
releitura da HQ e depois preencherão o quadro afixado na lousa pelo professor.
Cronometrar cinco minutos para essa atividade.
Tema Enredo
Entre os elementos da narrativa, reconhecer o enredo é uma habilidade
que deve ser destacada sempre que possível. No caso dessa HQ, o tema é a
curiosidade de Calvin sobre o que é se apaixonar. O enredo é desenvolvido a
partir das explicações de Haroldo sobre o que acontece quando alguém se
apaixona. Na sequência, Haroldo descreve sensações físicas até o penúltimo
quadrinho, em que faz um comentário que remete ao que foi visto na
introdução da HQ: “Quando seu cérebro pifa de vez, sua boca se descontrola e
você começa a balbuciar coisas como um imbecil até ela ir embora.”
4 Disponível em: <http://www.calvinandhobbes.com/about-calvin-and-hobbes/>. Acesso em: 02 de janeiro
de 2018.
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Interessante pedir aos alunos, que voltem ao início do texto e observem como
a resposta de Calvin ao bullying de Susie só complica o relacionamento.
O desfecho do enredo vem no último quadrinho, em que Calvin chega a
uma conclusão, após a explicação de Haroldo.
Em seguida, o professor solicita aos alunos que observem o penúltimo
quadrinho:
4- Como o leitor percebe o espanto ou a surpresa de Calvin?
5- Há marcas verbais desse espanto? Há marcas não verbais?
6- Por que Calvin pensou que eram sintomas de “doença” e não de “amor”?
7- O leitor também se surpreende com a conclusão de Calvin?
8- Onde está a graça ou o humor nessa HQ?
9- Após toda a explicação de Haroldo, a reposta de Calvin é inesperada ou
irônica? Por quê?
O professor, após conferir as respostas, deve estimular mais uma
reflexão (logo a seguir), mas antes é conveniente incluir um comentário sobre
como a ironia5 da conclusão de Calvin, depois de toda a explicação de Haroldo,
provoca uma situação engraçada, ao trazer para o leitor o contraste das ideias,
fazendo uma associação surpreendente e de certo modo exagerada: “Isso é
amor?!?”/“Nossa, Isso já aconteceu comigo, mas achei que fosse doença”.
10- Sabendo-se que Haroldo é um bicho de pelúcia, o que se pode deduzir
sobre essa “consulta” de Calvin a Haroldo e as respostas que ele dá?
5 i·ro·ni·a (latim ironia, -ae, do grego eironeía, -as, dissimulação, ignorância) substantivo
feminino1. [Retórica] Expressão ou gesto que dá a entender, em determinado contexto, o contrário ou alg
o diferente do que significa.
2. Atitude de quem usa expressões ou gestos que dão a entender o contrário ou algo mais do que aquilo que parecem significar. 3. [Por extensão] Atitude ou dito em relação a algo ou alguém que serve para fazer fazer rir ou é assim entendido. = ESCÁRNIO, SARCASMO, TROÇA, ZOMBARIA 4. Acontecimento ou resultado totalmente diferente do que eram as expectativas (ex.: ironia trágica). Conforme Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-
2013, <https://www.priberam.pt/dlpo/ironia>. Acesso em: 04 de janeiro de 2018.
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Mais cinco minutos e a dupla que quiser se manifestar pode levantar as
mãos. Essa conversa permanente com a classe permite que o professor vá
agregando suas explicações às contribuições dos alunos.
11- Vocês perceberam qual é o papel do personagem Haroldo? Ele
expressa de forma racional o que vai no pensamento de Calvin. Mas,
Calvin é só uma criança que age como criança? Onde se vê o Calvin
criança? E Haroldo? Parece criança? Haroldo reflete o adulto que há
dentro de Calvin? Pode ser? Como se explica isso?
Após essas reflexões, mais uma atividade para as duplas: identificar as
partes do enredo, em cinco minutos. Como? Basta que preencham o quadro
que o professor desenhará na lousa:
Partes do Enredo Quadrinhos
Introdução
Desenvolvimento
Clímax
Desfecho
Na sequência, o professor confere as respostas apresentadas
voluntariamente por algumas duplas e preenche o quadro, compartilhando
explicações. Recolhe os textos e retoma os aspectos estudados, fazendo uma
síntese na lousa.
Aula 3
Para começar, o professor distribui novamente o texto ou trata de
projetá-lo. Nesta aula, o foco estará na superfície do texto, serão estudados os
recursos linguísticos utilizados e seus efeitos na produção de sentidos. É
chegada a hora de verificar a linguagem verbal e as escolhas feitas pelo autor.
Então, o professor pede para que os alunos leiam silenciosamente o primeiro
quadro e observem o diálogo entre Susie e Calvin, com os seguintes
questionamentos:
1- Repararam que essa cena inicial da HQ está apresentada de modo
diferente? Quais as diferenças?
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2- Por que será que o autor fez dessa forma?
3- O que vem no próximo quadrinho?
4- Por que Calvin está sozinho?
Os alunos devem ser levados a perceberem que o autor usou o recurso
chamado flashback, trazendo uma cena que deve ter acontecido antes entre
Susie e Calvin. Sozinho no próximo quadrinho, Calvin começa a refletir sobre
seu flerte. A cena inicial, uma volta ao que aconteceu antes ou flashback, dá
pistas ao leitor sobre o flerte entre Calvin e Susie. Somente em seguida, vem a
conversa entre Calvin e Haroldo, no desenvolvimento do enredo.
Para que os alunos notem o valor expressivo da linguagem verbal
utilizada, levá-los a analisar o começo da HQ, por meio da questão que poderá
ser respondida oralmente.
5- Que palavra Susie utiliza para chamar Calvin?
Facilmente, os alunos respondem: “Ei”. Nessa oportunidade, o professor pode
explicar que “ei” é uma interjeição que se usa para chamar a atenção de
alguém. Nesse contexto, está fazendo parte de um vocativo: expressão
utilizada para chamar: “Ei, Calvin!” Esse vocativo em negrito, mostra ao leitor
que Susie chama Calvin gritando. O uso das letras negritadas geralmente
reforça a ideia de que o personagem elevou o tom de voz. É um recurso gráfico
que produz esse efeito, para que o leitor perceba de que forma o personagem
se expressa em determinadas situações.
O professor, logo depois, solicita aos alunos que observem, ainda,
a fala de Calvin: “Morra, Susie!”. Há um chamamento? Há interjeição? Há
vocativo? Por que as letras em negrito?
Aqui, o professor mostra aos alunos que a expressão com o vocativo
(chamamento) está iniciada por um verbo: “morra”, verbo morrer no modo
Imperativo, para expressar uma ordem ou a vontade de Calvin.
As interjeições são escolhidas pelos autores para exprimir emoções,
também. Nesse momento, o professor pode lançar a pergunta:
6- Quem conhece uma interjeição que expressa sentimento ou emoção,
muito usada em poesia?
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A partir das contribuições dos alunos, o professor resgata explicações
sobre tais palavras, que gramaticalmente não chegam a constituir uma classe,
e pede que os alunos procurem outras interjeições na HQ. Há “Bem...” no
quarto quadrinho e “Nossa” no último. Os alunos podem fazer um exercício de
inferência lexical, dizendo o que significam essas interjeições no contexto, que
efeitos de sentido o autor pretendia causar ao escolhê-las.
Um exercício interessante pode ser feito, a partir da fala de Haroldo no
4º quadrinho: “Bem, imagine que o objeto de sua afeição passa por você...”
Que mudanças de sentido podemos trazer usando outras interjeições? O
professor coloca o quadro na lousa e pede que as duplas, descubram e anotem
os sentidos. A seguir, confere oralmente, com a ajuda dos representantes das
duplas.
Expressões com interjeições Efeitos de sentido
Bem, imagine que o objeto de sua
afeição passa por você...
Bem = interjeição usada para iniciar
um assunto, na conversa.
Ih...Imagine que o objeto de sua
afeição passa por você...
Ih =
Oh! imagine que o objeto de sua
afeição passa por você...
Oh =
Ah! imagine que o objeto de sua
afeição passa por você...
Ah =
Oba! imagine que o objeto de sua
afeição passa por você...
Oba=
Tomara! imagine que o objeto de sua
afeição passa por você...
Tomara=
Psiu, imagine que o objeto de sua
afeição passa por você...
Psiu=
Hum... imagine que o objeto de sua
afeição passa por você...
Hum=
Nossa! imagine que o objeto de sua
afeição passa por você...
Nossa=
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Caso haja tempo, é recomendado fazer um exercício de leitura
dramatizada em que os alunos assumem os papeis dos personagens da HQ.
Ao final, recolher os textos para redistribuir na próxima aula.
Aula 4
Com as interjeições e os vocativos, os alunos foram estimulados a
desenvolverem ou aprimorarem a habilidade de reconhecer marcas linguísticas
do ponto de vista do léxico (as escolhas de vocabulário), da morfologia
(interjeição) e da sintaxe (vocativo). Os aspectos linguísticos dessa HQ ainda
permitem, também, que o professor trabalhe verbos, morfologica e
sintaticamente, além de chamar a atenção para as escolhas feitas pelo autor.
Com a HQ em mãos, os alunos devem, em duplas, destacar todos os
verbos no Presente do Indicativo que encontrarem, para colocarem no quadro
que o professor já afixou na lousa, completando as lacunas:
Verbo Infinitivo Modo Tempo Pessoa
estamos estar Indicativo Presente 1ª plural
é
põe
flerta
passa
desce
arrebenta
faz
dá
fica
pifa
descontrola
começa
Depois da atividade realizada pelos alunos, o professor retoma a HQ e
faz a correção preenchendo o quadro na lousa, com a colaboração da turma.
Em seguida, é conveniente pedir a todos que verifiquem por que razão esses
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verbos foram empregados no Presente do Indicativo e quando se deve usar
esse tempo e modo em uma narrativa.
É importante chamar, mais uma vez, a atenção dos alunos para o uso
dos tempos e dos modos verbais. No caso do Presente do Indicativo, por
exemplo, trata-se de escolha feita pelo autor para se referir a fatos que se
passam ou acontecem realmente no momento da fala, ou que são recorrentes,
isto é, repetem-se frequentemente. O enunciador, ao usar o modo Indicativo,
provoca no interlocutor a ideia de que está expressando a verdade, a certeza
dos fatos.
Se o enunciador quiser se referir a algo que acontecia no passado e
ainda continua, que tempo verbal deve usar? Que tal pedir aos alunos para
realizarem mais este exercício, escrevendo as orações retiradas da HQ com os
verbos no Pretérito Imperfeito do Indicativo:
7- A gente ___________ de um jeito descarado.
8- Como ____________ se apaixonar?
9- Primeiro, o coração ________ para o estômago e ___________as suas
entranhas.
10-Toda a umidade ___________ você suar em profusão.
11-Essa condensação ________ um curto-circuito no seu cérebro, e você
__________ completamente tonto.
12-Quando seu cérebro ____________ de vez, sua boca se _________ e
você _____________ a balbuciar coisas como um imbecil até ela ir
embora.
O mesmo pode ser feito oralmente, agora com os verbos no Pretérito
Perfeito, para dar ideia de que um fato que começou e terminou no passado,
estando, portanto, finalizado.
Na HQ, há verbos usados no Pretérito Perfeito. Peça aos alunos que
identifiquem e observem por que o autor fez essa escolha. A seguir, devem
preencher as lacunas do quadro:
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Verbo Infinitivo Modo Tempo Pessoa
esqueceu esquecer Indicativo Pret. Perf. 3ª sing.
ouvi
aconteceu
achei
O momento é importante para que os alunos notem que todos os verbos
destacados constituem orações juntamente com outros termos. Em
continuidade, o professor deve pedir que localizem e indiquem, no quadro, os
sujeitos das orações:
Oração Sujeito
Estamos perto de um matadouro/
ou você esqueceu o desodorante?
Você é tão feia/
que ouvi dizer/
que sua mãe põe um saco na
cabeça/
antes de te dar um beijo de boa noite.
Após conferir oralmente e verificar se ainda restam dúvidas, o
professor pede que os alunos conjuguem o verbo pronominal “apaixonar-se”,
nos tempos do modo Indicativo (Presente; Pretéritos Perfeito, Imperfeito, Mais
que Perfeito; Futuros do Presente e do Pretérito) e tragam na próxima aula.
Recolher os textos para devolvê-los na aula seguinte.
Aula 5
No início da aula, sortear seis alunos que deverão escrever na lousa
os tempos do Indicativo do verbo apaixonar-se, de acordo com o que o
professor solicitou na aula anterior.
Ao conferir, o professor deve aproveitar o momento para explicar por
que os pronomes reflexivos estão colocados antes do verbo. Depois, deve
substituir os pronomes pessoais do caso reto na função de sujeito, por nomes
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próprios para que os alunos verifiquem o que acontece com os pronomes
reflexivos. Sempre lembrando de como se usa a colocação pronominal, quando
se trata de linguagem formal (de acordo com a norma padrão) ou informal. Ele
se apaixonou. Eusébio apaixonou-se = formal/ Eusébio se apaixonou =
informal.
Sobre o uso da norma padrão ou de outras variedades linguísticas, o
que temos na HQ? O professor pode retomar a leitura e depois, com a
colaboração dos alunos, verificar, nas frases abaixo, onde há o emprego da
variedade informal da língua portuguesa.
[...] antes de te dar um beijo de boa noite.
Como é se apaixonar?
Quando o cérebro pifa de vez [...]
É bastante relevante que os alunos compreendam que o uso informal
não deve ser considerado como erro. Trata-se de uma variedade linguística,
comum na conversação e na oralidade. Por isso, o uso dos pronomes (te; se)
ou a escolha lexical pelo verbo pifar são marcas linguísticas de opção do autor
por uma linguagem característica da informalidade.
Após essas observações, é chegado o momento de aproveitar o texto
para aprimorar a leitura dramatizada feita pelos alunos, com algumas dicas do
professor, que podem ser afixadas na lousa, se previamente escritas em papel
pardo:
Compreender a sequência narrativa para assumir cada
personagem, criando seu modo de falar.
Falar com clareza e de maneira pausada para que todos ouçam e
entendam, sem se esquecer do ritmo e das características
próprias da fala do personagem.
Dar ênfase às expressões que mostrem melhor o personagem.
Lembrar que a fala, a voz, a entonação e a intenção têm que ser
bem definidos, para que a leitura tenha vida e que permita ao
ouvinte criar cada cena em seu imaginário.
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Ouvir atentamente e reagir às falas dos outros personagens
ajudam a criar a “cena” levando as emoções aos ouvintes.
Lembrar que, com a leitura dramatizada, os personagens ganham
vida, ação e sentimentos.
Ensaiar faz parte desse jogo. Ler quantas vezes forem
necessárias para que as cenas aconteçam.
O professor pode preferir que as apresentações sejam ao vivo ou pedir
que os alunos gravem com seus celulares. Vale conferir!
Conclusão
Com as atividades propostas nessa sequência, buscou-se mobilizar as
seguintes capacidades de leitura6:
Ativação de conhecimentos de mundo; antecipação ou predição;
checagem de hipóteses.
Ativação de conhecimentos gramaticais em contexto.
Localização de informações; comparação de informações;
generalizações.
Produção de inferências locais; produção de inferências globais.
Recuperação do contexto de produção; definição de finalidades e
metas da atividade da leitura.
Percepção das relações de intertextualidade; percepção das
relações de interdiscursividade.
Percepção de outras linguagens; elaboração de apreciações
estéticas e/ou afetivas; elaboração de apreciações relativas a
valores éticos e/ou políticos.
6 Ver: ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura. Disponível em:
<http://www.academia.edu/1387699/Letramento_e_capacidades_de_leitura_para_a_cidadania>. Acesso
em: 26 de dezembro de 2017.
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Referências bibliográficas
ANTUNES, Irandé. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São
Paulo: Parábola Editorial, 2009.
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. ver. ampl. ed
atual. Conforme o Novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2009. Também disponível em:
<https://www.scribd.com/document/358518189/evanildo-bechara-gramatica-
pdf>. Acesso em: 09 de janeiro de 2018.
ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura. Disponível em:
<http://www.academia.edu/1387699/Letramento_e_capacidades_de_leitura_pa
ra_a_cidadania>. Acesso em: 26 de dezembro de 2017.
Sites pesquisados
<http://tiras-do-calvin.tumblr.com/page/5>. Acesso em: 30 de dezembro de
2017.
<http://depositodocalvin.blogspot.com.br/2009/04/biografia-de-bill-
watterson.html>. Acesso em: 02 de janeiro de 2018.
<http://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2014/01/calvin-vive.html>.
Acesso em: 02 de janeiro de 2018.
<https://www.priberam.pt/dlpo/flertar>. Acesso em: 02 de janeiro de 2018.
<https://www.priberam.pt/dlpo/descarado>. Acesso em: 02 de janeiro de 2018.
<http://www.calvinandhobbes.com/about-calvin-and-hobbes/>. Acesso em: 02
de janeiro de 2018.
<https://www.priberam.pt/dlpo/ironia>. Acesso em: 04 de janeiro de 2018.