Prefácio:

SEBASTIÃO PAULINO DOS SANTOS (SABÁ), escreveu esta história com a pura e única intenção de homenagear Olímpio Noronha, ex-distrito de Jesuânia, terra onde nasceu e deixou quando ainda criança. Porém, nunca a esqueceu, assim como nunca esqueceu as pessoas que de alguma forma fizeram parte da sua infância e que estão tendo seus nomes lembrados para fazerem parte como personagens desta história. Apesar de não se lembrar dos nomes de todas as pessoas como gostaria, estende a sua homenagem a cada cidadão de Olímpio Noronha, aquelas que já se foram e as que aqui permanecem.

Assim, Sabá homenageia sua terra natal onde deixou enterrado seu umbigo, e homenageia também sua gente, seu pai Joaquim Paulino dos Santos (Jaque), sua mãe Conceição Guedes dos Santos, suas professoras dona Geralda e dona Rosinha com quem ele aprendeu a soletrar as primeiras letrinhas do alfabeto, sua madrinha de batismo, senhora Mercedes, a mais doce das criaturas e os outros padrinhos, João Daniel e Maria Dias, Sebastião Ambrózio e Maria Ambrózio o inesquecível amigo e companheiro “senhor Antonio Marcelino”, que faleceu em 07 de janeiro de 1.997 na cidade de Taubaté, onde deixou muitos amigos e muitas saudades.

Dando seqüência com esta homenagem feita de forma tão simples digna talvez até mesmo de críticas, Sabá dedica a todas as professoras não só aquelas que estão em atividade, mas, àquelas que merecidamente estão aposentadas, depois de cumprida a dura missão de educadoras e, também àquelas que já se foram deixando muitas saudades. Para homenageá-las, Sabá dedica o poema de sua autoria intitulado “Saudade da Infância”.

Tudo começou por volta de mil novecentos e lá vai cacetada, num lugar bem pequenininho chamado Olimpio Noronha, distrito de Jesuânia, no sul de Minas Gerais, hoje emancipada.

Em Olimpio Noronha por se tratar de um lugar muito pequeno, todos se conheciam, uns eram amigos, outros eram parentes, um sabia da vida do outro e todo mundo (ou quase) era muito honesto. E na saída da cidade, para quem ia em direção a uma fazenda chamada Samelha e a um bairro chamado Criminosos, havia uma venda que era muito sortida, tinha um pouco de cada coisa pertencia ao seu Jaque.

Seu Jaque era muito conhecido e amigo de todos, as pessoas da fazenda Samelha e Criminosos, sempre que vinham em Olímpio Noronha fazer suas compras, faziam obrigatoriamente uma parada na sua venda para o último gole antes de pegar a estrada e subir a serra para a casa. Desta maneira a venda do seu Jaque era realmente o último gole, embora tivesse logo à frente o bastante movimentado armazém do estimado e querido senhor Benedito Frederico.

Mas a amizade, o papo e a pinguinha com lingüiça assada no álcool pelo próprio seu Jaque se fazia indispensável.

Era muito bonito ver as pessoas se despedindo do seu Jaque e pegando a estrada, uns a cavalo, outros puxando burros com cargas, outros com saco de compras nas costas, outros carregando o piquá. As mulheres também faziam uma rudia de pano que colocavam na cabeça, com o saco de compras por cima e caminhavam tranqüilamente estrada afora equilibrando-o na cabeça sem ajudar com as mãos e ainda carregando uma criança no colo. Não era difícil vê-las amamentando pelo caminho enfim: (cada um do seu jeito, todos eram felizes, muito felizes!).

Num belo dia, chegou na venda do seu Jaque, o

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senhor Antonio Marcelino, um senhor muitos simples, muito bom, trabalhador e honestíssimo. E para surpresa de todos, ele disse:

-“Óia seu Jaque, eu tô dispidindo de todo mundo, porque os meus fios Chico, Zé e o Luis foi trabaiá na cidade de Taubaté, e minha véia não qué fica longe deles primeiro porque ela fica muito preocupada e também porque sente muitas saudades e acha que a família não pode ficar separada assim”.

Essa notícia do senhor Antonio Marcelino, deixou todo mundo muito triste, pois ele era conhecido e muito querido de todos na região.

Então seu Jaque disse:-Éh seu Antonio, essa notícia é realmente uma grande

surpresa para todos nós... E... É claro que todos nós vamos sentir muito a sua falta, mas, se é para o seu bem e para a felicidade da sua família, eu só posso desejar boa sorte pra vocês e espero que venha logo nos visitar.

E então o senhor Antonio Marcelino, pessoa honestíssima, respondeu:

-Óia seu Jaque, eu tô com um problema, eu tô devendo pro senhor, e não quero ir embora sem pagar, mas, o pouco dinheiro que eu tenho, se pagar ao senhor, o que vai sobrar não vai dar pra mim viajar com a famia e fazer uma comprinha quando chegar lá, por isso eu vim me despedir, agradecer e te propor um negócio, que se o senhor aceitar, vai facilitar muito as coisas pra mim”.

Seu Jaque respondeu emocionado:-Olha seu Antonio, o senhor é meu freguês há muitos

anos, e sempre pagou direitinho, é meu amigo, portanto, pode ir embora de cabeça erguida cuidar da sua vida, e quando a situação sua estiver melhor, venha nos visitar e então o senhor me paga. Se precisar comprar mais pra levar agora mesmo, o senhor tem todo crédito comigo e com qualquer outra pessoa por onde o senhor já passou.

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Seu Marcelino agradeceu:-Óia seu Jaque, o senhor e muito bom, eu agradeço

muito mas... Eu gostaria de ir embora mesmo sem ficar devendo pra ninguém. Por isso vim propor um negócio pro senhor.

-Bem seu Antonio, já que o senhor quer assim, então fale:

-Bom; como estou indo embora e não posso levar os meus animais, eu já vendi minha eguinha, vendi os meus porquinhos, vendi todas as galinhas, patos e perus, dei o meu cachorro pro meu irmão, que é muito acostumado com ele, e não vai sentir tanto minha falta. Como sobrou só uma vaquinha que eu não consegui vender, eu gostaria que o senhor ficasse com ela em pagamento da minha dívida porque assim eu vou embora mais tranqüilo, sem dever nada pra ninguém, só obrigação (e bastante!).

Então o seu Jaque disse:-Bem seu Antonio, eu sei que uma vaca vale mais do

que o senhor me deve, mas, já que o senhor insiste, e se isso vai fazer o senhor se sentir melhor e ir embora tranqüilo, eu fico com a sua vaca e assim ficamos quites. Só que o senhor vai me fazer um pequeno favor, como eu tenho um sitiozinho ali no caminho que vai pra Samelha, o senhor pode levar a vaquinha direto pra lá e avise os vizinhos que a vaca é minha, senão eles pensam que ela atravessou a cerca para entrar no pasto e acabam soltando ela na estrada.

E assim o senhor Antonio Marcelino agradeceu muito o seu Jaque, despediu-se com um forte abraço, e como ele não bebia, o seu Jaque serviu-lhe um copinho de vinho doce e juntos brindaram desejando boa sorte um para o outro.

No outro dia mesmo, o senhor Antonio Marcelino juntamente com dona Geralda sua esposa e grande companheira, apanharam umas poucas coisas que lhes restavam e mais os filhos que não eram poucos e zarparam

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para a cidade de Taubaté, onde já moravam os três filhos mais velhos: o Zé, o Luis e o Chico, e onde o senhor Antonio Marcelino conseguiu, aos cinqüenta anos de idade, empregar-se em uma grande indústria automobilística, onde fez muitos amigos, e trabalhou com muita responsabilidade até aposentar-se aos sessenta e cinco anos de idade merecidamente e com um salário razoavelmente digno.

Voltemos a falar da vaquinha. Uma semana depois, seu Jaque foi até o sítio conhecer a tal da vaquinha que ainda não tinha visto.

Ao chegar no sítio, tamanha foi a sua surpresa! Só então ele entendeu porquê do seu Antonio ter vendido tão rapidinho todos os animais e não ter conseguido vender a tal vaquinha. Seu Jaque deu uma risada e disse a si mesmo:

“Nunca vi em toda minha vida uma vaca tão feia!”A vaquinha era magra não por falta de trato, mas, por

natureza, tinha os ossos pontudos, as ancas saltadas, os cascos compridos e tortos, um chifrinho menor que o outro, o focinho fino e sua cor era de um tom amarelo sem brilho, sem vida. A única coisa de muito bonito que tinha na vaquinha era a sua mansidão e o nome que o senhor Antonio havia lhe dado “Nobreza”.

“Mas porque Nobreza” – pensou seu Jaque.De qualquer forma, ele não levou prejuízo, porque,

por menos que ela valesse, ainda valia mais do que o senhor Marcelino lhe devia.

Então seu Jaque se aproximou chamando-a pelo nome:-Nobreza, vem, vem, Nobreza! A vaquinha feia muito mansa, foi se aproximando lentamente e começou a lamber-lhe a mão. Parecia até que ela sabia ser ele o seu novo dono. Ou estava carente de carinho e se sentia só?

Seu Jaque fez-lhe um pouco de carinho alisando-lhe a cabeça, e virou-lhe as costas, indo em direção à porteira de arame para ir embora. Para sua surpresa, a vaquinha

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feia acompanhou até ele atravessar a porteira e depois ficou ali, parada, seguindo-o com os olhos até ele desaparecer na estrada.

Seu Jaque, então, voltou para a casa e começou a oferecer a vaquinha pra todo mundo, pois ele queria vendê-la de qualquer jeito. Ofereceu para os seus fregueses, aos amigos e parentes, conhecidos e desconhecidos: o seu Benedito Frederico, o senhor Izalino que tinha um sítio ali bem pertinho, o senhor Quinca Arruda, seu Lourenço, o Sebastiãozinho barbeiro, Joaquim Narcísio, Silvino, dona Maria Rufino, Pedro Matias, Alfredinho do cinema, Lelé Barleta e também o seu Augustinho da farmácia, enfim, seu Jaque não deixou de fora nem mesmo a sua irmã Ditinha Ferreira, que era costureira e morava ali bem pertinho na beira de um pasto, e o seu compadre Chico Barleta. Todo mundo a quem ele a oferecia, foi ver a tal vaquinha de perto. Afinal, quem é que não ia querer comprar uma vaca, e por um preço tão pequeno?

Voltavam dando risadas e dizendo:-Desculpe-me, seu Jaque, mas eu nunca vi uma vaca

tão feia!Enfim Olimpio Noronha, inteirinha, ficou

conhecendo a vaquinha feia, e seu Jaque não conseguiu vendê-la a ninguém. E já que ninguém queria mesmo comprá-la, seu Jaque decidiu e pensou:

-Quer saber de uma coisa, vou deixar aquela vaquinha feia quietinha lá no pasto até alguém se interessar por ela, um dia vai ter de aparecer alguém.

E assim, os dias foram passando, passando e passando. Todo mundo conhecia e falava da vaquinha feia, mas, comprá-la, ninguém queria. Seu Jaque ia toda semana visitá-la e levar um pouco de sal. Quando ele chegava. Ela vinha imediatamente ao seu encontro e lambia a sua mão. Parecia que ela queria agradecê-lo pela visita, o sal e o carinho.

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Quando foi um belo dia, exatamente num domingo, a igreja matriz estava super lotada na hora da missa, e depois de fazer a celebração e o sermão, que por sinal bem apimentado claro, só pisando nos calos dos fiéis... Não me lembro muito bem más, acho que era o padre Candinho que estava celebrando a missa. Padre Candinho... Eta fera!...

Esse era bravo...Então, o padre disse aos fiéis:-Caríssimos irmãos, como vocês podem ver, aliás,

acho que eu nem precisava lhes falar nada e muito menos lhes mostrar, más, como vocês não tomam nenhuma iniciativa, e não querem ver o que está na cara de vocês, eu tenho de tomar, senão a nossa igreja vai acabar caindo na cabeça de vocês. Nossa igreja está precisando de uma boa reforma, de uma boa pintura, de trocar alguns vidros que estão quebrados, de alguns bancos que esses já estão carunchados, será que vocês não vêem isso ou fingem que não vêem? E eu vou tirar dinheiro de onde? Se não for de vocês fiéis. Por acaso alguém tem aí uma sugestão?

Então a Vera do Batão e o próprio Batão que eram os donos do cartório de registros do local se manifestaram, e ela disse:

-Olha, que tal se nós andássemos por toda a região pedindo prendas para leilão e fizéssemos uma grande festa? Assim nós arrecadaríamos uma grande soma, o suficiente para reformar a igreja toda de uma só vez.

Então o padre perguntou:-Mas, vocês dois vão fazer isso sozinhos?-Não, claro que não. – responde Vera. Ainda temos o

senhor João Daniel com a esposa, a senhora Maria Dias, eles têm charrete e poderão andar pela zona rural. Temos dona Geralda e a dona Rosinha que são professoras muito queridas e podem pedir aos alunos para conversar com os pais. Temos também o senhor Chico Barleta, que tem muitos clientes em sua loja e pode pedir a eles, o senhor

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Sebastião Ambrózio e a esposa Maria Ambrózio podem ser úteis também.

E dona Vera continuou: Lá defronte ao campo de futebol, mora a senhora Mercedes, uma senhora de cor escura, que é a mais doce das criaturas, querida por todos e sempre pronta para ajudar a todos que precisam dela, e como ela é madrinha do Tiãozinho e, portanto, comadre do seu Jaque com dona Conceição, e eles se querem muito bem, tenho certeza que juntos, poderão ajudar, e muito.

Então depois de ouvir atentamente as idéias da Vera, o padre disse:

-Eh, Vera, falando assim a impressão que se tem é que você tem tudo sob controle. E eu gostei da idéia. Será que todos os presentes estão de acordo? Se estiverem é só aplaudir a idéia.

Nesse momento ecoou aplauso por toda a igreja, deixando claro que todos estavam de acordo.

Enfim, todo mundo de acordo, a Vera do Batão se encarregou de, no dia seguinte mesmo, fazer uma reunião com os pré-escalados arrecadadores de prendas e dar a cada um deles a região a ser percorrida e definiriam também a data para a festa, que teria de ser num prazo mínimo de três a cinco meses, tempo suficiente para a arrecadação das prendas e também para muitos outros preparativos.

Alguns dias depois, parou na porta da venda do seu Jaque, uma charrete. E quem desceu dela? Claro, o senhor João Daniel e a esposa senhora Maria Dias, que por sinal eram padrinhos do Tiãozinho do Jaque, portanto, compadres do seu Jaque. Depois de se cumprimentarem e se abraçarem, o senhor João Daniel puxou uma lista com uma grande quantidade de nomes e disse ao seu Jaque:

-Bem compadre Jaque, o motivo da minha visita aqui hoje é o seguinte: como o senhor deve estar sabendo, todo povo de Olimpio Noronha está empenhado para a

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realização de uma grande festa, com o objetivo de levantar o máximo possível de dinheiro para a reforma da nossa igreja. Ela esta notoriamente em péssima condição, e não pode continuar como está, porque, além de nos proporcionar desconforto, oferecer riscos de vida, ainda é vergonhoso para todos nós. E como eu sou um dos arrecadadores de prendas, e já percorri toda a região rural que foi a mim designada, então falei com minha esposa “vamos fazer uma visita ao compadre Jaque com a comadre Conceição, ver o nosso afilhado Tiãozinho e ver se o compadre quer contribuir também com uma prenda para o leilão.”

-Claro compadre, foi bom o senhor ter vindo, vou colaborar com a festa da nossa igreja com o maior prazer.

Depois, seu Jaque virou as costas para o compadre e ficou olhando para as prateleiras da venda de ponta a ponta e pensando;

-Que vou dar? Uma garrafa de pinga? Um litro de groselha? Uma lata de doce? Um pacote de...

Depois, seu Jaque virou-se de frente e perguntou:-Compadre, faz o favor, deixe eu dar uma olhada

nessa lista sua.Então, seu Jaque apanhou a lista olhou-a de cima

abaixo e notou que as doações dessa lista só havia leitoas, bezerros, um cavalo, uma potranca, algumas vacas... Vacas?

Nesse momento, repentinamente, seu Jaque teve a idéia e disse ao compadre:

-Acho que já sei o que vou dar de prenda para a igreja, Vou dar uma vaca! Não é uma prenda ótima?

Então, o senhor João Daniel deu uma risada:-Compadre, o senhor não tem vacas! Não me diga que

está pensando em doar para o leilão a sua única vaquinha, aquela vaquinha feia para o leilão. Eu sei que o senhor vai

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dar de coração se for ela, mas, quem vai querer arrematar aquilo? Se até agora ninguém se ofereceu para comprá-la...

Então o seu Jaque confirmou:-O senhor acertou compadre! Pois é ela mesmo que

vou doar, primeiro porque é a única saída decente que eu achei para me livrar daquela vaquinha feia, e segundo, porque pelo menos o meu nome vai constar na sua lista de doadores. E doador de uma vaca, o que é mais importante e se ninguém se interessar por ela, depois a gente vê o que fazer. E além do mais compadre, eu estou olhando na sua lista de doadores de cima a baixo, e não estou vendo o nome de alguns dos fazendeiros mais cheios de dinheiro da cidade: Senhor Agenor Noronha, Dedé Arrozeiro e nem da família Pinelli, por acaso o senhor não passou pela casa deles?

-Sim claro que passei! Não deixei escapar ninguém, mas eles disseram que não podiam dar nada agora.

Então seu Jaque reclamou:-Ta vendo só? Eles são ricos e mão de vaca, e eu pelo

menos estou dando uma vaca.João Daniel ponderou:-Está muito bem, compadre, nós vamos apanhar os

animais doados, só na véspera da festa porque não temos lugar onde colocá-los agora. Viremos buscar a sua famosa vaquinha feia também, e vamos ver no que vai dar, quem vai ter coragem de fazer uma oferta por ela, o que eu duvido muito, mas... Qualquer coisa que ela render para a festa será bem-vindo. De qualquer forma, nós ficamos muito agradecidos pela doação, que eu sei que é de coração.

E assim, os dias foram passando, e as pessoas só falavam na tal festa. E nas poucas lojas que havia ali, o movimento era grande, porque todo mundo queria comprar uma roupa nova, um tecido para fazer um vestido ou uma camisa sobre medida, outros queriam uma botina, um

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chapéu, um sapato novo, enfim, em toda Olimpio Noronha o agito era total. O clima de festa era geral e a expectativa era grande.

Até que finalmente chegou a ante-véspera da tão esperada grande festa. Nas proximidades da igreja, já estavam prontos as barracas de comestíveis, de jogos, de brinquedos, um grande palanque onde seria realizado o leilão.

As prendas que não eram perecíveis já haviam sido recolhidas, os animais doados para o leilão também chegando e sendo colocados em uma chácara a algumas dezenas de metros da igreja. Quem ficou encarregado de tomar conta dos animais na chácara em troca de alguns trocadinhos eram o Cuca e o Zé Toca, que, segundo as fofocas: “uma vez eles foram numa casa da família Junqueira tomar conta de duas tartarugas, e as duas fugiram...”.

Apesar dos preparativos já estarem quase tudo pronto, a movimentação por ali nas proximidades da igreja era razoavelmente grande e de repente, todo mundo olhou numa mesma direção, ou seja, lá no final da rua. Mas oque é que estava vindo lá chamando a atenção de todo mundo!

Era o Tiãozinho do Jaque, com uma cordinha na mão, puxando a vaquinha feia, trazendo-a para o leilão que seria dali a dois dias, e... Todo mundo saía na porta das casas, dos bares e nas janelas para ver a vaquinha feia passar. Davam risadas porque a coitadinha da vaquinha era tão feia, mas tão feia e ao mesmo tempo tão mansinha que acabava tornando-a engraçada. Algumas pessoas comentam:

-Ela mais parece aquelas vaquinhas de revistas em quadrinhos!

Outros diziam:-Não, ela está mais para aquelas vaquinhas de

desenhos animados!Ou ainda:

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-Olha, pois eu vou mais longe, já assisti a muitos desenhos, e já li milhares de revistas em quadrinhos nunca vi nada igual a esta vaquinha!

Alguém gritou:-Isso aí deve ser fruto de alguma experiência

genética ou algum disco voador, pousou por aqui e esqueceu de levar de volta, essa vaquinha não parece ser deste planeta!

Enfim, Tiãozinho do Jaque foi puxando a vaquinha feia aos olhares e risos de todos por onde passava até chegar na chácara onde estavam os demais animais que seriam leiloados dois dias depois, no dia da grande festa.

Ao se retirar da chácara, Tiãozinho notou que a vaquinha feia ficou na beira da cerca acompanhando-o com os olhos até ele desaparecer.

Tiãozinho sentiu um aperto no coração, uma tristeza por ter de deixar a vaquinha ali, abandonada à própria sorte, e sentiu também uma vontade muito grande de leva-la de volta, porque a vaquinha apesar de muito feia... “muito ossuda, ancuda, a barriga desproporcional ao seu tamanho, um chifre mais curto do que o outro, os cascos compridos e tortos, o focinho bem mais fino do que o normal de uma vaca”, ela era muito mansinha, carinhosa, submissa, e tinha os olhos meigos, ternos, um jeitinho sereno e gostoso de olhar pra gente.

Assim ao chegar de volta em casa, só com a cordinha na mão, ele estava com jeito muito triste e seu Jaque perguntou:

-E ai, meu filho, a vaquinha foi bem?Tiãozinho respondeu simplesmente:-Foi!-Ela não deu trabalho?-Não senhor!-E você está triste porque?Tiãozinho olhou para a corda em que ainda estava em

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sua mão e disse com voz um pouco embargada e os olhos meio lacrimejantes:

-Ah meu pai, eu fiquei com tanta pena de deixa-la, abandonada à própria sorte porque... ah eu na verdade estava gostando dela. E cada vez que eu olhava pra trás eu via que ela estava lá, parada no mesmo lugarzinho, olhando pra mim e parecendo dizer:

-Não me deixe aqui, me leve de volta com você, ninguém gosta de mim... Há! Me deu uma tristeza, quase eu a trouxe de volta. Não tem jeito de voltar atrás?

Então, seu Jaque respondeu:-Não meu filho, não tem! Mas eu sei exatamente

como você esta sentindo, porque, é claro que eu a dei de coração para o leilão, para a reforma da igreja, mas, na hora que eu vi você levando-a puxada pela corda, tão tranqüila, tão submissa, meu coração doeu tanto que eu quase mandei você leva-la de volta para o pasto, mas, todo mundo já sabe que eu doei para a igreja. Eu bem que poderia ter comprado uma leitoa, um bezerro ou mesmo uma outra vaca e dar de prenda e deixar a vaquinha feia lá no pasto, mas, infelizmente eu só pensei nisso depois que eu dei a minha palavra e não podia mais voltar atrás. Agora, meu filho, só nos resta fazer uma coisa para traze-la de volta: como eu tenho certeza de que ninguém vai mesmo se interessar por ela, e de que se houver algum lance por ela no leilão será muito pequeno, nós vamos ficar lá participando do leilão. Vamos arremata-la e trazer de volta a nossa vaquinha feia, ou seja, vamos estar contribuindo, talvez mais ainda com a igreja e sem precisar desfazer da nossa vaquinha.

Tiãozinho se animou e, entusiasmado disse:-O senhor tem razão meu pai! Se ninguém se

interessou em compra-la antes, então porque iria se interessar agora?

Enfim, tudo planejado nos mínimos detalhes e

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acertado, E agora, era só aguardar com ansiedade o dia da grande festa e a hora do leilão.

No dia seguinte, bem cedinho seu Jaque mal acabou de abrir as portas da sua venda e já começou atender seus primeiros clientes do dia, e foi quando chegou a agradável, porém inesperada visita de um dos organizadores da festa: o senhor João Batista, que entrou sorridente e disse:

-Bom dia pra todos! Bom dia seu Jaque!Seu Jaque num gesto alegre, animado, respondeu:-Bom dia, seu João, o senhor caiu da cama? Oque o

senhor faz por aqui tão cedo?Então o senhor João Batista deu um sorriso:-É que a vaquinha que o senhor deu pro leilão fugiu,

seu Jaque.Seu Jaque deu uma risada e perguntou:-Mas fugiu como seu João? Por acaso não tinha

ninguém tomando conta?-Ah tinha, tinha sim! Tinha o Cuca e o Zé toca!Então todos que estavam dentro da venda deram

risadas:-Ah, então está explicado! Riram todos.-Mas ninguém tem noção de para onde ela foi?

Ninguém viu nada?-Não seu Jaque! O que algumas pessoas estão

achando é que o mesmo disco voador que esqueceu ela aqui, agora veio buscar, por isso que ela não deixou rasto.

Todo mundo deu risada e o seu Jaque perguntou:-E o senhor, oque acha então?E o senhor João disse:-Bem, eu também não duvido nada. Mas de qualquer

forma, vou continuar procurando só pra fazer a minha obrigação.

Novamente as gargalhadas foram inevitáveis.O senhor João continuou:-O senhor sabe que é brincadeira, não é seu Jaque? E

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é exatamente por isso que vim aqui, para saber se por acaso alguém não comentou com o senhor de ter visto ela por aqui, se por acaso ela não voltou lá para o seu sítio, porque como nós saímos cada um para um lado para procurar, eu imaginei ”Vou lá no seu Jaque, como ele conhece todo mundo e todos sabem que a vaquinha era dele, talvez ele tenha alguma informação”.

Seu Jaque disse pensativo:-O senhor tem toda razão, seu João, como ela fugiu

durante a noite, é bem possível que tenha voltado lá para o pasto sem que ninguém visse. O senhor quer que eu mande alguém lá para dar uma verificada?

-Não seu Jaque, não é preciso, muito obrigado, mas, é que tenho mesmo de dar uma chegada lá no Bairro dos Criminosos e, como é caminho mesmo, eu dou uma paradinha nas suas terras e verifico pessoalmente. Aproveito para perguntar para as pessoas por lá.

-Está muito bem seu João, mas, de qualquer forma, encontrando ou não a vaquinha o senhor por favor mande alguém me informar, porque eu vou ficar aguardando com ansiedade e torcendo para que ela seja encontrada. E que esteja bem, é claro!

O senhor João Batista se despediu desejando um bom dia para todos, montou em sua bicicleta e partiu.

A tardezinha, todas as pessoas, que haviam saído de manha para procurar a vaquinha, voltaram sem nenhuma notícia. As buscas foram em vão, e ninguém em lugar algum havia visto a danadinha.

Então, alguém comentou:-Credo gente, alguém tinha de ter visto aquela

vaquinha em algum lugar, e eu estou ficando assustada.E a outra perguntou: Assustada com quê?Será que aquela historia de disco voador não é

verdade? Será que aquela vaquinha feia esquisita, não pertence mesmo aos extraterrestres, e eles vieram buscá-la?

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Uma terceira pessoa assustou-se.-Credo menina, vire essa boca pra lá, assim você me

deixa apavorada!Mas...é claro...afinal de contas a informação de que

se tem é que essa vaquinha feia e esquisita apareceu ainda bezerrinha lá no alto da Serra dos Criminosos, um lugar ermo que nem morador tem por perto. E foi encontrada por um primo do senhor Antonio Marcelino que a criou e depois trocou-a com seu Antonio Marcelino por uma porca parideira. Dizem que o senhor Antonio Marcelino também apanhou a vaquinha sem ver, do mesmo jeito que fez o seu Jaque. E até hoje ninguém sabe de onde veio esta vaquinha, nunca ninguém a procurou. Você não acha isso muito estranho?

Alguém concordou: O pior é que você tem razão, credo... vamos mudar de assunto?

-Que nada eu vou é para casa tomar uma boa xícara de chá porque estou muito assustada.

Quando foi a noite, exatamente nas proximidades onde se encontravam presos os animais doados para o leilão, um grande objeto luminoso surgiu repentinamente nas alturas chamando a atenção de todo mundo em Olimpio Noronha. A luminosidade do imenso objeto foi aumentado, aumentando, aumentando, enquanto em vão, as pessoas tentavam identificá-lo e, como hipnotizados ninguém arredava os pés do lugar, e muito menos tirava os olhos do objeto, que balançava pra lá e pra cá, e a iluminação aumentava e diminuía de intensidade, as pessoas ficavam cada vez mais assustadas e alguns até se agarravam uns aos outros, tremiam, gaguejavam e alguns nem mesmo conseguiam soltar a fala. Ninguém ousava se aproximar do objeto, pois, para eles aquilo era sem dúvida o disco voador que veio resgatar a sua vaquinha.

Até que enfim o grande objeto atingiu a sua luminosidade máxima e só então as pessoas puderam

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constatar que se tratava de um imenso balão feito pelo Pedro Matias, e nele estava escrito em letras bem grandes e coloridas: “amanhã o dia da grande festa”.

Depois de identificado o grande objeto flutuante, todos aplaudiam e davam muita risada e foram para suas casas, felizes, refeitos do susto e lembrando que no dia seguinte era o dia da festança. Mas nisso, quando acabavam de entrar em casa, o Batão e sua esposa Vera, que eram também uns dos organizadores da festa, ouviram em sua porta quando parou um jeep. Quem o conduzia era um rapaz que percorria constantemente as fazendas da região comprando, vendendo, ou trocando bezerros, e ele já sabia que todo mundo estava empenhado em encontrar a vaquinha feia. Quem o atendeu na porta foi a Vera que em tom de brincadeira e muito sorridente por conhecê-lo desde menino, perguntou:

-O que o traz aqui esta hora? Se veio comprar bezerro, eu não tenho pra vender, e se veio vender, eu não quero comprar porque não tenho onde pôr. Ou se veio registrar criança, o cartório está fechado à esta hora!

Então o rapaz dando risadas disse:-...Não dona Vera, não vim comprar nem vender nada

porque, à esta hora eu estou descansando também. É que eu estive hoje lá para os lado da Várzea Alegre comprando uns bezerros do pessoal dos Irias, do Sebastião Dionisio lá da pedra, do Zé Cristiano lá no sertãozinho, do Joaquim Alves lá na Cachoeirinha e pra todo mundo eu perguntava se não tinha visto a vaquinha feia que vocês estão procurando, e pra todos eles eu dava as características da vaquinha e todos davam risadas e diziam:

-Óia moço, uma vaca assim não passa despercebida pelo zóio de ninguém. O senhor tem certeza que ela é assim mesmo do jeito que o senhor falô?

E eu explicava: Ela é exatamente do jeito que estou falando!

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Muitos duvidavam: “O senhor tem certeza que isso aí que o sinhor falou é uma vaca? Eu conclui que por ali realmente ninguém tinha visto a vaquinha feia. Mas, quando eu estava...vindo embora, ao passar ali no cruzamento que vai para a fazenda Sant-Ana, encontrei um amigo e ... conversando com ele, ele me disse uma coisa que a senhora não vai gostar de ouvir..., mas, vamos lá! Ele me disse que bem na chegadinha da fazenda Sant-Ana, com o caminhão carregado de latões de leite, vindo para Olimpio Noronha, não conseguiu desviar-se de uma vaquinha que estava caminhando no meio da estrada, bem próximo de uma curva, e acabou atropelando e matando-a instantaneamente. Então, ele voltou até a fazenda e comunicou ao pessoal sobre o acidente. Na fazenda disseram a ele que a vaca não era de lá. Contou também que na forte batida, ela dobrou o pescoço e caiu com o corpo em cima da cabeça por isso não dava para descrever os detalhes. Mas, pela cor, pelo tamanho e outros detalhes, eu concluí que tudo leva a crer, infelizmente, que é a vaquinha feia de vocês, eu.. eu sinto muito.

D. Vera que ouvira tudo:-Eu agradeço muito por ter vindo avisar e... deve ser

ela mesmo, mas, para eliminar qualquer dúvida, amanhã bem cedo eu vou até lá na fazenda Sant-Ana para verificar.

No dia seguinte, logo cedo, como havia prometido, a Vera do Batão já comunicou o fato ao senhor João batista, que já se comunicou com o senhor João Daniel, que se comunicou com o compadre Seu Jaque, que ficando muito triste, já se comunicou também o Tiãozinho que ficando muito mais triste ainda!...

E acabou que toda Olimpio Noronha ficou sabendo que a vaquinha feia, esquisita e fujona do seu Jaque, havia sido atropelada por um caminhão, tinha morrido e já estava enterrada.

Então o seu Jaque e seu filho Tiãozinho, apesar de

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muito tristes, mantiveram a idéia de ir a festa e também assistirem ao leilão, mas, o sonho de trazer de volta a vaquinha, foi por água baixo.

A Vera como havia prometido, logo de manhãzinha, após comunicar o fato ao senhor João Batista, pegou a estrada com destino a fazenda Sant-Ana e lá chegando foi recebida com alegria pelas pessoas, porque além de ser conhecida de todos pelo fato de registrar nascimentos, fazer casamentos e etc... ela era uma pessoa muito simpática e popular.

Ao chegar lá cumprimentou alegremente a todos os que estavam por ali. Então um funcionário disse a ela:

-Estamos muito contentes com sua visita, Dona Vera, mas o que faz a senhora por aqui à esta hora? A senhora não veio só para nos ver veio?

Vera abrindo um sorriso:-Não, não vim! Na verdade eu estou procurando uma

vaca, uma vaca que na verdade monetariamente falando tem pouco valor, e quase que nem valeria a pena procurá-la, mas, é uma das prendas do leilão, foi dada de coração e ... na verdade, qualquer coisa que ela venha render no leilão será bem-vindo, para a reforma da nossa igreja. Nós não temos mais tempo para procurá-la porque, a festa vai começar daqui a pouco às dez horas (10:00 hrs), e à tardezinha começara o leilão que não tem hora para acabar.

Enquanto ela conversava, um senhor de idade que estava num cantinho, sentado num toco de madeira, pezão no chão, descalço, calça arregaçada até o meio da canela, chapeuzinho de palha na cabeça, pitando um cigarrão de palha com fumo de corda, soltando fumaça pra todo lado escutava a conversa, e de repente, ele se levantou, aproximou-se e perguntou... Ô... dona, de que jeito é essa vaquinha que a senhora tá procurando?

Vera explicou:

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-É uma vaquinha assim, assim, assim, etc.Todo mundo deu risada, e esse senhor ironizou:-É... dona, a senhora tem certeza que isso aí que a

senhora falou é uma vaca?Vera, deitou a cabeça em cima do ombro de um lado

e depois do outro e disse:-E... o pior é que é, e como eu já disse, é uma vaca

das prendas do leilão.Então o senhor balbuciou:-Que coisa mais coisada sô!E depois falou:-Óia, ... eu não posso garantir pra senhora, mas,

ontem o caminhão leiteiro atropelou uma vaca aí na estrada e eu fui lã com a intenção de tirar o couro dela e distribuir a carne pro pessoal daqui, mas, quando cheguei lá, eu não vi a cara dela porque na batida forte a cabeça ficou por baixo do corpo. E quando eu vi que a vaquinha era pequena, a barriga maior do que o corpo, e ponta de osso por todo lado, eu pensei: “Isso ai nem carne tem e eu nem vou perder meu tempo”. Então eu chamei o tratorista da fazenda com os dois filhos dele e mandei que ele desse um fim enterrando ela bem longe.

Vera perguntou:-E a cor da vaca era?O senhorzinho respondeu:-Era mais ou menos dessa cor que a senhora falou,

meio amarela, meio castanha, sem brilho.Vera perguntou:-O senhor tem certeza que ela não era daqui da

fazenda?O senhorzinho deu um sorriso, deu uma boa pitada no

seu cigarrão de palha e disse:

-Óia dona, a senhora me descurpe, mas primeiro: as vacas daqui não saem na estrada, segundo, as vacas daqui, tem cara de vaca mesmo e não se parecem nem um pouco

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com aquilo que morreu aí na estrada.Nesse momento, todo mundo riu e a Vera pediu:-O senhor tem toda razão. Mas, não tem como a

gente ir até o lugar onde ela está enterrada para que eu possa verificar, só para ter certeza, de que é ela mesma?

-É, infelizmente não dá porque, foi o tratorista da fazenda com os dois fios que levaram ela pra ser enterrada bem longe e, a gente não sabe onde.

-Mas não dá pra gente falar com o tratorista ou com os filhos dele?

-Éh dona, infelizmente não, porque o nosso patrão foi ontem à noite lá pra cidade de Lambari, e como a sogra do tratorista mora lá na Capelinha do Embirizal, então ele pegou toda a família e foi passar o fim de semana lá, aproveitando a carona do patrão.

Então a Vera vendo que não tinha jeito mesmo:-Bem, infelizmente pelas informações que eu já

tenho, só posso concluir que essa vaquinha que foi atropelada é a nossa vaquinha feia, mas, fazer o que né?

Então a Vera agradeceu a todos, despediu-se e voltou para Olímpio Noronha.

Chegando lá foi direto no pátio da igreja onde a movimentação já era grande, a festa já estava começando e os outros organizadores estavam todos ali.

Vera aproveitou a presença de todos e anunciou:-Olha, gente, eu estou acabando de chegar lá da

Fazenda Sant-Ana onde foi atropelada, morta, e enterrada, ontem, uma vaquinha, que pelas informações que me deram, há uma probabilidade de noventa e nove por cento de ser a nossa vaquinha. E portanto, temos uma prenda a menos.

Nisso, quem estava ali por acaso e ouviu a conversa, era o Rafael, neto do seu Jaque e filho do Zé Jaque ou (Zé Dionísio), então Rafael disse:

-Uai, que dize que a vaquinha que o vovô deu pro

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leilão morreu mesmo?Vera respondeu:-Infelizmente Rafael! É claro que eu não posso

afirmar com cem por cento de probabilidade, mas, as informações que eu tenho me levam a crer que sim, por tanto, temos uma prenda a menos para o leilão.

As palavras da Vera se espalharam como um rastilho de pólvora e em poucos minutos Olimpio Noronha inteira já estava sabendo que a vaquinha feia havia sido morta e enterrada.

Então o Rafael disse:-Eu sinto muito pela vaquinha do vovô ter morrido,

mas, quanto à prenda, isso não é problema, uai, nóis dá um jeito agora mesmo!

E como ele aprendeu com o pai, desde pequeno, a consertar e reformar bicicletas, e tornou-se um grande e dedicado profissional no ramo, apanhou imediatamente uma bicicleta velha que ele havia conseguido pegar como pagamento de dívida, e reformou-a em prazo de poucas horas deixando-a tão nova e tão linda que despertava a atenção de qualquer um, principalmente, porque naquela época, a bicicleta ainda era uma raridade que poucos possuíam.

E aí ele fez questão de ir pessoalmente leva-la até a igreja para ser leiloada, e ainda teve o capricho de leva-la empurrando para que ela chegasse impecável. E pelo caminho por onde passava com aquela bicicleta pintadinha, cromada, toda reluzente, chamava a atenção de todos e alguns comentavam:

-Só podia ser obra do Rafael e outro dizia:-Uai, mas ele é muito caprichoso mesmo!Quando foi por volta das trêis horas da tarde, não

tinha mais nem jeito de andar nas proximidades da igreja, de tanta gente que estavam ali.

De repente, ouviu-se uma voz bem alta dizendo:

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-Atenção... Por favor, gente! Vamos dar início ao leilão porque temos muitas prendas para ser leiloadas e não sabemos até que hora vamos, portanto, cheguem todos para perto do palanque.

E assim, num clima de muita euforia e alegria, foi iniciado o grande leilão, primeiro com os doces, bolos produtos perecíveis, e depois os engarrafados, os enlatados, perfumarias e só então começariam a ser leiloados os animais.

E o leiloeiro num tom de brincadeira é claro, já adiantava:

-Olha gente, eu sei que vocês estão de olho grande em cima da bicicleta doada pelo Rafael, mas, ela vai ser a última prenda a ser leiloada, está bem?

Então todo mundo num gesto de protesto disse: Aaaaaa....

E o leilão foi iniciado, primeiro com um grande cartucho cheio de doces variados. E quem arrematou? Claro! Rafael! E por quê?

Porque ali estava o seu pai Zé Jaque, sua mãe Maria do Rosário e suas duas irmãs, a Ilaíde e a Néia, Mas estava também a Geralda, uma linda jovem por quem ele era apaixonado e que veio mais tarde a ser a sua esposa e mãe de seus trêis lindos filhos, Geraldinho, Luciano e Neinha.

O leilão estava indo de vento em popa, tudo transcorrendo a mil maravilhas e quando o leiloeiro levantou a mão segurando a última prenda a ser leiloada, para dar início ao leilão dos animais, o leiloeiro disse:

E agora... E agora...Mas todo mundo percebeu que ele estava dizendo: E

agora, e agora, mas não olhava para o povo, ele estava com o olhar fixo lá para o final da rua.

De repente ele disse:-Mas o que é aquilo?Então, todo mundo olhou na mesma direção e

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ficaram surpresos com o que viram, pois, lá no final da rua vinha vindo a passos lentos o seu Zé Inácio breganhador de cavalos montado em um de seus cavalos e puxando uma vaca.

Então a senhora Mercedes que morava bem do lado da casa dele lá em frente ao campo de futebol comentou:

-Puxa vida, será que o seu Zé Inácio resolveu, de última hora. Comprar uma vaca e doar para o leilão?

Alguém comentou:-É bem possível, porque o seu Zé Inácio é

imprevisível.Mas, de repente, alguém com à vista bem melhor

gritou:-Gente, o seu Zé Inácio vem trazendo a vaquinha feia

do seu Jaque.Então como já estava tudo parado mesmo inclusive o

leiloeiro com a boca aberta, a mão suspensa segurando uma pequena prenda, só tiveram de abrir passagem formando um grande corredor, no meio da multidão, para que o seu Zé Inácio pudesse passar com a “estrela do dia”.

O seu Jaque, quando viu aquilo, seu sorriso foi parar nas orelhas, o Tiãozinho dava pulos de alegria, o Rafael abraçou a Geralda e começaram a pular como dois doidos, e ali estava a grande chance do seu Jaque e do Tiãozinho de recuperar a vaquinha feia no leilão e levá-la de volta para a casa, de onde ela nem devia ter saído.

Quando seu Zé Inácio chegou bem próximo da multidão, desceu do seu cavalo, amarrou-o num pé de guanximba na beira de um terreno baldio ali existente e entrou por entre a multidão puxando a vaquinha feia por uma corda.

À medida de que ele ia passando, todo mundo ria, mas, todos queriam passar a mão na vaquinha feia. E a impressão que se tinha naquele momento, era que estava chegando com atraso, a grande estrela do dia, a atriz

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principal da festa, que ela era uma modelo internacional desfilando na passarela e todos queriam ver bem de perto, passar a mão e se possível conseguir um autógrafo.

Então o leiloeiro gritou:-Seu Zé... Seu Zé... por favor traga-a direto para o

palanque e já que está aqui mesmo vamos leiloa-la já, antes que ela fuja, seja morta e enterrada de novo.

O leiloeiro era o senhor Pedro Arlindo, um homem bem humorado e brincalhão.

Então o senhor Zé Inácio quando conduzia a vaquinha feia até o palanque, deu uma paradinha onde estava o seu Jaque com dona Conceição e toda a família.

A vaquinha reconhecendo-os imediatamente. Parou. Olhou para o seu Jaque começou a lamber a sua mão. O seu Jaque em retribuição começou a fazer-lhe um carinho passando a mão na sua cabeça, pescoço e focinho.

Mas, como o leiloeiro não podia perder tempo, e o seu Zé Inácio tinha de leva-la até o palanque, o seu Zé começou a puxa-la, mas ela insistia em ficar mais um pouquinho perto do seu Jaque. Porém, como ela era muito mansinha, obediente e submissa, logo obedeceu e foi em frente sem resistir.

Ao chegar ao palanque, o leiloeiro, num tom de brincadeira, disse ao seu Zé Inácio:

-Antes de começar os lances, me explique uma coisa: Se todo mundo em Olimpio Noronha já está sabendo que esta vaca foi atropelada, morta e enterrada lá na Fazenda Sant-Ana, como é que o senhor me aparece agora com ela viva aqui? É um milagre? O senhor a desenterrou e a ressuscitou? Ou esta vaca é realmente de outro planeta, ou isto é um clone dela? Foi uma explosão de gargalhadas e o seu Zé Inácio disse:

-Não é nada disso não, seu Arlindo! Foi só uma coincidência, e além do mais, ninguém, nem mesmo a dona Vera afirmou cem por cento que ela estava morta. E eu a

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encontrei por acaso também. Eu fui lá para os lados da Fazenda Barro Branco ver se comprava alguns cavalos, e passando pela estrada, olhei lá longe, onde só tem gado de raça, e vi uma coisinha muito diferente que se destacava no meio do gado, e então atravessei a porteira de arame e fui até lá pra ver. E quando cheguei bem Berto, eu falei pra mim mesmo: Meu Deus, essa é a vaquinha do seu Jaque que todo mundo tá procurando. Mas o que ela esta fazendo aqui? Como ela veio parar aqui? Será que veio voando?

Nesse momento houve uma explosão de gargalhadas.Ai eu pensei “Se eu sair daqui agora mesmo, puxando

bem devagarzinho pra ela não afrouxar, eu ainda chego lá a tempo dela entrar no leilão”.

E assim eu fiz, passei a corda no pescocinho dela e falei: -Vamos que vamos!! E parece que deu tempo certinho apesar dela estar muito cansada.

Enquanto os dois conversavam a vaquinha se deitou no palanque, mostrando que realmente estava muito cansada. As pessoas riram da cena:

Então o leiloeiro olhou para ela, deu uma risada e agradeceu:

-Muito obrigado, seu Zé Inácio, pelo esforço, pela sua boa vontade e todos nos ficamos agradecidos, não é gente? Vamos bater uma grande salva de palmas pra ele.

Todo mundo aplaudiu, Depois, seu Zé Inácio desceu do palanque e o leiloeiro dando tapinhas de leve na vaquinha feia, a fez levantar e disse:

-Muito bem gente, está reiniciado o leilão, começando agora com esta... com esta... Aí ele deu um sorriso e ironizou: -Com esta linda vaquinha!

Nesse momento, todo mundo deu risadas, foi uma reação espontânea, e ele perguntou:

-Quem vai dar o primeiro lance?Imediatamente, seu Jaque levantou a mão e já

chutou um valor alto pra desanimar os outros concorrentes,

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pois, seu Jaque estava disposto a levar a vaquinha. Mas antes mesmo que ele abaixasse o braço, alguém que não quis se identificar cobriu o lance. E logo em seguida outro, mais outro e mais outro. E ninguém conseguia identificar aquelas pessoas que estavam dando lances tão altos, porque eles faziam por códigos que só o leiloeiro, senhor Pedro Arlindo sabia, e seu Jaque infelizmente não conseguiu acompanhar. “Vendo” que não tinha nenhuma chance, seu Jaque começou a pensar: “Meu Deus, eu não estou entendendo nada. Eu ofereci esta vaquinha pra todo mundo em Olimpio Noronha e ninguém se interessou, e nem sequer fizeram uma pequena proposta, agora quem será que está tão interessado por ela? E porquê?”

Então o leiloeiro perguntou:-Quem dá mais?... Quem dá mais?... Quem dá mais

por esta linda vaquinha. “Quem dá mais por está linda vaquinha” não conseguiu evitar o sorriso, porque na verdade, a vaquinha não tinha nada de linda, e acabou todo mundo rindo também.

-Quem dá mais? Dou-lhe uma, quem dá mais, dou-lhe duas, dou-lhe trêis... Vendida a vaquinha!!!

E para a surpresa de todos, a vaquinha atingiu no leilão o valor de dez vacas.

A vaquinha foi retirada do palanque por um auxiliar do leiloeiro e ninguém ficou sabendo quem arrematou. E mais uma vez o sonho do seu Jaque e do Tiãozinho de recuperar a vaquinha foi por água abaixo e eles estavam muito triste. Mas permaneceram ali.

O leiloeiro tomou um copo d'água pra molhar a garganta e disse:

-Bem gente, vamos dar seqüência ao leilão porque ainda temos muitas prendas. E olhando para as prendas com bastante dúvidas, ele hesitava.

-E agora vamos leiloar... Deixe-me ver... Vamos leiloar uma...

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Enquanto ele decidia o quê leiloar, nesse momento entra no palanque o seu auxiliar e começa a cochichar no seu ouvido. E depois ele deu um sorriso e disse:

-Atenção, gente! Atenção, gente!... Eu tenho uma noticia muito boa pra dar: o cidadão que arrematou a vaquinha já pagou e a doou para ser leiloada novamente.

Então, todo mundo aplaudiu gritando: Êêêêê!!E novamente o sorriso do seu Jaque foi parar nas

orelhas, o Tiãozinho novamente deu pulos de alegria e suas esperanças novamente reacenderam.

Então o leiloeiro animou-se!-Bem gente, já que a vaquinha foi doada novamente,

vamos leiloa-la agora mesmo.E nisso, o auxiliar estava entrando no palanque

puxando a vaquinha e o seu Jaque pensou:-Quem sabe se agora eu consigo arremata-la, pois eu

já vou começar com um lance bem alto.Então o leiloeiro começou:-Esta reiniciado o leilão... Quanto me dão por esta

linda vaquinha?E novamente o sorriso em seus lábios,e também o do

público, foi inevitável.E novamente seu Jaque entusiasmado e mais

esperançado levantou o braço e fez o primeiro lance.E novamente alguém cobriu o seu lance antes mesmo

que ele baixasse o braço. Novamente a vaquinha atingiu um valor altíssimo.

E novamente ela foi doada para o leilão e ninguém conseguia saber quem estava arrematando, pagando e doando novamente para o leilão.

E isso aconteceu por trêis vezes sucessivamente.Então o leiloeiro já um pouco cansado mas, feliz e

brincalhão. Tomou um copo de água e disse:-Olha gente, eu não sabia que essa vaquinha era uma

mina de ouro, então ele dando risadas passava a mão

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naquele barrigão desproporcional da vaquinha e dizia:-O que será que tem aqui dentro heim? Um baú cheio

de ouro? Ou um poço de petróleo? Porquê do lado de fora!!!Depois ele se baixou, olhou bem por baixo da

vaquinha e observou!-Bem, gente, ela tem quatro tetas, pelos menos nisso

ela é igual às outras vacas.E depois que ele brincou bastante e fez todo mundo

dar bastante risadas disse:-Bem gente, parece que o nosso leilão de hoje será

desta vaquinha, por isso vamos em frente e leiloa-la novamente e agora pela quarta vez.

E já perguntou:-Quem vai fazer o primeiro lance?Então o seu Jaque já meio desanimado, cansado e

desesperançado refletiu um pouco e decidiu esperar pra ver o que ia acontecer. E aí, alguém tomou a frente e fez o primeiro lance porém pequeno, e logo outro cobriu o lance do primeiro e depois outro, mais outro e mais outro e o seu Jaque dessa vez ficou quieto só observando, e os lances foram aumentando muito timidamente, pequenos, e o leiloeiro provocando as pessoas, dizia:

-Vamos lá minha gente, tirem as mãos dos bolsos, vocês estão muito devagar será que vocês vão perder a oportunidade de levar pra casa esta linda vaquinha?

E ele continuou a provocar...”quem dá mais...quem dá mais!”

Até que a vaquinha atingiu o valor de uma vaca normal e ele continuou “...quem dá mais... quem dá mais...”, e ninguém se manifestava mais.

Então ele provocou:-Quem dá mais... dou-lhe uma... quem dá mais...

dou-lhe uma...E como ninguém se manifestava mesmo, ele disse

bem alto:

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-Quem dá mais... dou-lhe duas...!E... e antes mesmo que ele abrisse a boca de novo pra

dizer dou-lhe três, o seu Jaque num gesto de desespero levantou o braço e gritou cobrindo o lance

Então todo mundo aplaudiu gritando:-É isso aí seu Jaque!O leiloeiro mais animado ainda começou de novo:-Quem dá mais... quem dá mais... quem dá mais...O Tiãozinho fazia figa, o Rafael com a Geralda

segurando nas mãos um do outro (o que já era muito naquela época, segurar na mão da namorada) e suavam torcendo para que ninguém cobrisse o lance de seu Jaque.

Para o seu Jaque e a família a sensação e a grande expectativa naquele momento, era a mesma de alguém que está no jogo de bingo esperando sair à última pedra, e aqueles segundos finais pareciam uma eternidade, o nervosismo era tão grande que seu Jaque começou a coçar a barba, estalar os dedos, esfregar uma mão na outra e seu nervosismo começou a contaminar todo mundo que estava ali perto torcendo tanto por ele que alguns chegavam a gritar para o leiloeiro:

-Tá bom... ta bom.. chega, ninguém vai dar mais mesmo!

E o leiloeiro percebendo o nervosismo do seu Jaque, parecia querer judiar mais dele e fazendo de propósito esticando mais ainda o tempo e provocando as pessoas continuando o pregão:

-Quem dá mais... quem vai cobrir a oferta do seu Jaque? Olha, gente, esta é a a última chance heim? Tenho certeza de que esta linda vaquinha não vai voltar mais pro leilão.

E aí ele olhou para a cara do seu Jaque, e sorrindo disse:

-O que é do homem o bicho não come!!!Depois puxou a vaquinha até bem na beiradinha do

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palanque e disse:-Quem dá mais? Dou-lhe uma... quem dá mais... dou-

lhe uma... quem dá mais... dou-lhe uma... e sabendo que o maior perigo de surgir outro lance, estava entre dou-lhe duas e dou-lhe trêis, o leiloeiro então com pena do seu Jaque e querendo ajuda-lo, depois de judiar bastante, usou da estratégia e disse:

-Quem dá mais dou-lhe uma... quem dá mais... dou-lhe uma... quem dá mais dou-lhe duas, quem dá mais... dou-lhe três, vendida ali pro seu Jaque.

Enfim, não deixou espaço pra ninguém fazer lance e estragar a felicidade, o prazer e o sonho de seu Jaque e sua família de levar de volta para a casa a linda vaquinha feia que era principalmente uma lembrança viva do grande amigo e companheiro senhor Antonio Marcelino.

E quando o leiloeiro disse: “Vendida ali pro seu Jaque!”. Houve uma tremenda gritaria, as pessoas que estavam ali perto torcendo por ele, abraçavam-se, pulavam, lágrimas corriam de seus olhos, muitos vinham cumprimentar seu Jaque que apesar de durão estava também com olhos lacrimejantes, a voz embargada e aquela cena de alegria felicidade e a lágrima de seu Jaque com sua família e amigos parecia contagiar todo mundo de uma tal forma que não ficou ninguém sem se emocionar, e muitos até choraram.

O seu Jaque estava, com razão, muito emocionado porque já havia perdido esperanças de recuperar a vaquinha, da qual impensavelmente se desfizera e principalmente depois de todos já a julgarem morta e enterrada.

Seu Jaque então muito feliz, dispensou o trabalho do auxiliar do leiloeiro, e fez questão de juntamente com o Tiãozinho, subir no palanque dar um abraço carinhoso na vaquinha que parecendo muito feliz também, retribuiu-lhe o abraço com gostosas lambidas o que arrancou muitos

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aplausos do público.Seu Jaque e o Tiãozinho acenaram para todos,

cumprimentaram o leiloeiro e saíram do palanque sorridentes, puxando a vaquinha. E aproveitaram na saída para passarem, pela mesinha onde estavam os tesoureiros e seu Jaque já pagou pelo preço de arremate do leilão com o maior prazer.

Os tesoureiros o cumprimentaram, deram-lhe parabéns e agradeceu muito pela contribuição, porque afinal de contas a vaquinha rendeu para o leilão o equivalente a trinta vacas normais, o que foi uma grande surpresa para todo mundo.

E depois que eles desceram do palanque, houve um grande tumulto que chegou a paralisar o leilão por um tempo, porque todo mundo queria chegar perto da vaquinha, abraça-la e receber dela uma lambidinha, inclusive as crianças que se divertiam muito com isso.

De repente, o leiloeiro gritou:-Atenção gente... atenção... vamos dar

continuidade ao leilão porque ainda temos muitas coisas para serem leiloadas.

Todo mundo voltou a atenção para o leilão.Seu Jaque consciente de que a vaquinha estava

exausta pela longa caminhada que fizera ao ser puxada do Barro Branco até ali, levou-a a um lugarzinho retirado do público onde ela pudesse se deitar relaxar e ficar ruminando tranqüilamente até terminar o leilão, para que depois do descanso ela pudesse voltar para seu pastinho e de lá não sair mais porque afinal, ela era agora uma estrela e não precisaria mais pular a cerca e levar uma vida de aventuras.

A festa continuava a todo vapor, ninguém arredava o pé dali para nada, as barraquinhas de jogos estavam muito movimentadas, pra todo lado que se olhava havia crianças com ioiô nas mãos, bexigas, língua de sogra, outras

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chupando picolé, tomando guaraná e comendo aqueles deliciosos pães com carne moída. Os rapazes bem comportados e discretamente bem vestidos passavam pra lá e pra cá paquerando na surdina com as mocinhas que também iam e vinham sem parar esbanjando charme, beleza e alegria.

Depois dessa pequena pausa para que o seu Jaque, a família e os amigos pudessem comemorar e saborear a doce vitória de ter de volta a vaquinha, o leiloeiro também aproveitou para tomar um fôlego, tomar uma água e voltou a todo vapor, porque ainda havia muita coisa para ser leiloada, tais como, leitoas, bezerros, cabras, aves e muitas outras coisas, deixando para o final a reluzente bicicleta doada pelo Rafael, que com certeza seria muito disputada também.

Infelizmente antes de terminar o leilão que estava animadíssimo e disputadíssimo, a dona Conceição já estava se sentindo muito cansada com o neném no colo, as outras crianças também já começaram a ficar incomodadas e com sono. Então o seu Jaque pediu desculpas, despediu-se agradeceu a todos coletivamente com acenos de mão, ajudou a sua mulher com as crianças e foram até onde estava deitada e ruminando tranqüilamente a vaquinha. Tiaõzinho deu-lhe uns tapinhas fazendo-a levantar-se falando com ela:

-Vamos lá sua preguiçosa, chega de moleza e chega de aventura porque agora você vai voltar e não vai fugir mais pra dar susto na gente!

E então a vaquinha levantou-se, espreguiçou-se e tranqüilamente como sempre acompanhou o Tiaõzinho que a puxava pela pequena corda presa em seu pescoço.

logo atrás um grupinho de pessoas: seu Jaque com um filho no colo, dona Conceição com outro e puxando ainda uma menina pela mão.

Juntos deles estavam: o Zé Jaque e sua esposa Maria,

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o Silvino, o Sebastiãozinho barbeiro com sua filha Maria, por quem o Tiãozinho era apaixonado e ela nem sabia porque ele morria de vergonha quando chegava perto dela, ia também o senhor Joaquim Narciso, que morava bem do lado da casa do seu Jaque, o Pedro Matias que morava do lado de cima da casa do seu Jaque, e outros vizinhos, inclusive o senhor Isalino compadre do seu Jaque que tinha um sitiozinho a algumas dezenas de metros depois da casa do seu Jaque.

O grupinho de vizinhos ia conversando alegremente pela rua afora seguindo os passos lentos da vaquinha que ia em frente com Tiãozinho. Ficava bem claro que todos estavam curiosos em saber quem teria arrematado por três vezes a vaquinha, e doada novamente para ser leiloada. Ao chegar na casa do seu Jaque, o senhor Izalino disse:

-Olha compadre, como o pastinho do senhor fica um pouco longe, se o senhor quiser deixar a sua vaquinha lá no meu sítio até amanhã pra ela poder descansar, o senhor pode deixar porque minha cerca é bem fechada. Além do mais, eu acho que ela não vai mais fugir, e se o senhor quiser deixar ela lá definitivamente, está as suas ordens porque o pasto é grande e eu tenho poucos animais.

Então, o seu Jaque agradeceu ao senhor Izalino aceitando o favor, e convidou a todos para entrarem, mas ninguém aceitou porque também estavam cansados e queriam ir para suas casas descansar.

O seu Jaque e dona Conceição agradeceram a todos pelo apoio e pela companhia, despediram-se e o seu Izalino saiu puxando a vaquinha para levar ao seu sítio.

Na saída, ela insistiu um pouquinho em ficar, mas, o Tiãozinho falou com ela:

-Vai, pode ir que amanhã eu vou lá ver você, depois passou a mão na cabeça dela e disse:

-Juízo heim!Ela pareceu entender e seguiu o senhor Izalino sem

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resistência.Naquela noite na casa do seu Jaque, ninguém

conseguia dormir, porque apesar de estarem todos muito alegres e felizes, ainda estavam tensos e até um pouco preocupados com medo da vaquinha fugir novamente, apesar dela estar muito bem segura nos cuidados do senhor Izalino.

Quando foi no dia seguinte, todo mundo acordou muito cedo na casa do seu Jaque, porque antes mesmo do dia amanhecer, já se ouvia logo ali pra cima no sítio onde morava a costureira, senhora Ditinha Ferreira irmã do seu Jaque, os pássaros gorjeando,o galo cantando, o gado berrando e os cavalos relinchando e correndo pasto afora, e podia-se sentir o agradável cheiro da terra úmida e o delicioso perfume das flores do campo.

A manhã estava linda e já se podia ver o sol lá no horizonte despontando atrás dos montes com seus raios cor de ouro, que mais parecia um tesouro caindo do céu em cascata, misturando-se a neblina que formava um lençol de prata que ao se aquecer dissipava-se deixando a relva molhada e mostrando o verde das matas.

As crianças ao se levantarem foram logo brincar no grande terreiro de chão batido que havia na frente da casa e que dona Conceição fazia questão de manter sempre muito bem limpo varrendo-o todos os dias cedo e tarde, usando uma vassoura de alecrim com cabo de bambu feito por ela mesma. Tiãozinho logo que se levantou, foi até uma torneira que ficava do lado de fora da casa bem de frente à porta da cozinha, e que era usada para quase tudo. Ali, ele passou uma água no rosto, enxugou-se com uma toalha feita com pano de saco alvejado pela dona Conceição. Depois tomou meio as pressas uma caneca de café e comeu um pedaço de bolo de fubá feito também pela dona Conceição, que era uma dona de casa muito prestimosa. O menino então, pediu autorização ao pai para ir ver a

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vaquinha Nobreza, o que foi imediatamente autorizado.Tiãozinho mal esperou o pai fechar a boca, e já saiu

correndo. Ao chegar à porteira do sítio que ficava na beirinha da estrada, ele já viu a vaquinha pastando tranqüilamente.

A relva ainda molhada e os primeiros raios de sol cor de ouro coincidentemente incidiam direto sobre a vaquinha, como se fossem holofote com focos de luzes coloridas iluminando uma grande atriz no palco da manhã, a pouca neblina se dissipava em forma de uma fumaça muito levezinha, quase imperceptível, deixando ainda muito mais deslumbrante o cenário.

Tiãozinho então parado em pé na frente da porteira, ficou tão deslumbrado com aquela cena, que lágrimas rolaram de seus olhos e depois ele virou-se e olhou para outros lados para ter certeza de que não estava sonhando, e de que não estava em outra atmosfera ou numa outra dimensão.

Ao desvirar-se, a vaquinha já havia notado a sua presença e veio até a porteira sem que ele precisasse chamar. Esticou seu focinho fino, e com a cabecinha pequena assim como os chifres, não teve nenhuma dificuldade em enfiar a cabeça pelo vão da cerca e começou a lamber o Tiãozinho que ria muito pela cócega que ela lhe provocava enquanto perguntava:

-Você dormiu bem heim? Descansou bastante? Não passou frio? Daqui pra frente eu vou ser o seu melhor amigo está bem? E depois de se divertir bastante com ela, ele se despediu assim: Preciso ir embora!

Mas, mais tarde eu volto aqui para te ver e agora tchau!Tiãozinho se afastou para voltar pra casa, e na saída

observou que a vaquinha apesar de ficar acompanhando-o com os olhos, não estava com aquele olhar e aquela expressão triste como da vez em que a deixou para o leilão.

O menino andou algumas dezenas de metros, parou,

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olhou para trás, viu que a vaquinha ainda estava lá, na beira da cerca, olhando pra ele. Ele acenou com a mão e disse:

-Tchau Nobreza, agora vá lá pra dentro vá.......A vaquinha parecendo entender, esticou seu

pescocinho fino, deu um mugido e como sempre obediente e submissa foi lá pro meio do pastinho como Tiãozinho havia ordenado.

Tiãozinho voltou para casa que era ali mesmo bem pertinho> Seu Jaque já estava com sua venda aberta e atendendo seus primeiros clientes do dia e todo mundo que chegava falava:

-Bom dia seu Jaque, como passou de ontem?E já começava a comentar sobre a grande festa,

sobre o leilão, sobre a vaquinha e sobre o sufoco de seu Jaque e da família para recuperá-la, Perguntavam como ela estava, o que o seu Jaque pretendia fazer com ela.

Nisso, o Tiãozinho entrou na venda e disse:-Pai, já fui ver a Nobreza! -E como ela está?-Ela está muito bem, pai! Está feliz, seus olhos estão

brilhantes e ela ficou muito feliz ao me ver.Seu Jaque ficou muito contente com a notícia e

sorriu feliz, vitorioso, realizado e refeito do sufoco.Durante todo dia, todo mundo que entrava na venda

do seu Jaque comentavam sobre o sucesso da festa, da sua renda recorde, da grande animação e organização. Falavam também da grande disputa que houve no final do leilão com a reluzente bicicleta do Rafael atingindo um valor altíssimo, o que deixou Rafael e a Geralda muito felizes. Comentaram sobre a Vera do Batão que subiu no palanque e agradeceu a todos os organizadores, colaboradores e a todas as pessoas que compareceram na festa, e pedindo a Deus por todos. Enquanto ela agradecia, alguém subiu no palanque e entregou a ela um envelope com uma grande doação e ela emocionada agradeceu,

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estava em nome de: Dedé Gorgulho e família. Alguns comentaram também com emoção suas palavras:

-Olhe gente, tenho certeza de que Olímpio Noronha jamais esquecerá desse dia, jamais esquecerá desta grande festa, jamais esquecerá desses grandes colaboradores, assim como jamais esquecerão do seu Jaque que teve a feliz idéia de dar para o leilão a grande estrela da festa que é a nossa querida e linda vaquinha feia.

Mas o que intrigava mesmo, a todos na venda do seu Jaque, “assim como ele próprio”, era:

-Quem estaria valorizando tanto a vaquinha durante o leilão?

-Quem estaria pagando por ela um preço tão alto que acabou por transforma-la numa estrela?

Quando foi por volta de duas horas da tarde, chegou na venda o seu Zé Maria, um cliente antigo do seu Jaque montado numa éguinha que mais parecia um animal de brinquedo. A éguinha era bem pequena e estava muito bem arriadinha.

Seu Jaque em tom de brincadeira disse:-O senhor com esse tamanho todo, não tem vergonha

de andar numa éguinha desse tamaninho? O senhor em cima dela chega a arrastar os pés no chão!

Então o seu Zé respondeu:-Não seu Jaque eu não ando nela não! É que apanhei

ela em um negócio na semana passada e como eu não tenho mais criança em casa, eu vim com ela pra ver se consigo vendê-la, porque para mim ela não vai ter nenhuma utilidade.

- Seu Jaque pensou: “se eu compro essa éguinha, tanto vai servir para a criançada se divertir como vai servir de companhia pra vaquinha que se sente muito sozinha lá no sítio.

E pensando assim, seu Jaque disse ao seu Zé:-Olha seu Zé, eu estou meio sem dinheiro mas

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dependendo do preço que o senhor tiver pedindo, e der um prazinho, eu compro ela do senhor.

O seu Zé falou:-Óia seu Jaque, com o senhor, eu faço qualquer

negócio, eu tô precisando mesmo fazer umas comprinhas lá pra casa, se o senhor me fornecer essa comprinha, o resto o senhor mesmo vê como é que o senhor quer pagar, e o que o senhor fizer tá feito.

E assim foi, seu Jaque forneceu a compra que o seu Zé precisava e combinou um prazo razoavelmente longo para pagar o restante.

E de posse da éguinha então, seu Jaque muito contente com o negócio permitiu que com a supervisão de dona Conceição, as crianças pudessem um de cada vez dar uma voltinha nela ali por perto já que ela era muito mansinha, e a criançada se divertiu muito.

Mais tarde então, seu Jaque deu uma corridinha até a casa do seu compadre Isalino e comunicou que havia apanhado uma éguinha, e que ela seria levada lá para o sítio na estrada da Samelha e que a vaquinha seria levada para lá também porque assim uma fazia companhia pra outra.

Depois seu Jaque agradeceu muito ao senhor Izalino o tempo que a vaquinha ficou em seu pasto.

Assim, a éguinha e a vaquinha foram levadas lá para o sítio do seu Jaque e, dia sim, dia não o Tiãozinho ou o próprio seu Jaque ia até lá levar um pouquinho de sal, ver como estavam e fazer um carinho para que não se sentissem abandonadas ou desprezadas.

Durante uns quinze dias aproximadamente, todo mundo ainda comentava sobre a festa, sobre o leilão, sobre a vaquinha e muita gente procurou o seu Jaque e fizeram propostas querendo comprá-la, querendo trocá-la por outra vaca de muito mais qualidade, mas seu Jaque deixava bem claro para todos dizendo:

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-Todo mundo aqui em Olímpio Noronha teve a chance de comprá-la, mas ninguém quis, agora, portanto ela não está mais à venda e não tem preço, e só vai deixar de me pertencer se ela morrer.

Mas todas as pessoas da cidade estavam intrigadas e curiosa em saber quem arrematou a vaquinha por trêis vezes por um preço tão alto e a doou novamente para o leilão, porque não ficaram com ela? Mistério!

Será que foi uma pessoa só?Duas?Trêis?Mas para satisfazer a curiosidade do seu Jaque e

demais pessoas, o leiloeiro senhor Pedro Arlindo “com autorização é claro” revelou os nomes das pessoas que não era, na verdade novidade e nem segredo pra ninguém, pois era só parar e analisar para descobrir com a maior facilidade, quem ali teria condição de fazer aquela brincadeira só pelo prazer de ajudar a comunidade.

Lembra de quando o seu Jaque, antes de doar a vaquinha pro leilão apanhou a lista de doadores das mãos do senhor João Daniel, e nela não constava os nomes de trêis das pessoas mais importantes de Olímpio Noronha? E aos quais ele chamou de pãos duros?

Pois é! Ainda bem que só o senhor João Daniel ouviu isso e não comentou com ninguém.

Foram esses trêis que arrematavam a vaquinha e doavam novamente: o senhor Pedro Pinelli que era o proprietário da grande e única beneficiadora de café de Olímpio Noronha, o senhor Agenor Noronha praticamente fundador da cidade e pessoa muito querida por todos e o senhor Dedé Arroizeiro, como era chamado pelas pessoas, talvez por ser ele um grande cultivador e beneficiador de arroz, também em Olímpio Noronha, e ra uma pessoa muito estimada por todos.

Que furo do seu Jaque heim? Nada de pães duros.

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Tudo o que os trêis queriam, assim como todos ali, era ajudar a reformar a igreja, manter todos da comunidade unidos como sempre foram como uma só família, e fazer Olímpio Noronha crescer, emancipar-se, transformando-se em município e tornando-se independente da cidade de Jesuânia da qual era distrito, mas, sem perder suas características de lugar simples, pacato, alegre e de um povo muito unido.

Quanto ao fato dessas trêis famílias tradicionais omitirem seus nomes da lista de doadores fora apenas uma estratégia planejada por eles para que no anonimato, pudessem ajudar ao máximo sem chamar atenção o que acabou dando certo ou... ainda melhor do que esperavam.

E assim os dias foram passando, a reforma da igreja e da pracinha em volta dela ia de vento em popa, porque além de ter dinheiro suficiente em caixa, todo mundo ajudava na medida do possível e nas horas disponíveis.

Até que um dia chegou alguém na venda do seu Jaque e disse:

-Olha seu Jaque, eu estou vindo lá dos Criminosos, e quando passei em frente do seu sítio, dei uma paradinha porque alguma coisa errada chamou minha atenção.

Então o seu Jaque já assustado perguntou:-Mas do que o senhor está falando? O que senhor viu

de errado no meu sítio?O moço perguntou:-O senhor tem visto sua vaquinha ultimamente?E o seu Jaque respondeu:-Não! Eu não tenho tido tempo de sair ultimamente,

mas, o Tiãozinho tem ido lá constantemente dar uma olhada e levar sal pra ela, por que o senhor esta dizendo isso?

-Bem seu Jaque, o senhor sabe que as crianças muitas vezes não observam as coisas que estão erradas, porque para elas está tudo certo mesmo estando errado. E o que eu

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quero dizer pro senhor é que... É claro que a sua vaquinha sempre foi barriguda, aliás, sempre teve a barriga maior do que o corpo dela, mas, eu fiquei assustado ao ver o jeito que ela está.

-E de que jeito ela está?-Bem, ela está muito inquieta, com a barriga muito

maior do que já é, e a impressão que dá é que ela não está bem. Pode ser que ela tenha comido alguma coisa que lhe fez mal ou até mesmo a tal erva de bicho.E se for isso, ela podeaté morrer, o senhor sabe né?

Então o seu Jaque assustado e muito preocupado chamou o Tiãozinho e mandou que ele fosse imediatamente à casa do veterinário, e que explicasse para ele, com detalhes, o que estava acontecendo com a vaquinha porque, através das informações, ele saberia se era ou não um caso de emergência.

O Tiãozinho saiu em disparada. Dentro de poucos minutos, o veterinário já estava na porta da venda do seu Jaque equipado com sua grande maleta contendo todo o seu equipamento de trabalho, principalmente para emergência.

Imediatamente seu Jaque subiu no veículo do qual o veterinário e o Tiãozinho nem desceram, e seguiram diretos para o sítio.

Ao chegar lá no pasto, seu Jaque ficou muito assustado com o aspecto da vaquinha que veio a passos lentos ao seu encontro, pois ela mais parecia uma vaquinha inflável do que uma vaca de verdade.

A impressão que se tinha era que a qualquer momento ela iria flutuar, ser levada pelo vento e desaparecer no espaço como uma bola de bexiga.

Como ela era muito mansinha, não houve necessidade de amarrá-la para que o veterinário pudesse examiná-la cuidadosamente. Tiãozinho ficou acariciando

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sua cabeça enquanto o veterinário escutava de lá, escutava de cá, e o seu Jaque em silêncio ficava só observando. Mas, já estava ficando nervoso com a calma do veterinário e sua demora em dar o diagnóstico.

Até que enfim, o veterinário disse:-Pode soltá-la.Então o seu Jaque perguntou:-E então doutor... É muito sério?E o veterinário respondeu:-É seu Jaque... Infelizmente é bastante sério! Ela

precisa de cuidados especiais, a começar já.-E ela pode morrer?-Sim! Se não tomar os cuidados necessários, ela pode

morrer sim.Então seu Jaque perguntou:-Mas o que precisa ser feito para salvá-la?E o veterinário vendo a grande preocupação do seu

Jaque com sua vaquinha feia, deu um sorriso e disse:-Bem seu Jaque, uma coisa tem que ser feita

imediatamente: o senhor tem de arranjar um pasto bem pertinho da sua casa e levá-la pra lá imediatamente, e eu vou passar um remédio para ser aplicado hoje mesmo, outro para daqui a quinze dias e depois pra trinta dias. E aí, não vai mais precisar.

-Bem doutor, se é assim vou levá-la já, nem que seja para tratar dela no terreiro da minha casa. Mas o que é que ela tem de tão grave doutor?

O veterinário deu um sorriso:-O senhor não percebeu ainda seu Jaque?-Sim doutor, estou percebendo que ela está ficando

mais feia ainda.-Não seu Jaque, o senhor está enganado! Pois ela está

ficando é muito mais bonita!E o seu Jaque disse:-Então doutor, eu não estou entendendo nada.

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Primeiro o senhor disse que o caso é grave, e agora o senhor diz que ela está ficando mais bonita... O senhor pode me explicar melhor?

Então o veterinário disse:Bem seu Jaque, é grave porque ela precisa de

cuidados especiais, devido ao fato de ela ser muito pequena, e está ficando mais bonita porque está com dois bezerrões; ou bezerras na barriga.

Então seu Jaque e Tiãozinho fizeram uma expressão de espanto e de alegria ao mesmo tempo.

-Mas então é isso doutor? Que danadinha! Mas como aconteceu isso se ela fica o tempo todo sozinha aqui no pasto?

Então o veterinário deu uma risada e disse:-Quando o senhor a doou para o leilão ela não fugiu? E

quando o seu Zé Inácio a trouxe de volta não disse que ela foi encontrada lá na fazenda Barro Branco? Então! Primeiro: Ela não fugiu a toa. Segundo: Lá na fazenda onde o seu Zé Inácio disse que a encontrou só tem touros de ótima qualidade, por isso é necessário que ela fique bem perto da sua casa para ser observada e tratada:. Ela é muito pequena e vai ter crias grandes, nós vamos ter de ajudá-la na hora do parto. E o senhor vê se arranja um pastinho pequeno e plano que não tenha morro e nem barrancos porque a barriga dela vai crescer mais ainda e pelo que estou vendo nas tetas dela, a úbere vai crescer bastante também e ela vai ter dificuldades para andar, eu tenho certeza que esta vaquinha vai dar muito leite.

Depois dessas boas notícias então, o Tiãozinho vibrou de alegria, e o seu Jaque muito feliz disse ao veterinário:

-Bem doutor, então muito obrigado pelo senhor ter vindo nos atender às pressas, muito obrigado pelas ótimas notícias, e agora o senhor me faz o favor de dizer quanto eu lhe devo, pode ir na frente com seu jeep porque eu e o Tiãozinho vamos bem devagarinho com ela.

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-Bem seu Jaque, então eu vou indo porque ainda tenho muita coisa pra fazer e recomendo que realmente o senhor vá bem devagar com ela pra não forçá-la, e quanto ao pagamento, o senhor pode ficar sossegado porque o senhor só vai precisar comprar os remédios, eu faço questão de cuidar pessoalmente da sua vaquinha até o fim só pelo prazer de ver nascer as duas crias, e faço questão de vir aqui todo dia pra ver como ela está.

E assim os dias foram passando, e como seu Jaque havia arrendado uma pequena chácara bem pertinho da sua casa, ficou fácil cuidar da vaquinha todos os dias, e o veterinário também acompanhava a sua evolução que estava se dando com muita rapidez.

A barriga foi crescendo ainda mais, o úbere estava tão grande que o pouco que ela andava, era com muita dificuldade, não conseguia fechar as pernas o que acabou tornando-a muito mais engraçada (ou esquisita). E nisso, o veterinário após um rápido diagnóstico disse:

-Olha seu Jaque, coloque bastante capim dentro do rancho que vai servir de berçário porque, ela não passa dessa semana.

E assim foi feito, seu Jaque colocou o máximo possível de capim seco dentro do rancho onde ela dormia.

Cinco dias depois, o veterinário precisou sair para dar assistência de emergência na fazenda de um cliente que ficava bem arretirada de Olímpio Noronha, e uma forte chuva fez transbordar um rio que o impediu de voltar no mesmo dia.

No dia seguinte, como é de costume na roça, ele se despertou junto com as demais pessoas antes do dia amanhecer. E mesmo estando ainda um pouco escuro, já dava pra perceber que a água do rio havia baixado durante a noite e que o sol viria logo pela manhã e que seria um lindo dia.

Depois de tomar o seu café bem rápido devido à

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preocupação, pegou seu jeep e saiu na estrada.Quando chegou em Olímpio Noronha, passou direto

pela sua casa e foi ver a vaquinha.Onde muitas pessoas já estavam ali apontando com o

dedo, falando, rindo, gesticulando e esticando o pescoço pra lá e pra cá, demonstrando muita curiosidade.

E quando o veterinário parou o seu jeep, já chegou também o seu Jaque atraído pelo falatório, o barulho e a movimentação. Perceberam logo que aquele movimento todo era por causa da vaquinha, mas, o que estaria acontecendo? Porque todos estavam tão curiosos esticando o pescoço pra lá e pra cá?

Então o seu Jaque e o veterinário se cumprimen-taram rapidamente, cumprimentaram coletivamente a todos que estavam ali, passaram entre eles, abriram a porteira e foram até o rancho.

E ao chegarem...!!!Que surpresa maravilhosa, tão maravilhosa que os

dois vibraram de alegria!A vaquinha feia estava em pé, passando bem, toda

charmosa e feliz, lambendo suas duas crias que tinham nascido há alguns minutos. Uma delas até já estava mamando com muito apetite naquelas tetas tão cheias que o leite esguichava pra todo lado aos pequenos movimentos que ela fazia.

Então o veterinário deu uma olhadinha e comentou com o seu Jaque, o que ele com muita satisfação já havia observado.

-É seu Jaque, são duas lindas bezerras. E como eu dou assistência em todas as fazendas da região, sei por onde sua vaquinha andou pulando a cerca, e também pela cor e características físicas das crias, eu sei até quem é o pai.

E falo isso sem medo de errar, pois trata-se de um touro de altíssima qualidade. E a sua vaquinha, pelo visto, vai dar é muito leite, o que significa que apesar da

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aparência, ela também é com toda certeza, de ótima procedência.(fato este que foi comprovado bem mais tarde). Ela se perdeu da mãe, uma vaca de altíssima qualidade pertencente a um grande fazendeiro da vizinha cidade, Carmo de Minas e que cruzou por acaso com um boi gabiru da pior espécie que estava entre outros animais sendo levados para o corte.

Seu Jaque muito feliz com aquele presente da natureza, e cheio de satisfação, deu um jeitinho e foi tocando a vaquinha e suas crias cuidadosamente fazendo com que elas chegassem mais perto da cerca onde o público já presente e os que passavam também pudessem vê-las melhor, o que arrancou muitos aplausos.

A vaquinha feia acabou ficando muito bonita amamentando aquelas duas lindas bezerras de cor castanha, chamuscadas e pintadas de branco por inteira, as orelhas grandes e caídas, e o cupim, uma característica típica da raça do suposto e mais que provável pai “segundo o veterinário”.

Durante o dia todo, não faltaram pessoas na beira da cerca para admirá-las e fazer comentários.

As crianças queriam passar a mão, outros queriam beber do leite e muitos queriam comprá-la.

Então, o veterinário parabenizou o seu Jaque, orientou-o sobre a quantidade de leite que deveria ser tirado, quanto deveria ser deixado para alimentar as bezerras, e recomendou também, que fossem tirados o primeiro leite e jogado fora, e só começassem a consumí-lo depois de três dias, tempo suficiente para que o leite ficasse livre das impurezas, limpo e próprio para o consumo humano.

E depois disse:-Ta aí seu Jaque, daqui pra frente é com o senhor

porque, a minha missão está cumprida, e se precisar de mim, já sabe onde me encontrar...

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-Eu estou muito feliz e muito contente com os últimos acontecimentos, e nem sei como agradecer ao senhor por tudo que tem feito, pois a sua missão foi cumprida, e muito bem cumprida.

-O senhor não me deve nada, e não tem nada do que agradecer, se eu fiz o que fiz, primeiro: pela nossa amizade de muitos anos, segundo: pela satisfação de ver sua vaquinha parir essas duas lindas bezerras, o que está me deixando deslunbrado, aliás, não só a mim, mas a todos. Veja a multidão, que está ai deslumbrada, e isto para mim e o maior pagamento, e terceiro: quando a sua vaquinha apareceu por aqui, ela era motivo de risos, depois acabou se transformando numa estrela, trouxe muitas alegrias e acabou ajudando muito a nossa comunidade. O senhor não acha que se não fosse essa vaquinha a nossa festa teria batido este recorde de arrecadação? Teríamos tido motivos para tantos comentários como tivemos?

Até se falou em disco voador, lembra? Estaríamos agora vendo essas crianças alegres, felizes, admirando as bezerrinhas como se fossem uma coisa do outro mundo? É, seu Jaque, tem coisas tão simples nesta vida, que nos trazem satisfação tão grandes, que nenhum dinheiro é capaz de nos dar, e o senhor pode ter certeza; sua vaquinha jamais será esquecida por tudo que ela representou para nós de Olímpio Noronha. Talvez um dia seu Jaque, nós não estejamos mais aqui, e aí então, as pessoas vão passar por aqui, e caminhando começarão a apontar com o dedo dizendo: “Aqui era a venda do seu Jaque, ali a máquina de beneficiar café da família Pinelli, aquela ali defronte ao campo é a casa onde nasceu o Tiãozinho do Jaque, e ao lado, a sua madrinha, senhora Mercedes”.

“Aqui morava fulano de tal, ali morava cicrano... Enfim, todas as pessoas que de alguma forma lutaram, e contribuíram para o progresso e a manutenção da união e da paz em Olímpio Noronha, serão lembradas com muito

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carinho e com muito respeito. E quando alguém vier a nossa cidadezinha emancipada, bem organizada, bem arrumada, a igreja e a pracinha totalmente reformadas, vão lembrar da grande festa, do grande leilão e de cada pessoa que participou e contribuiu de alguma forma e automaticamente vai lembrar da vaquinha feia que se transformou numa estrela; uma grande estrela. E sempre que alguém vier à Olímpio Noronha e região e ver uma vaca deslumbrante, de uma beleza fora do comum, vai imaginar:

“Deve ser filha, neta ou simplesmente descendente da nobreza a linda Vaquinha Feia”. Mas se restar alguma dúvida, bastará olhar bem fundo nos olhos, e se ela tiver o olhar brilhante, terno e carinhoso, então não haverá nenhuma dúvida; É uma descendente direta da nossa querida linda e inesquecível “Vaquinha Feia”.

E quem sabe se um dia não teremos até mesmo uma estátua desta vaquinha em plena praça de Olímpio Noronha! Heim?

Fim

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SAUDADE DA INFÂNCIA

Hoje me bateu uma saudade, uma dor dentro do peito, me deu um nó na garganta que não vejo outro jeito senão me desabafar.

E falar do meu passado da minha infância querida, a melhor parte da vida que eu sei que não vai volta.

Saudade da escolinha, da minha professorinha, da felicidade que eu tinha e do prazer de estudar.

Bem de frente a minha casa havia um pé de ipê, com flores amarelinhas,dava gosto a gente ver, mamãe comigo brigava, mas na árvore eu trepava não deixando ela ver, e quando ela percebia, nas minhas mãos já havia um grande e lindo buquê;

Um buquê de flor tão lindo que eu entregava sorrindo para minha professora, como prova de carinho, como prova de amor, como prova de respeito, a quem me dava o direito e a chance de aprender.

Parece até que estou vendo ao longo de uma estrada, a professora chegando ofegante, tão cansada, com o rosto todo suado, toda cheia de poeira,pela longa caminhada.

E a criançada gritando numa grande euforia: “-vamos encontrar com ela”, e então a gente corria, era um encontro gostoso, a professora sorria, todos queriam abraçá-la, todos falavam bom dia, todos entregavam flores, era uma grande festa, ah meu Deus, quanta alegria.

Às vezes ela chegava em cima de um cavalo, outras vezes de carona em cima de um caminhão, muitas vezes ia a pé, porque não tinha estrada ou não tinha condução, enfrentava sol e chuva muitas vezes tempestade, mas na escola chegava, e a gente nunca ficava sem receber lição.

A professora era amada e tratada com respeito,

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nossos pais nos ensinavam que Tinha que ser desse jeito, porque a nossa professora e como a nossa mãe também, porque ela nos ensina, nos corrige e nos que bem e aquele que não a respeita, não respeita mais ninguém.

Quem é que não tem saudade da sua professorinha, se até os grandes escritores, poetas e trovadores, sempre reservam uma linha, para falar da sua mestre, e eu quero falar da minha: Dona Marta, Dona Iolanda, Dona Geralda e Rozinha.

Dona Milvia, Dona Leda, Dona Lourdes e Cidinha.Dona Clotilde era brava, e dona Ana também, e todos

a respeitavam todos a queriam bem, se não fosse a professora com a paciência que tem, não teríamos estudo, não seríamos ninguém, e nunca podemos esquecer o valor que ela tem.

A todas as professoras que estão em atividade, e aquelas que já se foram deixando muita saudade eu presto minha homenagem de todo meu coração, a essa classe sofrida que dedica sua vida a grandeza da nação.

Obrigado professora, por tanto que você faz, pelos seus ensinamentos que não esquecemos jamais.

Sua imagem permanece sempre em nossa lembrança e é o que nos faz ter saudades dos bons tempos de criança.

FIM

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A VAQUINHA FEIACriada por Sabá

EXECUTADA porJean Pierre dos Santos (Sabazinho)

IMPRESSÃOCenter Gráfica e Editora Ltda.12 - 3633.1001

DIGITAÇÃO & ARTECass Comunicação Visual(12) 9132-1122 – CEL. 9139-2545Rua do Correa, 155 – Centro – Taubaté/SPEmail : cass_sport@yahoo.com.br

Biografia resumida

SEBASTIAO PAULINO DOS SANTOS (SABÁ)

Nasceu em 09 de maio de 1.949 em Olimpio Noronha, ex -distrito de Jesuânia, Minas Gerais.

Filho de Joaquim Paulino dos Santos (Jáque), comerciante.

E de Conceição Guedes dos Santos (lavradora).Aos 10 anos de idade perdeu o pai e atirou-se de

cabeça na vida, sozinho, sem contar com ninguém, mas, sempre com dignidade e honestidade.

Foi lavrador, carreiro, tropeiro, leiteiro, locutor de parque de diversão, palhaço de circo de variedades, toureiro (Tiririca) peão de rodeio (Tiririca), garçon, bar-man, atuou em peças teatrais, vendedor, camelô, caldeireiro, operador de ponte rolante, segurança de banco, técnico em eletrônica, fotógrafo, taxista, caminhoneiro, motorista de ônibus e cabeleireiro.

E hoje com única intenção de mostrar o seu trabalho, vem dando uma de declamador para mostrar os seus poemas e poesias gravando-os em cd's e fitas cassetes vendendo-as ao público. E para mostrar suas letras e músicas, viu-se obrigado a dar uma de cantor (ou cantador) interpretando-as ele próprio, gravando-as em cd's fazendo um trabalho independente, vendendo ao público e entregando alguns exemplares em algumas emissoras de rádio contando com a colaboração e boa vontade dos radialistas e programadores para ajudar na divulgação o que é muito difícil, quando se está por baixo.

Sabá, sem dúvida é um iluminado.

Conheça outras obras Literárias do “SABÁ”:

? UM CORAÇÃO E DUAS PAIXÕES? MANEZÃO E A MALDITA FORTUNA ? JOTHAIÁ, A ESPERANÇA DE UM MUNDO

MELHOR? POEMAS, POESIAS E PENSAMENTOS? AS RIBOMBUCHAS DO MONSIEUR PAULIN

POLÂN (Comédia)

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