sepse e disfunÇÃo aguda de ÓrgÃo luana alves tannous r3 medicina intensiva 16/03/2006

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SEPSE E DISFUNÇÃO AGUDA DE ÓRGÃO Luana Alves Tannous R3 Medicina Intensiva 16/03/2006

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Page 1: SEPSE E DISFUNÇÃO AGUDA DE ÓRGÃO Luana Alves Tannous R3 Medicina Intensiva 16/03/2006

SEPSE E DISFUNÇÃO AGUDA DE ÓRGÃO

Luana Alves TannousR3 Medicina Intensiva

16/03/2006

Page 2: SEPSE E DISFUNÇÃO AGUDA DE ÓRGÃO Luana Alves Tannous R3 Medicina Intensiva 16/03/2006

Introdução A sepse com disfunção orgânica é

comum e freqüentemente fatal.

A incidência e a morbi-mortalidade é subestimada.

Sepse geralmente não é o diagnóstico primário e é sempre pensada como complicação da doença de base.

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Introdução A incidência tem pico em crianças até 12

meses e e em adultos acima dos 65 anos. Incidência: EUA:750000 casos/ano

Europa: 200000 casos/ano

Estima-se que a incidência da sepse irá aumentar 1,5% ao ano até 2050, Devido :- envelhecimento da população.- Aumento da população criticamente doente.- Aumento dos procedimentos invasivos e técnicas de monitorização

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Definições

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Definições Não há justificativa para mudança nos critérios,

porém, observar a “aparência séptica”pelos sinais e sintomas:

Gerais: alteração dos estado mental, edema significativo, balanço positivo, hiperglicemia.

Inflamatórios: PCR, procalcitonina. Hemodinâmico: SVO2 >70%, índice cardíaco

>3,5l Disfunção orgânica: coagulação anormal, íleo

paralítico, aumento de bilirrubina. Perfusão tecidual: livedo, diminuição no

enchimento capilar.

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Patogênese Interação do hospedeiro com o

invasor.

O resultado depende da resposta imune, endotélio, mecanismos hemostáticos e da habilidade do paciente em recuperar sua homeostase após a eliminação do agente.

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Patogênese

Fatores do invasor: Fatores que predispõem ao

crescimento bacteriano num meio normalmente estéril.

Propriedades da cápsula e do envelope, parede celular e fatores metabólicos, como produção de exo e endotoxinas.

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PatogêneseFatores do hospedeiro: Depende de mecanismos que suportam a

habilidade em resistir as propriedades invasoras dos microrganismos.

Epitélio: primeira barreira para a infecção Fatores herdados: imunidade inata. Fatores adquiridos:

-Quebra na integridade da mb do epitélio-Extremos de idade-Gênero-Raça-Comorbidades

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Sistema Imune Sistema composto por componentes

adaptativos ( céls B e T) e inatos. A imunidade adaptativa contribui

significativamente para a resposta imune e providencia proteção contra futuros encontros com o patógeno, gerando imunidade primária e resposta celular de dias a semanas, tempo inavaliável no paciente séptico.

A imunidade inata responde instantaneamente a agressão.

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Sistema Imune Inato Componentes celulares da imunidade inata: Monócitos, macrófagos, neutrófilos, Natural

Killer e plaquetas. 3 tipos de receptores:1) Endocíticos: reconhece os componentes

moleculares dos patógenos e estimulam a fagocitose por macrófagos.

2) Sinalizadores: ativa o sinal que dispara a resposta imune responsável por funções celulares, como liberação de citocinas.

3) Secretores: estimulam secreção celular.

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Sistema Imune Inato “tool gene”: Receptor transmembrana sinalizador em

organismos primitivos. São genes que codificam receptores chamados TRL,

que são os reguladores chave da imunidade inata. Resposta inata: febre, secreção de interleucinas,

fixação de complemento, ativação do macrófagos, ativação da cascata da coagulação.

As citocinas estimuladas pelo TRL levam ao aumento do fator tecidual de macrófagos e monócitos no endotélio e toda a cascata de liberação de outras citocinas envolvida na SIRS.

O fator tecidual está presente na via extrínseca e estimula a cascata da coagulação.

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Sistema Imune Inato Componentes fluidos da imunidade inata:

São as citocinas e o sistema complemento. Macrófagos ativos estimulam a secreção de

interleucinas pró-inflamatórias, interferon e fator ativador de plaquetas. Isso produz SIRS.

Se a sepse persiste, as citocinas se tornam anti-inflamatórias. Há perda de células B e T por apoptose e há imunossupressão. Conforme progride, o paciente se torna anérgico.

Complemento: faz opsonização e promove inflamação.

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Disfunção das Células Endoteliais Endotélio tem superfície de 1000 m2:

maior órgão do corpo humano.

Servem como interface entre inflamação e coagulação.

A disfunção endotelial é a chave da patogênese da sepse. É secundária ao efeito de endotoxinas e citocinas pró-inflamatórias.

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Disfunção das Células Endoteliais Os efeitos da disfunção endotelial são diferentes em

cada órgão e mudam ao longo do tempo( pode ser transitória).

Há aumento dos níveis sanguíneos de trombomodulina, molécula de adesão intercelularI, selectina e Fator de von Willembrand.

Citocinas e células inflamatórias causam dano no endotélio e levam a apoptose. A apoptose induz múltiplas disfunções orgânicas, reduzindo o fluxo microvascular e a habilidade do corpo em restaurar sua homeotase.

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Fisiopatologia

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Sistema Cárdio-Vascular A hipotensão induzida pela sepse é

multifatorial: redistribuição do fluxo sanguíneo, auto-regulação metabólica, perda de fluido para terceiro espaço, vómitos, diarréia.

Inicialmente: RVS alta e DC pode ser diminuído.

Tipicamente: RVS diminuída e DC aumentado = estado hiperdinâmico.

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Sistema Cárdio-VasuclarMiocárdio:

40% dos pacientes podem ter disfunção miocárdica reversível.

Ocorre no início da sepse, progride nos primeiros 3 dias e resolve em 7-10 dias.

Injúria miocárdica mediada por citocinas induz dano miofribrilar e injúria de reperfusão pós isquemia.

Pode ser sistólica, diastólica ou biventricular. Manifesta-se com disfunção de paredes, alterações

no ECG e de troponina.

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Sistema Cárdio-Vascular Paciente sépticos são vasodilatados por 3

mecanismos:

1) Ativação dos canais K-ATP: hipóxia e queda do metabolismo estimula a entrada de K na célula, leva a hiperpolarização, queda do cálcio e relaxamento e vasodilatação.

2) Síntese de NO: vasodilatador endógeno. Ativa os canais de K na célula.

3) Deficiência de vasopressina: A vasopressina controla os barorreceptores da musculatura lisa, inibe o NO e bloqueia canais de K.

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Sistema RespiratórioComponentes sistêmicos da injúria pulmonar: Citocinas pró-inflamatórias da sepses

alteram o fenótipo endotelial e as células se tornam pró-trombóticas, aumentam a adesão molecular e secretam mediadores quimio-atraentes.

Neutrófilos migram para a circulação pulmonar, saem do capilar para a alvéolo e promovem liberação de oxidases, proteases, leucotrienos e fator ativador de plaquetas.

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Sistema Respiratório Em resposta, macrófagos liberam citocinas e

lesam pneumócitos e causam taquipnéia, infiltrado pulmonar e queda na relação PaO2/FiO2.

Ativação da coagulação faz deposição de fibrina intra-alveolar, favorecendo formação de mb hialina e disfunção pulmonar.

Essa inflamação pode levar a fibrose pulmonar.

Page 23: SEPSE E DISFUNÇÃO AGUDA DE ÓRGÃO Luana Alves Tannous R3 Medicina Intensiva 16/03/2006

Sistema RespiratórioVentilação mecânica: IOT + deficiência das defesas dos

hospedeiros + má nutrição = VAP Pneumonia pode ser causa primária de

injúria pulmonar e SARA. Barotrauma e o “abrir e fechar”dos

alvéolos favorece injúria pulmonar. Ventilação protetora na SARA aumenta

sobrevida.

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Sistema Gatrointestinal A hipotensão arterial leva a

hipoperfusão intestinal. Ocorrer redistribuição do fluxo para

áreas mais ativas metabolicamente e isso preserva a barreia de proteção e previne translocação bacteriana. O fluxo não é suficiente para suprir a demanda, o pH cai e o lactato aumenta.

Alimentação precoce protege contra translocação bacteriana.

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Trato Hepatobiliar A queda da perfusão é o evento mais

importante para disfunção hepática nas primeiras horas do choque séptico.

1) Células de Kupffer: Macrófagos fixos no fígado que limpam o sangue portal. . Modulam a resposta do hepatócito por meio de secreção e liberação de proteínas e outros mediadores.

2) Hepatócitos: expressam receptores para endotoxinas, substâncias vasoativas, mediadores inflamatórios e citocinas. Alterações metabólicas priorizam a gliconeogênese e a síntese protéica.

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Sangue e Medula Óssea O sistema hematológico restaura a

homeostase eliminando o patógeno e isolando a infecção.

Quando o foco infeccioso é isolado, a resposta sistêmica é favorável.

Em pacientes com sepses severa, essa resposta exuberante é deletéria.

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Sangue e Medula Óssea 2 componentes da resposta hematológica:1) Reposta Celular: leucócitos, eritrócitos e

plaquetas. Hemácia: bloqueio da transferência do ferro =

hipoplasia eritróide e diminuição da sobrevida. Leucocitose inicial resulta do recrutamento de

neutrófilos e aumento da maturação de granulócitos na M.O .

Leucopenia pode acontecer por migração maciça de leucócitos para o foco infeccioso ou falência da M.O.

Trombocitopenia ocorre por aumento da adesão e agregação na microvasculatura.

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Sangue e Medula Óssea2) Resposta Fluida: proteínas da coagulação A sepses é um estado pró-trombótico:

aumento na coagulação e defeito na fibrinólise.

Cai a síntese de anticoagulantes hepáticos, proteína C e S e aumenta a liberação de fibrinogênio.

Formação de trombos é maior que a capacidade de dissolução.

Aumento dos níveis de d-dímero e produtos da degradação da fibrina.

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Rim Disfunção por vários fatores: hipotensão

sistêmica, redistribuição do fluxo sanguíneo, vasoconstricção renal, efeitos das citocinas e endotoxinas no endotélio da vasculatura renal, ativação da inflamação celular por mediadores inflamatórios e LPS.

Há queda na taxa de filtração glomerular e azotemia pré-renal e pode haver necrose tubular aguda.

Drogas que predispõem a falência renal, como exemplo, AINH.

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Sistema NervosoSNC: Há 71% de disfunção cerebral nos casos de sepse

severa. Ocorrer em 80% dos paciente em VM e é um

preditor independente de mau prognóstico. A etiologia é multifatorial: anormalidades na

barreira hemato-encefálica, alteração do fluxo sanguíneo cerebral, fisiologia celular anormal e alteração na composição de neurotransmissores.

Edema perivascular impede o fluxo de O2 e diminui o consumo cerebral.

Há disfunção mitocondrial, defeitos nas células da glia e astrócitos.

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Sistema NervosoSistema Nervoso Autônomo Modelo experimental mostra estimulação do

parassimpático por endotoxinas.

Sistema Nervoso Periférico e músculos: É a maior causa de morbidade em pacientes

com sepses severa. Desnervação parcial em 90% dos paciente

internados por 1 mês na UTI, 5 anos após a alta.

Mioneuropatia em 66% dos casos.

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Diagnóstico da Sepses

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Avaliação Clínica

Sinais vitais: Febre >38°C e hipotermia < 35°C. 50% dos pacientes são normo ou

hipotérmicos.

Alteração do estado mental: Delirium – agitação ou hipoatividade. Pode denotar infecção de SNC

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Exames de Imagem Técnicas de RX no leito são limitadas

por aparelhos portáteis. PNM: acurácia de 50%, sensib 60% e

especif 28%. Rx de tórax é essencial nas primeiras

24h de sintomas de pneumonia e em neutropênicos.

O tipo de exame é definido pela suspeita do foco infeccioso.

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Microbiologia Todos os focos em potencial de infecção

devem ser levados para cultura.

Em 20-30% o foco de infecção não é localizado.

O sangue é um bom material para cultura, porém 70% dos pacientes sépticos não tem patógenos circulantes no sangue.

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Marcadores Laboratoriais São usados para identificação de pacientes co ativação

sistêmica da cascata de coagulação. Não são usados de rotina na prática clínica.

IL-6: Relação com o prognóstico. PCR: É sintetizada na fase aguda da sepses e usada

para diagnóstico de SIRS. Seu aumento é paralelo ao curso da infecção.

C3: É o marcador mais sensível e específico para diferenciação entre sepses e outras causa de SIRS.

Procalcitonina: bom preditor de sepses.=> C3+ procalcitonina: 91% de sensib e 80% de especif

para diferenciar sepses de outras causas de SIRS.