sentença ação improbidade rogério ulson.pdf

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE RIO CLARO FORO DISTRITAL DE ITIRAPINA 1ª VARA RUA 01, Nº 180, Itirapina - SP - CEP 13530-000 3004052-61.2013.8.26.0283 - lauda 1 SENTENÇA Processo Físico nº: 3004052-61.2013.8.26.0283 Classe - Assunto Ação Civil Pública - Improbidade Administrativa Requerente: MINISTERIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO Requerido: Rogerio Luiz Barbosa Ulson Juiz(a) de Direito: Dr(a). Felippe Rosa Pereira Vistos. Trata-se de ação civil pública por ato de improbidade administrativa que o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO promove em face de ROGÉRIO LUIZ BARBOSA ULSON. Na inicial, afirmou que o réu, atual prefeito do Município de Analândia, nomeou em 25/52013 e 1/8/2013 os servidores Tiago Guilherme Pezzan e Marcos Rogério de Campos para os cargos comissionados de Diretores de Recursos Humanos, previsto na Lei Complementar nº 1/2010. Argumentou, todavia, que a mesma Lei também previu a existência de dois cargos efetivos de Encarregado de Departamento Pessoal, descrevendo funções idênticas àquelas reservadas aos primeiros. Afirmou que, por isso, há flagrante inconstitucionalidade no que tange à situação dos Diretores, detentores de funções meramente burocráticas e nomeados com burla à regra da previa aprovação em concurso público. Acrescentou que foi expedida recomendação para que o réu "se abstivesse de proceder a nomeações para os cargos de diretor de recursos humanos, pois as funções que lhe foram conferidas [...] não têm natureza de direção, chefia ou assessoramento" (fl. 06) sendo que ele, além de se omitir, editou o Decreto Municipal nº 1.820/2013, alterando as atribuições dos cargos em questão visando "acomodar" os ocupantes e "regularizar" a situação, atuando, aí, de forma ímproba. Requereu, após a declaração de inconstitucionalidade incidental da Lei Complementar Municipal nº 1/2010, o reconhecimento da nulidade das nomeações dos servidores e a condenação do réu ao ressarcimento ao erário, sem prejuízo de outras penalidades Se impresso, para conferência acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 3004052-61.2013.8.26.0283 e o código 7V00000007KQI. Este documento foi assinado digitalmente por FELIPPE ROSA PEREIRA. fls. 1

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  • TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULOCOMARCA DE RIO CLAROFORO DISTRITAL DE ITIRAPINA1 VARARUA 01, N 180, Itirapina - SP - CEP 13530-000

    3004052-61.2013.8.26.0283 - lauda 1

    SENTENA

    Processo Fsico n: 3004052-61.2013.8.26.0283Classe - Assunto Ao Civil Pblica - Improbidade AdministrativaRequerente: MINISTERIO PBLICO DO ESTADO DE SO PAULORequerido: Rogerio Luiz Barbosa Ulson

    Juiz(a) de Direito: Dr(a). Felippe Rosa Pereira

    Vistos.

    Trata-se de ao civil pblica por ato de improbidade administrativa que o

    MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DE SO PAULO promove em face de

    ROGRIO LUIZ BARBOSA ULSON.

    Na inicial, afirmou que o ru, atual prefeito do Municpio de Analndia,

    nomeou em 25/52013 e 1/8/2013 os servidores Tiago Guilherme Pezzan e Marcos

    Rogrio de Campos para os cargos comissionados de Diretores de Recursos Humanos,

    previsto na Lei Complementar n 1/2010. Argumentou, todavia, que a mesma Lei

    tambm previu a existncia de dois cargos efetivos de Encarregado de Departamento

    Pessoal, descrevendo funes idnticas quelas reservadas aos primeiros. Afirmou que,

    por isso, h flagrante inconstitucionalidade no que tange situao dos Diretores,

    detentores de funes meramente burocrticas e nomeados com burla regra da previa

    aprovao em concurso pblico. Acrescentou que foi expedida recomendao para que o

    ru "se abstivesse de proceder a nomeaes para os cargos de diretor de recursos

    humanos, pois as funes que lhe foram conferidas [...] no tm natureza de direo,

    chefia ou assessoramento" (fl. 06) sendo que ele, alm de se omitir, editou o Decreto

    Municipal n 1.820/2013, alterando as atribuies dos cargos em questo visando

    "acomodar" os ocupantes e "regularizar" a situao, atuando, a, de forma mproba.

    Requereu, aps a declarao de inconstitucionalidade incidental da Lei Complementar

    Municipal n 1/2010, o reconhecimento da nulidade das nomeaes dos servidores e a

    condenao do ru ao ressarcimento ao errio, sem prejuzo de outras penalidades

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    previstas na Lei n 8.429/1992.

    Foi deferida a liminar (fls. 22/24), para determinar o afastamento dos servidores

    pblicos, bem como para que o ru se abstivesse de nomear qualquer pessoa para os

    cargos questionados.

    Notificado (fl. 31), o ru apresentou defesa prvia (fls. 33/46). Preliminarmente,

    suscitou a inpcia da inicial. No mrito, afirmou que os cargos em questo denotavam

    vnculo de confiana entre o Prefeito Municipal e seus ocupantes, pois "estavam

    diretamente ligados ao Prefeito para dirigir os trabalhos dos servidores pblicos" (fl.

    37). Alegou que o Decreto Municipal n 1.820/2013 foi editado com a finalidade

    precpua de ampliar a descrio dos cargos, sem, contudo, ferir a legalidade, em respeito

    recomendao emitida pelo autor. Negou ter agido de forma dolosa, afastando, assim, a

    ocorrncia de eventual improbidade administrativa.

    O Municpio de Analndia (fl. 64) se absteve de apresentar contestao.

    A preliminar foi rejeitada e a petio inicial foi recebida. Na ocasio, foi

    determinado que o ru apresentasse as provas que pretendia produzir (fls. 75/76).

    Seguiu contestao (fls. 80/93), que basicamente reiterou os argumentos outrora

    suscitados.

    o relatrio. FUNDAMENTO E DECIDO.

    Julgo o processo no estado em que se encontra, na forma do art. 330, I, do

    Cdigo de Processo Civil, por reputar absolutamente dispensvel a dilao probatria.

    O pedido procedente.

    Os seguintes pontos merecero anlise detida: (a) a inconstitucionalidade

    incidental da Lei Municipais que instituiu os cargos de Diretor de Recursos Humanos do

    Municpio de Analndia, por conterem descries idnticas quelas dos Encarregados de

    Departamento Pessoal, no se compactuando com funes de chefia, direo ou

    assessoramento; (b) a nulidade da nomeao dos servidores para tais cargos; (c) eventual

    ato de improbidade administrativa praticada pelo ru, atual Prefeito Municipal.

    Ademais, desde j consigno que, de acordo com o art. 37, II, da Constituio

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    Federal, a investidura em cargo ou emprego pblico depende de aprovao prvia em

    concurso pblico de provas ou de provas e ttulos, de acordo com a natureza e a

    complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em Lei, ressalvadas as

    nomeaes para cargo em comisso declarado em Lei de livre nomeao e

    exonerao.

    Prosseguindo, o inciso V do mesmo artigo dispe que as funes de confiana,

    exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em

    comisso, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condies e

    percentuais mnimos previstos em Lei, destinam-se apenas s atribuies de direo,

    chefia e assessoramento, preceito reiterado, in totum, pelo art. 115, II e V da

    Constituio do Estado de So Paulo.

    So essas, em sntese, as premissas que devem nortear o julgamento.

    Pois bem.

    Quanto ao primeiro ponto controvertido, assiste razo ao Ministrio Pblico.

    Tal como anunciado na deciso de fls. 22/24, a Lei Complementar Municipal n

    1/2010, de forma absolutamente inexplicvel, criou dois cargos de Diretor de Recursos

    Humanos e outros dois de Encarregado de Departamento Pessoal, atribuindo s duas

    categorias funes idnticas. Para tanto, basta a leitura do seguinte quadro:

    DIRETOR DE RECURSOS

    HUMANOS

    ENCARREGADO DE

    DEPARTAMENTO PESSOAL

    Descrio sumria: coordena a

    equipe de RH execuo das tarefas

    rotineiras e acompanha os trabalhos dos

    setores subordinados, contribuindo para

    o perfeito funcionamento de todo o

    sistema

    Descrio sumria: coordena a

    equipe de RH execuo das tarefas

    rotineiras e acompanha os trabalhos

    dos setores subordinados, contribuindo

    para o perfeito funcionamento de todo

    o sistema

    Descrio detalhada: Descrio detalhada:

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    3004052-61.2013.8.26.0283 - lauda 4

    Acompanha o funcionrio da

    admisso demisso;

    Coordena os movimentos de

    frias, folgas, licenas,

    afastamentos, aposentadorias,

    entre outros;

    Elabora folha de pagamento e

    clculos de resciso;

    Efetua os recolhimentos das

    obrigaes mensais e anuais;

    Efetua e confere clculos de

    aes trabalhistas;

    Fornece informaes anualmente

    ao Tribunal de Contas do Estado;

    Acompanha os trabalhos dos

    profissionais dos setores da

    Sade, Segurana do Trabalho,

    Servio Social e

    Desenvolvimento, verbalmente e

    atravs de relatrios, dando

    apoio e fazendo a integrao

    desses recursos para a soluo de

    problemas que impedem a

    dinmica da empresa;

    Executa outras tarefas correlatas

    Acompanha o funcionrio da

    admisso demisso;

    Coordena os movimentos de

    frias, folgas, licenas,

    afastamentos, aposentadorias,

    entre outros;

    Elabora folha de pagamento e

    clculos de resciso;

    Efetua os recolhimentos das

    obrigaes mensais e anuais;

    Efetua e confere clculos de

    aes trabalhistas;

    Fornece informaes

    anualmente ao Tribunal de

    Contas do Estado;

    Acompanha os trabalhos dos

    profissionais dos setores da

    Sade, Segurana do Trabalho,

    Servio Social e

    Desenvolvimento, verbalmente

    e atravs de relatrios, dando

    apoio e fazendo a integrao

    desses recursos para a soluo

    de problemas que impedem a

    dinmica da empresa;

    Executa outras tarefas correlatas

    Note-se: tanto a descrio sumria quanto a detalhada dos cargos a mesma,

    sem qualquer modificao, no havendo qualquer justificativa para a criao de duas

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    3004052-61.2013.8.26.0283 - lauda 5

    espcies distintas.

    Na verdade, tal como bem ressaltou o Ministrio Pblico, a nica distino diz

    respeito investidura. Enquanto os cargos de Encarregado de Departamento Pessoal

    so de provimento efetivo, submetendo o titular prvia aprovao em concurso pblico,

    os de Diretor de Recursos Humanos so de comisso, ou seja, de livre nomeao e

    exonerao pelo Prefeito Municipal.

    Apenas tal argumento, com clareza, serviria ao propsito de demonstrar a

    flagrante inconstitucionalidade da legislao.

    Ora, se todas funes poderiam ser executadas por um servidor efetivo a

    prpria legislao admite a veracidade dessa premissa ao atribu-las expressamente aos

    ocupantes do cargo de Encarregado no h qualquer razo para a existncia dos

    Diretores. Estes ltimos cargos so inteis e servem apenas ao propsito de permitir a

    livre nomeao e exonerao de seus ocupantes, dando primazia exceo (livre

    nomeao) sobre a regra geral (prvia aprovao em concurso pblico).

    Por mais que o ru tenha se esmerado na tentativa de explicitar o vnculo de

    confiana que mantinha, na prtica, com os Diretores de Recursos Humanos, sua

    justificativa no convence. Lembro: trata-se de cargo de provimento em comisso e que,

    como tal, deveria ser legalmente reservado aos casos que o servidor ocupar posio de

    chefia, direo ou assessoramento. No caso, porm, todas as funes que lhe foram

    atribudas se revelam absolutamente burocrticas e cotidianas, englobando atividades

    como a de "acompanhar os servidores da admisso demisso", elaborar escala de

    frias e folhas de pagamento, recolher contribuies previdencirias, elaborar clculos

    em reclamaes trabalhistas e prestar informaes ao TCE, entre outros.

    Assim, sob uma perspectiva abstrata (TJ/SP; Processo:

    0112892-03.2010.8.26.0000; Relator Des. Laerte Sampaio; rgo Especial; Data:

    27/10/2010), sequer a interpretao mais generosa poderia garantir a existncia, no caso

    concreto, de um cargo diretivo.

    Logo, difcil aceitar a explicao de deveriam, impreterivelmente, manter

    especial vnculo de confiana com o Prefeito Municipal, configurando, com nitidez, a

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    3004052-61.2013.8.26.0283 - lauda 6

    inconstitucionalidade da previso legal.

    Lembro que o Eg. STF analisando questo semelhante, j firmou o

    entendimento de que "os cargos em comisso [...] possuem atribuies meramente

    tcnicas e que, portanto, no possuem o carter de assessoramento, chefia ou direo

    exigido para tais cargos, nos termos do art. 37, V, da CF. Ao julgada procedente."

    (ADI 3.706, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 15-10-2007, Plenrio, DJ de

    5-10-2007.).

    Ainda, em caso semelhante, o Eg. TJ/SP:

    APELAO / REEXAME NECESSRIO AO POPULAR DECRETO

    LEGISLATIVO CRIAO DE CARGOS COMISSIONADOS NA CMARA

    MUNICIPAL Pretenso do autor de anular o Decreto Legislativo 425/2009

    (PDL 17/2009) que criou 10 cargos comissionados de secretrios de gabinete,

    com a consequente exonerao desses servidores e devoluo dos valores

    pagos a eles [...] Os cargos de secretrio criados pelo Decreto Legislativo no

    possuem atribuies que exijam necessidade de vnculo especial de confiana e

    lealdade, a justificar a criao de cargo em comisso. Funes meramente

    tcnicas, burocrticas e rotineiras, tpicas de cargo de provimento por

    concurso, a ser preenchida por servidores efetivos. Infringncia ao art. 37, II e

    V da CF. Violao ao princpios da igualdade, moralidade e impessoalidade

    [...] (Origem: TJ/SP; Processo: 0002082-62.2010.8.26.0322, Rel. Des. Paulo

    Barcellos Gatti, j. em 31/3/2014).

    * * *

    Apelao. Improbidade administrativa. Contratao de servidores sem

    concurso pblico. Cargos em comisso sem cunho diretivo ou chefia. Anulao

    e exonerao dos cargos. Improbidade configurada. Dolo genrico

    demonstrado. evidenciada a m-f do agente pblico na contratao de

    servidores para exercerem funes tpicas de cargo cujo provimento exige

    prvia aprovao em concurso de ingresso. Dado parcial provimento ao

    recurso do Ministrio Pblico e negado provimento aos demais. (Processo:

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    3004052-61.2013.8.26.0283 - lauda 7

    0006478-34.2007.8.26.0566; Relator: Ronaldo Andrade; Comarca: So Carlos;

    rgo julgador: 3 Cmara de Direito Pblico; Data do julgamento: 10/09/2013)

    * * *

    Ao Civil Pblica - Improbidade Administrativa - Contratao de servidores

    sem concurso pblico - Cargos descomprometidos com os nveis de direo,

    chefia e assessoramento - Penalidade Observncia do princpio da

    razoabilidade na aplicao das sanes previstas na Lei de Improbidade -

    Multa civil - Sentena mantida - Recurso no provido. (Processo:

    9087976-77.2009.8.26.0000; Relator: Marrey Uint; Comarca: Pacaembu; rgo

    julgador: 3 Cmara de Direito Pblico; Data do julgamento: 12/04/2011)

    Sequer merece ateno o argumento de que o Decreto n 1.820/2013 teria

    "sanado" as irregularidades. A tentativa , alis, risvel. Afinal, tal ato tem como

    finalidade regulamentar a Lei, nos seus fieis termos, jamais podendo "inov-la",

    prevendo o que aquela, elaborada e aprovada pelo Poder Legislativo, no estabeleceu

    expressa ou implicitamente.

    Alm disso, as alteraes por nele estabelecidas (fl. 04/05 do apenso) tm

    carter puramente cosmtico, alterando apenas sutilmente a os termos legais originais,

    com o claro intuito de atribuir aos ocupantes funes mais vagas e genricas, valendo-se

    de termos e verbos que remetem funo de chefia ("planejar", "coordenar",

    "controlar" e "analisar", entre outros) apenas para, da, tentar justificar a existncia do

    vnculo de confiana.

    A anulao das nomeaes, assim, medida que se impe.

    Passo, agora, anlise de eventual improbidade administrativa praticada pelo

    segundo ru, ento Prefeito Municipal.

    E tambm aqui a procedncia do pedido inevitvel.

    Conquanto a aprovao das Leis que criaram os cargos em questo competisse

    ao Poder Legislativo, as nomeaes foram feitas por ele, durante o mandato.

    Ademais, at por conta da diminuta extenso do Municpio de Analndia,

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  • TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULOCOMARCA DE RIO CLAROFORO DISTRITAL DE ITIRAPINA1 VARARUA 01, N 180, Itirapina - SP - CEP 13530-000

    3004052-61.2013.8.26.0283 - lauda 8

    possvel concluir que ele, de fato, tinha cincia que as funes por eles exercidas no

    ostentavam carter de direo, chefia e assessoramento.

    A situao se torna ainda mais grave quando constato que depois de ser

    expressamente advertido acerca da questo pelo Ministrio Pblico, o ru, Prefeito

    Municipal, editou um "decreto" visando corrigir a distoro legal, com o claro propsito

    de manter nos quadros de servidores pblicos dois servidores comissionados que no

    exerciam funo de chefia, assessoramento ou direo.

    De mais a mais, inequvoco que tais atos, alm de violarem de flagrante os mais

    comezinhos princpios que devem nortear a Administrao Pblica tambm causaram

    prejuzos ao errio pblico.

    Acerca do primeiro ponto, desnecessria maior tergiversao. Isso porque a

    nomeao de servidores para cargos de confiana, burla da previso constitucional do

    concurso pblico, para funes rotineiras e habituais do dia-a-dia da Administrao viola

    os princpios da legalidade, da impessoalidade e da moralidade (art. 37, caput, da

    Constituio Federal).

    No bastasse, esses servidores pblicos recebiam vencimentos superiores

    queles recebidos pelos Encarregados de Departamento de Pessoal, conquanto todos

    exercessem funes que, abstrata ou concretamente, eram idnticas, causando evidente

    prejuzo ao errio.

    Passo anlise das penas pertinentes, ex vi do art. 12, Pargrafo nico da Lei n

    8.429/1992.

    Certo que os fatos, j grave, se tornou ainda mais latente aps a edio do

    malsinado "decreto" que alterou as funes dos ocupantes dos cargos de Diretor de

    Recursos Humanos, originalmente previstos por Lei Complementar, apenas para

    assegurar a manuteno dos ocupantes, aps expressa comunicao da

    inconstitucionalidade pelo Ministrio Pblico. graves e absolutamente reprovveis, por

    terem implicado alm de significativo prejuzo ao errio pblico, a rotineira e abrupta

    dos mais basilares princpios da Administrao Pblica.

    Por conta disso, condeno-o a ressarcir o errio no valor equivalente diferena

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  • TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULOCOMARCA DE RIO CLAROFORO DISTRITAL DE ITIRAPINA1 VARARUA 01, N 180, Itirapina - SP - CEP 13530-000

    3004052-61.2013.8.26.0283 - lauda 9

    entre os valores efetivamente recebidos pelos servidores cujos cargos foram reputados,

    nesta oportunidade, inconstitucionais e aquele que teriam sido dispendidos pelo

    Municpio, caso fossem ocupados por servidores efetivos (Encarregados de

    Departamento de Pessoal).

    Sem prejuzo, imponho-lhe a pena de multa civil, em valor idntico ao

    mencionado acima.

    Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, com resoluo do

    mrito, nos termos do art. 269, I, do Cdigo de Processo Civil, para:

    A) ANULAR as nomeaes de Tiago Guilherme Pezzan e Marcos Rogrio de

    Campos para os cargos de Diretor de Recursos Humanos;

    B) DETERMINAR que o ru se abstenha de efetuar qualquer nomeao para

    os cargos em comento;

    C) CONDENAR o ru, nos termos do art. 10, X da Lei n 8.429/92, por ato de

    improbidade administrativa que causou prejuzo ao errio, impondo-lhe a obrigao de

    ressarcir o errio e pagar multa civil, na forma e valores previstos na fundamentao.

    Por fim, condeno o ru a arcar, tambm, com as custas processuais.

    P.R.I.

    Itirapina, 12 de janeiro de 2015.

    DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, CONFORME IMPRESSO MARGEM DIREITA

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