senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. onde houver ódio, que eu leve o amor. onde houver...

138
“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu leve a fé. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver erros, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz...”

Upload: internet

Post on 18-Apr-2015

102 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.

Onde houver ódio, que eu leve o amor.

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.

Onde houver dúvida, que eu leve a fé.

Onde houver discórdia, que eu leve a união.

Onde houver erros, que eu leve a verdade.

Onde houver desespero, que eu leve a esperança.

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.

Onde houver trevas, que eu leve a luz...”

Page 2: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Oração de São Francisco

“Ó Mestre,

Pois é dando que se recebe,

é perdoando que se é perdoado.

E é morrendo que se vive para a vida eterna.”

fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado;

compreender, que ser compreendido;

amar, que ser amado.

Page 3: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Todas as histórias são de amor.

Page 4: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Esta é a parte final de uma apresentação sobre a vida de Mona Mahmudnizhad.

A história relatada a seguir tem por palco a cidade de Shiraz, localizada ao sul do Irã.

Page 5: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Em 1979, ano em que ocorreu a Revolução Islâmica no Irã, teve início no país uma onda de violação aos direitos humanos fundamentais.

Com a tomada do poder pelo clero fundamentalista xiita, violenta perseguição foi iniciada contra as minorias religiosas, em particular, contra os seguidores da Fé Bahá’í.

Page 6: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Em decorrência da severa intolerância religiosa demonstrada pelo novo governo,

Passados três meses do início do aprisionamento de sua filha, no mês de janeiro de 1983, a mãe de Mona também viria a ser presa.

Mona, aos dezessete anos de idade, é presa, juntamente com seu pai, e centenas de outros seguidores da Fé Bahá’í.

Page 7: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

A presente apresentação inicia-se com Mona e seus pais presos.

Apenas sua irmã, Taraneh, encontra-se em liberdade.

Page 8: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Quão longe você iria pelos teus ideais?

- O Anjo de Shiraz -

(uma história real)

Page 9: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

- PARTE VII -

HORIZONTES

E PARTIDAS

Page 10: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Elas, assim como as demais prisioneiras, não se deixam dobrar às injustiças

dentro da cadeia.

Mona e sua mãe permanecem

encarceradas na ala feminina da prisão.

Page 11: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

As grades que lhes restringem a liberdade

nada podem diante da dignidade das

suas almas...

Page 12: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Saber enfrentar com ânimo e coragem

as provações significa compreender que na vida poucas coisas importam,

mas que essas poucas coisas são essenciais,

como o amor.

Page 13: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Na segunda semana de encarceramento da mãe de Mona, para a surpresa de todos, os alto-falantes anunciam que as prisioneiras bahá’ís devem

dirigir-se ao telhado do presídio.

Page 14: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Surpresa maior é encontrar no telhado todos os homens bahá’ís que também permanecem presos naquela cadeia.

A família Mahmudnizhad, - filha, mãe e pai -, está reunida pela primeira vez na prisão.

Page 15: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Embora breve, foi um momento precioso para todos.

Outras prisioneiras que também tinham parentes presos sentaram-se juntos dos seus,

de mãos dadas, compartilhando histórias e ganhando força uns dos outros.

Page 16: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Mona e seu pai conversam pouco.

Há momentos, raro ao comum dos mortais, em que só o silêncio pode dizer tudo.

Page 17: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

O segredo do silêncio é quebrado por um brilho nos olhos, por um gesto da mão,

- mas só o segredo, nunca o silêncio, a matéria-prima do amor.

Page 18: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Estão cientes de que aquela permissão para o reencontro é o prenúncio de tempos ainda

mais severos que os aguardam...

Por diversas vezes, Mona se levanta a fim de beijar os olhos de seu pai.

Page 19: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Por diversas vezes, Mona se levanta a fim de beijar os olhos de seu pai.

Filha e pai, sob o céu infinito, parecem trocar confidências celestiais...

Page 20: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu
Page 21: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

São tempos especialmente difíceis para Taraneh, irmã de Mona.

Em poucos meses, viu-se abruptamente separada das

pessoas que mais ama.

Nas quartas-feiras, visita seu pai, e nos sábados, sua mãe e sua irmã.

Na noite em que sua mãe também foi presa, chorou

amargamente, ao ver sua vida ficar repentinamente tão vazia...

Page 22: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

No início do mês de março, ao visitar seu pai, pergunta-lhe:

“Pai, por que dentre os quatro membros da nossa família, três

são tão amados aos olhos de Deus, sendo apenas eu excluída?

Que falha tenho cometido para não ser considerada digna de

também compartilhar da prisão?”

Page 23: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Seu pai amorosamente responde:

“Taraneh, acaso achas que estás livre? Todos vocês, que

estão fora da cadeia, também são prisioneiros de uma prisão maior.

Veja todas as restrições presentes na tua vida; você também é uma prisioneira. Ademais, o amante

nunca está livre, sendo um prisioneiro do amor.

Seja confiante, e feliz...”

Page 24: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

A resposta lhe tranqüiliza

o coração.Porém, apenas quatro dias depois

da visita, o marido de Taraneh traz a notícia de que seu amado pai, Sr. Mahmudnizad,

fora executado.

Page 25: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Em meio ao desespero, Taraneh recorda as últimas palavras que

ouvira de seu amado pai:

“Seja confiante, e feliz...”

Com tal lembrança, procura colocar toda a sua confiança nas

mãos de Deus, e transmutar a sua inconsolável dor em

resignação e infinita paciência...

Page 26: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Taraneh sabe que, mais do que nunca, precisa ser forte,

sua mãe e sua irmã continuam presas,

e ela tem a sua pequena filha de um ano de idade pra criar...

Page 27: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Passa a noite em claro, sem conseguir parar de

pensar na sua irmã, Mona, e em toda a dor que

a notícia irá lhe causar...

Page 28: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Mona, a despeito dos diversos pedidos de sua mãe, recusara-se a se alimentar

durante 30 horas.

É em estado de jejum que recebe a notícia da execução de seu amado pai.

Com uma voz suave e um coração partido, murmura:

“Eu já sabia, já sabia. Isto constitui uma bênção para ele...”

Page 29: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Todos sabem do intenso amor e admiração que Mona nutre por seu pai.

O seu delicado coração, que com tamanha valentia vinha enfrentando cada

sucessiva batalha, parece já não conseguir suportar o peso de mais esta dor,

- a maior que jamais sentira.

Page 30: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Tantos e tantos sentimentos e

lembranças que evocam em seu coração, e que

jamais serão conhecidos,

- pois pertencem à linguagem que as

palavras não traduzem.

Page 31: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

As fragrâncias eternas perfumam a pequena cela nesta hora de dor

e superação extremas.

Seus olhos marejados de saudade e dor contrastam com o trêmulo sorriso que,

apesar de tudo, ainda procura transmitir luz às

suas colegas.

Page 32: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

São fundas as feridas da alma,

ou da alma não seriam.

Coração

Sangue e Lágrimas

Page 33: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu
Page 34: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu
Page 35: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

- PARTE VIII -

O MANTO VERMELHO

Page 36: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Nesta hora de dor suprema, Mona se recorda

de um sonho antigo,

- sonhado num tempo em que jamais imaginaria que

tão cedo se despediriada companhia de seu amado pai...

Page 37: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Neste sonho, lhe era oferecido

um manto vermelho, primorosamente bordado.

Page 38: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Diante dos recentes acontecimento,

Mona interpreta o sonho, a cor, o manto,

com o martírio,

e sente que em breve irá seguir o mesmo

destino de seu amado pai.

Page 39: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Certa vez, escrevera um poeta...:

Page 40: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

“Não se pode negar a existência de Deus diante de uma noite estrelada,

da sepultura das pessoas amadas, ou

da firmeza dos mártires na sua última hora.”

Page 41: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

O sonho

O manto vermelho

As privações na cadeia

O seu amado pai

Juventude, inocência, esperanças

Resistência, heroísmo, dignidade, fortaleza

da alma...

Page 42: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Não mais que dezessete anos...

Page 43: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Certo dia, Mona conduz sua mãe pela mão até um estreito corredor

na cadeia.

Page 44: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Olhando-a nos olhos, pergunta:

“Mãe, a senhora está ciente de que

eles irão me executar?”

Page 45: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Guiando-se pelo instinto maternal,

Sra. Mahmudnizhad procura remover aquela idéia dos pensamentos

de sua pequena e adorável filha...:

Page 46: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

“Não, minha querida, você será solta desta prisão.

Por favor, não alimentes estas idéias...”

Eu quero vê-los...

Constituirás família, terás lindos filhos.

Page 47: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Mas Mona, com sua serenidade habitual,

prossegue:

“Mãe, eu sei que eles irão me matar. Quero apenas

compartilhar o que pretendo fazer quando

esta hora chegar.

Você gostaria de ouvir o que tenho para lhe contar?”

Page 48: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Diante de uma alma assim resoluta, sua mãe simplesmente responde:

“Sim, minha filha, conte-me...”

E Mona com sua suave voz prossegue...:

Page 49: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

“Você está ciente, mãe, de que no local da execução, para onde nos levarão, colocarão uma

corda em volta de nossos pescoços...

Irei beijar esta corda, e farei uma oração.”

Page 50: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Mona recolhe os braços em devoção, fecha os olhos e, adornada por um semblante que

irradia tranqüilidade, profere uma breve prece.

Page 51: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Em seguida, abre os olhos, e diz:

“Farei esta oração para a felicidade e prosperidade de toda a humanidade,

despedindo-me deste mundo mortal, e partindo em direção a Deus.”

Page 52: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Sua mãe em silêncio ouve.

Diante da grandeza d’alma da sua pequena filha que tanto ama,

a que palavras recorrer para expressar o que

sente?

Page 53: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Olhando-a nos seus lindos olhos verdes, pensa:

“Como poderão - este frágil e delicado corpo, este estreito corredor, estas celas escuras, e

estes altos muros de confinamento - ser capazes de conter uma alma

que anseia por alçar vôo rumo aos reino

celestiais.”

Page 54: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Maravilhada, apenas consegue dizer:

“Que bela história, Mona,

que bela história!”.

Page 55: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu
Page 56: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

- PARTE IX -

A DANÇA ETERNA

Page 57: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

13 de junho, uma segunda-feira

Para surpresa de todos, do mesmo modo como fora presa, - sem nenhum prévio aviso ou

justificativa -, a mãe de Mona, após cerca de cinco meses de confinamento, é posta em liberdade.

Ela abraça Mona longamente e a beija com o coração partido por ter que se separar novamente de sua tão amada filha.

Page 58: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Manhã de 18 de junho, sábado

Dia de visita - Taraneh e sua mãe se dirigem à prisão.

Um espesso vidro separa Mona de sua mãe e irmã. Faz-se necessária a utilização de um aparelho de telefone para se comunicarem.

A voz de Mona, como de costume, transborda ternura e se reveste de toda a alegria que ela sente por rever sua família.

“Como gostaria de poder te apertar, e te dar um grande beijo”, diz para a sua irmã.

Page 59: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Mona confidencia que, muito em breve, a hora da sua partida chegará, e pede à sua irmã:

“Taraneh, quero te pedir um favor.

Quero que ores por mim,

Necessito, também, de um segundo favor.

para que eu possa me dirigir ao local da execução dançando.

Quero que ores e peças a Deus que me perdoe os pecados, antes que eu seja levada

à execução. Após isso, podem me levar.”

Page 60: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

“Meu Deus, que tarefa mais difícil”, pensa Taraneh, “Como poderei eu, tão cheia de faltas, orar por este anjo...”, e em seguida responde:

“O que for que Deus queira, nós nos contentaremos com a Sua vontade.”

Mona, com um sorriso nos lábios, continua:

“Você sabe por que estou tão contente?

Estou contente porque nós fomos escolhidas por Deus para sermos fortes.”

Page 61: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

E prossegue:

“Taraneh, querida, transmita o meu amor a todos os parentes e amigos, e beije-os por mim.”

Depois, dirigindo o olhar para Nura, sua pequena sobrinha, pede:

“Taraneh, quero que a eduques para que se torne igual

ao nosso pai.”

Page 62: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

“Quero educar Nura de modo que se torne igual a você, Mona!”

pensa Taraneh, porém, antes que possa dizer o que está sentindo, os telefones são cortados, e é anunciado que o horário da visita se encerrou.

Page 63: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Nura observa atentamente enquanto Mona é retirada da sala, para ser conduzida de volta à cela.

Que lembranças ela guardará da ocasião da visita?

Talvez o sorriso doce de Mona, o seu jeito manso de se expressar

e carinhoso de olhar...

Ou, quem sabe, a energia espiritual de sua presença, que as crianças tão bem sabem notar...

Page 64: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu
Page 65: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Já não há mais nada que possa ser dito ou feito.

Taraneh beija a ponta dos dedos e encosta a mão no

vidro que as separa.

Page 66: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Anseia em seu coração pelo dia em que possa abraçar sua irmã, sentir seu cheiro e

beijá-la novamente,

acolhê-la e demonstrar-lhe um pedacinho do infinito amor

que tem por ela.

Page 67: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Depois, compartilhariam a perda do seu pai, e toda a dor

que tiveram que suportar.

Mona contar-lhe-ia tudo que passou na prisão, e juntas cuidariam de sua mãe...

Mas apenas anseios são,

e Taraneh teme ao pensar no que a realidade pode

estar reservando.

Page 68: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu
Page 69: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Ela pensa no pedido que Mona lhe fizera...:

“Quero que ores por mim, para que eu

possa me dirigir ao local da execução

dançando.”

Page 70: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Partir deste mundo, dançando

Adentrar a Eternidade, dançando...

Page 71: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Orações para que possa receber aquela hora derradeira dançando...

A dança representa uma das raras ocasiões em que

o corpo, a mente e o espírito experimentam uma vivencia de

inteira completude.

Santo Agostinho, num de seus escritos, afirma:

Page 72: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

“Louvada seja a Dança, pois liberta o Homem do peso das coisas materiais,

Louvada seja a Dança, que tudo exige,

e fortalece a saúde, a mente serena

e uma alma encantada.

A Dança transforma o espaço, o tempo

e a pessoa...”

Page 73: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

“A Dança exige o ser humano inteiro,

ancorado no seu Centro...

A Dança exige um Homem livre e aberto vibrando

na harmonia de todas as forças...”

Page 74: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

“Ó Homem,

Senão os Anjos no Céu

não saberão o que fazer contigo.”

Santo Agostinho

Aprende a Dançar!

Page 75: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu
Page 76: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

- PARTE X -

O ATO FINAL

Page 77: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Entardecer do dia 18 de junho, 1983 -

o cair da noite por testemunha.

Uma sentença condenando dez prisioneiras bahá’ís, incluindo Mona, à pena de morte por enforcamento é decretada.

Juízes islâmicos e guardas revolucionários cansaram-se de fracassar nas suas repetidas investidas visando fazê-las negar a sua fé.

Page 78: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Mona e mais nove colegas recebem

ordens para que se dirijam até um ônibus,

que as levará para um acampado próximo.

O cair da noite como única testemunha...

Page 79: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Numa última tentativa de persuadi-las a negar, naquele instante derradeiro, a sua fé, ordens são dadas para que elas sejam executadas

uma a uma. As que ficarem para o final serão forçadas a presenciar a execução das primeiras.

As autoridades calculam que a visão do aniquilamento resultará naquilo que meses de confinamento e duras penas não foram

capazes de conseguir.

Page 80: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Dez mulheres

Dez corações

Fé e Amor

O palco está montado...

Page 81: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

A Fé e o Amor podem muito,

- há até quem afirme que não precisam andar juntas para

poderem tudo.

Page 82: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Mona, a mais nova do grupo, com apenas dezessete anos de

idade, pede para ser a última a ser executada.

Page 83: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Quer dedicar orações para a firmeza de cada uma das nove amigas queridas.

Page 84: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Tem as preces atendidas,

- uma a uma, todas as nove daquele

seleto grupo erguem, com fé e coragem, a taça do martírio.

Page 85: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Como gaiolas partidas,

os delicados corpos são enfileirados no

acampado, desprovidos da alma que há pouco

neles habitava.

Page 86: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Nesta hora derradeira, Mona

permanece serena.

A brisa da noite lhe sussurra que a sua

peregrinação por terras candentes e áridas chegara ao fim...

Page 87: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

...e que é hora de adentrar o mar do mistério de Deus.

Page 88: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu
Page 89: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

O tênue limite que separa uma vida da Eternidade prestes a ser rompido.

Mona beija a corda...

Page 90: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

...e dedica uma breve oração para a felicidade e

prosperidade de toda a humanidade.

Page 91: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu
Page 92: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

A vertigem do mergulho que rompe o tempo

e que inaugura a Eternidade.

Page 93: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

O grão morre

para frutificar...

Page 94: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu
Page 95: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

A mãe e a irmã de Mona recebem

a notícia da condenação e da execução,

e se dirigem para lhe dar

o último adeus.

Page 96: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

“Minha filha, minha querida Mona”

Uma ternura ancestral,

diz, enquanto passa-lhe as mãos tenras, acariciando o suave rosto que segura em seu colo.

de todas as mães,

de todos os tempos e de todas as dores.

Page 97: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Se inclina para dar-lhe

um último beijo de mãe,

de infinita ternura.

Page 98: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Um beijo doce, prolongado,

cheio de respeito, como quem

beija a face de um recém-

nascido...,

Page 99: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

...agora, sim, recém-nascido que acabara de nascer

no coração de Deus.

Page 100: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Abraça meigamente a filha, e lhe sussurra:

Page 101: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

“Minha filha querida. Parte para Deus. Vai para tua liberdade.

Realiza todos os teus sonhos...”

Page 102: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

“Esse mundo era pequeno para o teu desejo.

Chega em Deus. Mergulha em Sua vida e em Seu amor.”

Page 103: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

“Você, agora, é de Deus.

Mas é também minha filha, agora e para sempre...

Mona, eu te amo.”

Page 104: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu
Page 105: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

- EPÍLOGO -

Page 106: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

O martírio destas dez mulheres deixaa cidade inteira em estado de comoção.

“Sente-se em Shiraz o cheiro de sangue, amor e devoção”,

relata uma moradora.

Reuniões são organizadas em suas memórias.

Grupos e mais grupos de pessoas chegam trazendo flores.

Page 107: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Já não é mais possível encontrar flores,

mesmo que se percorra a cidade inteira. Flores para as

“Noivas de Shiraz”,

- carinhosa designação que por toda parte

se ouve.

Page 108: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu
Page 109: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

A história das “Noivas de Shiraz” ficará, sobretudo, como exemplo a todos que resistem à opressão,

e que lutam, munidos de Amor e Fé, por Justiça e Liberdade...,

Page 110: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

...aprendendo, na difícil escola da esperança,

que é preferível “morrer do que perder a vida”.

Page 111: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Quem são os teus heróis?

Quem são as tuas heroínas?...

Page 112: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu
Page 113: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Shirin Dalvand, 25 anos

Formada em Sociologia ,na sua vida acadêmica se destacou como aluna exemplar.

Page 114: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Embora seus pais residissem na Inglaterra, e lhe pedissem para se mudar para aquele país, ela havia decidido permanecer no Irã, - morava com os avós.

Page 115: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Durante um dos interrogatórios, perguntaram-lhe por quanto tempo pretendia se manter firme na sua fé :

“Tenho esperança de que a misericórdia de Deus me capacite

a permanecer firme até o meu último sopro de vida ”.

Page 116: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Amava o mar ...

Page 117: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Sra. ‘Izzat Ishraqi, 50 anos

Transmitia força e esperança a todas as companheiras de cárcere, incluindo a sua filha,

Roya .

Page 118: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Mãe e filha, compartilhando a mesma história ...

Page 119: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Roya Ishraqi, 23 anos

Estudante de Medicina Veterinária ,

era uma das prisioneiras mais radiantes e queridas, constante

centro das atenções .

Page 120: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Adorava praticar esportes, em especial o alpinismo.

Page 121: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Seu pai foi martirizado pouco antes que ela.

Page 122: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Simin Sabiri, 25 anos

Destacou-se durante o período de prisão como uma das mais destemidas do grupo, jamais demonstrando qualquer sinal de

fraqueza ou abatimento .

Page 123: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Mashid Nirumand, 28 anos

Fonte de contínuo encorajamento para suas colegas de prisão .

Era formada em Física .

Page 124: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Nusrat Yalda’i, 54 anos

Conhecida por sua bondade e hospitalidade, suportou com firmeza as duras penas, tendo recebido numa ocasião mais de duzentas açoitadas .

Page 125: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Seu marido e seu filho foram executados alguns dias antes

que ela .

Page 126: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Zarrin Muqimi, 28 anos

Tinha uma voz melodiosa, profundos conhecimentos e o dom da oratória .Era formada em Letras .

Page 127: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

A despeito de seu jeito delicado, defendia com eloqüência, vigor e propriedade aquilo em que acreditava.

As autoridades, ressentidas, passariam a interrogá-la sozinha.

Page 128: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Tahirih Arjmandi, 32 anos

Enfermeira, constantemente se encarregava de cuidar da saúde das demais

companheiras de prisão .

Page 129: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Seu esposo foi martirizado dois dias antes que ela .

Page 130: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Akhtar Sabit Com pouco mais de 20 anos, era a segunda mais nova do grupo.

Nutria em seu tenro coração um carinho genuíno por todos.

Page 131: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Trazia no peito todos os anseios e todas as inquietações próprios da juventude, - o inconformismo diante das crueldades e injustiças ,

a dor de se ver cerceada da sua liberdade e das coisas que mais

gostava ...

Page 132: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Ao tomar conhecimento da sentença condenatória, comentou:

“Aconteça o que tiver que acontecer, não irei me abater .

Diante do que possa suceder, contento-me com a Vontade de

Deus”...

Page 133: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Mona Mahmudnizhad “O Anjo de Shiraz”

10 de setembro, 196518 de junho, 1983

Page 134: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

Para saber mais: www.monasdream.com (em inglês)

-As Noivas de Shiraz-

Page 135: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

-As Noivas de Shiraz-

Outros sites: www.bahai.org / www.bahai.org.br / www.br.amnesty.org

Page 136: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

-As Noivas de Shiraz-

Formatação: [email protected]

Page 137: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu

-As Noivas de Shiraz-

Page 138: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver dúvida, que eu