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Yáskara Benevides Guenka Acadêmica do 4º ano de Medicina UFMS Liga de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Campo Grande MS 27/06/2012 SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR

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Yáskara Benevides Guenka

Acadêmica do 4º ano de Medicina – UFMS

Liga de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular

Campo Grande – MS

27/06/2012

SEMIOLOGIA

CARDIOVASCULAR

ALTERAÇÕES DAS

BULHAS CARDÍACAS

SEMIOLOGIA

CARDIOVASCULAR

ALTERAÇÕES DA 1ª BULHA

Intensidade

o Avaliado nos focos mitral e tricúspide.

o Influenciada:

Principalmente, pela posição dos folhetos das valvas no instante da contração ventricular.

Pelos níveis das pressões nas cavidades cardíacas.

Pelas condições anatômicas das valvas atrioventriculares.

Pela capacidade contrátil do miocárdio.

Pelas condições relacionadas à transmissão das vibrações.

• Timbre e tonalidade

o Estenose mitral: valvas rígidas em decorrência da fibrose. Hiperfonese com tonalidade aguda e timbre metálico.

iPR curto: hiperfonese

iPR longo: hipofonese

ALTERAÇÕES DA 1ª BULHA

Desdobramento (TLUM-TA)

o Observado nos focos mitral e/ou tricúspide, devido a um

assincronismo (normal) na contração dos ventrículos.

o Se for amplo, suspeitar de bloqueio do ramo direito.

Nesses casos, no foco pulmonar encontra-se também

desdobramento de B2.

• Mascaramento

o Ocorre quando há um sopro sistólico de regurgitação

(inicia com B1, recobrindo-a e estendendo-se até o fim

da sístole).

ALTERAÇÕES DA 2ª BULHA

Intensidade

o Avaliado nos focos aórtico e pulmonar.

o Influenciado:

Principalmente, pela posição das valvas no início do seu

fechamento.

Pelas condições anatômicas das valvas.

Pelos níveis tensionais na circulação sistêmica e pulmonar.

Pelas condições relacionadas com a transmissão do ruído.

Timbre e tonalidade

o Depende do endurecimento das sigmóides: bulha adquire

caráter seco.

Criança: pulmonar.

Adolescência: igual.

Adultos e idosos: aórtico.

ALTERAÇÕES DA 2ª BULHA

Desdobramentos patológicos (TUM-TLA)

o Estudado no foco pulmonar.

o Desdobramento constante e variável

Assincronismo eletromecânico na contração dos ventrículos, levando ao retardo do fechamento da valva pulmonar, que se acentua na inspiração profunda. Ex: BRD do feixe de His.

o Desdobramento fixo

Característica clínica: duração fixa das distâncias entre os dois componentes da B2, independente da fase da respiração. Ex: CIA e estenose pulmonar.

o Desdobramento invertido

Pois aparece na expiração, enquanto o fisiológico ocorre na inspiração profunda. Ex: BRE do feixe de His.

ALTERAÇÕES DA 3ª E 4ª

BULHAS

3ª bulha

o Aparece com frequência em crianças e adultos jovens.

o Não há diferenças estetacústicas entre a fisiológica e a

patológica (insuficiência mitral, miocardiopatia, miocardite,

CIA, CIV e PCA).

4ª bulha

o Pode ser encontrada em crianças normais, mas sua presença

exige um cuidado maior!

o Situações em que há diminuição da complacência ventricular:

lesões estenóticas das valvas semilunares, HAS, doença arterial

coronariana e as miocardiopatias hipertróficas.

CLIQUES E ESTALIDOS

SEMIOLOGIA

CARDIOVASCULAR

ESTALIDOS DIASTÓLICOS

Estalido de abertura mitral (TUM-TA-TÉ) o Sinal mais indicativo de estenose mitral devido às modificações

anatômicas das cúspides e das alterações pressóricas intracavitárias.

o É um ruído seco, agudo, metálico, de curta duração, protodiastólico, precedendo o ruflar, mais bem audível com o paciente em decúbito lateral esquerdo, no foco mitral e na borda esternal esquerda (3º e 4º EIC). Pode ser palpável.

o Diferenciar de um desdobramento de B2 ou de uma B3: O desdobramento é mais audível no foco pulmonar, mais grave

e pode apresentar variações durante a respiração;

B3 é mais grave e mais bem audível no foco mitral;

O intervalo que separa B2 da B3 é maior que o da B2 e do estalido.

ESTALIDOS DIASTÓLICOS

Estalido de abertura tricúspide (TUM-TA-TÉ)

o Mais bem audível na borda esternal esquerda e,

ocasionalmente, na direita.

o Mesmas características estetacústicas do estalido mitral.

o Difícil reconhecer!

ESTALIDOS PROTOSSISTÓLICOS

(PULMONAR E AÓRTICO)

Também chamados de ruídos de ejeção.

Pulmonar o Mais audível no foco pulmonar e na borda esternal esquerda.

o Difere do desdobramento de B1 pelo seu timbre mais agudo.

o Ex: estenose pulmonar moderada, dilatação idiopática da artéria pulmonar, CIA e na hipertensão pulmonar grave.

Aórtico o Mais audível do 4º EICE até o foco mitral.

o Ex: estenose e insuficiência aórticas, coarctação de aorta, aneurisma de aorta, dilatação aórtica de etiologia aterosclerótica ou hipertensiva, em algumas cardiopatias congênitas cianóticas com desvio do fluxo sanguíneo para a aorta (tetralogia de Fallot grave).

ESTALIDOS MESOSSISTÓLICOS

E TELESSISTÓLICOS

Características estetacústicas:

o Ruído de alta frequência, seco, agudo, situado no meio ou no fim da sístole, cuja intensidade varia nitidamente durante os movimentos respiratórios e com as mudanças de posição. É audível nos focos mitral ou tricúspide.

Possíveis origens:

o Brida pericárdica, pleuropericárdica ou prolapso da valva mitral.

Considerados indicativos de prolapso das valvas mitral ou tricúspide, mesmo na ausência de sopros.

Pode ser confundido com o desdobramento de B1, com o estalido protossitólico pulmonar ou aórtico e com o atrito pericárdico.

SOPROS

SEMIOLOGIA

CARDIOVASCULAR

SOPROS

Aparecem devido a alterações do próprio sangue, da parede do vaso ou das câmaras cardíacas, principalmente nas valvas, incluindo:

o Aumento da velocidade da corrente sanguínea: exercício físico, anemia, hipertiroidismo, síndrome febril.

o Diminuição da viscosidade sanguínea: anemia.

o Passagem de sangue através de uma zona estreitada: estenose e insuficiência valvares, CIA, PCA.

o Passagem do sangue para uma zona dilatada: aneurismas e rumor venoso.

o Passagem do sangue para uma membrana de borda livre.

CARACTERÍSTICAS

SEMIOLÓGICAS

Situação no ciclo cardíaco

o Sistólicos

De ejeção: sopro em crescendo-decrescendo. Estenose aórtica (granuloso) e pulmonar.

De regurgitação: sopro pansistólico. Insuficiência mitral e tricúspide e CIV.

CARACTERÍSTICAS

SEMIOLÓGICAS Situação no ciclo cardíaco

o Diastólicos

Protodiastólicos: sopro aspirativo (alta frequência, em descrescendo,

agudo). Insuficiência aórtica e pulmonar.

Mesodiastólicos: ruflar (bater de asas de um pássaro) diastólico (baixa

frequência e grave). Estenose mitral e tricúspide.

o Sistodiastólicos ou contínuos: sopro em maquinaria/locomotiva. Parte

sistólica é mais intensa e rude. PCA, fístulas arterio-venosas, anomalias dos

septos aortopulmonares e no rumor venoso.

CARACTERÍSTICAS

SEMIOLÓGICAS

Localização

o Localiza-se um sopro na área onde é mais bem audível.

Irradiação

o Intensidade: quanto mais intenso, maior a área em que será

audível.

o Direção da corrente sanguínea

O sopro da estenose aórtica se irradia para os vasos do

pescoço porque o sangue que flui para a valva aórtica se

dirige naquela direção.

O da insuficiência mitral se propaga predominantemente

para a axila porque o AE situa-se acima e atrás do VE.

CARACTERÍSTICAS

SEMIOLÓGICAS Intensidade

o Subjetiva.

o Sistema de cruzes:

+ Corresponde aos sopros débeis, só audíveis quando se ausculta com atenção e em ambiente silencioso.

++ Indicam sopros de intensidade moderada.

+++ Traduzem sopros intensos.

++++ Correspondem aos sopros muito intensos, audíveis mesmo quando se afasta o estetoscópio da parede torácica ou quando se interpõe entre esta e o receptor a palma do examinador.

Timbre e tonalidade (qualidade do sopro) o Relacionado com a velocidade do fluxo e com tipo de defeito causador do

turbilhonamento sanguíneo.

o Suave, rude, musical, aspirativo, em jato de vapor, granuloso, piante e ruflar.

CARACTERÍSTICAS

SEMIOLÓGICAS Modificações do sopro

o Com a fase da respiração

Manobra de Rivero-Carvallo: (-) sem alteração ou com diminuição da intensidade do sopro = insuficiência mitral. (+) aumento da intensidade = insuficiência tricúspide.

Lesões aórticas: sopro melhor auscultado durante a expiração forçada.

o Com a posição do paciente

O sopro aspirativo da insuficiência aórtica torna-se mais nítido com o paciente na posição sentada com o tórax fletido para frente.

O ruflar diastólico da estenose mitral fica mais intenso no decúbito lateral E.

O rumor venoso aumenta de intensidade na posição sentada ou de pé, diminuindo ou desaparecendo quando o paciente deita.

o Com o exercício

Determina quase sempre intensificação do sopro.

SOPROS ORGÂNICOS E

FUNCIONAIS

Sopros orgânicos: determinados por modificações

estruturais em vasos ou aparelhos valvares.

Sopros funcionais: não dependem da presença de lesões

anatômicas dos vasos ou do coração. Têm origem no aumento

da velocidade da corrente sanguínea ou na diminuição da

viscosidade do sangue.

SOPROS INOCENTES

É uma conclusão diagnóstica!

Características semiológicas:

o Sopros sistólicos, de baixa intensidade (+ a ++), suaves, sem

irradiação, mais audíveis em foco pulmonar e região mesocardíaca,

com nítidas variações pelas mudanças de posição do paciente. Não

são acompanhados de alterações de bulhas e de frêmito, e não há

evidências de dilatação e/ou hipertrofia das cavidades cardíacas.

Mais frequente em crianças.

Importante descartar febre

ou anemia.

OUTROS RUÍDOS

SEMIOLOGIA

CARDIOVASCULAR

PERICARDITE CONSTRITIVA

Origina-se na distensão do pericárdio endurecido.

Só é audível quando há comprometimento do pericárdio

ao nível da região apical e da face anterior do coração.

Ocorre no período diastólico, no fim do enchimento

ventricular rápido (mais precoce que B3). É agudo e seco.

Assemelha-se ao estalido de abertura mitral. A diferença é

a localização:

o EAM: audível em todos os focos.

o Ruído da pericardite constritiva: restrito ao foco mitral,

endoápex e foco tricúspide.

ATRITO PERICÁRDICO

Ruído provocado pelo roçar dos folhetos pericárdicos que perderam suas características normais (lisos, ligeiramente umedecidos, de fácil deslizamento).

Causa mais frequente é a pericardite fibrinosa (folhetos espessos e rugosos).

Características semiológicas:

o Situação no ciclo cardíaco:

Não mantém relação fixa com as bulhas, mas, quase sempre, recobre B1 e parte do pequeno silêncio.

Mais auscultado entre o foco mitral e borda esternal esquerda.

Não irradia e, mesmo quando intenso, tem área audível restrita.

Varia muito de intensidade, alterando com a posição do paciente e a força da pressão do receptor do estetoscópio.

o Timbre e tonalidade: pode ser comparado com o ruído ao friccionar-se um couro novo.

o Mutabilidade: apresenta modificações de intensidade e qualidade em curto período de tempo.

RUMOR VENOSO

Ruído contínuo (sistodiastólico), grave, que se houve na base

do pescoço e na porção superior do tórax.

Local de máxima intensidade: acima da clavícula direita,

na altura da inserção do esternocleidomastóideo.

Mais audível quando sentado, chegando a desaparecer quando

deitado e ao se fazer uma compressão ao nível da jugular

direita ou pela rotação do pescoço.

Origina-se no turbilhonamento do sangue no ponto em que a

jugular interna encontra-se com o tronco braquiocefálico.

Pode ser confundido com o sopro do PCA.