seminários de pesquisa em serviço social_unidade i

59
Autoras: Profa. Daniela Emilena Santiago Profa. Renata Leandro Colaboradores: Profa. Amarilis Tudela Nanias Profa. Maria Francisca S. Vignoli Seminários de Pesquisa em Serviço Social

Upload: soacucar

Post on 20-Oct-2015

147 views

Category:

Documents


53 download

TRANSCRIPT

  • Autoras: Profa. Daniela Emilena Santiago Profa. Renata LeandroColaboradores: Profa. Amarilis Tudela Nanias Profa. Maria Francisca S. Vignoli

    Seminrios de Pesquisa em Servio Social

  • Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    Professoras conteudistas: Daniela Emilena Santiago / Renata Leandro

    A professora Daniela Emilena Santiago assistente social graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), especialista em Violncia Domstica contra Crianas e Adolescentes pela Universidade de So Paulo (USP) e mestre em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (Unesp), campus de Assis/SP. Atualmente funcionria pblica do municpio de Quat/SP, atuando como assistente social junto Secretaria Municipal de Promoo Social. Exerce tambm a funo de docente, coordenador auxiliar e lder no curso de Servio Social da Universidade Paulista (Unip).

    Partindo de sua vinculao Unip, como docente que atua do curso de Servio Social no campus de Assis/SP, emergiu a oportunidade de seu atrelamento tambm ao curso de graduao de Servio Social na modalidade SEI, prestada pela Unip Interativa, o que lhe proporcionou a oportunidade de ministrar aulas de diversas disciplinas nessa modalidade de ensino. Alm dessa insero, tambm ministrou, na modalidade SEPI, aulas da disciplina Poltica Social de Sade no curso de psgraduao de Gesto em Polticas Sociais, oferecido pela Unip.

    A professora Renata Leandro residente no municpio de Campinas/SP e graduada em Servio Social, pela Pontifcia Universidade Catlica de Campinas (PUCCAMP), em 2002, com especializao em Violncia Domstica contra Criana e Adolescente, pelo Laboratrio da Criana (LACRI), do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de So Paulo (USP), em 2005. Tambm se especializou em Sexualidade Humana pela Faculdade de Educao (FE) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em 2009, e psgraduanda em Formao em EaD, pela Unip. Atualmente, docente na Unip de Sorocaba e consultora em Gesto Pblica e Responsabilidade Social no 1 e 2 setores. Tem experincia em Gesto Social, como gestora municipal, no municpio de So Thom das Letras/MG e na Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, no estado do Rio de Janeiro. Atuou tambm em Centros de Referncias de Assistncia Social (CRAS) em atendimento matricial com famlias e na rea de criana e adolescente e suas respectivas famlias, no municpio de Campinas, no Projeto Rotas Recriadas, atualmente denominado Programa Municipal de Enfrentamento Explorao Sexual Infantojuvenil, no perodo de 2003 a 2007.

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrnico, incluindo fotocpia e gravao) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permisso escrita da Universidade Paulista.

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    S235s Santiago, Daniela Emilena.

    Seminrios de pesquisa em Servio Social / Daniela Emilena Santiago, Renata Leandro. So Paulo: Editora Sol, 2013.

    140 p., il.

    1. Elaborao de projeto. 2. Pesquisa social. 3. Metodologia de pesquisa. I. Ttulo. II. Leandro, Renata.

    CDU 303.4

  • Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    Prof. Dr. Joo Carlos Di GenioReitor

    Prof. Fbio Romeu de CarvalhoVice-Reitor de Planejamento, Administrao e Finanas

    Profa. Melnia Dalla TorreVice-Reitora de Unidades Universitrias

    Prof. Dr. Yugo OkidaVice-Reitor de Ps-Graduao e Pesquisa

    Profa. Dra. Marlia AnconaLopezVice-Reitora de Graduao

    Unip Interativa EaD

    Profa. Elisabete Brihy

    Prof. Marcelo Souza

    Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar

    Prof. Ivan Daliberto Frugoli

    Material Didtico EaD

    Comisso editorial: Dra. Anglica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Ktia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valria de Carvalho (UNIP)

    Apoio: Profa. Cludia Regina Baptista EaD Profa. Betisa Malaman Comisso de Qualificao e Avaliao de Cursos

    Projeto grfico: Prof. Alexandre Ponzetto

    Reviso: Lucas Kater Virginia Bilatto

  • Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    SumrioSeminrio de Pesquisa em Servio Social

    APRESENTAO ......................................................................................................................................................7INTRODUO ...........................................................................................................................................................8

    Unidade I

    1 A PESQUISA SOCIAL E A ELABORAO DO PROJETO DE PESQUISA..............................................91.1 A pesquisa social: algumas aproximaes ....................................................................................91.2 A Elaborao do projeto de pesquisa ........................................................................................... 15

    1.2.1 Objetivos ..................................................................................................................................................... 221.2.2 Justificativa ............................................................................................................................................... 231.2.3 Base terica e pressupostos conceituais e hipteses ............................................................... 241.2.4 Metodologia .............................................................................................................................................. 271.2.5 Cronograma .............................................................................................................................................. 311.2.6 Estimativa de custos .............................................................................................................................. 311.2.7 Bibliografia ................................................................................................................................................ 321.2.8 Anexos ......................................................................................................................................................... 34

    1.3 O processo de orientao .................................................................................................................. 342 A PESQUISA BIBLIOGRFICA ...................................................................................................................... 36

    2.1 O resumo e a resenha ......................................................................................................................... 372.2 A elaborao de fichas ....................................................................................................................... 37

    3 A PESQUISA DE CAMPO................................................................................................................................ 393.1 Entrevista ................................................................................................................................................. 443.2 Discusso de grupo.............................................................................................................................. 473.3 Histria de vida ..................................................................................................................................... 483.4 Observao .............................................................................................................................................. 483.5 Questionrio ........................................................................................................................................... 503.6 Formulrio ............................................................................................................................................... 51

    4 O MODELO INSTITUCIONAL DE ELABORAO DE PROJETOS DE PESQUISA ............................ 52

    Unidade II

    5 O QUE PESQUISA SOCIAL? ....................................................................................................................... 625.1 As cincias sociais como fundamentao terica para construo do TCC ................ 645.2 Conhecimento e realidade: conceituando ................................................................................. 665.3 Os tipos de conhecimento ................................................................................................................ 675.4 O processo de observao da realidade e as cincias sociais ............................................. 695.5 Investigao, trabalho e produo de conhecimento ........................................................... 72

    5.5.1 A investigao na prtica profissional em Servio Social ...................................................... 72

  • Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    6 ORGANIzAO DOS CONTEDOS: ENTENDENDO PASSO A PASSO ESSA ESTRUTURA DO TCC ........................................................................................................................................... 74

    6.1 Estrutura Geral do TCC ....................................................................................................................... 746.2 As pginas prtextuais: identificao do trabalho ............................................................... 75

    6.2.1 Orientaes para a construo das pginas prtextuais: capa e folha de rosto .......................766.2.2 Orientaes para a construo da dedicatria e agradecimento ....................................... 776.2.3 Orientaes para a construo do resumo, abstract, palavraschaves e keywords ................776.2.4 Orientaes para a construo das listas (ilustraes, quadros, tabelas, siglas etc.)..................786.2.5 Orientaes para a construo do sumrio ................................................................................. 78

    6.3 Organizando os contedos: as pginas textuais identificam o trabalho ...................... 786.3.1 Seu problema de pesquisa ser seu guia ...................................................................................... 796.3.2 Orientaes para a construo da introduo ........................................................................... 796.3.3 Orientaes para a construo do desenvolvimento ............................................................... 816.3.3.1 Referenciando teoricamente um estudo cientfico .............................................................. 826.3.4 Orientaes para a construo da concluso ............................................................................. 866.3.5 Orientaes para a construo da bibliografia ........................................................................... 86

    7 O QUE METODOLOGIA E COMO UTILIzLA NA ABORDAGEM PESQUISA? ......................... 877.1 O mtodo em cincias humanas e a pesquisa social ............................................................. 90

    8 OS MTODOS E AS TCNICAS DE PESQUISA NO SERVIO SOCIAL: COLETANDODADOS E ANALISANDOOS ............................................................................................................................. 93

    8.1 As metodologias quantitativas e qualitativas no Servio Social ...................................... 948.2 O que pesquisa quantitativa: caractersticas gerais e referncias ................................ 94

    8.2.1 Instrumentos de coleta de dados em pesquisa quantitativa ..............................................1008.2.2 Como se analisam dados quantitativos?..................................................................................... 110

    8.3 O que pesquisa qualitativa: caractersticas gerais e referncias .................................1128.3.1 O Interacionismo simblico e a Escola de Chicago ................................................................. 1138.3.2 Sobre os instrumentos e tcnicas na pesquisa qualitativa ..................................................1148.3.3 A histria de vida e a anlise documental .................................................................................1168.3.4 Etapas da anlise de dados em pesquisa qualitativa .............................................................1178.3.5 Anlise de questionrios ....................................................................................................................119

    8.4 Anlise e discusso dos dados ......................................................................................................1208.5 Discusso dos dados .........................................................................................................................124

  • 7Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    APRESEntAo

    Figura 1 Cientista no laboratrio

    A imagem mostrada representativa de uma forma de compreender a pesquisa cientfica que foi hegemnica durante muitos anos e que s entrou em declnio no incio do sculo XX. A partir de ento, a produo de conhecimento por meio de pesquisas cientficas deixou de ser compreendida como restrita ao que era percebido em laboratrios, tal como o representado. Essas possibilidades de mudana na produo do conhecimento condicionaram, alguns anos mais tarde, a produo em conhecimento no Servio Social, estimulando, sobretudo a partir da dcada de 1970, a ampliao dos cursos de psgraduao no Brasil e dos grupos de pesquisa a eles vinculados. Nos termos postos, tivemos uma ampliao da produo cientfica dentro da categoria profissional.

    Outro fator que estimulou, a nosso ver, a ampliao das pesquisas em Servio Social foi a produo dos Trabalhos de Concluso de Curso, vinculados aos cursos de graduao, que cada vez mais tm alcanado significativa qualidade no sentido da produo de conhecimento. Consoante com esse novo movimento da formao dos alunos de curso de Servio Social, em que cada vez mais so postas exigncias ao padro de qualidade da produo acadmica dos alunos do curso, foi constituda a disciplina Seminrios de Pesquisa em Servio Social. Essa disciplina tem como objetivos gerais:

    acompanhar a execuo dos objetivos e metodologia definidos;

    assessorar o processo de orientao;

    qualificar os prprojetos e acompanhar a execuo das propostas definidas pelo aluno para a elaborao do Trabalho de Concluso de Curso.

    Assim, ofereceremos inicialmente o subsdio relacionado elaborao do projeto de pesquisa e em seguida passaremos discusso do Trabalho de Concluso de Curso. Sabemos que essa disciplina ser de fundamental importncia para oferecer a voc o respaldo que se mostra essencial para a elaborao de seu Trabalho de Concluso de Curso.

  • 8Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    Cabe destacar ainda que o Trabalho de Concluso de Curso uma exigncia para o trmino de sua graduao e deve ser um trabalho que represente sua formao. Deve ainda ser escrito observando os padres de qualidade esperados para um trabalho vinculado a um curso de graduao e, no caso do Servio Social, precisa ainda observar o que est disposto na Lei que regulamenta a profisso de assistente social e o Cdigo de tica. Para que voc consiga elaborar esse trabalho e esteja atento a todas as requisies que so postas pela ABNT e pelas legislaes que orientam a nossa profisso, ofereceremos nessa disciplina todas as informaes necessrias. Tais informaes so importantes tambm para embasar seu projeto de pesquisa.

    Esperamos que, dessa forma, seja possvel oferecer a voc as orientaes necessrias para embasar seu processo de produo do conhecimento e colaborar com a elaborao de seu projeto de pesquisa e posteriormente com seu Trabalho de Concluso de Curso. Porm, preciso atentar ainda para o fato de que as orientaes aqui postas tambm podem servir de referncia para estudos futuros em cursos de psgraduao ou mesmo para atividades acadmicas afins, como a elaborao de artigos e resenhas para apresentao em eventos ou demais atividades correlatas.

    IntRoDuo

    Para alcanar os objetivos da disciplina, nesse livro texto, os contedos sero dispostos em duas unidades.

    Na unidade I enfatizaremos a questo da elaborao de projetos de pesquisa e, com tal intento, sero oferecidas orientaes sobre como proceder para elaborar o projeto de pesquisa, alm de inserirmos tambm alguns modelos de referncia, dentre os quais o modelo recomendado pelo Comit de tica em Pesquisa da Universidade Paulista (UNIP). Tendo em vista a necessidade de subsidiar a elaborao tanto do projeto de pesquisa quanto do Trabalho de Concluso de Curso, tambm ofereceremos a voc as orientaes necessrias para se discutir a pesquisa bibliogrfica e a pesquisa de campo. Cabe destacar que, no aspecto bibliogrfico, forneceremos a voc a formao necessria organizao do processo de produo de conhecimento por meio da utilizao de dispositivos como resumo, resenha, fichamento e outros meios para sistematizar o conhecimento e fundamentar tanto o projeto de pesquisa quanto o Trabalho de Concluso de Curso.

    J na unidade II, vamos orientar os nossos estudos para o Trabalho de Concluso de Curso. Nesse sentido, discutiremos a organizao dos contedos, os captulos e tambm os formatos de metodologia e coleta de dados. Assim, com base nessas informaes ser possvel que voc comece a estruturar o seu Trabalho de Concluso de Curso.

    Seguindo o formato recomendado para os livrostextos da Universidade Paulista, aps cada unidade sero inseridos exerccios, assim como na plataforma de acesso da disciplina. Recomendamos que voc realize esses exerccios a fim de colaborar com a sistematizao dos conhecimentos oferecidos nesse material. Sugerimos ainda que busque realizar todas as atividades que sero propostas no decurso do material.

  • 9Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    SeminrioS de PeSquiSa em Servio Social

    Unidade IConforme dissemos, nesta unidade vamos discutir a elaborao do projeto de pesquisa. Algumas

    dessas informaes j foram oferecidas a voc no semestre passado e sero agora retomadas. Por isso, vamos rever as informaes relacionadas elaborao do projeto de pesquisa. Tambm vamos discutir sobre a pesquisa bibliogrfica e a pesquisa de campo e sobre o processo de orientao para a elaborao do projeto de pesquisa. Vamos ento iniciar com a discusso sobre o projeto de pesquisa.

    1 A PESquISA SocIAL E A ELAboRAo Do PRojEto DE PESquISA

    1.1 A pesquisa social: algumas aproximaes

    Saiba mais

    Para aprimorar seus conhecimentos sobre as questes relacionadas pesquisa recomendamos a leitura aos textos:

    MARSIGLIA, R. M. G. Orientaes bsicas para a pesquisa. 2006. FNEPAS. Disponvel em: . Acesso em: 28 jul. 2013.

    RAUPP, F. M.; BEUREN, I. M. Metodologia da pesquisa aplicvel s cincias sociais. [s. d.]. Disponvel em: . Acesso em: 28 jul. 2013.

    E a visita ao site:

    . Acesso em: 28 jul. 2013.

    Em tese, se mostra necessria uma retomada geral sobre a pesquisa em si, sobre o seu significado, suas finalidades e nveis, alm de outras informaes afins. Vejamos, ento, as principais definies apontadas por Gil (1999), Minayo (1999) e demais tericos.

    Gil (1999) nos diz que a pesquisa um processo formal e sistemtico para alcanar o conhecimento e assim tornase um mtodo cientfico para a produo de novos conceitos ou contedos. Dessa forma, o objetivo fundamental da pesquisa seria descobrir as respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos cientficos (op. cit., p. 42), ou seja, um processo de conhecimento, mas que s se torna possvel por meio do emprego de mtodos cientficos ou procedimentos cientficos. Portanto, a realizao da pesquisa demanda essencialmente um planejamento e uma organizao prvia de como ir acontecer o processo.

  • 10

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    Unidade I

    Ruiz (1996), complementando as explicaes, nos diz que devemos compreender a pesquisa como a:

    realizao concreta de uma investigao planejada, desenvolvida e redigida de acordo com as normas de metodologia consagradas pela cincia. o mtodo de abordagem de um problema de estudo que caracteriza o aspecto cientfico de uma pesquisa (op. cit., p. 48).

    Mesmo que em Cincias Humanas atualmente no seja necessrio comprovar cientificamente as informaes obtidas por meio da pesquisa, esta deve acontecer de forma planejada, programada previamente e pautada em normas cientficas, ou seja, em aspectos previamente delimitados que permitam a realizao da pesquisa.

    Gil ainda nos diz que atualmente tem sido usada a denominao pesquisa social para delimitar uma rea da pesquisa que se ocupa especificamente de identificar aspectos relacionados realidade social, ou, nos termos do autor, podese, portanto, definir pesquisa social como o processo que, utilizando a metodologia cientfica, permite a obteno de novos conhecimentos no campo da realidade social (GIL, 1999, p. 42). Setubal (2011) aponta que esse tipo de pesquisa o que tem sido mais usado no mbito do Servio Social. Ainda sobre esse tipo de pesquisa, Gil coloca que podemos ter finalidades diferenciadas, a depender do tipo de pesquisa desenvolvido, e que a pesquisa pode ter uma finalidade intelectual, pura ou aplicada.

    A pesquisa com finalidade intelectual tida pelo autor como aquela que tem como motivao o desejo de se conhecer a realidade e motivar aes. J a pesquisa pura busca estimular o desenvolvimento da cincia, do conhecimento. Nessa modalidade, a pesquisa no teria, segundo o autor, inteno de promover consequncias prticas. A pesquisa aplicada, porm, aquela realizada com o objetivo de motivar uma ao, uma interveno, uma aplicao ou, como nos diz Gil (1999, p.43), tem como caracterstica fundamental o interesse na aplicao, utilizao e consequncias prticas dos conhecimentos e seu interesse est voltado aplicao imediata numa realidade circunstancial.

    Antes de tratarmos dos nveis de pesquisa, de acordo com as orientaes de Gil (1999), veja a imagem a seguir em que as informaes sobre as finalidades da pesquisa esto sistematizadas para facilitar sua compreenso.

    Quadro 1 - Sistematizao das finalidades da pesquisa

    Intelectual

    Pura

    Aplicada

    Desejo de conhecer

    Motivao para a ao

    Progresso da Cincia

    Sem preocupao com a aplicao

    Interesse na aplicao

    Aplicao junto a uma realidade circunstancial

    Gil (1999) nos indica os seguintes nveis de pesquisa social: pesquisas exploratrias, pesquisas descritivas e pesquisas explicativas.

  • 11

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    SeminrioS de PeSquiSa em Servio Social

    As pesquisas exploratrias so aquelas que buscam desenvolver, esclarecer conceitos e ideias sobre determinados conceitos. Essas pesquisas demandam planejamento, porm, esse planejamento no precisa acontecer de forma rgida demais. Geralmente so respaldadas pelo levantamento bibliogrfico e documental, pela realizao de entrevistas no padronizadas e por estudos de casos, ou seja, por meio de aproximaes realidade que se busca pesquisar. Essas aproximaes so viabilizadas por meio de uma srie de procedimentos dentre os quais se destacam as pesquisas por amostragem e outras tcnicas qualitativas que viabilizem a coleta de dados. Para o autor, esse tipo de pesquisa utilizado quando o assunto ainda no muito conhecido. Em outras circunstncias, essa modalidade de pesquisa tambm utilizada como uma etapa inicial de um conhecimento mais amplo. Dessa forma, tornase uma investigao inicial, mas que poder resultar no esclarecimento de determinados conceitos.

    As pesquisas descritivas, por sua vez, destinamse a descrever caractersticas especficas de determinados aspectos, dentre os quais se destacam especificidades de uma determinada populao, de um fenmeno especfico ou ento de estabelecimento de situaes especficas. Essas pesquisas podem ainda buscar estudar as especificidades de um grupo. Nessas pesquisas, so usadas tcnicas padronizadas para a coleta de dados, e a motivao para sua realizao est na possibilidade de ao. Segundo Gil (1999), so as pesquisas mais requeridas por instituies educacionais, empresas comerciais e por partidos polticos.

    J as pesquisas explicativas esto orientadas a identificar e explicar os fatores que determinam certos fenmenos prximos da realidade. De acordo com Gil, esse seria o tipo de pesquisa em que temos uma maior aproximao realidade e que, em decorrncia disso, o tipo de pesquisa mais complexo e delicado e no qual se demanda, portanto, maior ateno aos procedimentos a serem realizados. Gil nos diz ainda que essas pesquisas esto assentadas no mtodo experimental, ou seja, na observao dos fenmenos sobre os quais se deseja imprimir a pesquisa.

    Veja a seguir a sistematizao dos nveis que encontramos nas pesquisas de natureza social, segundo Gil (1999):

    Quadro 2 - Sistematizao dos nveis da pesquisa

    Exploratrias

    Descritivas

    Explicativas

    Esclarecer conceitos

    Menor rigidez de planejamento, mas pautada em instrumentais especficos

    Descrio de fenmenos e do seu estabelecimento

    Utilizao de tcnicas padronizadas

    Identifica fatores que explicam os fenmenos

    Mais prximas da realidade

    Ou seja, so tipologias construdas com a finalidade de delimitar as diferentes possibilidades de organizao da pesquisa social. Voc pode at se perguntar, considerando seu projeto de pesquisa e o seu tema escolhido, a qual formato de pesquisa ir recorrer.

  • 12

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    Unidade I

    Derivando em partes da concepo de Gil, Ruiz (1996) indica espcies de pesquisa a exploratria, e ainda indica as pesquisas terica e aplicada. Para o autor, essas seriam as espcies de pesquisa possveis. Tambm para Gil (1999) a pesquisa exploratria aquela modalidade em que elaborada uma classificao inicial do problema, sendo que nessa pesquisa no temos a resoluo de problemas, mas sim uma aproximao ao objeto de estudo. Vamos estudar a pesquisa terica no item 2 dessa unidade, quando discutiremos a pesquisa bibliogrfica. J a pesquisa aplicada, tambm para Ruiz, demanda uma maior rigidez na delimitao de procedimentos a serem adotados para a produo do conhecimento, mas o autor no indica a necessidade de esse conhecimento ser colocado em prtica, diferindo assim das consideraes propostas por Gil.

    Lembrete

    Para Gil (1999) a pesquisa aplicada se destina a promover uma ao.

    Ruiz ainda nos diz que h como espcies de pesquisa a de campo e a de laboratrio. Estudaremos a pesquisa de campo no item 3. A de laboratrio se desenvolve como um processo coordenado de produo do conhecimento. Essa espcie acontece em ambientes onde as variveis podem ser controladas. Porm, para o autor, a de laboratrio no deve acontecer sem a pesquisa prvia bibliogrfica sobre o assunto em questo. A nosso ver esse o tipo de pesquisa menos usado em Servio Social.

    Cervo e Bervian (1996) tambm derivam em grande parte das colocaes dos autores mencionados. Tambm indicam a pesquisa bibliogrfica, a pesquisa descritiva e a pesquisa experimental, assim como o que proposto por Gil (1999). Conforme j salientamos, estudaremos a pesquisa bibliogrfica no item 2 deste livrotexto. Vamos ento indicar como Cervo e Bervian compreendem a pesquisa descritiva e experimental.

    De acordo com os autores, a pesquisa descritiva aquela que

    observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenmenos (variveis) sem manipullos. Procura descobrir, com a preciso possvel a frequncia com que um fenmeno ocorre, sua relao e conexo com outros, sua natureza e caractersticas (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 49).

    Nas Cincias Humanas e Sociais, a pesquisa descritiva mais comum e relacionada aos fenmenos sociais que influenciam a vida em sociedade em determinados momentos histricos. Em decorrncia disso, a pesquisa pode acontecer por meio de estudos exploratrios, estudos descritivos, pesquisas de opinio, pesquisas de motivao e tambm pesquisa documental.

    Os estudos exploratrios podem ser entendidos como o passo inicial no processo de pesquisa. Nesse momento, buscase apenas ampliar as informaes sobre determinados assuntos que sero tratados durante o desenvolvimento da pesquisa. Tais estudos tm por objetivo familiarizarse com o fenmeno ou obter nova percepo do mesmo e descobrir novas ideias (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 49). Para essa aproximao ao fenmeno, o estudo exploratrio deve realizar descries detalhadas sobre o fenmeno observado. Portanto, esse tipo de estudo recomendado quando o objeto estudado um assunto com poucas informaes. Apesar disso, essa pesquisa demanda um planejamento bastante flexvel.

  • 13

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    SeminrioS de PeSquiSa em Servio Social

    Os estudos descritivos seriam aqueles em que temos a descrio das caractersticas, propriedades ou relaes existentes na comunidade, grupo ou realidade pesquisada (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 50). Esses estudos tambm permitem uma maior compreenso.

    A pesquisa de opinio, como o prprio nome sugere, procurar identificar atitudes e opinies das pessoas sobre determinados assuntos e pode abranger um grande nmero de pessoas. Derivando desse formato, temos as pesquisas de motivao, que tambm englobam grande parcela da populao, mas, nesse caso, as pesquisas sero orientadas para identificar razes inconscientes que motivam as pessoas a consumir determinados produtos.

    Cervo e Bervian (1996) ainda nos falam a respeito do estudo de caso e da pesquisa documental. No sentido posto, o estudo de caso descrito como a pesquisa sobre um determinado indivduo, famlia, grupo ou comunidade para examinar aspectos variados de sua vida. J a pesquisa documental faz meno necessidade de serem investigados documentos a fim de se poder descrever e comparar usos, costumes, tendncias, diferenas e outras caractersticas (op. cit., p. 50).

    A pesquisa experimental aquela que

    caracterizase por manipular diretamente variveis relacionadas com o objeto de estudo. Nesse tipo de pesquisa, a manipulao das variveis proporciona o estudo da relao entre causas e efeitos de um determinado fenmeno. Atravs da criao de situaes de controle, procurase evitar a interferncia de variveis intervenientes. Interferese diretamente na realidade, manipulandose a varivel independente a fim de observar o que acontece com a dependente (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 51).

    Essas seriam as principais diferenciaes dos tipos de pesquisa, recorrendo aos tericos aqui sumariados, que so, atualmente, referncia no estudo em pesquisa. Para colaborar com a apreenso dos contedos tratados at o presente momento pelos diversos autores que estudamos, veja a imagem a seguir:

    Quadro 3 Sistematizao dos autores e formatos de pesquisa

    Gil

    Ruiz

    Cervo, Bervian

    Pesquisas exploratrias, descritivas e explicativas

    Pesquisas exploratrias, tericas, aplicadas, de campo e de laboratrio

    Pesquisas bibliogrficas, descritivas, experimentais

    Esperamos que esse breve levantamento sobre os tipos de pesquisa permita a voc a retomada sobre os aspectos aqui tratados. Por meio desses estudos, ser possvel ento tratarmos da elaborao de projetos de pesquisa. Antes de iniciarmos nossa retomada sobre o projeto de pesquisa, veja o exemplo

  • 14

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    Unidade I

    a seguir, que reproduz informaes sobre um colquio em que vrios grupos de pesquisa trazem para o debate parte dos resultados de pesquisas desenvolvidas junto a Universidades.

    Faculdade de Servio Social promove 2 Colquio Nacional

    Continuam abertas as inscries para o 2 Colquio Nacional Sobre o Trabalho do Assistente Social, a ser realizado entre os dias 31 de julho e 2 de agosto, na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). No evento, sero expostos cerca de 30 trabalhos com foco no trabalho do assistente social.

    O evento faz parte de um projeto integrado entre os programas de psgraduao em Servio Social da Ufal e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, da Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUCSP), que abriga a comisso coordenadora das pesquisas.

    Na Ufal, atuam trs grupos de pesquisa com o foco no trabalho do assistente social. Ao todo existem 11 docentes e vrios alunos de pesquisa e psgraduao desenvolvendo pesquisas nas trs instituies, relata Rosa Predes, coordenadora do projeto.

    Conforme a professora, o projeto tem uma durao de quatro anos e vai at 2015. Ele composto por intercmbios de estudantes entre as instituies e misses de estudos dos docentes, que circulam entre as universidades parceiras, mas todos os eventos sero concentrados na universidade alagoana.

    O evento desse porte importante para a consolidao da nossa psgraduao, pois ele tem abrangncia nacional. Para esse colquio houve 50 inscritos de vrias instituies, dos quais foram selecionados cerca de 30, acrescenta Rosa.

    Programao

    O evento inicia as 8h30 do dia 31, com abertura, seguido da mesaredonda Espaos scioocupacionais e tendncias do mercado de trabalho do Servio Social no contexto de reconfigurao das polticas sociais no Brasil: produo cientfica dos grupos de pesquisa. As atividades acontecero no Auditrio do antigo Csau, no Campus A. C. Simes.

    Outros temas, como Reestruturao produtiva, reforma do Estado e das polticas sociais e o trabalho do assistente social; Espaos scioocupacionais do Servio Social e mercado de trabalho, alm das atribuies e competncias profissionais do assistente social faro parte das discusses.

    O colquio voltado para assistentes sociais, docentes, psgraduandos, supervisores de campo, conselheiros do Conselho Regional de Servio Social (Cress), participantes dos grupos de pesquisa, preceptores do PET Sade, estudantes de graduao e estagirios.

    Fonte: ASCOM. Faculdade de Servio Social promove segundo colquio nacional. UFAL, 17 set. 2013. Disponvel em: . Acesso em: 28 jul. 2013.

  • 15

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    SeminrioS de PeSquiSa em Servio Social

    Exemplo de aplicao

    Considerando esse exemplo, reflita sobre a importncia desses eventos para a divulgao das pesquisas e da produo de conhecimentos a essas pesquisas vinculadas.

    Na sequncia vamos voltar o nosso olhar para a elaborao projeto de pesquisa.

    1.2 A Elaborao do projeto de pesquisa

    Saiba mais

    Recomendamos a consulta aos arquivos a seguir, nos quais temos exemplos de manuais elaborados por faculdades para orientar os alunos na elaborao de projetos de pesquisa:

    OLIVEIRA, R. M. Roteiro para elaborao de projeto de pesquisa. Barcelona: UNIPAC, 2002. Disponvel em: . Acesso em: 28 jul. 2013.

    GRAF, A. V. (Org.). Manual para elaborao do projeto de pesquisa das Faculdades Integradas Itapetininga. Itapetininga: Fundao Karnig Bazarian, 2012. Disponvel em: . Acesso em: 28 jul. 2013.

    E, no arquivo a seguir, temos um exemplo de relatrio de uma pesquisa j realizada:

    LOVATTO, J. (Org.). Relatrio final de pesquisa. Porto Alegre: Fundao Irmo Jos Oto. Disponvel em: . Acesso em: 28 jul. 2013.

    Pensar ou repensar a elaborao do projeto de pesquisa fundamental para o desenvolvimento das pesquisas cientficas. Nesse item, vamos nos reaproximar dos aspectos que devem compor um projeto de pesquisa bem elaborado. Esse projeto ser importante para orientar a realizao do Trabalho de Concluso de Curso.

    observao

    O projeto de pesquisa um instrumento que orienta a realizao da pesquisa cientfica.

  • 16

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    Unidade I

    Minayo (1999) nos diz que por meio do projeto de pesquisa que se torna possvel definir o objeto de conhecimento cientfico, bem como as formas que sero utilizadas para investiglo.

    Estamos definindo uma cartografia de escolhas para abordar a realidade (o que pesquisar, como, por qu). Esta etapa de reconstruo da realidade, entendida a como a definio de um objeto de conhecimento cientfico e as maneiras para investiglo (op. cit., p. 34).

    Ou seja, uma espcie de mapa que dever guiar o pesquisador na realizao de seu trabalho cientfico, no nosso caso, no Trabalho de Concluso de Curso. Esse mapeamento, nos termos de Minayo, colabora ainda para evitar os possveis imprevistos na realizao da pesquisa cientfica. Para a autora, a importncia do projeto de pesquisa no se esgota na definio, para o pesquisador, do caminho a ser seguido na pesquisa. um instrumento que comunica comunidade cientfica os objetivos da pesquisa. Ou seja, quando o aluno de graduao elabora seu projeto de pesquisa, est dizendo aos docentes, discentes e demais interessados como pretende realizar sua pesquisa. Nesse sentido, o projeto de pesquisa pode ser um meio para se obter financiamento de determinados rgos que custeiam pesquisas cientficas.

    Minayo (1999) nos diz que o projeto de pesquisa influenciado por trs dimenses: a tcnica, a ideolgica e a cientfica. Assim, todos os projetos trazem essas dimenses implcitas em seus contedos, mesmo que nem sempre isso aparea nos projetos de forma dividida, setorizada.

    A dimenso tcnica, segundo a autora, faz acepo a regras conhecidas como cientficas e que devem ser observadas na construo dos projetos. Essas regras devem permitir que se delimite o objeto da pesquisa e tornar claro como abordar tal objeto. Indicam os instrumentais que sero utilizados com tal finalidade. Sendo que a tcnica sempre diz respeito montagem de instrumentos, o projeto de pesquisa visto neste sentido como um instrumento da investigao (MINAYO, 1999, p. 34).

    A dimenso ideolgica, por sua vez est subjugada s escolhas tericas que o pesquisador faz. De tal maneira, influenciada tanto pelas escolhas tericas do pesquisador como por seus valores ideolgicos. Essa dimenso comporta assim valores ideolgicos e a fundamentao terica. Nesse sentido, para a autora, no h neutralidade cientfica, ou seja, as pesquisas so influenciadas pelas escolhas dos pesquisadores, por suas opes e no so imunes a essa influncia. O projeto de pesquisa histrico e socialmente condicionado. influenciado pelo meio cultural, social e econmico e, portanto, est relacionado a grupos, instituies, comunidades ou ideologias aos quais o pesquisador estiver vinculado (MINAYO, 1999).

    J a dimenso cientfica a responsvel por articular as duas dimenses anteriores. Isso significa que houve uma juno da tcnica que ser utilizada no projeto de pesquisa e as teorias e ideologias do pesquisador. Por isso, para se alcanar a dimenso cientfica necessria a superao do senso comum, j que o domnio das tcnicas e da teoria demanda estudo, dedicao e ir alm do conhecimento aparente. na dimenso cientfica que se torna possvel a reconstruo da realidade, observada a partir de um processo cientfico de categorizao, e que temos a unio da realidade emprica e do conhecimento terico. Essa dimenso, segundo Minayo (1999), viabiliza o acesso ao conhecimento.

  • 17

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    SeminrioS de PeSquiSa em Servio Social

    Todas essas dimenses so importantes e so interrelacionadas e interdependentes. Assim, so complementares e de forma associada colaboram para a elaborao de um projeto de pesquisa de qualidade. Veja, na representao a seguir, uma demonstrao dessa relao dialtica estabelecida entre as dimenses postas.

    Dimenso tcnica Dimenso cientfica

    Dimenso ideolgica

    Projeto de pesquisa

    Figura 2 As dimenses do projeto de pesquisa

    Alm das dimenses, a autora nos diz que um bom projeto de pesquisa deve responder s seguintes perguntas:

    o que pesquisar? (Definio do problema, hipteses, base terica e conceitual);

    por que pesquisar? (Justificativa da escolha do problema);

    para que pesquisar? (Propsitos do estudo, seus objetivos);

    como pesquisar? (Metodologia);

    quando pesquisar? (Cronograma de execuo);

    com que recursos? (Oramento);

    pesquisado por quem? (Equipe de trabalho, pesquisadores, coordenadores, orientadores) (MINAYO, 1999, p. 36).

    Vamos explicar com riqueza de detalhes o que deve ser posto em cada um desses itens, a comear pela definio do problema, que deve nos dizer sobre o que pesquisar. A autora nos diz que esse momento inicial o mais difcil da pesquisa, sobretudo para alunos de graduao, e que nele possvel definir o tema da pesquisa ou escolher o problema que a pesquisa pretende responder ou resolver. o momento de delimitao do objeto da pesquisa. Gil (1999) diz que toda pesquisa s tem incio quando o pesquisador se depara com algum problema a ser resolvido. O problema descrito pelo autor como qualquer questo no resolvida e que objeto de discusso, em qualquer domnio do conhecimento

  • 18

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    Unidade I

    (op. cit., p. 49). Como tal, deve ser apreendido por meio de mtodos cientficos de compreenso da realidade e demanda observao do fenmeno alm da manipulao de variveis que nos permitam o conhecimento de nosso problema. Para identificarmos o problema a que queremos responder, necessria uma delimitao inicial um pouco mais ampla e posteriormente fazer um recorte mais especfico e concreto sobre o assunto. Temos assim que definir a rea geral de interesse e em seguida delimitar especificamente sob quais aspectos iremos nos ater no projeto de pesquisa em questo. Nessa delimitao, precisamos orientar nosso enfoque sobre o tema em um formato individualizado e especfico (MINAYO, 1999).

    A autora nos apresenta como exemplo um interesse em estudar a violncia conjugal, o que uma delimitao ampla, geral. Partindo dessa delimitao, definese que, dentro das inmeras possibilidades de investigao que o tema nos sugere, o nosso interesse ser conhecer qual a representao que as mulheres agredidas possuem sobre esse fenmeno. Esta uma delimitao especfica que pode resultar no seguinte objeto de pesquisa: a representao sobre espancamentos elaborada a partir de mulheres maltratadas por seus esposos ou companheiros (op. cit., p. 38).

    Exemplo de aplicao

    Pensando no seu projeto de pesquisa, delimite o tema geral e o tema especfico. Se voc j fez essa delimitao, refaaa para verificar se o objeto est ou no bem delimitado.

    Essa aproximao ao tema provisria, posto que poder ser alterada no decurso da elaborao do projeto de pesquisa e medida que o pesquisador vai amadurecendo intelectualmente. Portanto, importante na delimitao do problema o conhecimento terico e um aprofundamento sobre o tema. importante tambm uma descrio com base nas informaes obtidas sobre o problema estudado. Minayo nos diz ainda que, para saber se um problema merece ou no uma pesquisa, precisamos tentar responder as seguintes perguntas:

    a) Tratase de um problema original?

    b) O problema relevante?

    c) Ainda que seja interessante, adequado para mim?

    d) Tenho hoje possibilidades reais para executar tal estudo?

    e) Existem recursos financeiros para a investigao deste tema?

    f) Terei tempo suficiente para investigar tal questo? (MINAYO, 1999, p. 39).

    Respondendo a essas perguntas podemos delimitar nosso tema de pesquisa e assim construir o projeto de pesquisa. Um problema precisa ser original, ou seja, no h sentido em fazer uma pesquisa de temas que j foram esgotados e aos quais no h nada mais a acrescentar. Isso nos dir assim se temos

  • 19

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    SeminrioS de PeSquiSa em Servio Social

    um problema relevante ou no. Sendo relevante, interessante para uma pesquisa e para o pesquisador, mas devese avaliar se este tem aptido para realizar esse tipo de pesquisa. Muitas vezes, as pesquisas so originais e relevantes, mas o pesquisador est em um dado momento de sua vida que o impede de realizla. Portanto, a escolha do problema tambm passa pela avaliao das possibilidades que de o pesquisador realizar a pesquisa. Nesse aspecto, tambm importante pontuar se o pesquisador ter tempo disponvel para a realizao da pesquisa a que se prope. Tambm importante avaliar se a pesquisa vai demandar recursos financeiros.

    Gil (1999) ainda nos indica que a escolha do problema pode tambm ser pautada em outras perguntas, sendo elas: por que pesquisar? Qual a importncia do fenmeno a ser pesquisado? Que pessoas ou grupos se beneficiaro com seus resultados? (op. cit., p. 50). De forma que, alm das colocaes postas anteriormente por Minayo (1999), tambm podemos usar essas perguntas propostas por Gil (1999) para definir se o nosso problema relevante para motivar a realizao da pesquisa ou no.

    Mas Gil nos diz que, para delimitar o nosso problema de pesquisa e assim definir nosso objeto de estudo, precisamos nos pautar em alguns aspectos, alm das perguntas elencadas, dentre os quais: relevncia, oportunidade, comprometimento e modismo. Gil nos diz que a relevncia deve ser pautada em uma ponderao: o tema trar benefcios em termos cientficos e em termos prticos? Os termos cientficos so descritos pelo autor como a possibilidade de a pesquisa possibilitar a obteno de novos conhecimentos sobre o tema que se pretende estudar. Assim, necessria a realizao de um estudo bibliogrfico sobre o que se deseja pesquisar e ento deliberar se a pesquisa proposta vai colaborar com a produo do conhecimento. Por meio do levantamento da bibliografia relacionada ao tema o pesquisador est

    entrando em contato com as pesquisas j realizadas, verificando quais os problemas que no foram pesquisados, quais os que no o foram adequadamente e quais os que vm recebendo respostas contraditrias (GIL, 1999, p. 51).

    De acordo com Gil, a relevncia prtica est relacionada aos benefcios sociais que podero ser alcanados a partir da realizao da pesquisa, sendo que tais benefcios podem ser direcionados a quem props a pesquisa. Assim sendo, rgos estatais ou privados que tm interesse em desnudar uma determinada realidade podem ser beneficiados com os resultados obtidos pela pesquisa. A relevncia prtica tambm est direcionada aos valores de uma determinada sociedade; de acordo com os valores sociais assumidos por esta, a pesquisa pode ser considerada relevante ou no. Alm disso, a relevncia tambm est orientada aos valores de quem julga o projeto, que por sua vez est tambm ancorado nos princpios que regem a sociedade em determinados momentos histricos. Isso posto, o que pode ser relevante para um pode no ser para outro (1999, p. 51). Para delimitar se uma pesquisa possui relevncia prtica, Gil indica algumas questes de referncia sendo tais: qual a relevncia do estudo para determinada sociedade? Quem se beneficiar com a resoluo do problema? Quais so as consequncias sociais do estudo? (1999, p. 51). Respondendo a essas perguntas ser possvel mensurar se uma pesquisa importante ou no.

  • 20

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    Unidade I

    Alm da relevncia, Gil ainda indica que a delimitao do problema deve se pautar na questo da oportunidade. Isso significa que muitas vezes escolhemos um tema porque temos condies que facilitam a realizao a pesquisa. Precisamos, ento, avaliar se teremos condies de realizar a pesquisa, ou seja, se teremos oportunidade de realizla ou no. Nesse processo, devese considerar ainda se haver financiamento para a pesquisa ou se alguma instituio ir conceder condies materiais e assim sucessivamente.

    Gil tambm diz que fundamental que exista o comprometimento do pesquisador com seu estudo, caso contrrio ser extremamente difcil delimitar o tema e realizar a pesquisa. E, em relao ao modismo, o autor nos indica que muitos temas so escolhidos por impulso, por estarem sendo discutidos na sociedade naquele momento. Para ele, necessrio tomar cuidado com essa postura, evitando assim a escolha de um problema que no seja to relevante e com o qual o pesquisador no esteja to comprometido como deveria.

    A fim de clarificar a elaborao do problema, Gil nos indica algumas regras de orientao:

    a) O problema deve ser formulado como uma pergunta. Este procedimento facilita a identificao do que efetivamente se deseja pesquisar [...]

    b) O problema deve ser delimitado a uma dimenso vivel. Frequentemente o problema formulado de maneira to ampla que se torna impraticvel chegar a uma soluo satisfatria. Nem todos os aspectos do problema podem ser pesquisados simultaneamente. Tornase necessrio, portanto, reduzir a tarefa a um aspecto que possa ser tratado em um nico estudo, ou dividido em subquestes que possam ser tratadas em estudos separados [...]

    c) O problema deve ter clareza. Os termos utilizados devem ser claros, deixando explicito o significado com que esto sendo utilizados [...]

    d) O problema deve ser preciso. Embora com significado esclarecido, nem sempre os termos apresentados na formulao do problema deixam claros os limites de sua aplicabilidade [...]

    e) O problema deve apresentar referncias empricas [...] (GIL, 1999, p. 54).

    Tendo sido realizada a delimitao do tema, do problema, podemos ento passar elaborao do projeto. Temos uma srie de modelos que podem ser usados como referncia elaborao de projetos, mas aqui vamos nos respaldar no modelo proposto por Minayo (1999) e por Lakatos e Marconi (1991).

  • 21

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    SeminrioS de PeSquiSa em Servio Social

    Minayo (1999) nos diz que o projeto de pesquisa deve conter os seguintes itens:

    a) Delimitao do problema.

    b) Objetivos.

    c) Justificativa.

    d) Base terica e pressupostos conceituais e hipteses.

    e) Metodologia.

    f) Cronograma.

    g) Estimativa de custos.

    h) Bibliografia.

    i) Anexos.

    J para Lakatos e Marconi (1991), o projeto precisa ser composto tomando como base os itens:

    a) Apresentao.

    b) Objetivo, composto por tema, delimitao do tema, objetivo geral e objetivos especficos.

    c) Justificativa.

    d) Objeto, composto por problema, hiptese bsica, hipteses secundrias e variveis;

    e) Metodologia.

    f) Embasamento terico.

    g) Cronograma.

    h) Oramento.

    i) Bibliografia.

    Como possvel notar, os modelos apresentados so extremamente parecidos, sendo a maior diferena a disposio dos itens. O quadro a seguir deixa mais clara essa diferena:

  • 22

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    Unidade I

    Quadro 4 Modelos propostos para elaborao de projetos de pesquisa

    Modelo de Minayo Modelo de Lakatos e Marconi

    a) Delimitao do problema;

    b) Objetivos;

    c) Justificativa;

    d) Base terica e pressupostos conceituais e hipteses;

    e) Metodologia;

    f) Cronograma;

    g) Estimativa de custos;

    h) Bibliografia;

    i) Anexos.

    a) Apresentao;

    b) Objetivo, composto por tema, delimitao do tema, objetivo geral e objetivos especficos;

    c) Justificativa;

    d) Objeto, composto por problema, hiptese bsica, hipteses secundrias e variveis;

    e) Metodologia;

    f) Embasamento terico;

    g) Cronograma;

    h) Oramento;

    i) Bibliografia.

    Como os modelos so muito parecidos, vamos optar pelo modelo de Minayo, por ser o mais atual e ainda por ser o que mais tem sido usado na academia. Vamos assim identificar os tpicos em questo, excluindo apenas a delimitao do problema, posto que j estudamos esse assunto. Vamos assim detalhar o que cada item do projeto deve conter, recorrendo tanto a Minayo como a outros tericos afins.

    1.2.1 Objetivos

    Para Minayo (1999), o objetivo o item em que se deve fazer meno ao que pretendemos alcanar a partir da realizao da pesquisa. Dessa maneira, precisamos indicar o que pretendido com a pesquisa, que metas almejamos alcanar ao trmino da investigao (op. cit., p. 42). Para a autora, devemos elaborar objetivos que podero ser posteriormente alcanados com a nossa pesquisa. Portanto, nosso objetivo precisa estar essencialmente relacionado ao tema de nosso estudo. Normalmente, elaborado um objetivo geral e outros objetivos especficos. No objetivo geral, so tratadas as dimenses mais amplas que a pesquisa pretende alcanar durante seu desenvolvimento, ao passo que nos objetivos especficos devem ser postas as particularidades que pretendemos alcanar a partir da realizao da pesquisa. Esses objetivos tambm precisam estar relacionados. Minayo ainda recomenda que os objetivos sejam iniciados com verbos no infinitivo sendo esse um padro comum nos projetos de pesquisa. Para demonstrar a aplicabilidade da elaborao de objetivos, Minayo indica os seguintes exemplos: analisar os fatores que desencadeiam ou predispem a agresso de maridos contra suas companheiras ou conhecer as opinies das mulheres maltratadas por maridos sobre a violncia por elas sofrida (1999, p. 42), derivando do problema elencado pela autora.

    J Lakatos e Marconi (1991) nos dizem que o objetivo deve ser o item em que responderemos s questes: para qu? e para quem? (op. cit., p. 218), e tambm indicam a necessidade de elaborao de um objetivo geral e de objetivos especficos. As autoras colocam que o objetivo geral deve ser aquele em que oferecemos uma viso ampla do que pretendemos alcanar com o tema de nossa pesquisa. Para a elaborao desse objetivo, preciso que sejam observados com especial ateno o tema de estudo e

  • 23

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    SeminrioS de PeSquiSa em Servio Social

    os fenmenos e os eventos relacionados a ele. O objetivo geral precisa estar relacionado ao significado da pesquisa proposta no projeto. Os objetivos especficos, por sua vez, devem estar vinculados ao geral e indicar quais sero os esforos necessrios para se alcanar o que foi posto no objetivo geral. Esses apresentam um carter concreto, porque so os responsveis pela implementao da pesquisa. Tm funo intermediria e instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro, apliclo a situaes particulares (op. cit., p. 219).

    1.2.2 Justificativa

    Minayo (1999) nos diz que a justificativa o campo em que devemos indicar a relevncia da pesquisa que pretendemos realizar. Em outras palavras, o campo do projeto em que precisamos explicar por que tal pesquisa dever ser empreendida. Segundo a autora, a elaborao da justificativa pode ter como base as respostas a trs perguntas: quais motivos a justificam? Que contribuies para a compreenso, interveno ou soluo para o problema trar a realizao de tal pesquisa? (op. cit., p. 42). Na justificativa, necessrio destacar a relevncia intelectual e prtica que ser alcanada pela pesquisa. Essas informaes podem ser extradas dos dados obtidos na delimitao do problema. Tambm importante indicar a experincia do investigador no processo de elaborao da pesquisa.

    J Lakatos e Marconi (1991) colocam que devemos oferecer respostas ao porqu de se realizar a pesquisa, o que motivaria sua realizao. As autoras ainda nos dizem que a justificativa deve estar respaldada nos seguintes itens:

    o estgio em que se encontra a teoria respeitante ao tema; as contribuies tericas que a pesquisa pode trazer:

    confirmao geral;

    confirmao na sociedade particular em que se insere a pesquisa;

    especificao para casos particulares;

    clarificao da teoria;

    resoluo de pontos obscuros etc.;

    importncia do tema do ponto de vista geral;

    importncia do tema para os casos particulares em questo;

    possibilidade de sugerir modificaes no mbito da realidade abarcada pelo tema proposto;

    descoberta de solues para casos gerais e/ou particulares etc. (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 219).

  • 24

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    Unidade I

    Todos esses aspectos precisam ser suficientemente discutidos na elaborao de uma justificativa, j que, por meio dela, ser possvel deixar claro quais informaes possumos sobre o tema estudado, alm de discutirmos sobre a importncia do tema e a possibilidade que este tem em provocar mudanas na realidade posta. Apesar de demandar uma exposio geral sobre o tema, segundo Lakatos e Marconi, na justificativa no necessria e nem recomendada a utilizao de citaes de autores.

    A justificativa tambm deve destacar a importncia que o conhecimento a ser produzido poder ter junto realidade. Demanda, segundo Lakatos e Marconi (1991), que o pesquisador possua capacidade de convencer o leitor em sua argumentao.

    Exemplo de aplicao

    Avaliando seu projeto de pesquisa, possvel considerar que sua justificativa atende s orientaes postas? Argumente.

    1.2.3 Base terica e pressupostos conceituais e hipteses

    Minayo nos diz que nesse espao que devemos delinear as bases que iro oferecer sustentao para o projeto de pesquisa e para a realizao da pesquisa em si. Para a autora, tratase de um espao no qual o pesquisador precisa fazer uma definio clara dos pressupostos tericos, das categorias e conceitos a serem utilizados durante a pesquisa (1999, p. 40). o momento de se estabelecer uma relao entre a realidade a ser observada e os estudos tericos j organizados em relao ao tema. Assim, na justificativa, devese estabelecer um dilogo entre a teoria e o problema a ser investigado (1999, p. 40). Para Minayo, na justificativa necessria apenas uma exposio simples, que deve ser sinttica, objetiva e especialmente orientada a discutir o tema. No apenas uma reviso literria, mas uma teoria que seja correlacionada ao objeto de pesquisa. Lakatos e Marconi (1991) definem esse espao do projeto usando o termo embasamento terico, sendo este composto pelo que chamam de teoria de base, reviso bibliogrfica e definio de termos. A teoria de base compreendida pelas autoras como informaes que buscam relacionar a pesquisa a um determinado universo terico. Essa teoria dever oferecer o embasamento necessrio interpretao de dados coletados e fatos que so observados com a realizao da pesquisa e est ancorada na exposio de premissas e pressupostos tericos sobre o tema da pesquisa.

    A reviso bibliogrfica, por sua vez, est relacionada a uma retomada das pesquisas anteriores sobre o tema, incluindo ainda as informaes possveis por meio de referncias bibliogrficas ou documentais. J a definio de termos faz meno descrio necessria do significado dos termos que sero utilizados durante a elaborao do projeto de pesquisa e tambm durante a realizao da pesquisa (LAKATOS; MARCONI, 1991). Ou seja, tratase de um momento em que o pesquisador precisa deixar claros os ideais tericos e ideolgicos que iro sustentar a sua pesquisa e que permitiro realizar a anlise do objeto estudado. Dessa maneira, ser possvel estabelecer uma interlocuo entre a teoria e a realidade estudada.

  • 25

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    SeminrioS de PeSquiSa em Servio Social

    Exemplo de aplicao

    Retomando seu projeto de pesquisa, avalie at que ponto sua justificativa est prxima ao que apresentamos. Se voc ainda no conseguiu elaborar esse item, procure estar alinhando ao que posto nessas orientaes.

    J em relao s hipteses, Minayo nos diz que so indagaes, questionamentos que devem ser investigados durante o desenvolvimento da pesquisa. So afirmaes provisrias e que retratam o olhar do pesquisador e a realidade a ser pesquisada (1999, p. 40). Podem ser pautadas na observao emprica, em resultados de outras pesquisas, de outras teorias ou mesmo pela intuio do pesquisador. Minayo diz ainda que podem ser elaboradas uma ou mais hipteses. Para a autora, uma hiptese precisa apresentar as caractersticas:

    a) Deve ter conceitos claros [...]

    b) Deve ser especfica. Muitas hipteses, apesar de claras, so expressas em termos muito amplos [...]

    c) No deve se basear em valores morais. Algumas hipteses lanam adjetivos duvidosos, como bom, mau, prejudicial etc.

    d) O ltimo item e o mais importante diz respeito a que toda hiptese deve ter como base uma teoria que a sustente (MINAYO, 1999, p. 41).

    J Lakatos e Marconi (1991) definem as hipteses como componentes do objeto de estudo que devem auxiliar na delimitao deste. As autoras dividem as hipteses em bsicas e secundrias. A bsica aquela que busca investigar a resposta conferida ao problema da pesquisa. A hiptese bsica sinaliza uma provvel resposta ao problema apresentado. Sendo assim, a hiptese bsica provvel, suposta e provisria (op. cit.), podendo ser alterada a partir da realizao da pesquisa. Dentre os diversos tipos de hipteses, Lakatos e Marconi nos indicam as seguintes:

    as que afirmam, em dada situao, a presena ou ausncia de certos fenmenos;

    as que se referem natureza ou caractersticas de dados fenmenos, em uma situao especfica;

    as que apontam a existncia ou no de determinadas relaes entre fenmenos;

    as que prevem variao concomitante, direta ou inversa, entre certos fenmenos etc. (1991, p. 220).

  • 26

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    Unidade I

    Ou seja, uma variao de hipteses bsicas. A hiptese bsica a principal e ser complementada pelas secundrias. Estas podem abarcar detalhes daquela ou ento discutir aspectos que no foram tratados.

    J para Gil, a hiptese uma suposta resposta ao problema a ser investigado. uma proposio que se forma e que ser aceita ou rejeitada somente depois de devidamente testada (1999, p. 56).

    Gil ainda nos diz que h trs tipos de hipteses: as casusticas, as que se referem frequncia dos acontecimentos e as que estabelecem relaes entre as variveis. As hipteses casusticas so aquelas que so construdas tomando como base o que h de comum em determinados casos, objetos, pessoas ou fatos especficos. So condicionadas por determinadas caractersticas que podem ser comuns. J as hipteses que se referem frequncia dos acontecimentos so respaldadas na observao de pesquisas descritivas, antecipam que determinadas caractersticas ocorrem com maior intensidade em um grupo, sociedade ou cultura especfica. E, por fim, as hipteses que estabelecem relaes entre variveis so aquelas em que se observa uma determinada classificao de acordo com determinadas categorias, relacionandoas ao objeto de estudo. Gil tambm indica que as hipteses podem ser compostas com base na observao, em pesquisas j realizadas e tambm em teorias j construdas sobre o objeto de estudo. As hipteses tambm podem ser elaboradas, de acordo com o autor, com base na intuio.

    Para o autor, as hipteses devem apresentar as seguintes caractersticas:

    a) Deve ser conceitualmente clara. Os conceitos na hiptese, particularmente os referentes a variveis, precisam estar claramente definidos. Devese preferir as definies operacionais, isto e, aquelas que indicam as operaes particulares que possibilitam o esclarecimento do conceito [...]

    b) Deve ser especfica. Muitas hipteses so conceitualmente claras, mas envolvem conceitos to amplos que sua operacionalizao tornase difcil [...]

    c) Deve ter referncias empricas. As hipteses que envolvem julgamentos de valor no podem ser adequadamente testadas. Palavras como bom, mau, deve e deveria, no conduzem verificao emprica, devendo ser evitadas na construo de hipteses [...]

    d) Deve ser parcimoniosa. Uma hiptese simples sempre prefervel a uma mais complexa, desde que tenha o mesmo poder explicativo [...]

    e) Deve estar relacionada com as tcnicas disponveis. Nem sempre uma hiptese teoricamente bem elaborada pode ser testada empiricamente. necessrio que haja tcnicas adequadas para a coleta de dados exigidos para o seu teste. Por essa razo, recomendase aos pesquisadores o exame de relatrios de pesquisa

  • 27

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    SeminrioS de PeSquiSa em Servio Social

    sobre o assunto a ser investigado, com vistas no conhecimento das tcnicas utilizadas. Quando no forem encontradas tcnicas disponveis para o teste das hipteses, o mais conveniente passa a ser a realizao de uma pesquisa sobre as tcnicas de pesquisa necessrias. Ou, ento, a reformulao da hiptese com vistas no seu ajustamento s tcnicas disponveis.

    f) Deve estar relacionada com uma teoria. Em muitas pesquisas sociais este critrio no considerado. Entretanto, as hipteses elaboradas sem qualquer vinculao s teorias existentes no possibilitam a generalizao de seus resultados (GIL, 1999, p. 6263).

    Notase que as definies de Gil so semelhantes s postas por Minayo, mas mais detalhadas, especficas.

    1.2.4 Metodologia

    A metodologia indica os mtodos e tcnicas utilizados para a realizao da pesquisa, alm das escolhas que o pesquisador faz para atender, para contemplar o seu problema, alcanando assim os objetivos a que se props. Na metodologia, devem ser descritas informaes sobre o espao em que a pesquisa ser realizada, podendo ser a pesquisa de campo ou bibliogrfica, mas tambm nesse campo que o pesquisador dever sumariar quais sero os instrumentos e as tcnicas das quais se valer para realizar a anlise dos dados. Ou seja, na metodologia no devemos apenas descrever como faremos a pesquisa, mas tambm devemos deixar claro sob que bases faremos a anlise dos dados que forem obtidos ou, nas palavras de Minayo:

    a metodologia no s contempla a fase de explorao de campo (escolha do espao da pesquisa, escolha do grupo de pesquisa, estabelecimento dos critrios de amostragem e construo de estratgias para a entrada em campo) como a definio de instrumentos e procedimentos para a anlise dos dados (1999, p. 43).

    Essas informaes precisam ser detalhadas, mesmo se realizarmos uma pesquisa bibliogrfica, ou seja, precisamos definir o universo de nossa pesquisa, quais sero os trabalhos analisados e o porqu, definindo assim o grupo escolhido e os critrios de amostragem. Portanto, a metodologia no restrita a pesquisas realizadas em campo, ou seja, em pesquisas que envolvem a relao com a realidade. Minayo (1999), buscando colaborar com o esclarecimento desse conceito, diz que a metodologia composta por trs aspectos: definio da amostragem, coleta de dados e organizao e anlise de dados.

    A definio da amostragem uma delimitao que fazemos sobre quais indivduos ou quais documentos iremos respaldar a nossa pesquisa. Em pesquisa social no h necessidade de se atingir nmeros elevados, portanto, definir a amostra no definir quantidade. necessrio delimitar quais aspectos ou quais indivduos tm maior relao com o tema e podero colaborar com nossos estudos.

  • 28

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    Unidade I

    A pesquisa qualitativa no se baseia no critrio numrico para garantir sua representatividade. Uma pergunta importante neste item quais indivduos tm uma vinculao mais significativa para o problema a ser investigado? A amostragem boa aquela que possibilita abranger a totalidade do problema investigado em suas mltiplas dimenses (MINAYO, 1999, p. 42).

    Ou seja, poder haver pesquisas de campo em que um caso seja representativo ou outras em que ser necessria uma anlise maior de casos. Isso vai depender se essa amostra conseguir contemplar ou no as indagaes feitas em relao ao nosso problema de pesquisa.

    A coleta de dados faz meno acepo das tcnicas nas quais nos pautaremos, sendo que podemos usar entrevistas, observaes e outras tcnicas afins para a pesquisa de campo ou ento a base de documentos sobre os quais nos respaldaremos para realizar a pesquisa bibliogrfica. Ou seja, precisamos deixar extremamente claro como a pesquisa ser operacionalizada. O mais correto que mesmo detalhando os mecanismos que sero utilizados para a coleta de dados, estes sejam anexados aos projetos de pesquisa, sobretudo para aqueles em que a pesquisa acontecer envolvendo seres humanos ou ento quando essa for uma exigncia posta por agncias de financiamento de pesquisas. Tratase de casos de entrevistas, formulrios ou outros instrumentais que devero ser previamente elaborados pelo pesquisador. Sintetizando, na coleta de dados

    devemos definir tcnicas a serem utilizadas tanto para a pesquisa de campo (entrevistas, observaes, formulrios, histria de vida) como para a pesquisa suplementar de dados, caso seja utilizada pesquisa documental, consulta a anurios, censos. Geralmente se requisita que seja anexado ao projeto o roteiro dos instrumentos utilizados em campo (MINAYO, 1999, p. 43).

    Enganase, portanto, quem acredita que em pesquisa bibliogrfica no h a necessidade de delimitao sistemtica, de uma metodologia de pesquisa. Na organizao e anlise de dados, devemos detalhar as informaes de como os dados obtidos sero dispostos no trabalho e como esses sero analisados. Isso porque a pesquisa no se esgota no levantamento de dados, mas sim a partir do momento em que se torna possvel realizar a anlise dos dados obtidos.

    Devemos descrever com clareza como os dados sero organizados e analisados. Por exemplo, as anlises de contedo, de discurso, ou anlise dialtica so procedimentos possveis para a anlise e interpretao dos dados e cada uma destas modalidades preconiza um tratamento diferenciado para a organizao e sistematizao dos dados (MINAYO, 1999, p. 4344).

    O instrumental define, ou condiciona, a forma de exposio dos dados. Portanto, a forma de anlise tambm condicionada pelos instrumentais utilizados para a realizao da pesquisa. Nesse aspecto, a nosso ver, fundamental ter embasamento terico sobre o tema, ou seja, somente com o recorte de uma teoria especfica ser possvel analisar os dados obtidos, indicando assim que o projeto, para ser de fato bom, precisa estar totalmente interligado e coerente.

  • 29

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    SeminrioS de PeSquiSa em Servio Social

    Outras informaes sobre a questo da metodologia nos so concedidas por Lakatos e Marconi. Para essas autoras, a metodologia o campo no qual devemos dar resposta s seguintes questes: como?, com quem?, onde? quanto? (1991, p. 221), sendo que essas perguntas podem ser respondidas se descrevermos nesse item alguns aspectos como: o mtodo de abordagem, o mtodo de procedimento, as tcnicas e a delimitao do universo ou a descrio da populao. O mtodo de abordagem descrito pelas autoras como a forma que o pesquisador ir usar para se apropriar do conhecimento produzido, comportando assim as formas de anlise das informaes que foram obtidas por meio da realizao da pesquisa. No est restrito utilizao de tcnicas, mas sim forma de tratar as informaes obtidas na pesquisa com base nos instrumentais que foram usados para sua realizao. Partindo do pressuposto dessa diferena, o mtodo se caracteriza por uma abordagem mais ampla, em nvel de abstrao mais elevado, dos fenmenos da natureza e da sociedade (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 221).

    No Servio Social, o mtodo que mais tem sido usado o dialtico, pois compreende os fenmenos como em constante construo, em constante devir no movimento tese, anttese e sntese. J os mtodos de procedimento fazem meno a etapas que so firmadas para que a pesquisa acontea. Esses mtodos de procedimento tm o objetivo de explicar de forma genrica fenmenos que no sejam abstratos. Demandam assim uma atitude concreta para a apreenso dos fenmenos investigados, ou seja, so procedimentos de ao adotados para a realizao da pesquisa.

    observao

    Lakatos e Marconi (1991, p. 222) indicam que os principais mtodos de procedimento utilizados nas pesquisas em Cincias Sociais so os seguintes:

    histrico;

    comparativo;

    monogrfico ou estudo de caso;

    estatstico;

    tipolgico;

    funcionalista;

    estruturalista.

    Ou seja, o pesquisador precisa ter claro se ir se respaldar em um mtodo histrico ou comparativo e assim sucessivamente. E, tendo essas informaes esclarecidas, necessrio que o pesquisador as descreva em seu projeto de pesquisa.

  • 30

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    Unidade I

    As tcnicas, por seu lado, fazem meno a uma srie de instrumentais que podem ser utilizados para a realizao da pesquisa cientfica. Demandam ainda habilidade para o manuseio dos instrumentais por parte dos pesquisadores e esto relacionadas instrumentalizao da pesquisa.

    Consideradas como um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma cincia, so, tambm, a habilidade para usar esse preceitos ou normas, na obteno de seus propsitos. Correspondem, portanto, parte prtica de coleta de dados (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 222).

    Como tcnicas indicadas pelas autoras temos a documentao indireta, relacionada pesquisa documental e bibliogrfica, e a documentao direta, que pode ser alcanada por meio da observao, da entrevista, dos questionrios, dos formulrios, dentre outros instrumentais.

    A delimitao do universo, tambm descrita pelas autoras com o termo descrio da populao, faz meno aos seres animados e inanimados que possuem caractersticas comuns e sobre os quais ser realizada a pesquisa. Quando delimitamos o nosso universo da pesquisa estamos deixando claro em nosso projeto de pesquisa com quais sujeitos realizaremos a pesquisa.

    Conceituando, universo ou populao o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma caracterstica em comum [...]. A delimitao do universo consiste em explicitar que pessoas ou coisas, fenmenos etc. sero pesquisados, enumerando suas caractersticas comuns, como, por exemplo, sexo, faixa etria, organizao a que pertencem, comunidade onde vivem etc. (op. cit., p. 223).

    Sendo essa delimitao algo extremamente necessrio para explicar sobre qual pblicoalvo ser a pesquisa ou sobre quais documentos e assim sucessivamente.

    Complementando a questo da delimitao do universo, temos a definio do tipo de amostragem. Essa delimitao tornase necessria apenas quando a pesquisa no censitria, isto , no abrange a totalidade dos componentes do universo, surgindo a necessidade de investigar apenas uma parte dessa populao (LAKATOS; MARCONI, 1999, p. 223). Para as autoras, o dificultador da definio da amostra , em tese, escolhla. Isso porque a amostra deve ser entendida como uma representao da totalidade. O conceito de amostra ser uma poro ou parcela, convenientemente selecionada do universo (populao); um subconjunto do universo (op. cit., p. 223). Sendo que necessria a delimitao de todos esses aspectos para que seja possvel compor a metodologia em um projeto de pesquisa. Por meio dessa delimitao, possvel orientar o desenvolvimento da pesquisa e assim levantar os dados disponveis para a construo do Trabalho de Concluso de Curso.

    Exemplo de aplicao

    Prezado aluno, se voc j conseguiu elaborar sua metodologia, comparea com as orientaes aqui postas. Se ainda no elaborou, faao vista desses elementos.

  • 31

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    SeminrioS de PeSquiSa em Servio Social

    1.2.5 Cronograma

    O cronograma o item em que definido o tempo necessrio para a realizao das atividades postas pelo projeto. Pode ser representado por tabelas ou grficos e nele devem constar as atividades que sero desenvolvidas e em que perodo. Lakatos e Marconi nos dizem que a elaborao do cronograma deve responder pergunta: quando? (1991, p. 226). As autoras colocam que a pesquisa deve ser primeiramente dividida em partes, que fazem meno s atividades que sero executadas. Aps essa diviso em partes necessrio indicar quanto tempo em mdia ser necessrio para o desenvolvimento de cada uma das atividades propostas. H a possibilidade de vrias atividades serem desenvolvidas ao mesmo tempo, mas h atividades que s podem ser desenvolvidas se anteriormente forem realizadas outras intervenes. Por exemplo, impossvel realizar uma anlise de dados sem ter realizado a coleta das informaes.

    A elaborao do cronograma fundamental para orientar o processo de pesquisa. Veja um exemplo de cronograma elaborado para facilitar a sua apreenso sobre o assunto:

    Quadro 5 Modelo de cronograma

    Atividade 1. ms 2. ms 3. ms 4. ms 5. ms 6. ms

    Reviso bibliogrfica X X X X X X

    Montagem dos instrumentos de coleta de dados X

    Prtestes dos instrumentos de coleta de dados X

    Aplicao dos instrumentos de coleta de dados X

    Tabulao dos dados X

    Anlise dos dados obtidos X

    Incio da sistematizao dos dados analisados X

    Como podemos observar, um item simples, porm fundamental para orientar o desenvolvimento das atividades vinculadas pesquisa.

    1.2.6 Estimativa de custos

    Minayo (1999) nos diz que esse item deve ser preenchido apenas em projetos que buscam financiamento para suas aes. No entanto, bom que se ressalte que, em alguns cursos de graduao e psgraduao, necessrio que os projetos, mesmo que no busquem financiamento, tenham esse item preenchido, j que, segundo essa tica, no h projetos sem custo.

    Minayo tambm indica que a elaborao dos custos pode ser facilitada se esses forem agrupados em duas categorias: gastos com pessoal e gastos com material permanente e de consumo. A autora ainda chama a nossa ateno para o fato de que, antes de elaborar um oramento para um projeto, devese considerar para qual instituio este ser enviado. Assim, importante observar que h agncias de financiamento que podero custear determinados gastos do projeto, mas no outros. Portanto, no adianta elaborar um oramento e passlo para a apreciao de uma instituio que no custeia determinadas pessoas ou ento gastos especficos.

  • 32

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    Unidade I

    J Lakatos e Marconi (1991, p. 226) dizem que no oramento devemos responder pergunta com quanto?, se pretendemos realizar nossa pesquisa. Ao contrrio de Minayo, estas autoras no destacam que esse item necessrio apenas quando se deseja financiamento, o que nos leva a crer que para eles o oramento deve ser elaborado em todos os projetos de pesquisa. Lakatos e Marconi tambm colocam que, para uma melhor organizao dos custos, h a necessidade de separao dos gastos segundo os itens afins. Para elas podemos separar os gastos em pessoal e material. Os gastos com pessoal incluiriam valores destinados da seguinte forma: do coordenador aos pesquisadores de campo, todos os elementos devem ter computados os seus ganhos, quer globais, mensais, semanais ou por hora/atividade, incluindo os programadores de computador (op. cit., p. 226). J os gastos com material poderiam ser subdivididos em:

    elementos consumidos no processo de realizao da pesquisa, como papel, canetas, lpis, cartes ou plaquetas de identificao dos pesquisadores de campo, hora/computador, datilografia, xerox, encadernao etc.;

    elementos permanentes, cuja posse pode retornar entidade financiadora, ou seres alugados, como mquinas de escrever, calculadoras etc. (op. cit., p. 226).

    Mas hoje podemos substituir a datilografia pela digitao e a mquina de escrever pelo computador. Em tese, os elementos de consumo so aqueles utilizados durante o perodo da pesquisa e que no so durveis. Os permanentes so aqueles que possuem uma durabilidade maior.

    1.2.7 Bibliografia

    As referncias bibliogrficas, ou bibliografia, so a insero ao final do texto de todas as obras que foram usadas na elaborao do projeto de pesquisa. Para a elaborao desse item, precisamos nos orientar pelas disposies da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ANBT), mais especificamente, a NBR 6023:2002. Nessas normas, esto todas as indicaes sobre como inserir as referncias de uma srie de trabalhos. Vamos indicar aqui os mais comuns em projetos de pesquisa e tambm em trabalhos de concluso de curso.

    Vamos iniciar com a citao de monografias. Segundo a NBR 6023:2002, deve ser feita da seguinte forma:

    Exemplo:

    GOMES, L. G. F. F. Novela e sociedade no Brasil. Niteri: EdUFF, 1998.

    Sendo esses os elementos bsicos que as referncias devem conter.

    Veja como citar monografias completas disponveis em meio eletrnico:

    KOOGAN, Andr; HOUAISS, Antonio (Ed.). Enciclopdia e dicionrio digital 98. Direo geral de Andr Koogan Breikmam. So Paulo: Delta: Estado, 1998. 5 CDROM.

  • 33

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    SeminrioS de PeSquiSa em Servio Social

    E monografias digitalizadas disponveis para acesso online:

    ALVES, Castro. Navio negreiro. [S.l.]: Virtual Books, 2000. Disponvel em: http://www.terra.com.br/virtualbooks/freebook/port/Lport2/navionegreiro.htm>. Acesso em: 10 jan. 2002, 16:30:30.

    Agora, se voc leu um trecho da monografia e no o trabalho todo, precisa fazer a referncia da seguinte forma:

    ROMANO, Giovanni. Imagens da juventude na era moderna. In: LEVI, G.; SCHMIDT, J. (Org.). Histria dos jovens 2: a poca contempornea. So Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 716.

    O mesmo se aplica quando se usa parte de monografia em meio eletrnico, observandose que necessrio tambm inserir o site de onde foram extradas as informaes.

    A seguir, citaes em peridicos, as mais comuns utilizadas para a elaborao de projetos de pesquisa. Aqui, temos peridicos como um todo e tambm quando usamos apenas algumas partes e ainda partes de peridicos inseridos em meio eletrnico.

    REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA. Rio de Janeiro: IBGE, 1939

    VIEIRA, Cssio Leite; LOPES, Marcelo. A queda do cometa. Neo Interativa, Rio de Janeiro, n. 2, inverno 1994. 1 CDROM.

    SILVA, M. M. L. Crimes da era digital. Net, Rio de Janeiro, nov. 1998. Seo Ponto de Vista. Disponvel em: . Acesso em: 28 nov. 1998.

    Temos tambm as possibilidades de referncia de documentos jurdicos, tambm comuns em Servio Social, como decretos, leis, regimentos e afins.

    SO PAULO (Estado). Decreto no 42.822, de 20 de janeiro de 1998. Lex: coletnea de legislao e jurisprudncia, So Paulo, v. 62, n. 3, p. 217220, 1998.

    E documentos oficiais em meio eletrnico:

    BRASIL. Lei n. 9.887, de 7 de dezembro de 1999. Altera a legislao tributria federal. Dirio Oficial [da] Repblica Federativa do Brasil, Braslia, DF, 8 dez. 1999. Disponvel em: . Acesso em: 22 dez. 1999.

    Livros completos:

    ALVES, Roque de Brito. Cincia criminal. Rio de Janeiro: Forense, 1995.

    Para livros com mais de trs autores usamos a expresso et al.

    URANI, A. et al. Constituio de uma matriz de contabilidade social para o Brasil. Braslia, DF: IPEA, 1994.

  • 34

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    Unidade I

    As normas da ABNT apresentam uma srie de modelos de referncias para serem usados, dependendo da situao. Como no h como reproduzir todos os formatos contidos no documento, maiores detalhes podem ser obtidos por meio do acesso ao documento no site elencado.

    1.2.8 Anexos

    Os anexos so itens que no podem ser inseridos no corpo do texto, mas que so importantes para complementar as informaes oferecidas no projeto de pesquisa. recomendado que sejam anexados os instrumentais que sero utilizados na pesquisa. O pesquisador pode anexar tambm todos os instrumentais que considerar necessrios para a melhor clarificao do que pretende com seu projeto de pesquisa. Observe como devem ser dispostos os itens do projeto:

    Anexos

    Bibliografia

    Custos

    Cronograma

    Metodologia

    Base terica,pressupostos e

    hipteses

    Justificativa

    Objetivos

    Figura 3 Distribuio dos itens do projeto

    1.3 o processo de orientao

    A orientao sobre o projeto de pesquisa iniciase, no curso de Servio Social, a partir do 4 semestre, quando o tema da elaborao do Trabalho de Concluso de Curso posto aos alunos. Inicialmente, oferecida uma orientao geral sobre a elaborao ou delimitao do tema. No 5 semestre, a orientao voltada para a elaborao do projeto de pesquisa, e no 6 comea uma orientao mais especfica que visa revisar o projeto de pesquisa para que se d incio elaborao do Trabalho de Concluso de Curso. Nesse momento, j so designados orientadores especficos para acompanhar o desenvolvimento do trabalho.

    No que diz respeito ao curso de Servio Social, importante pontuar que essa orientao vem tambm sustentada pela Lei que regulamenta a profisso de assistente social e pelo Cdigo de tica do assistente social. Segundo a lei, somente assistentes sociais podem realizar essa superviso. Veja o que est disposto no artigo 5 da referida legislao:

  • 35

    Revi

    so:

    Luc

    as K

    ater

    - D

    iagr

    ama

    o: L

    ucas

    Man

    sini -

    dat

    a: 2

    6/08

    /201

    3

    SeminrioS de PeSquiSa em Servio Social

    Art. 5 Constituem atribuies privativas do Assistente Social:

    I coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na rea de Servio Social;

    II planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de Servio Social;

    III assessoria e consultoria e rgos da administrao pblica direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, em matria de Servio Social;

    IV realizar vistorias, percias tcnicas, laudos periciais, informaes e pareceres sobre a matria de Servio Social;

    V assumir, no magistrio de Servio Social tanto a nvel de graduao como psgraduao, disciplinas e funes que exijam conhecimentos prprios e adquiridos em curso de formao regular;

    VI treinamento, avaliao e superviso direta de estagirios de Servio Social;

    VII dirigir e coordenar unidades de ensino e cursos de Servio Social, de graduao e p