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Seminário de Bioeletricidade “A segunda revolução energética da cana de açúcar” INEE, Rio de Janeiro, 24-25/11/2005 Setor Sucroalcooleiro: Do PROALCOOL à atualidade

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Page 1: Seminário de Bioeletricidade A segunda revolução energética da cana de açúcar INEE, Rio de Janeiro, 24-25/11/2005 Setor Sucroalcooleiro: Do PROALCOOL à

Seminário de Bioeletricidade“A segunda revolução energética da cana de açúcar”

INEE, Rio de Janeiro, 24-25/11/2005

Setor Sucroalcooleiro:

Do PROALCOOL à atualidade

Page 2: Seminário de Bioeletricidade A segunda revolução energética da cana de açúcar INEE, Rio de Janeiro, 24-25/11/2005 Setor Sucroalcooleiro: Do PROALCOOL à

O Proalcool: fundamentos

• Os preços do petróleo evoluíram de $2,5/b (1973) para $10,5 (1974) e $ 34,4 (1981)

• Nestes anos, os desembolsos com importações foram de $ 0,6; 2,6 e 10,6 bilhões, respectivamente

As iniciativas adotadas foram:• Elevação do preço interno da gasolina no país• Elevação das exportações de bens e serviços • Políticas externas com países produtores de petróleo,

para garantir o suprimento e ampliar o mercado para as exportações brasileiras;

• Elevação da produção nacional do petróleo;• Produção de álcool para substituir a gasolina

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Experiência anterior na produção de álcool

1931 – mistura obrigatória de 5% de na gasolina; normas

técnicas para produção de álcool anidro;

2ª Guerra - Região Norte/Nordeste: mistura chegou a 40%,

além de suprir o estado de São Paulo

1941 – 44 destilarias funcionando; 76,6 M litros / ano

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Implantação do programa

1ª Fase - 1975 Utilização da infraestrutura existente; implantação de destilarias anexas às usinasProdução de álcool anidro e adição de 20% à gasolina(Decreto 76.595 – 14/11/1975, Presidente Geisel)

2ª Fase - 1979Implantação de grande número de destilarias autonômas, com expansão da produção para áreas novas(Revisão da 1ª Fase, com envolvimento da industria automobilística: 20% de carros a alcool; novos empresários, zoneamento edafo-climático para a produção, início de grandes programas tecnológicos).

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Entre 1985 e 1990 a produção de cana, açúcar e etanol ficou estabilizada (com o “anti-choque “ do petróleo). Esta situação marcou o final do “Proalcool”, como concebido inicialmente.

Na década seguinte, o setor foi totalmente desregulamentado (com a eliminação dos controles de produção e comercialização, e garantias de preços). Esta década foi caracterizada por um forte aumento da exportação de açúcar, que continua.

A partir de 2000, volta a crescer a produção de etanol; a tendência é muito acentuada a partir da introdução dos carros “flex-fuel”.

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Durante o Proalcool algumas vantagens adicionais (à maior independência energética e economia de divisas) começaram a ser evidenciadas:

• Redução das disparidades regionais e individuais de renda, e crescimento dos empregos e da renda interna;

• Expansão de produção nacional de bens de capital;• Melhoria das condições ambientais com a substituição do

chumbo tetraetila; • Maior flexibilidade na produção de açúcar, e ganhos de

escala

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Mais tarde, nos anos 90, outros fatores ficaram importantes:•Os grandes ganhos na redução de GEE com o uso do etanol•A possibilidade de competir diretamente com a gasolina no mercado internacional

Hoje, além destes, as perspectivas de aumentar muito a participação do setor na produção de energia (elétrica e combustíveis líquidos) e na produção de materiais de alto valor agregado (a partir da sucroquímica) são muito promissoras.

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Evolução da Produção de Cana Açúcar e Etanol

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

350000

70/7

1

72/7

3

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5

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7

78/7

9

80/8

1

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3

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5

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7

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1

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3

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5

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7

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9

00/0

1

02/0

3

Safra

Can

a x

103 (

t)

0

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10000

15000

20000

25000

Açú

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(t )

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(m3)

x 1

03

Cane Sugar Total Ethanol

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Cana destinada à Produção de Açúcar e de ÁlcoolBrasil

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

64/6

566

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68/6

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374

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80/8

182

/83

84/8

586

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88/8

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92/9

394

/95

96/9

798

/99

00/0

102

/03

04/0

5

pe

rce

ntu

al

Cana para Álcool

Cana para Açúcar

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Proalcool: foram atingidos seus objetivos iniciais?

• Entre 1976 e 2005 foram usados como combustível 275 bilhões de litros de álcool; equivalentes a 240,8 bilhões de litros de gasolina (1,51 bilhão de barris)

→ 11.6% das reservas provadas de petróleo e condensados do Brasil.

• A economia de divisas (pelo preço da gasolina no mercado mundial) foi de:

– 69,1 bilhões de USD em importações evitadas. – 126,4 bilhões de USD, quando considerados os juros

da dívida externa evitada, (prime-rate mais 2% ao ano).

– Estes números são muito expressivos para um País que apresenta reservas de divisas de 58 bilhões de USD, e um PIB de 715 bilhões de USD, em 2004.

Fonte: Nastari / Datagro

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Tecnologia e custos: 1975-2000 -1-

Alguns fatos mais relevantes:1980/ Introdução de variedades de cana desenvolvidas1990 para o Brasil

Sistema de moagem “4 rolos” e componentesMicrobiologia e fermentações “abertas” de grande porteSinergia açúcar / etanol e flexibilizaçãoUtilização da vinhaçaControles biológicosAumento da geração de energiaOperações agrícolas (otimização)

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Tecnologia e custos: 1975-2000 -2-

1990/ Início da venda de energia

2000 Gerenciamento técnico (agrícola e industrial)Otimização de sistemas para corte, carregamento e

transporte da canaAvanços em automação industrial

Técnicas de cultivo e preparo do solo; mecanização

No período, em S Paulo, observou-se:

+ 33% t cana/ha

+ 8% pol%cana

+ 14% conversão: (sacarose na cana) para etanol

+ 130% produtiv. fermentação: m3 etanol /(m3 reator.dia)

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PRODUTIVIDADE - BRASIL

40,00

45,00

50,00

55,00

60,00

65,00

70,00

75,00

80,00

85,00

75/76 80 90 97/98 00 04/05

tc e

lts

/hec

tare

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

5,50

6,00

6,50

7,00

7,50

m3

/he

cta

re

lts de álcool/tc tc/hectare m3 /hectare

3,00 % a.a

5,66% a.a 1,83 % a.a 2,33 % a.a

1,90 % a.a

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17 Nov 2005 Nastari / Datagro @ NIPE Unicamp 16

Rendimento Agroindustrial – Brasil(em litros de álcool hidratado equivalente por hectare)

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

5500

6000

6500

1975

1977

1979

1981

1983

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

Fonte: Datagro

+3,77% aa em 29 anos

5931

2024

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Um caso especial: a produção de excedentes de energia

O grande potencial de uso do bagaço e palha na extensão da co-geração não foi aproveitado; pelas incertezas quanto ao futuro do setor, os relativamente grandes

investimentos na geração adicional e pela falta de uma política sustentada para introdução desta energia no

sistema elétrico

1975 Hoje (início)

Caldeiras 15 bar/Sat. 65 bar/480 oC - 82/520 oC

Turbogeradores 1 MW/S.E. >20 MW/M.E.

Autosuficiência < 60% 100% + excedente (40 KWh/tc)

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Competitividade • A expansão da produção em curso deve-se ao nível de

competitividade atingido (açúcar e álcool, mercados interno e externo). Para a etanol, o mercado interno deve continuar a crescer; também os mercados externos, com custo médio de etanol em USD 0,87/galão e preços de gasolina entre USD 1,50-2,20/galão.

• O Brasil é o maior produtor mundial de cana, açúcar e álcool (% da produção mundial – 2004/05):

Cana: 33,9% Açúcar: 18,5% Álcool: 36,4%

• É também o maior exportador mundial de açúcar e álcool (% do mercado livre mundial – 2004/05):

Açúcar: 37,4% Álcool: 50,4%

Fonte: Nastari / Datagro

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EVOLUÇÃO DO PREÇO DO ÁLCOOL

DEFLACIONADOS PELO IGP-DI - valores de julho de 2005- Preços aos produtores sem impostos- 1976 = base 100(*) - momento de excesso de oferta

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

1976

1977

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1979

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1983

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1993

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1996

1997

1998

1999

2000

*20

0120

0220

0320

0420

05

(%)

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17 Nov 2005 Nastari / Datagro @ NIPE Unicamp 17

1

10

100

0 50000 100000 150000 200000 250000 300000

Produção Acumulada de Etanol (mil m3 )

(200

4) U

S$ /

GJ

Ethanol prices in Brazil Rotterdam regular gasoline price

trend (Rotterdam gasoline prices) trend (Ethanol prices)

19862004

2002

1999

1980

1990

1995

2002

2005

Curva de Aprendizado – Etanol Hidratado

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Tecnologia: novas reduções de custo

• Próximos anos: implementação de tecnologias comerciais (expansão do uso)

• Tecnologias novas (agricultura de precisão, processos de separação, processos integrados para CCT, automação industrial)

• Sub-produtos: energia excedente (já iniciado); etanol de bagaço e palha

• Produtos derivados da sacarose (nesta década)• Perspectivas a médio – longo prazo de modificações

genéticas da cana de açúcar

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Demanda: 2013Com hipóteses conservadoras para o crescimento dos

mercados interno e externo para açúcar e etanol, os grupos de trabalho (incluindo o MAPA) indicam:

Açúcar: 39,8 M t (27,0 exportação)

Álcool: 30,9 M m3 (5,9 exportação)

→ cana necessária: 673 M t

A produção atual (405 M t) somada à capacidade de

novos projetos em implantação → ~ 510 M t.

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CICLOS DO SETOR SUCROALCOOLEIRO

-

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

64/65 69/70 74/75 79/80 84/85 89/90 94/95 99/00 04/05 09/10 12/13

Pro

duçã

o de

can

a

1º CICLO 2º CICLO 3º CICLO

(projeção)+148.483 mil ton+148.483 mil ton

+157.544 mil ton

+235.464 mil ton

(+6,2% ao ano)

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Cana Destinada à Produção de Açúcar e de ÀlcoolBrasil

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

64/6

566

/67

68/6

970

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72/7

374

/75

76/7

778

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80/8

182

/83

84/8

586

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88/8

990

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92/9

394

/95

96/9

798

/99

00/0

102

/03

04/0

506

/07

08/0

910

/11

12/1

3

per

cen

tual

Cana para Álcool

Cana para Açúcar

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Desafios• Açúcar

Abertura dos mercados protegidos (EU, Japão, EUA)Saúde: associação açúcar/obesidade

• EtanolMercado Interno: tributação do flex-fuel; racionalização do ICMS; revisão do PIS-COFINS; combate à adulteraçãoMercado externo: desenvolvimento dos mercados

• Questões estruturaisEstoques de passagem e reguladoresInfra-estrutura; financiamento da expansãoDefinições (governo) em energia: co-geração, combustíveis