semana 6 - o direito na primeira república

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SEMANA 6 O DIREITO NA PRIMEIRA REPÚBLICA: REPÚBLICA DA ESPADA (1890/1894) REPÚBLICA OLIGÁRQUICA OU DOS CORONÉIS – REPÚBLICA VELHA (1894/1930) Profª. Cristina Vieira

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O Direito na Primeira República

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Page 1: Semana 6 - o Direito Na Primeira República

SEMANA 6O DIREITO NA PRIMEIRA

REPÚBLICA:REPÚBLICA DA ESPADA (1890/1894)REPÚBLICA OLIGÁRQUICA OU DOS

CORONÉIS – REPÚBLICA VELHA (1894/1930)

Profª. Cristina Vieira

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A Velha República (1889/1930).•As influências positivistas e liberais: Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 24/2/1891 → Forma de Governo, Território e Religião. Estrutura dos Poderes. Sistema Eleitoral. Direitos e Garantias Individuais.•A Codificação do Direito Penal e do Direito Civil. Todos os pontos analisados sob a perspectiva política, socioeconômica e cultural do período.

O DIREITO NA PRIMEIRA REPÚBLICAEmenta

Plano de Ensino

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Advento da Proclamação da República(Antecedentes)

Consequência da Guerra do Paraguai – impacto: destaca-se o fortalecimento da identidade nacional e a consolidação do Exército brasileiro como uma importante Instituição do Império que veio a ocupar o lugar antes pertencente à Guarda Nacional ↔ o Exército começou a exigir uma participação mais ativa na política imperial o que não foi bem visto pela elite política tradicional, portanto, uma parte da oficialidade brasileira foi aderindo à causa da República, influenciada pelas novas ideias que entraram no País a partir de 1870 - o exército brasileiro ficou mais unido e ganhou importância política tornando-se um centro de contestação à escravidão e ao Império aderindo às campanhas abolicionista e republicana.

Ideias de 1870 – “geração intelectual de 1870” ↔ começou a se formar no Brasil com base em um ‘bando de ideias novas’, em geral, importadas da Europa: o positivismo de Auguste Comte, o biologismo de Charles Darwin, o evolucionismo de Herbert Spencer e o determinismo de Taine. Face a isto, intelectuais da chamada Escola de Recife (Tobias Barreto,Silvio Romero e Capistrano de Abreu) confiavam na ciência, na razão e no progresso como instrumentos fundamentais para o estabelecimento de uma nova ordem política e social no País. Por isso, criticavam fortemente o saber bacharelesco do Império, visto como incapaz de compreender e solucionar os reais problemas nacionais.

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Continuação ! Questão Militar - A Questão Militar se resume a uma série de eventos que colocou em confronto direto oficiais do Exército e políticos monarquistas e conservadores. O estopim foi o fato de os militares estarem proibidos por lei de discutir assuntos políticos na imprensa (1881), além do atraso de pagamentos e desamparos dos órfãos e viúvas dos militares mortos na Guerra do Paraguai, aos quais não eram pagas as pensões devidas. Com a vitória na Guerra da Tríplice Aliança ou Paraguai (1864-1870), o Exército saíra fortalecido e prestigiado, passando a formar profissionais comprometidos com a corporação. Embora alguns oficiais atuassem na esfera política, a sua lealdade maior era para com a corporação e não para com o governo. Ao mesmo tempo, a Escola Militar na Praia Vermelha (RJ) tornara-se um centro de estudos matemáticos e humanísticos, onde pontificavam as ideias do positivismo (com base no pensamento racional), que passam a tecer críticas ácidas ao combalido regime imperial, sobretudo após o ingresso de Benjamin Constant como professor de matemática e partidário da ideologia positivista na instituição em 1872. Questão Religiosa - foi um conflito entre a Igreja Católica e a Maçonaria no Brasil, na década de 1870. Em 1864, o Papa Pio IX lançou a Bula Syllabus condenando os princípios maçônicos e proibindo os membros do clero de se filiarem às lojas. O contexto da abolição da escravatura - Frente às medidas adoptadas pelo Império quanto à questão do fim do regime escravista, a elite agrária brasileira reivindicou indenizações proporcionais ao número de escravos alforriados. Negando-se a indenizar os grandes proprietários rurais, o Império acabava de perder seu último pilar de sustentação. Chamados de republicanos de última hora, os proprietários de escravos aderiram à causa republicana e o advento da República se tornara inevitável.O movimento republicano não foi uma manifestação do povo, mas das classes abastadas e latifundiários!

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A Construção da RepúblicaUma das primeiras medidas do novo governo foi determinar o banimento da Família Real. Em mensagem expedida em 16 de novembro, D. Pedro II tinha 24 horas para deixar o País. Apático, o Imperador acatou a ordem e naquela mesma noite embarcava para Lisboa.

Para operar a transição entre a monarquia e o novo regime, logo após a proclamação da República foi instaurado um Governo Provisório (Corpo Político temporário encarregado de dirigir o País até a aprovação de uma nova legislação em bases republicanas). Presidido por Deodoro, que comprometia-se a manter a ordem pública, garantir a vida e a propriedade, respeitar a liberdade e direitos dos cidadãos, além de acatar com os compromissos nacionais contratados, inclusive a dívida pública externa e interna. A vitaliciedade do Senado e do Conselho de Estado eram abolidas, ao mesmo tempo em que se dissolvia a Câmara dos Deputados. Homologado o Ministério Republicano, Rui Barbosa detém a pasta da Fazenda e a da Justiça - esta última interinamente, dias depois passada a Campos Sales. A Rui cabia também a vice-chefia do Governo Provisório até agosto de 1890, sendo substituído por Floriano Peixoto.Sede do Governo: Rio de Janeiro, agora Distrito FederalSede do Governo: Rio de Janeiro, agora Distrito Federal.

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22 de junho de 1890finalizado, o projeto de Constituição é apresentado ao Governo Provisório

Logo após a proclamação da República o Governo Provisório nomeia comissão de juristas (Comissão dos Cinco), sob a presidência de Saldanha Marinho, para elaborar projeto de Constituição. Esse projeto deveria ser submetido à discussão e aprovação da Assembléia Constituinte, escolhida por meio de eleições (Regulamento Alvim), a ser instalada em 15 de novembro de 1890. O projeto apresentado pela Comissão não foi aprovado pelo Governo Provisório, que encarregou Rui Barbosa de revê-lo. Por quinze dias, Rui reuniu-se em sua residência para discutir com todos os Ministros os artigos com suas emendas. Ao longo do processo, Rui (artífice da artífice da ConstituiçãoConstituição) levava todas as modificações para Deodoro. Por fim, deu forma definitiva ao projeto, aprovado em junho de 1890, que contemplava a federação, o presidencialismo e a divisão dos poderes em Legislativo, Executivo e Judiciário.

Quando foi afinal promulgada, a 24 de fevereiro de 1891, a primeira Constituição Republicana, pouco alterada ao longo dos debates legislativos, trazia a marca indelével das contribuições de Rui Barbosa. Deve-se a ele o Deve-se a ele o figurino federativo e figurino federativo e presidencial que a República presidencial que a República assumiu. assumiu.

A mulher, símbolo da República entre a Constituição a Deodoro e Rui Barbosa.

Posse de Deodoro na presidência da República em 26 de fevereiro de 1891, dois dias depois de promulgada a Constituição

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A Constituição Republicana de 1891 (1ª a ser promulgada) - 91 artigos

Entre novembro de 1890 e fevereiro de 1891, os primeiros

representantes eleitos sob a égide da

República, reunidos na Assembléia Nacional

Constituinte, elaboraram o texto de

uma nova Constituição.

Orientados por Rui Barbosa e tomando

como base o modelo republicano dos

Estados Unidos da América - tanto é que

o País passou a chamar-se República dos Estados Unidos

do Brasil.

• Forma de Governo – República / Sistema ou Regime de Governo – Presidencialista.

• Poderes Públicos – Executivo, Legislativo e Judiciário.

o exercício do Poder Executivo: Presidente da República (mandato de 4 anos sem reeleição imediata), auxiliado por ministros de sua livre escolha e pelo Vice-Presidente que também exercia a Presidência do Senado ↔ voto direto.o exercício do Poder Judiciário pelo Supremo Tribunal Federal e a seu cargo, a Justiça Federal.o Poder Legislativo, constituído pelo Congresso Nacional: Senado Federal (9 anos) e Câmara dos Deputados (3 anos).

• Adoção de uma organização federativa ↔ os estados membros da federação (antigas Províncias) adquiriram amplas prerrogativas: organizar força militar própria, constituir a Justiça Estadual e autonomia tributária, eleição para governador e Assembléia Legislativa. Os Estados da Federação passaram a ter suas Constituições hierarquicamente organizadas em relação à Constituição Federal.

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Definindo a independência do Judiciário Uma das mais significativas

contribuições de Rui Barbosa à Constituição de 1891 foi atribuir ao recém-criado Supremo Tribunal Supremo Tribunal FederalFederal o controle sobre a constitucionalidade das leis e atos do Legislativo e Executivo. E, como o E, como o projeto constitucional não projeto constitucional não contemplava a garantia da liberdade contemplava a garantia da liberdade do indivíduo em situações de violência do indivíduo em situações de violência ou coação, por ilegalidade ou abuso de ou coação, por ilegalidade ou abuso de poderpoder, Rui acrescentou-lhe o direito ao habeas-corpus. Assim, foi Rui Barbosa quem transformou o STF no guardião da Constituição e, em especial, dos direitos e liberdades individuais.

Supremo Tribunal Federal - O mais alto tribunal do Brasil, intérprete supremo da Constituição no regime republicano, foi criado em 11 de outubro de 1890, para substituir o Supremo Tribunal de Justiça. Entrou em funcionamento no Rio de Janeiro em 28 de fevereiro do ano seguinte. Com o poder de declarar a inconstitucionalidade das leis e dos atos do poder executivo e de negar-lhes execução, o STF exerce até hoje papel indispensável ao funcionamento do sistema federativo. Ele garante plenamente, nos períodos de normalidade constitucional, o livre exercício dos direitos individuais e coíbe os excessos de poder, além de marcar os limites das autoridades nacionais e estaduais, e dos três poderes em relação uns aos outros. Enfim é o guardião da Constituição!

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Controle Constitucional

e Evolução Política

Controle de Constitucionalidade no Brasil Império: A primeira Constituição no Brasil (de 1824), outorgada no Império, não possibilitou o controle de constitucionalidade das leis, pela existência do Poder Moderador ( “quarto poder” ) exercido pelo Imperador, que lhe dava uma posição superior, podendo ele controlar os demais poderes. Embora, o dispositivo constitucional expresso no art. 15 da CI/1824 dispunha quanto ao Poder Legislativo a função de guarda da Constituição.

No Brasil República de 1891:Em razão da forte influência do direito norte-americano no constitucionalismo republicano nacional, a Constituição de 1891 introduziu no País o controle judicial difuso de constitucionalidade. A raiz do chamado controle difuso data famoso julgamento do caso Marbury x Madison nos EUA (1803), quando a Suprema Corte deste país proclamou solenemente a superioridade hierárquica da Constituição sobre as demais lei e do consequente poder dos juízes e tribunais de não aplicar normas infraconstitucionais contrárias à Lei Maior.

Rui Barbosa sabia que o modelo republicano não era compatível com essa fórmula. Afinal, muitas vezes é o próprio governo que transgride a Constituição. E como dizia Montesquieu, “todo homem que tem poder é tentado a abusar dele”. Logo, “para que não se possa abusar do poder é preciso que, pela disposição das coisas, o poder freie o poder” (Montesquieu, do Espírito das Leis) Se o Executivo ou mesmo o Legislativo ficasse responsável pela guarda da Constituição seria o mesmo que indicar “a raposa para vigiar o galinheiro”.

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Sistema Eleitoral

Eleição direta e voto a descoberto (não secreto).

Presidência da República e Presidências dos Estados e para os Órgãos Legislativos : Federal e Estadual.

Porém, segundo dispositivo constitucional – Disposições Transitórias, art. 1º - a primeira eleição presidencial seria indireta, realizada pelo Congresso Nacional.

Eliminação da exigência de renda mínima (voto pecuniário ou censitário) para ser eleitor; mas criou a excludência social baseada no critério do analfabetismo (a assinatura da cédula pelo eleitor tornou-se obrigatória) .

sufrágio para os cidadãos do sexo masculino, maiores de 21 anos. Portanto, excluídos do exercício de cidadania ou direito políticos ↔

mulheres, analfabetos, os praças de pré (soldados, cabos e sargentos) e os religiosos de ordens que impunham a renúncia à liberdade individual.

Além disso, reservou-se ao Congresso Nacional a regulamentação do sistema para as eleições de cargos políticos federais, e às assembléias estaduais a regulamentação para as eleições estaduais e municipais.

Page 11: Semana 6 - o Direito Na Primeira República

Estado e Igreja

Definiu-se, também, a separação entre a Igreja e o Estado: as eleições não ocorreriam mais dentro das igrejas, o governo não interferiria mais na escolha de cargos do alto clero, como bispos,

diáconos e cardeais, extinguiu-se a definição de paróquia como unidade administrativa - que antigamente

poderia equivaler tanto a um município como também a um distrito, vila, comarca ou mesmo a um bairro (freguesia).

além disso, o País não mais assumiu uma religião oficial, que à altura era a católica, o monopólio de registros civis passou ao Estado, sendo criados os cartórios para

os registros de nascimento, casamento e morte, bem como os cemitérios públicos adquiriam administração pela autoridade municipal, onde qualquer pessoa poderia ser sepultada, independentemente de seu credo.

O Estado também assumiu, de forma definitiva, as rédeas da educação, instituindo várias escolas públicas de ensino fundamental e intermediário.

Essa separação viria a irritar a Igreja, aliada de última hora dos republicanos e que só se reconciliaria com o Governo durante o Estado Novo, bem como ajudaria a incitar uma série de revoltas, como a Guerra de Canudos.

Page 12: Semana 6 - o Direito Na Primeira República

Estado Confessional e Estado Laico

O Estado Imperial era confessional. A Constituição de 1824 definiu a religião católica apostólica romana como religião oficial do país. Estado Confessional é aquele que, embora não se confunda com determinada religião, possui uma religião oficial que pode influir nos rumos políticos e jurídicos da nação, além de possuir privilégios não concedidos às demais.

Estado Laico é aquele que não se confunde com determinada religião, não adota uma religião oficial e permite a mais ampla liberdade de crença, descrença e religião, com igualdade de direitos entre as diversas crenças e descrenças. Além disso, no estado laico as fundamentações religiosas não podem influir nos rumos políticos e jurídicos da nação.

Estado Confessional Estado Laico

Com a Constituição de 1891, a Igreja Católica foi desmembrada do Estado Brasileiro, deixando de ser a religião oficial do País. O Estado, então, se tornou laico.

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A Codificação de Direito Penal

No final do século XIX com a Constituição Republicana de 1891 são abolidas as penas de galés, banimento judicial e a pena de morte para crime comum, e em consonância com o texto constitucional, o Código Penal Republicano também incorpora em seu bojo os valores e avanços da época.

Proclamada a República em 1889, intensificou-se a tendência de reforma legislativa. As leis envelhecidas tornaram-se inábeis para regular as mutáveis necessidades da nova vida social.

O Ministro da Justiça Campos Sales, durante o governo provisório, encomendou a organização de um Código Penal para a República com a maior rapidez. Devido à celeridade de sua elaboração, estava repleto de defeitos. Defeitos estes que foram intensamente criticados, e que aos poucos eram corrigidos por meio de inúmeras leis extravagantes. Estas leis foram reunidas na Consolidação das Leis Penais, pelo de Decreto nº 22.213 de 14 de dezembro de 1932.

Revoga-se a Pena de Morte para crime comum.

Instalou-se o regime penitenciário de caráter correcional.

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A construção da Codificação Civil

Em janeiro de 1916 o Código Civil Brasileiro era sancionado pelo presidente Venceslau Brás. O novo código trazia a marca de Rui Barbosa que, desde 1899, acompanhava o trabalho de Clóvis Beviláqua, convidado para redigir o projeto ainda no governo de Campos Sales. Eleito em abril de 1902 relator da Comissão Especial do Senado encarregada de analisar o projeto, Rui elabora um longo e detalhado parecer, em que critica a linguagem e propõe emendas a quase todos os seus mais de 1.800 artigos, estabelecendo uma das maiores polêmicas sobre questões de gramática e estilo travadas no Brasil. A abrangência das contribuições de Rui ao Código Civil acabariam, porém, adiando por mais de dez anos sua entrada em vigor.

O Código já nasceu obsoleto, com traços fortes do patriarcalismo, do individualismo e do patrimonialismo nacionais!

Tentativas de implementação da Codificação Civil durante o Período Imperial!•1855 – contratação de Augusto Teixeira de Freitas – Consolidação das Leis Civis (1858)•1867 - Projeto – Esboço do Código Civil de Teixeira de Freitas

•Ministro da Justiça Nabuco de Araújo (falecido em 1878)•Joaquim Felício dos Santos – Apontamentos para o Código Civil Brasileiro (1881)