educação na primeira república portuguesa

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Educação na primeira república Inês Simão 9ºC

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Page 1: Educação na primeira república portuguesa

Educação na primeira república

Inês Simão 9ºC

Page 2: Educação na primeira república portuguesa

Os repúblicanos acreditam na

importância da educação como

forma de promover o desenvolvimento do

ser humano e do país.

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Educar uma sociedade é fazê-la progredir, torná-la um conjunto harmónico e conjugado

das forças individuais, por seu turno desenvolvidas em toda a sua plenitude. E só se

pode fazer progredir e desenvolver uma sociedade fazendo com que a acção contínua, incessante e persistente de educação atinja o

ser humano sob o tríplice aspecto: físico, intelectual e moral.

Portugal precisa de fazer cidadãos, essa matéria-prima de todas as pátrias.

(Preâmbulo do Decreto de 29 de Março de 1911).

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Muitos dos republicanos tiveram consciência de que a principal tarefa era implantar a República na mente e, principalmente, no coração dos portugueses. A escola passou a ser vista como o lugar privilegiado para a formação dos cidadãos

Esta lógica de revolução cultural implicava o combate à entidade que surgia como o inimigo a abater no terreno cultural - a Igreja Católica. Daí a importância assumida pelo projecto de laicização da sociedade. O laicismo apresentava-se, na verdade, como a alternativa ao catolicismo no que se refere à função de integração social.

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A escola, em particular a escola primária, passou a ser vista como o lugar privilegiado para a formação do cidadão; daí a importância que a educação moral e cívica desempenhava no currículo escolar, tanto no que se refere à sua dimensão formal como no que diz respeito a todo um vasto conjunto de símbolos e rituais. No centro dessa verdadeira religiosidade cívica estava o culto da pátria, da sua história e dos seus heróis. Para além de consciente dos direitos e deveres correspondentes, o cidadão a formar devia ser, ainda, exemplar do ponto de vista da sua moralidade.

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Principais medidas educativas

Foram criadas escolas primárias com intenção de combater a elevada taxa de analfabetismo.

A escolaridade passou a ser obrigatória e gratuita para crianças entre os 7 e os 10 anos.

Concederam maior número de "bolsas de estudo" a alunos necessitados e passaram a existir escolas "móveis" para o ensino de adultos.

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Para um ensino mais especializado foram fundadas escolas agrícolas, industriais e técnicas e escolas normais, destinadas à formação de professores do ensino primário.

O ensino superior aumentou a sua capacidade de formação devido à fundação das Universidades de Lisboa e do Porto, que se juntavam à de Coimbra.

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Além do ensino oficial, os republicanos apoiaram as associações recreativas e culturais. Em muitas delas existiam

bibliotecas, salas de leitura infantil e organizavam-se conferências, debates e

exposições. !

A liberdade de expressão permitia que todos os temas e assuntos fossem abordados. Por isso o número de revistas, almanaques e

jornais diários e semanários aumentou. Em 1917, por exemplo, existiam em Portugal 414

publicações deste tipo.

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Graus do ensino primário O que se aprendia

Primário Elementar

Leitura, escrita e noções básicas da língua portuguesa, operações

fundamentais da aritmética, noções do sistema métrico décimal

Primário Complementar

Leitura e conversação, escrita e composição, noções gerais da língua portuguesa, desenho e modelação, fotografia, canto coral e recitação, noções elementares de aritmética, geometria e conhecimentos básicos

de ciências físico-químicas...

Primário Superior

Língua portuguesa, estenografia, ofícinas, campos experimentais, matemáticas

elementares, geometria, álgebra e agrimensura

Page 10: Educação na primeira república portuguesa

Apesar de todo este desenvolvimento, a pobreza do

país e a falta de recursos financeiros contribuíram para que a taxa de analfabetismo se

mantivesse acima dos 60%! Embora tivesse descido.

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O discurso então difundido, em particular pelos republicanos, dramatizou ao limite esse problema, pressupondo um olhar acentuadamente desvalorizador sobre a figura do analfabeto, colocado na antecâmara da "civilização" e a quem era atribuída uma espécie de menoridade cívica. O analfabeto, pela sua incapacidade de aceder à cultura escrita, não estaria em condições de ser o cidadão-eleitor, consciente e participativo, almejado pela República. Em artigo da Educação Nacional constata-se que o homem sem instrução "pouco difere dos irracionais" e noutro artigo, desta vez n"A Federação Escolar, compara-se o homem sem instrução a "um selvagem que o professor precisa civilizar".

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"A mais imperiosa das necessidades, no momento presente, é criar escolas, desenvolver a instrução, combater o analfabetismo... Não tenhamos, pois, dúvidas e preparemo-nos todos para a famosa

cruzada em prol do povo português, reclamando com toda a nossa energia que se criem escolas, muitas escolas por essas ignoradas aldeias, onde

mal vislumbrou ainda a luz do progresso . !

O ABC - o segredo da cultura de um povo! O ABC abre as portas do futuro. Esse futuro é de luz,

amor e felicidade!... O ABC é iluminado e vivificado pela grandeza dum ideal... O ABC é o símbolo da Humanidade." (Eça de Queirós, 1922,

Educação Portuguesa)

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O activismo político republicano, o labor cultural de pendor iluminista da maçonaria e a difusão de uma mentalidade positivista foram alguns dos factores que favoreceram a afirmação de um discurso que colocava o povo e a sua educação no centro do debate político e social. Subjacente a este debate estava, em primeiro lugar, a questão do analfabetismo. As estatísticas publicadas na segunda metade do século XIX conduziram à sua traumática descoberta pela minoria culta do país, ao mostrarem que a esmagadora maioria do povo português nunca havia frequentado a escola, não sabendo ler nem escrever. Tendo por base os censos populacionais realizados na transição do século XIX para o século XX, tal como foram analisados por António Candeias (2001, 2005), podemos ver a evolução da taxa de analfabetismo da população com idades iguais ou superiores a sete anos: de 78 por cento em 1878, baixou para 62 por cento em 1930

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Taxas de alfabetização da população portuguesa maior de 7 anos de idade (1878-1950).

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O corpo docente dos centros escolares republicanos seria constituído por professores efectivos, auxiliares e eventuais. O provimento dos professores era da alçada da direcção de cada centro e seria feito por meio de concurso. Para concorrer aos lugares de professor efectivo era necessário “ter as competentes habilitações literárias e científicas”, possuir “condições físicas e morais atestadas por médico e por qualquer outra instituição de ensino”

Não podiam ser professores dos centros os indivíduos que não tivessem demonstrado, “em todos os seus actos públicos e políticos, a sua crença na república e nos princípios de liberdade e de emancipação humana”

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Para os cargos de professores auxiliares podiam ser admitidos, entre outros, sem dependência de concurso, os alunos do próprio centro que mostrassem “boa aplicação e tendências para o ensino”

Eram considerados professores eventuais os sócios que se prestassem a ensinar qualquer disciplina. Os ordenados dos professores efectivos eram estipulados pela direcção, enquanto que os professores auxiliares e os eventuais não usufruíam de vencimento, embora a direcção pudesse estipular-lhes uma gratificação anual ou por período escolar.

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http://www.publico.pt/temas/jornal/analfabetismo-e-educacao-popular-19905476

http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/10732/1/Experi%C3%AAncias%20republicanas.pdf