seleção e composição de uma carteira de ações com base na técnica grafista

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    Seleo e composio de uma carteira de aes com base na tcnica grafista

    Celso Evandro dos Reis*Divanildo Triches**

    Title:Selection and compositionof a stock portfolio on the basis of the techniqueanalysis

    RESUMO

    Este estudo objetiva selecionar, por meio da tcnica de anlise grafista, aesnegociadas na Bolsa de Valores brasileira, para compor uma determinada carteira deinvestimento, alm de avaliar o seu desempenho, comparando-o com outros ativos financeiros.A data fixada para composio da carteira foi 2 de agosto de 2002. As 12 aes selecionadas,por ordem de participao na carteira, foram as das seguintes companhias abertas: Banco doBrasil ON, Embratel PN, Petrobrs PN, Banco Ita PN, Copel PNB, Eletrobrs PNB, UsiminasPNA, Telemar PN, Perdigo PN, Brasil Telepar PN, Banco Bradesco PN e Po de AcarPNA. Os resultados indicaram que, aps 12 meses, a rentabilidade da carteira foi de 94,7%.Portanto, esse desempenho foi muito superior ao de quaisquer outras aplicaes no mercadofinanceiro, inclusive dos prprios fundos de investimentos ou indicadores baseados em preosde aes como Ibovespa e FGV100. A anlise grafista tem se apresentado potente no processode seleo e composio da carteira de aes.

    Palavras-chave: carteira de ativos, anlise tcnica, mercado de capitais, carteira de aes, bolsade valores.

    ABSTRACT

    This study aims to select the stocks in the Brazilian stock market to compose theportfolio by using the technique analysis. The portfolio selection was in the binging or Augustof 2002. In that moment, twelve stocks were chosen with different proportions. The stocks ofcorporation were, by decreasing order, the following: Bank of Brazil ON, Embratel PN,Petrobras PN, Ita Bank PN, Copel PNB, Eletrobrs PNB, Usiminas PNA, Telemar PN,Perdigo PN, Brazil Telepar PN, Bradesco Bank PN, Po de Acar PNA. The results hadindicated that, after 12 months, the return of portfolio selection was 94,7%. This performancehad been much higher than any other financing market asset, including the indicators ofBrazilian stock market as Ibovespa and FVG100. Therefore the technique analysis waspowerful process of selecting a portfolio of stock.

    Recebido em 21.07.2006. Aceito em 06.09. 2006* Bacharel em Economia pela Universidade de Caxias do Sul. Rua Francisco Getlio Vargas, 1120, Bloco J, Caxias

    do Sul Rs, Brasil, 95070-560.** Doutor em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professor de Economia da Universidade

    de Caxias do Sul e do PPGE da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos). E-mails: [email protected] [email protected]. Rua Francisco Getlio Vargas, 1120, Bloco J, Caxias do Sul Rs, Brasil, 95070-560.

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    PERSPECTIVA ECONMICA; v.3, n, 1: 1 - 26, jan./jun. 2007 ISSN 1808-575X2

    Key words: portfolio, technique analysis, capital market, stock market; stock exchange.

    JEL Classification::G1, G11, G12

    1 Introduo

    As crises ou perturbaes em economias mundiais elevam o grau de incerteza sobre

    investimentos e sobre aplicaes financeiras. Todavia, esses perodos conturbados podem

    oferecer oportunidades para os investidores no sentido de proteger e/ou ampliar o volume de

    riqueza. Nesse particular, o mercado financeiro que engloba o mercado de capitais, e mercado

    monetrio desempenha um papel essencial nas economias modernas na intermediao de recursos

    financeiros de indivduos com oramentos superavitrios para os deficitrios.

    O mercado de capitais constitudo por um conjunto de mercados fortemente

    interligados, nos quais ocorrem trocas de ativos financeiros entre grande nmero de investidores.

    As atividades desenvolvidas nesses mercados ocorrem por rede de operadores ligados por

    sistemas de informaes geis e altamente sofisticados. Assim, grandes quantias de capitais

    financeiros podem ser movimentadas de um local para outro em curtssimo intervalo de tempo.

    Esse processo tem o intuito de aumentar os mecanismos financeiros em termos de diversificao,

    liquidez e volume, os quais elevam substancialmente as possibilidades de investimento.1Salienta-se, portanto, que o mercado de capitais lida com a intermediao financeira

    intertemporalmente. Isso significa que ativos de diversas formas so distribudos ao longo do

    tempo, como por exemplo: a) ttulos de dvida pblica de governos; b) depsitos bancrios a

    prazos; c) ttulos empresariais e/ou aes.

    As aes se constituem em um instrumento de propriedade ou um direito aos lucros de

    uma empresa. O retorno desses ativos est diretamente relacionado ao desempenho da empresaemissora, da prpria economia e do mercado acionrio, em particular, nos quais eles so

    transacionados. Claramente, os investidores dispem, com a finalidade de preservar e aumentar

    sua riqueza, de procedimentos metodolgicos e tcnicos que permitam selecionar, de forma mais

    segura, um conjunto de ativos para compor e diversificar suas carteiras de investimentos.

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    Desse modo, o estudo objetiva selecionar, por meio da tcnica de anlise grafista, aes

    negociadas na Bolsa de Valores brasileira, que deveria compor uma determinada carteira de

    investimento. Busca-se ainda avaliar o desempenho dessa carteira com outros ativos financeiros.

    Para tanto, o texto est organizado como segue. A seo 2 descreve resumidamente os aspectos

    tericos conceituais da carteira de ativo O item 3 trata da anlise tcnica. A anlise do

    desempenho da carteira de ativos selecionada encontra-se na seo 4. Por fim, a seo 5 apresenta

    as consideraes finais e as concluses.

    2 Abordagem conceitual da anlise tcnica ou grafista

    As estratgias de anlise do investimento em aes permitem identificar as vrias

    alternativas existentes no mercado. Alm disso, podem ser avaliadas as aes que possuam

    melhores perspectivas em termos de valorizao, pagamento de dividendos, alm de identificar o

    momento mais oportuno para sua aquisio e venda. Para isso, as tcnicas, usadas com a

    finalidade de selecionar as aes que compem as carteiras, so as anlises fundamentalista e

    tcnica.

    A concepo da tcnica fundamentalista baseia-se na avaliao das perspectivas de

    rentabilidade das corporaes e, portanto, na distribuio de dividendos das expectativasformadas sobre o comportamento futuro, taxas de juros e sobre a evoluo do risco empresarial.

    Tais indicadores so cruciais para a determinao do preo das aes.2 Assim, a tcnica

    fundamentalista se apia na analise contbil das corporaes, como balano patrimonial,

    demonstrativos de resultado e desempenho ou na capacidade gerencial. Em sntese, a anlise

    fundamentalista parte do princpio de que as aes tm um valor intrnseco, que corresponderia

    ao seu preo justo. Esse preo, por sua vez, seria determinado pelo fluxo de rendimentos

    auferido pela ao e efetivamente distribudos num dado intervalo de tempo, descontando o valor

    presente.

    A anlise tcnica baseada na evoluo do preo e de volume transacionado de uma

    determinada ao ocorrida ao longo do tempo. Isso significa que essa tcnica no se preocupa

    com os fundamentos que provocam oscilaes nos preos, mas avalia, por meio de registros

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    grficos, associados s formulaes ou modelos matemticos e estatsticos, incidentes sobre

    preos, volumes e contratos em aberto. Esse fato permite projetar uma trajetria ou movimentos

    oscilatrios futuros provveis dos preos das aes.

    Assim, os movimentos oscilatrios podem ter trs amplitudes distintas: de longo mdio e

    curto prazos, de acordo com Bodie et al. (2000). Conseqentemente as tendncias, que afetam os

    preos das aes so caracterizadas como primrias, cujo movimento dos preos de longo

    prazo. Nesse caso, a variao dos preos ocorre por vrios meses ou por vrios anos. J as

    tendncias secundrias so causadas por desvios de curto prazo dos preos da linha subjacente de

    tendncia, ou, ainda, as correes que podem ocorrer no interior das tendncias primrias. H

    tambm a tendncia terciria, designada por flutuaes dirias com pouca importncia para

    anlise grafista.

    Em geral, o processo de formao dos preos das aes apresenta quatro fases que tendem

    a ser repetitivas e, assim, tratadas: a) acumulao refere-se aquisio da ao pelo investidor

    por estar bem-informado com pequena variao no preo; b) mark-up a fase em que o

    comprador adere ao comportamento do mercado, elevando o preo da ao; c) distribuio

    concerne ao conhecimento sobre o desempenho da ao da grande massa de investidores e

    aqueles com maior nvel de informao iniciam o processo de venda da ao; d) liquidao a

    fase da realizao dos retornos para aqueles investidores que se posicionaram no incio do

    processo de venda.3 As escolhas efetuadas no mercado so resultados do conhecimento de um

    conjunto de informaes relevante que, por sua vez, realimentam o mercado com novas

    informaes. Desse modo, os preos das aes tendem a se deslocar em ondas causadas pelas

    mudanas das expectativas dos investidores, com base num processo de imitao.

    O ciclo do mercado dividido em alta e baixa como mostra a Figura 1. No traado

    superior, o mercado de alta dividido em cinco ondas principais designadas pela numerao: 1,

    2, 3, 4 e 5, e o mercado de baixa segmentado por trs ondas principais, designadas pelas letras

    A, B e C. As ondas 1,3 e 5 so definidas como ondas de impulso e as ondas 2 e 4 como ondas de

    correo. Nesse sentido, a onda 2 corrige os excessos da onda 1 e a onda 4, os excessos da onda

    3. As ondas A, B e C do mercado de baixa nada mais so do que a correo das cinco anteriores.

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    Figura 1: Ilustrao dos movimentos completos em vagas

    Fonte: Tavares (1987, p. 28).A avaliao e ilustrao grfica so formas que fundamentam a anlise tcnica. Os

    instrumentos grficos permitem ao investidor melhorar a qualidade de suas escolhas, baseadas na

    evoluo dos preos das aes ao longo do tempo. Desse modo, a anlise tcnica auxilia na

    identificao de tendncias e de pontos de reverso. O grfico de barras, que o mais usado,

    ilustra preo dirio da ao. Observa-se, na Figura 2, que os extremos dessas barras so

    representados pelos valores mximos (comprador) e pelos mnimos (vendedor) do preo. O preo

    de abertura representado por um tique horizontal no lado esquerdo da barra, e o fechamento,por um tique horizontal direita dessa barra.

    H uma diferena entre os grficos representativos dos preos das aes e os do volume,

    isto , total transacionado no final de um dia de negcios. A escala vertical superior representa os

    preos e normalmente expressa em forma logartmica, e a escala inferior (na linha que foi

    colocado o preo) representa o volume negociado, definida de maneira aritmtica. A escala

    horizontal mostra os intervalos de tempo considerados, ou seja, dias ou meses ou anos. As linhas

    de tendncia, que pode ser alta, baixa e/ou lateral, introduzem os conceitos de suporte eresistncia. A tendncia, por sua vez, explicada pelo desequilbrio entre a demanda e a oferta de

    uma ao.

    Preo/Retorno

    ba

    ix

    a

    at

    la

    55

    C

    3

    1

    2

    0P0

    P5

    P4

    P1

    P3

    P2

    Tempo

    4

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    Figura 2: Grfico de barras com cotaes do preo dirio e semanal de uma ao

    Fonte: Noronha (1995, p.12).

    O traado de uma linha de tendncia de alta obtido a partir dos pontos inferiores de uma

    determinada srie de preos (linha vermelha, Figura 3). J para o caso de uma linha de tendncia

    de baixa, levam-se em conta os pontos superiores do movimento de preos (linhas verdes). A

    linha lateral traada pelos pontos inferiores e superiores, formando, assim, um canal como

    mostra a Figura 3. Alm disso, os conceitos suporte e resistncia so ilustrados pelas linhas em

    preto, e as curvas tambm em vermelho definem a mdia.

    Para traar uma linha de tendncia de alta so necessrios, no mnimo, dois fundos e um

    topo, e o contrrio ocorre com relao tendncia de baixa. Salienta-se ainda que, para a

    avaliao da linha de tendncia momento adequado para a tomada de decises de compra ou de

    venda deve ser considerado o grau de sua penetrao. Assim, a penetrao dessa linha a

    sinalizao quando a tendncia muda de direo. O volume negociado da ao tambm se

    constitui num indicador relevante. Em geral, quando h um corte na linha de tendncia, o volumetransacionado se intensifica, embora o comportamento do volume desempenhe o papel de

    confirmar uma determinada ruptura no movimento do preo.

    mxi

    ma

    mni

    ma

    40

    30

    20

    10

    fechamento

    abertura

    1 2 43 5 1 2 Dias/Semanas

    Pre o

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    Figura 3: Identificao das linhas de tendncia do preo de uma ao

    Fonte: www.apligraf.com.br.

    Na anlise grafista, encontram-se ainda dois padres de comportamento do preo de uma

    ao, isto , de continuao ou consolidao e de reverso de tendncia. O primeiro refere-se

    continuao das operaes no mercado, e o preo do ativo se mantm em sua trajetria, enquanto

    o segundo sugere uma mudana no sentido da tendncia. Dentre as diversas formas de reverso,

    salienta-se a formao de figuras do tipo cabea-ombros, topos e fundos duplos e triplos,

    intervalos, diamantes, ilhas de reverso e formaes de alargamento. Os padres cabea-ombros,

    bastantes normais, tm como caracterstica a presena de trs pontos de resistncia e dois pontos

    de suporte, como ilustra a Figura 4. Essas configuraes podem assumir ainda formas mais

    variadas, ou seja, dois ombros de cada lado e uma cabea, duas cabeas e um ombro de cada

    lado, trs ombros de cada lado e uma cabea, etc. Esses aspectos servem para indicar o padro de

    reverso, tanto de topo quanto de fundo.

    Os principais pontos comuns formadores de reverso podem ser, assim, apontados: i)

    existncia de uma tendncia; ii) quebra da linha de tendncia; iii) formao do topo , em geral,

    de curta durao e mais voltil do que os fundos; iv) nos fundos, os preos apresentam menores

    variaes e v) a anlise dos volumes so mais importantes nas altas.

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    Figura 4: Ilustrao de reverso, tendncia e de formao de cabea-ombro

    Fonte: www.apligraf.com.br.

    Por fim, Noronha (1995) identifica como padres principais para as formaes de

    continuidade, os tringulos, os retngulos, as cunhas, as bandeiras e as flmulas. Os tringulos

    so formaes em que a flutuao dos preos atinge amplitudes cada vez menores medida que

    se desenvolvem no tempo. Essas figuras podem ser de trs tipos: simtricos, ascendentes e

    descendentes.

    3 A anlise e a seleo das aes da carteira de investimentos

    As informaes utilizadas, visando seleo de aes para compor a carteira de

    investimento, foram extradas do banco de dados da Grafbolsa e da Apligraf. Assim sendo,

    empregou-se a anlise grfica das cotaes de 83 aes mais negociadas na Bovespa, ao longo do

    perodo entre agosto de 2002 a agosto de 2003. O nmero de aes selecionado para integrar a

    carteira foi equivalente a doze, pois, de acordo com Costa Jr. (2000), tal alocao tende a

    apresentar bons resultados, porque praticamente a metade do risco eliminado. A escolha das

    aes para a composio da carteira foi realizada em agosto de 2002.

    Avalia-se, para efeito ilustrativo, o desempenho dirio de algumas das 12 aes indicadas

    para fazer parte da carteira. A Figura 5 mostra o comportamento da ao PN da Brasil Telecom

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    Participaes no perodo entre abril de 2001 e agosto de 2002. Nota-se pelo grfico de barras

    intermedirio que, aps um considervel perodo de preos crescentes da ao, ou seja, de

    setembro de 2001 a janeiro 2002, o valor da ao apresenta uma acentuada queda. Desse

    comportamento deriva a formao das duas figuras de reverso. A primeira um ombro-cabea-

    ombro, com uma rpida queda identificada pelas linhas (1). Aps os preos retomam, at formar

    dois picos duplos (linha 2), sinalizando uma forte reverso. A reta de tendncia (B) traada para

    baixo, o que estaria indicando o momento oportuno para compra do ativo. Alm disso, nota-se o

    que a mdia mvel, em torno do ms de julho do ano de 2002, est abaixo da cotao diria e que

    logo aps indica um fundo duplo ou uma reverso de ombro-cabea-ombro.

    Figura 5: Comportamento dirio da ao da Brasil Telecom Participaes PN (EMTP4)no perodo entre abril de 2001 e agosto de 2002

    Fonte: Economtica (2003).Nota: A ilustrao superior em azul expressa o ndice da fora relativa (IFR). O grfico intermedirio mostra, por

    meio das barras pretas, as flutuaes dos preos em reais por lote de mil aes. O grfico inferior reporta,em barras vermelhas, o volume negociado em milhes de reais.

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    Desse modo, a aquisio da ao PN da Brasil Telecom Participaes, sob essa anlise,

    deveria ocorrer no dia 2 de agosto de 2002, como mostra a linha C, ao preo de entrada de R$

    14,98, por lote de mil aes. Alm disso, observa-se, ainda na parte inferior da Figura 5, que

    ocorre um aumento expressivo no volume negociado, indicado pela seta. Esse fato tambm

    corroborado pelo ndice de fora relativa relacionado na parte superior da referida figura.

    No que tange s projees de retorno da ao PN da Brasil Telecon Participaes, pode-se

    afirmar, com base na evoluo dos preos, que a ao tem um teto mximo de R$ 30,00 e um

    fundo mnimo R$ 9,91; portanto, um ponto de fuga R$ 13,33. De acordo com essas informaes,

    pode-se estimar o retorno esperado conforme mostra a Tabela 2. Assim, cinco possveis cenrios

    so estabelecidos com relao variao dos preos, mediante as diferentes probabilidades de

    ocorrncia, isto , os cenrios 1 e 2 com 25% chance de se realizar um preo futuro da ao deR$ 25,00 e R$ 18,40, respectivamente4.

    A anlise das probabilidades de ocorrncia dos preos da ao da Brasil Telecom

    Participaes indica que a compra do ativo a R$ 14,64, nesse caso, representaria um possvel

    retorno de 18,90 pontos percentuais desde que se realizem os cenrios propostos na Tabela 1.

    Assim, o preo para venda da ao ser estabelecido em torno de R$ 23,00, assumindo-se um

    risco de 15%, que pode indicar ainda o ponto de resistncia para ao, equivalente a R$ 16,65.

    Tabela 1: Probabilidades de ocorrncia dos preos e dos resultados para cada cenrio daao da Brasil Telecom Participaes (PN)

    Cenrio

    Probabilidadede ocorrncia

    dos preos

    Valorcorrenteda ao

    R$

    Valorfuturo da

    ao

    Probabilidadepor resultado

    Valoresperado por

    resultado

    Varincia porresultado

    12

    345

    0,250,25

    0,200,150,15

    14,6414,64

    14,6414,6414,64

    25,0018,40

    16,0012,0013,38

    0,17690,0642

    0,0186-0,0270-0,04360,18900

    0,18900,1890

    0,18900,18900,1890

    0,000040,00389

    0,005810,007000,008120,02486

    *Retorno 18,9000Varincia 0,0247*Desvio Padro 15,7680Fonte: Apligraf (2003).*Valores em percentuais e para clculo, veja-se nota 4.

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    11

    O comportamento dirio do preo das aes do Banco do Brasil, no intervalo de abril de

    2001 e agosto de 2002, mostrado na Figura 6. Observa-se que o preo do ttulo manteve o

    comportamento em alta de out./01 a maio/02, como mostra a linha A, aps inicia uma trajetria

    de queda. Tal fato pode ser caracterizado com a figura de ombro-cabea-ombro, representada

    pelas linhas (1). Associada a essa formao, nota-se ainda uma penetrao dos preos na linha de

    tendncia (A) de alta (ponto 2). Esse ponto, ou seja, o que corta a linha de pescoo da formao

    (1), indica mercado vendedor. Com a queda do preo traada a nova linha de tendncia (B). As

    linhas (3) e (4) mostram os limites de suporte e resistncia, respectivamente, isto , os pontos no

    qual se estabelecem limites mnimos e mximos de flutuao do preo do ttulo.

    Figura 6: Comportamento dirio da ao do Banco do Brasil ON (BBAS3) no perodoentre abril de 2001 a agosto de 2002

    Fonte: Economtica (2003).Nota: A ilustrao superior em azul expressa o ndice da fora relativa (IFR). O grfico intermedirio mostra, pormeio das barras pretas, as flutuaes dos preos em reais por lote de mil aes. O grfico inferior reporta, embarras vermelhas, o volume negociado, em milhes de reais.

    A indicao de compra se d no dia 2 de agosto de 2002, a um preo de R$ 9,65, por lote

    de mil aes. O comportamento de tendncia, IFR, mostra-se, conforme grfico superior da

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    Figura 6, abaixo dos trinta pontos, de acordo com a seta (a). Esse fato revela uma situao

    favorvel, juntamente com os preos que esto acima das mdias mveis. Isso tambm

    confirmado pelo montante negociado, exibido na parte inferior da Figura. Tais sinalizaes

    apontam para uma mudana na tendncia do preo. Assim, a seta (b) aponta para o hiato de

    compra, enquanto a seta (c), ohiato de venda.

    Os limites do preo da ao so fornecidos pelas cotaes histricas que esto entre um

    valor mximo de R$ 16,50 e um valor mnimo de R$ 7,46. A avaliao do retorno da ao do

    Banco do Brasil demonstrada na Tabela 2. A sistemtica de avaliao da ao do Banco do

    Brasil aponta para um retorno esperado de aproximadamente 31 pontos percentuais, caso ocorram

    os eventos propostos na referida Tabela. Observa-se que o desvio padro 0,244, o que indica

    um risco estimado na aquisio dessa ao de 24% ao redor do retorno esperado. A possibilidadede um resultado otimista, por sua vez, 70%, como indicam os cenrios 1, 2 e 3, enquanto a

    probabilidade de ocorrncia de resultados no-favorveis situa-se em 30%. Tal fato suportado

    pelos cenrios 4 e 5. O preo, portanto, que determina a sada dessa aplicao, R$ 12,71 por

    lote de mil aes.

    Tabela 2: Probabilidades de ocorrncia dos preos e dos resultados para cada cenrio daao do Banco do Brasil (ON)

    CenrioProbabilidadede ocorrncia

    dos preos

    Valorcorrenteda ao

    R$

    Valorfuturo da

    ao

    Probabilidadepor resultado

    Valoresperado por

    resultado

    Varinciapor

    resultado

    12345

    0,250,250,200,150,15

    9,729,729,729,729,72

    16,5015,0012,308,527,46

    0,17440,13580,0531-0,0185-0,03490,30988

    0,30990,30990,30990,30990,3099

    0,004590,007570,013190,016180,017830,05936

    *Retorno 30,9876Varincia 0,0593

    *Desvio Padro 24,3635Fonte: Apligraf (2003)* Valores em percentuais e para clculo, veja-se nota 4.

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    Figura 7: Comportamento dirio da ao da Embratel PN (EBTP4) no intervalo entrejulho de 2001 e agosto de 2002

    Fonte: Economtica (2003).Nota: A ilustrao superior em azul expressa o ndice da fora relativa (IFR). O grfico intermedirio mostra, por

    meio das barras pretas, as flutuaes dos preos em reais por lote de mil aes. O grfico inferior reporta,em barras vermelhas, o volume negociado em milhes de reais.

    A Figura 7 ilustra o comportamento dirio do preo da ao da Embratel negociada pela

    Bovespa, no perodo entre julho de 2001 e agosto de 2002. Nota-se que essa ao sofreu uma

    queda brusca, passando de aproximadamente R$ 20,00 para algo em torno de R$ 1,00. As

    circunstncias para o referido comportamento somente podem ser explicadas com base na

    abordagem fundamentalista, fora, por conseqncia, do mbito da anlise tcnica. Todavia, as

    cotaes anteriores a julho de 2001 mostram que o preo da ao vinha num nvel superior a R$

    20,00, por lote de mil aes. Assim, uma queda nessa grandeza significaria uma oportunidade de

    aquisio do ttulo pelo fato de ser subavaliado. Isso ocorre quando a tendncia (B) sobreposta

    pela linha do preo. Nota-se, na indicao dada pela seta 1, um hiato no preo acompanhado de

    um hiato no aumento do volume, representado pela seta 2 na ilustrao inferior da Figura 7. Esseresultado viria a determinar a entrada dos investidores no mercado. Contudo, salienta-se a

    necessidade de certa cautela, porque a linha de tendncia primria (A) no foi rompida. Em

    outras palavras, possvel que a tendncia de baixa no tenha alcanado seu limite mnimo.

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    PERSPECTIVA ECONMICA; v.3, n, 1: 1 - 26, jan./jun. 2007 ISSN 1808-575X14

    Tabela 3: Probabilidades de ocorrncia dos preos e dos resultados para cada cenrio daao Embratel (PN)

    Cenrio

    Probabilidadede ocorrncia

    dos preos

    Valorcorrente da

    ao R$

    Valorfuturo da

    ao

    Probabilidadepor resultado

    Valoresperado por

    resultado

    Varincia porresultado

    123456

    0,150,250,200,200,100,10

    1,721,721,721,721,721,72

    11,386,353,092,882,051,60

    0,84240,67290,15930,13250,0192-0,00701,8195

    1,81951,81951,81951,81951,81951,8195

    0,14320,32860,55120,56910,32410,33362,2499

    *Retorno 181,9477Varincia 2,2499*Desvio Padro 149,9961Fonte: Apligraf (2003)* Valores em percentuais e para clculo, veja-se nota 4.

    O sinal para aquisio da ao dado no dia 2 de agosto de 2002, e o preo vigente R$

    1,72, marcado pela linha (a). Espera-se que a esse preo esteja formado o nvel de suporte para a

    referida ao, ou seja, o valor mnimo alcanado pelos preos. A Tabela 3 apresenta a

    distribuio de probabilidades de ocorrncia dos preos e a mensurao do risco da ao. Nota-se

    que o cenrio 2 indica a probabilidade de ocorrncia de uma em cada quatro, ou seja, 25% de

    possibilidade de se obter uma valorizao de 270%, ou seja, passando o preo de R$ 1,72 para R$

    6,35 por ao. O cenrio 3, por sua vez, mostra a probabilidade de 20%, que o preo da aoaumente em 80 pontos percentuais. Esse resultado leva em conta a possibilidade de realizar, no

    futuro, um retorno de 180%. Claramente, isso implica um risco associado aquisio da ao por

    volta de 150%, o que confirma a concepo de que quanto maior for o retorno esperado de um

    ativo mais elevado ser seu risco.

    A anlise da evoluo do preo da ao da Usiminas aponta no grfico de barras dentro do

    perodo considerado, para duas configuraes tpicas da anlise grfica como mostra a figura 8. A

    primeira indicada pelos pontos A e A", e forma um tringulo descendente. Nota-se que, no

    final dessa formao, os preos rompem a linha A" considerada como suporte e declinam at o

    ponto B. A linha de tendncia de alta, por sua vez, configura-se com a retomada dos preos. A

    outra imagem a ser destacada chamada retngulo ou tubo, que estabelecida pelas linhas C' e

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    C". Essa imagem aponta para oscilaes do preo no interior de determinados limites mximos e

    mnimos.

    O ponto (Y), no interior do grfico intermedirio ainda da Figura 8 deve ser levado em

    conta. Nesse ponto, ocorre uma mudana no comportamento dos preos, passando da linha detendncia (A) para linha de tendncia (B). Tal fato demonstra a formao de um hiato associado

    transposio da mdia simples dos preos, o que sinaliza a reverso da tendncia. O volume

    transacionado, reportado na parte inferior da figura 8, vem corroborar esse resultado. Nesse

    momento, transacionado o valor mais elevado de aproximadamente R$ 40 milhes em aes.

    Esse mais um indicador que confirma mudana de tendncia em consonncia com a abordagem

    da anlise tcnica.

    Figura 8: Trajetria diria da ao da Usiminas PNA (USIM5) no perodo entre abril de2001 e agosto de 2002

    Fonte: Economtica (2003).Nota: A ilustrao superior em azul expressa o ndice da fora relativa (IFR). O grfico intermedirio mostra, pormeio das barras pretas, as flutuaes dos preos em reais por lote de mil aes. O grfico inferior reporta, em barrasvermelhas, o volume negociado em milhes de reais.

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    Contudo, a tendncia de baixa (D) efetivamente se concretiza com o rompimento da linha

    C", ultrapassando portanto o limite mnimo. Esse fato sinaliza uma trajetria de preos

    declinantes. Por outro lado, a opo pela aquisio da ao est relacionada ao nvel de preo

    mais baixo. Nesse sentido, o indicador que viria confirmar uma nova reverso o IFR, como

    mostra a parte superior da figura 8. Ele mostra pela orientao da seta que o preo da ao teria

    atingido seu nvel mais baixo. Conseqentemente, o cenrio seria favorvel para demandar o

    ativo. Em outras palavras, o IFR est abaixo dos trinta pontos, o que representa uma oportunidade

    de realizao de elevados ganhos. Assim sendo, a compra da ao poderia ser efetuada ao preo

    corrente de R$ 4,40, identificada pela linha x. Essa deciso seria tomada com base no limite

    inferior de fechamento de R$ 3,92 da cotao anterior.

    Por fim, a escolha do ativo para compor a carteira de investimento deve levar em conta aavaliao e anlise dos resultados da probabilidade, o retorno esperado, o risco, mdio pelo

    desvio padro. A tabela 4 ilustra os possveis cenrios e as provveis valorizaes dos preos da

    ao da Usiminas. Assim, o retorno esperado pode alcanar o nvel 40% com um risco associado

    na ordem de 34%. Desse modo, o resultado estimado para a varincia indica que a participao

    desse ativo no total da carteira de investimento deve ser moderada. claro que essa afirmao

    somente pode ser verdadeira se o comportamento ou o perfil dos investidores forem avessos ao

    risco.

    Tabela 4: Probabilidades de ocorrncia dos preos e dos resultados para cada cenrio daao Usimina (PNA)

    Cenrio

    Probabilidadede ocorrncia

    dos preos

    Valorcorrente da

    ao R$

    Valorfuturo da

    ao

    Probabilidadepor resultado

    Valoresperado

    porresultado

    Varincia porresultado

    123

    456

    0,150,150,25

    0,150,200,10

    4,404,404,40

    4,404,404,40

    10,607,176,60

    5,103,923,20

    0,21140,09440,1250

    0,0239-0,0218-0,02720,4056

    0,40560,40560,4056

    0,40560,40560,4056

    0,00560,01450,0196

    0,02180,03650,01870,1170

    *Retorno 40,5568Varincia 0,1170*Desvio Padro 34,2023Fonte: Apligraf (2003).* Valores em percentuais e para clculo, veja-se nota 4.

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    Salienta-se que se procedeu anlise grfica idntica para a seleo de mais oito aes

    para compor a carteira de investimento. Assim, o nmero total de 12 aes recomendvel pela

    literatura para que se possa diversificar o investimento e maximizar a rentabilidade. Brealey e

    Myers (1996) mostram que a rentabilidade esperada simplesmente a mdia ponderada dos

    retornos das aes individualmente. As demais aes escolhidas foram Banco Bradesco PN,

    Banco Ita PN, Copel PNB, Eletrobrs, PNB, Po de Acar PNA, Perdigo PN, Petrobrs PN e

    Telemar PN.5 A Tabela 5 ilustra resumidamente os resultados das aes selecionadas bem como

    sua composio na carteira, de acordo com a concepo terica Markowitziana6.

    Tabela 5: Aes selecionadas para a composio da carteira de investimento

    Ao Cdigo Retorno%

    Varincia Desvio padro%

    Coef. devariao

    % aescarteira

    Banco Bradesco BBDC4 34,05 0,0809 28,45 0,83554 2,0

    Banco Brasil BBAS3 30,99 0,0593 24,36 0,78606 16,0

    Banco Ita ITAU4 27,28 0,0473 21,76 0,79765 12,0

    Brasil Telecom BRTP4 18,90 0,0249 15,77 0,83439 5,0

    Copel CPLE6 20,06 0,0279 16,72 0,83349 9,0

    Eletrobrs ELET6 22,46 0,0336 18,34 0,81656 9,0

    Embratel EBTP4 181,95 2,2499 149,5 0,79226 15,0

    Po de Acar PCAR4 9,6 0,0072 8,5 0,88541 2,0

    Perdigo PRGA4 6,16 0,0028 5,31 0,86201 5,0

    Petrobrs PETR4 21,71 0,0296 17,2 0,79226 13,0

    Telemar TNLP4 41,39 0,01248 35,33 0,85359 6,0

    Usiminas USIM5 40,56 0,11698 34,22 0,84369 7,0

    A avaliao do risco e retorno esperado seguiu a metodologia apontada por Groppelli e

    Nikbakht (2002), os quais empregaram o coeficiente de variao, isto , a razo entre o risco do

    investimento, medido pelo desvio padro, e o retorno mdio esperado. Assim, quanto menor o

    valor do coeficiente, melhor tende a ser a qualidade do investimento. Nesse sentido, observa-se,

    ainda por meio da tabela 6, que a ao do Banco do Brasil tem o melhor desempenho, ou seja,

    apresenta o menor coeficiente de variao, prximo a 0,79 e um retorno mdio esperado superior

    a 30 pontos percentuais. A partir desses resultados, e considerando uma posio mais

    conservadora, a participao da ao do Banco do Brasil a maior de todas com 16% do total.

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    180%, e a observada superou 250%. Tais resultados tendem a ser sustentados pela teoria que trata

    dos retornos e dos riscos financeiros. A exceo, no entanto, ficou por conta da ao da Telemar.

    Tabela 6: Rentabilidade mdia da carteira de aes selecionada pelos critrios da tcnica

    grafista, no intervalo entre agosto de 2002 e agosto de 2003

    AoCdigo

    Preoinicial

    Qtdeaes

    ValorR$

    Preofinal

    Valor finalR$

    %Rend.

    Banco Bradesco BBDC4 8,16 245,03 2.000, 12,75 3.125,00 56,25

    Banco Brasil BBAS3 9,65 1.658,03 16.000, 15,40 25.533,68 59,58

    Banco Ita ITAU4 127,0 94,50 12.000, 224,50 21.212,60 76,77

    Brasil Telecom BRTP4 14,98 333,79 5.000, 22,8 7.543,39 50,86

    Copel CPLE6 10,40 865,38 9.000, 8,36 7.234,62 -19,61

    Eletrobrs ELET6 18,82 478,23 9.000, 24,55 11.740,17 30,44Embratel EBTP4 1,72 8.720,93 15.000, 6,10 53.197,66 254,65

    Po de Acar PCAR4 40,22 37,29 1.500, 58,50 2.181,75 45,45

    Perdigo PRGA4 12,2 368,86 4.500, 16,85 6.215,15 38,11

    Petrobrs PETR4 39,81 326,55 13.000, 60,32 19.697,56 51,52

    Telemar TNLP4 22,7 264,35 6.000, 38,10 10.070,48 67,84

    Usiminas USIM5 4,4 1.590,91 7.000, 17,00 27.045,45 286,36

    Total 14.983,85 100.000, 194.797,55 94,80

    Fonte: Apligraf (2003).

    A ao Usiminas, por sua vez, apresentou um desempenho muito acima do esperado. A

    previso inicial era, conforme Tabela 6, de que a rentabilidade ficasse em torno de 40%. O preo

    da ao, no entanto, valorizou-se extremamente no perodo, chegando a quase 286%, ou seja, o

    preo inicial foi multiplicado por mais de sete vezes. J o nico resultado negativo ou contrrio

    do esperado foi registrado pelas aes da Copel que, no perodo de 12 meses, obteve uma

    desvalorizao de 19,61%. No cmputo global, a carteira de investimento obteve uma

    rentabilidade bem acima daquela prevista, ficando em 94%. Ressalta-se que esse resultado

    somente considera a valorizao dos preos das aes.

    A rentabilidade dos principais ativos financeiros, no intervalo entre agosto de 2002 e

    agosto de 2004, encontra-se na Tabela 7. Salienta-se que a escolha desse perodo permite

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    Banco do Brasil ON, Banco Ita PN, Brasil Telecom Participaes PN, Copel PNB, Eletrobrs,

    PNB, Embratel PN, Po de Acar PNA, Perdigo PN, Petrobrs PN, Usiminas PNA e Telemar

    PN. Os resultados indicaram que a carteira de aes tem um desempenho muito superior em pelo

    menos 60% a qualquer ativo financeiro ou indicador de rentabilidade

    A anlise grafista, apesar de no ter um rigor altamente cientfico, mostrou-se potente no

    sentido de apontar o momento mais adequado para a tomada de deciso de compra da ao. Em

    outras palavras, essa anlise fornece um conjunto de informaes tanto no se refere direo da

    flutuao dos preos quanto estabilidade ou reverso das tendncias.

    Em sntese, a abordagem da anlise tcnica tem se apresentado eficaz na seleo das

    aes para a composio de uma carteira de investimentos. A rentabilidade verificada, emboranum prazo relativamente curto, foi bem superior a qualquer outra aplicao no mercado

    financeiro. Claramente, o desempenho da carteira carece de uma avaliao durante um intervalo

    de tempo mais ampliado. Salienta-se que, apesar disso, o retorno observado levou em conta

    apenas mudanas nos preos das aes e da constituio da carteira tendeu a ser bastante

    conservadora.

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    Anexo

    Figura 1: Trajetria diria da ao da Bradesco PN: abr./2001 a ago./2002.

    Figura 2: Trajetria diria da ao da Eletrobrs PN: abr./2001 a ago./2002.

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    Figura 3: Trajetria diria da ao da Perdigo PN: abr./2001 a ago./2002

    Figura 4: Trajetria diria da ao da Petrobrs PN: abr./2001 a ago./2002

    1 Uma abordagem mais completa sobre o mercado financeiro e sua respectiva segmentao pode ser encontrada emAssaf Netto (2001), Blanchard (1999), Bodie et al. (2000, Fortuna (1999), Hillbrecht (1999), Leite (2000), Lopes e

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    Rossetti (2002), Mellagi Filho (1998), Sachs e Larrain (2000), Sanvicente e Melagi Filho (1998), Triches (1992),entre outros).

    2 Uma discusso mais detalhada sobre anlise fundamentalista e tcnica grafista pode ser encontrada em Assaf Netto(2001), Bodie et al. (2000, cap. 15), Brealey e Myers (1996), Costa Jr (2000), Fortuna (1999), Gitman (2001),Gropelli e Nikbakht (2002), Noronha (1995), Oliveira (1986), Tavares (1987), Ross et al. (2000), Sanvicente e

    Mellagi Filho (1988), etc.3 Esse comportamento foi observado inicialmente por Ralf Nelson Elliot (1871-1948) ao estudar a evoluo dosmovimentos das medidas Dow Jones. Constatou que tais movimentos seguem uma determinada forma ou padro.Assim, o autor desenvolveu, em 1935, a teoria The Wave Principle, tambm denominada Teoria das Vagas que baseada na srie Fibonacci. Essa srie construda de tal forma que cada nmero igual soma dos dois que oantecedem. Tem-se, por exemplo, (1); (0+1=1); (1+1=2); (1+2=3); (2+3=5); (3+5=8); (5+8=13); (8+13=21):(13+21=34); (21+35=55) e assim sucessivamente. A srie possui propriedades interessantes a saber: i) a razo entredois nmeros consecutivos tende a convergir para 0,618. Ex.: (1/2=0,500); (2/3=0,667); (3/5=0,600); (5/8=0,625);(8/13=0,615), etc.; ii) a razo entre dois nmeros no-consecutivos tende a 0,382. Ex. (1/2=0,500); (1/3=0,333);(2/5=0,400); (3/8=0,375); (5/13=0,385); iii) a razo entre dois nmeros consecutivos, em ordem decrescentetambm converge para 1,618; e iv) a razo entre nmeros alternados, em ordem decrescente, converge para 2,618.Ex.: (5/2=2,500); (8/3=2,667); (13/5=2,600); (21/8=2,625).

    4 A expresso matemtica da definio do retorno esperado, probabilidade de ocorrncia de cada resultado e riscomedido pela varincia, pode ser encontrada em Bodie et al. (2000, p. 162), Gitman (2001), Ross et al. (2000),Sanviciente e Melagi Filho (1998), etc.

    5 As ilustraes grficas das aes Banco Bradesco PN, Eletrobrs PNB, Perdigo PN e Petrobrs PN encontram-seem anexo.

    6 Veja-se o texto clssico de Markowitz (1952)