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Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014 1 Segurança do paciente na atenção primária à saúde: revisão sistemática Patient safety in primary health care: a systematic review La seguridad del paciente en la atención primaria: una revisión sistemática 1 Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil. Correspondência S. G. Marchon Departamento de Administração e Planejamento em Saúde, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz. Rua Senador Pompeu 208, Araruama, RJ 28970-000, Brasil. [email protected] Simone Grativol Marchon 1 Walter Vieira Mendes Junior 1 Abstract The aim of this study was to identify method- ologies to evaluate incidents in primary health care, types of incidents, contributing factors, and solutions to make primary care safer. A sys- tematic literature review was performed in the following databases: PubMed, Scopus, LILACS, SciELO, and Capes, from 2007 to 2012, in Por- tuguese, English, and Spanish. Thirty-three ar- ticles were selected: 26% on retrospective stud- ies, 44% on prospective studies, including focus groups, questionnaires, and interviews, and 30% on cross-sectional studies. The most frequently used method was incident analysis from inci- dent reporting systems (45%). The most frequent types of incidents in primary care were related to medication and diagnosis. The most relevant contributing factors were communication fail- ures among member of the healthcare team. Re- search methods on patient safety in primary care are adequate and replicable, and they will likely be used more widely, thereby providing better knowledge on safety in this setting. Patient Safety; Primary Health Care; Quality of Health Care REVISÃO REVIEW Resumo O objetivo deste artigo foi identificar metodologias utilizadas para avaliação de incidentes na aten- ção primária à saúde, os tipos, seus fatores contri- buintes e as soluções para tornar a atenção primá- ria à saúde mais segura. Foi realizada uma revi- são sistemática da literatura nas bases de dados bibliográficas: PubMed, Scopus, LILACS, SciELO e Capes, de 2007 até 2012, nos idiomas português, inglês e espanhol. Foram selecionados 33 artigos: 26% relativos a estudos retrospectivos; 44% a estu- dos prospectivos, incluindo grupo focal, questio- nários e entrevistas; 30% a estudos transversais. O método mais utilizado nos estudos foi análise dos incidentes em sistemas de notificações de inciden- tes (45%). Os tipos de incidentes mais encontrados na atenção primária à saúde estavam associados à medicação e diagnóstico. Os fatores contribuin- tes mais relevante foram falhas de comunicação entre os membros da equipe de saúde. Métodos de investigação empregados nas pesquisas de se- gurança do paciente na atenção primária à saúde são adequados e replicáveis, é provável que estes se tornem mais amplamente utilizados, propiciando mais conhecimento sobre a segurança na atenção primária à saúde. Segurança do Paciente; Atenção Primária à Saúde; Qualidade do Cuidado http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00114113

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  • Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    1

    Segurança do paciente na atenção primária à saúde: revisão sistemática

    Patient safety in primary health care: a systematic review

    La seguridad del paciente en la atención primaria: una revisión sistemática

    1 Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil.

    CorrespondênciaS. G. MarchonDepartamento de Administração e Planejamento em Saúde, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz.Rua Senador Pompeu 208, Araruama, RJ 28970-000, [email protected]

    Simone Grativol Marchon 1

    Walter Vieira Mendes Junior 1

    Abstract

    The aim of this study was to identify method-ologies to evaluate incidents in primary health care, types of incidents, contributing factors, and solutions to make primary care safer. A sys-tematic literature review was performed in the following databases: PubMed, Scopus, LILACS, SciELO, and Capes, from 2007 to 2012, in Por-tuguese, English, and Spanish. Thirty-three ar-ticles were selected: 26% on retrospective stud-ies, 44% on prospective studies, including focus groups, questionnaires, and interviews, and 30% on cross-sectional studies. The most frequently used method was incident analysis from inci-dent reporting systems (45%). The most frequent types of incidents in primary care were related to medication and diagnosis. The most relevant contributing factors were communication fail-ures among member of the healthcare team. Re-search methods on patient safety in primary care are adequate and replicable, and they will likely be used more widely, thereby providing better knowledge on safety in this setting.

    Patient Safety; Primary Health Care; Quality of Health Care

    REVISÃO REVIEW

    Resumo

    O objetivo deste artigo foi identificar metodologias utilizadas para avaliação de incidentes na aten-ção primária à saúde, os tipos, seus fatores contri-buintes e as soluções para tornar a atenção primá-ria à saúde mais segura. Foi realizada uma revi-são sistemática da literatura nas bases de dados bibliográficas: PubMed, Scopus, LILACS, SciELO e Capes, de 2007 até 2012, nos idiomas português, inglês e espanhol. Foram selecionados 33 artigos: 26% relativos a estudos retrospectivos; 44% a estu-dos prospectivos, incluindo grupo focal, questio-nários e entrevistas; 30% a estudos transversais. O método mais utilizado nos estudos foi análise dos incidentes em sistemas de notificações de inciden-tes (45%). Os tipos de incidentes mais encontrados na atenção primária à saúde estavam associados à medicação e diagnóstico. Os fatores contribuin-tes mais relevante foram falhas de comunicação entre os membros da equipe de saúde. Métodos de investigação empregados nas pesquisas de se-gurança do paciente na atenção primária à saúde são adequados e replicáveis, é provável que estes se tornem mais amplamente utilizados, propiciando mais conhecimento sobre a segurança na atenção primária à saúde.

    Segurança do Paciente; Atenção Primária à Saúde; Qualidade do Cuidado

    http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00114113

  • Marchon SG, Mendes Junior WV2

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Introdução

    O relatório do Instituto de Medicina dos Estados Unidos, intitulado To Err is Human: Building a Safer Health System 1, tornou o tema segurança do paciente uma questão central nas agendas de muitos países. Essa publicação foi um marco na segurança do paciente e alertou para os erros no cuidado à saúde e para os danos ao paciente.

    A preocupação com a segurança do paciente levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a criar o programa The World Alliance for Patient Safety em 2004 2, com o objetivo de desenvolver políticas mundiais para melhorar o cuidado aos pacientes nos serviços de saúde. Entre as inicia-tivas desse programa, destaca-se a tentativa de conceituar as questões envolvidas com a segu-rança do paciente. Foi desenvolvida a Classifi-cação Internacional de Segurança do Paciente, na qual incidente é definido como todo evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, em dano desnecessário ao paciente 2.

    Neste estudo, evento adverso é definido co-mo incidente que resulta em dano ao paciente 3 e os fatores contribuintes são circunstâncias, ação ou influência que se pensa ter desempenhado um papel na origem ou desenvolvimento de um incidente, ou aumentar o risco de acontecer um incidente 3. Compreende-se por tipos de even-to adverso, neste estudo, a origem do incidente relacionado ao cuidado – se foi pela medicação; pela falta, atraso ou erro de diagnóstico; pelo tra-tamento não medicamentoso ou procedimento realizado 4. Em 2006, o Comitê Europeu de Segu-rança do Paciente reconheceu a necessidade de considerar a segurança do paciente como uma dimensão da qualidade em saúde em todos os níveis de cuidados de saúde, desde a promoção da saúde até o tratamento da doença 5.

    Embora a maioria dos cuidados seja prestada em nível da atenção primária à saúde, as investi-gações sobre a segurança dos pacientes têm sido centradas em hospitais. Os cuidados hospitalares são mais complexos e é natural que este ambien-te seja o foco dessas investigações.

    A OMS, em 2012, constituiu um grupo para estudar as questões envolvidas com a segurança na atenção primária à saúde 5, cujo objetivo é fa-zer avançar o conhecimento sobre os riscos para os pacientes em cuidados de saúde primários, e a magnitude e a natureza dos eventos adversos devido a práticas inseguras.

    Vários métodos têm sido adotados para ava-liar erros e eventos adversos. Discute-se pontos fortes e fracos de cada um deles para escolher o mais adequado para o que se quer medir. Entre-tanto, são métodos utilizados em pesquisa em hospitais. Uma revisão sistemática realizada en-

    tre os anos 1966 a 2007 mostrou que o estudo da segurança do paciente na atenção básica ainda está no início 6. Enquanto nos hospitais a maio-ria dos eventos adversos é associada à ciurgia e ao medicamento, na atenção primária à saúde os eventos adversos mais frequentes estão associa-dos ao medicamento e ao diagnóstico 7. A maioria dos estudos hospitalares utiliza a revisão retros-pectiva de prontuários 7, e nos estudos em aten-ção primária à saúde o método mais utilizado é a análise de notificação de incidentes feita por pro-fissonais de saúde ou pacientes 6. Nos hospitais, a média com eventos adversos por 100 pacientes internados encontrada nos estudos foi 9,2, e a proporção média de eventos adversos evitáveis foi de 43,5% 7. Na atenção primária à saúde as es-timativas de incidentes variaram muito, de 0,004 a 240,0 por 1.000 consultas, e as estimativas de erros evitáveis variaram de 45% a 76% dependendo do método empregado na pesquisa 6.

    Os objetivos deste estudo foram: identifi- car as metodologias utilizadas para avaliação de incidentes na atenção primária à saúde, os tipos, a gravidade dos incidentes na atenção pri-mária à saúde e seus fatores contribuintes, e as soluções para tornar a atenção primária à saúde mais segura.

    Metodologia

    Para atingir o objetivo proposto foi realizada uma revisão da literatura. As bases de dados utilizadas foram: MEDLINE (via PubMed), Embase, Scopus, LILACS, SciELO e o banco de teses e dissertações da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pes-soal de Nível Superior (Capes), com corte tem-poral de 2007 até novembro 2012. A estratégia de busca foi a mesma para todas as bases de dados (MEDLINE, Embase, Scopus, LILACS, SciELO e Periódicos Capes). As palavras-chave foram pes-quisadas empregando-se o português, o inglês e o espanhol como idiomas, conforme demonstra-do na Tabela 1.

    O início da revisão foi definido em 2007, em função da existência de outro estudo de revisão sistemática 6 que usou estratégia de busca simi-lar, com consulta às bases de dados MEDLINE, CINAHL, Embase, entre os anos de 1966 e 2007.

    Para a seleção dos artigos usou-se os seguin-tes critérios de inclusão: (i) artigos relacionados ao tema segurança do paciente na atenção pri-mária à saúde; (ii) artigos nos idiomas português, inglês e espanhol. Foram excluídos os estudos: (i) no formato de cartas, editoriais, notícias, co-mentários de profissionais, estudos de caso e revisões; (ii) sem resumo disponível; (iii) sobre um processo específico de cuidado na atenção

  • SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 3

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Tabela 1

    Estratégia de busca nas bases de dados eletrônicas.

    Estratégia Palavras-chave

    #1 Family practice OR primary care OR primary health care OR general practice [Inglês]

    Cuidados primários OU cuidados primários de saúde OU atenção primária OU médico de família

    OU clínico geral [Português]

    La atención primaria O de atención primaria O médico de familia O médico general [Espanhol]

    #2 Medical error OR medication error OR diagnostic error OR iatrogenic disease OR malpractice OR safety

    culture OR near failure OR near miss OR patient safety method OR patient safety indicator OR patient

    safety measure OR patient safety report OR safety event report [Inglês]

    Erro médico OU erro de medicamentos OU erro de diagnóstico OU doença iatrogênica OU imperícia

    OU cultura de segurança OU método segurança do paciente OU indicador segurança do paciente

    OU medida de segurança do paciente ou relatório de segurança do paciente OU relatório de eventos

    de segurança [Português]

    El error médico o medicamento error O error de diagnóstico O de enfermedad iatrogénica O negligencia

    O de la cultura de seguridad O cerca de fracaso O método de seguridad del paciente O el indicador

    de la seguridad del paciente O medida de seguridad de los pacientes O el informe de seguridad del

    paciente O el informe de eventos de seguridad [Espanhol]

    #3 #1 AND #2

    primária; (iv) sobre incidentes hospitalares; (v) sobre um tipo específico de patologia ou de inci-dente; (vi) publicados em outros idiomas que não português, inglês ou espanhol.

    Uma busca inicial para a seleção dos títulos dos artigos foi realizada pelos dois autores de forma independente; os artigos que não foram excluídos na etapa anterior seguiram para ava-liação independente dos resumos, após serem excluídos os artigos por duplicidade e por resu-mo indisponível; os artigos não excluídos foram lidos por revisores independentes. Após a leitura dos artigos na íntegra e de forma independente, eles foram selecionados. Os dados foram extraí-dos com base em informações sobre o autor, o título e ano de publicação e as características dos estudos, tais como objetivo, método empregado, resultados encontrados, limitações descritas e al-gumas observações relevantes.

    Foi realizada uma avaliação da qualidade dos estudos selecionados, utilizando a ferramenta Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE), adaptada para o português, que dispõe de uma lista de verificação com 22 itens, denominada STROBE Statement 8.

    Resultados

    A busca inicial nas bases de dados, que ocorreu entre os meses de maio e novembro de 2012,

    identificou 1.956 títulos de artigos relevantes pa-ra o trabalho. A Figura 1 apresenta o fluxograma do processo de seleção dos estudos.

    Os trabalhos selecionados são todos de paí-ses desenvolvidos, sendo 14 realizados nos Esta-dos Unidos (41%), cinco no Reino Unido (16%), cinco na Nova Zelândia (16%), três na Holanda (9%), dois na Espanha (6%), um na Escócia (3%), na Austrália (3%), no Canadá (3%) e na Europa (3%) (Tabela 2).

    Houve um equilíbrio na distribuição dos anos em que os artigos foram publicados: quatro em 2007 9,10,11,12, seis em 2008 13,14,15,16,17,18, três em 2009 19,20,21, dez em 2010 22,23,24,25,26,27,28,29,30,31, seis em 2011 32,33,34,35,36,37 e quatro em 2012 38,39,40,41 (Tabela 2).

    Quanto ao desenho, 32 estudos foram obser-vacionais e apenas um experimental 25. Todos os estudos foram descritivos. Nove trabalhos foram retrospectivos 9,13,14,15,18,19,32,37,38, 14 prospecti-vos 10,16,20,22,23,24,25,26,27,28,33,34,39,40 e dez transver-sais 11,12,17,21,29,30,31,35,36,41.

    Diversas fontes de dados foram utilizadas. Houve estudos que utilizaram os dados adminis-trativos dos sistemas de notificação de inciden-tes alimentados, quer por profissionais de saúde 9,13,14,15,18,19,37,38, quer por profissionais de saúde e pacientes e familiares 32. Dados também foram obtidos por meio de grupos focais com médicos e outros profissionais de saúde 23, com profissio-nais de saúde e pacientes e familiares 20. Alguns estudos utilizaram entrevistas para obter os da-

  • Marchon SG, Mendes Junior WV4

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Figura 1

    Fluxograma do processo de seleção do estudo.

    dos, seja com médicos 25,33,39, seja com médicos e outros profissionais de saúde 24. O questionário foi outro recurso utilizado por alguns autores pa-ra extrair os dados, tendo sido respondido por médicos 22,40, por médicos e outros profissionais de saúde 10,16,28,34 e por paciente e familiares 26,27. Outros trabalhos utilizaram uma combinação de métodos como fonte de dados: sistemas de notifi-cações de incidentes, observação direta e grupos focais 35; sistemas de notificações de incidentes, observação direta e entrevistas 11; observação direta com gravação de áudio 29; observação di-reta e obtenção de consenso de especialistas 36; sistemas de notificações de incidentes, revisão de prontuário e entrevistas 41; sistemas de noti-ficações de incidente e revisão de prontuário 21; sistemas de notificações de incidente, entrevista e questionário 30; obtenção de consenso com es-pecialistas, questionários para pacientes e grupo focal 31; sistemas de notificações de incidentes, revisão de prontuário e questionário 41 (Tabe-la 2). Seis estudos 12,17,21,30,31,41 utilizaram uma combinação de fontes de dados. Os sistemas de notificação foram os que mais contribuíram co-mo fontes de dados – 15 (45%) estudos 9,11,12,13,14, 15,18,19,21,30,32,35,37,38,41.

    Houve diferenças na definição de eventos ad-versos, sendo que a grande maioria dos estudos não apresentou uma definição para estes even-tos. Quatro estudos 26,31,38,39 apresentaram uma

    definição para evento adverso relacionando-o à existência de um dano ao paciente causado pe-lo cuidado. Em outros quatro estudos 15,17,21,37 o evento adverso não expressou necessariamente um dano ao paciente em decorrência do cuida-do. Em dois estudos 16,33, a cultura de segurança do paciente foi definida de forma semelhante, sendo definida como valores individuais e/ou de grupo, atitudes, percepções e padrões de com-portamento que determinam uma equipe ou o compromisso da organização para a gestão da segurança (Tabela 2).

    A população estudada foi composta por mé-dicos e outros profissionais de saúde 9,10,13,14,15, 16,19,20,22,24,25,28,30,32,33,34,35,36,39,40, de paciente e familiares 26, de profissionais de saúde e pacien-tes e familiares 11,21,23,27,29,31,41, sendo que em al-guns trabalhos não foi descrita integralmente a população estudada 17,22,38 (Tabela 2).

    Os fatores contribuintes de incidentes relata-dos nos diversos estudos foram: falhas na comu-nicação interprofissional e com o paciente; falhas na gestão, tais como: falta de insumos medico-ci-rúrgicos e de medicamentos, profissionais pres-sionados para serem mais produtivos em menos tempo, falhas em prontuários, falhas na recepção dos pacientes, planta física da unidade de saúde inadequada, descarte inadequado de resíduos da unidade de saúde, tarefas excessivas e falhas no cuidado. As falhas no cuidado foram diversas:

  • SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 5

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Tabela 2

    Características dos estudos avaliados.

    Referência (ano) Local Desenho do estudo/

    Fonte de dados/

    População estudada

    Definições relevantes Resultados dos estudos

    e conclusões relevantes

    dos autores

    Itens não contemplados

    integralmente na

    avaliação STROBE

    Wallis & Dovey 32

    (2011)

    Nova

    Zelândia

    Estudo observacional,

    retrospectivo, descritivo;

    análise de dados de

    sistemas de notificações

    de incidentes de

    médicos, de família e de

    pacientes

    Não houve

    definições relevantes

    para o estudo

    Em 83% das notificações

    encontrou-se danos de

    menor gravidade e 12% com

    danos de maior gravidade.

    A medicação é o cuidado

    com maior risco ao paciente

    Limitações do estudo;

    interpretação dos

    resultados

    McKay et al. 19

    (2009)

    Reino Unido Estudo observacional,

    retrospectivo, descritivo;

    análise de dados de

    sistemas de notificações

    de incidentes de GPs

    O estudo usou o termo

    erro decorrente do

    cuidado que pode ter

    causado dano ou não

    paciente

    Em 32,5% das notificações

    encontrou-se erro de

    diagnóstico (mais

    frequente), sendo que

    em 25,1% houve dano

    ao paciente. Em 80,1%

    das notificações de EAs

    havia medidas sugeridas

    para melhorar a prática

    clínica, como: divulgação

    de protocolos de Práticas

    Seguras; capacitação dos

    profissionais da equipe

    de saúde; programas para

    melhorar a comunicação

    médico/paciente

    Não houve

    Gaal et al. 22

    (2010)

    Europa Estudo observacional,

    retrospectivo, descritivo;

    questionário aplicado em

    10 países europeus

    Não houve

    definições relevantes

    para o estudo

    Foram analisadas 10

    dimensões de segurança do

    paciente, em que medicação

    e segurança nas estruturas

    físicas apresentaram

    associação mais potente com

    a segurança do paciente

    Financiamento

    Parnes et al. 9

    (2007)

    Estados

    Unidos

    Estudo observacional,

    retrospectivo, descritivo;

    análise de dados de

    sistemas de notificações

    de incidentes de médicos

    e funcionários

    O estudo usou o termo

    erro medicamentoso que

    pode ter causado dano

    ou não ao paciente

    De 754 ocorrências

    notificadas, foi possível

    identificar que em 60

    houve interrupção de uma

    cascata de erros antes que

    estes afetassem pacientes

    na atenção primária à

    saúde. Em um participante

    foi possível interromper

    a progressão do evento

    antes de alcançar ou afetar

    o paciente. Apesar de

    muitos métodos individuais

    e sistemáticos para evitar

    erros, um sistema para

    evitar todos os potenciais

    erros não é viável

    Limitações do estudo;

    interpretação dos

    resultados

    (continua)

  • Marchon SG, Mendes Junior WV6

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Kuo et al. 13 (2008) Estados

    Unidos

    Estudo observacional,

    retrospectivo,

    descritivo; análise de

    dados de sistemas de

    notificações de erros

    de medicamentos

    registrados por médicos

    de família e profissionais

    de saúde

    O estudo usou o termo

    erro decorrente do

    cuidado que pode ter

    causado dano ou não

    ao paciente

    Setenta por cento dos

    erros de medicação foram

    por prescrição, 10% por

    erros na administração

    da medicação, 10% erros

    de documentação do

    paciente, 10% erros de

    distribuição e controle

    do medicamento. 24%

    dos erros atingiram

    pacientes. Concluiu-se

    que o envolvimento de

    médicos, das equipes

    multidisciplinares e dos

    pacientes, combinado com

    a tecnologia, melhora o

    processo de gestão de

    medicamentos, reduzindo

    erros de medicação

    Desfecho

    Graham et al. 14

    (2008)

    Estados

    Unidos

    Estudo observacional,

    retrospectivo, descritivo;

    análise de dados de

    sistemas de notificações

    de incidentes; 8 clínicas

    da AAFP

    Não houve

    definições relevantes

    para o estudo

    25% de erros tinham

    evidência de mitigação;

    estes erros mitigados

    resultaram em danos

    menos frequentes e

    graves aos pacientes. A

    capacitação de médicos

    e demais profissionais

    e desenvolvimento de

    protocolos para orientar

    são as melhores medidas

    para reduzir EAs

    Não houve

    Hickner et al. 15

    (2008)

    Estados

    Unidos

    Estudo observacional,

    retrospectivo, descritivo;

    análise de dados de

    sistemas de notificações

    de incidentes; 243

    médicos e pessoal

    administrativo de oito

    unidades de saúde da

    AAFP

    O estudo não fez

    distinção se o EA

    representou dano ou não

    ao paciente

    Em 18% houve algum dano.

    As perdas foram financeiras

    e de tempo (22%),

    atrasos no atendimento

    (24%), dor/ sofrimento

    (11%) e consequências

    clínicas adversas (2%). As

    notificações de EAs devem

    ser integradas aos registros

    médicos eletrônicos

    Não houve

    Bowie et al. 38

    (2012)

    Reino Unido Estudo observacional,

    retrospectivo, descritivo;

    análise de dados de

    sistemas de notificações

    de erros

    O estudo usou o termo

    EA significando que

    houve lesão decorrente

    do cuidado

    O método utilizado na

    pesquisa não conseguiu

    identificar riscos de erros no

    cuidado, de alta relevância

    para os GPs. É importante

    a realização de novas

    pesquisas nesta área

    Participantes

    Tabela 2 (continuação)

    Referência (ano) Local Desenho do estudo/

    Fonte de dados/

    População estudada

    Definições relevantes Resultados dos estudos

    e conclusões relevantes

    dos autores

    Itens não contemplados

    integralmente na

    avaliação STROBE

    (continua)

  • SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 7

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Tabela 2 (continuação)

    Referência (ano) Local Desenho do estudo/

    Fonte de dados/

    População estudada

    Definições relevantes Resultados dos estudos

    e conclusões relevantes

    dos autores

    Itens não contemplados

    integralmente na

    avaliação STROBE

    Buetow et al. 23

    (2010)

    Nova

    Zelândia

    Estudo observacional,

    prospectivo, descritivo;

    grupo focal; 11 grupos

    homogêneos de 5-9

    pessoas, sendo 8 grupos

    de pacientes e 3 grupos

    de profissionais de

    saúde do norte da Nova

    Zelândia

    O estudo usou o termo

    erro decorrente do

    cuidado que pode ter

    causado dano ou não ao

    paciente

    Apontadas quatro questões

    relacionadas à segurança

    do paciente: melhora

    nos relacionamentos

    interprofissionais,

    permitir que pacientes e

    profissionais reconheçam

    e gerenciem EAs,

    capacidade compartilhada

    de mudanças na equipe,

    e motivação para agir

    em prol da segurança

    do paciente. Essa

    metodologia pode ajudar

    a reduzir a tensão entre

    profissionais e o paciente

    no processo de trabalho

    e o erro no cuidado em

    saúde

    Não houve

    Manwellet al. 20

    (2009)

    Estados

    Unidos

    Estudo observacional,

    prospectivo, descritivo;

    grupo focal; 9 grupos

    focais com 32 médicos

    de família e clínica geral

    de 5 áreas do Meio-oeste

    americano e da cidade

    de Nova York

    Não houve definições

    relevantes para o estudo

    Os médicos descreveram

    fatores que afetam a

    segurança do paciente na

    atenção primária à saúde:

    pacientes são clinicamente

    e psicossocialmente

    complexos; pressão do

    seguro saúde; comunicação

    é complicada devido a

    vários idiomas; pressão de

    tempo no atendimento;

    sistemas de informação

    inadequados; falta

    de insumos; falta de

    medicamentos; resultados

    de testes diagnósticos

    demorados; principais

    decisões administrativas

    são tomadas sem

    participação

    Contexto/Justificativa

    do método

    Wallis et al. 33

    (2011)

    Nova

    Zelândia

    Estudo observacional,

    prospectivo, descritivo;

    entrevistas com 12

    médicos de família

    Cultura de segurança

    é definida como

    valores compartilhados,

    atitudes, percepções,

    competências e padrões

    de comportamento

    indivídual ou coletivo

    The Manchester Patient

    Safety Framework

    adaptado foi testado

    e pode ser utilizado

    para avaliar a cultura de

    segurança da atenção

    primária à saúde na

    Nova Zelândia

    Não houve

    (continua)

  • Marchon SG, Mendes Junior WV8

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Tabela 2 (continuação)

    Referência (ano) Local Desenho do estudo/

    Fonte de dados/

    População estudada

    Definições relevantes Resultados dos estudos

    e conclusões relevantes

    dos autores

    Itens não contemplados

    integralmente na

    avaliação STROBE

    Balla et al. 39

    (2012)

    Reino Unido Estudo observacional,

    prospectivo, descritivo;

    entrevistas com 21 GPs

    O estudo usou o termo

    EAs significando que

    houve lesão decorrente

    do cuidado

    Os GPs descreveram fatores

    de risco para a segurança

    do paciente: incerteza no

    diagnóstico dos pacientes

    e pressões relacionadas

    ao tempo de trabalho.

    As melhorias na atenção

    primária à saúde poderiam

    ser alcançadas com feedback

    entre GPs e médicos

    especialistas. Os autores

    recomendaram reuniões

    regulares para discutir casos

    clínicos

    Contexto/

    Justificativa do método

    Gaal et al. 24

    (2010)

    Holanda Estudo observacional

    prospectivo descritivo;

    entrevistas semi-

    estruturadas com 29

    médicos e enfermeiros

    As definições foram

    dadas pelos profissionais

    entrevistados

    Médicos e enfermeiros da

    atenção primária à saúde

    descreveram problemas

    com medicamentos, como

    a questão de segurança

    mais importante. Alguns

    profissionais citaram “não

    prejudicar o paciente” como

    uma breve definição para a

    segurança do paciente

    Não houve

    Gaalet al. 25 (2010) Holanda Estudo observacional,

    prospectivo, descritivo;

    entrevistas

    semiestruturadas

    com 68 GPs

    Não houve definições

    relevantes para o estudo

    Os GPs descreveram como

    fatores de risco para a

    segurança do paciente:

    registros médicos e

    prescrição de medicamentos.

    Dos 10 casos clínicos

    apresentados para o GP,

    5 foram considerados

    inseguros (50%)

    Não houve

    Ely et al. 40 (2012) Estados

    Unidos

    Estudo observacional,

    prospectivo, descritivo;

    questionário enviado

    para uma amostra

    aleatória de 600 médicos

    de família, clínicos gerais

    e pediatras

    O estudo usou o termo

    erro de diagnóstico que

    causou dano ou não ao

    paciente

    Os médicos descreveram

    254 lições aprendidas com

    erros de diagnósticos. As

    três queixas dos pacientes

    mais frequentemente

    associadas com erros de

    diagnósticos foram dor

    abdominal (13%), febre

    (9%) e fadiga (7%). O

    diagnóstico do paciente

    é um trabalho solitário,

    sendo mais sucetível a

    erros. Recomendou-se

    reforçar o trabalho em

    equipe

    Não houve

    (continua)

  • SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 9

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Tabela 2 (continuação)

    Referência (ano) Local Desenho do estudo/

    Fonte de dados/

    População estudada

    Definições relevantes Resultados dos estudos

    e conclusões relevantes

    dos autores

    Itens não contemplados

    integralmente na

    avaliação STROBE

    De Wet et al. 16

    (2008)

    Escócia Estudo observacional,

    prospectivo, descritivo;

    questionário enviado

    para 49 equipes de

    atenção primária à saúde

    A cultura de segurança

    é definida como

    valores individuais e/

    ou de grupo, atitudes,

    percepções e padrões

    de comportamento que

    determinam uma equipe

    ou o compromisso da

    organização para gestão

    da segurança

    A cultura de segurança

    medida entre as

    equipes de atenção

    primária à saúde

    apontou os seguintes

    fatores contribuintes de

    incidentes: treinamento

    dos profissionais,

    experiência profissional,

    comunicação. Os dados

    levantados só fornecem

    uma descrição superficial

    e parcial das condições

    em um determinado

    momento. Captar a

    complexidade e os

    aspectos mais profundos

    da cultura de segurança

    requer mais estudos

    Não houve

    Kistler et al. 26

    (2010)

    Estados

    Unidos

    Estudo observacional,

    prospectivo, descritivo;

    questionário para

    uma amostra de 1.697

    pacientes

    Não houve definições

    relevantes para o estudo

    Os pacientes

    responderam ter

    percebido erro médico

    (15,6%); relataram um

    diagnóstico errado

    (13,4%); relataram um

    tratamento errado

    (12,4%); relataram ter

    mudado de médicos

    por causa de um erro

    (14,1%). Cerca de

    8% relataram “um ou

    mais” danos graves

    percebidos, para erros de

    diagnóstico e tratamento

    Contexto/Justificativa

    do método

    Mira et al. 27 (2010) Espanha Estudo observacional,

    prospectivo, descritivo;

    questionário para 15.282

    pacientes atendidos em

    21 centros de saúde de

    atenção primária à saúde

    na Espanha

    O estudo usou o termo

    EAs significando que

    houve lesão decorrente

    do cuidado

    Para a maioria dos

    participantes, o aumento

    na frequência dos EAs

    está relacionado com

    a comunicação entre

    médicos e pacientes.

    Fatores como tempo de

    duração da consulta e

    estilo de trabalho dos

    GPs influenciam no

    resultado. Os protocolos

    relacionados com a

    informação prestada aos

    pacientes devem ser

    revistos

    Limitações

    (continua)

  • Marchon SG, Mendes Junior WV10

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Tabela 2 (continuação)

    Referência (ano) Local Desenho do estudo/

    Fonte de dados/

    População estudada

    Definições relevantes Resultados dos estudos

    e conclusões relevantes

    dos autores

    Itens não contemplados

    integralmente na

    avaliação STROBE

    Singh et al. 10

    (2007)

    Estados

    Unidos

    Estudo observacional,

    prospectivo, descritivo;

    1 questionário para 45

    profissionais de saúde de

    cuidados primários rurais

    Não houve definições

    relevantes para o estudo

    O tipo/fatores contribuintes

    de erros de acordo com

    os entrevistados: não se

    identificam os casos de

    emergência na triagem;

    medicação incorreta/

    dose errada; paciente

    errado; leitura incorreta

    dos resultados dos exames;

    atraso dos resultados de

    exames; comunicação

    incorreta dos resultados;

    mau funcionamento do

    equipamento; enfermeiro

    cansado, estressado, doente

    e com pressa

    Contexto/Justificativa

    do método

    Hick-ner et al. 28

    (2010)

    Estados

    Unidos

    Estudo observacional,

    prospectivo, descritivo;

    questionário para 220

    médicos e profissionais

    de saúde

    O estudo usou o termo

    erro medicamentoso que

    pode ter causado dano

    ou não ao paciente

    Setenta por cento incluíram

    erros de medicação, 27%

    envolveram EAs e 2,4%

    incluíram ambos. Fatores

    contribuintes mais frequentes

    para EAs relacionados a me-

    dicamentos foram problemas

    de comunicação (41%) e

    o déficit de conhecimento

    (22%). 1,6% dos eventos

    relatados levou à internação.

    A pressão do tempo e a cul-

    tura punitiva foram as princi-

    pais barreiras à comunicação

    de erros de medicação.

    Os autores sugeriram um

    sistema informatizado como

    facilitador para notificação

    de erros de medicação

    Não houve

    O’Beirne et al. 34

    (2011)

    Canadá Estudo observacional,

    prospectivo, descritivo;

    questionário para 958

    profissionais de saúde em

    Calgary

    O estudo usou o termo

    incidente significando

    que pode ter havido

    dano ou não decorrente

    do cuidado

    Médicos e enfermeiros foram

    mais propensos a relatar

    incidentes do que o pessoal

    administrativo. Danos foram

    associados com 50% dos

    incidentes. A grande maioria

    dos incidentes relatados

    era evitável com gravidade

    limitada. Apenas 1% dos

    incidentes teve um grave

    impacto. Os principais tipos

    de incidentes relatados foram

    referentes a: documentação

    (41,4%), medicamentos

    (29,7%), gestão (18,7%) e

    processo clínico (17,5%)

    Não houve

    (continua)

  • SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 11

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Tabela 2 (continuação)

    Referência (ano) Local Desenho do estudo/

    Fonte de dados/

    População estudada

    Definições relevantes Resultados dos estudos

    e conclusões relevantes

    dos autores

    Itens não contemplados

    integralmente na

    avaliação STROBE

    Cañada et al. 35

    (2011)

    Espanha Estudo observacional,

    descritivo; análise de

    dados de sistemas

    de notificações de

    incidentes; análise

    baseada em observação

    direta das práticas

    seguras; e grupos focais;

    21 centros de saúde em

    Madri

    Não houve definições Quarenta e duas práticas

    seguras foram identificadas

    e recomendadas para

    aplicação na atenção

    primária à saúde. Principais

    barreiras na implementação

    das práticas seguras das

    unidades de atenção

    primária à saúde estão

    relacionadas com a formação

    das equipes profissionais,

    cultura, liderança e gestão,

    e pouca divulgação das

    práticas seguras

    Contexto/Justificativa

    do método

    Kostopoulou et

    al. 11 (2007)

    Reino Unido Estudo observacional,

    misto, descritivo;

    análise de dados de

    sistemas de notificações

    de incidentes; análise

    baseada em observação

    direta dos eventos de

    segurança do paciente e

    entrevistas com 5 GPs

    O estudo usou o termo

    erro decorrente do

    cuidado que pode ter

    causado dano ou não ao

    paciente

    Setenta e oito relatórios

    foram relevantes para a se-

    gurança do paciente, destes,

    27% com EAs e 64% com

    near miss. 16,7% tiveram

    consequências graves ao

    paciente, incluindo uma

    morte. Apenas 60% dos

    relatórios continham infor-

    mações suficientes para

    análise cognitiva. A maioria

    dos relatos relaciona EAs

    à organização do trabalho,

    isto incluía tarefas excessivas

    (47%) e fragmentação do

    serviço (28%). Recomendou-

    se que mais pesquisas sejam

    realizadas para melhorar as

    informações nos registros

    eletrônicos sobre EAs

    Não houve

    Weiner et al. 29

    (2010)

    Estados

    Unidos

    Estudo experimental

    com gravações de áudio

    de consultas médicas

    simuladas; 8 atores-

    pacientes abordaram

    152 médicos de 14

    unidades de saúde

    O estudo usou o termo

    erro decorrente do

    cuidado que pode ter

    causado dano ou

    não ao paciente

    Oitenta e um por cento

    dos médicos acreditavam

    que estavam vendo um

    paciente real durante a

    visita. Médicos investigaram

    menos informações

    contextuais (51%) do que

    informações biomédicas

    (63%). Desatenção à

    informação contextual, tais

    como as necessidades de

    transporte de um paciente,

    situação econômica, ou

    responsabilidades do

    cuidador, podem levar a erro,

    o que não está medido em

    avaliações de desempenho

    médico

    Limitações e

    financiamento

    (continua)

  • Marchon SG, Mendes Junior WV12

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Avery et al. 36

    (2011)

    Reino Unido Estudo observacional,

    descritivo; análise

    baseada em observação

    direta; método de

    obtenção de consenso

    de especialistas (12

    GPs) para identificar

    indicadores para avaliar a

    qualidade da prescrição

    médica

    Não houve definições

    relevantes para o estudo

    Trinta e quatro indicadores

    de segurança foram

    considerados apropriados

    para avaliar a segurança da

    prescrição de medicamentos

    Contexto/Justificativa

    do método

    Singh et al. 41

    (2012)

    Estados

    Unidos

    Estudo observacional,

    descritivo; análise de

    dados de sistemas

    de notificações de

    incidentes; revisão de

    prontuários; entrevistas

    a pacientes de Houston,

    Texas

    O estudo usou o termo

    erro decorrente do

    cuidado que pode ter

    causado dano ou

    não ao paciente

    Os autores identificaram

    erros de diagnóstico em

    141 registros dos 674

    detectados como possíveis

    positivos para erros de

    diagnóstico. Nenhum dos

    métodos de avaliação de

    erro de diagnóstico foi

    confiável

    Participantes

    Wetzels et al. 21

    (2009)

    Nova

    Zelândia

    Estudo observacional,

    misto, descritivo; análise

    de dados de sistemas

    de notificações de

    incidentes pelos médicos

    de atenção primária

    à saúde; revisão de

    prontuários; total de

    8.000 pacientes de 5

    médicos de família de

    Nijmegen

    O estudo usou o termo

    EAs como potencial

    causador de dano ao

    paciente

    Cerca de 50% dos eventos

    não tiveram consequências

    para a saúde, mas 33%

    levaram à piora dos

    sintomas resultando em

    internação hospitalar

    não planejada, 75% dos

    incidentes com potenciais

    danos para a saúde.

    Recomendou-se que

    programas de segurança

    do paciente não sejam

    concentrados apenas

    em danos

    Participantes

    Wetzels et al. 17

    (2008)

    Nova

    Zelândia

    Estudo observacional,

    descritivo; utilizadas

    5 fontes de dados

    diferentes para avaliar

    EAs na atenção primária

    à saúde (Nijmegen)

    O estudo usou o termo

    EAs como potencial

    causador de dano ao

    paciente

    As pesquisas com

    notificação de pacientes

    representaram maior

    número de EAs ocorridos, e

    notificação de farmacêutico

    representou o número mais

    baixo. Na avaliação de

    prontuários a análise dos

    erros foi de tratamento

    e comunicação. Houve

    1,5 evento por 10 óbitos.

    Nenhum dos métodos para

    identificação de EAs provou

    ser melhor

    Participantes

    Tabela 2 (continuação)

    Referência (ano) Local Desenho do estudo/

    Fonte de dados/

    População estudada

    Definições relevantes Resultados dos estudos

    e conclusões relevantes

    dos autores

    Itens não contemplados

    integralmente na

    avaliação STROBE

    (continua)

  • SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 13

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Harmsen et al. 30

    (2010)

    Holanda Estudo observacional,

    retrospectivo, descritivo;

    análise de dados de

    sistemas de notificações

    de incidentes; estudo

    prospectivo de

    incidentes por meio de

    entrevistas; questionário

    sobre gestão

    O estudo usou o termo

    incidente significando

    que pode ter havido

    lesão ou não decorrente

    do cuidado

    Dificuldades em estimar

    frequência dos incidentes

    na atenção primária à

    saúde, pois depende da

    precisão dos registros dos

    pacientes e há falta de

    consenso dos profissionais

    sobre o reconhecimento

    dos incidentes. O

    estudo demonstrou que

    na atenção primária à

    saúde quase não há

    registro ou sistema de

    notificação de incidentes.

    Há a necessidade de

    implantação de registro

    de EAs eletrônicos para a

    atenção primária à saúde

    Outras análises

    do resultado e

    financiamento

    Wessell et al. 31

    (2010)

    Estados

    Unidos

    Estudo observacional,

    descritivo; método de

    obtenção de consenso

    com 94 especialistas

    para selecionar

    indicadores de erros de

    medicamentos; envio

    de questionários para

    pacientes e grupo focal;

    estudo em 14 estados

    norte-americanos

    O estudo usou o termo

    EAs considerando

    qualquer dano devido ao

    uso de medicamentos

    Trinta indicadores

    de segurança de

    medicamentos foram

    selecionados. Os

    indicadores: tratamento

    inadequado, interações

    medicamentosas e

    interações medicamento/

    doença foram adequados

    em 84%, 98% e 86%

    das prescrições elegíveis

    do banco de dados,

    respectivamente. Identificar

    erros é uma tarefa difícil,

    porém crucial para

    melhorar a segurança de

    medicamentos

    Não houve

    Singh et al. 12

    (2007)

    Estados

    Unidos

    Estudo observacional

    descritivo; análise de

    dados de sistemas de

    notificações de erro de

    diagnóstico; revisão

    de prontuários por 2

    revisores independentes,

    de forma cega,

    determinaram a

    presença ou ausência

    de erro de diagnóstico,

    e questionários para

    pacientes

    O estudo usou o termo

    erro diagnóstico que

    podem ter causado dano

    ou não ao paciente

    A taxa de erro do sistema

    foi de 4%. Os erros

    primários mais comuns no

    processo de diagnóstico

    foram: insuficiência ou

    demora na obtenção de

    informações e interpretação

    na consulta. Os erros

    secundários mais comuns

    foram falhas em reconhecer

    a urgência da doença ou

    suas complicações

    Participantes

    Tabela 2 (continuação)

    Referência (ano) Local Desenho do estudo/

    Fonte de dados/

    População estudada

    Definições relevantes Resultados dos estudos

    e conclusões relevantes

    dos autores

    Itens não contemplados

    integralmente na

    avaliação STROBE

    (continua)

  • Marchon SG, Mendes Junior WV14

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Makeham et al. 18

    (2008)

    Austrália Estudo observacional,

    retrospectivo, descritivo;

    análise de dados de

    sistemas de notificações

    de incidentes de 84 GPs

    O estudo usou o termo

    erro decorrente do

    cuidado que pode ter

    causado dano ou não ao

    paciente

    Setenta por cento dos erros

    relatados eram devidos a

    problemas no cuidado sem

    evidências de deficiências

    no conhecimento e nas

    habilidades profissionais.

    O estudo apontou que os

    pacientes com doenças

    crônicas são mais sucetíveis

    aos EAs

    Contexto/Justificativa do

    método

    Gordon &

    Dunham 37 (2011)

    Estados

    Unidos

    Estudo observacional,

    retrospectivo, descritivo;

    análise de dados de

    sistemas de notificações

    de incidentes por

    médicos e profissionais

    de atenção primária à

    saúde

    O estudo usou o termo

    EA significando que

    houve dano ou não

    decorrente do cuidado

    Trezentos e vinte e seis

    EAs no sistema foram

    notificados pelos GPs

    relacionados ao ambiente

    (63), ao laboratório (49)

    e ao fluxo do paciente

    e agendamento (38). Os

    pacientes com problemas

    crônicos de saúde podem

    ser mais vulneráveis a

    EAs. Autorrelato foi raro

    acontecer, sugerindo que

    as pessoas poderiam ter

    sido relutantes em

    admitir erros

    Não houve

    AAFP: American Academy of Family Physicians [Academia Americana de Médicos de Família]; EA: evento adverso; GPs: médicos generalistas.

    Tabela 2 (continuação)

    Referência (ano) Local Desenho do estudo/

    Fonte de dados/

    População estudada

    Definições relevantes Resultados dos estudos e

    conclusões relevantes dos

    autores

    Itens não contemplados

    integralmente na

    avaliação STROBE

    falhas no tratamento medicamentoso (principal-mente erro na prescrição); falha no diagnóstico; demora na realização do diagnóstico; demora na obtenção de informações e interpretação dos achados laboratoriais; falhas em reconhecer a ur-gência da doença ou suas complicações; déficit de conhecimento profissional.

    Para melhor apresentar o resultado foram or-ganizados três grupos de estudos de acordo com o seu objetivo. Oito estudos 13,14,15,17,21,27,32,34 ti-veram como objetivo conhecer os tipos, a gravi-dade dos incidentes na atenção primária à saúde e seus fatores contribuintes; 19 estudos 9,11,16,18,19, 20,22,23,24,25,26,29,30,33,35,37,39,40 tiveram como obje-tivo indicar soluções para tornar a atenção pri-mária à saúde mais segura para o paciente; e seis estudos 12,28,31,36,38,41 buscaram avaliar os instru-mentos de melhoria da segurança do paciente na atenção primária à saúde.

    Estudos com o objetivo conhecer os tipos, agravidade dos eventos adversos na atençãoprimária à saúde e seus fatores contribuintes

    Oito estudos 13,14,15,17,21,27,32,34 avaliaram os ti-pos, a gravidade dos eventos adversos na aten-ção primária à saúde e seus fatores contribuintes (Tabela 3). Apenas dois 27,32 definiram o evento adverso relacionando-o ao dano causado pelo cuidado. Quatro 14,15,21,34 que não relacionaram evento adverso com o dano, mas apresentaram o impacto e/ou a gravidade do incidente no paciente. Esses quatro estudos não discrimina-ram os incidentes que causaram danos dos que não causaram. Um estudo 13 diferenciou se o incidente atingiu ou não o paciente e se foi ne-cessária alguma intervenção (monitoramento, acompanhamento clínico, inclusive hospitali-zação). Apenas um estudo 17, que avaliou fato-res contribuintes, não definiu evento adverso nem apresentou o impacto e/ou a gravidade do incidente.

  • SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 15

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Tabela 3

    Estudos com o objetivo conhecer os tipos e/ou os fatores contribuintes e a gravidade dos eventos adversos (EAs) na atenção primária à saúde.

    Referência (ano) Impacto/

    Gravidade dos EAs

    Tipos de EAs/

    Fatores contribuintes

    EA definido nos estudos como incidente com

    dano devido ao cuidado

    Wallis & Dovey 32 (2011) Dano menor (83%); dano moderado (12%);

    dano grave (4%), sendo metade óbitos

    Os tipos de EAs foram relacionados a atraso no

    diagnóstico (16%), medicação (38%), tratamento

    odontológico (16%), injeções e vacinas (10%) e

    outros (20%)

    Mira et al. 27 (2010) Sem complicações no tratamento (80,4%); com

    complicações no tratamento (19,6%)

    Os fatores contribuintes mais frequentes dos

    erros foram relacionados à comunicação entre

    médico e pacientes (17,3%)

    EA definido nos estudos como incidente

    com ou sem dano devido ao cuidado

    Kuo et al. 13 (2008) Não atingiu o paciente (41%); atingiu o

    paciente, mas não exigiu um acompanhamento

    (35%); atingiu pacientes e a monitorização foi

    necessária (8%); atingiu pacientes e intervenção

    foi necessária (13%); resultou em hospitalização

    (3%); nenhum óbito

    Erros relacionados à medicação: na prescrição

    (70%), na administração (10%), no registro (10%),

    na dispensação (7 %) e outros (3%)

    Graham et al. 14 (2008) Não atingiu o paciente – sem dano (40,3%);

    atingiu o paciente – sem dano (20,7%); atingiu

    o paciente – sem dano, mas uma ação foi

    necessária (11,6%); atingiu o paciente com

    dano emocional (8,0%); atingiu o paciente com

    dano físico (19,4%)

    Os fatores contribuintes mais frequentes dos

    erros foram relacionados à comunicação e a

    processos administrativos

    Hickner et al. 15 (2008) Não causou dano (54%); desconhecido (28%);

    causou dano (18%); dano emocional (6%); dano

    físico (70%); dano físico temporário (90%); dano

    físico temporário necessitando de internação

    (3%); dano permanente (7%)

    Os fatores contribuintes mais frequentes dos

    erros foram relacionados à comunicação de

    resultados para o médico (24,6%), processos

    administrativos (17,6%), solicitação de exames

    (12,9%) e outros (44,9%)

    O’Beirne et al. 34 (2011) Sem impacto ao paciente (57%); ligeiro impacto

    (24%); impacto moderado ou grave ( 9%);

    incidentes com duração permanente (1%);

    nenhum óbito

    Os tipos e/ou fatores contribuintes de EAs foram

    relacionados à documentação (41,4%), medicação

    (29,7%) e processos administrativos (29,3%)

    Wetzels et al. 21 (2009) Não causou dano (50%); houve agravamento

    dos sintomas (40%); levou à hospitalização não

    planejada (4%); houve deficiência irreversível

    (6%); nenhum óbito

    Os tipos e/ou fatores contribuintes de EAs

    foram relacionados a processos administrativos

    (31%), diagnóstico (20%), tratamento (23%) e

    comunicação (26%)

    Wetzels et al. 17 (2008) Gravidade não foi mencionada Os tipos e/ou fatores contribuintes de EAs

    foram relacionados a processos administrativos

    (24%), diagnóstico (19%), tratamento (30%) e

    comunicação (27%)

  • Marchon SG, Mendes Junior WV16

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Os estudos que apresentaram o impacto e/ou a gravidade do dano causado ao paciente devido ao cuidado não informaram como foi definido o julgamento do impacto e/ou da gra-vidade, nem se uma escala foi utilizada. A forma de apresentar o impacto e/ou a gravidade variou de estudo para estudo. Foram empregados ter-mos como dano (menor, moderado ou grave), complicação, impacto (sem, ligeiro, moderado ou grave). Alguns estudos classificaram o inci-dente a partir do alcance que o mesmo teve no paciente (não atingiu, atingiu mas não houve dano, atingiu e demandou alguma intervenção), chegando até ao óbito. Houve estudo 14 que fez a diferenciação entre o dano emocional ou físico. Um aspecto abordado em um trabalho 15 foi a consequência do dano, se temporário ou per-manente. A maior parte dos incidentes avaliados não atingiu o paciente e quando atingiu foi de pouca gravidade (a frequência de incidentes va-riou entre 50 e 83%).

    Alguns trabalhos optaram por apresentar os tipos de eventos adversos. A medicação foi o ti-po de evento adverso mais frequente na atenção primária à saúde, segundo os estudos seleciona-dos. Um estudo pesquisou 13, especificamente, os tipos de erros de medicação. Os incidentes relacionados com o diagnóstico foram também frequentes (Tabela 3).

    Outros trabalhos 14,15,17,2127,34 apresentaram os fatores contribuintes dos eventos adversos. Os processos administrativos, a comunicação inter-profissional e com os pacientes, e a documen-tação foram os principais fatores contribuintes relacionados aos incidentes. Assim como na maioria dos estudos sobre cuidados hospitalares, o fator contribuinte mais frequente na atenção primária à saúde também foi a comunicação.

    Estudos que indicaram soluções para tornaros cuidados mais seguros para os pacientesna atenção primária à saúde

    Dezenove estudos 9,10,11,16,18,19,20,22,23,24,25,26,29, 30,33,35,37,39,40 indicaram soluções para a melhoria da segurança do paciente. A comunicação, quer interprofissional, quer dos profissionais de saú-de com o paciente, foi considerada como fator contribuinte preponderante para a melhoria da segurança em cinco estudos 23,24,33,39,40. A troca de informação entre os médicos de família e os especialistas, o reforço do trabalho em equipe, as reuniões regulares para discutir casos clíni-cos, e a divulgação das práticas seguras foram apontadas como as soluções para a melhoria da comunicação interprofissional.

    Nos estudos 10,18,20,24,25,37,39,40 em que se ou-viu a opinião exclusivamente dos profissionais

    de saúde, os fatores contribuintes para os inci-dentes foram: pressão para diminuição do tempo de atendimento; falta de insumos, inclusive de me-dicamentos; comunicação incorreta dos resulta-dos dos exames; atraso dos resultados de exames; problemas com medicamentos, principalmente na prescrição, medicação incorreta/dose errada, paciente errado; mau funcionamento do equipa-mento; enfermeiro cansado, estressado e doen-te; não identificação dos casos de emergência na triagem; incerteza no diagnóstico dos pacientes; problemas de comunicação; sistemas de informa-ção inadequados; decisões administrativas toma-das sem a participação dos profissionais de saúde; registros médicos inadequados.

    Esses fatores contribuintes foram relaciona-dos a várias soluções, tais como: divulgar as prá-ticas seguras; adequar as estruturas físicas; ca-pacitar os profissionais da equipe de saúde; me-lhorar a comunicação interprofissional; melhorar a gestão das unidades de saúde, permitir que os pacientes e os profissionais reconheçam e geren-ciem os eventos adversos; capacitar o profissional de saúde para compartilhar mudanças na equi-pe, para identificar e atuar nas situações de riscos; motivar os profissionais de saúde para agir em prol da segurança do paciente; participar (o profissio-nal de saúde) nas decisões gerenciais; criar siste-mas de avaliações de desempenho do médico. Os estudos classificados nesta seção como os que indicaram soluções para tornar os cuidados mais seguros nem sempre demonstraram que objetivo era este. Muitas vezes a solução estava implícita na avaliação dos fatores contribuintes.

    Num estudo 35, as principais barreiras para a implementação das práticas seguras das unida-des de atenção primária à saúde foram relacio-nadas com barreiras culturais devido à heteroge-neidade das práticas locais; barreiras na gestão, com problemas na planta física e ambiente mais seguro; e pouca divulgação das práticas seguras, em função das dificuldades de comunicação na equipe de saúde. A dificuldade de o profissional atuar como equipe foi atribuída a vários fatores, mas em especial, ao tipo de formação acadêmica do profissional em saúde.

    O estudo 9 que analisou os dados de sistemas de notificações de incidentes mostrou que em 80,1% das notificações havia também soluções sugeridas para melhorar a prática clínica. Outro estudo 19 mostrou que a prática de notificar in-cidentes pode ser útil como uma solução para a melhoria de desempenho de serviços de saúde. Esse estudo apresentou como as cascatas de er-ros podem ser interrompidas antes de atingir os pacientes.

    Tanto o paciente é capaz de identificar o er-ro médico quanto o próprio médico. Num estu-

  • SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 17

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    do 26, cerca de 15% dos pacientes relataram a ocorrência de algum tipo de erro médico. Em ou-tro 40, os médicos descreveram lições aprendidas com erros de diagnósticos e que poucos estudos têm documentado lições pessoais aprendidas em função dos erros, tais como: sempre ouvir o paciente; tentar explicar ao paciente, por mais de uma vez, todas as descobertas do diagnóstico; sempre fazer exame físico completo no pacien-te; ampliar o diagnóstico diferencial; reavaliar e repetir a avaliação clínica, se o paciente não res-ponde como esperado ao tratamento.

    Dois estudos 16,33 que mediram a cultura de segurança mostraram que os profissionais de saúde estavam propensos a aprender, com base em falhas detectadas, adaptando suas práticas de trabalho, tornando-as mais segura. Sugeriu-se como facilitador da comunicação interprofissio-nal as reuniões em grupos, compostas por profis-sionais de saúde, gestores e profissionais da área administrativa, a fim de capturar as percepções, de uma forma multidisciplinar 33.

    Estudos que avaliaram instrumentos demelhoria da segurança do paciente naatenção primária à saúde

    Foram realizados seis estudos 12,28,31,36,38,41 com o objetivo de avaliar instrumentos de melhoria da segurança do paciente na atenção primária à saúde. O objetivo desses trabalhos foi direcionado para a aplicação nos serviços de saúde. Nenhum dos estudos selecionados avaliou instrumentos de pesquisa da cultura de segurança do paciente.

    Três trabalhos selecionaram rastreadores de eventos ou circunstâncias, que significam riscos que podem levar a um incidente. O estudo de Bo-wie et al. 38 procurou demonstrar a conveniência de se ter rastreadores em prontuário eletrônico para identificar riscos que possam levar a even-tos adversos na atenção primária à saúde. No trabalho de Avery et al. 36, um conjunto de ras-treadores de segurança para detectar potenciais incidentes na prescrição médica em prontuário eletrônico foi apresentado a médicos para que selecionassem os mais capazes de avaliar a segu-rança na prescrição médica na atenção primária à saúde. No estudo de Wessell et al. 31 o objetivo foi selecionar rastreadores de segurança do pa-ciente para a prescrição médica na atenção pri-mária à saúde em prontuário eletrônico.

    O trabalho de Hickner et al. 28 utilizou o sis-tema Medication Error and Adverse Drug Event Reporting System (MEADERS) para identificar o erro medicamentoso específico para a atenção primária à saúde por meio de notificação. Os pesquisadores concluíram que o sistema permi-te avaliar erro medicamentoso, mas a pressão do

    tempo e a cultura punitiva foram as principais barreiras à comunicação de erros de medicação.

    O estudo de Singh et al. 12 demonstrou que a comunicação dos resultados de exames de ima-gens anormais pode ser melhorada usando-se um sistema de registro de resultado no prontuá-rio eletrônico, para o contexto específico da aten-ção primária à saúde. O mesmo autor publicou outro artigo em 2012 41, sobre o mesmo tema da comunicação de resultados de exames, mas des-ta vez procurou entender, por meio de consulta aos profissionais de saúde, as dificuldades que eles tinham para notificar os resultados dos exa-mes aos pacientes, mesmo com os recursos exis-tentes no prontuário eletrônico. O autor concluiu que apesar de existir um prontuário eletrônico com recursos, existem desafios sociais e técnicos para garantir o registro dos resultados para os profissionais e pacientes.

    Discussão

    O tema segurança do paciente em atenção pri-mária à saúde vem crescendo de importância nas principais organizações internacionais de saúde 16,22. No campo da atenção primária à saúde há espaço para estudos sobre a segurança do paciente, visto que, a grande maioria dos cui-dados em saúde acontece na atenção primária à saúde. Esta revisão utilizou termos de busca semelhantes ao estudo de revisão de Makeham et al. 6. Ao contrário da revisão de Makeham et al. 6, em que 65% dos estudos tinham por ob-jetivo encontrar frequência e tipos de eventos adversos, os estudos atuais procuraram compre-ender as causas e apontar soluções para tornar os cuidados mais seguros para os pacientes na atenção primária à saúde (58%).

    Os tipos de incidentes mais comuns na aten-ção primária à saúde foram associados a erros de medicamentos e erros de diagnósticos, tan-to na revisão de Makeham et al. 6 como nesta. A frequência de incidentes associados à terapia medicamentosa nos estudos variou entre 12,4% e 83% 13,26,32,34, e na revisão de Makeham et al. 6 foi encontrada uma variação de 7% a 52%. De acordo com Ely et al. 40 os erros de diagnósti-co também são comuns, pois a prática clínica de elaboração do diagnóstico do paciente é um trabalho solitário, portanto, uma atividade mais suscetível a erros.

    Os danos causados pelos cuidados podem ser emocionais ou físicos e incapacitantes, com sequelas permanentes, elevando o custo do cui-dado, aumentando a permanência hospitalar e, levando, até mesmo, à morte prematura 2. Na revisão de Makeham et al. 6, os danos causados

  • Marchon SG, Mendes Junior WV18

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    por incidentes variaram entre 17% e 39%, com potencial de dano entre 70% e 76%. Nesta revi-são, alguns estudos 34,37 estimaram a proporção de incidentes evitáveis do total de incidentes ava-liados (42%-60%). Nos achados de Makeham et al. 6, entre 45% e 76% de todos os incidentes eram evitáveis.

    Alguns estudos avaliaram, não só os tipos, a gravidade dos eventos adversos na atenção pri-mária à saúde, mas os seus fatores contribuintes. Os fatores que mais contribuíram para os inciden-tes foram as falhas de comunicação, quer inter-profissional, quer do profissional com o usuário (5%-41%) 14,15,17,21,27. Outro grupo de fatores contribuintes relevante estava relacionado com a gestão (41,4%-47%) 14,34. Em relação às falhas de comunicação, Makeham et al. 6 encontraram frequências que variaram de 9% a 56% e de 5% a 72% envolvendo a gestão. Os riscos no ambien-te físico, a formação profissional, as barreiras geográficas foram outros fatores contribuintes mencionados.

    A grande maioria dos estudos indicou solu-ções para tornar os cuidados mais seguros para os pacientes na atenção primária à saúde (58%), sendo que a melhoria da comunicação é a solu-ção mais encontrada para mitigar os incidentes 16,19,23,33,39. Outras soluções são apresentadas, tais como: permitir que pacientes e profissionais reconheçam e gerenciem eventos adversos, capa-cidade compartilhada de mudanças na equipe, e motivação para agirem em prol da segurança do paciente, através de grupos de trabalho 23.

    Kuo et al. 13 indicaram soluções para reduzir os erros de medicamento, que incluem a imple-mentação de prontuário eletrônico em unidades de atenção primária à saúde, a análise de inci-dentes do sistema de notificação de erros, e práti-cas colaborativas entre farmacêuticos e médicos.

    Um grupo de estudos (19%) avaliou os ins-trumentos de melhoria da segurança do paciente na atenção primária à saúde. À medida em que a tecnologia avança, em especial, a informática, os instrumentos vão evoluindo, sendo aperfeiçoa-dos, adaptados à realidade da atenção primária à saúde, replicáveis, contribuindo para a melhoria da gestão do risco de incidentes na atenção primá-ria à saúde e para a redução do dano.

    A fonte de dados mais comumente empregada nos estudos foi a dos sistemas de notificações de eventos adversos (45%), com índices superiores aos encontrados na revisão sistemática de Ma-keham et al. 6 (23%), sendo o grupo focal o mé-todo que menos contribuiu com dados para os estudos (9%). Essa preferência pode ser explicada porque a captação de dados utilizando-se siste-mas de notificações de eventos adversos apresenta como vantagem a praticidade dos dados dispo-

    niveis, rapidez nas informações e baixo custo de investigação. Entretanto, apresenta como des-vantagens a falta de cultura dos profissionais de saúde de notificar os incidentes, principalmente se o sistema não garantir o anonimato de quem notifica 12,37. O estudo de Wetsels et al. 17 mostrou que os médicos generalistas (GPs) foram os pro-fissionais com mais resistência em notificar os incidentes. Os GPs entrevistados alegaram falta de tempo para parar as atividades clínicas e fazer o registro, e negaram haver um sentimento de des-confiança em relação ao sistema de notificação.

    Com a preocupação de conhecer mais as cau-sas dos incidentes, as metodologias qualitativas que avaliaram a opinião dos profissionais de saúde e também dos pacientes – questionários, entrevis-tas e grupos focais – foram mais utilizadas.

    Os trabalhos 26,27,28,40 com questionários ti-veram a vantagem de atingirem um grande nú-mero de profissionais de saúde e/ou pacientes, a garantia do anonimato nas respostas e baixo custo de pesquisa. Como limitação, quando uti-lizaram-se perguntas abertas, em alguns casos houve alguma superficialidade nas respostas. Kistler et al. 26 descreveram a aceitabilidade do método quando aplicado aos pacientes para ex-plorar as percepções sobre erros acontecidos nos cuidados de saúde.

    Os estudos 24,33,39 que utilizaram o método de entrevista destacaram como ponto positivo a proximidade do entrevistado, seja profissional de saúde ou paciente, possibilitando analisar o impacto de um acontecimento ou de uma ex-periência vivenciada ou assistida por ele. Limi-tações, sejam geográficas, de confidenciabilida- de 27 ou de amostragem 39, foram citadas. Balla et al. 39 descreveram a importância do método na análise de risco ambiental para a segurança do paciente.

    Alguns trabalhos 16,19,27,32,33 procuraram ava-liar a cultura de segurança na atenção primária à saúde utilizando questionário, entrevista e/ou grupo focal, devido a abordagem aos profissio-nais ser direta e mais simples, valorizando a sub-jetividade do informante, permitindo exploração de temas sensíveis aos profissionais de saúde, nas dimensões psico-afetivas, tais como: ansiedade 11,20,25,39, culpa sobre os incidentes 11, incerteza no diagnóstico clínico 25,29,39, pressões relacionadas à organização do trabalho 11,16,20,23,35,39, compe-tência profissional 22,35 e motivação da equipe 23. Wallis et al. 33 descreveram que a discussão em torno da cultura de segurança nas unidades de atenção primária à saúde vem sendo ampliada para facilitar a comunicação, que é o fator con-tribuinte mais frequente dos erros.

    Dos 33 estudos selecionados, 14 foram reali-zados nos Estados Unidos, seguidos pelo Reino

  • SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 19

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Unido. A prevalência de estudos nesses países se deu em razão da existência de programas insti-tucionais estabelecidos no campo da segurança do paciente na atenção primária à saúde. Assim como na revisão de Makeham et al. 6, as pesquisas ocorreram principalmente nos Estados Unidos e no Reino Unido. Não foi achado nenhum arti-go na área de segurança do paciente na atenção primária à saúde em países em desenvolvimento em ambas as revisões.

    O estudo de Makeham et al. 6 teve como limi-tante a pesquisa apenas na língua inglesa e po-deria explicar a inexistência de publicações em países em desenvolvimento. Nesta revisão foram incluídos os idiomas espanhol e português nas buscas, e ainda assim não foram encontrados artigos sobre o tema nos países em desenvolvi-mento, particularmente no Brasil em que o mo-delo governamental de reorientação da atenção se baseia na Estratégia Saúde da Família (ESF). A atenção primária à saúde no Brasil avançou quantitativamente, mas ainda é considerada um modelo frágil, com grande espaço para melho-rar a qualidade ofertada 42. Os resultados preli-minares do Programa Brasileiro de Avaliação da Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) 43 apontaram que 62% dos profissionais de saúde não utilizam os protoco-los recomendados para realizar a avaliação clíni-ca inicial, indicando espaço para melhorias das práticas seguras. O Programa Nacional de Se-gurança do Paciente 44, lançado pelo Ministério da Saúde em 2013, incluiu a atenção primária à saúde como lócus de desenvolvimento de ações para a melhoria de segurança do paciente.

    Destacam-se como limitações neste estudo: (i) a dificuldade de generalização dos resultados, considerando a variação conceitual sobre a te-mática segurança do paciente na atenção primá-ria à saúde, devido a múltiplos países e diferen-ças na clínica e no cuidado na atenção primária à saúde; (ii) a revisão ter sido na línguas inglesa,

    portuguesa e espanhola, o que levou à exclusão de 35 artigos; (iii) a utilização de estratégia de busca similar, com consulta restrita às bases de dados MEDLINE, CINAHL e Embase, excluindo outras bases como Web of Science e a literatu-ra cinzenta (gray literature); (iv) a não inclusão na estratégia de busca de termos como “safety management”, “risk management”, “adverse drug reaction”; (v) não foi realizada a metanálise nesta revisão; e (vi) o uso da metodologia STROBE Sta-tement 8 para avaliar a qualidade das pesquisas.

    Conclusão

    Existem lacunas de conhecimento, especial-mente de países em transição e em desenvolvi-mento sobre segurança do paciente em atenção primária à saúde, sendo um campo aberto para ampliar pesquisas, e como tal, é necessária uma melhor compreensão e conhecimento da epide-miologia dos incidentes e fatores contribuintes, bem como o impacto na saúde e a efetividade de métodos de prevenção 45.

    Os métodos de investigação analisados e tes-tados nas pesquisas de segurança do paciente na atenção primária à saúde são conhecidos e replicáveis, por isto, é provável que estes sejam mais amplamente utilizados, propiciando maior conhecimento sobre este tipo de segurança.

    Observamos a necessidade de ampliar a cul-tura de segurança na atenção primária à saúde, a fim de habilitar pacientes e profissionais para reconhecerem e gerenciar os eventos adversos, sendo sensíveis à sua capacidade compartilhada para a mudança, reduzindo erros e tensões entre profissionais e população.

    Estudos mais aprofundados podem auxiliar a ação dos gestores para a realização do planeja-mento e desenvolvimento de estratégias organi-zacionais com o objetivo de melhorar a qualida-de do cuidado na atenção primária à saúde.

  • Marchon SG, Mendes Junior WV20

    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(9):1-21, set, 2014

    Resumen

    El objetivo fue identificar las metodologías para revi-sar incidentes en la atención primaria de salud, los ti-pos, los factores que contribuyen y soluciones para una atención primaria de salud más segura. Se realizó una revisión sistemática de la literatura sobre bases de datos bibliográficas como: PubMed, Scopus, LILACS, SciELO y Capes, desde 2007 hasta 2012, en portugués, inglés y español. Treinta y tres artículos fueron seleccionados: un 26% en relación a estudios retrospectivos; un 44% de estudios prospectivos, incluyendo grupos de discu-sión, cuestionarios y entrevistas y un 30% de estudios transversales. El método más común utilizado en los estudios fue el análisis de los incidentes en los informes de incidencias (45%) de los sistemas. Los tipos de inci-dentes se encuentran más comúnmente en la atención primaria de salud y están asociados a la medicación y diagnóstico. El factor de contribución más significati-vo fue la falta de comunicación entre los miembros del equipo de atención médica. Los métodos de investiga-ción empleados en la investigación sobre la seguridad del paciente en la atención primaria de salud son ade-cuadas y replicables.

    Seguridad del Paciente; Atención Primaria de Salud; Calidad de la Atención de Salud

    Colaboradores

    Ambos os autores participaram de todas as etapas de elaboração do artigo.

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  • SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 21

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    Recebido em 12/Jun/2013Versão final reapresentada em 04/Jun/2014Aprovado em 10/Jul/2014