mandado de segurana oab x exame de ordem

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EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA FEDERAL DA COMARCA DE FORTALEZA/CE

MANDADO DE SEGURANA COM PEDIDO DE URGNCIA

Impetrantes:

Impetrado: ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, SECO DO CEAR

NOME, brasileiro, solteiro, bacharel em direito, RG n. 0000000, inscrito no CPF sob o n. 00000000, residente e domiciliado na Rua 00000, Bairro Varjota, CEP: 0000000, Fortaleza/CE, vem com o devido e costumeiro respeito, por meio de seus advogados in fine assinados, perante Vossa Excelncia, apresentar o presente MANDADO DE SEGURANA COM PEDIDO DE URGNCIA em face da ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, SECO DO CEAR, pessoa jurdica de direito pblico, com sede a Rua Lvio Barreto, n. 668, Bairro Joaquim Tvora, CEP: 60130-110, Fortaleza/CE, que dever ser citada na pessoa de seu Douto Presidente, VALDETRIO ANDRADE MONTEIRO pelas razes de fato e de direito a seguir aduzidas: PRELIMINARMENTE____________________________________________ Em carter de intrito argumentativo, necessrio se faz trazer baila, lacnicas consideraes acerca da conexo e continncia, para que,

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posteriormente, possamos inquirir acertadamente acerca do ponto principal, objeto do presente tpico. de sabena comezinha que o processo dever ser distribudo por dependncia, nos casos da existncia de conexo ou continncia. A primeira o fenmeno processual determinante da reunio de duas ou mais aes, para julgamento em conjunto, a fim de evitar a existncia de sentenas conflitantes. So conexas quando possui o mesmo objeto e a mesma causa de pedir; a segunda, por sua vez, ocorre quando duas ou mais aes tm as mesmas partes (requisito ausente na conexo) e a mesma causa de pedir, mas o pedido de uma delas mais abrangente e engloba o da outra. Neste mesmo entendimento, assevera a Lei Processual Brasileira, mediante os dispositivos constantes nos Arts. 103 e 104, in literis: Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais aes, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. Art. 104. D-se a continncia entre duas ou mais aes sempre que h identidade quanto s partes e causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. Em ilao aos artigos destacados, identifica-se, de forma manifesta, que a inteno do legislador preservar o princpio constitucional da Segurana Jurdica, que seria aniquilado em caso de julgados controversos. Ocorre que, no caso em tela, ficam evidentes os dois requisitos para que haja conexo entre o referido mandamus e o procedimento liminar de n. 0013653-91.2010.4.05.8100 que tramita na 2 Vara Federal da Comarca de Fortaleza/CE. O primeiro requisito seria o mesmo objeto jurdico presente nas duas aes mandamentais.

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Como pode ser facilmente comprovado nos autos dos processos anteriormente citados, fica evidente a ocorrncia do mesmo objeto do pedido, ou seja, nas duas aes existem como pedido mediato o requerimento para que a Ordem dos Advogados do Brasil, Seco do Cear inscreva imediatamente os impetrantes no seu quadro de associados. Alm disso, est presente nos autos dos processos ora discutidos a mesma causa de pedir. A doutrina dominante, quase que de forma unanimemente, tem determinado que a causa de pedir com o simples fundamento de fato do pedido que dele simples parte. Como evidenciado nos feitos em questo, os fundamentos jurdicos, bem como os princpios violados pela Autarquia Federal foram praticamente os mesmos, razes pela qual os impetrantes vem requerer que seja determinado a conexo do referido writ ao processo de n. 0013653-91.2010.4.05.8100 que tramita na 2 Vara Federal da Comarca de Fortaleza/CE. importante frisar que, h importncia da referida distribuio por dependncia reside na necessidade de se evitar decises contraditrias, que acabariam por tumultuar o Poder Judicirio Federal. Neste sentido, necessrio se faz demonstrar o disposto no Cdigo de Processo Civil Brasileiro, nos Arts. 105 e 253, I, in verbis: Art. 105. Havendo conexo ou continncia, o juiz, de ofcio ou a requerimento de qualquer das partes, pode em ordenar separado, a a reunio fim de de que aes sejam propostas

decididas simultaneamente. Art. 253. Distribuir-se-o por dependncia as causas de qualquer natureza: I - quando se relacionarem, por conexo ou continncia, com outra j ajuizada;

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(grifo nosso)

Isto posto, identifica-se que o real objetivo da lei processual no de tornar conexas, apenas as aes que possuem identidade da causa de pedir ou igualdade de objeto, mas, em verdade, tornar conexas as aes anlogas e semelhantes, discrepantes. Ante o supra mencionado, vlido demonstrar o julgado do Superior Tribunal de Justia, ipsi literis: CONFLITO DE COMPETENCIA. AES POPULARES COM O MESMO OBJETIVO E FUNDAMENTOS JURIDICOS IGUAIS OU ASSEMELHADOS. CONEXO MANIFESTA. FIXAO DA COMPETENCIA PELO PRINCIPIO DA PREVENO (ARTS. 106 E 219 DO CPC). - aes populares aforadas perante juzes com a mesma competncia objetivo (a territorial, visando o mesmo do leilo da suspenso ou anulao que necessitem, por natureza, de decises que no sejam

empresa vale do rio doce) e com fundamentos jurdicos idnticos ou assemelhados so conexas (art. 5., par. 3. Da lei 4.717/1965), devendo ser processadas e julgadas pelo mesmo juiz, fixando-se a competncia pelo critrio da preveno. - o juzo da ao popular e universal. A propositura da primeira ao previne a jurisdio do juzo para as subseqentemente intentadas contra as mesmas partes e sob a gide de iguais ou aproximados fundamentos. - para caracterizar a conexo (CPC, arts. 103, 106), na forma em que esta definida em lei, no e necessrio que se cuide de causas idnticas (quanto aos fundamentos e ao objeto); basta que as aes sejam anlogas, semelhantes, visto como o escopo da juno das demandas para um nico julgamento e a mera possibilidade da supervenincia de julgamentos discrepantes, com

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prejuzos para o conceito do judicirio, como instituio. - o malefcio das decises contraditrias sobre a mesma espinha relao dorsal do de da direitos consubstancia do a construo doutrinaria "simultaneus e o

inspiradora connexitatis

principio O

processus" a que se reduz a criao do "forum materialis". acatamento respeito as decises da justia constituem o alicerce do poder judicirio que se desprestigiaria na medida em que dois ou mais juzes proferissem decises conflitantes sobre a mesma relao jurdica ou sobre o mesmo objeto da prestao jurisdicional. - a configurao do instituto da conexo no exige perfeita identidade entre as demandas, seno que, entre elas, preexista um liame que as torne passiveis de decises unificadas. - conflito de competncia que se julga procedente, declarando-se competente para o processo e julgamento das aes populares referenciadas, o juzo da 4a. Vara federal da seo judiciria do para, para o qual devem ser remetidas, ficando, parcialmente, mantida a liminar, prejudicado o julgamento dos agravo regimentais, contra o voto do min. Ari Pargendler que, dele no conhecia.(Superior Tribunal de Justia, CC 19686 / DF, Rel. Min. Demcrito Reinaldo, DJ 17/11/1997 p. 59398) (grifo nosso)

Isto posto, em funo do que foi demonstrado consoante a legislao ptria, bem como a jurisprudncia dominante, no pode e no deve, este Douto Juzo, apreciar a presente demanda em sentido diverso do pelo imediato deferimento de distribuio por dependncia, haja vista que a conexo encontra-se cabalmente demonstrada. Logo, os Impetrantes requerem que seja declara a conexo da referida ao ao processo de n. 0013653-91.2010.4.05.8100 que tramita

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na 2 Vara Federal da Comarca de Fortaleza/CE, para que o mesmo juzo julgue o mrito das duas aes mandamentais.

DA TEMPESTIVIDADE__________________________________________ Da Tempestividade da Impetrao Inicialmente ser preciso demonstrar o que preceitua o art. 23 da Lei 12.016/2009: Art. 23. O direito de requerer mandado de segurana extinguir-se- decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da cincia, pelo interessado, do ato impugnado.(grifo nosso)

Logo, no havendo data especfica a ser indicada como marco inicial do prazo decadencial apontado no artigo acima transcrito, uma vez que a omisso perpetrada pela ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, SECO DO CEAR tem carter continuado, prevalecendo at os dias de hoje, evidente est que o prazo sob anlise sequer se iniciou, o que torna certa a tempestividade. Segue o entendimento majoritrio na jurisprudncia ptria, in verbis: Recurso ordinrio Enquanto h em mandado omisso de segurana continuada da

Administrao Pblica, no corre o prazo de decadncia para a impetrao do mandado de segurana, sendo certo, porm, que essa omisso cessa no momento em que h situao jurdica de que decorre inequivocamente a recusa, por parte da Administrao Pblica, do pretendido direito, fluindo a partir da o prazo de 120 (cento e vinte) dias para a impetrao da segurana contra essa recusa(ROMS 239879, STF, Min. Moreira Alves em 25-03-2003)

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(grifo nosso)

Diante de todo o exposto, os impetrantes requererem, desde j, sejam rejeitadas quaisquer preliminar de decadncia, que venha eventualmente, a ser oposta.

Do Cabimento do Mandamus e da Autoridade Coatora Cabvel , sem dvida, o presente Mandado de Segurana. Preceitua o art. 5, LXIX da Constituio Federal de 1988, in literis: LXIX - conceder-se- mandado de segurana para proteger direito lquido e certo, no amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsvel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pblica ou agente de pessoa jurdica no exerccio de atribuies do Poder Pblico; Semelhante o dispositivo 1 da lei 12.016/2009, seno vejamos o teor: Art. 1o habeas Conceder-se- mandado de segurana para corpus ou habeas data, sempre que,

proteger direito lquido e certo, no amparado por ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa fsica ou jurdica sofrer violao ou houver justo receio de sofr-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funes que exera.

Logo, ter-se- sempre presente a regra nsita no mesmo art. 5, XXXV, segundo a qual a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito.

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O Mandado de Segurana presta especialmente para corrigir o ato administrativo defeituoso e a omisso administrativa, podendo qualquer pessoa, fsica ou jurdica, impetrar o writ, desde que tenha direito lquido e certo lesado ou ameaado. O direito lquido e certo aquele que isento de obscuridade, concludente e inconcusso, e derivado da Constituio Federal ou da Lei. Pode ser reconhecido apenas com a prova pr-constituda, que acompanha a inicial, como adiante comprovado de plano. Por outro lado, a nossa Carta Magna tambm garante o devido processo legal, e a possibilidade de liminar o que caracteriza, de maneira marcante o referido mandamus. A leso aos direitos dos impetrantes, como articulado abaixo, emerge de atos ilegais e abusivos praticados pela autoridade pblica,agente de pessoa jurdica no exerccio de atribuies do poder pblico, pois detm competncia para decidir sobre o ato e que vai suportar os efeitos da ao, passvel de corretivo juridicamente mandamental, garantido em sede constitucional.

DOS FATOS__________________________________________________ Os requerentes formaram-se em Bacharelado em Direito pela Universidade de Fortaleza, tendo devidamente ocorrido a colao de grau, conforme faz prova os inclusos diplomas. Convm esclarecer que os postulantes iniciaram e terminaram seu

curso de graduao em Bacharelado em Direito pela Universidade de Fortaleza. Nesse cotejo analtico deve-se esclarecer que os suplicantes cumpriram toda a carga horria exigida pela lei, bem como foram aprovados em todas as disciplinas da grade curricular estipulada pela Universidade, inclusive cursaram e foram aprovados nas disciplinas de PRTICA FORENSE estgio curricular, conforme fica provado pelos histricos acadmicos, ora acostados.

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Na solenidade

de

colao

de

grau,

o

Ilustrssimo

Reitor

da

Universidade de Fortaleza conferiu-lhes o grau proferindo a seguinte expresso em referncia aos impetrantes e seus demais colegas a partir de hoje, vocs esto habilitados e qualificados para o exerccio legal de suas profisses. DA INCONSTITUCIONALIDADE DA EXIGNCIA DE APROVAO NO EXAME DE ORDEM PARA INSCRIO NA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. DO DEVER DE HABILITAR E QUALIFICAR PROFISSIONAIS DE NVEL SUPERIOR Com o sonho de serem advogados, os impetrantes assumiram enfrentar a exuberante concorrncia de um concurso vestibular e, ento, ingressaram em um curso de Bacharelado em Direito. Tiveram xito no vestibular, e assim iniciaram uma longa e penosa caminhada rumo concluso do curso, passando por dificuldades inconfessveis at a vitoriosa colao de grau, obtendo sua respectiva qualificao profissional em Direito. Inobstante terem obtido aprovao dos professores em todas as matrias, passando por provas em cada matria ministrada nos dez perodos regulares,cumprindo a carga horria mnima exigida pelo Ministrio da Educao (MEC), os postulantes se vem cerceados de exercer a Advocacia, em face da inconstitucional exigncia de EXAME DE ORDEM, imposto pela Lei n. 8.906/94, em seu art. 8, seno vejamos: Art. 8 Para inscrio como advogado necessrio: [...] IV - aprovao em Exame de Ordem; [...] 1 O Exame da Ordem regulamentado em provimento do Conselho Federal da OAB. Fica provado pelos inclusos documentos, que preenchem os

requerentes todas as demais exigncias do art. 8 da Lei 8.906/94, desta feita o Exame de Ordem no pode obstar o direito constitucional do livre exerccio

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profissional, posto que o nico impedimento legal a qualificao, como aduz o prprio art. 5, XIII da nossa Carta Magna. Importante frisar que, qualificao, frente a prpria Lei das Diretrizes e Bases da Educao (LDB), a graduao no curso superior, comprovado sua total prestao pelo diploma, documento que habilita o destinatrio liberao do exerccio da profisso que delineou para sua vida nos moldes do art. 43, II, bem como do art. 48, caput da LDB, como veremos a seguir: Art. 43. A educao superior tem por finalidade: [...] II - formar diplomados nas diferentes reas de

conhecimento, aptos para a insero em setores profissionais e para a participao no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formao contnua; Art. 48. Os diplomas quando de cursos tero superiores validade

reconhecidos, titular.

registrados,

nacional como prova da formao recebida por seu

Segundo a Lei 9.394/96 em seu art. 43, II bastante especfica e destaca que a universidade prepara indivduos aptos a serem inseridos em seus setores profissionais e, destaque-se, no h exceo a esta regra, nem mesmo para os bacharis em Direito. Regra bsica em Direito, lei posterior revoga lei anterior. A Lei 9.394/96 revogou o Exame de Ordem pretenso aferidor do apto ou inapto para o exerccio da funo privada do bacharel em Direito como advogado. Entendem os peticionantes ser inconstitucional a exigibilidade daquela lei, conforme continuar demonstrado nas fundamentaes a seguirem. O Exame de Ordem, contido nas leis 8.906/94 e 4.215/63, fere preceito da nossa Lei Mxima, que veda em seu art. 5 a discriminao de qualquer

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natureza, razo pela qual os requerentes, desde j, requerem o pronunciamento jurisdicional desta venerada entidade judiciria, no sentido de acolher o presente pedido de declarao de inconstitucionalidade, incidenter tantum, determinando a excluso dos Requerentes da exigncia inconstitucional do Exame de Ordem, como requisito para se inscreverem, definitivamente, na Ordem dos Advogados do Brasil, suprimindo-se a exigncia do art. 8, IV da Lei 8.906/94, por ser de inteira JUSTIA. A inconstitucionalidade do exame de Ordem se manifesta formalmente e materialmente, seno vejamos, a Lei n. 8.906/94 (Estatuto da OAB), em seu art. 8, exigiu, para a inscrio do bacharel na Ordem dos Advogados, a aprovao em Exame de Ordem. Disse, ainda, no pargrafo 1 desse artigo, que o Exame de Ordem seria regulamentado pelo Conselho Federal da OAB, seno vejamos:

Art. 8 Para inscrio como advogado necessrio: 1 O Exame da Ordem regulamentado em provimento do Conselho Federal da OAB.

A formal inconstitucionalidade manifestada na medida em que o Conselho Federal da OAB regulamenta o exame, ora questionado, pois, tal regulamentao por se tratar de lei federal, , de competncia privativa do presidente da repblica, prevendo ainda em seu Pargrafo nico os casos taxativos de delegao pelo chefe do Poder Executivo Federal para regulamentao de lei, o que transparente a no delegao ao Conselho Federal qualquer competncia para regulamentar o Exame de Ordem, j que se trata de lei federal, e, a regulamentao acima referida afronta diretamente os ditames da norma constitucional, devendo ser declarado a inconstitucionalidade atravs do controle concreto de constitucionalidade, in verbis: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Repblica: [...]

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IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execuo; Pargrafo nico. O Presidente da Repblica poder delegar as atribuies mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da Repblica ou ao Advogado-Geral da Unio, que observaro os limites traados nas respectivas delegaes.

Diante

dos

esclarecimentos

necessrios

se

demonstra

a

inconstitucionalidade formal, deve-se ainda aclarar a inconstitucionalidade material, nos termos logo abaixo. A competncia atrada OAB, de selecionar os advogados (art. 44, II da Lei 8.906/94), inconstitucional, porque simplesmente anula a autonomia didtico-cientfica das universidades para formarem profissionais, alm de suprimir a qualificao que atributo das Universidades e Faculdades de acordo com a Constituio Federal em seu art. 207. Art. 44. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), servio pblico, dotada de personalidade jurdica e forma federativa, tem por finalidade: [...]

II - promover, com exclusividade, a representao, a defesa, a seleo e a disciplina dos advogados em toda a Repblica Federativa do Brasil.

Ora Exa, o exame em aluso interfere diretamente na autonomia didtica das instituies de ensino, a nica responsvel, atravs de seus mtodos de disciplina e avaliao, em dizer quem est ou no apto ao desempenho de sua

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profisso, sendo vedado o preceito logo acima referido em razo de confrontar com o dispositivo 207 da Carta Magna,com o seguinte enunciado: Art. 207. As universidades gozam de autonomia e de gesto

didtico-cientfica,

administrativa

financeira e patrimonial, e obedecero ao princpio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extenso.

Diante disso, indiscutvel o confronto direto do dispositivo federal com dispositivo constitucional, devendo este prevalecer, j que, regra bsica do estado de direito ser orientador das normas infraconstitucionais. Nesta senda, a outorga de grau de bacharel em direito, deferida aos autores, ato jurdico perfeito e acabado, restaria por caracterizar uma inverdade, o que certamente no se coaduna com a pretenso do legislador constituinte. Por esta mesma razo flagrantemente inconstitucional a competncia prevista no art. 58, VI, da Lei 8.906/94. Ressalta-se que o Estatuto da OAB uma lei ordinria federal no tendo o condo, em face do princpio da hierarquia das normas jurdicas, revogar ou mesmo dispor contrariamente autonomia didticocientfica conferida pela Lei Mxima s Universidades. Atualmente o Exame de Ordem atenta contra o princpio constitucional da dignidade da pessoa humana, ao impedir o exerccio da advocacia e o direito de trabalhar, aos bacharis qualificados pelas instituies de ensino fiscalizadas pelo Estado, ferindo assim o disposto nos incisos III e IV do art. 1 da Constituio Federal,que consagram com fundamentos da Repblica Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Temos que ressaltar a observncia obrigatria do Princpio insculpido no dispositivo Constitucional em referncia:

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livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as qualificaes profissionais que a lei estabelece.

Segundo

o

Dicionrio

Aurlio,

o

sentido

de

QUALIFICAO

PROFISSIONAL o mesmo que HABILITAO PROFISSIONAL no que diz respeito quela que capacita algum para o exerccio de uma profisso. No caso em tela, o advogado um profissional liberal e deve estar qualificado, especialmente, para a sua profisso, inscrito em seu rgo de Classe, que ter a incumbncia de fiscalizar o seu exerccio profissional, direito este, fundamental assegurado e garantido pelo art. 5, XIII da Constituio, segundo o qual todos so livres para trabalhar e exercer sua profisso, com uma nica limitao, que a Constituio permite: atendidas as qualificaes profissionais que a lei estabelecer. Ressalte-se com exausto que essa uma clusula ptrea, ou seja, esse direito fundamental no pode ser de nenhuma forma alterada ou reduzida. importante destacar que, a inscrio do bacharel em seu rgo de Classe, decorre do fato de que compete a Unio organizar, manter e executar a inspeo de trabalho, nos termos do art. 21, XXIV da Constituio Federal. Assim, os Conselhos Profissionais recebem uma delegao do poder pblico, para a fiscalizao do exerccio profissional. Por meio de leis especficas, os Conselhos Profissionais recebem do

Estado uma delegao de competncia, referente a essa atividade tpica do Estado, que abrange at poder de polcia, de tributar e de punir, no que tange ao exerccio de atividades profissionais de acordo com a deciso do Supremo Tribunal Federal que decidiu que os Conselhos Profissionais no poderiam ter natureza jurdica de direito privado. J a qualificao profissional ou capacitao para o exerccio da profisso (conjunto de conhecimentos aptido), dever da Escola, isto porque a educao que qualifica o profissional segundo os princpios ditados pelo art. 205 e seguintes da Constituio Federal:

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Art. 205. A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colaborao da da sociedade, pessoa, visando ao pleno para o desenvolvimento trabalho. seu preparo

exerccio da cidadania e sua qualificao para o

Logo, no a OAB e o seu exame de ordem que tem o dever de qualificar profissionalmente o advogado, mas sim, as Universidades, Faculdades e Escolas Tcnicas, devidamente reconhecidas pelo Ministrio da Educao e Cultura MEC, que so os meios educacionais apropriados criados ou autorizados pelo Estado, no podendo o Estado permitir que rgos de Classe selecione quem competente ou no, pois tarefa de habilitar profissionais do prprio Estado, se no conseguir, tambm no pode limitar o exerccio profissional retirando atribuio que lhe sua, e, responsabilizando o jurisdicionado. Nesse sentido a manifestao jurisprudencial em caso semelhante abaixo transcrita: ADMINISTRATIVO. ENSINO SUPERIOR. AUSNCIA NO EXAME NACIONAL DE DESEMPENHO DOS ESTUDANTES ENADE. COLAO DE GRAU. FORMATURA. IMPEDIMENTO. ILEGALIDADE. 1. O ENADE um componente do currculo obrigatrio dos cursos de graduao, devendo constar no histrico escolar do acadmico apenas a participao ou dispensa oficial do comparecimento ao exame. Embora sirva para a avaliao da qualidade do ensino no pas, no atua em mbito individual como instrumento de qualificao ou soma de conhecimentos ao estudante. Os conhecimentos so ofertados pelas universidades, preparando o cidado para a vida profissional.

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2. O exame evidentemente apenas um instrumento de avaliao da poltica educacional, no podendo transmudar-se em sano sem previso legal, atravs do impedimento de colao de grau.(TRF4 Remessa ex officio em ao cvel: REOAC 2666 PR 2008.70.04.00266-9. Rel. Min. Mrcio Antnio Rocha, julgamento: 29/04/2009, Quarta Turma, public. 01/06/2009) (grifo nosso)

Diante do caso anteriormente citado a simples falta ao ENAD no bice a impedir a colao de grau, em virtude de ser as universidades, faculdades e ensinos tcnicos os responsveis pela preparao do estudante para a vida profissional. Logo Exa., se o ENAD que mtodo de avaliao autorizado pelo MEC no tem atribuies vedatrias de colao de grau com posterior inscrio dos profissionais em seus conselhos, menos ainda pode a OAB selecionar advogados atravs de exame, como dito anteriormente usurpando a competncia das Universidades profissionais. Tanto assim, que o Reitor de uma Universidade, na solenidade de colao de grau, representando o Presidente da Repblica, torna pblico que os formandos tm qualificao profissional, dizendo: ...estais de agora em diante aptos a trabalhar na sua profisso para qual estudastes e fostes aprovados. Portanto a lei elege o Exame de Ordem como prova de qualificao profissional, onde bate de frente com o texto constitucional e maltrata a prpria lgica e o sentido prprio da expresso: qualificao profissional. e/ou Faculdades que a instituio criada para qualificar

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DAS DECISES PROFERIDAS PELA JUSTIA FEDERAL ACERCA DO OBJETO DO PEDIDO Ficando claro a inconstitucionalidade inter partes da exigncia de aprovao no exame de ordem como requisito obrigatrio para inscrio na Ordem de Advogados do Brasil, importante trazer a baila o dispositivo da sentena proferida pela juza federal carioca com o seguinte teor: Isto posto, CONCEDO A SEGURANA para em virtude da inconstitucionalidade da exigncia de aprovao em exame de ordem, determinar ao impetrado que se abstenha de exigir dos autores a referida aprovao para fins de concesso de registro profissional aos impetrantes. Custas a serem ressarcidas pela OAB/RJ, sem honorrios de sucumbncia. Transitada em julgado, nada sendo requerido, d-se baixa e arquive-se. P.R.I. Oficie-se.(JF/RJ 23 Vara Federal, proc. 2007.51.01.027448-4, Juza: Maria Amlia Almeida, public. 02/03/2009)

Ora Exa, a deciso acima colacionada merecedora de aplausos tanto em carter liminar como em deciso definitiva, pois reconhece precisamente o afronta ao texto bsico do Direito, no tendo desta forma fora cogente a impedir as inscries dos postulantes.

Alm disso, no dia 14 de dezembro de 2010 o Tribunal Regional Federal, em sede de Agravo de Instrumento, concedeu uma tutela liminar nos autos do Processo n. 0019460-45.2010.4.05.0000 no sentido de determinar que a Ordem dos Advogados do Brasil, Seco do Cear inscrevesse imediatamente os agravantes no seu quadro geral de associados sem que para tal, os mesmos tivessem que prestar Exame de Ordem.(segue deciso integral em anexo)

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Tal deciso tem fundamento, de incio, no princpio da isonomia, ao afirmar que o detentor do diploma de Bacharel em Cincias Jurdicas e Sociais, ou do Bacharel em Direito, para exerc-la, necessita se submeter a um exame, circunstncias que, j de cara, bate no princpio da isonomia. Ademais, o douto desembargador federal afirma que a OAB vai de encontro ao que preceitua a Lei Mxima, seno vejamos: A regulamentao da lei tarefa privativa do Presidente da Repblica, a teor do art. 84, IV da Constituio Federal, no podendo ser objeto de delegao, segundo se colhe do pargrafo nico do referido artigo. a aVladimir

Se

s

o

Presidente reservar do

da tal

Repblica pode regulamentar a lei no h como conceber que norma possa regulamentao Federal da OAB.(TRF-5, Rel Des. Sousa Carvalho, proc. 01946045.2010.4.05.0000, public. 14/12/2010)

provimento

Conselho

Saindo da esfera constitucional, o Egrgio Tribunal Regional Federal da 5 Regio salienta, inclusive, que no est entre as finalidades da OAB a de verificar se o bacharel em cincias jurdicas e sociais, que busca se inscrever em seus quadros, para poder exercer a profisso que o diploma superior lhe confere. Em sua venerada deciso o ilustre Desembargador salienta: Em decorrncia disso, trata-se de situao

inusitada, pois, de posse de um ttulo, o bacharel em Direito no pode exercer sua profisso. No mais estudante, nem estagirio, nem advogado. Ou melhor, pela tica da OAB, no nada. Ento, conclui-se que as escolas formam profissionais do nada e somente ela, ou seja, a OAB forma advogados. Ora, o que demonstra a qualificao o diploma dado por instituio competente para tanto.(TRF-5, Rel Des. Vladimir Sousa Carvalho, proc. 01946045.2010.4.05.0000, public. 14/12/2010)

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(grifo nosso)

E prossegue com seu entendimento: De sorte que a OAB incompetente para aferir se o bacharel tem ou no conhecimento para exerccio da profisso. Trata-se de prerrogativa privativa das instituies de ensino, estas sim, responsveis por essa tarefa indelegvel(TRF-5, Rel Des. Vladimir Sousa Carvalho, proc. 01946045.2010.4.05.0000, public. 14/12/2010)

Em relao exclusivamente ao Exame de Ordem, o Tribunal tambm j manifestou seu entendimento, como veremos a seguir: A avaliao que a agravada pretende fazer, e faz, via do exame de Ordem, no se apresenta como devida, por representar uma usurpao de poder, que s inerente a instituio de ensino superior, alm do que se opera por um instrumento, traduzido no provimento do Conselho Federal da OAB, que, por no se cuidar de Presidncia da Repblica, no pode, em circunstncia alguma, receber qualquer delegao neste sentido,visto que s a Presidncia da Repblica pode regulamentar, privativamente, a lei.(TRF-5, Rel Des. Vladimir Sousa Carvalho, proc. 01946045.2010.4.05.0000, public. 14/12/2010)

Em sua parte dispositiva, a liminar assim foi redigida: Por este entender, em carter de substituio, defiro a liminar, para proclamar aos agravantes o direito de terem sua inscrio no quadro da OAB realizada

semDes.

a

necessidadeSousa Carvalho,

de

se

submeterem ao exame de Ordem.(TRF-5, Rel Vladimir proc. 01946045.2010.4.05.0000, public. 14/12/2010)

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Logo, por tudo j exposto, no pode essa entidade federal deixar de apreciar o referido pedido a no ser no seu acatamento in totum. DA INEXIGNCIA DE EXAME NAS DEMAIS PROFISSES DE NVEL

SUPERIOR

A liberdade profissional est prevista constitucionalmente, contudo tal liberdade no pode ser maculada com o embarreiramento que o exame de Ordem proporciona, haja vista que como dito anteriormente o bacharel em Direito j passou por todas as fases probatrias de sua capacidade jurdica, tanto no decorrer dos estudos universitrios quanto nos estgios onde o mesmo trabalhou, aplicando na prtica os conhecimentos adquiridos, tendo o Requerente toda capacidade de exercer o exerccio de atividade da advocacia. A capacidade profissional do Advogado deve ser medida desde o incio do curso de direito e tambm pelos estgios cumpridos pelo profissional, haja vista que na maioria dos casos os estgios, tanto curriculares quanto os extracurriculares, so as melhores formas de se aprender o direito, tendo inclusive as mesmas atribuies do advogado, com uma nica diferena, este foi aprovado pelo exame de Ordem e aquele no. Isso mostra que tal exame no a melhor forma de se medir o conhecimento do profissional, devendo existir um maior rigor das prprias universidades e faculdades de direito, com relao qualidade de ensino. As demais entidades que congregam classes de profissionais liberais, qualificados profissionalmente pelas Universidades e Faculdades, no cometem o erro jurdico como, lamentavelmente, o faz

a Autarquia da classe

dos juristas.Automaticamente a Ordem dos Advogados do Brasil tem ignorado o princpio da Isonomia, tendo em vista que qualquer bacharel em Direito formado em umas das 53 (cinqenta e trs) profisses liberais regulamentadas, segundo Ministrio do Trabalho e Emprego, de posse de um diploma,pode obter a inscrio no seu conselho profissional e, exercer, livremente, a sua profisso,

contudo ao

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bacharel em Direito preciso ser aprovado no tal Exame de Ordem, para ser inscrito nos quadros da OAB e ter direito de exercer dignamente sua profisso.O mdico, concludo o seu curso de medicina e recebendo seu diploma, j est apto a exercer a profisso para a qual se qualificou, bastando a prova de concluso do curso para efetivar sua inscrio no Conselho Regional de Medicina. No mdico e exerce sua profisso porque fora escolhido pelos colegas que dirigem os Conselhos Regionais de Medicina do Brasil, mas porque se qualificou profissionalmente na Universidade. Neste cotejo analtico fica a indagao ser que a profisso de mdico menos importante que a de advogado? O Engenheiro e o Arquiteto, tambm, aps receberem seus diplomas, j esto aptos a exercerem a profisso para a qual se qualificam e so inscritos, sem nenhum concurso de seleo, em seus respectivos Conselhos. No so engenheiros ou Arquitetos, porque o Conselho que os congrega lhes sabatinou e lhes deu as bnos; o mesmo ocorre com o Contador, o Administrador de Empresa, o Odontlogo etc. J esclareceu o art. 48 da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei n 9.394, de 20.12.1996) que: Os diplomas de cursos superiores reconhecidos,

quando registrados, tero validade nacional como prova da formao recebida por seu titular. isto que a Constituio prev em seu art. 205 ao declarar que a educao um direito de todos e qualifica para o trabalho garantindo o livre exerccio de qualquer trabalho ou profisso: O PREPARO PARA O EXERCCIO DA PROFISSO, MINISTRADO POR UMA UNIVERSIDADE, FACULDADE OU ESCOLA TCNICA.

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EXAME DE ORDEM AFRONTA DIRETAMENTE AUTONOMIA UNIVERSITRIA (ART. 207/211 DA CF/88) O que se depreende do texto constitucional brasileiro, so as universidades e as faculdades que exercem a funo legal de escola, quando devidamente autorizadas pelo Ministrio da Educao e Cultura MEC. Com certeza, a OAB no tem autorizao para exercer qualquer funo de magistrio. No a OAB que tem autorizao para ministrar a qualificao profissional, portanto, tambm no tem legitimidade para aplicar exames que desautorizem aquelas Entidades Escolares que , na colao de grau, j atestou aquela qualificao profissional. Aprovado pelas Entidades Escolares, o cidado j tem a qualificao profissional para o exerccio da profisso para a qual se qualificou, segundo depreende-se do conjunto de normas que rege a espcie. No Coaduna, com o Ordenamento Jurdico uma espcie de Concurso Pblico para o exerccio de uma atividade autnoma e particular, como o a advocacia. Sendo bacharel em direito, o cidado j tem qualificao profissional para qualquer das atividades proporcionadas pelo curso de Direito, como: Advogado, Delegado, Juiz, Consultoria etc. O concurso pblico s serve para selecionar os que esto mais preparados, por exemplo, para o exerccio da magistratura (mais experincia, maior saber jurdico, reputao ilibada etc.). Mas o Concurso Pblico no a prpria qualificao profissional prevista no Texto Constitucional. Do exposto, observa-se que a OAB exorbita atribuies e invade a competncia e a autonomia das universidades e faculdades de direito, exigindo que o bacharel (j qualificado profissionalmente) se submeta ao inconstitucional Exame de Ordem. Os Conselhos Regionais e Federais, como autarquias de congregao de classes de profissionais liberais, so rgos de controle do exerccio profissional,

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mormente quanto tica profissional, e a defesa das prerrogativas dos inscritos. Mas no Escola autorizada a promover a qualificao profissional. A universidade ou Faculdade que tem a prerrogativa legal de outorgar ao aluno o diploma de bacharel em direito, isto em razo o disposto no art. 207, da CF/88. Essa formalidade de outorga de grau pblica e solene, conferindo ao bacharel o direito de exercer, dentre inmeras outras profisses, a de adogado, mesmo porque, naquele instante, fez ele o juramento respectivo. preciso deixar bastante claro que, num primeiro momento, ou seja, do vestibular at outorga de grau, o aluno fica inteiramente por conta da universalidade, cuja grade curricular autorizada e fiscalizada pelo MEC. infraconstitucional a norma (Lei 8.906/94), pois no tem fora para quebrar os fundamentos constitucionais e impedir que o cidado exera a profisso para a qual se qualificou, tendo como prova sua qualificao a colao de grau; e se a faculdade lhe outorgou o ttulo correspondente, por fora de delegao do Poder Pblico (art. 211 da CF/88), no h que se falar em exame de ordem como requisito para o exerccio de sua profisso, pois j foram cumpridas as exigncias constitucionais.

DA SUBSTITUIO DO ESTGIO PROFISSIONAL PELO EXAME DA ORDEM Nova e moderna escola prega uma aproximao e integrao entre a empresa e o educando. Surgir este salutar exerccio de aprendizado RETROAGIR, neste aspecto se inclui o art. 8, inciso IV, da Lei 8.906/94, que exige unicamente uma prova como condio de saber (qualificao profissional) para o exerccio da advocacia. Essa exigncia um bis in idem das provas acadmicas, e neste caso a Requerida parodia a Escola Superior, passando a assumir funes deslocadas de professor. Alis, no deixa de ser uma afronta ou uma desautorizao a TODOS OS PROFESSORES UNIVERSITRIOS que, ao longo dos perodos em que os Requerentes e seus pares estudaram, aplicaram as provas e entenderam que estavam aptos nas matrias que lhes ministravam.

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Maltratar os nefilos advogados com a arma ameaadora de mais um vestibular, usar da violncia. Isto porque existe um verdadeiro pavor por provas, mormente quando aplicadas para selecionar verdadeiras sumidades, em vez de aquilatar conhecimentos de iniciantes na profisso; pior ainda, quando aplicadas por pessoas que nunca foram professores na acepo pura da palavra. Por qual motivo a OAB quer fazer seleo de bacharis que vo exercer atividades autnomas? Ou seja, os requerentes no esto pleiteando ser empregados da OAB e nem por Ela ser remunerados. O advogado no empregado da OAB, mas apenas subordinado lei e tica profissional. Portanto, os impetrantes, depois de inscritos, passaro a ser fiscalizados pela Augusta OAB quanto observncia da lei e da tica. E essa fiscalizao s pode ser exercida aps a inscrio do bacharel em seus quadros. A ganncia de consertar o ensino no Pas no somente da Requerida, mas de todo cidado. No entanto no por via de Exame de Ordem, mas por vias legais e constitucionais que as mudanas necessrias podem alcanar o desiderato. A OAB no pode cometer ingerncia na Escola autorizada e regulada pelo Poder Pblico. No tem autoridade a OAB de cometer ingerncia ou apreciar conhecimento do cidado formado (qualificado profissionalmente) pela universidade ou faculdade. A OAB no tem outorga do poder pblico para interferir no livre exerccio do cidado bacharelado, pelo menos at que o tenha inscrito nos seus quadros. Aps inscrito, a sim, a OAB tem a prerrogativa inalienvel de interferir no exerccio da profisso (velando pela tica e prerrogativas de seus inscritos), at mesmo a de excluir de seus quadros os maus advogados. Mas no antes da inscrio do bacharel em seus quadros. Diferentemente de cultivar um instrumento que afronta a Lei Maior, menosprezar o trabalho do professor, violar o direito do bacharel em direito, deveria a Augusta OAB, visando a proteo das prerrogativas e da tica na advocacia, sua finalidade precpua, abrir espaos junto iniciativa privativa para, em conjunto com a rede de ensino jurdico oficial (como ocorre com a residncia mdica), promover os estgios nas empresas de Advocacia, de Economia e outras

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entidades de direito pblico e privado, gerando uma permanente e ativa vivncia entre o educando e a vida e, ento, poderia ocorrer um aprimoramento cada vez melhor do Ensino Jurdico Brasileiro. O ART. 78 DA LEI 8.906/94 E AS PRERROGATIVAS CONSTITUCIONAIS DA PRESIDNCIA DA REPBLICA (ART. 84 DA CF/88) Na forma que se apresenta a Lei 8.906/94, delegando poderes ao Conselho Federal da OAB para regulamentar a referida lei, maltratado o texto constitucional quanto a competncia privativa do Presidente da Repblica de regulamentar leis ordinrias e de natureza administrativa, conforme se v do art. 84-IV da Constituio Federal. So inconstitucionais, e requer que sejam declaradas, as Resolues do Conselho Federal da OAB que regulamentam a exigncia do Exame de Ordem. A advocacia, diz a Constituio Federal, uma das instituies essenciais justia. O seu mbito de atuao , naturalmente, o Poder Judicirio. No possvel, portanto, que o seu rgo de classe, a OAB, queira controlar, tambm, o Legislativo e o Executivo.

No possvel que a OAB

desempenhe funes legiferantes, privativas do Congresso Nacional, nem que ela exera o poder regulamentar, privativo do Presidente de Republica. No possvel, tambm, que a OAB usurpe a competncia do MEC e passe a fiscalizar, diretamente, as Instituies de Ensino Superior.A recente deciso do Supremo Tribunal Federal na ADIn 3026(segue em anexo), julgou inconstitucional alguns dispositivos da lei 9.649/98, sob o argumento de que entidades privadas no poderiam receber do Estado uma delegao do poder de polcia para fiscalizar as profisses. A mesma deciso esclarece ainda que a OAB tem natureza jurdica mpar, sendo o relator o Ministro EROS GRAU, transcrevendo parte da deciso:

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2. No procede a alegao que a OAB se sujeita aos ditames impostos Administrao Pblica Direta e Indireta. 3. A OAB no uma entidade da Administrao Indireta da Unio. A Ordem um servio pblico independente, categoria mpar no elenco das personalidades jurdicas existentes no direito brasileiro. 4. A OAB no est includa na categoria na qual se inserem essas que se tem referido como autarquias especiais para pretender-se afirmar equivocada independncia das hoje chamadas agencias. 5. Por

no consubstanciar uma entidade da Administrao, nem a qualquer das suas partes est vinculada. Essa no-vinculao formal e materialmente necessria. 6. A OAB ocupa-se de atividades atinentes aos advogados, que exercem funo constitucionalmente privilegiada, na medida em que so indispensveis administrao da justia. entidade cuja finalidade afeita a atribuies, interesse e seleo de advogados. No h ordem de relao ou dependncia entre a OAB e qualquer rgo pblico. 7. A Ordem dos Advogados do Brasil, cujas caractersticas so autonomia e independncia, no pode ser tida como congnere dos demais rgos de fiscalizao profissional. A OAB no est voltada exclusivamente a finalidades corporativas. Possui finalidade institucional. Fica claro, pois, o abuso do poder poltico/autoridade, devendo ser imediatamente reconhecido a inconstitucionalidade do Exame de Ordem, bem como deve ser garantido aos impetrantes sua inscrio em seu respectivo conselho. Diante disso, os impetrantes, ante V. Exa., vem fazer uso do direito subjetivo pblico de invocar a tutela do Estado-Juiz, dentro do poder de cautela e que est invertido esse juzo, para ao fim de ver garantido o direito pleiteado em Carter mandamental.

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DO PEDIDO DE ANTCIPAO A TUTELA EM LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS. Para concesso de medida liminar necessria se faz a presena do fumus boni iuris e do periculum in mora. A medida liminar, na presena lio de Hely Lopes Meireles: PROVIMENTO CAUTELAR ADMITIDO PELA PRPRIA LEI DO MANDADO DE SEGURANA QUANDO SEJAM RELEVANTES OS FUNDAMENTOS DA IMPETRAO E DO TO IMPUGNADO RESULTAR INEFICCIA NA ORDEM JUDICIAL, SE CONCEDIDA AO FINL (Mandado de Segurana. Ao Popular, Ao Civil Pblica, Mandado de Injuno e Habeas Data, Ed. Revista dos Tribunais, 12. Edio, 1989, p. 30). oportuno revelar que o juiz, no exerccio do poder cautelar geral, pode ordenar as medidas provisrias que julgar adequadas para evitar o dano parte, sendo-lhe defeso, to somente, agir com arbtrio. Sobre o assunto em questo, o professor gacho GALENO LACERDA, em Comentrios ao Cdigo de Processo Civil, pontifica: A notvel liberdade discricionria que a lei concede ao juiz para adotar as medidas atpicas mais adequadas para conjurar a situao de a premio representa, a nosso ver, o momento mais alto e amplo de criao do direito em concreto pela jurisprudncia, em sistema codificado, de direito continental, como o nosso. Claro que o juiz no cria ai, o direito material em abstrato. Mas as providencias variadas e imprevisveis, impostas pela fora dos fatos, fazem com que os decretos do magistrado verdade, assumam o carter de de normas e e imperativos concretos de conduta, que significam, na autentica obra descoberta criao

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singular do direito, emanada do fato, colocada ao fato, nascida para o fato. Nesta perspectiva, rasga-se a imagem tradicional do juiz preso e manietado do sistema continental, e d-se ao juiz moderno dos pases codificados o mesmo horizonte criador e novo do pretor romano e dos magistrados anglo-americanos. Neste raciocnio, o mesmo autor relativista terce descrio, afirmando: Assim, o poder cautelar inominado est sujeito aos mesmos pressupostos indicados e condies das cautelas gerais do jurisdicionais, nas disposies

Cdigo sobre o processo cautelar, como legitimao processual e ad causam das partes, competncia do juiz, aparncia de direito, perigo de mora e receio de leso. Diretamente, no propsito de acautelar situaes, ao juiz cabe a faculdade de deferir a liminar, sem audincia do ru, com ou sem justificao prvia. E nem preciso que, a priori, exista prova absoluta, plena e cabal do direito alegado, sob pena de esvaziamento do contedo da ao, destinado pronncia sobre o direito controvertido. bastante a existncia do fumus boni iuris. A lei prescreve outro pressuposto material para a concesso da medida cautelar liminar, qual o periculum in mora, ou seja, o fundado receio de leso ao direito da parte. justamente a causa jurdica do pedido, sua necessidade aparente de sustentar o direito material deduzido na petio, o que radiante na medida em que se fundamenta a no inscrio do candidato em exame inconstitucional. o chamado fumus boni juris tem-se por cabalmente demonstrado, sua existncia, na medida em que os postulantes esto sendo barrados indevidamente de sua inscrio nos quadros da OAB CE, atravs de medidas inconstitucionais. O perigo de dano iminente e irreparvel, pressuposto ftico temporal da concesso da medida liminar, resta perpassado no fato de, alm de ter sido submetido, indevidamente, aos ltimos exames de ordem, esta tendo sua inscrio barrada no tempo de forma indeterminada por meio de lei contraria ao texto constitucional,

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perdurando dano grave e irreparvel ao peticionante. Entretanto, por amos clareza, prende-se realar aqui o periculum in mora, verbatim: Periculum in mora dado do mundo emprico, capaz de ensejar um prejuzo o qual poder ter, inclusive, conotao econmica, mas dever selo, antes de tudo e sobretudo, eminentemente jurdico no sentido de ser algo atual, real e capaz de afetar o sucesso e a eficcia do processo principal, bem, como o equilbrio das partes. (Processo n 93.0001152-9, Juiz Macario Judice Neto, j.1205.93, Justia Federal, Seo Judiciria do Esprito Santo). A norma do artigo 789, do Cdigo de Processo Civil, consagra o chamado poder cautelar geral do juiz, autorizando-o a determinar medidas provisrias que julgar adequadas, ante ao receio de leso grave e de difcil reparao ao direito das partes, inclusive podendo, para evitar o dano, autorizar ou vedar a prtica de determinados atos (CPC, art. 799). Que no caso em aluso a omisso da OAB-CE vem trazendo conseqncias graves aos impetrantes em razo dos mesmos estarem retidos de trabalhar por fora de disposio inconstitucional, sendo ainda de difcil reparao na medida em que o tempo passa e os postulantes j esto cada vez mais difceis de recuperar o tempo perdido em conseqncia de medida ilegal e abusiva deste Conselho Seccional. devidamente notrio que esto presentes todos os requisitos da medida liminar em antecipao de cautela, uma vez concedida a medida cautelar no haver nenhum prejuzo para a requerida, caso a deciso liminar seja cassada, pois a possibilidade de reversibilidade do direito plena, podendo ser instaurado o status aquo, sem prejuzo para a impetrada. Sobre o tema, o professor NELSON NERY JUNIOR (IN. Cdigo de Processo Civil Comentado, 2. Ed. So Paulo: Malheiros, 1996. P. 1123), prescreve: Demonstrados o fumus boni iuris e o periculum in mora, ao juiz no dado optar pela concesso ou no da cautela, pois tem o dever de conced-la. certo que

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existe certa dose de subjetividade na aferio de requisitos objetivos para a concesso da liminar. Mas no menos certo que no se pode falar poder discricionrio do juiz nesses casos, pois no lhe so dado pela lei mais de um caminho igualmente legtimos, mas apenas um.

Tambm pacifica a jurisprudncia neste tocante: Justifica-se a concesso da medida liminar inaudita altera parte, ainda quando ausente a possibilidade do promovido frustrar a sua eficcia, desde que a demora de sua concesso possa importar em prejuzo, mesmo que parcial para o promovente (RSTJ 47/517).

Deve ser destacada deciso do Superior Tribunal de Justia. Vejamos: Sem antecipar juzo de valor quanto ao mrito, mas tendo presentes os pressupostos do periculum in mora e o fumus boni iuris, o juiz deve conceder, e no pode conceder, a liminar. cogente, imperativo e obrigatrio o ato jurisdicional. No, dispositivo, disjuntivo e facultativo. Em jogo, direito pblico subjetivo da parte. (STJ AG 28.249 BA, Ministro Garcia Vieira). Neste cautelarmente, entendimento, fazer estancar pretende a os impetrantes, liminar e da

absurda

inconstitucionalidade

exigncia do exame de ordem em razo de seu manifesto desrespeito a Carta da Republica de 1988, determinando que os suplicantes sejam inscritos nos quadros da OAB CE, para, al fim, no julgamento do mrito, ver declarada a inconstitucionalidade do EXAME e a permanncia das inscries definitivamente. O objetivo, pois, do presente writ se molda na necessidade,

primeiramente de estancar o dirigismo das condutas absurdas praticadas pelo

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Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seco Cear, acerca do procedimento de inscrio do postulado, al fim, ver a malsinada deliberao tornada nula pela carga arbitrria de que se reveste. Por fim, vimos por meio desta, tambm, agradecer ao Dr. Ccero Charles Sousa Soares, advogado inscrito na OAB/CE sob o n. 22.960 que demonstrou brilhantismo ao relatar sobre o assunto, com toda clareza s atitudes equivocadas cometidas pela OAB em sua pea jurdica, a qual nos utilizamos de suas belssimas citaes.

DO PEDIDO__________________________________________________

Diante do exposto, requer a V. Exa. conceder, na forma permitida, proviso liminar, inaldita altera par, que sejam determinadas as inscries dos impetrantes nos quadros da OAB-CE, independentemente de exame de ordem, uma vez que resta comprovada a existncia de ato ilegal e abusivo da autoridade tida como coatora, conforme entende o TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5 REGIO; Requer ainda que, ps concedida a liminar requerida, seja citada a autoridade coatora para que preste informaes que julgar necessrias.

Pugna, outrossim, que, aps as providncias acima requeridas, seja ouvido o Ministrio Pblico.

Ao final, que seja concedida a segurana pleiteada para tornar nulo o ato que impede a inscrio do postulado em definitivo em seu respectivo conselho (OAB CE); por todas as razes anteriormente demonstradas.

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D-se causa o valor de R$ 100,00 (cem reais). Nestes termos, Pede deferimento. Fortaleza, 17 de Dezembro de 2010.

ADVOGADO OAB-CE N 00000

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