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1

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

CADERNO TEMÁTICO

“GESTÃO PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE

ENSINO APRENDIZAGEM DOS DESAFIOS

EDUCACIONAIS CONTEMPORÂNEOS”

CLAUDETE TEREZINHA COPINI VALDAMERI –PROF.PDE

SUZETE TEREZINHA ORZECHOWSKI- PROF. ORIENTADORA

CLEVELÂNDIA-2011

2

DENTIFICACAO

NOME: CLAUDETE TEREZINHA COPINI VALDAMERI –

Professora PDE

ENDEREÇO – Rua Cel. Pedro Pacheco,208 – CEP- 5530-000

FONE- 46-32521817 – 46-99112403 Email –

[email protected] e [email protected]

DISCIPLINA DE PDE: Pedagogia

NRE- PATO BRANCO

IES: UNICENTRO – GUARAPUAVA

PROFESSOR ORIENTADOR-CADERNO TEMÁTICO:

SUZETE TEREZINHA ORZECHOWSKI

ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: COLÉGIO ESTADUAL

JOÃO XXIII - CLEVELANDIA-PR

PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: Professores do

Ensino Fundamental dos Anos Finais.

TÍTULO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO:

GESTÃO PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ENSINO

APRENDIZAGEM DOS DESAFIOS EDUCACIONAIS

CONTEMPORÂNEOS

PROFESSOR ORIENTADOR DO PROJETO:

SUZETE TEREZINHA ORZECHOWSKI

3

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO....................................................................................04

UNIDADE I

INTERDISCIPLINARIDADE.................................................................09

UNIDADE II

EDUCAÇÃO FISCAL, INSTRUMENTO DE CIDADANIA..............16

UNIDADE III

A EDUCAÇÃO FISCAL E O PAPEL TRANSFORMADOR DA

SOCIEDADE.......................................................................................24

UNIDADE IV

FUNÇÃO SOCIAL DOS TRIBUTOS E EXERCÍCIO DO

CONTROLE SOCIAL............................................................................30

4

APRESENTAÇÃO

O Caderno Temático é uma produção didático-pedagógica que será

utilizado como material de apoio durante o processo de implementação do

Projeto de Intervenção no Colégio Estadual João XXIII- EFMN, durante o

2º semestre de 2011, em curso de extensão da IES-UNICENTRO de

Guarapuava-PR, oferecida aos professores do ensino fundamental dos anos

finais.

As evidentes mudanças no modo de fazer educação no Estado do

Paraná confrontam-se com grandes desafios educacionais contemporâneos

em relação aos problemas sociais, econômicos, políticos, culturais,

ambientais, morais, religiosos, enfim de toda ordem. Estes assolam os

cidadãos e exigem posicionamentos e respostas da escola frente a um

currículo interdisciplinar na forma de tratar estes desafios.

Esse estudo tem o propósito de encorajar todos aqueles que estando

dispostos a participar da construção de uma sociedade mais digna e mais

justa, sentem-se angustiados por perceberem que os jovens vivem

momentos de despreocupação em relação à vida coletiva, à realidade

econômica e social de seu país. Considerando este enfoque, trataremos aqui

da Educação Fiscal, como marco das reflexões sobre os “desafios

contemporâneos”.

Para abordar a Educação Fiscal é necessário enfocar inicialmente o

trabalho interdisciplinar, uma vez que esta faz parte dos desafios

contemporâneos e encontra-se contemplada no currículo como tema que

deve ser trabalhado por todas as disciplinas.

5

É oportuno ressaltar que este material não tem a intenção de esgotar

a discussão sobre a Educação Fiscal. Sendo emergente pretende provocar

mudanças de comportamento na sociedade, com o despertar da consciência

de cidadania, sendo necessário uma educação permanente, voltada à

construção de valores, conhecimentos e atitudes focadas ao planejamento,

à gestão e no controle dos recursos públicos. Este material poderá ser usado

em várias disciplinas do Ensino Fundamental.

Partindo dessas reflexões, o material está estruturado da seguinte

forma:

Unidade I

Texto: “ Interdisciplinaridade”.

Este texto tem o objetivo de enfocar historicamente o surgimento da

interdisciplinaridade no Brasil, apontando conceitos de vários estudiosos

que ao longo dos anos debruçaram-se sobre esta temática.

Complementando os estudos, serão analisados os seguintes textos

que se encontram indicados ao final desta unidade:

LÜCK,Heloisa.Pedagogia interdisciplinar-Fundamentos teóricos-

metodológicos- capítulo V, O aspecto humano da construção

interdisciplinar- p.57 a 67-Vozes,

INTERDISCIPLINARIDADE.

http://www.fundar.org.br/temas/texto_7.htm

O CONHECIMENTO EM SALA DE AULA: A ORGANIZAÇÃO DO ENSINO

NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR

http://www.scielo.br/scielo.php?scrip=arttex&pid=S0104-40602007000200015

Ainda para aprofundamento sugerimos as demais leituras elencadas

ao final do capítulo.

6

Unidade II.

Nesta unidade, o vídeo da TV Paulo Freire-Programa Hora

Atividade- Educação Fiscal- Partes 1,2 e 3, será apresentado para iniciar o

estudo.

Sequencialmente o texto “Educação Fiscal- Instrumento de

Cidadania” será utilizado para reflexão. Este texto enfoca a necessidade

urgente de conscientização frente à realidade em que se vive, sendo

sensível ao que ocorre na comunidade e entorno. Não se pode permanecer

alheio ao que acontece no cotidiano, necessita-se de ação e interação com

outras pessoas, para buscar melhorias na situação social contemporânea.

Como atividade complementar sobre educação fiscal pode-se

acessar:

www.esaf.fazenda.gov.br

www.educacaofiscal.gov.br

www.santamaria.rs.gov.br/educacaofiscal

www.fdr.com.br_educaçãofiscal:

Programa Cidadania Tributária- Vídeos:

Fascículo II- Educação Fiscal no Brasil e no Mundo- partes I,II,III e IV

Fascículo III – Ética e Cidadania- partes I,II,III e IV

Fascículo V – Direitos Humanos e Cidadania Fiscal- partes I,II,III e IV

Unidade III

Nesta unidade será usado para reflexão o texto: “ A Educação Fiscal

e o Papel Transformador”, através do qual analisa-se a possibilidade do

cidadão participar das transformações que podem e devem ocorrer na

sociedade através da aplicação justa de verbas arrecadadas pelo poder

público, resultado dos tributos pagos por todos os cidadãos.

7

Complementando a reflexão será apresentado o vídeo editado pelo

ESAF-, no qual o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil e

Coordenador da Educação Fiscal no Brasil, manifesta-se sobre “ O que é a

cidadania fiscal” .

Para estudos complementares estão elencados ao final da unidade

textos relacionados ao conhecimento sobre cidadania fiscal, que poderão

ser acessados, possibilitando o uso dos mesmos pelos professores em suas

abordagens em sala da aula. A sugestão de filmes e cartilhas também estão

presentes nesta unidade.

Finalizando será apresentado o filme “Ilha das Flores” partes I e II, o

qual contribuirá para enriquecimento do debate reflexivo sobre a

aplicação de recursos públicos.

Unidade IV

O texto “ Função Social dos Tributos e o Exercício do Controle

Social” tem o objetivo de discutir sobre: o exercício dos direitos

individuais e sociais; o papel primordial do Estado em desempenhar

atividades que visem o bem comum; o incentivo à sociedade atual para

participar da luta em busca de políticas de incentivos à transparência em

todos os níveis da administração pública.

Para complementar, serão estudados os textos: Função Social dos

Tributos e o Exercício do Controle Social, contidos respectivamente nos

cadernos nº08 e 11 Educação Fiscal e Cidadania da Universidade Aberta

do Ceará.

Nesta etapa acontecerá análise da prestação de serviços ofertados

pelo Estado, por exemplo: contas de água, luz, telefone, observando os

valores dos tributos pagos pelos consumidores, com o intuito de despertar

8

nos participantes a importância de terem consciência sobre o que

efetivamente pagam e de que forma estes valores são revertidos ao bem

comum.

Para reflexão e debate serão utilizados comercias veiculados nos

meios de comunicação televisiva e disponíveis em www.youtube.com.br

vídeos: Dieta do Imposto; Tributação Transparente, parte 1 e 2 e Os

Pagadores de Impostos, os quais incitam os telespectadores a refletirem

sobre o percentual de impostos que o consumidor paga no ato em que

compra qualquer produto. Incentivando este mesmo consumidor a solicitar

nota fiscal, para que assim o imposto seja recolhido aos cofres públicos e

retorne aos consumidores em forma de obras e serviços públicos.

Assim pretende-se contribuir para a efetivação desta temática dentro

das disciplinas curriculares, das escolas paranaenses. Também a contribuir

com a ampliação da discussão sobre o “como” trabalhar tal temática, de

forma a não prejudicar o planejamento escolar. Ainda, contribuir para o

diálogo sobre a temática, que muitas vezes parece ser um diálogo árduo,

porém necessário na educação cidadã.

9

UNIDADE I

*Claudete Terezinha Copini Valdameri

O termo interdisciplinaridade é a união de duas palavras “ inter” e

“disciplina”. Inter no sentido de “entre”, “ no meio de”. Disciplina

caracteriza-se por cada uma das matérias que se ensina na escola, portanto,

educação interdisciplinar une componentes de duas ou mais disciplinas no

planejamento de um mesmo conteúdo.

A interdisciplinaridade pode ser vista como uma nova concepção do

processo de ensinar e do saber, ou seja um novo princípio norteador da

reorganização dos diferentes objetos de estudo e das estruturas

pedagógicas, devendo ser exercidas coletivamente, requerendo diálogo,

onde cada um reconhece o que lhe falta e o que deve receber dos outros.

Costuma-se pensar em interdisciplinaridade como se ela fosse

somente envolvida por várias disciplinas (Matemática, História, Português,

Ciências, Geografia...) em torno de um projeto. Na realidade a

interdisciplinaridade é algo muito mais complexo, passando a existir

quando ocorre mudança de atitude de diálogo e de parceria, constituindo-se

exatamente na diferença, na especificidade da ação da equipe propor e

alcançar objetivos comuns, participando em posições diferentes num

mesmo grupo, mas dedicando-se para atingir a mesma meta.

INTERDISCIPLINARIDADE

10

INTERDISCILINARIDADE:

COMO TUDO COMEÇOU...

A interdisciplinaridade surgiu na Europa na década de 60 em

oposição ao saber alienado, chegando ao Brasil no final desta mesma

década com distorções, como um modismo a ser explorado, sendo usada

por alguns admiradores das novidades, sem avaliação. No início dos anos

70 buscou-se uma definição terminológica para a interdisciplinaridade.

O primeiro pesquisador brasileiro a escrever sobre o assunto foi

Hilton Japiassú, que em 1976 publicou o livro “Interdisciplinaridade e a

Patologia do Saber” apresentando os conceitos existentes até então,

fazendo uma reflexão sobre a metodologia interdisciplinar.

Na busca pela construção de conceito de interdisciplinaridade, em

1979 Ivani Fazenda publica o livro “Integração e Interdisciplinaridade no

Ensino Brasileiro: efetividade ou ideologia”. A década de 80 é marcada

pelas tentativas de se explicitar um método, passando por uma fase de

discussão sem fundamentação e baseado no modismo surge nos anos 90 os

projetos denominados interdisciplinares.

Na mesma década de 90, inicia-se um processo de conscientização

da abordagem interdisciplinar, centrada no comprometimento do professor,

atrelada às suas experiências no trabalho docente, existindo ainda a

preocupação pela busca da teoria interdisciplinar, resultando na ampliação

das discussões teóricas e consequentemente incentivando a utilização de

práticas pedagógicas interdisciplinares.

11

A partir daí, vários autores procuraram desenvolver conceitos de

interdisciplinaridade.

Para Japiassú:

[...] a interdisciplinaridade pode ser compreendida como

um ato de troca, de reciprocidade entre as disciplinas ou

ciências – ou melhor, de áreas do conhecimento.

(JAPIASSÚ, 1976, p.23)

Ainda Japiassú (1976, p.74) afirma que “a interdisciplinaridade

caracteriza-se pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau

de integração real das disciplinas no interior de um mesmo projeto de

pesquisa”, visando um enriquecimento mútuo, permitindo o diálogo e a

colaboração entre as mesmas, através da qual todos saem enriquecidos

pela interação.

A educadora Ivani Fazenda (1976, p.39) afirma que:

[...] na interdisciplinaridade ter-se-ia uma relação de

reciprocidade, de mutualidade, ou melhor, dizendo, um

regime de co-propriedade que iria possibilitar o diálogo

entre os interessados.

Deste modo, pode-se dizer que a interdisciplinaridade depende

principalmente de uma atitude que conduz a uma interação, a qual

possibilita a realização de um trabalho interdisciplinar.

Lück (2009, p.47) no livro Pedagogia Interdisciplinar estabelece que:

Interdisciplinaridade é o processo que envolve a

integração e o engajamento de educadores, num trabalho

conjunto, de interação das disciplinas do currículo escolar

entre si e com a realidade, de modo a superar a

fragmentação do ensino, objetivando a formação integral

dos alunos, a fim de que possam exercer criticamente a

12

cidadania, mediante uma visão global de mundo, e serem

capazes de enfrentar os problemas complexos amplos e

globais da realidade atual.

A doutora em Educação Francisca Gonçalves da USP relata que:

A interdisciplinaridade, do ponto de vista epistemológico,

consiste no método de pesquisa e de ensino voltado para a

interação em uma disciplina, de duas ou mais disciplinas,

num processo que pode ir da simples comunicação de

idéias até a integração recíproca de finalidades, objetivos,

conceitos, conteúdos, terminologia, metodologia,

procedimentos, dados e formas de organizá-los no

processo de elaboração do conhecimento.

(www.forumeducacao.hpg.ig.br/textos/didat-7.htm)

Podemos observar que a interdisciplinaridade é um termo que não

tem significado único, mas, em todos está implícito uma nova postura

diante do conhecimento, uma mudança de atitude em busca da unidade do

pensamento, sendo a ação o ponto de partida e de chegada de uma prática

interdisciplinar.

Nas DCE’s do Paraná, pág.27 a Secretaria de Estado da educação se

manifesta enfocando a interdisciplinaridade nos seguintes termos:

Anunciar a opção político-pedagógica por um currículo organizado

em disciplinas que devem dialogar numa perspectiva interdisciplinar requer

que se explicite qual concepção de interdisciplinaridade e de

contextualização o fundamenta, pois esses conceitos transitam pelas

diferentes matrizes curriculares, das conservadoras às críticas, há muitas

décadas.

Nestas diretrizes, as disciplinas escolares são entendidas como

campos do conhecimento, identificam-se pelos respectivos conteúdos

estruturantes e por seus quadros teóricos conceituais. Considerando esse

constructo teórico, as disciplinas são pressupostos para a

13

interdisciplinaridade. A partir das disciplinas, as relações interdisciplinares

se estabelecem quando:

conceitos, teorias ou práticas de uma disciplina são chamados

à discussão e auxiliam a compreensão de um recorte de

conteúdo qualquer de outra disciplina;

ao tratar do objeto de estudo de uma disciplina, buscam-se nos

quadros conceituais de outras disciplinas referenciais teóricos

que possibilitem uma abordagem mais abrangente desse

objeto.

A partir da perspectiva acima, estabelecer relações interdisciplinares

não é uma tarefa que se reduz a uma readequação metodológica curricular,

como foi entendido no passado, pela pedagogia de projetos. A

interdisciplinaridade é uma questão epistemológica e está na abordagem

teórica e conceitual dada ao conteúdo em estudo, concretizando-se na

articulação das disciplinas cujos conceitos, teorias e práticas enriquecem a

compreensão desse conteúdo.

No ensino dos conteúdos escolares, as relações interdisciplinares

evidenciam, por um lado, as limitações e as insuficiências das disciplinas

em suas abordagens isoladas e individuais e, por outro as especificidades

próprias de cada disciplina para a compreensão de um objeto qualquer.

Desse modo, explicita-se que as disciplinas escolares não são herméticas,

fechadas em si, mas, a partir de suas especialidades, chamem umas às

outras e, em conjunto, ampliam a abordagem dos conteúdos de modo que

se busque, cada vez mais, a totalidade, numa prática pedagógica que leve

em conta as dimensões científica, filosófica e artística do conhecimento.

Tal pressuposto descarta uma interdisciplinaridade radical ou uma

antidisciplinaridade, fundamento das correntes teóricas curriculares

14

denominadas pós-modernas. (SEED-Diretrizes Curriculares da Educação

Básica-p. 27).

Abordar a Educação Fiscal interdisciplinarmente implica trabalhar

de forma contextualizada, articulando o tema com o objeto de estudo da

disciplina, relacionando-o ao contexto sócio-histórico como princípio

integrador do currículo, possibilitando a ocorrência efetiva do ensino

aprendizagem que deve acontecer nos espaços escolares.

PARA SABER MAIS:

LÜCK,Heloisa.Pedagogia interdisciplinar-Fundamentos teóricos-metodológicos-capítulo V, O aspecto humano da construção interdisciplinar- p.57 a 67-Vozes,2009.

INTERDISCIPLINARIDADE DE A a Z.

http://www.educacional.com.br/reportagens/educar2001/texto04.asp

POSTURA INTERDISCIPLINAR NO OFÍCIO DO PROFESSOR.

http://www.brasilescola.com/gestão-educacional/postura-interdisciplinar-no-

oficio-professor.htm

UMA POSTURA INTERDISCIPLINAR.

http://www.forumeducacao.hpg.ig.com.br/textosdidat_7.htm

15

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Integração e Interdisciplinaridade no Ensino

Brasileiro: efetividade ou ideologia .4ºed.São Paulo.Loyola.1996.

__________, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade, História, Teoria e

Pesquisa.11ed. Campinas, SP: Papirus, 1994.

FRIGOTTO, G. A interdisciplinaridade como necessidade e como problema nas

ciências sociais. In: Educação e Realidade. Porto Alegre, 18(2): 63 -72, jul/dez, 1993.

GADOTTI, Moacir. Escola Cidadã. São Paulo. Cortez Autores Associados, 1999.

JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do Saber. Rio de Janeiro:

Imago,1976. 219p.

LÜCK, Heloisa. Pedagogia Interdisciplinar: Fundamentos Teórios-metodológicos.

Vozes. 16º edição. 2009.

PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Curitiba: 2009.

SEED. Os desafios Educacionais Contemporâneos e os Conteúdos Escolares:

Reflexosna Organização da Proposta Pedagógica Curricular e a

Especificidade da Escola Pública. 2008.

INTERDISCIPLINARIDADE.

http://www.fundar.org.br/temas/texto_7.htm

O CONHECIMENTO EM SALA DE AULA: A ORGANIZAÇÃO DO

ENSINO NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR

http://www.scielo.br/scielo.php?scrip=arttex&pid=S0104-

40602007000200015

16

UNIDADE II

*Claudete Terezinha Copini Valdameri

Na atualidade é necessário que estejamos conscientes da realidade

social em que vivemos, sejamos sensíveis ao que ocorre em nosso entorno

e tenhamos a responsabilidade com os nossos deveres. Não podemos

permanecer alheios ao que ocorre em nosso cotidiano, necessitamos agir e

interagir com outras pessoas para que juntos possamos melhorar a situação

social da contemporaneidade.

A educação fiscal no âmbito escolar é uma ação que visa à

construção de um conceito novo de cidadão que deve ter consciência de seu

papel na sociedade estando ciente de que sua participação nas diversas

decisões sociais é imprescindível.

Sendo assim, a educação fiscal surge como proposta de despertar na

sociedade a reflexão sobre a efetivação de uma ação participativa, voltada

sempre para o contexto em que o cidadão esta inserido, ofertando a este

informações para atuar e contribuir para melhoria das condições sociais.

Ao estudar a educação fiscal, passamos a perceber como funciona a

máquina pública, aproximando o Estado ao cidadão e por fim compreender

que o Estado tem por princípio e fim servir ao bem comum.

É intenção da educação fiscal, disseminar conhecimentos sobre como

se arrecadam os recursos, como estes são gastos, quais são os mecanismos

EDUCAÇÃO FISCAL

INSTRUMENTO DE CIDADANIA

17

que a sociedade dispõe para participar das decisões e do destino dos

recursos e dos bens públicos.

Observa-se que, grande parte da população não percebe ou não sabe

que paga tributos, desconhecendo inclusive a sua própria participação no

financiamento e execução de serviços e obras públicas, não percebendo que

o posto de saúde o saneamento básico ou a escola estão a seu serviço

porque são oriundos dos tributos pagos pelos cidadãos.

Desta forma, enfocar a educação fiscal na escola é contribuir para o

exercício da cidadania e propiciar a transformação social que deve

estimular a mudança de valores, crenças e cultura de cada indivíduo,

sempre numa perspectiva de uma formação integral ao ser humano.

EDUCAÇÃO FISCAL

PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM

BASEADO EM TRÊS EIXOS:

Valores Cidadania Cultura

Fiscal

CONCEITO DE EDUCAÇÃO FISCAL:

18

Valores: espera-se que os mais jovens construam uma posição

crítica. Na socialização que a escola representa, os alunos podem exercitar

a capacidade de decidir livremente, levando em consideração seus próprios

interesses individuais e também os coletivos.

Cidadania: fundamental na compreensão da cultural fiscal de um

país, sendo importante a relação de direitos e deveres dos cidadãos na

construção da democracia.

Cultura Fiscal: é um componente a mais na formação da ética e da

cidadania, pois visa formar cidadãos conscientes das responsabilidades

sociais que pagam seus tributos e sabem reconhecer a importância da

gestão do gasto público bem como a sua transparência perante toda a

comunidade.

Através dos conceitos sobre a educação fiscal podemos elaborar uma

reflexão sobre o papel da educação a respeito da sua função social

enquanto agente de transformação no processo de democratização

vivenciado pelo povo brasileiro. Reflexões estas, que sempre se encontram

carregadas de contradições e que necessitam ser enfrentadas e

minimamente resolvidas pelo envolvidos, pois, somente assim a escola

formará cidadãos conscientes e motivados para aumentar seu poder de

participação e decisão na sociedade em que estão inseridos buscando não

apenas assegurar seus direitos, mas também se comprometer com seus

deveres. Para que esta implementação seja efetivada, faz-se necessário que

aconteçam discussões sobre concepções de currículo na escola.

O auditor fiscal Augusto Bernardo Sampaio Cecílio coordenador do

Programa de Educação Fiscal no Amazonas no texto “A educação é o

caminho” assim se reporta sobre o tema:

“Ultimamente tenho recebido e-mails de todo o Brasil

cuja palavra mais lida é “farra”. Farra das passagens

19

aéreas, farra com o dinheiro público, enfim, abordagens

pesadas que vão desde “país de tantas festas e pouco pão”,

passando por universidades e escolas que não recebem

verbas necessárias para suas salas e laboratórios sejam

equipados adequadamente a fim de que os professores

possam promover uma educação decente e formadora;

falta de atendimento profissional humano, respeitoso e

decente em determinados hospitais ou postos de saúde, e

quando isso acontece o médico é considerado um

verdadeiro altruísta ou político querendo se eleger ou

reeleger; queixa de aposentados que trabalharam a vida

toda e que agora recebem quantias limitadas, enquanto

que determinados políticos asseguram uma tranquila

aposentadoria; queixas que esbarram na constatação de

que se o nosso povo tiver uma educação de qualidade e

parar de se preocupar com as filas de atendimento médico,

então passará a se importar com a forma como o dinheiro

arrecadado é gasto.(CECÍLIO.2008)

O momento exige que os educadores enquanto formadores de

opiniões tomem posição a favor de uma escola voltada para a formação de

cidadãos. Postura esta, que implica na ampliação do currículo escolar com

temas contemporâneos, possibilitando a convivência satisfatória com o

mundo real.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais contemplam essa proposta,

porque consideram a necessidade de construção de referenciais comuns ao

processo educacional, permitindo que o aluno tenha acesso aos

conhecimentos socialmente elaborados necessários para o exercício da

cidadania.

Inserir os temas contemporâneos no currículo escolar requer nova

maneira de ensinar, a qual deve estar fundamentada em procedimentos e

concepções que permeiem a vida cotidiana da sociedade, viabilizando a

participação ativa do alunado na construção da sociedade atual.

20

Elencada entre os temas educacionais contemporâneos de urgência

social, a Educação Fiscal deve ser trabalhada perpassando por todos os

componentes curriculares, com a finalidade de recriar atitudes educativas

valorizando a vida e o bem estar social de todos.

É primordial que no planejamento pedagógico escolar a construção

de conhecimento esteja contemplada, possibilitando ações eficientes dos

alunos frente a realidade em que estão inseridos, numa perspectiva

particular e também globalizada.

Enriquecer o currículo escolar com a inclusão dos direitos e deveres

que efetivam a cidadania; a função socioeconômica dos tributos e sua

relação com os bens e serviços; as necessidades básicas do homem como

ser social faz florescer a consciência cidadã. Assim, com o aval da

Educação Fiscal garante-se a convivência participativa na resolução de

problemas de nossa sociedade contemporânea.

Podemos refletir observando o que nos dizem alguns pensadores que reportam-se sobre a postura dos educadores enquanto agentes de transformação social.

enquanto agentes de transformaçã

"Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela,

tampouco, a sociedade muda". (Paulo Freire).

“Mudar é difícil, mas é possível” (Paulo Freire)

21

“A possibilidade de realizarmos um sonho é o que torna a

vida interessante” (Paulo Freire)

“Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra,

no trabalho, na ação-reflexão”. (Paulo Freire).

"As crianças têm uma sensibilidade enorme para perceber

que a professora faz exatamente o contrário do que diz”.

(Paulo Freire)

“Os educadores precisam compreender que ajudar as pessoas a

se tornarem pessoas é muito mais importante do que ajudá-las

a tornarem-se matemáticas, poliglotas ou coisa que o valha."

(Carl Rogers)

"A principal meta da educação é criar homens que sejam

capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que

outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores,

inventores, descobridores. A segunda meta da educação é

formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar

e não aceitar tudo que a elas se propõe." (Jean Piaget).

“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.

(Cora Coralina, poetisa brasileira).

22

“... A minha contribuição foi encontrar uma explicação

segundo a qual, por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que

olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa”.

(Emília Ferreiro).

"Educação é aquilo que revela ao sábio, e disfarça do tolo, sua

falta de entendimento".(Ambrose Bierce).

" Ensinar não é uma função vital, porque não tem fim em si

mesma; a função vital é aprender"(Aristóteles).

"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente

aprende”. (Guimarães Rosa.)

"O importante não é o conhecimento dos fatos, mas dos

valores". (Dean William Inge).

23

SAIBA +

SOBRE EDUCAÇÃO FISCAL

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GADOTI, Moacir. Construindo a escola cidadã: Projeto Político

Pedagógico. Brasília:MEC,1998.

MELLO, Giumar Name de. Ofício do professor. Aprender para

ensinar.São Paulo. Fundação Victor Civita,2001.

Portal dia a dia educação- TV Paulo Freire- Programa Hora Atividade-

Educação Fiscal-partes 1,2 e 3.

www.esaf.fazenda.gov.br

www.educacaofiscal.gov.br

www.santamaria.rs.gov.br/educacaofiscal

Programa Cidadania Tributária- Vídeo

www.fdr.com.br_educaçãofiscal

Fascículo II- Educação Fiscal no Brasil e no Mundo- partes I,II,III e IV

Fascículo III – Ética e Cidadania- partes I,II,III e IV

Fascículo V – Direitos Humanos e Cidadania Fiscal- partes I,II,III e IV

24

UNIDADE III

*Claudete Terezinha Copini Valdameri

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação –LDB- Lei nº 9394/96, foi

um marco em nosso país. Desde então os Estados brasileiros e a sociedade

têm buscado as políticas públicas com mais intensidade, com a finalidade

de garantir o ingresso à permanência e o sucesso com qualidade junto à

escola das crianças, jovens e adultos que fazem parte das camadas sociais

com menor poder aquisitivo.

A grande luta pela educação é um direito constitucional, a qual

objetiva a erradicação do analfabetismo, pretendendo assegurar o Ensino

Fundamental, universalizar o Ensino Médio e democratizar o acesso ao

Ensino Superior.

Entende-se que, elevando o nível de escolaridade dos cidadãos, a

cidadania se fortalece e consequentemente aumenta a condição de atuação

do cidadão na sociedade, tendo assim possibilidade de opinar criticamente,

podendo o mesmo intervir na realidade e ajudando a transformá-la.

Não se pode mudar uma sociedade, se ela mesma não se prepara e

não se dispõe para tal. Essa transformação só acontecerá se o cidadão

estiver motivado e com acesso à educação com qualidade social, isto é,

estar estimulado e sentir-se incomodado com as notícias diárias sobre a

violência, a corrupção, os índices de desenvolvimento humano negativos, a

depredação ao meio ambiente, o desvio de verbas públicas e as obras

abandonadas.

A EDUCAÇÃO FISCAL E O PAPEL

TRANSFORMADOR DA SOCIEDADE.

25

Em sua pesquisa Albuquerque (1999), auferiu que a compreensão

da Educação Fiscal como conhecimento necessário ao exercício dos

direitos do ser humano, é um passo que a escola dá na constituição de uma

sociedade mais digna, mais justa, mais solidária e feliz.

Segundo Demo (2000), não há mudança sem revolução. Não há

revolução sem participação. Não há participação sem conflito e esta deve

ser buscada constantemente e com persistência, assumida pessoalmente

pelo interessado como um projeto próprio.

É imprescindível que os cidadãos estejam conscientes da realidade

social em que estão inseridos, tenham sensibilidade às situações em seu

entorno e sejam responsáveis com seus deveres, não podendo ficar alheios

ao que ocorre no dia a dia, precisando agir e levar o que conhece para

outras pessoas e juntos buscar transformações para melhorar a situação

social da atualidade.

Na sociedade atual, existe uma série crise de valores morais e éticos,

na qual impera a falta de crença nas instituições, principalmente com

relação à pública. Essa falta de credibilidade talvez seja fruto de longos

períodos de injustiça social e também da falta de consciência do próprio

indivíduo enquanto cidadão.

Em geral, a população apresenta certa aversão quando se trata da

questão tributária. Por um lado ela encontra resistência em fazer cumprir

com suas obrigações, e por outro, cobra do Estado mais eficiência querendo

ver o dinheiro público bem empregado, pois, diariamente tem

conhecimento dos maus exemplos da administração pública,

principalmente no que diz respeito à corrupção.

Ofertar conhecimentos sobre assuntos de natureza fiscal aos

estudantes de todos os níveis de ensino, e também à sociedade em geral,

talvez seja o marco inicial para despertar o espírito de cidadania, pois,

26

percebe-se que a população tem pouca ou nenhuma noção sobre o

funcionamento do Estado e também não tem a consciência de quanto é

importante o seu papel como contribuinte. Muitas vezes não tem a noção de

quanto paga de imposto, como eles são instituídos e cobrados e

principalmente não sabe como são aplicados.

A partir do momento em que o cidadão toma consciência da função e

da aplicação dos tributos, ele passa a ter uma visão mais ampla da

importância de contribuir com o Estado no recolhimento dos tributos e

principalmente toma consciência de que tem por obrigação cobrar dos

governantes uma justa aplicação e distribuição dos mesmos.

A educação é um dos meios mais eficazes para fazer o indivíduo

reconhecer o seu direito social. A plenitude humana se consolida na

realização do homem enquanto cidadão, sendo a educação o processo

mediador deste acontecimento.

Para cada indivíduo, a cidadania cria a aparência de um ser social

reconhecido como tal, por ser ele detentor de direitos fundamentais à saúde,

educação, habitação, trabalho, cabendo à educação inserir o homem num

processo de ação histórica e dotá-lo de autodeterminação como ser capaz

de transformar o meio a sua volta. A escola deve ser primordialmente

cidadã, criar mecanismos de luta para integrar o homem à sociedade e fazer

dele um instrumento de reconstrução do seu entorno.

Investir na educação é vivenciar o encontro da cidadania plena, é

garantir a participação do indivíduo permitindo novas perspectivas para

alterar e melhorar a sociedade.

Neste enfoque, a Educação Fiscal deve ser a pilastra no processo

educacional da formação do cidadão, pois ela é sem nenhuma dúvida um

marco na edificação de uma sociedade com consciência cidadã, pois, a

cidadania dá ao indivíduo a possibilidade de participar ativamente da vida e

27

do governo, ofertando possibilidades de interagir e promover a

transformação no seu meio.

PARA COMPLEMENTAR:

PEF- Programa de Educação Fiscal- Informação e Conhecimento para a

Cidadania.

Texto de Luiza Ondina Santos Mota- Auditora Fiscal da recita Federal do

Ceará

www.sefaz.ce.gov.br/content/aplicação/internetprogramas_campanhas/gerados

/

AFISVEC- Associação dos Fiscais de Tributos Estaduais- A Educação Fiscal

e os Municípios

Texto de Augusto Bernardo Sampaio Cecílio- Auditor da receita Federal do

Amazonas

www.afisvec.org.br/artigo _det.php

Texto: Mais Respeito com o Dinheiro Público.

Autoria: Edson Luiz Campagnolo-Vice-Presidente da FIEP e coordenador

do conselho temático de assuntos Tributários.

www.fiep.org.br/sombrados impostos/news14468conten133188.shtml

Caderno nº 01– Educação Fiscal e Cidadania- A educação e seu papel

transformador.

Caderno nº 03– Educação Fiscal e Cidadania- Ética e Cidadania

Universidade Aberta do Nordeste- Fundação Demócrito Rocha.

Disponível em : www.fdr.com.br/educaçaofiscal

28

www.quantocustaobrasil.com.br

Cartilha Sombra do Imposto

www.santamaria.rs.gov/educaçãofiscal

Cartilha Imposto não é Bicho Papão.I e II

www.Programadeeducaçãotributáriadoceara.gov.br

Cartilha a Turma da Cidadania – Um passeio no Universo dos Tributos

www.sombradosimpostos.com.br

Jogos e informações

www.receita.fazenda.gov.br/leaozinho

Jogos e informações

Programa Cidadania Tributária- Vídeo

www.fdr.com.br_educaçãofiscal

Fascículo I- Educação e seu Papel Transformador- partes I,II,III e IV

Fascículo IV – O Estado Constitucional - partes I,II,III e IV

www.portalzinho.cqu.gov.br

jogos e informações

29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, Leny Miranda. Educação Fiscal nas Escolas-

Dissertação de Graduação, recife: Universidade Federal de Pernambuco.

Centro de Ciências Sociais, 1999, p.45-49.

BRASIL.LDB 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 23 de

dezembro de 1996.

COSTA, Alexandra Machado. Participação é Conquista. Diário da Manhã.

Goiania,2009,nº7864.Disponível em:

http://www.dm.com.br//materiais/show/t/particiopacao_conquista - acesso

em 23.03.2011.

DEMO, Pedro. Participação é Conquista. São Paulo: Cortez, 2000.

Entrevista com Antonio Henrique Lindenberg Baltazar –tema: O que é

Cidadania Fiscal. Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil e Coordenador

da Educação Fiscal no Brasil.

Disponível em: www.esaf.fazenda.gov.br

Filme : Ilha das Flores parte I e II disponível em www.youtube.com

Filme: O Clube do Imperador- disponível em www.youtube.com

Filme: Quanto vale ou é por quilo - disponível em TV Paulo Freire- www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

30

UNIDADE IV

*Claudete Terezinha Copini Valdameri

A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em

05 de outubro de 1988, direcionou seus princípios e normas no sentido de

garantir os interesses individuais, porém destacando os interesses coletivos.

A Carta Magna em seu preâmbulo assegura o exercício dos direitos

individuais e sociais. Nos incisos do artigo 3º, determina os objetivos

fundamentais do Estado brasileiro: I – construir uma sociedade livre, justa

e solidária; II- garantir o desenvolvimento nacional; III erradicar a

pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e

regionais; IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,

raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. (grifo

nosso). No título II, capítulo I, encontra-se elencado os direitos e garantias

fundamentais dos indivíduos, tanto no âmbito individual quanto coletivo.

Percebe-se então, a grande preocupação dos constituintes em

conciliar a convivência social, buscando o equilíbrio entre o individual e o

coletivo.

O Estado tem o papel primordial de desempenhar atividades que

visem o bem comum. Atividades essas que geram despesas e que de

alguma maneira necessitam ser custeadas. Para arrecadar, o Estado se

utiliza do seu próprio patrimônio e também da soberania outorgada ao

FUNÇÃO SOCIAL DOS TRIBUTOS E EXERCÍCIO DO CONTROLE

SOCIAL.

31

próprio pelo povo, retirando dos indivíduos parcelas de riquezas através da

cobrança de tributos recolhidos, como forma de participação no custeio das

atividades direcionadas ao bem estar comum.

A arrecadação tributária possui o objetivo de conseguir meios para

custear as atividades do Estado, possibilitando então a participação

individual nas realizações coletivas.

O tributo não é somente uma forma de arrecadação voltada para as

atividades do Estado. É pelo seu estabelecimento que se obtém recursos

para a garantia dos anseios sociais, não devendo o tributo ser compreendido

como mera obrigação do cidadão, devendo ser entendido como o preço

para a cidadania.

Por força do contido na Constituição Federal no artigo 3º, incisos

III e IV, uma parcela da arrecadação dos tributos deve ser direcionada para

o social, com a finalidade de atingir ao que propõe o próprio texto

constitucional, assumindo o tributo a sua função social.

Constitucionalmente, o tributo é a principal ferramenta e o grande

integrador do indivíduo à sociedade, buscando minimizar as diferenças

causadas pelas desigualdades sociais.

Na sociedade atual, torna-se imperativo encorajar continuamente a

participação social em busca de políticas de incentivo à transparência em

todos os níveis da administração pública.

O exercício da cidadania presume a participação do cidadão no

controle dos gastos públicos, cabendo a estes a fiscalização e

monitoramento dos governantes.

A democratização da gestão pública esta efetivada na Constituição

de 1988, determinando profunda alteração na legislação. Para validar os

direitos dos cidadãos muitos preceitos foram elaborados dentre os quais se

32

destaca: o Estatuto das Cidades, a Lei de Responsabilidade Fiscal, Código

de Defesa do Consumidor, Legislação Ambiental, Leis Orgânicas dos

Municípios, além de outros procedimentos e mecanismos como a ação

popular, mandato de segurança coletivo, ação civil pública que passaram a

existir possibilitando que os cidadãos possam fazer valer os seus direitos.

É importante lembrar que os dispositivos constantes na Constituição

possibilitam aos cidadãos a participação na conduta da administração

pública, e o dever do gestor público em dar ampla publicidade de seus atos,

ofertando transparência em sua gestão e prestando contas de suas ações.

Neste enfoque, a educação para a cidadania é requisito fundamental

para a participação elencada na Carta Magna. Nesse conjunto, a educação

fiscal tem um lugar de destaque, porque dentro da mesma instiga-se o

cidadão tanto individualmente quanto coletivamente a acompanhar a ação

governamental, principalmente quanto à estrutura e funcionamento de

órgãos e entidades responsáveis pela aplicação dos recursos destinados aos

mesmos através dos seus orçamentos e das prestações de contas.

Pode-se vislumbrar no caput do artigo 37 da Constituição Federal

que o administrador público tem o dever de publicar seus atos para permitir

que qualquer cidadão proceda o exame e apreciação do conteúdo dos

mesmos. Da mesma forma está garantido que as contas governamentais

serão fiscalizadas pelo Congresso Nacional com o apoio do tribunal de

Contas da União, e que os responsáveis pela aplicação dos recursos tem o

dever de prestar contas.

É salutar registrar o que se estabelece no artigo 74 § 2º da

Constituição Federal:

[...] qualquer cidadão; partido político; associação ou

sindicato, é parte legítima para na forma da lei, denunciar

33

irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de

Contas da União (grifo meu). (2005, p.66.)

A Constituição de 1988, de modo significativo buscou a

participação do cidadão na administração pública, através dos conselhos de

políticas públicas, os quais são compostos paritariamente entre

representantes da sociedade civil e do poder público, nas três esferas de

governo.

Através da participação da sociedade civil nas decisões políticas

percebe-se uma nova concepção de cidadania configurada na Constituição

Federal, a qual atribuiu à educação formal a responsabilidade de instruir o

indivíduo para o exercício pleno da cidadania, de acordo com o preceito no

artigo 205 que assim determina:

[...] a educação, direito de todos e dever do Estado e da

família, será promovida e incentivada com a colaboração

da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da

pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho (grifo meu). (2005, p.135.)

Considerando os preceitos da Constituição Federal, a educação

fiscal apresenta-se como ferramenta de fortalecimento constante do Estado

democrático, contribuindo também para aprimorar a estrutura de

transformação social por meio da educação formal, pois, a ênfase da

educação fiscal é o exercício pleno da cidadania, partindo do princípio de

que cada cidadão terá o direito e o dever de conhecer a estrutura de

arrecadação tributária governamental e como foi empregado.

Os cidadãos devem estar capacitados para exercer a sua cidadania,

exercendo seus direitos, aceitando seus deveres, reclamando contra a

ineficiência e a malversação do dinheiro público, reivindicando melhor

qualidade de vida, apontando as necessidades de transformação das

34

relações sociais, na dimensão econômica, política e cultural, para assim

garantir a efetivação do direito de ser cidadão, com capacidade de avaliar a

atuação dos governantes quanto à utilização dos recursos advindos da

cobrança de tributos. Recursos esses que são fruto da participação e

contribuição de todos os cidadãos.

No livro Ética e Cidadania, Betinho pronuncia-se enfatizando a

participação do cidadão na sociedade da seguinte forma:

Tudo que acontece no mundo, seja no meu país, na minha

cidade ou no meu bairro, acontece comigo. Então eu preciso

participar das decisões que interferem na minha vida. Um

cidadão com um sentimento ético, forte e consciência de

cidadania não deixa passar nada, não abre mão desse poder

de participação (Betinho,1994. p.48).

Ainda sobre a participação do cidadão na sociedade Boff escreve:

Uma águia nunca voa só. Vive e voa sempre em pares.

Importa aqui recordar a lição de um mestre do Espírito. O

ser humano-águia é como um anjo que caiu de seu mundo

angelical. Ao cair, perdeu uma das asas. Com uma só asa

não pode mais voar. Para voar tem de abraçar-se a outro

anjo que também perdeu uma asa. Em sua infelicidade, os

anjos caídos mostram-se solidários. Percebem que podem

ajudar-se mutuamente. Para isso, devem se abraçar e juntos,

com a asa de um e de outro, podem voar. Voar alto rumo ao

infinito do desejo. Sem solidariedade, sem compaixão e sem

sinergia, ninguém recupera as asas da águia ferida que

carrega dentro de si. Um fraco mais um fraco não são dois

fracos, mas um forte. Porque a união faz a força. Uma asa

mais uma asa não são duas asas, mas uma águia inteira que

pode voar, ganhar altura e recuperar sua integridade e sua

libertação.(BOFF,1997.p.56)

Nesta esteira, a educação para a cidadania fiscal vem ganhando

destaque nos últimos anos, pelo fato dos recorrentes casos de desvio de

recursos públicos provocados pela corrupção e diariamente mencionados

pelos diferentes tipos de mídias. A importância apresentada a esse

35

problema de corrupção ganhou atenção no plano mundial, sendo o Brasil

signatário de tratados que prevêem a implantação de políticas para

enfrentamento com a participação da sociedade.

Nesse sentido, o governo brasileiro implantou o Programa Olho

Vivo no Dinheiro Público. No ano de 1996 o Conselho Nacional de Política

Fazendária-CONFAZ, registrou a importância da criação de um programa

de conscientização tributária que, através de muitas transformações, hoje

há o Programa Nacional de Educação Fiscal –PNEF que tem por objetivo

principal:

- Promover e institucionalizar a educação fiscal para o pleno exercício da

cidadania.

E como diretrizes:

- Ênfase no exercício pleno a cidadania;

- A busca permanente do controle social (participação do cidadão na gestão

governamental);

- Compreensão integrada da área fiscal: fundamentos, valores, relações

intergovernamentais e funções do Estado;

- O tratamento das questões tributárias e de finanças públicas deve

abranger os três níveis de governo;

- Programa desvinculado de campanhas;

-Caráter de permanência;

- Fortalecimento da parceria Ministérios da Fazenda e da Educação;

- O conteúdo programático deve ser inserido na grade curricular, de forma

transversal, conforme proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais.

O vasto material disponibilizado pelo Programa Nacional de

Educação Fiscal - PNEF será também dentre outros, objeto de estudo deste

trabalho buscando desenvolver junto aos professores, ações voltadas para a

educação plena do ser humano, estimulando hábitos, valores e atitudes,

mediante a incorporação da educação fiscal no âmbito curricular do

36

Colégio Estadual João XXIII, o que permitirá ao colegiado a vivência

integral da cidadania.

PARA COMPLEMENTAR LEIA:

Texto: Sonegação e evasão: prejudicado é você

Autor: Augusto Bernardo Sampaio Cecílio

Disponível em: www.esaf.fazenda.gov.br/esafsite/educacao.,.sonegação

Texto: A Função Social do Tributo e a Evolução da Cidadania e da

Consciência Política

Autor: Dr. Wagner Cipriano

Disponível em : http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_sobre

Artigo apresentado no I Encontro de Estudos Tributários- ENET, promovido

pelo Instituto de Direito Tributário de Londrina.

Disponível em: www.idtl.com.br/artigos/173.pdf

Texto: O Papel social do fisco

Autor: Augusto Bernardo Sampaio Cecílio

Disponível em : http://wwwafisvec.org.br/artigo_det.php?id=244

Caderno nº 08 – Educação Fiscal e Cidadania- Função social dos Tributos

Caderno nº 11– Educação Fiscal e Cidadania- O exercício do controle social.

Universidade Aberta do Nordeste- Fundação Demócrito Rocha.

Disponível em : www.fdr.com.br/educaçaofiscal

37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL.Constituição da República Federativa do Brasil. Brasilia-

DF.Senado Federal 2005.

_______.LDB 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 23 de

dezembro de 1996.

Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará. Educação Fiscal e Cidadania.

Adísia Sá ...[et al ] Fortaleza: Universidade Aberta do Nordeste.

2009.208p.13 fascículos.

SOUZA,Herbert de. Ética e Cidadania. Coleção Polêmica. Moderna.

1994.

A cidadania de olho nos gastos públicos.

Revista Mundo Jovem/ Abril de 2006, página 6.

Programa Cidadania Tributária- Vídeo

www.fdr.com.br_educaçãofiscal

Fascículo VIII- Função Social dos Tributos - partes I,II,III e IV

Fascículo XI- O Exercício do Controle Social - partes I,II,III e IV

Fascículo XII- Responsabilidade Fiscal e Social - partes I,II,III e IV

www.portaldatransparencia.gov.br

www.amarribo.org.br

www.observatoriosocial.org.br

www.sermaringa.org.br

38