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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE Av. Água Verde, 2140 – CEP 80240-900 – Curitiba – Paraná

CADERNO PEDAGÓGICO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

PROFESSOR: Rosemary Nandi

ÁREA DO PDE: Educação Física

NRE: Apucarana

PROFESSOR ORIENTADOR: Anísio Calciolari Junior.

IES VINCULADA: Universidade Estadual de Londrina.

ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Talita Bresolin,

Ensino Fundamental e Médio.

PÚBLICO ALVO: Alunos da 5ª série, do colégio Estadual Talita

Bresolin, Ensino Fundamental e Médio.

1. PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Caderno Pedagógico.

2. TÍTULO

Construindo brinquedos populares, vivendo cultura, construindo

amigos.

3. OBJETIVOS

3.1 GERAL

Confeccionar brinquedos populares a partir de objetos selecionados

e executar algumas brincadeiras, promovendo a socialização, interação, criatividade

e a valorização do brincar em grupo e do brinquedo popular.

3.2 ESPECÍFICOS

Incentivar os alunos a brincarem em grupos, para se interagirem e

que suas experiências sejam compartilhadas.

Contribuir para enriquecer o convívio escolar através de práticas

corporais e lúdicas.

Confeccionar brinquedos com materiais selecionados e direcionados

pelo professor.

Utilizar os brinquedos confeccionados pelos alunos em diferentes

brincadeiras, valorizando suas habilidades.

4. INTRODUÇÃO

O presente estudo parte do interesse em buscarmos um

entendimento mais significativo sobre o conteúdo construção de brinquedos

populares.

Acreditamos que tudo que venha a enriquecer o processo de

aprendizagem dos alunos é relevante, e merece ser estudado de forma mais

aprofundada.

Ao mostrarmos a importância do tema em questão, o que ocorre ao

aluno diante do desafio de criar ou recriar, qual sua postura diante do novo, seu

comportamento diante dos resultados, seu envolvimento com os colegas da sala,

com toda certeza deixará mais claro a importância do construir.

Para Maria da Glória Lopes, “cada atividade de preparação e

confecção de um jogo é um trabalho rico que pode integrar as diferentes áreas do

desenvolvimento infantil dentro de um processo vivencial.” (LOPES, Maria da Glória.

Jogos na Educação: criar, fazer, jogar/Maria da Glória Lopes. 3 ed. – São Paulo,

Cortez, 2000. p. 36).

Temos também uma questão a defender que é a aprendizagem

através do lúdico. Trabalhar a ludicidade no aluno tem enriquecido as fases de seu

desenvolvimento.

Maria da Glória Lopes também ressalta que “se temos hoje

educandos com características próprias de uma era tecnologicamente desenvolvida,

mentalmente hiperestimulados, temos um grande número de crianças

emocionalmente imaturas e com dificuldades motoras que necessitam suprir

defasagens para um completo desenvolvimento do ser.” (LOPES, Maria da Glória.

Jogos na Educação: criar, fazer, jogar/Maria da Glória Lopes. 3 ed. – São Paulo,

Cortez, 2000. p. 18).

Ao construírem brinquedos populares, os alunos terão a

oportunidade de reviver brincadeiras que gerações passadas brincaram. Poderão

buscar um referencial na própria família, tendo seus pais e até mesmo seus avós e

tios como auxiliadores no processo do resgate desses brinquedos a construir, e das

brincadeiras populares.

Maria da Glória Lopes preceitua que “os educadores muitas vezes

se perdem e não conseguem mais atrair a atenção, motivar seus alunos, pois se o

educando mudou, o educador também precisa mudar. Os métodos tradicionais de

ensino estão cada vez menos atraentes para a criança, ela quer participar,

questionar, atuar e não consegue ficar horas a fio sentada ouvindo uma aula

expositiva.” (LOPES, Maria da Glória. Jogos na Educação: criar, fazer, jogar/Maria

da Glória Lopes. 3 ed. – São Paulo, Cortez, 2000. p. 22).

Não podemos deixar de mencionar também os benefícios que a

construção de brinquedos oportunizará no desenvolvimento dos nossos alunos, a

troca de experiência entre eles, a conscientização na busca de materiais recicláveis

para a construção dos brinquedos.

Maria Marcondes Machado escreve sobre essa importância, e

coloca que “o brinquedo-sucata permite a quem brinca com ele desvendá-lo,

ressignificá-lo, pois é um objeto que possui inúmeros significados que não são

óbvios nem estão evidentes. Surgem assim novas e inusitadas relações, que podem

ser até mesmo absurdas, incongruentes, desregradas!” (MACHADO, Marina

Marcondes. O brinquedo-sucata e a criança. A importância do brincar. Atividades e

materiais. Ed. Loyola, São Paulo, 2ª ed.1995. p. 45).

Cabe a nós professores trazer nossos alunos para perto da

linguagem da criação e da transformação. O brinquedo se torna mais significativo

para a criança se for ela mesma quem o construiu, seu valor será maior para ela,

pois, ela constrói ali um referencial, sua própria identidade. E como seres capazes

de criar e recriar, saberão dar o devido valor ao objeto em questão.

Kishimoto ensina que “para se compreender a relevância das

construções é necessário considerar tanto a fala como a ação da criança que

revelam complicadas relações. É importante também, considerar as ideias presentes

em tais representações, como elas adquirem tais temas e como o mundo real

contribui para a sua construção.” (KISHIMOTO, Tizuko M. (org). Jogo, brinquedo,

brincadeira e a educação. São Paulo: Cortes. 1996. p. 40).

5. CONSTRUÇÃO DE BRINQUEDOS

Para a criança construir brinquedos é a coisa mais fácil do mundo.

Nas suas pequeninas mãos, um simples pedacinho de pau se transforma em um

soldado em plena batalha, ou até mesmo no cavalo do soldado que acabou de ser

atingido por um tiro de canhão, que é simplesmente uma pedrinha lançado sobre

ele.

De um lado o fato coloca-se assim: nada é mais adequado à criança do que irmanar em suas construções os materiais mais heterogêneos – pedras, plastilina, madeira, papel. Por outro lado, ninguém é mais sóbrio em relação aos materiais do que crianças: um simples pedacinho de madeira, uma pinha ou uma pedrinha reúne em sua solidez, no monolitismo de sua matéria, uma exuberância das mais diferentes. (BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação; [ tradução de Marcus Vinícius Mazzari; direção da coleção Fanny Abramovich]. – São Paulo: Summus, l984. p. 49).

O criar e recriar da criança nos faz pensar o quanto somos

complicados, pois para a criança é muito fácil e simples divertir-se construindo

brinquedos.

“Conceber brinquedos é produzir imagens que possuam um

significado em relação à lógica do desejo como fundamento da brincadeira. Criar um

brinquedo é propor uma imagem que vale por si mesma e que dispõe, assim, de um

potencial de sedução, que permite ações e manipulações, em harmonia com

representações sugeridas.” (BROUGÈRE, Gilles. Brinquedo e cultura. Revisão

técnica e versão brasileira adaptada por Gisela Wajskop. – São Paulo: Cortez, 1995,

p. 21 e 23).

“A construção de brinquedos é desafiadora e interessa às mais

diversas realidades econômicas e sociais. Construir o próprio brinquedo é muito

mais tentador do que usar brinquedos industrializados”. (WEISS, Luise. Brinquedos

& Engenhocas; Atividades lúdicas com sucata. Série Pensamento e Ação no

Magistério. V. 8. Ed. Scipione. Araraquara – SP, 1989, p. 95).

O educador pode, portanto, construir um ambiente que estimule a brincadeira em função dos resultados desejados. Não se tem certeza de que a criança vá agir, com esse material, como desejaríamos, mas aumentamos, assim, as chances de que ela o faça; num universo sem certezas, só podemos trabalhar com probabilidades. Portanto, é importante analisar seus objetivos e tentar, por isso, propor materiais que otimizem as chances de preencher tais objetivos. Não há somente o material, é preciso levar em conta as outras contribuições, tudo aquilo que propicie à criança pontos de apoio para sua atividade lúdica. Percebe-se a dimensão circular da brincadeira: aprendizagens anteriores reforçam a riqueza potencial da brincadeira. Ela não é um ponto de partida. A brincadeira, sem dúvida, traz mais àqueles que tem mais, o que não é uma razão para que dela se privem aqueles que tem menos, pelo contrário. (BROUGÈRE, Gilles. Brinquedo e cultura. Revisão técnica e versão brasileira adaptada por Gisela Wajskop. – São Paulo: Cortez, 1995, p. 105).

Ao proporcionarmos a construção de brinquedos à criança, não

podemos deixar de lado a organização de um ambiente no qual ela se sinta bem,

pois ao se sentir incentivada, a criança estará à vontade para criar e recriar.

A atividade de brincar e construir brinquedos exige uma adaptação, uma nova forma de ser entendida... Não nostálgica nem romântica, pois os tempos mudaram, mas sim, revendo o passado, conhecendo as mais diversas configurações dos brinquedos infantis e estudando a possibilidade de adaptação de jogos e brinquedos ao momento presente. O trabalho do artista muitas vezes é exatamente esse: conhecer brinquedos de origem popular, transformá-lo em novos objetos de expressão. Ou seja, um ato de contínua transformação. (FRIEDMAN, Adriana... [ et al.]. O direito de brincar: brinquedoteca. São Paulo: Scritta: Abrinq. 1992. p. 113).

No decorrer da construção, devemos sempre estar atentos às

diferentes habilidades das crianças, não exigindo mais do que elas seriam capazes

de produzir. Mas também não podemos permitir que exista desânimo por parte

delas, por achar que não possuem capacidade para a construção.

O brinquedo/sucata é assim denominado por tratar-se de um objeto construído artesanalmente, com diversos materiais, como madeira, lata, borracha, papelão, arame e outros recursos extraídos do cotidiano. É o resultado de um trabalho de transformação, de reaproveitamento. (FRIEDMAN, Adriana... [ et al.]. O direito de brincar: brinquedoteca. São Paulo: Scritta: Abrinq. 1992, p. 108).

Através da construção de brinquedos, utilizando material reciclável,

estaremos ensinando às crianças não só a arte de transformar, mas também a

ajudar o meio ambiente, através da reciclagem.

“Para a construção de jogos e brinquedos com material de sucata o

essencial não é o objeto em si, mas sim o que ele pode oferecer. Segundo

ANDRADE (l994), o principal é o que um objeto de sucata pode contribuir no

contexto do jogo. Não é qualquer coisa jogada fora que serve, cada elemento deverá

ter uma função específica, seu lugar próprio na organização que faz parte do

processo de criação.” (SANTOS, Santa Marli Pires. Brinquedoteca: sucata vira

brinquedo. – Porto Alegre: artes Médicas, 1995. p. 07).

O prazer que se tem em ver um brinquedo pronto, construído por

nós mesmos não tem preço. Esses brinquedos terão um significado único para nós.

As etapas de construção proporcionam conhecimento e precisão, e a satisfação de

ser o protagonista de seus próprios brinquedos.

6. LUDICIDADE

“Esse elemento articulador ganha relevância porque, ao vivenciar os

aspectos lúdicos que emergem das e nas brincadeiras, o aluno torna-se capaz de

estabelecer conexões entre o imaginário e o real, e de refletir sobre os papéis

assumidos nas relações em grupo. Reconhece e valoriza, também, as formas

particulares que os brinquedos e as brincadeiras tomam em distintos contextos e

diferentes momentos históricos, nas variadas comunidades sociais”. (DIRETRIZES

CURRICULARES, 1992).

Francismara Neves de Oliveira, Camila da Silva e Andréa Cristina de Souza (apud, Pedroza e Queiroz, 2005, p. 16) mencionam que o momento lúdico, como espaço de descontração, na escola, deve ser visto como constituinte do sujeito, o qual, a partir de vivências que experimenta, constrói suas relações interpessoais. O sujeito é desenvolvimento e processualidade permanente sem nunca ficar estático em sua condição subjetiva atual. Então, a escola, ao oferecer espaços como esse, possibilita novas oportunidades para o desenvolvimento da subjetividade.

A ludicidade é uma ferramenta indispensável na construção da

criança em adulto, pois as atividades devem expressar alegria, espontaneidade,

sonho, magia, sensibilidade e prazer. Tal ferramenta deveria ser encarada com mais

importância, em virtude de todos os valores que acarreta na formação humana.

Partindo desse ponto, vê-se que o lúdico possui uma relação estreita

com o brinquedo, já que o primeiro é capaz de reforçar todos os valores que o

brinquedo traz.

“O valor lúdico reforça a eficácia simbólica do brinquedo. É isso que

faz a especificidade do brinquedo em relação a outros suportes culturais: a relação

ativa introduzida pela criança”. (BROUGÈRE, Gilles. Brinquedo e cultura. Revisão

técnica e versão brasileira adaptada por Gisela Wajskop. – São Paulo: Cortez, 1995,

p. 48).

“A interação lúdica associa às significações preexistentes e aos

estímulos inscritos no brinquedo uma produção de sentido e de ação que emana da

criança. É o momento em que a criança se apropria dos conteúdos disponíveis,

tornando-os seu, através de uma construção específica, quer ela seja ou não

original”. (BROUGÈRE, Gilles. Brinquedo e cultura. Revisão técnica e versão

brasileira adaptada por Gisela Wajskop. – São Paulo: Cortez, 1995, p. 68).

Oportunizar uma maneira de demonstrar o seu mundo interno, onde

à criança trabalhe todas as suas vivências humanas de forma lúdica, é um dos

objetivos que o professor deve tentar alcançar. E é aí que entra o brinquedo, o qual,

como já relatado acima, ajuda na busca do lúdico de uma maneira agradável.

A universidade do jogo, do lúdico, do brincar: essa é a razão pela qual se constitui importante recurso de observação pedagógica. Ao interagir por meio de uma situação lúdica, o sujeito nos “mostra” seu mundo interno, os significados que atribui, os conceitos que constrói, a relação afetiva com os que conhece, enfim, revela suas construções internas. Por essa razão, o lúdico deve ser enfatizado de forma mais ampla do que como recurso metodológico, em nosso entender. (OLIVEIRA, Francismara Neves,; BAZON, Fernanda Vilhena Mafra . (Org.). (Re) significando o lúdico: jogar e brincar como espaço de reflexão . – Londrina: Eduel, 2009, p. 210).

Já é ponto pacífico que os jogos e as brincadeiras fazem com que a

criança aprenda. Assim, pode-se dizer que esses são meios de educar e ensinar,

são instrumentos pedagógicos, os quais enfatizam a importância do lúdico, e os

coloca em prática.

Entender a importância das atividades lúdicas para o desenvolvimento dos aspectos cognitivo, físico e emocional dos indivíduos se torna\ algo inquestionável, pois é por meio do lúdico que as crianças, em muitas das vezes, se expressam, conhecem e transformam a realidade que lhes é apresentada. (SCHWARTZ, Gisele Maria. (org.). Dinâmica lúdica. Barueri, SP. Manole, 2004, p. 117).

Quem não gosta de imaginar ser uma princesa, um príncipe, uma

feiticeira ou um bruxo? Nós viajamos no imaginário e isso é maravilhoso, e somente

é possível através do lúdico. Brincar de faz-de-conta é uma delícia, faz você

vivenciar o impossível e que ao mesmo tempo se torna tão possível.

7. A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO ESPAÇO DA APRENDIZAGEM E

MANIFESTAÇÃO DA LUDICIDADE

A ludicidade é um elemento articulador da Educação Física e de

grande relevância. Reconhecer a ludicidade é emergir nas aulas de Educação Física

uma ferramenta fundamental na construção do aluno, pois assim ele consegue

estabelecer conexão entre o mundo imaginário e o mundo real, e assim refletir sobre

os diferentes papéis que terá que assumir ao longo da vida.

“Reconhecer o lúdico como expressão cultural permeada de

significados, inserida nas práticas escolares pode ser uma tarefa realmente difícil,

mas vale refletir sobre as possibilidades e implicações dessa manifestação humana”.

(SCHWARTZ, Gisele Maria. (org.). Dinâmica lúdica. Barueri, SP. Manole, 2004, p.

63).

Desse modo, a contribuição que as aulas de Educação Física

podem oferecer para que o desenvolvimento do aluno ocorra de forma integral, é

imensa. Jogos, brinquedos e brincadeiras se integram de forma perfeita a

proporcionar ao aluno o aprendizado necessário.

“Pensar a Educação Física a partir de uma mudança significa

analisar a insuficiência do atual modelo de ensino, que muitas vezes não contempla

a enorme riqueza das manifestações corporais produzidas socialmente pelos

diferentes grupos humanos. Isto pressupõe criticar o trabalho pedagógico, os

objetivos e a avaliação, o trato com o conhecimento, os espaços e tempos escolares

da Educação Física. Significa, também, conhecer a gênese da cultura corporal, que

reside na atividade humana para garantir a existência da espécie. Destacam-se daí

elementos lúdicos e agonísticos que, sistematizados, estão presentes na escola

como conteúdos de ensino”. (DIRETRIZES CURRICULARES, 1992).

Dessa forma, cabe a nós educadores reinventar a Educação Física,

buscando alternativas que possam contribuir no desenvolvimento do aluno, e facilitar

a aprendizagem.

Percebemos que uma educação que busca favorecer a expressão lúdica e incorporar valores que diferem de uma formação “séria”, rígida e essencialmente técnica, depende de diversos fatores, tais como a ampliação de conceitos de formação humana, a brincadeira, o homem, o trabalho, enfim, por parte de todos que se inserem na escola. No entanto, notamos que as transformações podem partir de nossas pequenas ações na sala de aula, ao compreender nossos alunos como sujeitos ativos no processo de construção do conhecimento. (SCHWARTZ, Gisele Maria. (org.). Dinâmica lúdica. Barueri, SP. Manole, 2004, p. 67).

E nessa compreensão, fica evidenciado que existem formas

simples de inserir o lúdico nas aulas de Educação Física, tais como jogos,

brinquedos e brincadeiras. Mas, não existe forma mais lúdica de ensinar os alunos,

do que oportunizar a construção de brinquedos, a qual transforma ideias em ações.

8. ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS COM OS ALUNOS

8.1 UNIDADE 1

8.1.1 Atenção e Concentração

A criança ao deparar com o desafio da construção do seu próprio

brinquedo, cria em volta de si um mundo onde ela mesma precisa se dedicar para

que o objetivo final seja alcançado. Ela prende sua atenção em como fazer e tenta

na medida do possível superar suas habilidades na busca da perfeição. Para que

isso ocorra ela desenvolve aos poucos o ato de concentrar-se na construção,

buscando diferentes formas de executar tais atividades.

A participação e o incentivo do professor são fundamentais nesse

processo, pois o professor é o facilitador da aprendizagem.

Para Kischimoto “o professor é o elemento que deve interpretar a

concepção de mundo e as aspirações de vida da população escolar, bem como de

seus condicionantes, adotando-os como ponto de partida de todo o projeto

pedagógico da escola. Deverá ser o mediador entre o sujeito e o objeto de

conhecimento, se desejar promover a autonomia moral e intelectual dos educandos.”

(KISHIMOTO, Tizuko M. (org). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São

Paulo: Cortes. 1996. p. 139).

O aluno fica tão envolvido com o que está fazendo, que permite

aflorar seus sentimentos e emoções.

8.1.2 Vaivém

Descrição: O vaivém é uma adaptação com garrafas descartáveis

do similar industrializado; consiste em fazer deslizar no fio o objeto.

Material:

Garrafas plásticas descartáveis;

Cordão;

Argolas (se quiser);

Fitas adesivas, podendo ser coloridas.

Confecção: Cortar duas garrafas ao meio; juntar as partes iguais

pelo corte; colar com a fita adesiva; passar dois fios (mais ou menos 3 metros de

comprimento); colocar argolas nas quatro extremidades ou fazer um arco em cada

extremidade para que os alunos possam segurar.

Objetivo: Desenvolver habilidade motora grossa, discriminação

visual e a lateralidade.

Regras: O vaivém é um jogo de duplas, em que cada aluno segura

nas extremidades, ou seja, nas argolas ou nos arcos feito no próprio cordão. O jogo

inicia com um dos alunos dando o impulso abrindo os braços, jogando o objeto para

o outro, que o devolve com o mesmo movimento dos braços, e assim,

sucessivamente, até um errar, não conseguindo mandar o objeto para o outro.

Quando um erra, este sai do jogo dando oportunidade para outro aluno participar.

8.2 UNIDADE 2

8.2.1 Coordenação Viso/motora

Para cada atividade durante o processo de construção, seja de

cortar, recortar, colar, amassar, enfeitar, o aluno terá que aprimorar ou até mesmo

aprender. E assim ele estará desenvolvendo essa coordenação viso-motora que

abrirá caminhos para que ele se sinta mais seguro e capaz diante do desafio da

construção de brinquedos.

Desse modo o aluno vai aprendendo brincando, sem imposição e

com isso seu desenvolvimento motor só vai sendo aprimorado.

8.2.2 PASSA A BOLA

Descrição: Jogo formado por duas taças feitas com garrafas

plásticas descartáveis e uma bola podendo ser de meia ou papel.

Material:

Garrafas plásticas descartáveis;

Meias velhas, podendo ser de náilon ou outro material

qualquer;

Jornal;

Fitas adesivas coloridas.

Confecção: Cortar as garrafas ao meio, após utilizar somente a

parte que tiver a tampa; colar a fita nas extremidades; fazer uma bola de meia ou de

papel.

Objetivo: Desenvolver a coordenação visual e a destreza manual.

Regras: O passa bola pode ser jogado individualmente, segurando

uma taça em cada mão e passando a bola de uma para a outra. Pode ser jogado em

duplas, com o objetivo de pegar com uma das mãos, passando para a outra e em

seguida para o companheiro de jogo. O passa bola também poderá ser jogado em

equipes estipulando quantas jogadas poderão ser feitas entre os alunos de uma

mesma equipe para em seguida passar para a outra equipe. Perde pontos quem não

conseguir pegar a bola com a taça.

8.3 UNIDADE 3

8.3.1 Dificuldade em aceitar regras

O aluno que tem dificuldades em lidar com regras, que as coisas tem

que acontecer a seu modo, ele também é um forte candidato a superar isso, através

da participação nas atividades de construção de brinquedos.

Pois o fato de ver o brinquedo pronto, feito e exposto pelo professor,

já o convida a ouvir do professor etapa por etapa para chegar à conclusão final.

Levando-o assim a aproximar-se mais do professor e dos colegas de

sala, pois essa interação é tão necessária quanto os materiais coletados para a

construção dos brinquedos.

Para Simone Rossi Cardoso “É a partir da interação das crianças em

grupo que surgem experiências, que exigem organização cooperativa, competitiva,

de relações de dominação e subordinação; que estimulam e impelem o grupo a

resoluções de situações ligadas aos jogos e brincadeiras. É vivenciando-as que o

grupo contribui e proporciona a construção de regras e a atuação de diferentes

papéis sociais.” (CARDOSO, Simone Rossi. Memórias e Jogos Tradicionais Infantis:

lembrar e brincar é só começar/Simone Rossi Cardoso; prefácio Raul Aragão

Martins. – Londrina: Eduel, 2004. p. 36).

8.3.2 PÉ DE LATA

Descrição: O pé de lata é composto de duas latas de preferencia

largas, podendo ser de leite em pó ou similar, consiste em virar um par de calçado.

Material:

Latas largas.

Dois pedaços de cordão ou barbante do mais grosso ( mais ou

menos uns 30 cm de comprimento).

Fitas adesivas para colorir.

Alguns pedacinhos de pauzinhos.

Confecção: Tire a tampa da lata, fure no fundo da lata e bem no

meio com um prego, passe o cordão ou o barbante e amarre as extremidades com

os pauzinhos para que o aluno descalço possa calçar a lata como se fosse um par

de chinelo de dedo.

Objetivo: O pé de lata desenvolve a coordenação motora e o

equilíbrio.

Regras: O pé de lata pode ser aplicado em atividades de

competição em corridas, em pequenos percursos, pode ser também com o objetivo

de andar em cima das linhas que delimitam a quadra, ou até mesmo passando por

obstáculos que possam ser colocados a frente dos alunos, e em grupos executando

vários movimentos ao som de diferentes músicas.

8.4 UNIDADE 4

8.4.1 Socialização

Ao construírem brinquedos, os alunos terão a oportunidade de dividir

experiências, facilitando a socialização do grupo. Pois o fato de eles estarem no

mesmo ambiente e buscando os mesmos objetivos facilitará.

Para que as relações interpessoais aconteçam, o ambiente deverá

ser aconchegante, agradável facilitador da aprendizagem.

O professor pode e deve contribuir para que isso ocorra da melhor

maneira possível, pois o professor comprometido com o processo tem uma visão

geral da turma, e conhece bem os alunos, seus interesses, sua habilidades, sua

dificuldades criando com isso possibilidades de uma dinâmica da relações sociais

onde uns ajudam outros e todos se ajudam simultaneamente.

8.4.2 BILBOQUÊ

Descrição: é composto por uma latinha pequena, presa por um

barbante, numa extremidade e na outra, um pedacinho de madeira.

Material:

Uma latinha pequena;

Um pedacinho de madeira;

Barbante;

Fita crepe para colorir.

Confecção: pegue a latinha e faça um furo no fundo, passando e

amarrando o barbante na extremidade; na outra extremidade, amarre o pedacinho

de madeira.

Objetivo: desenvolve a coordenação visual e a destreza manual.

Regras: a finalidade é encaixar o pedacinho de madeira, dentro da

latinha; este jogo pode ser jogado individualmente, em duplas e até mesmo em

pequenos grupos.

8.5 UNIDADE 5

8.5.1 Diminui a ansiedade

Para aquele aluno que é muito agitado, não consegue ficar parado e

quer sempre saber qual é a próxima etapa, será um desafio, pois ele também será

submetido ao tempo certo de cada etapa da construção, e vale ressaltar novamente

que o papel do professor é fundamental para que isso ocorra.

Acreditamos com isso, que o aluno que possui um comportamento

ansioso, se for amparado de forma competente na atividade, irá conseguir participar

das etapas da construção de brinquedos.

8.5.2 BARANGANDÃO ARCO-ÍRIS

Descrição: é um amarrado de jornal, do qual saem diversas fitas

coloridas, feitas de papel crepom.

Material:

Jornal;

Papel crepom de cores variadas;

Barbante;

Tesoura.

Confecção: dobre um jornal até ficar pequeno; corte algumas tiras

de papel crepom de cores diferentes, e faça um sanduíche com o jornal; amarre bem

numa das pontas do barbante.

Objetivo: desenvolve a criatividade e a coordenação motora.

Regras: é um jogo que permite criar diversas formas para se

brincar, girando ou jogando para o alto.

9. MAS COMO E ONDE CONSTRUIR?

Teremos que organizar um espaço para que seja transformado

numa sala. Este local deverá estar sempre limpo e organizado, pois não é porque

vamos trabalhar com o reaproveitamento de materiais recicláveis, que devemos

deixar o ambiente com cara de depósito de lixo. Limpeza e organização é parte

fundamental, até mesmo para que os alunos levem a sério o projeto de construção

de brinquedos.

Neste espaço a ser criado, faz-se necessário colocar algumas

prateleiras, para que os diferentes materiais recolhidos pelos alunos sejam

separados e catalogados em caixas que ficarão nessas prateleiras, e até mesmo em

caixas maiores colocadas no chão. Também há a necessidade de se colocar

algumas mesas e cadeiras, de preferência de uma forma que todos os alunos se

comuniquem, para que a troca de experiências ocorra mais facilmente.

Para Maria Marcondes Machado escreve que “poder transformar,

dar novas formas a materiais como quiser, propicia à criança instrumentos para o

crescimento mais saudável, que a estimula a explorar o mundo de dentro e o mundo

de fora dando a eles nova forma, no presente e no futuro, a partir de sua vivência.”

(MACHADO, Marina Marcondes. O brinquedo-sucata e a criança. A importância do

brincar. Atividades e materiais. Ed. Loyola, São Paulo, 2ª ed.1995. p. 27).

Poderemos também montar uma lista para que a coleta dos

materiais seja mais direcionada, principalmente após a decisão do que construir;

assim, nossa coleta terá pouquíssima chance de erro ou desperdícios.

Os alunos devem conversar com seus familiares, para que vejam o

que pode ser reaproveitável no trabalho deles e trazer para a sala da coleta.

10. VOCÊ SABIA?

Que brincar é tudo de bom em qualquer fase de nossas vidas.

Que a criança sempre brincou.

Que quanto mais acesso a essa modernidade tecnológica, a criança

brinca menos.

O tudo pronto tem feito de nossas crianças seres acomodados, sem

criatividade. O ato de inventar, imaginar e transformar está adormecido.

Sabendo de tudo isso, cabe a nós educadores possibilitar aos

nossos alunos, conhecer, desenvolver e aprimorar suas potencialidades, criando

com isso oportunidades que despertem as mais variadas qualidades ainda

adormecidas. E que seja através da construção de brinquedos populares.

11. PROPOSTA DE AVALIAÇÃO

Além do ato de construir brinquedos populares, o professor poderá

desenvolver outras atividades para que o aluno desenvolva novas habilidades,

durante todo o desenvolver do projeto de construção.

11.1 Pesquisa

Seria uma ótima oportunidade de o aluno conhecer melhor a história

do brinquedo que irá construir. Onde ele foi inventado, em que ano, quem o inventou

e outras curiosidades.

Exemplos para serem utilizados na pesquisa:

http://pt.wikipedia.org/wiki/bilboque

http://almanaque.folhauol.com.br/folhinha.htm

11.2 Desafio

Usando a imaginação e a criatividade, a sala será dividida em

grupos, onde eles serão desafiados a construírem o mesmo brinquedo, mas de

forma diferente e utilizando outros materiais.

Acreditamos que essa atividade se desenvolva melhor em grupo,

pois cada aluno do grupo já construiu o seu brinquedo e a união de diferentes ideias

fará criar uma só.

11.3 Exposição

A exposição dos brinquedos construídos servirá de incentivo tanto

para o aluno, quanto para o professor os quais poderão aprender os benefícios da

construção.

11.4 Utilização dos brinquedos construídos

Após as etapas da construção e com o brinquedo pronto em mãos,

os alunos terão a oportunidade de brincarem com os colegas da sala e o professor

de observar os resultados do projeto, sua contribuição dos benefícios para o aluno

no processo de aprendizagem.

REFERÊNCIAS

ABERASTURY, Arminda. A criança e seus jogos. Textos e imagens se completam e

revelam segredos. Editora Vozes Ltda, 1972.

ADELSIN. Barangandâo arco-íris: 36 brinquedos inventados por meninos.

Apresentação de Lydia Hortélio; ilustrações do autor Adelsin, 1997. Belo Horizonte,

95 p. ilust.

ARANTES, Antonio Augusto. O que é cultura popular? 12ª edição, editora

brasiliense, l987.

BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação; [ tradução de

Marcus Vinícius Mazzari; direção da coleção Fanny Abramovich]. – São Paulo:

Summus, l984.(novas buscas em educação; v.17).

BOSI, Ecléa. Cultura de Massa e cultura popular: leituras de operárias;

apresentação de Dante Moreira Leite, prefácio de Otto Maria Carpeaux. Petrópolis,

Vozes, 1986.

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