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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DE FOZ DO IGUAÇU

CONTO DE FADAS: ONTEM, HOJE, SEMPRE...

Professor PDE: Leni Dias Mendonça de Paula

Foz do Iguaçu

Julho/ 2012

UNIOESTE – UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ

PDE – PROGRAMA DEDESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO

ESTADO DO PARANÁ

CONTO DE FADAS: ONTEM, HOJE, SEMPRE...

Professor PDE: Leni Dias Mendonça de Paula

Orientador: Prof.ª Deise da Silva Guttierrez

Trabalho desenvolvido como requisito final para o

cumprimento do Programa de Desenvolvimento

Educacional do Estado do Paraná PDE 2010.

Foz do Iguaçu

Julho/2012

Artigo PDE 2011: CONTO DE FADAS: ONTEM, HOJE, SEMPRE...

Autor: Leni Dias Mendonça de Paula1

Orientadora: Deise da Silva Guttierres2

Resumo:

Este artigo apresenta o projeto produzido para o Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE, e traz também, o relato da sua implementação que iniciou com

a elaboração de um material didático envolvendo o gênero Conto de Fadas. O

projeto foi desenvolvido com alunos do 6º ano do Colégio Estadual Ulysses

Guimarães, no Bairro Panorama em Foz do Iguaçu/PR. O objetivo da aplicação

deste Projeto foi ofertar leituras, no caso Contos de Fadas, que associam o lúdico e

a fantasia e instigam a busca por novas leituras. Baseando-se em Aguiar (1988); que

diz que a leitura indicada nesta fase é aquela com textos curtos como os contos de

fadas; Também em outros autores que afirmam que nos contos de fadas Há sempre

algo de mágico que envolve e instiga. Solé (1998) ainda afirma que se deve criar

estratégias de leitura e compreensão do gênero trabalhado. No desenvolvimento do

projeto observou-se o interesse, a participação e a evolução dos alunos.

Palavras- chave: Leitura; Gênero Textual; Conto de Fadas; Literatura Infantil.

Abstract:

This article presents a project produced for the Educational Development Program -

PDE, and also brings the account of its implementation that started with the

1 Especialista em Linguística e Ensino de Língua Portuguesa, Graduada em Letras – Professora do

Colégio Estadual Ulysses Guimarães – Foz do Iguaçu. 2 Mestra em Linguística pela UNESP, Professora e Coordenadora do Colegiado de Letras da

Universidade do Oeste do Paraná – UNIOESTE Foz do Iguaçu.

elaboration of didactic material involving gender Fairy Tale. The project was

developed with students in the 6th year of Ulysses Guimarães State College in

Panorama neighborhood in Foz do Iguaçu / PR. The objective of the implementation

of this project was offering readings, where fairy tales that combine playfulness and

fantasy and instigate the search for new readings. Based on Aguiar (1988), which

says that the reading indicated at this stage is that with short texts such as fairy tales,

also other authors who state that in fairy tales There is always something magical

that engages and excites. Solé (1998) also says that you must develop strategies to

read and understand the genre worked. In developing the project there was the

interest, participation and progress of students.

Keywords: Reading, Textual Genre, Fairy Tale, Children's Literature.

1 INTRODUÇÃO

Este artigo tem como finalidade relatar o desenvolvimento do projeto que

abordou o gênero conto de fadas com o objetivo de desenvolver o gosto pela prática

contínua da leitura por meio do gênero proposto. O projeto foi implementado com

turmas do sexto ano do Colégio Estadual Ulysses Guimarães, localizado no Bairro

Panorama em Foz do Iguaçu/PR.

Para entender melhor a necessidade da aplicação deste Projeto se faz

necessário conhecer o grupo de alunos e sua realidade. A maioria da turma provém

dos bairros que circundam a escola. Sendo esta região de população com situação

financeira precária, com grande parte vivendo na informalidade e, com pouco acesso

a livros, revistas e jornais. Por essa razão, o incentivo à leitura não é prioridade da

família, ficando para a escola toda função de ensinar e incentivar à leitura.

Embasados nessa realidade temos por objetivo na aplicação deste Projeto

ofertar leituras, no caso Contos de Fadas, que associam o lúdico e a fantasia e

instiguem a busca por novas leituras. Sabendo que a leitura vai além da simples

decodificação mecânica, não só transformar o símbolo escrito em outro sonoro.

Busca-se trabalhar o texto de forma que este seja mais interessante, envolvente,

seja uma aventura, deixando de ser algo mecânico, sincronizado, executado da

mesma maneira de ano pra ano.

Dessa maneira esse leitor não deve ser passivo, mas capaz de ler as

entrelinhas do que está escrito. Ele precisa de estratégias para compreender o que

lê, pois, o interesse pode ser suscitado no aluno quando o professor mostra a leitura

de forma animada, interessante e o instiga a explorá-la.

Tudo isso está em acordo com os PCNs quando diz que:

A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e

interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que se sabe sobre linguagem, etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência (PCN – Língua Portuguesa, 1998, p.69.)

1.1 CONTOS DE FADAS? POR QUÊ?

Porque é nos Contos de Fadas que se encontra a magia a fantasia que a

criança ainda tem dentro de si. Esses contos Incentivam a criança a desenvolver a

imaginação e a organizar a sua realidade por meio da fantasia. Pois, “Através da

vivência de situações mágicas, a criança resolve seus conflitos e adapta-se melhor

ao mundo em que vive”. (AGUIAR, 1988, p. 98). O interesse dos alunos deve ser

alimentado para que seja estimulada a leitura extensiva e frequente sempre

oferecendo títulos novos, pois para Filipouski (1988, p.119) “... a frequência com

trabalhos em torno de leituras feitas deve ser bastante grande, uma vez que dedicar

horário de aula para trabalhos com leitura é uma forte evidência de que ler é

importante.” Sendo assim, a motivação deve ser permanente e as estratégias de

trabalho bem elaboradas. Ela também desenvolve ainda uma estratégia que propõe

o trabalho com o Conto de Fadas em três etapas: Sendo a primeira: o elemento

maravilhoso nos contos de fadas; a segunda etapa: personagens e sequência da

narrativa nos contos de fadas; e na terceira etapa ampliação da experiência de

leitura que compreende em o professor apresentar outros textos que constituam em

contos modernos e lança estímulos para sua leitura. Entendendo que no cotidiano

de cada criança está à fantasia e que a imaginação é uma forma de recriar a

realidade.

Segundo Abramovich é:

Só estarmos atentos ao nosso processo pessoal, as nossas relações com os outros e com o mundo, à nossa memória e aos nossos projetos, para compreender que a fantasia é uma das formas de ler, de perceber, de detalhar, de relacionar, de sentir... o quanto a realidade é um impulsionador (e dos bons!!!) para desencadear nossas fantasias. (1997, p.138).

Os Contos de Fadas falam de diversos sentimentos que estão presente na

vida de todos. Ao ouvir uma história diversas vezes como se ouve os contos vai se

interiorizando, solucionando esses problemas, e, quando eles são encontrados na

realidade se tornam mais fáceis de serem compreendidos.

Os Contos de Fadas falam de medos, medo, por exemplo, que está presente

em Chapeuzinho Vermelho quando a mãe pede que ela não atravesse uma parte da

floresta, pois poderia encontrar o lobo. O medo está presente no cotidiano de cada

um e são de todos os tipos: medo de escuro, medo ladrão, medo de dentista, de

injeção, medo de levar bronca na escola, medo de polícia, entre outros tantos

medos.

Medos dos quais todos convivem dum jeito ou de outro, numa intensidade ou noutra, que se aprende a enfrentar, a desviar, a superar, a substituir, com os quais se aprende a conviver ou a lidar. (ABRAMOVICH, 1997, p.125).

Os Contos de Fadas falam de amor; amor “em todas as dimensões,

sofrimento descobertas, encantos, possibilidades, entregas e plenitudes, início e

término... quantos esses contos de fadas nos revelam?...”. (ABRAMOVICH, 1997,

p.125).

Os Contos de Fadas também falam da dificuldade de ser criança. Falam de

carências. Falam de descobertas. Falam de buscas. Os Contos falam de tantas

coisas! Falam de coisas que cativam, envolvem e que ao lê-los, independente da

idade, faz com que se imagine , crie e recrie a realidade.

Os autores mais famosos dos contos são:

Charles Perrault, um erudito e acadêmico francês, é autor de vários livros

para adultos, mas torna-se imortal por uma única obra de contos para criança. São

histórias que ele busca junto ao povo. Ele mantém o que há de crueldade, de moral

própria e de poético nas histórias.

Os irmãos Grimm, Jacob e Wilhelm, foram estudiosos pesquisadores, que em

1800 viajaram por toda a Alemanha conversando com o povo, levantando suas

lendas e sua linguagem e recolhendo um farto material oral que transcrevia à noite...

Não pretendiam escrever para criança, tanto que seu primeiro livro não se destinava

a elas. Só em 1815 Wilhelm mostrou alguma preocupação de estilo, usando seu

material fantástico de forma sensível e conservando a ingenuidade popular, a

fantasia e o poético ao escrevê-lo.

Andersen é filho do povo, e é considerado o precursor da literatura infantil

mundial. Foi a primeira voz autenticamente romântica a contar histórias para as

crianças. Em função da data de seu nascimento, comemora-se em 2 de abril o Dia

Internacional do Livro Infanto-Juvenil.

1.2 A ORIGEM DO CONTO DE FADAS

O Conto de Fadas originou-se entre os celtas, com herois e heroínas, cujas

aventuras estavam ligadas ao sobrenatural, ao mistério do além-vida e visavam à

realização no interior do ser humano. O termo fada vem do latim “fatum” que é

destino. A fada é uma personagem que atravessa o tempo exercendo seu fascínio

sobre homens e crianças. A mais antiga menção sobre fadas é creditada a

Pomponius Mela (geógrafo que viveu no século I de nossa era). Este afirmou:

... que existia na Ilha do Sena, nove virgens dotadas de poder sobrenatural, meio ondinas (gênios da água) e meio profetisas, que com suas invocações e cantos imperavam sobre o vento e o oceano Atlântico. Assumiam diversas encarnações, curavam os enfermos e protegiam os navegantes. (COELHO, 2000, P. 173. apud Mantovani, 1974).

As fadas são seres imaginários, com características positivas e com poder

sobre o destino dos homens e assim poderiam ajudá-los em situações difíceis. Elas

são retratos da beleza, do carinho, da singeleza e da bondade. Nas histórias infantis

sua missão é ajudar, resolver num passe de mágica o conflito existente. Como por

exemplo, transformar abóbora em carruagem, camundongos em cavalos, lagartos

em lacaios, trapo, em um maravilhoso vestido de baile e tudo isso com apenas um

toque da varinha de condão.

Lembrando que o prazer de ler/reler os contos de fadas renova-se sempre e o

fascínio continua, embora conhecendo e sabendo os acontecimentos há sempre

uma expectativa, uma torcida para que os herois vençam os vilões.

Sendo assim, o trabalho com contos de fadas pretende ser um instrumento

para incentivar e instigar esse aluno a ser um leitor.

2 DESCRIÇÃO DA ESTRATÉGIA PROPOSTA

As primeiras aulas foram de apresentação do projeto. Foi ressaltada a

importância da leitura, mostrando o quanto o livro pode despertar a imaginação e

construir significados. Para incentivá-los a fazer uma leitura mais significativa

assistiram o filme “Coração de Tinta – O Livro Mágico”.

Em seguida, foi proposta à turma uma pesquisa sobre o gênero Conto de

Fadas e seus principais autores. A pesquisa foi feita na biblioteca e no laboratório de

informática, previamente preparada pelo professor.

Depois da pesquisa, os alunos tiveram acesso a diversos contos para que

pudessem fazer a leitura. Assim eles leram vários títulos, pois todos tinham um livro

para ler e, que depois, poderia ser trocado com o colega.

Feitas essas primeiras leituras, houve a análise das diferentes versões de

um mesmo conto. Foi escolhido o conto “Chapeuzinho Vermelho”, na versão de

Perrault e dos Irmãos Grimm para análise de semelhanças e diferenças.

Na sequência, trabalhamos com contos contemporâneos e o autor escolhido

foi Ricardo Azevedo, escritor e ilustrador paulista nascido em 1949, é autor de mais

cem livros para crianças e jovens. Ganhou quatro vezes o prêmio Jabuti. Tem livros

publicados na Alemanha, Portugal, México, França e Holanda. Foi feita a leitura dos

contos da obra “No meio da noite escura tem um pé de maravilha!” e analisado o

conto “Um príncipe encantado no reino da escuridão”. Uma atividade importante

para os alunos perceberem que temos muitas histórias em que as situações se

repetem com algumas alterações e que a leitura dos contos de fadas não se esgota,

pois ainda hoje as histórias são resgatadas e reescritas, como fez Ricardo Azevedo

e também outros autores. Que esses contos também são recontados em filmes e em

musicais.

Esse momento foi importante para sugerir a leitura de outras obras e contos

de encantamento.

Para concluir o Projeto de Intervenção Pedagógica, propôs-se uma releitura

dos contos a partir do filme Shrek. Antes de assistir ao filme foi conversado com os

alunos sobre algumas características dos contos presentes no filme.

Essas atividades foram trabalhadas com o objetivo de proporcionar ao aluno

um envolvimento maior e compreensão do gênero Conto de Fadas.

3 O CONTO DE FADAS E O INCENTIVO A LEITURA

Baseando-se em Aguiar (1988, p.97) esta é a terceira fase da leitura que

compreende “O estágio da leitura interpretativa, dos oito aos onze anos é aquele em

que a criança adquire fluência no ato de ler e evolui da simples compreensão

imediata à interpretação das ideias do texto”. A leitura indicada nesta fase é aquela

com textos curtos como os contos de fadas. Neste gênero o herói passa por todos

os obstáculos, enfrenta problemas, busca soluções, brinca e luta com a fantasia.

Essa mensagem que a vida tem dificuldades, problemas e lutas assemelham-se

muito a realidade dessas crianças, que muitas vezes, buscam no conto de fadas a

própria a própria história identificando-se com esse tipo de leitura.

Neste contexto Gagliardi & Amaral (2001, p.18.) acrescentam que "os contos

de fadas trazem a magia que alimentam a imaginação, ajuda a encarar os

problemas da vida, a enfrentar desafios e, por inúmeras vezes até nos trazem

esperanças de dias melhores.”. Esta faixa etária também tem um perfil para leituras

de textos de aventura, mais uma razão para a aplicação deste Projeto de

Intervenção.

As Diretrizes Curriculares também apontam para a necessidade de escolhas

de leituras de acordo com a faixa etária e interesse dos alunos. Desta forma, cabe

aos professores, buscarem estratégias de atuação de ofertas de leituras que

brinquem com o imaginário, que explorem a fantasia. O educador pode percorrer os

contos tradicionais, fazendo uma mescla entre os contos modernos, propondo

releituras, introduzindo assim a criança no universo da Literatura de modo lúdico e

gradual, desmitificando a ideia de que a leitura é chata e cansativa.

Sabemos que o ato de ler, na criança, inicialmente se desenvolve a partir do

prazer, pelo gosto por aquilo que se lê. Entretanto, o saber ler implica muito mais

que o decodificar de letras e frases. É necessário mostrar que a leitura vai além do

que aparece escrito no texto. Há mensagens nos contos de fadas que podem ser

contextualizadas com problemas e situações presentes no cotidiano. Como diz Solé

(1998, p.36.) “é preciso fomentar estratégias de compreensão – ativar o

conhecimento prévio relevante, estabelecer objetivos de leitura, esclarecer dúvidas,

prever, estabelecer inferências, autoquestionar, resumir, sintetizar etc.”

Este projeto buscou alternativas para desenvolver a leitura através de

estratégias que vão além da decodificação que resulta em uma atividade pouca

motivadora. Faz-se necessário motivar e manter o interesse na leitura.

A questão de como instrumentalizar os alunos para a leitura vem

fomentando debates e o surgimento de diversas teorias para explicar este amplo

processo cognitivo. Este tem sido também motivo de desassossego de muitos

professores, que querem ofertar aos seus alunos algo mais que a simples

decodificação de textos. Leituras estimulantes, leituras que possam competir com

outros artifícios presentes na modernidade, leituras que ampliem horizontes, criem

expectativas, leituras questionadoras...

Apesar de a literatura ter sido incorporada ao currículo escolar sabemos que

uma das dificuldades enfrentadas no cotidiano da escola é fazer com que o aluno

desenvolva o gosto e a autonomia pela leitura, pois, esta não é tarefa fácil. Ler exige

concentração, determinação e vontade de buscar o novo. Para muitas crianças a

leitura é uma tarefa menos atrativa que assistir à televisão, ver vídeos na internet,

conversar no MSN ou qualquer outra atividade que ela goste. Diante desta situação

questiona-se: O que fazer para instigar no aluno o interesse pela leitura? Que

estratégias de ação devem ser tomadas para que a leitura seja de fato efetiva?

3.1 A ELABORAÇÃO DA UNIDADE DIDÁTICA

Pensando nessas questões propôs-se a desenvolver um trabalho com os

Contos de Fadas, procurando através de esse gênero buscar, despertar o prazer e o

hábito de ler, e, consequentemente, a autonomia na compreensão de diversos tipos

de textos aos quais terão acesso.

Todo material didático que será apresentado logo abaixo foi construído num

material apostilado ofertando aos alunos todas as atividades proposta no Projeto

“Conto de fadas: ontem, hoje, sempre...”, facilitando dessa forma o trabalho em sala.

ETAPA I: A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

Estas primeiras aulas foram de apresentação do projeto. Neste período foi

ressaltado a importância da leitura, mostrando o quanto o livro pode despertar a

imaginação e construir significados. Para incentivá-los a fazer uma leitura mais

significativa assista ao filme “Coração de Tinta – O Livro Mágico”.

Depois de assistir ao filme e conversar a respeito da importância da leitura foi

proposto aos alunos que conversassem com os pais a respeito das histórias de

fadas que ouviam de seus avôs.

ETAPA 2: PESQUISA SOBRE O GÊNERO E SEUS PRINCIPAIS AUTORES:

Nesta fase apresentou-se oralmente um conto de fadas para a turma, com a

finalidade implícita de resgatar o fato de que os mesmos pertencem originalmente à

oralidade.

Em seguida, houve o incentivo para que os alunos comentassem sobre as

histórias contadas pelos pais com o objetivo de levantar o conhecimento prévio dos

alunos sobre o gênero. Foram listados no quadro os títulos das histórias. Percebeu-

se com essa conversa que ele confundiam o gênero conto de fadas com as fábulas.

Foi então proposta à turma uma pesquisa sobre o gênero: Conto de Fadas e seus

principais autores. A pesquisa foi feita na biblioteca e no laboratório de informática,

previamente preparada. Tendo como alvo as questões abaixo:

a) O que é conto de fada?

b) Quem são os principais autores dos Contos de Fadas?

c) Façam uma biografia dos autores principais.

Depois da pesquisa, faça atividade seguinte:

RELEMBRANDO AS VELHAS HISTÓRIAS:

a) Quem dormia no borralho?

b) Quem desobedeceu à mãe e conversou com estranho na floresta?

c) Quem conviveu com os sete anões?

d) Quem foi salva pelo príncipe depois de permanecer 100 anos presa numa torre?

COM BASE EM SUA PESQUISA, RESPONDA:

a) Que tipo de personagens sempre aparece nos contos de fadas?

b) Como se iniciam e como terminam os contos de fadas?

c) Como eram repassadas as histórias dos contos de fadas antigamente?

d) Cite o nome de alguns escritores de contos de fadas:

LEIA OS TEXTOS SEGUINTES E ASSINALE O TRECHO QUE CORRESPONDE

A UM CONTO DE FADAS.

A) ( )

“Um dia, depois da aula, a gente se trancou no quartinho dos fundos lá de casa. Eu

já tinha arranjado um montão de papel e uma máquina de escrever.

- Eu já tenho o título! – eu disse para o Pedro. – Bai-bai!

- que título é esse?

- Ué – eu disse -, não tem aquele livro que se chama Tchau?

- por isso mesmo é que não é legal! Você me desculpe, mas pra escrever um livro

que já existe é melhor comprar um pronto.”

(Rocha, Ruth. O mistério do caderninho preto.

9ª edição, Ática, São Paulo, 1988.P. 10)

B) ( )

“Era uma vez uma pobre viúva que tinha apenas um filho chamado João, e

uma vaca chamada Branca Leitosa... Uma manhã, porém, Branca Leitosa não deu

leite nenhum, e os dois não sabiam o que fazer... João mostrou à mãe a harpa

dourada e assim, exibindo a harpa e vendendo ovos de ouro, ele e sua mãe ficaram

muito ricos, tanto que ele se casou com uma magnífica princesa, e todos viveram

felizes para sempre.”

C) ( )

“Um Cão levava na boca um pedaço de carne, passava com ela um rio, e

vendo no fundo da água a sombra da carne maior, soltou a que levava nos dentes,

por tomar a que via dentro na água. Porém como o rio levou para baixo com sua

corrente a verdadeira, levou também a sombra e ficou o Cão sem uma e sem outra.”

Moral: Quem muito quer nada tem.

Depois que a pesquisa foi concluída, os alunos construíram um conceito

sobre conto de fadas respondendo “O que vem a ser um conto de fadas?”. Para isso

fizeram um parágrafo, respondendo as seguintes questões:

Como eram contadas as histórias de fadas?

Quem eram os principais personagens?

Como se iniciavam e terminavam os contos de fadas?

ETAPA 3: LEITURAS DE DIVERSOS CONTOS

Após a pesquisa conclui-se que os alunos já sabiam um pouco mais sobre o

gênero e foi o momento de levar vários contos para que eles fizessem a leitura.

Depois da leitura, foram trabalhadas com os alunos as seguintes atividades:

Quem é o autor do conto de fadas que você acabou de ler?

O que você já sabe sobre esse autor?

Onde e quando ele foi publicado?

Quais são os personagens deste Conto de Fadas?

Em que lugar se desenvolve a história?

Quais são as principais características de cada personagem?

Depois dessas atividades foi confeccionado um mural na sala com ilustrações

dos contos lidos. Esta atividade foi feita em parceria com o professor de Artes.

ETAPA 4: UMA HISTÓRIA, VÁRIAS VERSÕES

Nas atividades seguintes foram apresentadas para a turma duas versões

diferentes de Chapeuzinho Vermelho. Observou-se que os alunos já conheciam a

história da Chapeuzinho Vermelho e, mesmo assim, ouviram a leitura do conto como

se fosse a primeira vez.

Primeiramente iniciou-se a aula pedindo aos alunos que prestassem atenção

aquela versão do conto Chapeuzinho Vermelho. Versão de Charles Perrault, em

seguida, foi realizado alguns questionamentos:

Vocês já conheciam essa versão da história?

Como ela começa? Como termina?

Quais são os personagens?

À medida que, as crianças foram respondendo, foi registrado no quadro

essas respostas para que fossem retomadas após a leitura da segunda versão da

história.

Depois de feito esse trabalho, fez-se também, a leitura da versão de

Chapeuzinho Vermelho dos irmãos Grimm.

Após as leituras registrou-se o desapontamento por parte dos alunos com a

versão de Charles Perrault. Observou-se que o conto dos Irmãos Grimm, versão que

eles mais conheciam, era mais aceito. Houve maior receptividade a versão dos

Irmãos Grimm em que a Chapeuzinho e a vovozinha sobrevivem.

Posteriormente a leitura dos contos e reflexão sobre os mesmos foi proposta

a atividade seguinte:

Mostre uma diferença entre elas.

As recomendações da mãe no início da história são diferentes nas duas

versões?

O que acontece no primeiro encontro entre a menina e o lobo numa versão e

em outra? Como é o diálogo entre eles em cada uma das versões?

Vamos comparar as diferentes descrições sobre a localização da casa da

vovó na primeira e na segunda versão?

Qual seria a intenção do lobo quando ele chama à atenção de Chapeuzinho

dizendo “Chapeuzinho, notou que há lindas flores por toda parte? Por que não

para e olha um pouco para elas?”?

O lobo engana Chapeuzinho Vermelho e chega antes dela à casa da vovó. O

que diz a ela para enganá-la em cada versão?

O que fez Chapeuzinho perceber que a avó estava diferente?

Com quem poderíamos relacionar a Chapeuzinho hoje?

E o lobo, quem seria?

Vamos comparar as diferentes descrições sobre a localização da casa da

vovó na primeira e na segunda versão?

Qual seria a intenção do lobo quando ele chama à atenção de Chapeuzinho

dizendo “Chapeuzinho, notou que há lindas flores por toda parte? Por que não

para e olha um pouco para elas?”?

O lobo engana Chapeuzinho Vermelho e chega antes dela à casa da vovó. O

que diz a ela para enganá-la em cada versão?

O que fez Chapeuzinho perceber que a avó estava diferente?

Com quem poderíamos relacionar a Chapeuzinho hoje?

E o lobo, quem seria?

ETAPA 5: CONTO “O PRÍNCIPE ENCANTADO NO REINO DA ESCURIDÃO”

Foi feita a leitura dos contos da obra “No meio da noite escura tem um pé de

maravilha!” e analisado o conto “Um príncipe encantado no reino da escuridão”.

Para esta etapa trabalhou-se o conto e a biografia de Ricardo Azevedo. A

obra escolhida foi “No meio da noite escura tem um pé de maravilha!”: Uma

coletânea de história popular que havia atravessado os tempos e, recontada pelo

escritor, o qual já publicou vários livros, resgatando as mais belas histórias de nosso

folclore. As histórias lidas neste livro falam da existência. São histórias envolventes,

que tataravós contavam para bisavós que contavam para avós que contavam aos

pais que contavam aos filhos. Histórias que independente do tempo e do lugar vão

cativar. Ricardo Azevedo, a exemplo de Perraut, dos Irmãos Grimm e de Andersem

registrou essas histórias para que não desapareçam. Como diz Pedro Bandeira

“Quantas histórias lindas, inventada e contadas ao pé do fogo em noites de inverno

por vovós imaginosas, perderam-se, foram esquecidas, por falta de alguém que as

escrevesse. E, mesmo escritas, por falta de alguém que as lesse!” (BANDEIRA,

1998, p. 88).

Após a leitura dos contos foi analisado com os alunos o conto “O príncipe

encantado no reino da escuridão”.

Para esta atividade foi utilizada a seguinte estratégia:

Leitura do conto e depois o questionamento oral:

Já ouviram essa história?

Como começa e como termina a história?

Essa história lembra qual conto de fadas? Por quê?

E, por fim, Ilustraram a parte da história que acharam mais emocionante para

expor no mural da sala.

Esta atividade permitiu ao aluno perceber que temos muitas histórias em

que as situações se repetem com algumas alterações. Foi explicado que a leitura

dos contos de fadas não se esgota, pois ainda hoje as histórias são resgatadas e

reescritas, como fez Ricardo Azevedo e também outros autores. Também são

recontadas em filmes e em musicais. Foi sugerida a leitura de outras obras e contos

de encantamento.

ETAPA 6: RELEITURA DOS CONTOS A PARTIR DO FILME SHREK

Nesta atividade propôs-se uma releitura dos contos a partir do filme. Antes de

assisti-lo foi conversado os alunos sobre algumas características do gênero. Foi

solicitado que:

Observassem a situação inicial que é uma situação de tranquilidade

interrompida por um problema, que vai desencadear o resto da história.

Observassem, também, que o tempo e o local nos contos/filme são vagos,

indefinidos: Em que época se passa a história? “Tão, Tão distante” fica onde?

Há herois e vilões: os herois, protagonista, com boas qualidades e os vilões,

antagonistas, com más qualidades. Todo heroi/heroína deve enfrentar um

vilão e vencê-lo.

O elemento mágico está sempre presente: quando o heroi/heroína está em

perigo, não suportando mais seus problemas, aparece um ser ou um objeto

mágico para resolver tudo.

Há um final feliz: quando a paz e a tranquilidade inicial é restabelecida e tudo

termina bem.

Após ter assistido ao filme, foi pedido que identificassem os contos de fadas

citados no filme e sua opinião a respeito da história.

ETAPA 7 CONCLUSÃO E APRESENTAÇÃO DO PROJETO À COMUNIDADE

ESCOLAR

Para conclusão do trabalho e apresentação do projeto “Conto De Fadas:

Ontem, Hoje Sempre...” foi encenado o texto “O príncipe desencantado de Flávio de

Souza” e foram apresentadas leituras dramáticas do conto Chapeuzinho Vermelho e

do conto Rapunzel. Trabalho feito em parceria com a disciplina de Artes e

apresentado na Semana Cultura da escola.

A dedicação dos alunos e colegas foi de suma importância para que a

apresentação na Semana cultural fosse possível.

Com essa apresentação foi possível perceber mais uma vez que os contos

de fadas cativaram, cativam e sempre envolverão as pessoas que se transportam

para o mundo da fantasia em contato com uma boa história.

4 GTR – GRUPO DE TRABALHO EM REDE – SOCIALIZAÇÃO DO PROJETO

PDE

Uma das fases da implementação compreende a socialização do projeto PDE

com outros professores da rede pública paranaense. Durante dois meses foi

disponibilizado aos professores da rede pública o projeto “A Leitura Através dos

Contos de Fadas” para que tivessem a possibilidade de discutirem, dar opiniões,

sugestões e relatarem experiências sobre o assunto.

Primeiramente foi discutido o Projeto e as fundamentações teóricas. Nesta

etapa foi disponibilizado aos professores que se inscreveram, a oportunidade de ter

acesso ao Projeto do professor PDE para que também pudessem ver a

aplicabilidade do mesmo na sua escola.

Na segunda etapa, foi apresentada a Unidade Didática - Produção Didática

Pedagógica: “A Leitura Através dos Contos de Fada”. Neste momento o professor da

rede pública teve acesso ao material pedagógico produzido pelo professor PDE.

Na terceira etapa, os professores aplicaram uma ou mais atividade sugerida

pelo professor PDE na Unidade Didática e relataram a experiência ao grupo de

trabalho em rede.

A socialização do projeto foi bastante gratificante. Fazer essa troca com os

colegas de outras escolas do Paraná foi uma experiência enriquecedora. Nós,

professores em sala de aula, não temos a oportunidade de socializar o que fazemos

e esta troca valoriza e dinamiza o trabalho não só do professor PDE como também

dos outros professores que participam do GTR – Grupo de Trabalho em Rede.

CONSIDERAÇÕE FINAIS

Todo o trabalho que envolveu a leitura por meio do gênero discursivo Conto

de Fadas teve a participação ativa dos alunos, o apoio da Direção, da Equipe

Pedagógica e o envolvimento dos colegas.

A Direção da escola adquiriu livros do gênero proposto, de forma que cada

aluno tivesse um livro para ler. Os colegas envolvidos no projeto participaram

ensaiando leituras dramáticas, peças teatrais e confeccionaram mural nas salas de

aulas.

A leitura dramática ensaiada pela professora de Artes e a dramatização do

texto “O príncipe desencantado” de Flávio de Souza foi um sucesso na Semana

Cultural da escola. Os alunos envolveram-se nos ensaios, preocuparam-se com o

figurino, com cenário. Participaram ativamente ajudando os colegas que

protagonizaram a encenação: todos sabiam as falas, pois ajudaram na memorização

das mesmas. Na apresentação, todos se divertiram com as falas da Princesa e seu

jeito consumista de ser e se deliciaram no final com a vingança do Príncipe que a

pôs com um beijo em sono profundo novamente.

Durante todo o processo de Intervenção, os alunos leram e releram várias

obras de Perrault, dos irmãos Grimm e de Andersen. Leram os contos de Ricardo

Azevedo e também, procuraram na biblioteca outras obras relacionadas com os

contos de fadas atingindo assim, o objetivo de desenvolver o gosto pela prática

contínua da leitura criado autonomia enquanto leitor.

O PDE-Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná – foi

extremamente importante. Como professora oportunizou-me momentos para

estudos e reflexões que anteriormente não era possível devido à carga horária de

trabalho.

Todo professor deve estar em constante atualização de seus conhecimentos,

pois vivemos num mundo onde a informação se torna obsoleta se a mesma não for

atualizada. Do professor exige-se uma reflexão pautada num referencial teórico que

sustente que referende sua prática diária. Por isso é necessário que exista projetos

que oportunize ao professor uma formação continuada de qualidade. Só um

professor com uma formação contínua que não espera receita e busca novas

estratégias com base em suas pesquisas conseguirá formar leitores de livros

capazes de ler o mundo e refletir sobre ele.

REFERÊNCIAS

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosuras e bobices. Editora Scipione 5ª edição, São Paulo, 2009

AGUIAR, Vera Teixeira de. Leituras para o 1º grau: critérios de seleção e sugestões, – in: Leitura em Crise na Escola: As Alternativas do Professor – Mercado Aberto, Porto Alegre, 1988.

AZEVEDO, Ricardo. No meio da noite escura tem um pé de maravilha!.1ª edição, Ática, São Paulo, 2002.

BAMBERGER, Richard. Como Incentivar o Hábito de Leitura. 7ª edição, Ática, São Paulo, 2000. BANDEIRA, Pedro. O fantástico mistério de Feiurinha. 21ª edição, FTD, São Paulo, 1998.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998. FILIPOUSKI, Ana Mariza. Atividades com textos em sala de aula – in: Leitura em Crise na Escola: As Alternativas do Professor. Mercado Aberto, Porto Alegre, 1988.

GAGLIARDI, Eliana. Heloisa Amaral. Trabalhando com os gêneros do discurso: Conto de fadas. FTD, São Paulo 2001.

LAJOLO, Marisa. Do Mundo da Leitura para a Leitura do Mundo. 6ª edição, Ática, São Paulo, 2006.

ROCHA, Ruth.O mistério do caderninho preto. 9ª edição, Ática, São Paulo, 1988

SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. Trad.Claudia Schilling – 6ª edição, Artmed,. Porto Alegre; 1988.

SOUZA, Flavio de. Príncipes e Princesas, sapos e lagartos - histórias modernas de tempos antigos. 6ª edição. São Paulo: FTD, 1996.

ZILBERMAN, Regina. Leitura Perspectivas Interdisciplinares. (org.) Ezequiel Theodoro da Silva, 5ª edição, Ática, São Paulo 2005.

_______. Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. 9ª edição. [por] Vera Teixeira de Aguiar [e outros]. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1988.