saude mental infantil

Upload: pedro-gasparinho

Post on 06-Apr-2018

231 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    1/54

    RECOMENDAES PARA A PRTICA CLNICA DA

    COORDENAO NACIONAL PARA A SADE MENTAL

    SADE MENTALINFANTIL E JUVENILNOS CUIDADOS DE

    SADE PRIMRIOS

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    2/54

    SADE MENTALINFANTIL E JUVENILNOS CUIDADOS DE

    SADE PRIMRIOS

    RECOMENDAES PARA A PRTICA CLNICA DA

    COORDENAO NACIONAL PARA A SADE MENTAL

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    3/54

    Esta publicao pode ser consultada a partir do stio na Internet do Alto Comissariado da Sade:

    http://www.acs.min-saude.pt/pt/saudemental

    PORTUGAL, Ministrio da Sade, Alto Comissariado da Sade,Coordenao Nacional para a Sade MentalPlano Nacional de Sade Mental 2007-2016 Resumo ExecutivoLisboa: Coordenao Nacional para a Sade Mental, 2009 52 p.

    Autores

    Colaboradores

    Revisode Texto

    Agradecimentos

    Editor

    DesignImpresso

    ISBN

    Depsito LegalTiragem

    Cristina Marques, Teresa Cepda (Psiquiatria da Inncia e Adolescncia)

    Paula Barrias, Paula Correia, Teresa Goldschmidt (Psiquiatria da Inncia eAdolescncia)

    Cristina Marques, Paula Barrias, Paula Correia, Teresa Goldschmidt (Psi-quiatria da Inncia e Adolescncia), Marco Torrado (Psicologia Clnica)

    Teresa Gomes (Medicina Geral e Familiar), Ricardo Costa (Pediatria), Asso-ciao Portuguesa de Psiquiatria da Inncia e da Adolescncia (APPIA)

    Coordenao Nacional para a Sade MentalAv. Antnio Augusto Aguiar, 32 21050-016 LisboaT. +351 21 330 50 50, F. +351 21 330 50 20

    Syntaxewww.textype.pt

    978-989-96263-2-4

    300 114/09

    8000 exemplares

    Outubro 2009

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    4/54

    Recomendaes para a Prtica Clnica da Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade Primriosndice

    Pg.

    I

    II

    01.

    02.

    III

    01.

    INTRODUO

    AVALIAO, TRIAGEM E REFERENCIAO EM SADE MENTALINFANTIL E JUVENIL

    GRELHA DE AVALIAO DIAGNSTICA

    DISTINO NORMAL / PATOLGICOREFERENCIAO CONSULTA DE SADE MENTAL INFANTIL

    E JUVENIL

    PATOLOGIAS MAIS RELEVANTES

    INTRODUO

    PERTURBAES DISRUPTIVAS DO COMPORTAMENTO

    HIPERACTIVIDADE / DFICE DE ATENO

    DIFICULDADES DE APRENDIZAGEMPERTURBAES DA ANSIEDADE

    PERTURBAES DO HUMOR

    RECUSA ESCOLAR

    TENTATIVAS DE SUICDIO

    PERTURBAES DE EXPRESSO SOMTICA

    PERTURBAES DO SONO

    PERTURBAES ALIMENTARES

    ENURESE

    ENCOPRESE

    PERTURBAES PSICTICAS

    PERTURBAES DO ESPECTRO DO AUTISMO

    SITUAES PARTICULARES

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    STIOS A CONSULTAR NA INTERNET

    ANEXO

    07

    14

    15

    21

    22

    24

    02.

    9.1.

    03.

    11

    03.

    04.

    05.

    06.

    07.

    08.

    09.

    10.

    11.

    12.

    9.2.

    9.3.

    9.4.

    26

    28

    29

    31

    33

    35

    35

    36

    40

    41

    42

    43

    45

    09

    19

    47

    48

    49

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    5/54

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    6/54

    IINTRODUO

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    7/54

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    8/54

    INTRODUOA prevalncia de perturbaes emocionais e do comportamento nainncia e adolescncia oi investigada em vrios estudos e, em-bora os valores variem consideravelmente, estima-se que 10 a 20%das crianas tenham um ou mais problemas de sade mental 1.

    Segundo a Associao Americana de Psiquiatria da Inncia eda Adolescncia (AACAP ) uma em cada cinco crianas apresentaevidncia de problemas mentais e esta proporo tende a aumen-

    tar2

    . De entre as crianas que apresentam perturbaes psiquitri-cas apenas 1/5 recebe tratamento apropriado 2. As perturbaespsiquitricas da inncia e da adolescncia trazem grandesencargos sociedade, quer em termos humanos quer inanceiros,e muitas delas podem ser precursoras de perturbaes na idadeadulta 1.

    A grande maioria das situaes problemticas recorre inicial-mente aos Cuidados de Sade Primrios, destacando-se a impor-tncia desta primeira linha de actuao na triagem, avaliao,interveno e orientao dos casos.

    O diagnstico de situaes psicopatolgicas e de risco e aimplementao atempada de estratgias preventivas e terapu-ticas deve pois transormar-se numa prioridade.

    Neste mbito, a articulao entre as equipas de sade mental dainncia e adolescncia e os Cuidados de Sade Primrios torna-seimprescindvel para um trabalho integrado mais coeso e eciente.

    Se por um lado as equipas especializadas tm a competnciana rea da sade mental inanto-juvenil, os Centros de Sade pos-suem os recursos necessrios a uma interveno na comunidade,

    no s pelo conhecimento das amlias e da sua trajectria de vidacomo pelo conhecimento das necessidades e recursos locais.

    Podemos ento apontar algumas das vantagens deste traba-lho de articulao:

    Deteco precoce de situaes de risco e interveno atem-pada.

    Maior eccia da interveno em situaes complexas e comorte vertente social / comunitria.

    Implementao de programas de preveno primria e deinterveno precoce.

    Formao de outros tcnicos no mbito da Sade MentalInantil e Juvenil.

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    I

    Introduo

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    9/54

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    10/54

    IIAVALIAO, TRIAGEME REFERENCIAO EMSADE MENTAL INFANTIL E JUVENIL01.

    02.

    03.

    GRELHA DE AVALIAO DIAGNSTICADISTINO NORMAL / PATOLGICOREFERENCIAO CONSULTA DE SADE MENTAL INFANTILE JUVENIL

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    11/54

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    12/54

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    II

    Avaliao, Triagem e Reerenciao11

    AVALIAO, TRIAGEM E REFERENCIAOEM SADE MENTAL INFANTIL E JUVENIL

    A avaliao diagnstica pelo Mdico de Famlia dever ter comoobjectivos primordiais 3:

    Denir o tipo e a gravidade do problema.Avaliar a importncia relativa dos diversos actores inter-

    venientes no desencadeamento e manuteno dos sintomas,

    assim como de eventuais actores protectores.Planear a interveno teraputica e eventual reerenciao.

    Neste contexto, sugerimos a avaliao dos seguintes pontos:

    01.GRELHA DE AVALIAO DIAGNSTICA

    3

    Identifcao do Problema(s) / Sintoma(s):Caracterizao: descrio, requncia, incio, actores desen-

    cadeantes / agravantes / protectores, o contexto em que surge,o que oi eito para resolver;

    Claricar o motivo do pedido.

    Sintomas associados.

    Nvel de desenvolvimento (adequado ou no idade cronolgica).

    Antecedentes Pessoais:Gravidez, parto, relao precoce, etapas do desenvolvimento

    psicomotor, reaco separao, sono, alimentao, intercor-rncias mdicas, tipo de prestao de cuidados.

    Histria Familiar/ Genograma/ Ambiente Familiar:Avaliao da qualidade da relao pais-criana, existncia de

    conuso de papis, de geraes, parentalizao da criana,tipos de comunicao e padres de interaco, atmoseraemocional da amlia, existncia de rede social / amiliar alar-gada, existncia de patologia psiquitrica.

    Observao da criana (sica e do estado mental), com despistede organicidade.

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    13/54

    12 Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    II

    Avaliao, Triagem e Reerenciao

    Exames Complementares de Diagnstico.Necessidade eventual de observao por outras especialidades.

    Esta grelha de avaliao diagnstica sugere alguns pontos aosquais o Mdico de Famlia dever estar atento. No entanto, no necessrio que todos eles sejam exaustivamente pesquisados emtodos os casos. O mdico dever orientar a entrevista de acordocom o seu senso clnico e identicar as questes mais relevantes

    ace problemtica de cada criana/adolescente/amlia.

    1. A entrevista clnica aos paisdever abranger uma gama varia-da de situaes. De orma resumida, dever abordar4:

    Tipo de problema/sintoma e suas caractersticas.

    Durao/requncia/intensidade.

    Sintomas associados.

    Experincias traumticas anteriores.

    Factores de stress /mudanas recentes no meio scio-amiliar.

    importante avaliar o uncionamento nas seguintes reas:

    Escola: aproveitamento, absentismo, adaptao;

    Sintomas uncionais: motores, sono, alimentares, controlede esncteres;

    Ateno/ controle de impulsos/ nvel de actividade;

    Comportamento: agressividade, intolerncia rustrao,

    comportamentos anti-sociais;Emocional: sintomas de ansiedade (ex: preocupaes e

    medos excessivos), humor depressivo ou irritvel;

    Social: relao com pares, capacidade de comunicao,actividades.

    A presena da criana durante a entrevista com os pais deve,em alguns casos, ser evitada, de orma a proteg-la da exposioa situaes de humilhao/culpabilizao.

    Caso se trate de um adolescente, dever ser-lhe dada a possi-bilidade de escolher entre estar ou no presente durante a entre-vista com os pais ou, ainda, de ser atendido antes dos pais.

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    14/54

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    II

    Avaliao, Triagem e Reerenciao13

    2. Na observao do estado mental da criana/adolescenteo mdico dever estar atento a4:

    Forma como a criana se relaciona com o observador: evitamen-to, proximidade excessiva, mantm ou no contacto pelo olhar.

    Aparncia geral: estado de nutrio, vesturio adequado,sinais de negligncia sica.

    Tipo de humor: ansioso, triste, zangado, eurico.

    Linguagem: adequada ou no idade, compreende ou no oque lhe dito; organizao do discurso, capacidade de asso-ciao entre as ideias; linguagem peculiar, tom calmo ou desa-ador.

    Nvel de actividade: calmo, lenticado, agitado.

    Capacidade de manter a ateno/ impulsividade: completaou no uma tarea, passa rapidamente de uma actividade paraoutra.

    Pensamento (evidenciado pelo tipo de discurso): organizadoe coerente ou desorganizado e dicil de compreender, ideiasbizarras.

    Movimentos anormais/ tiques/ vocalizaes bizarras.

    Ideao suicida.

    3. A interaco pais-criana particularmente importante nosprimeiros anos de vida. H que observar 4:

    Forma como os pais se envolvem com a criana: excessi-vamente permissivos, demasiado intrusivos, rustradores,

    hostis, pouco envolvidos, aectuosos.Estratgias que usam para lidar com a criana: rmeza, calma

    no pedido, exigncia extrema, coero sica, desinvestimento//distanciamento, indierena.

    Como responde a criana e como se adaptam os pais s suasrespostas: tentam mudar de estratgia se esta no uncionaou h ausncia de fexibilidade e de capacidade adaptativados pais.

    Se os pais uncionam como base segura, isto , se a crian-

    a se reerencia aos pais perante situaes potencialmenteameaadoras ou para pedir ajuda e se os pais parecem estaratentos.

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    15/54

    14 Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    II

    Avaliao, Triagem e Reerenciao

    Que qualidade de vnculos existem na relao pais-criana.

    De sublinhar a necessidade de, durante a recolha de dados,manter uma atitude de escuta emptica, para que os pais e acriana/adolescente tenham, no m da entrevista, o sentimentode terem sido escutados, compreendidos e respeitados.

    02.DISTINO NORMAL / PATOLGICO

    Em sade mental da inncia e da adolescncia por vezes diciltraar uma ronteira entre o normal e o patolgico. Por si s umsintoma no implica necessariamente a existncia de psicopato-

    logia (diversos sintomas podem aparecer ao longo do desenvolvi-mento normal de uma criana, sendo geralmente transitrios esem evoluo patolgica). Por outro lado, o mesmo sintoma podeestar presente nos mais variados quadros psicopatolgicos.

    Os sintomas adquirem signicado no contexto scio-amiliar eno momento evolutivo da criana.

    Deste modo, na presena de um ambiente amiliar tolerantee tranquilizador, existe uma maior probabilidade de os sintomasdiminurem e at desaparecerem.

    J num meio intolerante, agressivo ou angustiante, as pertur-baes que a criana apresenta podem perdurar e aectar o seudesenvolvimento.

    Sabe-se muitas vezes que pais impacientes ou ansiososconcentram a sua ateno num dado acontecimento ou sintoma,dando-lhe uma importncia excessiva, ortalecendo-o, at se tor-nar um problema, sem que na maioria das vezes os pais tenhama noo deste seu papel. Os seus esoros para combater deter-minada situao problemtica acabam por criar um estado detenso na criana, reorando o sintoma.

    Apresentamos de seguida alguns indicadores que nos ajudama eectuar a distino entre normal e patolgico.

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    16/54

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    II

    Avaliao, Triagem e Reerenciao15

    Sintomas Normais (inerentes ao desenvolvimento)

    Surgem no decurso de confitos inevitveis e necessrios aodesenvolvimento psicolgico da criana. Caractersticas:

    Transitrios.Pouco intensos.Restritos a uma rea da vida da criana.Sem repercusso sobre o desenvolvimento.A criana ala neles com acilidade.Sem disuno amiliar evidente.

    Sintomas Patolgicos

    Caractersticas:Intensos e requentes.Persistem ao longo do desenvolvimento.Causam grave restrio em dierentes reas da vida da criana.Repercusso no desenvolvimento psicolgico normal.

    Meio envolvente patolgico.Desadequados em relao idade.Associao de mltiplos sintomas.

    03.REFERENCIAO CONSULTA DE SADEMENTAL INFANTIL E JUVENIL

    1 Estar atento a eventuaissinais de alerta para reerenciao

    Na primeira inncia:

    Diculdades na relao me-beb.Diculdade do beb em se auto-regular e mostrar interesse

    no mundo.

    Diculdade do beb em envolver-se na relao com o outroe em estabelecer relaes dierenciadas.

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    17/54

    16 Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    II

    Avaliao, Triagem e Reerenciao

    Ausncia de reciprocidade interactiva e de capacidade deiniciar interaco.

    Perturbaes alimentares graves com cruzamento de percen-tis e sem causa orgnica aparente.

    Insnia grave.

    Na idade escolar 5:

    Diculdades de aprendizagem sem dce cognitivo e naausncia de actores pedaggicos adversos.

    Recusa escolar.

    Hiperactividade / agitao (excessiva ou para alm da idadenormal).

    Ansiedade, preocupaes ou medos excessivos.

    Diculdades em adormecer, pesadelos muito requentes.

    Agressividade, violncia, oposio persistentes, birras inex-plicveis e desadequadas para a idade.

    Diculdades na socializao, com isolamento ou relaciona-mento desadequado com pares ou adultos.

    Somatizaes mltiplas ou persistentes.

    Na adolescncia5:

    Incapacidade para lidar com problemas e actividades quoti-dianas.

    Somatizaes mltiplas ou persistentes.

    Humor depressivo, ideao suicida, tentativas de suicdio,isolamento relacional.

    Ansiedade excessiva.

    Alteraes do pensamento e da percepo.

    Sintomatologia obsessivo-compulsiva.

    Insnia grave, persistente.

    Restrio alimentar, preocupao com o peso, comporta-mentos purgativos.

    Passagens ao acto impulsivas (agressivas ou sexuais),comportamentos auto-agressivos, ugas.

    Comportamentos anti-sociais repetidos.

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    18/54

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    II

    Avaliao, Triagem e Reerenciao1

    2 Nos casos com sintomas patolgicos de gravidade ligeira amoderada devero ser implementadas estratgias de inter-veno comunitria, nomeadamente ao nvel amiliar, esco-lar e social, antes de sinalizar equipa de Sade Mental (verrecomendaes no captulo III).

    3 A eccia das medidas implementadas dever ser avaliada aom de 3 meses. Em caso de agravamento do quadro ou ausncia

    de melhoria, sinalizar equipa de Sade Mental de reerncia.A motivao da amlia para aderir consulta um aspectocrucial e deve ser alvo da ateno do mdico.

    Dada a difculdade em estabelecer critrios bem defnidos deurgncia em Pedopsiquiatria, o Servio de Sade Mental Inantile Juvenil de reerncia deve ser contactado directamente para dis-cusso do caso sempre que surjam dvidas acerca da gravidade

    da situao.

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    19/54

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    20/54

    INTRODUOPERTURBAES DISRUPTIVAS DO COMPORTAMENTOHIPERACTIVIDADE / DFICE DE ATENODIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

    PERTURBAES DA ANSIEDADEPERTURBAES DO HUMORRECUSA ESCOLARTENTATIVAS DE SUICDIOPERTURBAES DE EXPRESSO SOMTICA

    PERTURBAES DO SONO

    PERTURBAES ALIMENTARES

    ENURESE

    ENCOPRESE

    PERTURBAES PSICTICASPERTURBAES DO ESPECTRO DO AUTISMOSITUAES PARTICULARES

    IIIPATOLOGIAS MAIS RELEVANTES01.02.03.

    04.

    05.

    06.

    07.

    9.1.

    9.2.

    9.3.

    9.4.

    08.

    09.

    11.

    12.

    10.

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    21/54

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    22/54

    01.INTRODUOA CID 10 identica duas grandes categorias especcas emPsiquiatria da Inncia e da Adolescncia: Perturbaes do Desen-volvimento Psicolgico e Perturbaes do Comportamento eEmocionais. Este ltimo grupo de perturbaes constitui cerca de90% de todas as perturbaes psiquitricas na idade escolar 6.

    Na 1 categoria esto includas perturbaes do desenvolvi-mento de unes especcas como a aprendizagem e pertur-baes globais do desenvolvimento (o autismo, por exemplo).

    A 2 categoria inclui as perturbaes do comportamento, ahiperactividade/dce de ateno e as perturbaes emocionaisda inncia.

    H ainda que reerir que muitas das perturbaes mais requen-temente observadas em adultos podem ter incio durante a inn-cia. A depresso disso um exemplo, tendo vindo a ser diagnosti-

    cada com requncia crescente na inncia e na adolescncia 1.Neste captulo considermos til azer reerncia no s aos

    grupos de patologias com maior prevalncia (perturbaes docomportamento, diculdades de aprendizagem, perturbaesda ansiedade, do humor, anorexia nervosa) como tambm asituaes menos requentes mas cujas caractersticas (gravidade,prognstico) tornam imprescindvel um diagnstico precoce e umainterveno teraputica especca (perturbaes do espectro doautismo, perturbaes psicticas).

    02. Perturbaes disruptivas do comportamento

    03. Hiperactividade / dfce de ateno

    04. Difculdades de aprendizagem

    05. Perturbaes da ansiedade

    06. Perturbaes do humor

    07. Recusa escolar

    08. Tentativas de suicdio

    09. Perturbaes de expresso somtica

    10. Perturbaes psicticas11. Perturbaes do espectro do autismo

    12. Situaes particulares

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes21

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    23/54

    22 Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes

    02.PERTURBAES DISRUPTIVASDO COMPORTAMENTO

    Aspectos Gerais

    Grupo complexo de situaes que engloba perturbaes deoposio e perturbaes do comportamento propriamente ditas,

    caracterizado por um padro persistente de:Diculdade em aceitar regras.

    Passagens ao acto agressivas, desencadeadas requente-mente por situaes de rustrao.

    Comportamentos anti-sociais de gravidade varivel (roubos,mentiras, ugas, destruio de propriedade, agressividadepara pessoas e animais).

    As perturbaes de oposio surgem como orma menos grave

    de perturbaes do comportamento e precedem-nas requente-mente. Estas so mais requentes no sexo masculino e estopresentes em cerca de 5% dos rapazes em idade escolar 8.

    Nesta aixa etria predominam os comportamentos hetero-agressivos, que vo diminuindo a partir da pr-adolescncia,sendo os comportamentos anti-sociais mais requentes no pero-do da adolescncia 7.

    Factores de Risco

    Disuno amiliar:

    Experincias traumticas e carenciais precoces;Exposio a situaes de violncia e maus-tratos, situa-

    es de elevada confitualidade intraamiliar;Alternncia aleatria entre rigidez excessiva e ausncia de

    controlo/limites.

    Doena mental/ comportamentos aditivos dos pais.

    Baixo nvel socioeconmico.

    Temperamento dicil da criana.

    Situaes de vulnerabilidade somtica da criana, em parti-cular aquelas que diminuem a capacidade de controlo deimpulsos (epilepsia, leso cerebral).

    Diculdades de aprendizagem.

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    24/54

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes23

    Interveno

    Ter em conta actores desencadeantes e perpetuadores anvel amiliar, social ou escolar.

    Apoio e orientao aos pais:Evitar exposio a situaes de violncia.Motivar a amlia para a mudana.Desaconselhar punies sicas.Sublinhar a importncia da coerncia de regras/atitudes.

    Impedir benecios secundrios com o sintoma.Fomentar outras ormas de expresso da agressividade.

    Trabalho de articulao com a escola: planear intervenesao nvel da escola que acilitem a integrao no grupo de parese o investimento de actividades ldicas/desportivas.

    Articulao com a rede de apoio social e com projectos deinterveno sociocultural locais.

    Reerenciao

    Orientar para consulta de Pedopsiquiatria se as medidasanteriormente tomadas no levarem a atenuao da sintoma-tologia, principalmente se existir evidncia de associao comperturbaes emocionais.

    Orientar para o SPO (Servio de Psicologia e Orientao)ou outros servios de apoio educativo, quando se associamdiculdades de aprendizagem.

    Orientar para servios sociais locais, se a problemtica socialassim o justicar.

    Prognstico

    Varivel, de acordo com a gravidade, nmero e tipo de sintomas.Alguns casos com sintomas mltiplos, de gravidade modera-

    da a severa e disuno amiliar coexistente, podem evoluir paraperturbaes de personalidade na idade adulta.

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    25/54

    24 Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes

    03.HIPERACTIVIDADE / DFICE DE ATENOAspectos Gerais

    Perturbao caracterizada pela associao de sintomas deexcesso de actividade motora, dce da ateno e impulsividade,os quais persistem ao longo do tempo e se evidenciam em pelo

    menos dois contextos (ex: casa, escola, situaes sociais).O incio precoce e requentemente associado a problemas dedesenvolvimento e do comportamento.

    O quadro pode variar em uno da idade e do nvel de desen-volvimento e o diagnstico deve ser cauteloso em crianaspequenas.

    Na idade pr-escolar, as crianas com esta perturbao die-rem das crianas normalmente activas, pela sua incapacidadetotal de permanecerem sentadas ou envolvidas em actividadestranquilas (por exemplo, ouvir uma histria), apresentando umestado de irrequietude extrema, por vezes associado a comporta-mentos potencialmente perigosos 8.

    Na idade escolar e na adolescncia o quadro semelhante,embora ao longo do tempo a hiperactividade se torne menosintensa e acompanhada de sentimentos de inquietao. O dcede ateno e a impulsividade geralmente mantm-se.

    A questo diagnstica ulcral consiste em avaliar se os nveisde actividade, grau de impulsividade e dce de ateno interer-em signicativamente (ou no) com o desempenho escolar, rela-

    es com os pares e uncionamento amiliar e se causam grandesorimento criana 5.

    Factores de Risco

    Genticos e constitucionais.

    Relacionais (ligados capacidade da amlia compreender,conter e organizar o comportamento da criana).

    Leses cerebrais (por ex., epilepsia), principalmente seassociadas a atraso mental.

    Interveno

    Se a criana parece manter uma boa adaptao, o trabalhoa realizar dever ser o de inormar sobre as caractersticas da

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    26/54

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    27/54

    26 Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes

    Prognstico

    Varivel de acordo com a intensidade dos sintomas e as atitudesdo meio (amiliar, escolar, social).

    A associao com perturbaes do comportamento, dicul-dades na integrao com os pares e nveis elevados de hostilidadenas relaes intra-amiliares determinam um pior prognstico.

    04.DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

    Aspectos Gerais

    Grupo muito abrangente de situaes, relacionadas com actoresindividuais, culturais e scio-amiliares, no qual h ainda quedistinguir diversos tipos de diculdades:

    Limitadas a uma rea do conhecimento ou generalizadas.Com incio precoce ou mais tardio.Associadas ou no a outra problemtica da criana/amiliar/

    /social.

    A prevalncia assim muito varivel (de 2 a 10%), dependendodo tipo de avaliao e das denies adoptadas.

    Factores de Risco

    Dce cognitivo.Dce sensorial (viso, audio).Diculdades especcas da aprendizagem.Problemas emocionais e do comportamento.Problemas amiliares e scio-culturais.Atraso de linguagem.

    Interveno

    Investigar a existncia de4

    :Dce sensorial.Dce cognitivo.Sinais neurolgicos minor.

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    28/54

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes2

    Dismoras aciais ou outras (sugestivas de sndromeespecco).

    Avaliao compreensiva da situao em articulao com aescola, nomeadamente atravs da equipa de Sade Escolar.

    Planear orientao/interveno de acordo com os resulta-dos desta avaliao:

    Interveno ao nvel da escola (desenvolvimento deestratgias pedaggicas/ relacionais, em colaborao com

    o Proessor, de acordo com as necessidades especcas dacriana);Eventual interveno amiliar/ social.

    Reerenciao

    Orientao para servios de apoio educativo da escolasempre que as diculdades de aprendizagem orem signica-tivas.

    Orientao para consulta de Pediatria (Geral, do Desenvolvi-

    mento) se existir atraso do desenvolvimento, antecedentes//sinais neurolgicos, dismoras.

    Orientao para consulta de Pedopsiquiatria se existiremsintomas emocionais ou do comportamento associados, comcaractersticas de sintomas patolgicos ou em casos de psico-patologia/ disuno amiliar grave.

    Divulga-se em anexo o Fluxograma de reerenciao elabo-rado pela Associao Portuguesa de Psiquiatria da Inncia e daAdolescncia (APPIA).

    Prognstico

    Varivel de acordo com a situao em causa.

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    29/54

    28 Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes

    05.PERTURBAES DA ANSIEDADEAspectos Gerais

    Preocupaes / medos exagerados ou desadequados relativa-mente ao nvel de desenvolvimento da criana.

    A ansiedade desempenha um papel adaptativo no desenvolvi-

    mento da criana. Pode, no entanto, considerar-se patolgicaquando9:

    Muito intensa e prolongada.

    Muito invasiva, intererindo com o desenvolvimento e quoti-diano da criana (capacidade de socializao, autonomia).

    Surgem tardiamente sintomas considerados normais emestadios mais precoces do desenvolvimento (por exemplo: aansiedade de separao que normal aos 2-3 anos mas noaos 8-10 anos).

    Os sintomas mais requentes incluem queixas somticas,medo da separao, comportamentos regressivos / imaturos, ir-ritabilidade, grande susceptibilidade s crticas, comportamentosobsessivos ou bicos.

    Factores de Risco 4

    Factores genticos e constitucionais.

    Factores amiliares (ex: pais hiperprotectores e ansiosos,patologia psiquitrica nos pais, padro de agregao amiliarpara certos tipos de obias).

    Factores de stress / mudanas no meio amiliar.

    Acontecimentos desencadeantes especcos.

    Situaes de doena crnica na criana/adolescente.

    Interveno4

    Aconselhar os pais a tranquilizar a criana mas mantendouma atitude rme e segura.

    Incentivar a criana a encontrar solues para enrentar asituao problemtica.

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    30/54

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes29

    No avorecer evitamento excessivo das situaes quecausam ansiedade, sem no entanto orar a criana para almda sua capacidade de adaptao.

    Reerenciao

    Orientao para consulta de Pedopsiquiatria se houver persistn-cia/ agravamento dos sintomas, se estes so invasivos da rotinaquotidiana da criana, se causam sorimento intenso ou se os pais

    se mostram incapazes de lidar com a situao.

    Prognstico 4

    Na maioria dos casos verica-se uma melhoria mas mantm-serequentemente a tendncia para maniestar perturbaes emo-cionais ao longo do desenvolvimento, podendo necessitar desuporte em situaes de maior tenso.

    06.PERTURBAES DO HUMOR

    Aspectos Gerais

    Caracterizam-se por sentimentos de desvalorizao/culpabilidadepersistentes e que intererem com a vida da criana ou adoles-cente.

    Os sintomas incluem: humor depressivo, adiga e outras quei- xas somticas, isolamento social, desinteresse/alta de prazernas actividades habituais, alteraes do sono e alimentares,perturbaes do comportamento e baixa do rendimento escolar.Associam-se habitualmente sintomas de ansiedade.

    Na criana pequena predominam sintomas de irritabilidadee agressividade; no adolescente os sintomas de depresso sorequentemente semelhantes aos do adulto 10.

    As perturbaes do humor so o actor de risco mais impor-tante para o suicdio na adolescncia.

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    31/54

    30 Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes

    Factores de Risco 4

    Temperamento: crianas com diculdades de adaptaoa mudanas tm maior tendncia para depresso.

    Vinculao insegura, experincias de separao ou perda.

    Situaes de tenso prolongada.

    Mudanas no meio amiliar ou escolar.

    Histria amiliar de depresso.

    Interveno

    Avaliao mdica e excluso de causas orgnicas.

    Avaliar se existe risco de suicdio.

    Mostrar disponibilidade para ouvir as preocupaes dacriana ou adolescente.

    Aconselhamento amiliar: sensibilizao dos pais parao sorimento da criana/adolescente e discusso de estrat-gias para lidar com o problema (ex: valorizao de competn-cias).

    Trabalho de articulao com a escola: planear intervenesao nvel da escola que acilitem a integrao no grupo de parese o investimento de actividades ldicas/desportivas.

    Articulao com a rede de apoio social e com projectos deinterveno sociocultural locais (ex: escuteiros, ATL, outrasactividades organizadas).

    A medicao tem indicao em situaes especcas, deven-

    do ser uma medida coadjuvante a outros tipos de interveno(psicoteraputica, amiliar, pedaggica).

    Reerenciao

    Orientar para consulta de Pedopsiquiatria:

    Casos de maior gravidade (sintomas persistentes e com im-pacto signicativo em diversas reas da vida da criana/ado-lescente).

    Se as medidas anteriores se revelarem inecazes.

    Quando existir risco de suicdio.

    Quando existir necessidade de interveno armacolgica.

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    32/54

    Prognstico

    A evoluo varivel. Os quadros que se iniciam em idades pre-coces (pr-escolar, escolar) podem perpetuar-se, principalmentese no houver uma interveno atempada.

    Na adolescncia podem surgir situaes transitrias, de bomprognstico, no entanto tambm surgem casos que tendem a per-sistir durante a idade adulta, principalmente as depresses majore a doena bipolar.

    07.RECUSA ESCOLAR

    Aspectos Gerais

    Surge mais requentemente nas transies escolares (com picosde prevalncia aos 7, 11 e 14 anos) e corresponde habitualmentea diculdades de separao dos pais ou a ansiedade no desem-penho.

    A recusa em requentar a escola associa-se requentementea angstia intensa, receio de car s, comportamento depen-dente, perturbao do sono, medos e queixas somticas (doresabdominais e vmitos em crianas mais pequenas, cealeias emcrianas mais velhas); estas ltimas evidenciam-se nos momen-tos que antecedem a ida para a escola.

    A presena de angstia, o desejo imperioso de permanecerem casa e o interesse conservado pela escolaridade constituiuma trade muito sugestiva de obia escolar.

    O quadro clnico inicia-se habitualmente no incio do ano esco-lar ou aps as rias escolares.

    Pode ser a maniestao inaugural de uma perturbao psiqui-trica emergente, principalmente na adolescncia 10.

    importante distinguir de casos de absentismo escolar

    associado a desinvestimento das actividades acadmicas, noexistindo nestes ltimos ansiedade ace separao ou medoirracional da escola.

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes31

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    33/54

    Factores de Risco4

    Factores relacionados com a criana: caractersticas depassividade, inibio, dependncia; situaes de doena(ou outras) que avoream a manuteno de uma relao dehiperproteco ansiosa; doena psiquitrica (perturbao daansiedade, depressiva).

    Factores relacionados com a amlia: diculdade em promo-ver a autonomia dos lhos; pais ansiosos e hiperprotectores(diculdades de separao mtuas); doena mental ou sica

    dos pais (ex: pais incapazes de cuidar de si prprios, o quepode levar criana a ter receio de deixar os pais).

    Factores relacionados com a escola: insegurana/ violnciano meio escolar; diculdades de aprendizagem; situaes deconfito ou de humilhao com proessores e pares, podemuncionar como desencadeante em crianas mais vulnerveis.

    Interveno

    Atitude rme dos pais, escola e mdico que encorajem

    a criana a regressar escola o mais brevemente possvel.No entanto aconselhvel que o aa de orma gradual (orara permanncia na escola por perodos mais longos do que acriana inicialmente suporta pode comprometer o regresso).

    Articulao concertada pais/escola/mdico. Implica investi-gar e abordar em estreita colaborao os actores envolvidos.A criana deve participar activamente na criao de estratgiasque permitam o regresso escola.

    ReerenciaoOrientar para consulta de Pedopsiquiatria nos casos de recusaescolar persistente (superior a 2 semanas), associada a outrossintomas emocionais ou do comportamento ou quando a amliase mostra incapaz de lidar com a situao (ex: doena mental oudisuno amiliar grave).

    Prognstico

    Casos de menor gravidade resolvem-se com alguma rapidez.

    As situaes persistentes, que ocorrem sobretudo em crianasmais velhas com problemas emocionais graves, tendem a evoluirpara perturbaes da ansiedade na vida adulta.

    32 Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    34/54

    08.TENTATIVAS DE SUICDIOAspectos GeraisEntre os comportamentos auto-destrutivos englobam-se as ten-tativas de suicdio, que surgem com mais requncia na adoles-cncia.

    As tentativas de suicdio so trs vezes mais requentes nosexo eminino. No entanto, os suicdios consumados so duasvezes mais requentes no sexo masculino7.

    So requentemente desencadeadas por crises na relao comamiliares, namorados/ amigos ou por confitos no meio escolar.

    Factores de Risco7

    Isolamento social ou emocional do adolescente.Situaes de doena crnica somtica, abuso sexual, sico

    ou psicolgico.Patologia psiquitrica, particularmente Perturbaes doHumor (depresso, doena bipolar), Perturbaes Disruptivasdo Comportamento com predomnio de passagens ao acto im-pulsivas e Perturbaes Psicticas (menos requentes mas deelevado risco).

    Contacto recente com tentativa de suicdio.Tentativa(s) de suicdio anterior(es).Famlias com alto nvel de confitualidade ou existncia de

    doena psiquitrica nos pais; histria amiliar de suicdio.Comportamentos aditivos.

    Interveno4

    Aspectos a serem objecto de avaliao prioritria:

    Motivao/planeamento do acto: avaliar se houve inten-o de morte (ex: tentativa de ocultar o acto, encontrar-sesozinho no momento, no procurar ajuda posteriormente),existncia de nota prvia de suicdio, letalidade do mtodo

    usado.Verbalizao de inteno expressa de morte (antes ou

    depois da tentativa).

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes33

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    35/54

    Patologia mental da criana/adolescente (nomeadamentepresena de grande impulsividade, alteraes sbitas dohumor ou sintomas psicticos).

    Tratamento psiquitrico prvio e qual a resposta ao trata-mento.

    Patologia mental na amlia.Factores precipitantes (como perdas/ roturas aectivas

    recentes, situaes de humilhao).Rede de suporte (amiliar, escolar, servios da comuni-

    dade), de orma a possibilitar o desenvolvimento de umplano concertado de proteco criana/adolescente.

    Aconselhamento aos pais: vigilncia, remover o acesso ameios letais para o acto, inormao sobre sinais de risco paracomportamento suicida e sobre servios de urgncia ondepodem recorrer.

    Orientar para o Servio de Urgncia ou Consulta de Pedo-psiquiatria de acordo com a gravidade da situao, tendo emconta que a interveno prioritria assegurar a proteco dacriana / adolescente.

    Reerenciao

    Orientar para o Servio de Urgncia ou Consulta de Pedopsiquia-tria de acordo com a gravidade da situao, tendo em conta osndices de pior prognstico, que podem requerer interveno deurgncia, e que so:

    Planeamento do acto (com inteno de morte) e ausncia deactores desencadeantes externos.

    Verbalizao de inteno expressa de morrer.Uso de mtodo violento ou de elevada letalidade.

    Existncia de patologia mental (principalmente presena desintomas psicticos) na criana/adolescente ou na amlia.

    Associao com comportamentos aditivos, impulsividade,isolamento social, alteraes sbitas do humor.

    Tentativas de suicdio anteriores.

    Prognstico

    Existe possibilidade de recidiva da tentativa de suicdio nos casoscom ndices de pior prognstico.

    34 Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    36/54

    09.PERTURBAES DE EXPRESSO SOMTICA

    9.1.PERTURBAES DO SONO

    Aspectos Gerais

    Grupo de perturbaes cuja queixa undamental consiste na di-culdade em iniciar ou manter o sono.

    Inclui situaes de insnia, terrores nocturnos, sonambulismo,somnilquia, ritmias do sono e pesadelos, entre outras.

    Factores de Risco7

    Crianas com diculdades de separao.Factores de stress / mudanas do meio amiliar que provo-

    quem sentimento de insegurana na criana.Acontecimentos perinatais adversos.Diculdades regulatrias do processamento sensorial.

    Interveno

    Regularizao dos horrios do sono e de outras rotinasdirias (insistir com os pais na importncia da consistncia).

    Incentivar a criana a adormecer sozinha e em quarto prprio.

    No entanto, os bebs (nos primeiros dois anos de vida) podemter necessidades particulares, nomeadamente de regular osono atravs de uma maior proximidade sica com os pais.

    Organizao de rotinas de adormecimento, criando umambiente tranquilo e evitando momentos de excitabilidade//hiperestimulao no momento de deitar (ex: ler uma histria,deixar a porta do quarto da criana ligeiramente aberta, luz depresena acesa).

    Incentivar o estabelecimento de limites (ex: no prolongar

    excessivamente o momento do adormecer).O uso de objectos transicionais (peluche, cobertor) pode

    ajudar a criana a tranquilizar-se. No usar o bibero paraadormecer a criana.

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes35

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    37/54

    As estratgias tm que ser discutidas com os pais e avaliadaa sua eccia uma vez que nem todas so teraputicas parauma determinada criana ou amlia.

    A medicao s tem indicao em situaes especcas, nodevendo ser prescrita como rotina.

    Reerenciao

    Orientar para a consulta de Pedopsiquiatria apenas quando:

    As medidas acima reeridas no resultam (sintomas requen-tes e persistentes);

    Existe associao com outros sintomas psicopatolgicos;

    Existem diculdades acentuadas na capacidade dos pais delidar com a situao.

    Prognstico

    Geralmente transitrias, so requentes e normais entre os 2 e os

    5 anos de idade.Melhoria signicativa com interveno adequada.

    9.2.PERTURBAES ALIMENTARES

    PERTURBAES ALIMENTARES PRECOCES

    Aspectos Gerais

    Situaes requentes na criana pequena: recusa do peitoou bibero, diculdade em aceitar a diversicao alimentar,recusa alimentar com queixas de alta de interesse pela comidaou presena de peculiaridades alimentares.

    Muitas vezes as reeies decorrem num clima de grande

    tenso, com birras intensas, vmitos e choro.Alguns sintomas, nomeadamente as queixas de alta de ape-tite, correspondem por vezes a expectativas parentais excessivasem relao s necessidades da criana.

    36 Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    38/54

    Factores de Risco7

    Temperamento dicil da criana.

    Atraso do crescimento ou do desenvolvimento; problemasgastrointestinais.

    Perturbao da relao me-criana (pode ser consequnciae no causa).

    Depresso materna.

    Diculdades regulatrias do processamento sensorial.

    Interveno7

    Avaliao do crescimento e estado nutricional da criana.

    Excluir patologia orgnica.

    Avaliao do estado mental da me.

    Se possvel, avaliar a interaco me-criana durante a situa-o alimentar.

    Aconselhamento dos pais no sentido de diminuir a ansiedadeem torno da alimentao. importante regularizar os horriosdas reeies, no permitir que estas se prolonguem excessi-vamente, no orar excessivamente a criana (respeitar o seuritmo e caractersticas individuais), no confitualizar a situa-o alimentar (atitude emocionalmente neutra dos pais).

    Reerenciao

    Orientar para a consulta de Pedopsiquiatria quando:

    As medidas acima reeridas no resultam ou os sintomas sorequentes, graves e persistentes (> de 3 meses).

    Associao com outros sintomas psicopatolgicos.

    Diculdades acentuadas na capacidade dos pais de lidarcom a situao ou perturbao grave da relao pais-criana.

    Perturbaes alimentares graves com cruzamento de percen-tis e sem causa orgnica aparente.

    Prognstico

    Frequentemente transitrias e relacionadas com ases do desen-volvimento ou diculdades na relao me-criana.Nos casos mais graves as diculdades podem persistir, por

    vezes associadas a outros sintomas psicopatolgicos.

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes3

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    39/54

    PERTURBAES ALIMENTARES DA SEGUNDA INFNCIA EADOLESCNCIA

    Aspectos Gerais

    Perturbaes caracterizadas por hbitos alimentares particula-res: restrio ou excesso alimentar, mau equilbrio nutricional,caprichos alimentares.

    Ao longo da inncia so relativamente requentes pero-

    dos de alteraes do comportamento alimentar, com recusa naingesto de alimentos ou na autonomia alimentar, em geral asso-ciados a diculdades nas relaes com os amiliares prximos.A interveno deve ser eita sobretudo junto dos pais no sentidode estimular a autonomia dos lhos e evitar a confitualidade querequentemente est associada s reeies.

    Dentro das perturbaes do comportamento alimentar, esobretudo na adolescncia, destacam-se dois quadros clnicos,pela sua potencial gravidade.

    Anorexia nervosa8:Restrio progressiva da ingesto, receio em ganhar peso.Dietas rgidas e excessivas, por vezes associadas a vmi-

    tos, uso de laxantes e diurticos.Alterao da imagem corporal.Amenorreia.

    Bulimia Nervosa 8:

    Episdios recorrentes de ingesto alimentar compulsiva

    (mnimo de 2 vezes por semana durante 3 meses) asso-ciados a comportamentos compensatrios para impediro ganho de peso (vmitos, uso de laxantes, diurticos).

    Factores de Risco 7

    Contacto ou desejo de pertencer a grupos onde exista umideal de magreza (bailarinas, modelos).

    Grande preocupao com a aparncia.

    Traos obsessivos de personalidade.

    Histria amiliar de anorexia nervosa.

    38 Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    40/54

    Interveno7

    Avaliao mdica e excluso de causas orgnicas. Deve in-cluir: exame sico, exames laboratoriais e electrocardiograma.

    Avaliao da dinmica das relaes intra-amiliares.

    Avaliao do humor e das atitudes ace a: autonomia, sexua-lidade, peso e orma corporal, motivao para a mudana.

    Atitude rme em relao ao ganho de peso, com metas eobjectivos a atingir semanalmente.

    Participao activa da amlia no processo teraputico.

    Reerenciao

    Orientar para consultas de Pedopsiquiatria e Pediatria//Endocrinologia no caso das medidas anteriores se revelareminecazes.

    Reerenciao urgente ou internamento se 4:Perda de peso rpida (> 30% em 6 meses) ou desnutrio

    grave;Complicaes mdicas agudas (ex: disritmias cardacas,alteraes electrolticas graves);

    Ciclos ininterruptos de ingesto alimentar compulsiva(binge eating), vmitos/uso de laxantes e restrio alimen-tar;

    Situaes mdicas coexistentes no controladas (ex: Dia-betes mellitus );

    Depresso grave, ideao suicida ou associao comoutros sintomas psicopatolgicos graves, em particular sin-

    tomas psicticos.

    Prognstico

    Nos casos de Anorexia Nervosa cerca de 1/3 recupera comple-tamente, 1/3 mantm um peso razovel mas continua a apresen-tar preocupao excessiva com a aparncia e diculdades relacio-nais, 1/3 nunca consegue atingir um peso satisatrio e mantmgraves perturbaes da personalidade 7. As perturbaes gravesda personalidade esto tambm requentemente associadas Bulimia Nervosa.

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes39

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    41/54

    9.3.ENURESE

    Aspectos Gerais

    Incapacidade de controlar o esncter vesical aps os 5 anos (mni-mo de 2 episdios semanais durante 3 meses consecutivos).

    mais requente no sexo masculino; em muitos casos existe

    histria amiliar.Existem vrios subtipos: primria versus secundria; em rela-

    o ao ritmo nictemeral pode ser nocturna, diurna ou ambas.O subtipo mais requente a enurese nocturna primria; a enu-rese secundria requentemente psicognica e est associada aactores desencadeantes.

    Factores de Risco7

    Imaturidade vesical.

    Ineces do tracto urogenital, outras alteraes renais ouneurolgicas.

    Factores de stress / mudanas no meio amiliar (ex: nasci-mento de um irmo, perda de algum prximo, entrada para aescola) ou situaes que resultem em treino vesical inconsis-tente ou coercivo.

    Histria amiliar de enurese.

    Interveno11

    Avaliao mdica e excluso de causas orgnicas. Podeincluir: exame microscpico e bacteriolgico da urina (rotina)e outros exames urolgicos caso se veriquem queixas urinri-as, enurese diurna ou sinais de ineco na urina assptica.

    Diminuir a ingesto de lquidos noite.

    Ir ao WC antes de deitar.

    Valorizar as noites secas.

    Evitar os castigos.

    A medicao a utilizar depende da avaliao da situao.Pode ser ponderado o uso de alarme sonoro para a enuresenocturna primria.

    40 Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    42/54

    Reerenciao

    Se houver suspeitas de organicidade pode ser necessrioorientar para consulta de Pediatria.

    Se a enurese or persistente ou se estiver associada aproblemas emocionais ou do comportamento pode sernecessrio orientar para consulta de Pedopsiquiatria.

    Prognstico

    Tende a desaparecer ao longo do desenvolvimento.

    9.4.ENCOPRESE

    Aspectos GeraisPerturbao do controle do esncter anal aps os 4 anos (pelomenos um episdio por ms durante um mnimo de 3 meses).

    Factores de Risco 12:

    Problemas durante a aquisio do controle de esncteres.

    Problemas emocionais e amiliares.

    Diculdade em lidar com a agressividade.

    Interveno

    Avaliao mdica e excluso de causas orgnicas.

    Medidas educativas (regularizar evacuao, tratar obsti-pao).

    Reerenciao

    Orientar para consulta de Pediatria no caso das medidasanteriores se revelarem inecazes.

    Orientar para consulta de Pedopsiquiatria se a encopresepersistir ou se estiver associada a outros problemas emo-cionais ou do comportamento ou a disuno amiliar grave.

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes41

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    43/54

    Prognstico

    Evoluo lenta; habitualmente desaparece na adolescncia.

    10.PERTURBAES PSICTICAS

    Aspectos Gerais

    Grupo de patologias caracterizadas pela existncia de rotura coma realidade, perturbao da comunicao com o mundo exterior eda apetncia aectiva para se relacionar com o outro.

    Perturbao invasiva de vrias reas do uncionamento mentale do desenvolvimento (aectiva, cognitiva, social).

    Grande variabilidade semiolgica dependendo do tipo dequadro e da idade de incio:

    Crises de angstia catastrca ace separao/mudanaou sem desencadeante aparente.

    Grande intolerncia rustrao.

    Diculdade nas interaces sociais, desconana, isolamen-to relacional.

    Instabilidade psicomotora acentuada com passagens ao acto

    agressivas.Ideias e comportamentos bizarros (com medos irracionais

    intensos, comportamentos obsessivos invasivos).

    Sintomas produtivos (alucinaes, ideias delirantes).

    Conuso entre antasia e realidade.

    Factores de Risco

    Factores genticos/amiliares.

    Consumo de drogas.Desarmonia entre as vrias reas do desenvolvimento psico-motor (linguagem, motricidade, cognio, aectiva).

    42 Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    44/54

    Interveno

    Avaliao mdica e excluso de causas orgnicas (epilepsia,leso expansiva intracraniana, patologia inecciosa), principal-mente se incio sbito ou associado a sintomas neurolgicos.

    Suporte scio-amiliar e articulao com a escola.

    Reerenciao

    Orientar para consulta de Pedopsiquiatria o mais precocemente

    possvel para diagnstico e interveno teraputica.

    Prognstico

    Incerto quanto evoluo utura.As psicoses de incio precoce correm o risco de evoluir para

    quadros decitrios.Nas psicoses com incio na adolescncia h maior probabili-

    dade de recidivas dos episdios psicticos.Os casos de melhor prognstico so aqueles em que existe 7:

    Personalidade pr-mrbida normal.

    Incio ps-pubertrio.

    Bom nvel intelectual.

    11.PERTURBAES DO ESPECTRO DO AUTISMO

    Aspectos Gerais

    Perturbaes globais do desenvolvimento que se caracterizampor uma alterao da capacidade de comunicar e de se relacionarcom o outro. Incluem o autismo e outras perturbaes da relaoe da comunicao de gravidade e evoluo muito diversas.

    As maniestaes clnicas evidenciam-se antes dos 3 anos deidade e podem incluir graus variveis de 8:

    Dce nas interaces sociais: alta de reciprocidade social

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes43

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    45/54

    (ex: no partilham brincadeiras), evitamento do olhar.

    Perturbao da comunicao (ex: ausncia ou atraso delinguagem, ecollia ou outras bizarrias da linguagem).

    Interesses restritos, esteriotipias motoras.

    Alteraes do processamento e reactividade sensorial.

    Desorganizao do comportamento perante a alteraomnima das rotinas ou do meio, com crises de hetero e auto-agressividade.

    Os pais podem inicialmente pensar que a criana surda 4.

    Factores de Risco

    Factores genticos.

    Factores neurobiolgicos.

    A diculdade dos pais em adaptar o seu estilo interactivo smodalidades relacionais e padres de reactividade particula-

    res da criana com autismo pode levar a um agravamento doquadro.

    Interveno

    Importante azer diagnstico dierencial com situaes desurdez e atraso do desenvolvimento da linguagem.

    A criana com autismo necessita de uma avaliao especiali-zada e compreensiva e de programas de interveno espec-cos, pelo que a reerenciao deve ser eectuada com a maior

    brevidade possvel.

    Reerenciao

    Orientar para consulta de Pedopsiquiatria para diagnstico einterveno teraputica.

    Orientar para consulta de Pediatria do Desenvolvimento sehouver necessidade de diagnstico dierencial com outraspatologias do desenvolvimento ou neurolgicas.

    PrognsticoA aquisio da ala e um nvel cognitivo normal/alto so indica-dores de um melhor prognstico.

    44 Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    46/54

    A interveno adequada e atempada pode conduzir a melhoria doquadro.

    12.SITUAES PARTICULARES

    As situaes de negligncia, maus-tratos, abuso sexual ououtras que exijam uma proteco imediata da criana/adoles-cente devem ser reerenciadas com a maior brevidade possvelao Ncleo de Apoio a Crianas e Jovens em Risco (NACJR) do Cen-tro de Sade respectivo, Comisso de Proteco de Crianas e

    Jovens (CPCJ) da rea ou directamente ao Tribunal de Menores.

    A reerenciao consulta de Pedopsiquiatria, emborarequentemente necessria, nunca uma medida de 1 linha, sen-do a prioridade assegurar a proteco da criana atravs, no sda sinalizao adequada do caso, como pela interveno da redede suporte amiliar e social.

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica

    III

    Patologias Mais Relevantes45

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    47/54

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    48/54

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    (1) Relatrio Mundial da Sade 2001. Sade Mental: Nova Compreen-so, Nova Esperana. Ed. Ministrio da Sade, 2001.

    (2) U.S. Department o Health and Human Services. Mental Health: AReport o the Surgeon General. Rockville, MD: U.S. Department o Healthand Human Services, Substance Abuse and Mental Health Services Ad-ministration, Center or Mental Health Services, National Institutes o

    Health, National Institute o Mental Health, 1999.(3) Turk J Graham, Ph., Verhulst FC (Ed.). Child Psychiatry a Develop-mental Approach, 4. Edition. Oxord Universitary Press, USA, 2007.

    (4) Kaye, D. L., Montgomery M. & Munson S. W. (Eds.). Child and Ado-lescent Mental Health. Lippincott Williams and Wilkins, Philadelphia,2002.

    (5)AACAP (American Academy o Child and Adolescent Psychiatry). Be-ing prepared, Know When to Seek Help or Your Child, Facts or Fami-lies, No. 24, 9/99.

    (6) World Health Organization. The ICD-10 classifcation o mental andbehavioural disorders: Clinical descriptions and diagnostic guidelines.Geneva: World Health Organization, 1992.

    (7) Hughes, T., Garralda M. E. & Tylee A. Child Mental Health Problems A Booklet on Child Psychiatry Problems or General Practicioners. ST.Marys C A P, London, 1995.

    (8) American Psychiatric Association. DSM-IV. Diagnostic and Statisti-cal Manual o Mental Disorders. 4th. Edition. Washington, DC: AmericanPsychiatric Association Press, 1994.

    (9)AACAP (American Academy o Child and Adolescent Psychiatry). The

    anxious child, Facts or Families, n47, 2000.(10) AACAP (American Academy o Child and Adolescent Psychiatry).

    The depressed child, Facts or Families, n 8, 1998.(11) AACAP (American Academy o Child and Adolescent Psychiatry).

    Enuresis, Facts or Families, n 18, 2002.(12) AACAP (American Academy o Child and Adolescent Psychiatry).

    Problems with soiling and bowel control, Facts or Families, n 48,2000.

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica Reerncias Bibliogrfcas

    4

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    49/54

    STIOS A CONSULTAR NA INTERNET

    www.appia.com.pt

    www.aacap.org

    www.rcpsych.ac.uk/mhgu/ (mental health and growing up actsheets or parents and teachers)

    www.zerotothree.org

    www.who.int/mental_health/en/. Caring or children and adoles-cents with mental disorders. Setting WHO directions.

    48 Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica Stios a Consultar na Internet

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    50/54

    Sade Mental Inantil e Juvenil nos Cuidados de Sade PrimriosRecomendaes para a Prtica Clnica Anexo

    49

    AVALIAO E ENCAMINHAMENTO DE CRIANAS COMDIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E OUTROS PROBLEMASASSOCIADOS

    Avaliao da criana peloMdico de Famlia

    (incluindo avaliaoscio-amiliar e

    inormao escolar)

    Equipas ligadas aosApoios Educativos e Ensino

    Especial(Avaliao psicopedaggica

    e implementao de medidaseducativas apropriadas)

    Rastreio de condiessociais e escolares

    desavorveis

    Rastreio depsicopatologia

    (Perturbaes disrup-tivas do comporta-

    mento, da ansiedade, dohumor, perturbaes da

    adaptao e pertur-baes globais dodesenvolvimento )

    Psiquiatria daInfncia e da

    Adolescncia

    Rastreio depatologia orgnica

    (Dce senso-rial, sndrome gentica,

    doena neurolgica,endocrinopatias, outras

    alteraes)

    Rastreio de pertur-baes do desen-volvimento cognitivo,

    da linguagem e damotricidade e de per-turbaes especfcas

    da aprendizagem

    (leitura, escrita, clculo)

    Colaborao dasEspecialidades

    Mdicas implicadas

    (Pediatria, ORL, Fisiatria,Otalmologia,

    Neuropediatria,Gentica...)

    Encaminhamentodirecto ou atravs domdico especialistapara outros Tcnicosde Educao e Sade

    (Psicologia, Terapia daFala, Terapia Ocupacio-nal, Psicomotricidade)

    Servio Social,Comisso de Proteco

    de Crianas e Jovens,outros organismos

    +

    Difculdades deAprendizagem

    Outros ProblemasAssociados

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    51/54

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    52/54

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    53/54

  • 8/3/2019 Saude Mental Infantil

    54/54