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Kriyás, as purificações orgânicas Se você acha que limpar o corpo é tomar um banho ou escovar os dentes. Este capítulo será revelador para você. A limpeza do corpo quando pensamos em kriyá, vai além da noção de higiene externa pura e simples. Kriyá significa literalmente atividade, e são exercícios de purificação do Prakriti Yoga. Exercícios praticados a milhares de anos antes mesmo do surgimento de diversos yogas da atualidade: Kundalini Yoga, Bikram Yoga, Kriya Yoga, vale resaltar em não confundir este último que apesar do mesmo nome não tem ligação, trata-se apenas de uma modalidade contemporânea com o mesmo nome das técnicas milenares. De acordo com o Hatha Yoga Pradipika um dos principais textos sobre Hatha Yoga, escrito pelo Mestre Svatmarama e datado do século 15. Nele são descritos o shat karma (as seis ações) que consiste num conjunto de técnicas de purificação: kapálabháti, trátaka, nauli, neti, dhauti e vasti. Kapálabháti, trátaka, nauli, neti, dhauti e vasti além de purificar o organismo, trabalham também o fluxo de energia e consequentemente os pensamentos. Eles atuam na parte interna do corpo, purificando e equilibrando os elementos terra, água, fogo, ar, éter. Da correta interação entre os cinco elementos surgem os três humores: vata (ar e espaço), pitta (fogo) e kapha (água e terra). O equilíbrio dos doshas possibilita o correto funcionamento fisiológico. Quando um deles se desequilibra acontecem as doenças. Os Kriyás consistem em uma verdadeira arte de limpar o corpo, por dentro e por fora. Estas técnicas nos auxiliam no processo de reequilibrar os humores corporais. Atuam profundamente no corpo físico e também com reflexos significativos nas emoções, pensamentos e comportamento. As técnicas de purificação orgânicas mais importantes são o shat karma e o shanka prakshálana. O shanka prakshálana trata-se de uma lavagem do trato digestivo e intestinal.

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Kriyás, as purificações orgânicas Se você acha que limpar o corpo é tomar um banho ou escovar os

dentes. Este capítulo será revelador para você. A limpeza do corpo quando pensamos em kriyá, vai além da noção de higiene externa pura e simples. Kriyá significa literalmente atividade, e são exercícios de purificação do Prakriti Yoga. Exercícios praticados a milhares de anos antes mesmo do surgimento de diversos yogas da atualidade: Kundalini Yoga, Bikram Yoga, Kriya Yoga, vale resaltar em não confundir este último que apesar do mesmo nome não tem ligação, trata-se apenas de uma modalidade contemporânea com o mesmo nome das técnicas milenares.

De acordo com o Hatha Yoga Pradipika um dos principais textos sobre Hatha Yoga, escrito pelo Mestre Svatmarama e datado do século 15. Nele são descritos o shat karma (as seis ações) que consiste num conjunto de técnicas de purificação: kapálabháti, trátaka, nauli, neti, dhauti e vasti.

Kapálabháti, trátaka, nauli, neti, dhauti e vasti além de purificar o organismo, trabalham também o fluxo de energia e consequentemente os pensamentos. Eles atuam na parte interna do corpo, purificando e equilibrando os elementos terra, água, fogo, ar, éter. Da correta interação entre os cinco elementos surgem os três humores: vata (ar e espaço), pitta (fogo) e kapha (água e terra). O equilíbrio dos doshas possibilita o correto funcionamento fisiológico. Quando um deles se desequilibra acontecem as doenças.

Os Kriyás consistem em uma verdadeira arte de limpar o corpo, por dentro e por fora. Estas técnicas nos auxiliam no processo de reequilibrar os humores corporais. Atuam profundamente no corpo físico e também com reflexos significativos nas emoções, pensamentos e comportamento.

As técnicas de purificação orgânicas mais importantes são o shat karma e o shanka prakshálana.

O shanka prakshálana trata-se de uma lavagem do trato digestivo e intestinal.

Saúde intestinal

A medicina oriental há milhares de anos já havia feito a ligaçao do bom funcionamento dos intestinos com a saúde geral do corpo e principalmente com o cérebro.

Posso confirmar que temos um cérebro real dentro de nossas barrigas e sua função neuronal é muito parecida com a atividade do cérebro da cabeça. O sistema digestivo tem uma extensa rede de neurônios. A estrutura dos neurônios digestivos é totalmente idêntica à estrutura dos neurônios cerebrais e eles têm a capacidade de liberar os mesmos neurotransmissores, hormônios e moléculas químicas. O sistema nervoso entérico (SNE) ou nosso segundo cérebro. O Dr. Michael Gershon, Professor e diretor do departamento de anatomia e biologia celular da Universidade de Columbia conseguiu confirmar que nosso sistema nervoso digestivo tem sua própria atividade cerebral e inteligência. Seu ensaio, publicado em 1999, de acordo com os novos dados, o

número de neurônios que estão localizados na rede do intestino é nada menos que 100 milhões. Representa um número consideravelmente maior que os neurônios da medula espinhal. Ele é responsável pela produção e armazenamento de neurotransmissores idênticos aos encontrados no sistema nervoso central (SNC), tais como a acetilcolina, a dopamina e a serotonina. Essas substâncias regulam nosso humor, bem-estar emocional e psicológico e são um grupo de substâncias essenciais para a comunicação adequada entre os neurônios e o sistema de vigilância. A presença de uma tão grande variedade de neurotransmissores em nossas entranhas é uma referência clara e evidente da complexidade e da riqueza da linguagem digestiva e sua capacidade de desempenhar as funções neurais e expressar suas próprias emoções. Gershon revelou que 90% da serotonina (o famoso hormônio da felicidade e bem-estar do corpo) ocorre e é armazenado no intestino. Lá, regulando peristálticas movimentos e transmissão sensorial. E apenas 10 por cento restantes de serotonina do corpo é sintetizado nos neurônios do sistema nervoso central, ou seja, no cérebro superior. Esta quantidade mínima de serotonina cerebral tem uma importância vital para o ser humano, cumpre diferentes funções, tais como regular o humor com relação à sensação de calma e bem-estar, sono, apetite, contração muscular e está envolvida na cognitiva e funções de aprendizagem e memória. Depois de um longo desenvolvimento, o sistema nervoso entérico se transformou em algo muito maior que uma relíquia dos nossos antepassados é um moderno sistema que fornece-nos funções altamente complexas e vitais sem fazer algum esforço mental ou o controle sobre seu trabalho.

Para que o cérebro intestinal não adquira muitos compromissos: temos que tratar e ter cuidados de longo prazo para recuperar sua saúde e seu equilíbrio interno ou para mante-los. Para muitas pessoas é já muito claro que com stress, tensão, tarefas e responsabilidades sem fim cansará o corpo e a mente até começarem a falhar (sobretudo o digestivo e o psicológico). Como um bom amigo parte do cérebro intestinal, assume e assimila as emoções e os problemas que estão no irmão superior. Temos influência emocional em ambos os sentidos: terrível medo, trauma ou uma situação de forte stress emocional pode causar vômitos ou diarreia ou corte na digestão completamente. Um sentimento de solidão, uma frustração sentimental, baixa auto-estima são estados psicológicos que influenciam o metabolismo e os processos digestivos complexos. Eles podem causar falta de apetite, aversão e indiferença, uma digestão lenta e irritante. Embora seja mais frequente que este a crônica falta de felicidade é revelada com uma fotografia de ansiedade e comportamento compulsivo em relação a comida aparecendo necessidade de comer fora de controle nas horas críticas que são a média tarde e noite. A forma compulsiva e descontrolada de comer (e especialmente hidratos de carbono) causa uma rápida liberação de hormônios e substâncias químicas em ambos os cérebros, que induz uma sensação transitória de bem-estar e satisfação com tudo. No entanto, em um curto período, este mecanismo neural é esgotado e o sistema digestivo começa a "gritar em protesto" sobre esse abuso com comida e tudo isso vem acompanhado com um sentimento de culpa. Continuamos com alguns exemplos de comunicação entre os dois cérebros. A constipação pode fazer você sentir que sua vida é pesada. A constipação crônica nos torna pessimista, sarcástico, baixa libido e limitação da vida sexual. É isso mesmo. Um estado de obstipação, seja por uma razão ou outra, pode ser uma falta de

serotonina (ou uma baixa sensibilidade para este hormônio) produzida pelos neurônios no cérebro do intestino. Isto limita a motilidade gastrointestinal muscular e por sua vez leva a uma falta de emoções positivas. Por outro lado, o lento trânsito intestinal aumenta a sobrecarga tóxica do corpo.

Agora sabemos que temos um cérebro intestinal que produz um mar de serotonina: 90 por cento deste hormônio de felicidade e bem-estar. Como tirar proveito disso e usar este recurso valioso para a saúde digestiva e mental?

O bolo fecal deve percorer o intestino numa velocidade ideal. Qualquer alteração física ou mental se reflete na aceleração ou desaceleração dos movimentos peristálticos – diarréia ou constipação.

A diarreia pode fazer o individuo perder 4 vezes ou mais água que em condições normais. Juntamente com a água na diarreia perdem-se sais minerais como o sódio e o potássio e valências alcalinas ocasionando abaixamento do pH sanguíneo e o desequilíbrio ácido-alcalino. Além disso um transito intestinal acelerado levará à má nutrição, baixa absorção de nutrientes e perda da flora intestinal.

A constipação gerará excessiva Fermentação e putrefação do bolo alimentar, Intoxicação do organismo, aumento das bactérias patogenicas, Humor enfezado, Ressecamento e acúmulo de fezes nas paredes do intestino, reduzindo a absorção dos nutrientes

O que acontece é que 90% da serotonina é produzida pelos intestinos ou seja o intestino é fundamental na formação da serotonina. Por isso nós temos que garantir que matérias-primas de primeira qualidade sejam entregues a ele através de uma alimentação saudável.

A serotonina é a precursora da melatonina que está ligada também ao DMT, hormônios produzidos pela glândula pineal, conhecida principalmente por regular o sono, mas também ligada aos estados meditativos e de expansão da consciencia.

As descobertas recentes mostram que ambas são secretadas pelas glândulas dos intestinos, e não apenas pela pineal. A boa alimentação e a higienização dos intestinos também são essenciais à prevenção e à reversão dos quadros de distúrbios emocionais e problemas mentais. 

Shat Karma

1-Kapálabháti Vata krama Inspiração profunda, expiração vigorosa

Váma krama Respiração alternada e vigorosa

Vyut krama Absorvendo água pelo nariz

Shít krama Absorvendo água pela boca

2-Trátaka Antaranga InternoBahiranga Externo

3-Nauli Dakshinah Sentido horárioVámah Sentido anti-horárioMadhyama Isolamento ao centro

4- Neti Sutra Utilizando o cordãoJala Utilizando águaDugdha Utilizando leiteGhrita Utilizando ghee

5- Dhauti Antar(interna) Agnisára (purificação abdominal)Bahistrika (lavagem do reto)Várisára (com água)Várisára (com ar)

Danta(limpeza dos dentes e dos órgãos dos sentidos)

Chaksu (lavagem dos olhos)Danta (limpeza dos dentes)Danta mula (raiz dos dentes)Jhiva (limpeza da língua)Kapálarandhra (dos seios frontais)Karna (limpeza dos ouvidos)

Hrid Limpeza do coraçãoMula shodana Retal

6- Vasti Jala Lavagem intestinal com águaSthala Usando ar

KAPÁLABHÁTI

Kapála crânio, bháti brilhante; crânio brilhante, este nome vem do surgimento de pontos de luz e da sensação de brilho, luz que se tem ao fazê-lo. O kapálabháti envia uma carga extra de energia para o cérebro, baixa a quantidade de CO2 do sangue e com isso aumenta a quantidade de O2 disponível o que causa a sensação de brilho. Esta técnica proporciona uma limpeza total das vias respiratórias.

Devido à hiperoxigenação causada pelo exercício, ele deve ser preferencialmente ser realizado sentado. Muitas vezes pode-se sentir tontura ao fazê-lo.

O Hatha Yoga Pradipika descreve a variação vatakrama:Realizar rechaka (expiração) e puraka (inspiração) rapidamente. Isso é

chamado de Kapalabhati, e destrói as doenças fleumáticas.É aconselhável utilizar um lenço debaixo das narinas, para reter nele o

excesso de mucosidade que será expelido durante o exercício.O kapálabháti limpa as vias respiratórias, tonifica e fortalece a

musculatura diafragmática, além de toda musculatura respiratória, gera uma diminuição do gás carbônico circulante no corpo, propiciando uma capacidade à hiperoxigenação o que é eficaz para eliminar estados depressivos. Também auxilia muito quem precisa de raciocínio rápido. Proporciona excelente oxigenação cerebral, limpando e purificando os pulmões e revigorando os órgãos. Produz um certo estado de euforia, aumenta a confiança em si próprio e a capacidade de controlar a mente. Desperta as faculdades sutis da percepção.

No Gheranda Samhita são descritas três formas de kapálabháti.Váma-krama 1:56. Inspira-se suavemente pelo orifício esquerdo do nariz

e expira-se rapidamente pelo direito. Em seguida, inspira-se pelo direito e expira-se pelo esquerdo.

1:57. Esta prática deve ser feita sem esforço. Com ela eliminam-se as desordens produzidas pelo muco (kapha).

Vyut-krama 1:58. Absorver água por ambas as narinas e expeli-la lentamente pela boca. Vyut-krama elimina as desordens produzidas pelo muco (kapha).

Shít-krama 1:59. Absorver água pela boca e expeli-la lentamente pelas duas narinas.

1:60. Diminuem os efeitos da velhice e a degeneração se torna lenta. O corpo torna-se são e flexível. As desordens devido ao muco são eliminadas.

Observe que nos textos antigos existe essa referencia à diminuição do muco e melhora na qualidade de vida. O muco é importante nos processos respiratórios pois ele auxilia na filtragem e eliminação de toxinas, mas caso esteja em desordem ao inves de eliminar ele poderá gerar uma retenção das toxinas.

TRÁTAKA

Trátaka é a limpeza dos canais lacrimais e dos globos oculares de modo geral. Ele também é um ótimo treinamento para melhorar a visão. Desenvolve a força de vontade e abre o ajna chakra. O treino regular do trátaka aumenta o campo de visão, tendo atuação muito rápida na redução de astigmatismo, hipermetropia e miopia. Trataka limpa e tonifica os músculos e nervos ópticos, além de descansar a visão. Devido à sua atuação no ajna chakra ele favorece a intuição e a meditação, podendo ser utilizados como kriyá ou como exercício de dhárana. Basicamente os diferentes tipos de trátaka consistem em fixar firmemente o olhar em um ponto ou em fazer certos movimentos de rotação, alongando músculos e nervos oculares. Existem dois tipos de trátaka:

Bahiranga trátaka, externo, que trata-se da fixação do olhar em algum ponto externo, um objeto, uma flor, uma árvore, uma folha, um yantra, a chama de uma vela, a foto do Mestre, uma estrela, em um dia de céu bem azul olha-lo infinitamente, olhar o sol poente ou nascente (deve-se tomar cuidado para não permanecer muito tempo com sol muito forte), o exercício deve ser realizado sem piscar, até lacrimejar.

Outra forma de se realizar o bahiranga trátaka, estando sentado em qualquer dhyanásana, estenda seu braço direito à frente com a mão fechada e o dedo polegar estendido voltado para cima. Fixe o olhar na ponta do polegar e mantendo a cabeça voltada para frente leve o braço para o lado direito, deslocando-o muito lentamente primeiro para o lado, depois para cima e por fim para baixo, acompanhando o dedo com os olhos. Repita o mesmo para o outro lado.

Podem ser realizados movimentos circulares, trazer o polegar até a ponta do nariz, até o ponto entre os olhos e também no intercílio.

A movimentação dos olhos também pode ser feita sem o auxilio do polegar.

Para finalizar, atrite as palmas das mãos uma na outra até esquenta-las, então aproxime-as dos olhos sentindo a transmissão da energia, visualizando-os em perfeitas condições funcionamento.

Antaranga trátaka é um exercício interno, que envolve visualização. Imagina-se qualquer objeto, símbolo ou yantra dentro da cabeça, na altura do intercílio, buscando a visão nítida da mesma forma que se conseguiria com os olhos abertos.

NAULI

Limpeza dos intestinos e dos órgãos abdominais por massageamento. Consiste no isolamento do músculo reto abdominal, onde cria-se uma pressão negativa (vácuo) dentro do corpo. Para isso deve-se sugar ao máximo o diafragma para cima, expandir as costelas para fora ao mesmo tempo em que se faz um movimento ondulante com a musculatura abdominal. Deve ser feito em shunyaka (com os pulmões vazios).

Quando a musculatura abominal é isolada no lado direito o exercício recebe o nome de dakshinah nauli. Quando a musculatura abominal é isolada no lado esquerdo o exercício recebe o nome de vámah nauli. Ao isolar-se os músculos ao centro, temos o madhyama nauli.

Caso estejamos fazendo de forma dinâmica ao gira em sentido horário o nome é dakshinah nauli. Ao girar em sentido anti-horário, chama-se vámah nauli.

Como fazer nauli kriyá: Em pé com os pés paralelos e separados de dois a três palmos seguindo aproximadamente a distância dos ombros, com os joelhos levemente flexionados apóie as mãos sobre as coxas com os dedos voltados para dentro, inclinando-se um pouco à frente.

Expire profundamente e puxe ao máximo a parede abdominal para dentro e para cima, mas sem contrai-la, mantenha as costelas para fora e mantando-as assim projete o músculo reto abdominal à frente. Apenas a parte central do abdomen.Ao isolar este músculo no centro estará fazendo madhyama nauli. Depois transfira então o apoio do tronco para o braço direito, mantendo a projeção do abdômen mas agora para esse lado. Em seguida mude o apoio, deslocando-o para a esquerda.

Quando tiver entendido o processo de isolar a musculatura passe para o movimento: expire e puxe bem o abdômen, transfira então o apoio do tronco para o braço direito, projetando o reto abdominal para esse lado. Em seguida equilibre o apoio para isolar ao centro, depois mude o apoio deslocando-o para a esquerda e por fim tire o apoio puxando o abdômen novamente para dentro, continue provocando um movimento ondulante e girando o reto abdominal para ambos os lados.

Faça dakshinah nauli em sentido horário, deslocando o reto abdominal para a direita, para o centro, para a esquerda e para dentro, promovendo com isso uma massagem nos órgãos internos. Repita essa movimentação o número de vezes que conseguir, mantendo os pulmões vazios. Precisando inspirar, cesse o exercício e reinicie-o até completar um mínimo de cento e oito giros. Ao término faça o vámah nauli kriyá em sentido anti-horário: para a esquerda, ao centro, para a direita e para dentro, cento e oito giros.

NETI

Neti kriyá é a atividade de purificação das mucosas nasais, são elas: jala neti, que se faz com água, sútra neti, que se faz usando um cordão, dugdha neti, com leite, ghrita neti, na qual usa-se ghee, manteiga (indiana) clarificada.

O neti kriyá limpa as narinas, elimina o excesso de mucosidade acumulado nos seios nasais e frontais, estimula o ájña chakra e desenvolve a clarividência, é ótimo contra males dos seios frontais e nasais, como sinusite, enxaquecas, rinites, corizas ou resfriados e ainda favorece a saúde das regiões cerebral, cervical e escapular. Para pessoas que sofrem de hemorragias nasais frequentes deve-se usar água em temperatura ambiente e com cautela.

Jala netiJala significa água. Jala neti é a limpeza das narinas feita com água

salgada. Para fazer este kriyá utilizamos um pequeno bule de cerâmica, chamado lota. Pode ser feito com soro fisiológico aquecido ou com água mineral, morna e salgada na proporção de uma colher de sopa de sal para um litro de água. Se a água estiver pouco salgada gerará uma sensação de dor, mas se demasiada salgada gerará queimação.

Fique em pé com o tronco ligeiramente inclinado para frente e incline a cabeça para o lado direito. Coloque o bico do lota na narina esquerda e incline-o permitindo que a água entre por essa fossa e saia pela outra. A passagem da água deve ser natural e sem esforço. Isto vai depender da inclinação da cabeça. Mantenha a boca entreaberta e respire por ela. Havendo esvaziado o recipiente, deixe o tronco na mesma posição e o rosto agora voltado para baixo para extrair o restante da água.

Em seguida, observando as mesmas instruçõe água da fossa nasal esquerda para a direita.

DHAUTI

Dhauti significa limpar, lavar, purificar. Dividindo-se nos seguintes grupos:

Antar dhauti, que compreende diversas técnicas para a limpeza dos órgãos internos; Agnisára dhauti, limpeza das vísceras e redução do abdômen; Bahiskrita dhauti, limpeza do reto com água ou ar; Varisara dhauti, lavagem de todo tubo digestivo com água, desde a boca

até o reto; Vátasára dhauti, limpeza do estômago com ar. Danta dhauti grupo de exercícios para limpeza dos dentes e órgãos dos

sentidos; Danta dhauti, limpeza dos dentes; Danta múla dhauti, limpeza da raiz dos dentes; Jíhva dhauti ou jíhva shodhana, limpeza da língua; Karna dhauti, limpeza dos canais auditivos; Kapálarandhra dhauti, limpeza dos seios frontais e da pineal; Chakshu dhauti, lavagem dos olhos. Hrid dhauti é descrito como purificação do coração, mas que também atua

sobre os órgãos internos. Múla shodhana, que consiste em fazer a lavagem do reto.

Antar dhautiAntar, que significa interno, é um dhauti que envolve quatro técnicas

para a desintoxicação dos órgãos internos: vátasára na qual utiliza-se o elemento ar; várisára onde é utilizado o elemento água; vahnisára ou agnisára, a limpeza feita através do elemento fogo e bahiskrita, a lavagem do reto. Vátasára dhauti

Vátasára dhauti é um método de difícil execução, acessível apenas para aqueles praticantes que adquiriram um bom conhecimento e domínio do corpo. Váta é ar em sânscrito. Vátasára dhauti kriyá é a purificação do estômago feita utilizando ar.

A técnica consiste em sorver ar pela boca, através do bico de corvo (kaki mudrá, gesto que consiste em fechar os lábios, deixando uma abertura circular pela qual flui o ar), até encher todo o estômago. Como se tivéssemos engolindo ar. Faz-se o ar circular por ele e em seguida executa-se uma posição de inversão. A melhor delas é o sarvangásana, invertida sobre os ombros, com os joelhos flexionados tocando a testa ou o chão. Desta forma o ar será pressionado, empurrado para os intestinos e expelido naturalmente. Caso surja alguma dificuldade, é possível eliminar o ar através da permanência no mayurásana. O Gheranda Samhitá, diz que este dhauti purifica o corpo, evita diversas enfermidades e aumenta a secreção do suco gástrico. Várisára dhauti

Vári significa água e é a lavagem do estômago com água. Em jejum bebe-se de quatro a seis copos de água morna e salgada aom estomago cheio executa-se vários ciclos de nauli kriyá. Em seguida se faz uma massagem com os dedos médio e indicador na raiz da língua para provocar o vômito. Em

utkásana, sentado de cócoras, expulsa-se toda a água. As unhas devem estar bem cortadas, caso contrário você poderá machucar a garganta. Repete-se o exercício mais três vezes: água, nauli, vomição. É importante a repetição desta vomição, pois não é possível purificar a vesícula biliar logo na primeira execução. Eliminando o excesso de bílis, estimulamos o funcionamento de todos os órgãos internos: fígado, rins, baço, pâncreas, estômago, pulmões e coração. Acaba com as disfunções provocadas pelo excedente de muco, azia, dispepsia e outros males do aparelho digestivo. Aumenta a saúde, a força de vontade, o ânimo e a disposição. Vastra dhauti

Vastra dhauti ou váso dhauti é a limpeza do estômago com uma tira de gaze de algodão umedecida. Deve ser ingerida lenta e cuidadosamente, deixando uma parte dela para fora; em seguida executam-se alguns ciclos de nauli kriyá, mantendo-a no máximo durante quinze minutos no estômago.

Este dhauti não é isento de risco para a saúde caso seja mal executado, razão pela qual pedimos ao nosso caro leitor que o faça apenas sob a supervisão direta do mestre ou professor qualificado e certificado em Prakriti Yoga.

Aconselha-se fazer alguns ciclos de kapálabháti em seguida. Procure não comer ou tomar banho até meia hora após a execução deste dhauti. É conveniente evitar a ingestão de alimentos crus na primeira refeição. O vámana dhauti não precisa fazer-se com demasiada freqüência: uma vez a cada quinze dias ou uma vez por mês serão suficientes para manter o aparelho digestivo em perfeito estado.Agnisára dhauti Agnisára ou vahnisára dhauti é a técnica que está ligada ao elemento fogo no interior do corpo, associado ao váyu samána, o ar vital responsável pela correta assimilação dos alimentos. Agni significa precisamente fogo. O agnisára dhauti consiste em executar cem contrações abdominais em um só shúnyaka (retenção com os pulmões vazios).

Sente-se em posição de meditação. Apóie as mãos nos joelhos e deixe o tronco ligeiramente inclinado para frente. Elimine todo o ar dos pulmões, execute jalándhara bandha (contração da garganta, trazendo o queixo em direção ao esterno) e puxe vigorosamente o abdômen, como se quisesse tocar com o umbigo na coluna vertebral. Em seguida relaxe a musculatura. Puxe e relaxe inúmeras vezes de forma intensa e dinâmica, enquanto mantém os pulmões vazios. Este dhauti aumenta a força de vontade e o fogo interno.Bahiskrita dhauti

Bahiskrita dhauti é a limpeza do reto. Esta limpeza é feita com água: deve-se ficar submerso na água até a altura do umbigo e lavar o reto com os dedos. Também pode utilizar-se ar em lugar de água. Bahiskrita significa colocar para fora, exterior. O nome derivaria da qualidade que alguns yogis teriam de fazer esta lavagem pondo o reto e o cólon para fora do corpo para poder lavá-los, após ter enchido de ar o estômago e tê-lo expelido pelos intestinos, segundo está exposto nas escrituras. Obviamente, não é a nossa intenção que você sequer tente fazer isto: fica registrado aqui apenas a título de curiosidade.Danta Dhauti

Danta Dhauti embora a palavra danta signifique apenas dente, o danta dhauti inclui as seguintes purificações: danta múla dhauti, limpeza da raiz dos

dentes; jihva dhauti ou jihva shodhana, a lavagem da língua; karna dhauti, asseio dos canais auditivos; kapálarandhra dhauti desobstrução dos seios nasais; e chakshu dhauti, ablução dos olhos.

Para fazer a limpeza dos dentes de acordo com a tradição, emprega-se pó de catechu, que é esfregado nos dentes a fim de limpá-los bem. Atualmente encontram-se diversos produtos à base de ervas ou argila para esta finalidade. Temos também diversos cremes dentais feitos sem fluor elemento altamente toxico para a pineal. Se for utilizar escova dental, escolha aquelas de cerdas macias e escove fazendo movimentos circulares. Evite os movimentos horizontais, pois isso pode prejudicar o esmalte dos dentes. Utilize fio dental para remover os resíduos acumulados nas cavidades.Danta mula dhauti Danta múla dhauti: a purificação da raiz dos dentes faz-se pressionando com força os maxilares fechando bem a musculatura da mandíbula. O danta múla dhauti inclui também a purificação e a massagem das gengivas. Para essa finalidade aconselha-se a ingestão de alimentos de textura firme, como: frutas secas, amêndoas, castanhas, nozes e outros alimentos duros, pois estes produzirão uma massagem na base dos dentes.Jihva dhati Jihva dhauti diariamente ao escovar os dentes lembre de escovar a língua, desde a raiz para a ponta, com bastante água, até remover toda a camada esbranquiçada e junto com esta resíduos de alimentos e bactérias. A limpeza da língua também pode ser feita utilizando uma colher para raspar e remover o excesso de mucosidade ou esfregando-a com os três dedos maiores e lavando-a com muita água. Atualmente existem aparelhos específicos para este fim.Karna dhauti Karna dhauti consiste na massagem dos ouvidos com o dedo médio e limpeza dos mesmos com agua. Também pode utilizar-se hastes flexíveis de algodão embebidas em óleo de coco, passando-as com cuidado no canal auditivo. Evite empurar a cera para dentro dos ouvidos ao invés de retira-la. Isto não deve ser feito todo os dia, pois retirar a cera com demasiada freqüência pode prejudicar a lubrificação natural dos canais. Karna é ouvido em sânscrito.Kapálarandhra dhauti

Kapálarandhra dhauti é a limpeza dos seios frontais. Consiste em estimular e massagear com movimentos circulares a região do intercílio ou fazendo uma leve percussão nesta área com os dedos da mão direita. Essa massagem é tonificante, descansa os olhos e a musculatura do rosto, aumenta o poder de concentração e a lucidez em momentos de esgotamento físico ou intelectual. Executa-se tambem movimento para cima e para baixo nas laterais das narinas utilizando principalmente os dedos indicadores de cada mão. Kapálarandhra designa o crânio mais especificamente parte interior dele. Chakshu dhauti

Chakshu dhauti é a ablução dos olhos feita com água mineral, morna e salgada ou ainda com chá de pétalas de rosa, de camomila ou outras ervas com ação emoliente. Também se pode utilizar soro fisiológico. Para fazer esta purificação precisaremos empregar um copo pequeno de vidro que encaixe perfeitamente no olho. Verta o líquido no copo incline a cabeça coloque e firme

o recipiente na cavidade ocular, eleve a cabeça e abra o olho, fazendo o líquido circular. Repita depois a operação com o outro olho com um novo liquido.Hrid dhauti

Hrid dhauti significa limpeza do coração, embora o termo hrid designe não apenas o coração, mas toda a área do tórax até a garganta, incluindo-se aqui estômago, esôfago, laringe e faringe. O nome provém da purificação que se processa no plexo cardíaco, beneficiando o prána váyu (o ar vital do coração), que é responsável pela captação de energia do meio ambiente.

Utilize meio litro de água morna e ligeiramente salgada para realizar gargarejo, durante a execução reproduza o mantra Om alternado com a vogal A, jogue a água fora e repita o exercício.

Este kriya descongestiona a garganta, melhora a voz, limpa as cordas vocais, estimula a tireóide, reduz a fome, auxilia na perda de peso, abre o coração e estimula o timo.Múla shodhana

Múla shodhana este exercício recebe também o nome de múla dhauti. Consiste em fazer uma lavagem do reto e da última porção do cólon. O apána váyu (ar vital responsável pela excreção) não flui livremente se essa área não estiver purificada. O múla shodhana acaba com a constipação intestinal, problemas digestivos e dispepsia. Introduz-se o dedo médio no reto e fazendo movimentos circulares nos dois sentidos, limpa-se cuidadosamente a região com o auxílio de água. Deve-se prestar atenção para que as unhas estejam bem aparadas. Os homens podem aproveitar e realiza a massagem da próstata.

VASTI

O vasti inclui dois métodos para a purificação dos intestinos: um feito com água, jala vasti e outro com ar, sthala vasti. No caso do primeiro exercício, necessitará apenas de disponibilidade de tempo, pois este terá a duração de uma a duas horas, dependendo das condições dos intestinos do praticante. Já a segunda técnica exige um domínio total da musculatura do abdômen.Jala Vasti

Jala é água. Jala vasti é a lavagem dos intestinos, feita com água. O método tradicional faz-se usando uma cânula ou tubo de bambu de cinco dedos de comprimento por um de espessura. Antigamente, quando as fontes de água não estavam poluídas, o praticante ficava dentro de um rio, com a água na altura do umbigo e utilizava o bambu para sugar através dele a água e fazê-la penetrar nos intestinos. Depois expelia-se tudo. Dominando a técnica, ele tinha condições de fazê-la sem o bambu. Concordo com você se achar que estas descrições têm um quê de folclórico, mas considere a época em que estas técnicas foram desenvolvidas (mais de 5000 anos atrás!). Atualmente, na falta de rios cristalinos, podemos realizar o jala vasti com um clister que tenha capacidade para dois litros de água. Esta deve ser mineral, morna e salgada, em proporção igual à utilizada no jala neti.

Assimilam-se dois litros de água pelo reto. Executa-se uma posição de inversão até sentir forte vontade de evacuar. Este processo deve ser repetido até que a água saia bem clara. A prática de jala vasti aumenta a saúde de um

modo geral, o vigor físico e a imunidade. Não se preocupe com a perda da flora intestinal que acontece durante a lavagem, pois ela se regenera e renova rapidamente, o que, aliás, é muito benéfico. Beba iogurte ou coalhada e pronto.Sthala Vasti

Sthala Vasti: Ficando em viparíta karanyásana, a variação mais simples da invertida sobre os ombros, com as costas em um ângulo de 60 graus em relação ao chão, traga os joelhos até o peito. Nesta posição, puxe ar pelo reto, provocando o vazio no abdômen através do nauli kriyá ou uddiyana bandha. Após alguns minutos, expila-o fazendo diversas contrações abdominais.

Recomendações para realizar o Shanka

Prakshalana

Quarta, quinta e sexta- Acordar e tomar um copo de água morna;- Após +- 30 minutos comer um mamão com uma colher de sopa de linhaça hidratada.- Após 2 horas suco mamão com ameixas hidratadas;- Almoçar arroz integral, feijão, abóbora, cebola, rabanete, tomate, cogumelo, couve, couve-flor, acelga, alcachofra, aveia, beterraba, chicória, gergelim, quiabo, vagem, enfim faça seu cardápio de forma balanceada e moderada;- Após 1 hora e meia tomar água morna;- Após 1 hora tomar 450ml de suco de mamão;- Às 18:00 tomar sopa rala de legumes com arroz integral;- Às 20:00 comer algumas amendoas;

Na sextaPara os que possuem o intestino muito preso tomar uma xícara de chá de sene após no final da tarde e uma antes de dormir;

No sábado- Acordar e iniciar o exercício.- Agasalhar-se bem no final de tarde e à noite.- Tomar uma sopa ou um creme de legumes bem cozidos.

No domingo- Comer frutas pela manhã, macias ex: mamão, manga, fruta do conde;- Comer apenas legumes cozidos e grãos bem cozidos;- Evitar massas, cereais integrais, e qualquer alimento cru duro.- Não ingerir ovo, leite, e seus derivados, queijo, iogurte, etc., por pelo menos 3 dias, voltar a ingerir aos poucos esses alimentos.- Prestar atenção na mastigação, ela deverá ser mais intensa que o normal, mesmo os alimentos estando bem macios.