saúde - 1º de fevereiro de 2015

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Sa úde Caderno F e bem- estar MANAUS, DOMINGO, 1º DE FEVEREIRO DE 2015 [email protected] (92) 3090-1017 Depressão não é frescura Páginas 4 e 5 DIVULGACÃO Jovens apresentam distúrbios do sono O s jovens brasileiros estão dormindo mal e enfrentando distúrbios ligados ao sono. De acordo com a pesquisa do Ipom (Instituto de Pesquisa e Orienta- ção da Mente), realizada em parceria com o Instituto Sou + Jovem, 88% avalia seu sono como ruim ou insatisfatório, declarando que encara dificulda- des para dormir. Um exemplo dessa realidade é a univer- sitária Kelly Almei- Insônia e queda de rendimento ao longo do dia estão entre os principais transtornos, de acordo com pesquisa da, 20. Ela conta que dorme mal, e dorme pouco. “Fico preocupada com o que tenho que fazer no outro dia, com coisas relacionadas à faculdade. Mas piorou quando decidi largar meu estágio, que também não estava acres- centando muita coisa em minha vida acadêmica”, conta. Kelly diz que chega em casa da faculdade às 22h. “Tento fazer o que preciso, estudo, mas na hora de deitar não consigo ‘pregar’ os olhos. Aí fico na internet, falando com os amigos pelas redes sociais. Sei que deveria dormir na hora certa e aproveitar o dia, mas não consigo. Fico até altas horas acordada, e de dia durmo, mas já acordo cansada”, explica. Como con- sequência, Kelly Almeida conta que o aspecto da sua pele piorou, suas taxas estão alteradas, e já começam a surgir complicações por conta do sono des- regulado: ganho de peso, mau humor e rendimento baixo. Preocupados A história da universitária não é única. Quase a maioria dos pesquisados, 47%, afirmou que acorda e dorme várias vezes ao longo da noite, enquanto 43% dormem de 3 a 5 horas por noite. Desse universo, 58% já acordam cansados e 94% declaram que sentem sonolência ou queda de rendimento ao longo do dia. Para compensar a fadiga pelas noites insones, 59% costumam dormir cerca de cinco horas a mais aos finais de semana. A insônia é a campeã de queixas entre os 1.830 jovens de 14 a 18 anos que participaram de pesquisa, realizada pelo Ipom no último trimestre de 2014 nas principais cidades brasi- leiras. O total de 53% dos pesquisados alegaram que têm perdido o sono em função de preocupações ligadas aos estudos, enquanto outros 53% apon- taram que as preocupações financeiras têm levado o sono embora. A pesquisa também revelou que 82% dos pesquisados dormem com o celular ligado ao lado da cama, 45% com a TV e 22% com o computador. Para a psicoterapeuta e presidente do Ipom, Myriam Durante, o resultado do estudo é preocupante e as noites mal dormi- das estão se tornando um problema. “Hoje, os jovens estão levando uma vida tão corrida que mal sobra tempo para cuidar de si mesmo. Eles estão sempre acelerados e plugados, o que dificulta muito o relaxamento físico e mental. Muitas vezes eles só conse- guem ‘apagar’ por exaustão, estando sujeitos às complicações de saúde fí- sica e mental”, explica a especialista. A médio e longo prazo, a má quali- dade do sono provoca vários distúrbios comprometedores, como alterações de humor e comportamento. A pessoa que não dorme bem passa o dia se sentindo sonolenta, tem sua concen- tração afetada, dificultando as reações rápidas. “Para os jovens, dormir mal tem um preço alto, pois interfere no aprendizado. Sem um sono reparador, eles têm um desempenho escolar mui- to inferior ao que poderiam ter, pois não conseguem reter tudo aquilo que aprendem”, diz Myriam. MELLANIE HASIMOTO Equipe EM TEMPO

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Saúde - Caderno de saúde e bem estar do jornal Amazonas EM TEMPO

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Page 1: Saúde - 1º de fevereiro de 2015

SaúdeCa

dern

o F

e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 1º DE FEVEREIRO DE 2015 [email protected] (92) 3090-1017

Depressão não é frescura

Páginas 4 e 5

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ULG

ACÃO

Jovens apresentam

distúrbios do sono

Os jovens brasileiros estão dormindo mal e enfrentando distúrbios ligados ao sono. De acordo com a pesquisa do

Ipom (Instituto de Pesquisa e Orienta-ção da Mente), realizada em parceria com o Instituto Sou + Jovem, 88% avalia seu sono como ruim ou insatisfatório, declarando que encara difi culda-des para dormir.

Um exemplo dessa realidade é a univer-sitária Kelly Almei-

Insônia e queda de rendimento ao longo do dia estão entre os principais transtornos, de acordo com pesquisa

da, 20. Ela conta que dorme mal, e dorme pouco. “Fico preocupada com o que tenho que fazer no outro dia, com coisas relacionadas à faculdade. Mas piorou quando decidi largar meu estágio, que também não estava acres-centando muita coisa em minha vida acadêmica”, conta.

Kelly diz que chega em casa da faculdade às 22h. “Tento fazer o que preciso, estudo, mas na hora de deitar não consigo ‘pregar’ os olhos. Aí fi co na internet, falando com os amigos pelas redes sociais. Sei que deveria dormir na hora certa e aproveitar o dia, mas não consigo. Fico até altas horas acordada, e de dia durmo, mas

já acordo cansada”, explica. Como con-sequência, Kelly Almeida conta que o aspecto da sua pele piorou, suas taxas estão alteradas, e já começam a surgir complicações por conta do sono des-regulado: ganho de peso, mau humor e rendimento baixo.

PreocupadosA história da universitária não é única.

Quase a maioria dos pesquisados, 47%, afi rmou que acorda e dorme várias vezes ao longo da noite, enquanto 43% dormem de 3 a 5 horas por noite. Desse universo, 58% já acordam cansados e 94% declaram que sentem sonolência ou queda de rendimento ao longo do dia. Para compensar a fadiga pelas noites insones, 59% costumam dormir cerca de cinco horas a mais aos fi nais de semana. A insônia é a campeã de queixas entre os 1.830 jovens de 14 a 18 anos que participaram de pesquisa, realizada pelo Ipom no último trimestre de 2014 nas principais cidades brasi-leiras. O total de 53% dos pesquisados alegaram que têm perdido o sono em função de preocupações ligadas aos estudos, enquanto outros 53% apon-taram que as preocupações fi nanceiras têm levado o sono embora.

A pesquisa também revelou que 82% dos pesquisados dormem com o celular ligado ao lado da cama, 45% com a TV e 22% com o computador. Para a psicoterapeuta e presidente do Ipom, Myriam Durante, o resultado do estudo é preocupante e as noites mal dormi-das estão se tornando um problema. “Hoje, os jovens estão levando uma vida tão corrida que mal sobra tempo para cuidar de si mesmo. Eles estão sempre acelerados e plugados, o que difi culta muito o relaxamento físico e mental. Muitas vezes eles só conse-guem ‘apagar’ por exaustão, estando sujeitos às complicações de saúde fí-sica e mental”, explica a especialista.

A médio e longo prazo, a má quali-dade do sono provoca vários distúrbios comprometedores, como alterações de humor e comportamento. A pessoa que não dorme bem passa o dia se sentindo sonolenta, tem sua concen-tração afetada, difi cultando as reações rápidas. “Para os jovens, dormir mal tem um preço alto, pois interfere no aprendizado. Sem um sono reparador, eles têm um desempenho escolar mui-to inferior ao que poderiam ter, pois não conseguem reter tudo aquilo que aprendem”, diz Myriam.

MELLANIE HASIMOTOEquipe EM TEMPO

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Page 2: Saúde - 1º de fevereiro de 2015

MANAUS, DOMINGO, 1º DE FEVEREIRO DE 2015F2 Saúde e bem-estar

EditoraVera [email protected]

RepórterMellanie Hasimoto

Expediente

www.emtempo.com.br

DICAS DE SAÚDE

Micoses e fungos nas unhas é o pior que pode acontecer para quem adora viver no esmalte. Então, se você foi víti-ma, é bom cuidar logo antes de perder a unha. Se o caso não for grave, uma boa dica caseira pode ajudar. Misture um sachê de ácido bórico (vendido em farmácias) com um potinho pequeno inteiro de vaselina sólida (vendido em farmácias). Misture somente esses dois ingredientes (que serve como pomada contra qualquer micose ou coceira) e passe na unha da seguinte maneira: corte a unha oca até onde der, não importa se fi car feio, corte todo o oco e passe a mistura diariamente no local. O ideal é passar pelo menos três vezes ao dia.

Remédio caseiro para combater fungos nas unhas

Muitas atrizes revelaram que assim que acordam lavam o rosto com soro fi siológico gelado para acalmar, refrescar e limpar a pele. A limpeza de pele com o soro não é profunda, portanto, não é viável para tirar a maquiagem, é uma lim-peza natural, o ideal seria usá-lo com essa fi nalidade pela manhã. Para acalmar e hidratar a pele, o soro fi siológico é comparável à água termal, claro, com as devidas ressal-vas (a água termal tem todo o diferencial de ser extraído de fontes termais, o que garante maior estabilidade dos minerais, além de ser enriquecido em laboratório). Mas o soro faz bem o papel de acalmar e de hidratar a pele.

Soro fisiológico é ótimo para hidratar a pele

DiagramaçãoAdyel Vieira

RevisãoDernando Monteiro

A queda do Muro de Berlim

João Bosco [email protected] / www.historiadamedicina.med.br

João Bosco Botelho

Humberto Figliuolohfi [email protected]

Os jovens e o álcool

Humberto Figliuolo

Durante o almoço, o nosso diálo-go começou em con-sequência da notícia, no jornal ‘Le Monde’, analisando a alta inflação brasileira”

João Bosco Botelho

Membro Emérito do Colégio Brasileiro

de Cirurgiões

Humberto Figliuolo

farmacêutico

As meni-nas bebem inicialmen-te para se mostrar, na tentativa de exibirem uma per-sonalidade forte”.

Uma relação perigosa. Eles começam cedo, e, aos poucos vão aumentando o volume e a graduação alcoólica. Se o alco-olismo já é por si só um grave problema de saúde pública no Brasil, entre os jovens parece ser ainda mais dramático.

Pesquisas apontam que 6,99% dos rapazes e 3,5% das meninas com menos de 17 anos estão se tornando dependentes de álcool. Os jovens estão bebendo mais e mais cedo e as moças parecem querer se igualar a eles em volume consumido, o que ainda é mais grave, porque, não tendo as mes-mas enzimas hepáticas do homem para metabolizar o álcool, elas se embriagam mais rapidamente.

Rapazes e moças estão bebendo dentro do chamado padrão bebe-deira de consumo, ou seja, cinco doses de bebidas alcoólicas em um período de duas horas. Dentro desse padrão, as pessoas bebem para se embriagar. Isso gera vio-lência, sexo desprotegido, acidente de carro. É um cenário muito pre-ocupante, pois o consumo exces-sivo de bebidas alcoólicas acarreta sérios riscos à vida profi ssional, pessoal e principalmente familiar do dependente.

O álcool é uma droga legal que existe há milhões de anos e prova-

velmente existirá por muito tempo. É a única droga que pode ser usada tanto moderadamente, todos os dias, no caso de uma inocente taça de vinho no jantar, como sem controle nenhum. É uma droga de-mocrática, a que todos têm acesso. É barata e está ligada a situações de celebração, aniversários, festas, baladas, brinde e recepções.

O negócio é beber de forma rá-pida para obter efeitos imediatos. E há motivos para isso. Os jovens em geral vivem em grupo. O álcool bioquimicamente deixa a pessoa mais solta, mais legal, mais rela-xada, o que conta pontos no grupo; o menino se sente mais macho quando mais consegue beber. As meninas bebem inicialmente para se mostrar, na tentativa de exi-birem uma personalidade forte. E, infelizmente, fi cam expostas a uma situação ainda mais cons-trangedora e perigosa, que é o assedio consentido.

O álcool faz perder a noção do limite. O álcool não gera depen-dência rapidamente, ao contrário de outras drogas, como o crack, que gera dependência instantânea, o álcool precisa de uma longa exposição, em geral, anos. Para a grande maioria dos jovens, fe-lizmente, a fi cha cai no momento em que ele começa a trabalhar e a

ter mais responsabilidades, quando ele deixa de beber por beber. Mas pelo menos 20% dos jovens serão adultos dependentes.

A tendência é partir depois para bebidas mais pesadas, os destilados que tem uma concen-tração maior de álcool em um volume menor. O dependente de álcool precisa de muita cerveja para se aliviar, com destilados, menos e mais rápido.

O contato com a bebida é ine-vitável, é quando ele vai sentir, pela primeira vez, o efeito do álcool em seu corpo. A principal âncora é a família, quando a fa-mília transmite uma escola de valores éticos e de respeito ao outro. Uma segunda amarra são os amigos mais equilibrados. Se o jovem chega à adolescência em estado de depressão, angústia ou ansiedade, e sem amarras, o álcool será um aliado. O jovem precisa de um modelo, de um objetivo de vida, valores normalmente cons-truídos na relação familiar. Se nada disso existir, o álcool passa a compensar essa ausência.

A verdade é que vivemos em um mundo de crise, em que faltam, na grande maioria, modelos em quem se inspirar e sobram momentos de vazio existencial, e nesse vácuo que o álcool chega e faz estragos.

Durante o pós-doutorado, em al-gum dia do inverno de 1992, entre janeiro e fevereiro, conheci na salle de garde, da Universidade de Paris 7, o médico albanês Halrian Plavcz. Pelo crachá de identifi cação atado à bata branca, se sabia os nomes e países de origem dos médicos e estudantes que circulavam no hospital. As salles des gardes são as salas de refeições somente dos médicos. A tradição de os médicos comerem em lugares separados dos da administração hospitalar remonta à Revolução Francesa.

Durante o almoço, o nosso diá-logo começou em consequência da notícia, no jornal “Le Monde”, anali-sando a alta infl ação brasileira.

Não me lembro como a conversa avançou na direção da ruína da ordem socialista-comunista, no Leste europeu. Nesse momento, o médico albanês, com certa emo-ção, disse que estava, naquele momento e naquele lugar, porque o Muro tinha sido derrubado. Em seguida, explicou que a intolerân-cia à liberdade, antes da queda do muro, seria facilmente compre-endida por meio da peça teatral “A grande roda”, do teatrólogo Vaclav Havel, na época, presidente da Tchecoslováquia, que estava sendo encenada no Teatro de la Ville, um dos mais de 300 teatros

parisienses em funcionamento.A peça é essencialmente vol-

tada à forte crítica do modelo socialismo-comunismo (ou co-munismo-socialismo), que en-clausurou a liberdade às ordens dos partidos comunistas.

Aos que estavam próximos, era visível o aumento da tensão emo-cional do Halrian, ao dizer que nunca compreendeu como os mem-bros dos partidos comunistas, uma porção minoritária em relação à população, conseguiram se manter tanto tempo no poder. Durante alguns instantes, fi tando a fumaça do cigarro entre os dedos amare-lados, perguntou como as pessoas puderam ter se encantado com um partido político que, essencial-mente, baniu as mais elementares noções de liberdade.

Naquele momento, relembrei para ele a viagem realizada ao Leste europeu, no inverno de 1976, quando visitei vários países. É difícil esquecer o entardecer gelado do domingo, em Sofi a, na Bulgária, quando fotografei os dois policiais na porta da magnífi ca catedral, fi scalizando os papéis de autori-zação para as pessoas entrarem e assistirem a missa.

O médico albanês afastara o pra-to de comida e ajeitou os cabelos precocemente embranquecidos.

Acendendo outro cigarro, pergun-tou se eu era cristão. Sem esperar a resposta, elevando o tom da voz, disse que o pai dele era pastor me-todista e que, inconformado com a miséria dos camponeses, acreditou nas propostas do socialismo-co-munismo. Não muito tempo depois, viu os amigos que contestavam a autoridade do partido comunista serem julgados e condenados. Por ter discordado publicamente com um desses “julgamentos”, foi preso e a família nunca mais teve notícia dele. Em poucos dias, a igreja foi transformada em viveiro de gali-nhas e patos.

Nesse instante, vi que o médico chorava sem ruído; as lágrimas escorriam pela face muito branca. O refeitório estava em silêncio; todos ouviam e viam o pranto do médico quando ele aumentou ainda mais o tom da voz para dizer que tivera mais sorte. Seu irmão Glawcav morreu de frio e de fome antes de alcançar a fronteira italiana. Halrian soluçava e alguns médicos perguntavam o que se passava.

Uma médica búlgara, também refugiada, afagava-lha o braço. Halrian sentou-se e com a cabeça baixa continuou o pranto de dor.

Não lembro quanto tempo passou até retornarmos às sa-las de aulas.

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Page 3: Saúde - 1º de fevereiro de 2015

MANAUS, DOMINGO, 1º DE FEVEREIRO DE 2015 F3Saúde e bem-estar

Fatores genéticos, estresse, tensão, alterações de mordida são alguns problemas que podem estar ligados ao bruxismo

Bruxismopode causar zumbidos nos

ouvidosVocê sente dores de ca-

beça ao acordar? Fica com os músculos da mandíbula doloridos?

Esses sintomas são peculiares do bruxismo, uma desordem funcional que é caracterizada pelo ato de ranger os dentes durante o sono.

O problema é que além de provocar o desgaste dentário, na gengiva e na articulação da mandíbula (ATM), o esforço de friccionar os dentes pode originar incômodos zumbidos no ouvido no decorrer do dia. “A dor têmporomandibular pode limitar o individuo du-rante a realização de peque-nas tarefas no dia a dia em decorrência dos incômodos que repercutem por toda a cabeça, podendo afetar até mesmo nas costas”, descre-va a fonoaudióloga e coach, Patricia Antoniazi.

Segundo a fonoaudióloga, as causas são multifatoriais para o acometimento do bru-xismo. Porém, alguns fatores podem estar relacionados com o aparecimento desse distúrbio. “Fatores genéticos, estresse, tensão, alterações de mordida, problemas den-tários, alterações musculares de fechamento inadequado da boca são alguns dos proble-mas que podem estar ligados com o acometimento de bru-xismo tanto em homens como mulheres”, explica.

Sintomas- Dificuldades no sono;- Dificuldade para conseguir

manter a concentração nos estudos, trabalho ou demais atividades diárias;

- Desgaste dos dentes; - Dores de cabeça, no pesco-

ço, no ouvido e nas costas;

- Desequilíbrio da muscula-tura mastigatória;

- Alterações de fala e voz.TratamentoEm muitos casos, o individuo

só descobre que tem o bruxis-mo porque outra pessoa o ob-servou dormindo e percebeu o ranger dos dentes. Nestes casos, o mais recomendado é buscar avaliação clínica e realizar um exame denomi-nado polissonografia que ajuda a identificar o grau do distúrbio e determinar sobre o tratamento adequado. “O tratamento pode precisar de placas de silicone ou acrílico, que ajuda a proteger os den-tes. Já no caso do zumbido, além da mudança de hábitos, o especialista pode recomen-dar o uso de medicamentos bem como o da fonoaudiolo-gia para melhorar a audição”, conclui Antoniazi. O tratamento pode precisar de placas de silicone ou acrílico, que ajuda a proteger os dentes

DIVULGAÇ

ÃO

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Page 4: Saúde - 1º de fevereiro de 2015

F4 Saúde e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 1º DE FEVEREIRO DE 2015 F5

Ao se constatar um quadro depressivo, a pessoa deverá utilizar os recursos disponíveis para o tratamento, tais como medicação antidepressiva e auxílio psicoterápico

não é ‘frescura’

Depressão não é brincadeira, nem frescura de quem quer chamar a atenção dos outros. Tam-bém não é tristeza que não tem cura, nem mal que o tempo se encarrega de apagar. Depres-

são é doença, e doença grave, que exige diagnóstico e tratamento adequado porque a falta de assistência especializada pode levar a pessoa à morte.

Os dados comprovam que a depressão tem que ser encarada com mais seriedade. Segundo a Organização

Mundial da Saúde (OMS), a depressão é hoje a doença mais incapacitante e afeta 7% da população mundial,

algo em torno de 400 milhões de pessoas. O ponto que chama mais atenção é que a expectativa

era que esse número fosse alcançado em 2030, mas a marca foi atingida em 2010,

20 anos antes do prazo.Para o dr. Hamilton Grabowski,

psiquiatra formado pela Universi-dade Federal do Paraná, membro da

Associação Brasileira de Psiquiatria e pesquisador clínico na área, um dos

fatores que inibe quem sofre com a doença a procurar tratamento é o efeito

colateral de alguns medicamentos. “O que poucas pessoas sabem é que hoje já existem

substâncias efi cazes que amenizam esses efeitos, permitindo que os pacientes tenham

uma vida social normal, mesmo durante a terapia”, destaca. O Saúde e bem-estar conversou com o especia-

lista sobre o assunto para esclarecer as principais dúvidas sobre o mal que ameaça a sobrevivência

de milhões de pessoas em todo o mundo.

SAÚDE- O que pode explicar esse aumento em casos de depressão?Hamilton Grabowski - Em primeiro lugar, ao longo

das últimas décadas, a depressão passou a ser melhor diagnosticada e divulgada. Assim, as pessoas começaram a procurar mais os tratamentos oferecidos. Aumentaram também os diagnósticos de doenças clínicas produtoras de depressão como, por exemplo, o hipotireoidismo. Além disso, se evidencia um aumento real na incidência de novos casos de depressão nos estudos epidemiológicos. Isso é atribuído a possíveis causas como o stress da vida contemporânea (altos níveis de competitividade, violência urbana), a falta de valores existenciais, solidão e aumento no consumo de álcool e drogas. De uma forma generalizada, as pessoas se sentem mais insatisfeitas com suas vidas.

SAÚDE - Como diferenciar a depressão de

outros estados semelhantes como tristeza, angústia e ansiedade?

HG - Tristeza se refere a um sentimento normal, que pode ser experimentado ao longo

da vida por todos nós como consequência de adversidades, tais como a perda de um ente

querido (luto), doença ou algum tipo de frustra-ção ou aborrecimento. É esperado que possamos

superar estas difi culdades, entendendo-as como parte de nossas vidas, comuns a todos os seres humanos e geralmente não precisam ser tratadas.

A ansiedade é uma condição psíquica que frequen-temente vem associada com depressão. A ansie-

dade se caracteriza por alguns sintomas como uma preocupação excessiva, geralmente antecipada, re-

lacionada a fatos futuros (de-

sempenho profi ssional, saúde dos fi lhos etc.) gerando emoções de medo, irritabilidade, inquietação constante. Ela é geralmente acompanhada de sintomas físicos como cansaço, difi culdade de concentração, tensão muscular e perturbações do sono. As preocupações são sentidas como involuntárias e são difíceis de serem controladas pelas pessoas. Como a ansiedade e a depressão com-partilham sintomas comuns, facilmente são confundidas. O psiquiatra ajudará os pacientes no diagnóstico e tratamento. A angústia é considerada um sinônimo de ansie-dade, porém alguns estudiosos preferem chamar de angústia, quando há uma presença maior de sintomas físicos nos quadros de ansiedade, como, por exemplo, aperto no peito ou sensação de falta de ar.

SAÚDE- Como proceder ao se constatar

que de fato é depressão e quem pode diag-nosticar o quadro?

HG - Às vezes uma depressão é tão evidente que pessoas comuns já percebem e ajudam o outro a buscar tratamento. Geralmente, as pessoas deprimidas chegam aos consultórios médicos levadas por seus familiares, amigos ou colegas de trabalho, pois, muitas vezes, os sintomas depressivos causam uma incapaci-dade tão grande que inibem os indivíduos de buscar auxílio espontâneo. Os médicos são as pessoas habilitadas a fazer o diagnóstico, principalmente os especialistas da área de saúde mental como os psiquiatras. Os psicó-logos também são profi ssionais habilitados para este auxílio. Ao se constatar um quadro depressivo, a pessoa deverá utilizar os re-cursos disponíveis para o tratamento, tais como medicação antidepressiva e auxilio psicoterápico. Muitas vezes será necessário o afastamento das atividades e, em casos muito graves, até internamento hospita-lar. Pessoas gravemente deprimidas podem perder o prazer pela vida e ter desejos de morrer. Toda esta ajuda visa evitar o desfecho mais cruel de todos que pode ser o suicídio. O apoio e a compreensão da família são fundamentais. Depressão é uma doença altamente incapacitante e não pode ser olhada como uma “fraqueza” ou “frescura” do outro. Frases que são ditas para um deprimido como “você não se ajuda”, “não te falta nada” e “há pessoas que tem coisas piores” são inapropriadas e agravam a culpa de quem está em sofrimento.

VERA LIMAEquipe EM TEMPO

Ao se constatar um quadro depressivo, a pessoa deverá utilizar os recursos disponíveis para o tratamento, tais como medicação antidepressiva e auxílio psicoterápico

não é ‘frescura’

Depressão não é brincadeira, nem frescura de quem quer chamar a atenção dos outros. Tam-bém não é tristeza que não tem cura, nem mal que o tempo se encarrega de apagar. Depres-

são é doença, e doença grave, que exige diagnóstico e tratamento adequado porque a falta de assistência especializada pode levar a pessoa à morte.

Os dados comprovam que a depressão tem que ser encarada com mais seriedade. Segundo a Organização

Mundial da Saúde (OMS), a depressão é hoje a doença mais incapacitante e afeta 7% da população mundial,

algo em torno de 400 milhões de pessoas. O ponto que chama mais atenção é que a expectativa

era que esse número fosse alcançado em 2030, mas a marca foi atingida em 2010,

20 anos antes do prazo.Para o dr. Hamilton Grabowski,

psiquiatra formado pela Universi-dade Federal do Paraná, membro da

Associação Brasileira de Psiquiatria e pesquisador clínico na área, um dos

fatores que inibe quem sofre com a doença a procurar tratamento é o efeito

colateral de alguns medicamentos. “O que poucas pessoas sabem é que hoje já existem

substâncias efi cazes que amenizam esses efeitos, permitindo que os pacientes tenham

uma vida social normal, mesmo durante a terapia”, destaca. O Saúde e bem-estar conversou com o especia-

lista sobre o assunto para esclarecer as principais dúvidas sobre o mal que ameaça a sobrevivência

de milhões de pessoas em todo o mundo.

SAÚDE- O que pode explicar esse aumento em casos de depressão?Hamilton Grabowski - Em primeiro lugar, ao longo

das últimas décadas, a depressão passou a ser melhor diagnosticada e divulgada. Assim, as pessoas começaram a procurar mais os tratamentos oferecidos. Aumentaram também os diagnósticos de doenças clínicas produtoras de depressão como, por exemplo, o hipotireoidismo. Além disso, se evidencia um aumento real na incidência de novos casos de depressão nos estudos epidemiológicos. Isso é atribuído a possíveis causas como o stress da vida contemporânea (altos níveis de competitividade, violência urbana), a falta de valores existenciais, solidão e aumento no consumo de álcool e drogas. De uma forma generalizada, as pessoas se sentem mais insatisfeitas com suas vidas.

SAÚDE - Como diferenciar a depressão de outros estados semelhantes como tristeza, angústia e ansiedade?

HG - Tristeza se refere a um sentimento normal, que pode ser experimentado ao longo

da vida por todos nós como consequência de adversidades, tais como a perda de um ente

querido (luto), doença ou algum tipo de frustra-ção ou aborrecimento. É esperado que possamos querido (luto), doença ou algum tipo de frustra-

ção ou aborrecimento. É esperado que possamos querido (luto), doença ou algum tipo de frustra-

superar estas difi culdades, entendendo-as como parte de nossas vidas, comuns a todos os seres humanos e geralmente não precisam ser tratadas.

A ansiedade é uma condição psíquica que frequen-temente vem associada com depressão. A ansie-

dade se caracteriza por alguns sintomas como uma preocupação excessiva, geralmente antecipada, re-

lacionada a fatos futuros (de-

sempenho profi ssional, saúde dos fi lhos etc.) gerando emoções de medo, irritabilidade, inquietação constante. Ela é geralmente acompanhada de sintomas físicos como cansaço, difi culdade de concentração, tensão muscular e perturbações do sono. As preocupações são sentidas como involuntárias e são difíceis de serem controladas pelas pessoas. Como a ansiedade e a depressão com-partilham sintomas comuns, facilmente são confundidas. O psiquiatra ajudará os pacientes no diagnóstico e tratamento. A angústia é considerada um sinônimo de ansie-dade, porém alguns estudiosos preferem chamar de angústia, quando há uma presença maior de sintomas físicos nos quadros de ansiedade, como, por exemplo, aperto no peito ou sensação de falta de ar.

SAÚDE- Como proceder ao se constatar que de fato é depressão e quem pode diag-nosticar o quadro?

HG - Às vezes uma depressão é tão evidente nosticar o quadro?

Às vezes uma depressão é tão evidente nosticar o quadro?

que pessoas comuns já percebem e ajudam o outro a buscar tratamento. Geralmente, as pessoas deprimidas chegam aos consultórios médicos levadas por seus familiares, amigos ou colegas de trabalho, pois, muitas vezes, os sintomas depressivos causam uma incapaci-dade tão grande que inibem os indivíduos de buscar auxílio espontâneo. Os médicos são as pessoas habilitadas a fazer o diagnóstico, principalmente os especialistas da área de saúde mental como os psiquiatras. Os psicó-logos também são profi ssionais habilitados para este auxílio. Ao se constatar um quadro depressivo, a pessoa deverá utilizar os re-cursos disponíveis para o tratamento, tais como medicação antidepressiva e auxilio psicoterápico. Muitas vezes será necessário o afastamento das atividades e, em casos muito graves, até internamento hospita-lar. Pessoas gravemente deprimidas podem perder o prazer pela vida e ter desejos de morrer. Toda esta ajuda visa evitar o desfecho mais cruel de todos que pode ser o suicídio. O apoio e a compreensão da família são fundamentais. Depressão é uma doença altamente incapacitante e não pode ser olhada como uma “fraqueza” ou “frescura” do outro. Frases que são ditas para um deprimido como “você não se ajuda”, “não te falta nada” e “há pessoas que tem coisas piores” são inapropriadas e agravam a culpa de quem está em sofrimento.

VERA LIMAEquipe EM TEMPO

SAÚDE - Depressão tem cura ou a pessoa pode ter recaídas ao longo da vida?

HG - A depressão é considerada uma do-ença crônica, porém episódica. Por exemplo, se você tiver um diagnóstico de diabetes, você passará a tê-la para o resto da vida e necessitará usar medicamentos diariamen-

te. A depressão costuma acontecer em episódios, que geralmente ocorrem

ao longo da vida. Muitas vezes os episódios se sucedem com

muita frequência e, nestes casos, é indicado que o pa-

ciente utilize medicamentos antidepressivos de maneira

contínua e permanente. Isto se deve a uma constatação no

mundo de que cada novo episódio de depressão vem mais forte e

de mais difícil tratamento, sendo muito melhor prevenir novas crises.

O objetivo do tratamento será não só reduzir os sintomas da depressão,

mas também obter um reestabeleci-mento completo com o retorno pleno às

atividades anteriores habituais da pessoa. Antigamente a difi culdade era conseguir uma substância que conseguisse tratar a doença e ainda ajudar o paciente a reto-mar a vida. Mas hoje isso já é possível. Estudos mostram que a agomelatina (Valdoxan) atua no cérebro restaurando os ritmos biológicos. O paciente se sente melhor, acorda mais dispos-to, com pensamentos mais claros e apresenta aumento da atenção desde o início do tratamento. É uma substância comprovadamen-

te efi caz em todos os sintomas da depressão. O processo de melhora é

gradual e contínuo: logo nas primeiras semanas de tratamento é percebida

uma melhora dos aspectos positivos, como padrão do sono, disposição ao

despertar, cognição, prazer e

interesse. Em seguida os aspectos negativos, como humor deprimi-do, ansiedade e sentimento de culpa, são trabalhados. Portanto, agomelatina é efi caz desde o princípio do tratamento. Sem alterar a li-bido, nem o peso.

SAÚDE- É hereditária?HG - Como em toda a medicina, as

doenças têm fortes características familiares. Existem famílias onde a presença de depressão ocorre com mais frequência. Caracterís-ticas hereditárias não são uma condenação, porém, aumentam o risco para depressão se existem familiares próximos que tem ou tiveram o transtorno. O desen-volvimento da depressão depende também de fatores ambientais e psicossociais, como o stress.

O tratamentoO processo de melhora do

paciente tratado com a ago-melatina é gradual e contí-nuo. Ela repara primeiro os aspectos positivos (rapidamente percebidos ainda na primeira sema-na), como melhora da disposição ao despertar e do padrão de sono, retorno da cognição, prazer e interesse, e logo em seguida os aspectos negativos (humor deprimido, ansiedade e sentimento de culpa). Portanto, a substância se mostrou eficaz desde o princípio do tratamento, sem alterar a libido (preservando a vida sexual), nem o peso. A agome-latina atua no cérebro restaurando os ritmos biológicos. “O paciente tratado se sente melhor, acorda mais disposto, com pensamentos mais claros e apresenta aumento da atenção desde o início do tra-tamento”, afirma Grabowski.

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Page 5: Saúde - 1º de fevereiro de 2015

F4 Saúde e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 1º DE FEVEREIRO DE 2015 F5

Ao se constatar um quadro depressivo, a pessoa deverá utilizar os recursos disponíveis para o tratamento, tais como medicação antidepressiva e auxílio psicoterápico

não é ‘frescura’

Depressão não é brincadeira, nem frescura de quem quer chamar a atenção dos outros. Tam-bém não é tristeza que não tem cura, nem mal que o tempo se encarrega de apagar. Depres-

são é doença, e doença grave, que exige diagnóstico e tratamento adequado porque a falta de assistência especializada pode levar a pessoa à morte.

Os dados comprovam que a depressão tem que ser encarada com mais seriedade. Segundo a Organização

Mundial da Saúde (OMS), a depressão é hoje a doença mais incapacitante e afeta 7% da população mundial,

algo em torno de 400 milhões de pessoas. O ponto que chama mais atenção é que a expectativa

era que esse número fosse alcançado em 2030, mas a marca foi atingida em 2010,

20 anos antes do prazo.Para o dr. Hamilton Grabowski,

psiquiatra formado pela Universi-dade Federal do Paraná, membro da

Associação Brasileira de Psiquiatria e pesquisador clínico na área, um dos

fatores que inibe quem sofre com a doença a procurar tratamento é o efeito

colateral de alguns medicamentos. “O que poucas pessoas sabem é que hoje já existem

substâncias efi cazes que amenizam esses efeitos, permitindo que os pacientes tenham

uma vida social normal, mesmo durante a terapia”, destaca. O Saúde e bem-estar conversou com o especia-

lista sobre o assunto para esclarecer as principais dúvidas sobre o mal que ameaça a sobrevivência

de milhões de pessoas em todo o mundo.

SAÚDE- O que pode explicar esse aumento em casos de depressão?Hamilton Grabowski - Em primeiro lugar, ao longo

das últimas décadas, a depressão passou a ser melhor diagnosticada e divulgada. Assim, as pessoas começaram a procurar mais os tratamentos oferecidos. Aumentaram também os diagnósticos de doenças clínicas produtoras de depressão como, por exemplo, o hipotireoidismo. Além disso, se evidencia um aumento real na incidência de novos casos de depressão nos estudos epidemiológicos. Isso é atribuído a possíveis causas como o stress da vida contemporânea (altos níveis de competitividade, violência urbana), a falta de valores existenciais, solidão e aumento no consumo de álcool e drogas. De uma forma generalizada, as pessoas se sentem mais insatisfeitas com suas vidas.

SAÚDE - Como diferenciar a depressão de

outros estados semelhantes como tristeza, angústia e ansiedade?

HG - Tristeza se refere a um sentimento normal, que pode ser experimentado ao longo

da vida por todos nós como consequência de adversidades, tais como a perda de um ente

querido (luto), doença ou algum tipo de frustra-ção ou aborrecimento. É esperado que possamos

superar estas difi culdades, entendendo-as como parte de nossas vidas, comuns a todos os seres humanos e geralmente não precisam ser tratadas.

A ansiedade é uma condição psíquica que frequen-temente vem associada com depressão. A ansie-

dade se caracteriza por alguns sintomas como uma preocupação excessiva, geralmente antecipada, re-

lacionada a fatos futuros (de-

sempenho profi ssional, saúde dos fi lhos etc.) gerando emoções de medo, irritabilidade, inquietação constante. Ela é geralmente acompanhada de sintomas físicos como cansaço, difi culdade de concentração, tensão muscular e perturbações do sono. As preocupações são sentidas como involuntárias e são difíceis de serem controladas pelas pessoas. Como a ansiedade e a depressão com-partilham sintomas comuns, facilmente são confundidas. O psiquiatra ajudará os pacientes no diagnóstico e tratamento. A angústia é considerada um sinônimo de ansie-dade, porém alguns estudiosos preferem chamar de angústia, quando há uma presença maior de sintomas físicos nos quadros de ansiedade, como, por exemplo, aperto no peito ou sensação de falta de ar.

SAÚDE- Como proceder ao se constatar

que de fato é depressão e quem pode diag-nosticar o quadro?

HG - Às vezes uma depressão é tão evidente que pessoas comuns já percebem e ajudam o outro a buscar tratamento. Geralmente, as pessoas deprimidas chegam aos consultórios médicos levadas por seus familiares, amigos ou colegas de trabalho, pois, muitas vezes, os sintomas depressivos causam uma incapaci-dade tão grande que inibem os indivíduos de buscar auxílio espontâneo. Os médicos são as pessoas habilitadas a fazer o diagnóstico, principalmente os especialistas da área de saúde mental como os psiquiatras. Os psicó-logos também são profi ssionais habilitados para este auxílio. Ao se constatar um quadro depressivo, a pessoa deverá utilizar os re-cursos disponíveis para o tratamento, tais como medicação antidepressiva e auxilio psicoterápico. Muitas vezes será necessário o afastamento das atividades e, em casos muito graves, até internamento hospita-lar. Pessoas gravemente deprimidas podem perder o prazer pela vida e ter desejos de morrer. Toda esta ajuda visa evitar o desfecho mais cruel de todos que pode ser o suicídio. O apoio e a compreensão da família são fundamentais. Depressão é uma doença altamente incapacitante e não pode ser olhada como uma “fraqueza” ou “frescura” do outro. Frases que são ditas para um deprimido como “você não se ajuda”, “não te falta nada” e “há pessoas que tem coisas piores” são inapropriadas e agravam a culpa de quem está em sofrimento.

VERA LIMAEquipe EM TEMPO

Ao se constatar um quadro depressivo, a pessoa deverá utilizar os recursos disponíveis para o tratamento, tais como medicação antidepressiva e auxílio psicoterápico

não é ‘frescura’

Depressão não é brincadeira, nem frescura de quem quer chamar a atenção dos outros. Tam-bém não é tristeza que não tem cura, nem mal que o tempo se encarrega de apagar. Depres-

são é doença, e doença grave, que exige diagnóstico e tratamento adequado porque a falta de assistência especializada pode levar a pessoa à morte.

Os dados comprovam que a depressão tem que ser encarada com mais seriedade. Segundo a Organização

Mundial da Saúde (OMS), a depressão é hoje a doença mais incapacitante e afeta 7% da população mundial,

algo em torno de 400 milhões de pessoas. O ponto que chama mais atenção é que a expectativa

era que esse número fosse alcançado em 2030, mas a marca foi atingida em 2010,

20 anos antes do prazo.Para o dr. Hamilton Grabowski,

psiquiatra formado pela Universi-dade Federal do Paraná, membro da

Associação Brasileira de Psiquiatria e pesquisador clínico na área, um dos

fatores que inibe quem sofre com a doença a procurar tratamento é o efeito

colateral de alguns medicamentos. “O que poucas pessoas sabem é que hoje já existem

substâncias efi cazes que amenizam esses efeitos, permitindo que os pacientes tenham

uma vida social normal, mesmo durante a terapia”, destaca. O Saúde e bem-estar conversou com o especia-

lista sobre o assunto para esclarecer as principais dúvidas sobre o mal que ameaça a sobrevivência

de milhões de pessoas em todo o mundo.

SAÚDE- O que pode explicar esse aumento em casos de depressão?Hamilton Grabowski - Em primeiro lugar, ao longo

das últimas décadas, a depressão passou a ser melhor diagnosticada e divulgada. Assim, as pessoas começaram a procurar mais os tratamentos oferecidos. Aumentaram também os diagnósticos de doenças clínicas produtoras de depressão como, por exemplo, o hipotireoidismo. Além disso, se evidencia um aumento real na incidência de novos casos de depressão nos estudos epidemiológicos. Isso é atribuído a possíveis causas como o stress da vida contemporânea (altos níveis de competitividade, violência urbana), a falta de valores existenciais, solidão e aumento no consumo de álcool e drogas. De uma forma generalizada, as pessoas se sentem mais insatisfeitas com suas vidas.

SAÚDE - Como diferenciar a depressão de outros estados semelhantes como tristeza, angústia e ansiedade?

HG - Tristeza se refere a um sentimento normal, que pode ser experimentado ao longo

da vida por todos nós como consequência de adversidades, tais como a perda de um ente

querido (luto), doença ou algum tipo de frustra-ção ou aborrecimento. É esperado que possamos querido (luto), doença ou algum tipo de frustra-

ção ou aborrecimento. É esperado que possamos querido (luto), doença ou algum tipo de frustra-

superar estas difi culdades, entendendo-as como parte de nossas vidas, comuns a todos os seres humanos e geralmente não precisam ser tratadas.

A ansiedade é uma condição psíquica que frequen-temente vem associada com depressão. A ansie-

dade se caracteriza por alguns sintomas como uma preocupação excessiva, geralmente antecipada, re-

lacionada a fatos futuros (de-

sempenho profi ssional, saúde dos fi lhos etc.) gerando emoções de medo, irritabilidade, inquietação constante. Ela é geralmente acompanhada de sintomas físicos como cansaço, difi culdade de concentração, tensão muscular e perturbações do sono. As preocupações são sentidas como involuntárias e são difíceis de serem controladas pelas pessoas. Como a ansiedade e a depressão com-partilham sintomas comuns, facilmente são confundidas. O psiquiatra ajudará os pacientes no diagnóstico e tratamento. A angústia é considerada um sinônimo de ansie-dade, porém alguns estudiosos preferem chamar de angústia, quando há uma presença maior de sintomas físicos nos quadros de ansiedade, como, por exemplo, aperto no peito ou sensação de falta de ar.

SAÚDE- Como proceder ao se constatar que de fato é depressão e quem pode diag-nosticar o quadro?

HG - Às vezes uma depressão é tão evidente nosticar o quadro?

Às vezes uma depressão é tão evidente nosticar o quadro?

que pessoas comuns já percebem e ajudam o outro a buscar tratamento. Geralmente, as pessoas deprimidas chegam aos consultórios médicos levadas por seus familiares, amigos ou colegas de trabalho, pois, muitas vezes, os sintomas depressivos causam uma incapaci-dade tão grande que inibem os indivíduos de buscar auxílio espontâneo. Os médicos são as pessoas habilitadas a fazer o diagnóstico, principalmente os especialistas da área de saúde mental como os psiquiatras. Os psicó-logos também são profi ssionais habilitados para este auxílio. Ao se constatar um quadro depressivo, a pessoa deverá utilizar os re-cursos disponíveis para o tratamento, tais como medicação antidepressiva e auxilio psicoterápico. Muitas vezes será necessário o afastamento das atividades e, em casos muito graves, até internamento hospita-lar. Pessoas gravemente deprimidas podem perder o prazer pela vida e ter desejos de morrer. Toda esta ajuda visa evitar o desfecho mais cruel de todos que pode ser o suicídio. O apoio e a compreensão da família são fundamentais. Depressão é uma doença altamente incapacitante e não pode ser olhada como uma “fraqueza” ou “frescura” do outro. Frases que são ditas para um deprimido como “você não se ajuda”, “não te falta nada” e “há pessoas que tem coisas piores” são inapropriadas e agravam a culpa de quem está em sofrimento.

VERA LIMAEquipe EM TEMPO

SAÚDE - Depressão tem cura ou a pessoa pode ter recaídas ao longo da vida?

HG - A depressão é considerada uma do-ença crônica, porém episódica. Por exemplo, se você tiver um diagnóstico de diabetes, você passará a tê-la para o resto da vida e necessitará usar medicamentos diariamen-

te. A depressão costuma acontecer em episódios, que geralmente ocorrem

ao longo da vida. Muitas vezes os episódios se sucedem com

muita frequência e, nestes casos, é indicado que o pa-

ciente utilize medicamentos antidepressivos de maneira

contínua e permanente. Isto se deve a uma constatação no

mundo de que cada novo episódio de depressão vem mais forte e

de mais difícil tratamento, sendo muito melhor prevenir novas crises.

O objetivo do tratamento será não só reduzir os sintomas da depressão,

mas também obter um reestabeleci-mento completo com o retorno pleno às

atividades anteriores habituais da pessoa. Antigamente a difi culdade era conseguir uma substância que conseguisse tratar a doença e ainda ajudar o paciente a reto-mar a vida. Mas hoje isso já é possível. Estudos mostram que a agomelatina (Valdoxan) atua no cérebro restaurando os ritmos biológicos. O paciente se sente melhor, acorda mais dispos-to, com pensamentos mais claros e apresenta aumento da atenção desde o início do tratamento. É uma substância comprovadamen-

te efi caz em todos os sintomas da depressão. O processo de melhora é

gradual e contínuo: logo nas primeiras semanas de tratamento é percebida

uma melhora dos aspectos positivos, como padrão do sono, disposição ao

despertar, cognição, prazer e

interesse. Em seguida os aspectos negativos, como humor deprimi-do, ansiedade e sentimento de culpa, são trabalhados. Portanto, agomelatina é efi caz desde o princípio do tratamento. Sem alterar a li-bido, nem o peso.

SAÚDE- É hereditária?HG - Como em toda a medicina, as

doenças têm fortes características familiares. Existem famílias onde a presença de depressão ocorre com mais frequência. Caracterís-ticas hereditárias não são uma condenação, porém, aumentam o risco para depressão se existem familiares próximos que tem ou tiveram o transtorno. O desen-volvimento da depressão depende também de fatores ambientais e psicossociais, como o stress.

O tratamentoO processo de melhora do

paciente tratado com a ago-melatina é gradual e contí-nuo. Ela repara primeiro os aspectos positivos (rapidamente percebidos ainda na primeira sema-na), como melhora da disposição ao despertar e do padrão de sono, retorno da cognição, prazer e interesse, e logo em seguida os aspectos negativos (humor deprimido, ansiedade e sentimento de culpa). Portanto, a substância se mostrou eficaz desde o princípio do tratamento, sem alterar a libido (preservando a vida sexual), nem o peso. A agome-latina atua no cérebro restaurando os ritmos biológicos. “O paciente tratado se sente melhor, acorda mais disposto, com pensamentos mais claros e apresenta aumento da atenção desde o início do tra-tamento”, afirma Grabowski.

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Page 6: Saúde - 1º de fevereiro de 2015

MANAUS, DOMINGO, 1º DE FEVEREIRO DE 2015F6 Saúde e bem-estar

www.personalfitnessclub.com.brPersonal Fitness Club

Atividade física para hipertensos Que atividade física faz bem

a quem sofre com a pressão arterial todo mundo já sabe, o que algumas pessoas des-conhecem é que podem ter problemas de pressão arterial sem sintomas alarmantes. É bom destacar que exercícios alteram a pressão sanguínea, mas, esta alteração depende da pressão arterial do indi-víduo, ou seja, em indivíduos com pressão arterial (PA) nor-mal, pouco alteração ocor-re com o treinamento, mas, provocam redução significati-vas em indivíduos hipertensos leves e moderados. Os exer-cícios aeróbios moderados e de longa duração são os mais eficientes na diminuição ou na regularização da PA, princi-palmente quando associados à redução do peso corporal e da ingestão de sal.

O American College of Sports Medicine (ACSM) e outros revisores concluíram que as pessoas com hiper-tensão discreta podem es-perar uma queda média das pressões arteriais sistólica e diastólica de 8 a 10 mmHg e 6 a 10 mmHg, respecti-vamente, em resposta ao

exercício aeróbio regular.Os programas de exercícios

devem ser de predominância aeróbia, como caminhadas, corridas leves, ciclismo, nata-ção. Vale destacar que a frequ-ência das atividades não deve ser inferior a quatro vezes por semana, com a duração inicial de 30 minutos aumentando gradativamente a uma hora e a intensidade entre 40 a 65% da frequência máxima.

A hipertensão acomete crianças, adultos e idosos de ambos os sexos, embora atin-ja mais homens e pessoas com a idade mais avançada. Trata-se de uma doença crônica que não tem cura e pode aparecer por herança genética.

A causa, na maioria das vezes, é desconhecida. En-tretanto, diversos fatores contribuem para o surgi-mento da doença. Exemplo deles são: obesidade, alto consumo de bebidas alco-ólicas, cigarro, estresse e preocupações em excesso, uso exagerado de sal, nível de diabetes e de colesterol elevados e sedentarismo.

O ACSM (American Col-lege of Sports Medicine)

recomenda exercícios ana-eróbios como uma estraté-gia não farmacológica no tratamento da hipertensão. Por outro lado, a muscula-ção também potencializa a conquista deste objetivo e tem grande segurança car-diovascular para indivíduos hipertensos, desde que bem controlados e orientados por um profissional da área.

A combinação de aeróbios e musculação traz grandes benefícios para o hipertenso, já que o treino com pesos ajuda no emagrecimento, aumenta os níveis de força e de massa muscular, dimi-nui a resistência periférica, a frequência cardíaca e a pressão sanguínea.

Antes de iniciar o programa de exercícios é indispensável um exame cardiológico com-pleto para identificar possí-veis riscos. Outro cuidado em relação à pressão arterial. É necessária a verificação da mesma antes do início da atividade para saber se é possível praticar a mus-culação no determinado dia ou não. Após a prática é recomendado o descanso.

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Qualquer atividade física praticada com regularidade pode beneficiar os hipertensos

REPR

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UÇÃ

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Tire dúvidas sobre a doença do século, que continua fazendo vítimas em número cada vez maior e que ainda é cercada de muitas crenças

sem mitos câncerO

Quando ouvimos falar em cân-cer, inevitavelmente, pensa-mos no pior. Mesmo com os mais inovadores tratamentos

disponíveis no mercado, a maioria das pessoas ainda desconhece vários as-pectos da doença. Isso ocorre porque existem muitas ideias errôneas sobre o câncer e suas causas. Muitas vezes, uma má interpretação de fatos relacionados à doença ou à generalização de um caso isolado, assim como especulações, aca-bam por fazer com que conceitos e até mesmo crenças se apresentem como verdades, atrapalhando a prevenção e o tratamento da doença.

O médico oncologista Leandro Ramos ajuda a desmistificar o câncer.

Saúde - Muitos falam da here-ditariedade do câncer. Isso é mito ou verdade?

Doutor Leandro Ramos - Em geral o câncer não é hereditário, porém, existem alguns casos, como o câncer de mama, que apresentam uma mutação no gene BRCA1 e 2, que tem uma transmissão hereditária (cerca de 7% do total dos cânceres de mama). Outro exemplo é o câncer de cólon, quando associado ao surgimento de pólipos intestinais.

Saúde- Conte-nos sobre alguns

tumores hereditários.LR - Um exemplo clássico de câncer

hereditário é o retinoblastoma - doen-ça maligna que compromete o olho e ocorre em crianças. No entanto, existem alguns fatores genéticos que tornam determinadas pessoas mais sensíveis à ação dos carcinógenos ambientais, o que explica por que algumas delas de-senvolvem câncer e outras não, quando expostas a um mesmo carcinógeno.

Saúde- Sabendo que a incidên-

cia do câncer de mama tende a aumentar com a idade, a partir de quantos anos a mulher deve realizar

a mamografia? LR - O câncer de mama é mais

frequente em mulheres com mais de 50 anos, porém, temos obser-vado um aumento significativo do diagnóstico em mulheres mais jovens. Por este motivo, a mamo-grafia deve ser realizada após 40 anos, e qualquer alteração nas mamas deve ser comuni-cada ao médico.

Saúde - A rotina das mu-

lheres vem mudando nas últimas décadas e muitas optam por não ter filhos. Deixar de ter filhos au-menta o risco de câncer de mama? Por quê?

LR - Sim. A mulher que nunca engravidou apre-senta uma maior possi-bilidade de desenvolver o câncer de mama. Isso acontece devido à pro-dução hormonal que ocorre neste período, que é um fator pro-tetor contra o câncer de mama. A amamen-tação também é um fator protetor contra a doença.

Saúde - O uso ex-

cessivo de celular aumenta o risco de câncer?

LR - As ondas e let romagnét icas , quando em altas concentrações, estão relacionadas ao sur-gimento de câncer. Po-rém, até o momento, a relação entre o uso do telefone celular e câncer não está definida. A recomen-dação é o uso limitado deles.

O melhor recurso con-tra o câncer

ainda é a prevenção

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MANAUS, DOMINGO, 1º DE FEVEREIRO DE 2015 F7Saúde e bem-estar

A base da salada deve ser de folhas verdes, como alface, agrião, rúcula e para incrementá-la existem alimentos funcionais

Abuse das saladas no

verãoAs saladas são as queri-

dinhas de quem busca uma vida mais saudá-vel ou deseja perder

aqueles quilinhos extras. Nas temperaturas mais elevadas, o organismo sofre e, para facilitar sua adaptação, uma alimentação leve e rica em nutrientes faz toda a diferen-ça. “As folhas verdes são im-portantes principalmente por serem fontes de vitaminas e minerais, porém o acréscimo de outros alimentos como frutas, linhaça, chia, quinoa e até temperos como o alho, por exemplo, agregam valor nutricional ao prato”, afi rma a nutricionista Cintya Bassi.

A base da salada deve ser de folhas verdes, como alface, agrião, rúcula entre outras, e para incrementá-la existem alguns alimentos considera-dos funcionais que podem ser incluídos no cardápio. “A soja ajuda a manter o equi-líbrio hormonal das mulhe-res na fase da menopausa e contribui para a redução de colesterol; o alho, que auxilia na manutenção da pressão arterial; o tomate, que possui ação antioxidante e previne contra doenças como o câncer de próstata; frutas como a manga, que possui nutrientes precursores da Vitamina A; a maçã, que auxilia na preven-ção de doenças cardiovascu-lares e câncer de pulmão”, acrescenta a especialista.

Os legumes também são uma boa pedida para turbinar a salada e ajudar na sensação de saciedade. “Assim como as verduras, os legumes são fon-tes importantes de nutrientes que vão além de vitaminas e minerais e encontram subs-tâncias específi cas de cada um, como é o caso da cenoura, que possui forte ação antioxi-dante e é rica em pectina, fi bra solúvel que auxilia no funcio-namento intestinal. Diversos legumes podem ser incluídos nas saladas, é o caso da abóbo-ra, berinjela, cenoura, palmito, pimentão, batata e nabo. En-tre esses os menos calóricos são abobrinha, berinjela, nabo, cenoura e pimentão”, explica a profi ssional.

ConservaçãoOs nutrientes dos legumes

são mais bem aproveitados quando o alimento é consu-mido cru. Porém se a opção é consumi-los cozidos, o cozi-mento a vapor conserva me-lhor os nutrientes. “Principal-mente por que, nesse caso, ele não é imerso na água, então mantem suas propriedades. Alguns legumes podem ser preparados na grelha, como a abobrinha e o pimentão, e prepará-los assados também pode ser uma forma de con-servar os nutrientes e variar o sabor”, ensina Cintya.

Aos fãs de sabores agrido-ces, a nutricionista indica a inclusão de frutas na salada. “As frutas são essenciais para a saúde, já que possuem nu-trientes capazes de fortalecer o sistema imunológico, auxi-liar na prevenção de doenças e envelhecimento do orga-nismo devido às substâncias antioxidantes, contribuir para o funcionamento adequado do intestino, por causa das fi bras, entre outras coisas. Elas po-dem ser incluídas nas saladas e contribuem ainda para dei-xar o prato mais saboroso”.

Nutrientes importantesAs proteínas devem compor

todas as refeições pois são nutrientes fundamentais para o crescimento, reparação e conservação de órgãos, mús-culos e células. Devem cons-tituir entre 10% e 15% do valor calórico da refeição e isso é facilmente obtido com o consumo de leites e derivados, carnes e leguminosas.

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F8 MANAUS, DOMINGO, 1º DE FEVEREIRO DE 2015Saúde e bem-estar

Pedofi lia e violências sexuais

Psicologia no divãwww.comportamentocriminal.com.br

Psicologia no divã Christiam Costa

“Lembro que naquela ma-nhã acordei confuso e em busca de algo que me dei-xasse mais calmo. Tive uma semana estressante no tra-balho, e só queria sair dali para esfriar minha cabeça. Sempre me relacionei me-lhor com crianças, pois elas não me criticavam o tempo todo. Não tinha dúvida que ao entrar na minha Kombi, era uma criança que iria me fazer companhia. Depois de uns 30 minutos dirigindo, percebi um grupo de meni-nas que estavam brincando em uma praça... Então ob-servei e estacionei minha Kombi próxima ao grupo. Percebi que à medida que me aproximava delas, fica-va mais ansioso e a única maneira daquela ansiedade diminuir, era descer do car-ro e oferecer ao grupo de meninas uma série de jogos que estava amontoado atrás do banco do motorista. Uma dessas meninas, que parecia ser a mais carente, se inte-ressou mais que as outras pelos jogos e brinquedos que eu mantinha no carro. Não foi difícil convencê-la a ir até minha casa para que eu pudesse lhe mostrar ou-tros jogos e brinquedos... Ao chegarmos em casa coloquei um vídeo infantil...Tomei um banho e voltei para ficar com ela. Tentei acariciá-la

e demonstrar todo o amor que estava sentindo naquele momento, mas ela reagiu chorando e pedindo para ir embora. Disse a ela que an-tes de ela ir para casa, tínha-mos de nos conhecer melhor e que o ideal seria que ela relaxasse e permitisse que eu apenas a tocasse...Era só isso que eu queria” (relato de um presidiário condenado por pedofilia).

Ouvir um relato desses é no mínimo sentir-se indig-nado e se fazer a seguinte pergunta: Por quê? O que leva um indivíduo adulto a ter preferências sexuais por uma criança? Que tipo de “doen-ça” é esta? Por quê não se contentar com relações adul-tas e maduras? Por quê trau-matizar uma criança? Todos estes questionamentos nos levam a refl exão deste artigo e do tema em questão que é a pedofi lia e a violência sexual. A violência de um modo geral é entendida como um comportamento extremo e prejudicial em nossos dias, mas também não podemos esquecer que em nossas ra-ízes primitivas, este compor-tamento era necessário para a própria sobrevivência e perpetuação da espécie. Por motivos sociais, genéticos e comportamentais, a violên-cia sempre esteve presente na história da humanidade.

Por motivos sociais, gené-ticos e com-portamentais, a violência sempre esteve presente na história da humanidade”.

Christiam Costa tem formação

acadêmica em fi losofi a e

psicologia, com especialização em terapia cognitiva

e mestrado na área de psiquiatria

forense

Atualmente, indivíduos que manifestam qualquer moda-lidade de violência durante suas relações sociais, com mais persistência que os demais, percebem que este comportamento está presen-te em suas vidas de forma in-tensa e demonstram em seus comportamentos, poucas possibilidades de controle, ou seja, entende-se que são mais impulsivos, agressivos e com baixa tolerância à frustração. Estes indivídu-os possuem características, onde demonstram difi culda-des de seguir normas so-ciais e padrões éticos. Como consequência destes fatos, estruturam paradigmas e normas específi cas que lhes

proporcionem ganhos pesso-ais e obtenção imediata de prazer. Pensando em espe-cial na violência sexual, pode-mos, em alguns momentos, associar este padrão de com-portamento disfuncional as parafi lias, que são atitudes sexuais diferentes daquelas entendidas como normais pela sociedade, sendo que as pessoas que as praticam possuem preferência sexu-al “desviada”, por se tornar uma necessidade de prazer prioritária e exclusiva. É im-portante ressaltar que ela se torna exclusiva porque exclui o normal e pessoas parafíli-cas podem ter dois ou mais tipos de parafi lias ao mesmo tempo. Como por exemplo,

o sadismo, o masoquismo e o fetichismo. As parafi lias geralmente são praticadas por uma pequena parcela da população, mas como essas pessoas cometem atitudes parafílicas com muita fre-quência e repetição, tem ocorrido um grande número de vítimas delas.

SERVIÇOCurso: Crimes sexuais – causas e consequênciasProfessor: Christiam CostaLocal: auditório da Escola Superior de Tecnologia da UEA (antiga Utam)Data: 6.2.2015Informações:99161-0218/ 99292-962306

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De uma maneira geral, o ato pedofílico consiste em toques, carícias e agrados às crianças

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