saramago certa vez partilhou o seguinte relato sobre o surgimento da ideia inicial para uma de suas...
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Saramago certa vez partilhou o seguinte relato
sobre o surgimento da ideia inicial para uma de
suas maisconhecidas obras:...
“O que eu sei é que, sem saber exatamente de
onde é que aquilo me veio, fiz uma
pergunta“E se nós
fossemos todos cegos?”.
“Depois, levei três ou quatro segundos
a pensar no que tinha dito e respondi
a mim mesmo“Mas nós somos
todos cegos!”
“E é dessa reflexão muito
simples que nasce o livro
‘Ensaio sobre a cegueira’.”“E se nós
fossemos todos cegos?”.
“E é dessa reflexão muito
simples que nasce o livro
‘Ensaio sobre a cegueira’.”“E se nós
fossemos todos cegos?”.
“Mas nós somos todos cegos!”
Planeta Terra– a nossa mãe-
comum, que um dia ainda
haveremos de aprender a amar,
cuidare respeitar.
O que se pode dizer de um filho que agride, ofende e desconsidera os direitos daquela
a quem deve a vida?
O fiasco e o fracasso da aguardada “Rio+20”
comprovam que continuamos
cegos, infelizmente.
A ausência de Obama, Merkel e Cameron, entre
outros líderes das nações ditas
“ricas”, já prenunciava
o descaso.
E os 114 líderes mundiais que resolveram dar o ar de sua graça limitaram-se a repetir as mesmas
promessas vagas e vazias feitas em 1992.
Vinte anos se passaram, e nada aprendemos, nada mudou;
apenas as crises se agravaram.
Na ‘Cúpula sobre Mudanças Climáticas’, realizada
em 2009, em Copenhague, muitos governos assumiram compromissos que até hoje não
cumpriram.
Desta vez, a conferência produziu um documento considerado “vago”, “omisso”,
“tímido”, “frouxo” e “muito pouco expressivo” pelos
especialistas.
O único consenso foi o de adiar de novo ações
que a ciência aponta como urgentes, e jogar para mais adiante definições cruciais
para o futuro do planeta.
Os duzentos milhões de dólares gastos com a organização da conferência resultaram em muito
pouco, quase nada.Muitos especialistas começam a defender a ideia de que o modelo das conferências de cúpula da
ONU está esgotado, demonstrando-se completamente infrutífero.
Como de praxe, ONGs,
ambientalistas, estudantes e grupos
sociais fizeram barulho e
promoveram suas performances
midiáticas, que em nada influenciaram
as decisões dos governos reunidos.
Entre as decisões esperadas para a “Rio+20”, e que
foram mais uma vez adiadas,
encontravam-se:
estabelecimento de um mecanismo de
financiamento ao desenvolvimento
sustentável,e um acordo global sobre a proteção do alto-mar.
Mas, afinal, para que perder tempo
tratando de terra, água e ar,
da saúde dos oceanos,
e do desenvolvimento
sustentável,se o que interessa
é a balança comercial, o PIB, e o
crescimento econômico de curto prazo?
Os políticos continuam tendo no
centro de suas preocupações
um crescimento econômico que
possa ser capitalizado em
termos de ganhos eleitorais, e separam de fato
a crise econômica da crise ambiental.
Para que consigamos
vislumbrar uma saída para a atual crise é necessário
integrar e equilibrar três pilares:econômico, ambiental e social.
O bem-estar e a própria
sobrevivência da humanidade
dependem deste frágil e vital equilíbrio:
social, ambiental e econômico.
Já não podemos mais nos dar ao luxo de pensar somente
em termos de crescimento econômico,
desvinculado de aspectos ambientais
e sociais.
O tempo está correndo curto para grande parcela da
humanidade...
“É tempo de retornar ao
compromisso.”Saramago
“A pergunta que todos nós
deveríamos fazer é: O que foi que eu fiz,
se nada mudou? Deveríamos viver
mais incomodados.”Saramago
“Não se resigne:indignemo-nos.”
Saramago
Segundo o relatório divulgado
pela ONU na abertura da
“Rio+20”, nas últimas duas
décadas, 4,4 bilhões
de pessoas foram afetadas por algum
desequilíbrio ambiental no
planeta.O número de
mortos beira 1,3 milhão.
Quase um bilhão de pessoas não
têm acesso a água potável,
e a sua escassez já causa 1,6 milhão de mortes por ano.
Vidas que poderiam ser
poupadas, lágrimas que não
precisariam ser derramadas.
O que sabemos nós,
os afortunados pelo destino, sobre a dor do
outro,– sobre o lamento daqueles a quem é
negado o direito básico
à água, um bem tão essencial
quanto o ar que respiramos?
“É preciso acreditar em algo e, sobretudo,
é preciso ter um sentimento de responsabilidade coletiva, pelo qual
cada um de nós é responsável por todos os outros.”
Saramago
“É preciso acreditar em algo e, sobretudo,
é preciso ter um sentimento de responsabilidade coletiva, pelo qual
cada um de nós é responsável por todos os outros.”
Saramago
Sob certo aspecto, é possível afirmar que o fracasso da “Rio+20”
foi um sucesso,– pois comprovou quea implantação de um
novo modelo econômico, mais justo e sustentável, não é uma
tarefa exclusiva dos chefes de Estado ou da ONU. Se fosse, nós estaríamos
perdidos.
Nestes tempos cruciais
que a humanidade atravessa,
cabe a cada um de nós responder
a pergunta: “Qual o futuro
que queremos?”
“Qual o futuro que
queremos?”
“Qual o mundo que queremos deixar para os
netos dos nossos netos?”
O desafio de educar as futuras gerações
de modo que possam cultivar corações justos, bondosos e
solidários.
Que possam iniciar o processo de cura desta nossa mãe-
comum, que a nossa egoísta e desatenta geração
tanto vem maltratando.
As palavras “humildade”, “humano” e “humanidade”
derivam de “humus”, que é terra fértil.
Tornarmo-nos terra fértil,capaz de produzir saudáveis
frutos.
Que nesta breve jornada terrena, nesta fugidia e preciosa experiênciaque nos foi agraciada, saibamos nos
tornar cuidadores e jardineiros.
“A viagem não acaba nunca.
Só os viajantes acabam.E mesmo
estes podem prolongar-se em memória,
em lembrança,
em narrativa.”
“O fim duma viagem é apenas
o começo doutra...
É preciso voltar aos passos que foram dados,
para os repetir, e para traçar
caminhos novos ao lado deles.”
“É preciso recomeçar a viagem. Sempre.
O viajante volta já.”
Saramago
Formatação: [email protected]