saneamento basico capitulo 01 - introducao

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cap1 introdução saneamento basico

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Saneamento Bsico Captulo 1

INTRODUO

A vida no planeta existe h cerca de 3,5 bilhes de anos, porm a apenas duzentos anos que a vida humana tornou-se mais confortvel, devido aos grandes avanos tecnolgicos. Nestes duzentos anos, a populao mundial aumentou oito vezes, enquanto que o consumo de recursos naturais aumentou em escala significativamente maior.

O consumo de gua, por exemplo, aumentou 35 vezes.

A histria do homem no planeta difere da histria dos demais seres vivos pela forma como se apropria dos recursos naturais para satisfazer as suas necessidades. O homem cria sistemas cada vez mais elaborados, baseados em tecnologias nem sempre sustentveis e, quase sempre, s custas da degradao ambiental. Esta ocorre de forma to acelerada que os sistemas naturais no conseguem repor tudo no lugar com a mesma presteza. A terra, a gua e o ar deterioram-se qualitativamente, pondo em evidncia o prejuzo biolgico experimentado por muitas espcies, incluindo o prprio homem.

O aumento do efeito estufa,

A destruio da camada de oznio

A perda da biodiversidade

conhecimento das Cincias do Meio Ambiente

compromisso de mudana global do nosso comportamento.

O estudo do meio ambiente e a questo ambiental so to complexos quanto o prprio planeta. Tanto assim, que a interdisciplinaridade fundamental para a compreenso do tema, exigindo o esforo de profissionais das mais diversas reas de atuao.

A Engenharia como a arte de engendrar coisas, o faz apropriando-se de espaos e de recursos do planeta. A antiga idia de meio ambiente como algo l fora, levou o engenheiro a produzir muitos estragos. A compreenso de que somos parte de todo o engenho e que o desenvolvimento deve ser auto-sustentvel, leva-nos a refletir sobre a forma como administramos o planeta.

Meio Ambiente

O meio ambiente o conjunto de condies fsicas (luz, temperatura, presso...), qumicas (salinidade, oxignio dissolvido...) e biolgicas (relaes com outros seres vivos) que cercam o ser vivo, resultando num conjunto de limitaes e de possibilidades

para uma dada espcie: o meio ambiente tudo que nos cerca.

A Lei n 6.938, de 31/8/1981, que dispe sobre a Poltica Nacional de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulao e aplicao no Brasil, define: Meio ambiente o conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica, qumica e biolgica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

pesquisa 01Pesquise as principais definies contidas na Lei Federal n 6.938 (artigo 3) e discorra sobre as dificuldades de se alcanar os objetivos da Poltica Nacional de Meio Ambiente.

Salubridade ambiental

o estado de higidez (estado de sade normal) em que vive a populao urbana e rural, tanto no que se refere a sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrncia de endemias ou epidemias veiculadas pelo meio ambiente, como no tocante ao seu potencial de promover o aperfeioamento de condies mesolgicas (que diz respeito ao clima e/ou ambiente) favorveis ao pleno gozo de sade e bem-estar.

Saneamento Bsico

Segundo a Organizao Mundial de Sade (OMS), saneamento o controle de todos os fatores do meio fsico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem estar fsico, mental e social. De outra forma, pode-se dizer que saneamento caracteriza o conjunto de aes socioeconmicas que tm por objetivo alcanar Salubridade Ambiental.

A Lei n 11.445/2007 que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento bsico, considera:

Saneamento bsico: conjunto de servios, infra-estruturas e instalaes operacionais de:

a) abastecimento de gua potvel: constitudo pelas atividades, infra-estruturas e instalaes necessrias ao abastecimento

pblico de gua potvel, desde a captao at as ligaes prediais e respectivos instrumentos de medio;

b) esgotamento sanitrio: constitudo pelas atividades, infra-estruturas e instalaes operacionais de coleta, transporte,

tratamento e disposio final adequados dos esgotos sanitrios, desde as ligaes prediais at o seu lanamento final no meio ambiente;

c) limpeza urbana e manejo de resduos slidos: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalaes operacionais de coleta,

transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo domstico e do lixo originrio da varrio e limpeza de logradouros e vias pblicas;

d) drenagem e manejo das guas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalaes operacionais de drenagem

urbana de guas pluviais, de transporte, deteno ou reteno para o amortecimento de vazes de cheias, tratamento e disposio

final das guas pluviais drenadas nas reas urbanas;

pesquisa 02Pesquise os princpios fundamentais contidas na Lei Federal n 11.445 (artigo 2) e discorra sobre as dificuldades de se alcanar as diretrizes nacionais para o Saneamento Bsico. Tente classificar cada um destes princpios relacionados a Gesto de Demanda (ou procura) e Gesto de Capacidade (ou oferta). Quais os benefcios que se pretendem alcanar, em termos de viso macro, ao se universalizar o acesso ao saneamento bsico? Os recursos hdricos integram a prestao de servio pblico de saneamento bsico?

pesquisa 03Pesquise os fundamentos contidos na Lei Federal n 9.433 (artigo 1) e discorra sobre as dificuldades de se alcanar os objetivos da Poltica Nacional de Recursos Hdricos.

A oferta do saneamento associa sistemas constitudos por uma infraestrutura fsica e uma estrutura educacional, legal e institucional, que abrange os seguintes servios:

- abastecimento de gua s populaes, com a qualidade compatvel com a proteo de sua sade e em quantidade suficiente para a garantia de condies bsicas de conforto;

- coleta, tratamento e disposio ambientalmente adequada e sanitariamente segura de guas residurias (esgotos sanitrios, resduos lquidos industriais e agrcola;

- acondicionamento, coleta, transporte e/ou destino final dos resduos slidos (incluindo os rejeitos provenientes das atividades domstica, comercial e de servios, industrial e pblica);

- coleta de guas pluviais e controle de empoamentos e inundaes;

- controle de vetores de doenas transmissveis (insetos, roedores, moluscos, etc.);

- saneamento dos alimentos;

- saneamento dos meios transportes;

- saneamento e planejamento territorial;

- saneamento da habitao, dos locais de trabalho, de educao e de recreao e dos hospitais; e

- controle da poluio ambiental gua, ar e solo, acstica e visual.

Abordagem histrica

A importncia do saneamento e sua associao sade humana remonta s mais antigas culturas. O saneamento desenvolveu-se de acordo com a evoluo das diversas civilizaes.

Das prticas sanitrias coletivas mais marcantes na antigidade destacam-se a construo de aquedutos, banhos pblicos, termas e esgotos romanos, tendo como smbolo histrico a conhecida Cloaca Mxima de Roma.

Entretanto, a falta de difuso dos conhecimentos de saneamento levou os povos a um retrocesso, originando o pouco uso da gua durante a Idade Mdia, quando o consumo per capita de certas cidades europias chegou a 1 L por habitante por dia. Nessa poca, houve uma queda nas conquistas sanitrias e conseqentemente sucessivas epidemias. O quadro caracterstico desse perodo o lanamento de dejetos na rua.

A maioria dos livros sobre a Idade Mdia europia fala muito pouco ou quase nada sobre um fenmeno que marcou profundamente o continente e de certa forma deixou cicatrizes que permanecem at nossos dias, a terrvel "morte negra", a pandemia de peste bubnica que assolou a Europa em meados do sculo XIV.

Peste negra a designao pela qual ficou conhecida, durante a Baixa Idade Mdia, a pandemia de peste bubnica que assolou a Europa durante o sculo XIV e dizimou entre 25 e 75 milhes de pessoas, cerca de um tero da populao da poca.

A verdadeira causa da doena era ignorada (e continuaria a s-lo at o sculo XIX). Mesmo no final da Idade Mdia a medicina preventiva limitava-se ao isolamento e quarentena. Atribua-se quase tudo influncia dos astros, e no era raro que os mdicos mais famosos fossem tambm astrlogos. Para os pobres e ignorantes, a resposta era bem simples: todos os males eram castigos de Deus, irado com os constantes pecados cometidos pelo homem.

O homem medieval via a peste como um castigo divino. Entretanto, se analisarmos todos os dados referentes habitao, higiene, alimentao e sade, veremos que o carter pandmico da praga derivou da precariedade de todos estes aspectos, e de sua homogeneidade mais ou menos acentuada em todo o territrio europeu.

Somente no sculo passado que se comeou a dispensar maior ateno proteo da qualidade de gua, desde sua captao at sua entrega ao consumidor. Essa preocupao se baseou nas descobertas que foram realizadas a partir de ento, quando diversos cientistas mostraram que havia uma relao entre a gua e a transmisso de muitas doenas causadas por agentes fsicos, qumicos e biolgicos.

Ainda nos dias de hoje, mesmo com os diversos meios de comunicao existentes, verifica-se a falta de divulgao desses conhecimentos. Em reas rurais a populao consome recursos para construir suas casas sem incluir as facilidades sanitrias indispensveis, como poo protegido, fossa sptica, etc.

Assim sendo, o processo sade versus doena no deve ser entendido como uma questo puramente individual e sim como um problema coletivo.

pesquisa 04Pesquise a respeito das condies de higiene, sanitrias, habitacionais, de alimentao e de sade na poca medieval da Peste Negra e compare com as condies atuais brasileiras. Na sua opinio, ainda h riscos de pandemias desta natureza?

No Brasil, pesquisas realizadas no incio dos anos 90 pela Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambiental (ABES) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) possibilitam uma visualizao do quadro sanitrio do pas, evidenciando as condies precrias a que est exposta grande parte da populao brasileira.

Em 1991, o Brasil possua uma populao de 152,3 milhes de habitantes, sendo que 77% destes viviam em reas urbanas e apenas 23% em reas rurais. Do total da populao brasileira, menos de 70% dos habitantes eram atendidos por sistemas coletivos de abastecimento de gua

Atualmente (2004), estatsticas do Ministrio da Sade revelam que cerca de 90% da populao urbana brasileira atendida com gua potvel. O dficit, ainda existente, est localizado, basicamente, nos bolses de pobreza, ou seja, nas favelas, nas periferias das cidades, na zona rural e no interior.

Problemas recorrentes nos sistemas so devidos ao no cumprimento dos padres de potabilidade pela gua distribuda e a ocorrncia de intermitncia no abastecimento, comprometendo a quantidade e a qualidade da gua distribuda populao. Alm disso, o ndice de perda muito elevado principalmente em funo de vazamentos e desperdcios.

Estatsticas atuais (2004) do Ministrio da Sade apresentam um nmero da ordem de 60% da populao sendo atendida por redes coletoras de esgoto. As deficincias na coleta e a disposio inadequada do lixo, que lanado a cu aberto na maioria das cidades, caracterizavam, 1995, um outro grande problema ambiental e de sade pblica.

Alm disso, em geral no Brasil, carncias graves podem ser verificadas na rea de drenagem urbana, submetendo diversos municpios a peridicas enchentes e inundaes, alm de problemas na rea de controle de vetores, os quais vem provocando a ocorrncias freqentes de endemias como o dengue, a leptospirose e a leishmaniose.

Desenvolvimento sustentvel

Em face aos profundos desequilbrios e a crescente degradao ambiental provocados pela interveno humana nas ltimas dcadas, levaram a humanidade a compreender que o planeta pode sofrer de problemas globais, como as mudanas climticas e a destruio da camada de oznio, o que acabam por atingir direta e indiretamente vrios pontos da Terra.

Por isso, as questes ambientais passaram a fazer parte de todos os projetos e programas de desenvolvimento global, nacional, regional e local.

No entanto, como resolver o problema do meio ambiente sem retirar da humanidade seus meios de sobrevivncia e produo?

A teoria do desenvolvimento sustentvel surgiu em 1987 com o Relatrio da Comisso Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), sendo amplamente conhecida a partir de junho de 1992 com a realizao da Rio-92.

Este encontro contou com a participao dos pases membros da Organizao das Naes Unidas (ONU), na qual foi produzida o relatrio da Agenda 21, que pode ser considera a cartilha bsica.

Segundo este relatrio, desenvolvimento sustentvel aquele que atende s necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as geraes futuras satisfazerem suas prprias necessidades. O desafio trazer as consideraes ambientais para o centro das tomadas de deciso econmicas e do planejamento futuro nos nveis local, regional e global.

Alguns tpicos importantes do relatrio so destacados:

* as necessidades dos pobres so prioritrias;

* por desenvolvimento entende-se o progresso humano, em todas as suas facetas - cultural, econmica, social e poltica - que deve ser possvel a todos os pases;

* est implcita a preocupao com a igualdade social entre as pessoas de uma mesma gerao e entre as de uma gerao posterior;

* o desenvolvimento socioeconmico est intimamente ligado qualidade do meio ambiente e as decises polticas tomadas sem considerar seus impactos ambientais;

* estmulo cooperao internacional e dentro dos pases;

* mudanas nos padres de consumo e nos processos produtivos;

* criao e aperfeioamento do ordenamento jurdico necessrio gesto ambiental.

pesquisa 05Pesquise a legislao federal brasileira a respeito do saneamento bsico e polticas urbanas. Existe alguma relao entre o planejamento urbano e o acesso ao saneamento bsico. Explique.

Sade e saneamento

Sanear quer dizer tornar so, sadio, saudvel. Pode-se concluir, portanto, que Saneamento equivale a sade. Entretanto, a sade que o Saneamento proporciona difere daquela que se procura nos hospitais e nas chamadas casas de sade. que para esses estabelecimentos so encaminhadas as pessoas que j esto efetivamente doentes ou, no mnimo, presumem que estejam.

Ao contrrio, o Saneamento promove a sade pblica preventiva, reduzindo a necessidade de procura aos hospitais e postos de sade, porque elimina a chance de contgio por diversas molstias. Isto significa dizer que, onde h Saneamento, so maiores as possibilidades de uma vida mais saudvel e os ndices de mortalidade - principalmente infantil - permanecem nos mais baixos patamares.

O conceito de Promoo de Sade proposto pela Organizao Mundial de Sade (OMS), desde a Conferncia de Ottawa, em 1986, visto como o princpio orientador das aes de sade em todo o mundo. Assim sendo, parte-se do pressuposto de que um dos mais importantes fatores determinantes da sade so as condies ambientais.

O conceito de sade entendido como um estado de completo bem-estar fsico, mental e social, no restringe ao problema sanitrio ao mbito das doenas. Hoje, alm das aes de preveno e assistncia, considera-se cada vez mais importante atuar sobre os fatores determinantes da sade.

A utilizao do saneamento como instrumento de promoo da sade pressupe a superao dos entraves tecnolgicos polticos e gerenciais que tm dificultado a extenso dos benefcios aos residentes em reas rurais, municpios e localidades de pequeno porte.

A maioria dos problemas sanitrios que afetam a populao mundial esto intrinsecamente relacionados com o meio ambiente. Um exemplo disso a diarria que, com mais de quatro bilhes de casos por ano, uma das doenas que mais aflige a humanidade (causa de 30% das mortes de crianas com menos de um ano de idade). Entre as causas dessa doena destacam-se as condies inadequadas de saneamento.

Investir em saneamento a nica forma de se reverter o quadro existente. Dados divulgados pelo Ministrio da Sade afirmam que para cada R$1,00 investido no setor de saneamento, economiza-se R$ 4,00 na rea de medicina curativa. Entretanto, preciso que se veja o outro lado da moeda, pois o homem no pode ver a natureza como uma fonte inesgotvel de recursos, que pode ser depredada em ritmo ascendente para bancar necessidades de consumo que poderiam ser atendidas de maneira racional, evitando a devastao da fauna, da flora, da gua e de fontes preciosas de matrias-primas.

O Desafio da Gesto Integrada

Como podemos observar, o desenvolvimento sustentvel e o atendimento das diversas demandas da populao mundial necessitam de integrao no planejamento e na tomada de deciso.

preciso planejar as diversas reas de investimento pblico em saneamento bsico (gua potvel, rede de esgotos, resduos slidos, guas pluviais) de modo a considerar os impactos (positivos e negativos) no ambiente urbano e rural. Isso se materializa conjuntamente com o planejamento do solo urbano, polticas de mobilidade e acessibilidade urbana, planejamento de uso e ocupao dos solos, produo de alimentos, controle de zoonoses, controle da poluio.

Sabe-se que a capacidade de atendimento a todas as demandas da sociedade limitada, exigindo portanto uma priorizao no atendimento. Neste ponto, a Engenharia contribui enormemente definindo tecnicamente quais so as projees de crescimento populacional, territorial, urbanstica, de modo a prever e antecipar cenrios futuros das necessidades.

Alm de prover os devidos recursos (financeiros, humanos, ferramental) e capacidades de atendimento, fundamental estudar e entender se possvel induzir ou incentivar a existncia ou o crescimento de demandas da populao.

Neste caso, pode-se citar o exemplo da mobilidade urbana. Aplicando-se mecanismos de incentivos e investimentos em melhoria de transportes coletivos pblicos/privados, possvel reduzir a demanda de transportes individualizados, reduzindo o nmero de veculos circulando, impactando positivamente na reduo de poluio e investimentos em pavimentao.

Ocorre que existem demandas ou necessidades essenciais as quais no podem ser reduzidas significativamente, por exemplo, o consumo de alimentos. Por estar diretamente relacionado ao nmero de habitantes, o consumo mdio de alimentos tende a se manter estvel ao longo dos anos. Neste caso, a produo de alimentos precisa acompanhar o crescimento projetado da populao a fim de se evitar desabastecimentos e elevaes nos preos ao consumidor.

Pesquisa 06 Pesquise a legislao municipal de uso dos solos. Qual so as provveis interferncias no planejamento e execuo do saneamento bsico?

Logo, o saneamento ambiental deve focalizar a integrao mundial para o desenvolvimento sustentvel, garantindo a sobrevivncia da biodiversidade e questes prioritrias como o bem-estar da populao e a preservao ambiental.

Cidades sustentveis, eis o desafio a seguir, integrando-as s suas florestas, s terras produtivas que exigem cuidados e s bacias hidrogrficas que nos garantam a vida.

A Constituio Federal dispe sobre o meio ambiente considerando-o como um direito de todos e bem de uso comum do povo, essencial sadia qualidade de vida, atribuindo competncias Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios.

A preocupao com a questo ambiental levou o constituinte federal a considerar a defesa do meio ambiente como um dos princpios da ordem econmica, reforando a obrigatoriedade de se promover o desenvolvimento econmico e social sem degradar o meio ambiente (Constituio Federal, art. 170, VI). Todo o programa ou plano de desenvolvimento deve cumprir as atribuies relacionadas no artigo 23 da Constituio Federal, protegendo o meio ambiente e combatendo a poluio em qualquer de suas formas.

Alguns trechos que se relacionam a temtica encontrados na Constituio Federal/88:

Art.1 Fundamentos: III a dignidade da pessoa humana

Art. 3 Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidria;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao.

Art. 4 Princpios:

II - prevalncia dos direitos humanos;

IX - cooperao entre os povos para o progresso da humanidade;

Pargrafo nico. A Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao econmica, poltica, social e cultural dos povos da Amrica Latina, visando formao de uma comunidade latino-americana de naes.

Art. 6 So direitos sociais a educao, a sade, a alimentao, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurana, a previdncia social, a proteo maternidade e infncia, a assistncia aos desamparados...Art. 21. Compete Unio:

XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades pblicas, especialmente as secas e as inundaes;

XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hdricos e definir critrios de outorga de direitos de seu uso; (Regulamento)

XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitao, saneamento bsico e transportes urbanos;

XXI - estabelecer princpios e diretrizes para o sistema nacional de viao;

Art. 23. competncia comum da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios:

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluio em qualquer de suas formas;

VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;

VIII - fomentar a produo agropecuria e organizar o abastecimento alimentar;

IX - promover programas de construo de moradias e a melhoria das condies habitacionais e de saneamento bsico;

X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalizao, promovendo a integrao social dos setores desfavorecidos;

XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concesses de direitos de pesquisa e explorao de recursos hdricos e minerais em seus territrios;

XII - estabelecer e implantar poltica de educao para a segurana do trnsito.

Art. 24. Compete Unio, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

V - produo e consumo;

VI - florestas, caa, pesca, fauna, conservao da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteo do meio ambiente e controle da poluio;

VII - proteo ao patrimnio histrico, cultural, artstico, turstico e paisagstico;

VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico;

IX - educao, cultura, ensino e desporto;

Art. 129. So funes institucionais do Ministrio Pblico:III - promover o inqurito civil e a ao civil pblica, para a proteo do patrimnio pblico e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

Art. 170. A ordem econmica, fundada na valorizao do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existncia digna, conforme os ditames da justia social, observados os seguintes princpios:III - funo social da propriedade;VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servios e de seus processos de elaborao e prestao; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 42, de 19.12.2003)

VII - reduo das desigualdades regionais e sociais;Art. 182. A poltica de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Pblico municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funes sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.

1 - O plano diretor, aprovado pela Cmara Municipal, obrigatrio para cidades com mais de vinte mil habitantes, o instrumento bsico da poltica de desenvolvimento e de expanso urbana.

2 - A propriedade urbana cumpre sua funo social quando atende s exigncias fundamentais de ordenao da cidade expressas no plano diretor.

Art. 186. A funo social cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critrios e graus de exigncia estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:

I - aproveitamento racional e adequado;

II - utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preservao do meio ambiente;

III - observncia das disposies que regulam as relaes de trabalho;

IV - explorao que favorea o bem-estar dos proprietrios e dos trabalhadores.

Art. 200. Ao sistema nico de sade compete, alm de outras atribuies, nos termos da lei:II - executar as aes de vigilncia sanitria e epidemiolgica, bem como as de sade do trabalhador;

IV - participar da formulao da poltica e da execuo das aes de saneamento bsico;VIII - colaborar na proteo do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

Art. 225. Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv- lo para as presentes e futuras geraes.

Com relao ao saneamento, a Constituio determina ser atribuio do Sistema nico de Sade participar da formulao da poltica da execuo das aes de saneamento.

Especificamente sobre recursos hdricos, a lei federal 9.433/97 regulamenta o uso deste recurso no Brasil e juntamente com a lei estadual 3.239/99, assim como na Agenda 21, indicam os meios e os instrumentos previstos para que os poderes pblicos, em todos os seus nveis, em parceria com a sociedade, atuem pr-ativamente, em seus respectivos fruns como o Conselho Estadual de Recursos Hdricos, em defesa do uso sustentvel da gua.

Com relao ao impacto ambiental, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) deliberou, com fundamento na Lei no 6.938/1981 (Art. 8, I e II), tornar obrigatrio o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para certas atividades (Resoluo no 1/1986). A resoluo prev, tambm, o contedo e o procedimento de elaborao desse instrumento da poltica ambiental brasileira.

Por intermdio do Decreto no 88.351/1983, o CONAMA ficou com a funo de fixar os critrios bsicos para a exigncia do EIA, que um procedimento administrativo de preveno e de monitoramento dos danos ambientais e foi introduzido no Brasil pela Lei no 6.803/80 (Lei de zoneamento industrial nas reas crticas de poluio), que apresenta duas grandes orientaes: deve oferecer alternativas e deve apontar as razes de confiabilidade da soluo a ser adotada.

A introduo desse Estudo e respectivo Relatrio de Impacto Ambiental (EIA/Rima) em projetos que modifiquem o meio ambiente significou uma considervel conquista para o sistema ambiental, atualizando a legislao e tirando o pas do atraso em que se encontrava no setor.

A seguir, alguns trechos destacados da Resoluo Conama:

RESOLUO CONAMA N 001, de 23 de janeiro de 1986Artigo 1 - Para efeito desta Resoluo, considera-se impacto ambiental qualquer alterao das propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

I - a sade, a segurana e o bem-estar da populao;

II - as atividades sociais e econmicas;

III - a biota;

IV - as condies estticas e sanitrias do meio ambiente;

V - a qualidade dos recursos ambientais.

Artigo 2 - Depender de elaborao de estudo de impacto ambiental e respectivo relatrio de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos aprovao do rgo estadual competente, e do IBAMA em carter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:

I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;

II - Ferrovias;

III - Portos e terminais de minrio, petrleo e produtos qumicos;

IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei n 32, de 18.11.66;

V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissrios de esgotos sanitrios;

VI - Linhas de transmisso de energia eltrica, acima de 230KV;

VII - Obras hidrulicas para explorao de recursos hdricos, tais como: barragem para fins hidreltricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigao, abertura de canais para navegao, drenagem e irrigao, retificao de cursos d'gua, abertura de barras e embocaduras, transposio de bacias, diques;

VIII - Extrao de combustvel fssil (petrleo, xisto, carvo);

IX - Extrao de minrio, inclusive os da classe II, definidas no Cdigo de Minerao;

X - Aterros sanitrios, processamento e destino final de resduos txicos ou perigosos;

Xl - Usinas de gerao de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primria, acima de 10MW;

XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroqumicos, siderrgicos, cloroqumicos, destilarias de lcool, hulha, extrao e cultivo de recursos hdricos);

XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;

XIV - Explorao econmica de madeira ou de lenha, em reas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir reas significativas em termos percentuais ou de importncia do ponto de vista ambiental;

XV - Projetos urbansticos, acima de 100ha. ou em reas consideradas de relevante interesse ambiental a critrio da SEMA e dos rgos municipais e estaduais competentes;

XVI - Qualquer atividade que utilize carvo vegetal, em quantidade superior a dez toneladas por dia.

Artigo 6 - O estudo de impacto ambiental desenvolver, no mnimo, as seguintes atividades tcnicas:

I - Diagnstico ambiental da rea de influncia do projeto completa descrio e anlise dos recursos ambientais e suas interaes, tal como existem, de modo a caracterizar a situao ambiental da rea, antes da implantao do projeto, considerando:

Artigo 7 - O estudo de impacto ambiental ser realizado por equipe multidisciplinar habilitada, no dependente direta ou indiretamente do proponente do projeto e que ser responsvel tecnicamente pelos resultados apresentados.

O estudo no se destina somente a alicerar a deciso administrativa mas tambm, como prev a resoluo, ser acessvel ao pblico, tanto na parte final, como na etapa de elaborao. A Lei no 6.938/1981 j havia previsto o direito da populao ser informada quanto ao licenciamento ambiental, antes deste ser concedido pela administrao.

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