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  • ISBN 978-85-02-17212-8Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Oliveira, Fabiano MeloGonalves deDireitos difusos ecoletivos, VI : ambiental/ FabianoMelo Gonalves deOliveira. So Paulo :Saraiva, 2012. (Coleo saberes dodireito ; 39)1. Direito ambiental 2.Interesses coletivos(Direito)3. Interesses difusos(Direito) I. Ttulo. II.

  • (Direito) I. Ttulo. II.Srie.

    ndice para catlogo sistemtico:1. Interesses difusos e coletivos : Direito civil 347.44

    Diretor editorial Luiz Roberto CuriaDiretor de produo editorial Lgia Alves

    Editor Roberto NavarroAssistente editorial Thiago Fraga

    Produo editorial Clarissa Boraschi MariaPreparao de originais, arte e diagramaao Know-how Editorial

    Servios editoriais Maria Ceclia Coutinho Martins / Vinicius AsevedoVieira

    Capa Aero ComunicaoProduo grfica Marli Rampim

    Produo eletrnica Know-how Editorial

    Data de fechamento daedio: 25-4-2012

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  • Nenhuma parte desta publicao poder ser reproduzida por qualquermeio ou forma sem a prvia autorizao da Editora Saraiva.

    A violao dos direitos autorais crime estabelecido na Lei n. 9.610/98e punido pelo artigo 184 do Cdigo Penal.

  • FABIANO MELO GONALVESDE OLIVEIRA

    Professor de Direito Ambiental e Urbanstico da Rede deEnsino LFG. Professor dos cursos de graduao e ps-graduao em Direito e Administrao da PUCMinas.Coordenador do curso de ps-graduao em DireitoAmbiental e Urbanstico da Rede de EnsinoLFG/Anhanguera. Advogado. Twitter: @fabiano_prof

    TELMA BARTHOLOMEU SILVA

    Advogada, especialista em Meio Ambiente. Mestre emDireito Econmico e Financeiro pela Universidade deSo Paulo (USP). Auditora Ambiental e Professora.

    Conhea os autores deste livro:http://atualidadesdodireito.com.br/conteudonet/?ISBN=17211-1

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    Doutora em Direito Penal pela PUCSP. Mestre emDireito pela UFSC. Presidente do InstitutoPanamericano de Poltica Criminal IPAN. Diretora doInstituto LivroeNet.

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    Jurista e cientista criminal. Fundador da Rede de EnsinoLFG. Diretor-presidente do Instituto de Pesquisa eCultura Luiz Flvio Gomes. Diretor do InstitutoLivroeNet. Foi Promotor de Justia (1980 a 1983), Juizde Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001).

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  • Apresentao

    O futuro chegou.

    A Editora Saraiva e a LivroeNet, em parceria pioneira, somaram foraspara lanar um projeto inovador: a Coleo Saberes do Direito, uma novamaneira de aprender ou revisar as principais disciplinas do curso. So mais de 60volumes, elaborados pelos principais especialistas de cada rea com base emmetodologia diferenciada. Contedo consistente, produzido a partir da vivncia dasala de aula e baseado na melhor doutrina. Texto 100% em dia com a realidadelegislativa e jurisprudencial.

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    O contedo impresso que est em suas mos foi muito bem elaborado e completo em si. Porm, como organismo vivo, o Direito est em constantemudana. Novos julgados, smulas, leis, tratados internacionais, revogaes,interpretaes, lacunas modificam seguidamente nossos conceitos eentendimentos (a ttulo de informao, somente entre outubro de 1988 enovembro de 2011 foram editadas 4.353.665 normas jurdicas no Brasil fonte:IBPT).

    Voc, leitor, tem sua disposio duas diferentes plataformas deinformao: uma impressa, de responsabilidade da Editora Saraiva (livro), eoutra disponibilizada na internet, que ficar por conta da LivroeNet (o que

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    No 1 voc poder assistir a vdeos e participar de

  • atividades como simulados e enquetes. Fruns de discusso e leiturascomplementares sugeridas pelos autores dos livros, bem como comentrios snovas leis e jurisprudncia dos tribunais superiores, ajudaro a enriquecer o seurepertrio, mantendo-o sintonizado com a dinmica do nosso meio.

    Voc poder ter acesso ao 1 do seu livro medianteassinatura. Todas as informaes esto disponveis em www.livroenet.com.br.

    Agradecemos Editora Saraiva, nas pessoas de Luiz Roberto Curia,Roberto Navarro e Lgia Alves, pela confiana depositada em nossa Coleo epelo apoio decisivo durante as etapas de edio dos livros.

    As mudanas mais importantes que atravessam a sociedade sorepresentadas por realizaes, no por ideais. O livro que voc tem nas mosretrata uma mudana de paradigma. Voc, caro leitor, passa a ser integrantedessa revoluo editorial, que constitui verdadeira inovao disruptiva.

    Alice Bianchini | Luiz Flvio GomesCoordenadores da Coleo Saberes do Direito

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  • Sumrio

    Captulo 1 Evoluo e Classificao do Direito Ambiental1. O direito ambiental2. Direito ambiental e os demais ramos do direito e de outras

    cincias3. Evoluo da proteo ambiental no mundo e no Brasil

    3.1 Evoluo da proteo ambiental no mundo3.2 Evoluo da proteo ambiental no Brasil

    4. Classificao do meio ambiente4.1 Meio ambiente natural4.2 Meio ambiente artificial4.3 Meio ambiente cultural4.4 Meio ambiente do trabalho

    Captulo 2 Direito Ambiental Internacional1. Noes introdutrias

    1.1 Conferncia de Estocolmo sobre meio ambientehumano

    1.2 Principais convenes ambientais1.3 Relatrio Nosso futuro comum1.4 Conferncia do Rio de Janeiro sobre meio ambiente e

    desenvolvimento1.5 Cpula mundial sobre desenvolvimento sustentvel

    (Rio+10)

  • Captulo 3 Tutela Constitucional do Meio Ambiente1. Noes introdutrias2. Tutela constitucional do meio ambiente na CF/883. Competncias constitucionais

    Captulo 4 Princpios do Direito Ambiental1. Noes introdutrias2. Princpio do desenvolvimento sustentvel3. Princpio da preveno/precauo4. Princpio do poluidor-pagador5. Princpio do usurio-pagador6. Princpio da informao7. Princpio da participao8. Princpio da funo socioambiental da propriedade9. Princpio do limite10. Princpio da cooperao entre os povos

    Captulo 5 Poltica Nacional do Meio Ambiente1. Introduo2. Objetivos3. Princpios4. Instrumentos

    4.1 O estabelecimento de padres de qualidadeambiental

    4.2 Zoneamento ambiental4.3 Avaliao de impactos ambientais4.4 Licenciamento e a reviso de atividades efetiva ou

    potencialmente poluidoras4.5 Os incentivos produo e instalao de

    equipamentos e criao ou absoro de

  • tecnologia voltados para a melhoria daqualidade ambiental

    4.6 A criao de espaos territoriais especialmenteprotegidos pelo poder pblico federal,estadual e municipal, tais como reas deproteo ambiental, de relevante interesseecolgico e reservas extrativistas

    4.7 Sistema Nacional de Informaes sobre o MeioAmbiente

    4.8 O cadastro tcnico federal de atividades einstrumentos de defesa ambiental

    4.9 As penalidades disciplinares ou compensatrias aono cumprimento das medidasnecessrias preservao ou correoda degradao ambiental

    4.10 Relatrio de qualidade do meio ambiente4.11 A garantia da prestao de informaes relativas ao

    meio ambiente, obrigando-se o poderpblico a produzi-las, quando inexistentes

    4.12 Cadastro tcnico federal de atividadespotencialmente poluidoras e/ouutilizadoras dos recursos ambientais

    4.13 Instrumentos econmicos, como concessoflorestal, servido ambiental, seguroambiental e outros

    5. Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA)

    Captulo 6 EIA/RIMA1. Noes introdutrias2. Atividades sujeitas ao EIA/RIMA3. Contedo4. Despesas e responsabilidades5. O Relatrio de Impacto Ambiental (RIMA)

  • 5.1 Noes introdutrias5.2 Contedo

    6. Publicidade do EIA/RIMA7. EIA e EIV

    Captulo 7 Licenciamento Ambiental1. Noes introdutrias2. Competncia para o licenciamento ambiental3. Procedimento4. Licena ambiental

    4.1 Conceito e classificao4.2 Tipos de licenas4.3 Natureza jurdica4.4 Controle da licena ambiental

    Captulo 8 Responsabilidade Civil Ambiental1. Noes introdutrias2. Responsabilidade objetiva3. Poluio e degradao ambiental4. Dano ambiental5. Poluidor6. Reparao do dano ambiental7. Responsabilidade do Estado

    Captulo 9 Responsabilidade Penal Ambiental1. Noes introdutrias2. Tipologia dos crimes ambientais3. Responsabilidade penal da pessoa jurdica4. Desconsiderao da personalidade jurdica

  • 5. A responsabilidade penal da pessoa fsica6. Dosimetria da pena7. Da ao e do processo penal8. Das excludentes de antijuridicidade e de culpabilidade

    Captulo 10 Responsabilidade Administrativa Ambiental1. Noes introdutrias2. Infrao administrativa ambiental3. Das sanes em espcie

    3.1 Advertncia3.2 Multa simples e multa diria3.3 Outras sanes

    4. Prescrio das infraes administrativas5. Da reincidncia6. Do processo administrativo ambiental

    Captulo 11 Unidades de Conservao1. Noes introdutrias2. Conceito e grupos de unidades de conservao3. Criao, modificao e extino de uma unidade de conservao4. Gesto de unidades de conservao: plano de manejo5. Unidades de conservao e OGMs6. Explorao comercial, doaes e destinao de recursos em

    unidades de conservao7. Compensao ambiental8. Populaes tradicionais e unidades de conservao9. Indenizao em unidade de conservao10. Unidades de conservao e infraestrutura11. Grupo de unidades de conservao de proteo integral

    11.1 Estao ecolgica (art. 9)

  • 11.2 Reserva biolgica (art. 10)11.3 Parque nacional (art. 11)11.4 Monumento natural (art. 12)11.5 Refgio de vida silvestre (art. 13)

    12. Das unidades de conservao de uso sustentvel12.1 rea de proteo ambiental (art. 15)12.2 rea de relevante interesse ecolgico (art. 16)12.3 Floresta nacional (art. 17)12.4 Reserva extrativista (art. 18)12.5 Reserva de fauna (art. 19)12.6 Reserva de desenvolvimento sustentvel (art. 20)12.7 Reserva particular do patrimnio natural (art. 21)

    Captulo 12 A Proteo da Fauna1. Noes introdutrias e legislao aplicvel2. O regime de proteo3. Caa4. Lei do uso cientfico de animais Lei n. 11.794/20085. Pesca e a poltica nacional de desenvolvimento sustentvel da

    aquicultura e da pesca Lei n. 11.959/2009

    Captulo 13 Lei de Resduos Slidos1. Noes introdutrias2. Princpios3. Objetivos4. Instrumentos da poltica nacional de resduos slidos

    4.1 Os planos de resduos slidos4.2 A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida

    dos produtos4.3 A logstica reversa

  • 4.4 Instrumentos econmicos5. Infraes e proibies

    Captulo 14 Recursos Hdricos1. Noes introdutrias

    1.1 A CF/88 e as competncias sobre os recursoshdricos

    1.2 O regime da titularidade da gua1.3 Regime jurdico das guas subterrneas e pluviais

    2. Poltica Nacional de Recursos Hdricos (PNRH)2.1 Fundamentos da Poltica Nacional dos Recursos

    Hdricos3. O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos4. Instrumentos da Poltica Nacional de Recursos Hdricos

    4.1 Planos de recursos hdricos4.2 Outorga de direito de uso de recursos hdricos

    4.2.1 Natureza jurdica e validade4.2.2 Outorgas especiais4.2.3 Inter-relao entre outorga e

    licenciamento ambiental4.2.4 Uso isento de outorga

    4.3 Cobrana pelo uso dos recursos hdricos4.3.1 Previso normativa e finalidade4.3.2 Determinao do valor a ser cobrado4.3.3 Natureza jurdica da cobrana4.3.4 Aplicao dos valores arrecadados4.3.5 Hipteses de suspenso ou fim da

    cobrana4.4 O enquadramento dos corpos de gua

    5. Infraes das normas de utilizao de recursos hdricossuperficiais ou subterrneos

  • Captulo 15 A Proteo do Meio Ambiente em Juzo1. Noes introdutrias

    1.1 Ao civil pblica em matria ambiental1.1.1 Noes introdutrias1.1.2 Legitimao ativa1.1.3 Legitimao passiva1.1.4 Competncia1.1.5 O objeto da condenao, a sentena e a

    coisa julgada na aocivil pblica

    1.1.6 Observaes finais sobre a ao civilpblica

    2. Ao popular em matria ambiental2.1 Noes introdutrias2.2 Legitimao ativa2.3 Legitimao passiva2.4 Procedimento

    3. Mandado de segurana ambiental3.1 Mandado de segurana individual

    3.1.1 Legitimao ativa3.1.2 Legitimao passiva3.1.3 Procedimento

    3.2 Mandado de segurana coletivo4. Habeas data ambiental

    4.1 Noes introdutrias4.2 Legitimidade ativa4.3 Legitimidade passiva4.4 Procedimento4.5 Competncia

  • 5. Mandado de injuno em matria ambiental5.1 Noes introdutrias5.2 Legitimao ativa5.3 Legitimao passiva e competncia5.4 Procedimento

    6. Ao Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) em matriaambiental

    7. Ao Declaratria de Constitucionalidade

    Referncias

  • Captulo 1

    Evoluo e Classificao do Direito Ambiental

    1. O direito ambiental

    O Direito Ambiental um ramo do Direito formado por um conjunto deprincpios e regras jurdicas que regulamentam a proteo e o uso do meioambiente, visando concretizao do desenvolvimento sustentvel e de umasadia qualidade de vida para as presentes e futuras geraes.

    Nesse sentido, o art. 225, caput, da CF/88 determina que: Todos tmdireito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum dopovo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futurasgeraes.

    A compreenso que o caput do art. 225 da CF/88 espelha uma visoantropocntrica (colocando os seres humanos no centro das preocupaesambientais), vez que h a preocupao com a sadia qualidade de vida e com apreservao do meio ambiente para as presentes e futuras geraes.

    No mesmo sentido, a Declarao do Rio (documento produzido naECO/92 reunio realizada pela ONU na cidade do Rio de Janeiro) ratificou esseposicionamento, ao colocar no seu Princpio 1 que os seres humanos constituem ocentro das preocupaes relacionadas com o desenvolvimento sustentvel.

    No entanto, importante ressaltar que nos pargrafos do art. 225 da CF/88procurou-se equilibrar o antropocentrismo com o biocentrismo (que coloca osseres vivos no centro das relaes), havendo preocupao em harmonizar eintegrar os seres humanos e a biota (art. 225, 1, I, II, III e VII, e 4 e 5)(MACHADO, 2009).

    Conclui-se, destarte, que a natureza no sujeito de direito, mas objetode uma tutela legal estabelecida pelo ser humano, j que o objeto dessa proteo, num primeiro plano, o meio ambiente e, num segundo plano, o beneficirio detal proteo o prprio ser humano (GRANZIERA, 2009).

    2. Direito ambiental e os demais ramos do direito e de outras cincias

  • O Direito Ambiental pode ser considerado ramo do Direito autnomo,vez que dotado de princpios e regulamentao prprios, com um objeto deproteo com natureza especfica: a ordenao da qualidade do meio ambientecom vista sadia qualidade de vida.

    possvel afirmar que o Direito Ambiental, dentre os vrios ramos doDireito, por excelncia o mais multidisciplinar, vez que congregaconhecimentos de uma srie de outras disciplinas e cincias, jurdicas ou no.

    Desta forma, o Direito Ambiental se relaciona com outros ramos doDireito, valendo-se das regras por eles estabelecidas para utiliz-las na proteodo meio ambiente, buscando conceitos e ferramentas para utiliz-los na reaambiental ou tambm influenciando os demais.

    Pode-se afirmar que a relao do Direito Ambiental com os demaisramos do Direito transversal, isto , as normas ambientais tendem a se incrustarem cada uma das demais normas jurdicas, obrigando que se leve em conta aproteo ambiental em cada um dos demais ramos do Direito (ANTUNES,2008).

    Em relao ao Direito Internacional, por exemplo, podemos dizer que aproteo ambiental nasce nesse ramo com as conferncias internacionais daONU e com a produo de documentos com capacidade de influenciar aslegislaes internas, alm dos inmeros tratados e convenes de que o Brasil signatrio na rea ambiental.

    No Direito Constitucional, encontra-se a regra matriz da proteoambiental no captulo da Constituio Federal dedicado ao meio ambiente (TtuloVIII Da Ordem Social, Captulo VI Do Meio Ambiente) e em outros artigosdo texto constitucional que tratam do tema diretamente ou de modo correlato.

    No Direito Administrativo, encontram-se importantes institutos queservem para nortear a instalao e o funcionamento das atividades consideradaspotencialmente poluidoras. A partir do conceito de poder de polcia ambiental,tm-se importantes institutos, como o licenciamento ambiental e a concesso dalicena ambiental, a servido ambiental, dentre outros.

    possvel identificar uma importante relao com o Direito Tributrio,pois se podem utilizar os tributos e as ferramentas deste ramo do direito(incentivos, isenes, imunidades) para estimular condutas no poluentes etambm conservacionistas.

    Como exemplos de alguns tributos utilizados com o intuito de estimular a

  • preservao e/ou a proteo do meio ambiente, destacam-se (a) o ImpostoTerritorial Rural (ITR) e (b) o ICMS dito ecolgico.

    O ITR disciplinado pela Lei n. 9.393/96, que exclui da base de clculode referido imposto as reas de preservao permanente, reserva legal, florestanativa e outras devidamente elencadas no seu art. 10, 1, II.

    O ICMS dito ecolgico, por sua vez, o que se refere ao fomento deatividades voltadas preservao do meio ambiente. Na verdade, o termo ICMSecolgico no o mais correto, na medida em que no o imposto em si que ecolgico, mas, sim, os recursos financeiros dele provenientes que seroutilizados com esta finalidade por meio de um mecanismo de federalismo fiscal.

    Verifica-se que a origem do ICMS ecolgico encontra-se na busca dealternativas para o financiamento pblico em Municpios cujas restries ao usodo solo so fortes empecilhos ao desenvolvimento de atividades econmicasclssicas (TORRES, 2005).

    Tambm se verifica uma inter-relao do Direito Ambiental com oDireito Econmico, j que a defesa do meio ambiente, mediante tratamentodiferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servios e de seusprocessos de elaborao e prestao, considerada um princpio da ordemeconmica (art. 170, VI, da CF/88).

    Por outro lado, instrumentos econmicos, muitas vezes utilizados com afinalidade de induzir comportamentos, constituem importante mecanismo para odirecionamento de condutas ambientalmente corretas. Por exemplo, oinstrumento da cobrana pelo uso dos recursos hdricos, amplamente previsto naLei da Poltica Nacional de Recursos Hdricos (arts. 19 a 22 da Lei n. 9.433/97),cuja finalidade arrecadar fundos para investimento na rea, mas que tambmtem o intuito de induzir melhor anlise do uso, at mesmo com a reduo destepor meio de prticas ambientalmente corretas.

    Esta inter-relao ganha peso na medida em que se verifica aimportncia do meio ambiente enquanto insumo do processo produtivo e, emoutro momento, enquanto depositrio das denominadas externalidades negativasdas atividades, j que um resduo seja ele slido, lquido ou gasoso serdescartado no ambiente por meio de uma emisso atmosfrica, do lanamentode um efluente num rio ou outro corpo dgua, ou ento do depsito de resduosno solo.

    No Direito Processual, busca-se o instrumental para a concretizao datutela jurisdicional do meio ambiente. Assim, nesse ramo do direito, encontram-

  • se diversos instrumentos disposio, tais como: ao civil pblica, ao popular,mandado de segurana, mandado de injuno, ao direta deinconstitucionalidade e ao declaratria de constitucionalidade (vide Captulo15).

    Ressalta-se que a ao civil pblica, embora no seja a nica, a opomais utilizada para promover a responsabilizao pelo dano ambiental.

    Do Direito Penal, absorvem-se os conceitos de crime/sano eresponsabilidade criminal que fundamentam a responsabilizao pelo crimeambiental, consagrada na Lei n. 9.605/98.

    No Direito Civil, mais especificamente no Cdigo Civil, Lei n.10.406/2002, arts. 927 e 1.228, encontra-se meno responsabilizaoambiental e funo socioambiental da propriedade.

    Assim, aquele que, por ato ilcito, causar dano a outrem, fica obrigado arepar-lo. Haver obrigao de reparar o dano independentemente de culpa, noscasos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvidapelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem(art. 927).

    Por outro lado, o Cdigo Civil mantm ao proprietrio a faculdade deusar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reav-la do poder de quem quer queinjustamente a possua ou detenha, mas ressalta que o direito de propriedade deveser exercido em consonncia com as suas finalidades econmicas e sociais e demodo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em leiespecial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilbrio ecolgico e opatrimnio histrico e artstico, bem como que seja evitada a poluio do ar e dasguas (art. 1.228, 1).

    Em relao s outras cincias, o Direito Ambiental se relaciona aindacom a Ecologia, a Economia, a Biologia, a Geografia, a Qumica e a Engenhariae tem ligao tambm com a sade pblica, s para citarmos alguns exemplos.

    3. Evoluo da proteo ambiental no mundo e no Brasil

    3.1 Evoluo da proteo ambiental no mundo

    Desde os primrdios da humanidade, o ser humano mantm umarelao intrnseca com o meio ambiente, seja valendo-se dele para suprir suasnecessidades ou reverenciando-o como algo sagrado. No entanto, a ideia de umaproteo ambiental juridicamente estruturada surgiu no momento em que se

  • percebeu que a natureza no tem um poder de recuperao infinita e que odesenvolvimento da humanidade estava diretamente comprometido com apreservao ambiental.

    Dessa forma, as transformaes do modo de produo, desencadeadaspela Revoluo Industrial (sculo XIX), aliadas ao aumento populacional que jse fazia sentir, ampliaram as agresses natureza e, neste quadro, a conscinciaecolgica encontrou solo propcio para despontar.

    Os primeiros indcios de que o mundo comeava a preocupar-se com omeio ambiente surgiram na dcada de 1960, mais especificamente no fim dela.Pode-se dizer que esse perodo, considerado o embrio da conscincia ambiental,despertaria a ideologia ambiental poltica para que, na dcada seguinte,surgissem os acontecimentos que tomariam a ateno internacional para asquestes ambientais.

    Na dcada de 1970, alguns acontecimentos importantes contriburampara que fosse repensada a ideia de que proteo e qualidade ambiental eramincompatveis com desenvolvimento econmico. Dentre estes acontecimentos,podemos destacar: crise do petrleo, divulgao de relatrio produzido pelo Clubede Roma conhecido como Os limites do crescimento (The limits to growth 1972) , e alguns acidentes ambientais que acabaram influenciando a produode convenes internacionais e/ou regras internas.

    Sobre a crise do petrleo, vale lembrar que a Organizao dos PasesExportadores de Petrleo (Opep) aplicou, na prtica, a ideia de que o preo dopetrleo era uma arma de presso. Com o embargo do fornecimento aoOcidente (1973), ou quando decidiu quadruplicar os preos, desencadeou-se umarecesso mundial.

    O relatrio produzido pelo Clube de Roma afirmava que o mundo nosuportaria um crescimento desenfreado, motivo pelo qual se pregava umconjunto de aes para conter o crescimento populacional e a reduo dasatividades industriais, e, consequentemente, uma reduo no consumo derecursos naturais. claro que o relatrio sofreu crticas, gerou debates e, semdvida, contribuiu para uma reflexo sobre o problema.

    Dentre os acidentes ocorridos, podemos citar o acidente industrial nacidade de Seveso, norte da Itlia, em 1976, em que uma nuvem txica causouuma poluio atmosfrica que se estendeu sobre 1.970 hectares. Comoconsequncia, foi expedida, em 1982, a Diretiva Seveso, que passou a ser ummodelo de norma de preveno de acidentes industriais.

  • Outro caso, ocorrido em 1978, foi o acidente nutico com o petroleiroAmoco Cadiz em guas territoriais francesas, mais precisamente na costa daBretanha, considerado poca o maior desastre biolgico.

    Diante de todo este panorama, o ano de 1972, mais especificamente,destacou-se como o ano-chave para as discusses das questes ambientais com arealizao da Conferncia de Estocolmo, a primeira reunio de carter oficial atratar de assuntos ambientais, organizada pela ONU, cujo objetivo era fazer umbalano dos problemas ambientais em todo o mundo e buscar solues e novaspolticas governamentais com o intuito de reduzir os danos causados ao meioambiente.

    Na verdade, o mundo comeava a pensar em escassez de recursos e naincorporao da questo ambiental nos processos econmicos.

    Em termos de impactos jurdicos sobre as legislaes internas dos pases,verificamos que os pases que produziram novas Constituies aps Estocolmo/72j incluram a proteo ambiental no seu texto. Nesse sentido, necessriorelacionar as Constituies do Chile (1972), Iugoslvia (1974), Grcia (1975),Portugal (1976) e Espanha (1978), entre outras.

    Aps todo este movimento internacional, na dcada de 1980 osconceitos de proteo do meio ambiente comearam a expandir-se, inclusivecom o surgimento, em alguns pases europeus (Alemanha, Inglaterra, Frana,Itlia, entre outros), do Partido Verde, que se consolidaria no brao poltico daecologia e do pacifismo.

    Em 1983, foi criada, pela ONU, a Comisso Mundial sobre MeioAmbiente e Desenvolvimento (CMMAD), cujos trabalhos foram concludos em1987, com a apresentao de um diagnstico dos problemas ambientais globais.O relatrio Nosso futuro comum (Our common future) ficou conhecido comoRelatrio Brundtland.

    Este relatrio apresentou um diagnstico dos problemas ambientaisglobais, dentre outros temas importantes, e consagrou a definio deDesenvolvimento Sustentvel como aquele que atende s necessidades dopresente sem comprometer a possibilidade de as geraes futuras atenderemsuas prprias necessidades.

    Nesta dcada, mais alguns acidentes famosos contriburam paramudanas nas polticas oficiais de meio ambiente e nos conceitos degerenciamento ambiental na indstria. Ficava cada vez mais claro que odesenvolvimento econmico tinha que caminhar em paralelo preservao

  • ambiental.

    Dentre alguns dos principais acidentes desta dcada, vale lembrar doocorrido em Bhopal, na ndia (1984), quando um vazamento de gs letal tirou avida de mais de 2 mil pessoas, ou o vazamento de petrleo do navio ExxonValdez (1989), ocorrido no Alasca.

    Tambm o acidente na Usina de Chernoby l, na Ucrnia (1986) integrante da antiga Unio Sovitica , serviu para demonstrar que o mundo eramuito pequeno e que os impactos ambientais deveriam ser analisados de formaglobal, pois, pelo que se sabe, este acidente lanou um volume de radiao cercade 30 vezes maior do que a bomba de Hiroshima, sendo que tal radiao atingiuvrios pases europeus, chegando at o Japo.

    Na poca, calculava-se que cerca de 100 mil pessoas sofreriam danosgenticos ou teriam cncer, devido ao acidente, nos cem anos subsequentes aoocorrido.

    Na dcada de 1990, caminhando para melhor implementao daproteo ambiental, foi realizada a Conferncia das Naes Unidas sobre MeioAmbiente e Desenvolvimento (ECO/92), no Rio de Janeiro. Tal encontro enfocouo esgotamento de um modelo de desenvolvimento predatrio e marcou o inciode grande compromisso pblico de chefes de Estado de todo o mundo emrelao ao futuro do planeta. Ficou, ento, consagrada a frase: Pensandoglobalmente, agindo localmente. Os aspectos internacionais da proteoambiental sero analisados no prximo captulo.

    3.2 Evoluo da proteo ambiental no Brasil

    Quanto ao desenvolvimento da proteo ambiental no Brasil, pode-sedizer que a conscincia ecolgica chegou tardiamente e que a proteoambiental s ganhou corpo na dcada de 1980. Antes, todavia, necessrio umesforo histrico.

    Na verdade, quando se pensa nas primeiras formulaes legislativassobre proteo do meio ambiente no Brasil, faz-se necessrio pontuar a nossahistria como colnia de Portugal. Assim, no s no perodo colonial, masmesmo aps a Independncia, a legislao portuguesa (legislao do Reino) foi aque vigorou no territrio nacional at ser formalmente revogada expressamentepelo art. 1.807 do Cdigo Civil de 1916, que disps: Ficam revogadas asOrdenaes, Alvars, Leis, Decretos, Resolues, Usos e Costumes concernentess matrias de direito civil reguladas neste Cdigo.

  • Por outro lado, todos os ciclos econmicos da nossa histria (ciclo dopau-brasil, da cana-de-acar, do ouro, do caf, da borracha) tm como pontoem comum a ideia de extrao de riquezas do ambiente natural do Brasil. Assim,eventual proteo de algum recurso ambiental ou a penalizao para algumaconduta tinha um aspecto dominante de proteo em virtude da atividadeeconmica.

    Destaca-se que somente em 1808 o pas passou a ter, com a criao doJardim Botnico do Rio de Janeiro, uma rea de proteo ambiental com carterconservacionista.

    Finalmente, o antigo Cdigo Civil (1916), que foi o primeiro diplomalegal genuinamente brasileiro, demonstrava preocupao com a proteoambiental, proibindo construes capazes de poluir, ou inutilizar para o usoordinrio, a gua de poo ou fonte alheia, a elas preexistentes (v.g., art. 584 doantigo Cdigo Civil 1916).

    Verifica-se, neste momento, que as questes ambientais utilizavam-se dosistema privado de soluo, notadamente o uso das regras do chamado direito devizinhana.

    Em concluso, evolumos de uma fase de explorao desregrada, naqual a conquista de novas fronteiras (agrcolas, pecurias e minerrias) era tudoo que importava na relao homem-natureza, para uma fase que manteve naomisso legislativa seu trao preponderante, relegando-se eventuais conflitos decunho ambiental, quando muito ao sabor do tratamento pulverizado, assistemticoe privatstico dos direitos de vizinhana (BENJAMIN, 1999).

    Nas dcadas que se seguiram promulgao do Cdigo Civil de 1916,mais precisamente nas de 1930 e de 1960, comea a surgir no pas, ainda que demaneira pontual, a legislao tutelar do meio ambiente, com o aparecimento dealguns diplomas normativos.

    Podem-se ressaltar, basicamente, os seguintes: Decreto n. 2.793/34(Cdigo Florestal), Decreto n. 24.643/34 (Cdigo de guas), Lei n. 4.504/64(Estatuto da Terra), Lei n. 4.771/65 (Cdigo Florestal), Decreto-lei n. 221/67(Cdigo de Pesca), Decreto-lei n. 227/67 (Cdigo de Minerao), Lei n. 6.453/77(Responsabilidade Civil por Danos Nucleares) e Lei n. 6.766/78 (Parcelamentodo Solo Urbano).

    Neste momento, o pas se encontrava em uma fase fragmentria epontual da proteo ambiental, pois havia um controle legal de atividadesexploratrias e a proteo de certas categorias de recursos naturais.

  • Alm disso, como vimos, na dcada de 1970 a discusso das questesambientais foi marcada pela Conferncia de Estocolmo (1972), e as principaisdiscusses centravam-se na necessidade de polticas de controle da poluioambiental.

    No Brasil, por exemplo, os principais rgos de meio ambiente, nasesferas federal e estadual, tiveram suas atividades desenvolvidas aps a citadaconferncia (como a criao, em 1973, da Secretaria de Meio Ambiente daPresidncia da Repblica). Surgiram tambm, na dcada de 1970, os primeirosmovimentos ambientalistas que viriam a se denominar, nos anos 1980,Organizaes No Governamentais (ONGs).

    Assim, a partir da dcada de 1980 nossa legislao ambiental passou a sedesenvolver de modo efetivo. A Lei n. 6.803/80 previu as diretrizes bsicas para ozoneamento industrial nas reas crticas de poluio, e a Lei n. 6.902/81 previu acriao de estaes ecolgicas e de reas de Proteo Ambiental.

    Com a Lei n. 6.938/81 (Poltica Nacional do Meio Ambiente), caminhou-se para a proteo ambiental de forma especfica e global, por meio dainstituio de um Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) composto dergos e entidades de todas as unidades da Federao, vinculados ao problemaambiental e, para assessorar e propor ao Governo diretrizes de polticaambiental, foi criado o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

    Essa lei, que estabelece princpios, objetivos e instrumentos da PolticaNacional do Meio Ambiente, trouxe definitivamente para nosso ordenamento aAvaliao de Impacto Ambiental (AIA) e instituiu um regime deresponsabilizao civil objetiva para o dano ambiental (art. 14, 1), conferindoao Ministrio Pblico legitimao para agir nessa matria.

    Posteriormente, outras leis foram produzidas, entre as quais a Lei n.7.347/85 (Lei da Ao Civil Pblica), bem como a previso da proteoambiental na Constituio Federal de 1988 e a Lei n. 9.605/98 (Lei de CrimesAmbientais).

    Outras importantes leis surgiram para completar esse crculo deproteo. Dentre elas, podemos citar: Lei n. 9.433/97 (Poltica Nacional deRecursos Hdricos), Lei n. 9.605/98 (Crimes Ambientais), Lei n. 9.795/99(Educao Ambiental), Lei n. 9.985/2000 (Sistema Nacional de Unidades deConservao) e Lei n. 10.257/2001 (Estatuto da Cidade).

    Nessa direo, novas e modernas legislaes vm sendo elaboradas: Lei

  • n. 11.105/2005 (Lei de Biossegurana); Lei n. 11.284/2006 (Gesto de FlorestasPblicas); Lei n. 11.428/2006 (Utilizao e proteo da vegetao nativa doBioma Mata Atlntica); Lei n. 11.445/2007 (Saneamento Bsico); Lei n.11.516/2007 (Instituto Chico Mendes); Lei n. 11.794/2008 (Procedimentos para ouso cientfico de animais); Lei n. 11.952/2009 (Regularizao fundiria dasocupaes incidentes em terras situadas em reas da Unio, no mbito daAmaznia Legal); Lei n. 11.959/2009 (Poltica Nacional de DesenvolvimentoSustentvel da Aquicultura e Pesca); Lei n. 12.114/2009 (Lei do Fundo Nacionalsobre Mudana do Clima); Lei n. 12.187/2009 (Lei da Poltica Nacional sobreMudana do Clima) e, mais recentemente, a Lei n. 12.305/2010 (Lei da PolticaNacional de Resduos Slidos).

    Por todo o exposto, verifica-se que, apesar de termos uma PolticaNacional, a legislao ambiental brasileira ainda composta de vrias leisesparsas por assuntos, alm de termos uma enorme produo de normasregulamentares, tais como: portarias, instrues do Ministrio do Meio Ambiente(MMA), resolues do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), bemcomo atos normativos estaduais e municipais.

    4. Classificao do meio ambiente

    A doutrina e a jurisprudncia acolhem uma classificao do meioambiente, levando em conta seus diferentes aspectos e particularidades.

    A partir de uma conceituao legal, que no abrange a noo de meioambiente como um todo, mas se restringe ao aspecto natural dele, a Lei n.6.938/81 considera meio ambiente, o conjunto de condies, leis, influncias einteraes de ordem fsica, qumica e biolgica, que permite, abriga e rege avida em todas as suas formas (art. 3, I).

    No entanto, numa viso mais ampla e que contempla os diversosaspectos do meio ambiente, este pode ser entendido como a interao doconjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem odesenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas (SILVA, 2000a).

    Desta forma, identificam-se quatro aspectos ou particularidades do meioambiente que levam sua classificao em: (A) meio ambiente natural, (B)meio ambiente artificial, (C) meio ambiente cultural e (D) meio ambiente dotrabalho.

    4.1 Meio ambiente natural

  • O meio ambiente natural, tambm denominado fsico, constitudonotadamente pelos recursos naturais: solo, gua, ar, flora ( com relao a esseaspecto que a Lei n. 6.938/81 define, no art. 3, o que se deve entender por meioambiente).

    Na Constituio Federal de 1988, seja de modo especfico ou sob anomenclatura genrica de meio ambiente, encontramos previso de proteo dasvariveis desse ambiente natural, notadamente: gua, ar, solo, flora e tambmfauna, com o intuito de manter a interao dos seres vivos e seu meio.

    Pode-se afirmar que essa face do meio ambiente composta deelementos naturais que existem independentemente da ao do homem. Assim, odito meio ambiente natural seria composto pelos espaos que mantiveram suaformao originria ou pelos que no se alteraram significativamente emdecorrncia da presena humana.

    4.2 Meio ambiente artificial

    O meio ambiente artificial entendido como aquele composto peloespao urbano construdo (conjunto de edificaes) e pelos equipamentospblicos (ruas, praas, reas verdes) fruto da interao do homem com o meioambiente natural.

    Assim, em virtude de necessidade ou de oportunidades econmicas, oser humano vai moldando e adaptando o ambiente natural, fazendo surgir umconjunto de edificaes que caracterizam o nascimento do direito de propriedadeou os espaos e edificaes pblicos destinados a concretizar o bem comum.

    O texto constitucional, nos arts. 182 e 183, combinados com o art. 225 daConstituio Federal, acrescidos da regulamentao instituda pela Lei n.10.257/2001 conhecida como Estatuto da Cidade , estabelece umasistematizao na proteo a esse aspecto do ambiente.

    Ainda no texto constitucional, encontramos outros dispositivos que tratamdo tema, notadamente o art. 21, XX, que dispe sobre a competncia da Uniopara instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, at mesmo habitao,saneamento bsico e transportes urbanos, bem como o art. 5, XXIII, quedisciplina que a propriedade atender sua funo social, alm das regrasprevistas para o Municpio cuidar do ambiente local, conforme art. 30 da CF/88.

    Dessa forma, buscando o equilbrio ambiental das cidades, requisitofundamental para a sadia qualidade de vida, vemos que a poltica urbana devevoltar-se para o pleno desenvolvimento das funes sociais da cidade e da

  • propriedade urbana, mediante a previso de algumas diretrizes gerais.

    Verifica-se a necessidade da garantia do direito a cidades sustentveis,entendido como o direito terra urbana, moradia, ao saneamento ambiental, infraestrutura urbana, ao transporte e aos servios pblicos, ao trabalho e aolazer, para as presentes e futuras geraes, bem como a adoo de padres deproduo e consumo de bens e servios e de expanso urbana compatveis comos limites da sustentabilidade ambiental, social e econmica do Municpio e doterritrio sob sua rea de influncia (art. 2, I e VIII, da Lei n. 10.257/2001).

    4.3 Meio ambiente cultural

    O meio ambiente cultural integrado pelo patrimnio histrico, artstico,paisagstico, turstico tambm considerado fruto da interao do homem com omeio ambiente natural, mas diferindo do anterior pelo valor especial que adquiriuou de que se impregnou.

    Consideram-se patrimnio cultural brasileiro os bens de naturezamaterial e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores dereferncia identidade, ao, memria dos diferentes grupos formadores dasociedade brasileira, nos quais se incluem: as formas de expresso; os modos decriar, fazer e viver; as criaes cientficas, artsticas e tecnolgicas; as obras,objetos, documentos, edificaes e demais espaos destinados s manifestaesartstico-culturais; os conjuntos urbanos e stios de valor histrico, paisagstico,artstico, arqueolgico, paleontolgico, ecolgico e cientfico (art. 216 da CF/88).

    A proteo desse patrimnio incumbe ao Poder Pblico, com acolaborao da sociedade, desde a utilizao de diversos instrumentos elencados,tais como: inventrios, registros, vigilncia, tombamento e desapropriao, e deoutras formas de acautelamento e preservao.

    Verifica-se que esse rol dos itens que compem o meio ambientecultural meramente exemplificativo, pois, alm dos itens relacionados, outrospodem constituir nosso patrimnio cultural, cabendo, ainda, ao Estado garantir atodos o pleno exerccio dos direitos culturais e o acesso s fontes de culturanacional, apoiando e incentivando a difuso das manifestaes culturais (art. 215da CF/88).

    A Constituio Federal protege de modo amplo esse aspecto do meioambiente, tratando at mesmo das regras de competncia legislativa e materialnesse assunto, prevendo quais entidades federativas Unio, Estados-membros,Distrito Federal e Municpios podem legislar e atuar na sua proteo.

  • Alm disso, reiterando as nossas regras de proteo ao meio ambientecultural, somam-se, ao ordenamento jurdico nacional, regras de proteointernacional para preservar o bem que espelha determinada identidade cultural.Assim, a Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e Cultura(UNESCO), uma das agncias especializadas da ONU, a responsvel pelaimplementao dessa proteo em nvel mundial.

    4.4 Meio ambiente do trabalho

    O meio ambiente do trabalho o local onde se desenvolvem asatividades do trabalho humano; o complexo de bens mveis e imveis de umaempresa. Importante destacarmos que sua proteo vital para a sade eintegridade fsica dos trabalhadores.

    No texto da Constituio Federal de 1988, encontramos dois artigos quetratam pontualmente da tutela do meio ambiente do trabalho. Assim, dentre osdireitos dos trabalhadores urbanos e rurais, alm de outros que visem melhoriade sua condio social, encontramos a reduo dos riscos inerentes ao trabalho,por meio de normas de sade, higiene e segurana (art. 7, XXII, da CF/88).

    Por outro lado, h previso constitucional que determina que ao sistemade sade compete, alm de outras atribuies, nos termos da lei, colaborar naproteo do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho (art. 200, VIII, daCF/88).

    Pode-se afirmar que estes dois dispositivos cuidam da tutela imediata domeio ambiente do trabalho. A mediata tem respaldo no caput do art. 225 daConstituio Federal. Alm disso, importante ressaltar que a proteo ao meioambiente do trabalho distinta da proteo do direito do trabalho. Isso porqueaquela tem por objeto jurdico a sade e a segurana do trabalhador, a fim deque este possa desfrutar uma vida com qualidade. Busca-se salvaguardar ohomem trabalhador das formas de degradao e poluio de vida (FIORILLO,2009).

    O meio ambiente do trabalho pode ser defendido por meio de ao civilpblica, com julgamento pela prpria Justia do Trabalho. Deste modo,conforme decises j consagradas pela jurisprudncia, tendo a ao civil pblicacomo causa de pedir disposies trabalhistas e pedidos voltados preservao domeio ambiente do trabalho e, portanto, aos interesses dos empregados, acompetncia para julg-la da Justia do Trabalho (STF, RE 206.220/MG).

  • Captulo 2

    Direito Ambiental Internacional

    1. Noes introdutrias

    No h dvidas de que a proteo ambiental tem os seus aspectos maisimportantes em decorrncia da proteo na esfera internacional. a partir daOrganizao das Naes Unidas (ONU) que se tem uma pliade de convenes,com inspirao direta nos instrumentos protetivos no mbito de cada pas.

    Em linhas gerais, a proteo ambiental no mbito internacional temincio com a Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente Humano,realizada em Estocolmo, na Sucia, em 1972.

    Os anos seguintes Declarao de Estocolmo foram desencadeadoresde uma multiplicidade de instrumentos internacionais sobre a proteo ambiental,com uma srie de declaraes, tratados multilaterais e bilaterais e convenes nombito global e regional.

    1.1 Conferncia de Estocolmo sobre meio ambiente humano

    A Conferncia de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, realizadaem 1972, foi a primeira conferncia global no seio da Organizao das NaesUnidas (ONU).

    Com a concluso de seus trabalhos, foi editada a Declarao deEstocolmo, documento com 26 princpios norteadores da proteo ambiental. Emseu Princpio 01, reconhece que os dois aspectos do meio ambiente humano, onatural e o artificial, so essenciais para o bem-estar do homem e para o gozodos direitos humanos fundamentais, inclusive o direito vida mesma.

    O aspecto mais relevante da Declarao de Estocolmo foi inserir asquestes ambientais na agenda poltica, econmica e social em nvel global.

    1.2 Principais convenes ambientais

    Com o reconhecimento da essencialidade das questes ambientais, umasrie de convenes foram editadas pela ONU. Para fins didticos, enumeram-se as principais convenes ambientais editadas:

  • 1) Conveno sobre Zonas midas de Importncia Internacional (Conveno deRamsar). Editada em 1971, tem como objeto a proteo de reasmidas. uma conveno fruto de atividades de ONGs durante os anos1970, preocupadas com a vida e o hbitat das aves aquticas. O Brasilpossui os seguintes stios Ramsar, a saber: (a) rea de ProteoAmbiental das Reentrncias Maranhenses; (b) Parque Nacional doAraguaia; (c) Parque Nacional da Lagoa do Peixe; (d) Parque Nacionaldo Pantanal Mato-Grossense; (e) Reserva de DesenvolvimentoSustentvel Mamirau; (f) rea de Proteo Ambiental da BaixadaMaranhanse; (g) Parque Estadual Marinho do Parcel de Manuel Luiz; (h)Reserva Particular do Patrimnio Natural do SESC Pantanal; (i) ReservaParticular do Patrimnio Natural da Fazenda Rio Negro; (j ) ParqueNacional Marinho de Abrolhos; (l) Parque Estadual do Rio Doce(Ministrio do Meio Ambiente).

    2) Conveno sobre o Comrcio Internacional das Espcies da Flora e Fauna emPerigo de Extino (CITES). Editada em 1973, a CITES, em aspectosgerais, disciplina a responsabilidade dos seus signatrios pelo comrciointernacional de espcies da flora e fauna ameaadas de extino. ACITES possui trs anexos que relacionam as espcies ameaadas, asaber: (a) anexo I, com as espcies reconhecidamente ameaadas deextino; (b) anexo II, com espcies que, embora no estejam emperigo de extino, podero chegar a essa situao, caso o comrcio nofique sujeito a rigorosa regulamentao; (c) anexo III, com espcies queesto protegidas ao menos em um pas, o qual tenha solicitado aassistncia de outras partes para controlar seu comrcio.

    3) Conveno de Viena para a Proteo da Camada de Oznio e Protocolo deMontreal sobre Substncias que Destroem a Camada de Oznio. AConveno de Viena (1985) e o Protocolo de Montreal (1987)estabelecem as medidas de proteo sade humana e ao meioambiente contra os efeitos adversos que decorram de atividadeshumanas que afetem ou possam afetar a camada de oznio, em especiala eliminao dos processos de fabricao de substncias comclorofluorcarbonatos e hidroclorofluorcarbonatos.

    4) Conveno sobre Controle de Movimentos Transfronteirios de ResduosPerigosos (Conveno da Basileia). A Conveno da Basileia (1989)estabelece as normas para o transporte transfronteirio de resduos

  • slidos e lquidos perigosos. Entre os seus objetivos, destacam-se: (a)minimizar, reciclar e eliminar os resduos perigosos; (b) reduzir omovimento de resduos perigosos; (c) coibir o trfego ilcito de qualquermovimento transfronteirio de resduos perigosos ou outros rejeitos etc.

    1.3 Relatrio Nosso futuro comum

    Em 1983, a ONU criou a Comisso Mundial sobre Meio Ambiente eDesenvolvimento, com a coordenao de Gro Harlem Brundtland, ex-primeira-ministra da Noruega. O trabalho da Comisso foi discutir em mbito global astemticas ambientais e de desenvolvimento.

    Em 1987, a Comisso apresentou o Relatrio Nosso futuro comum,que passou a ser conhecido como Relatrio Brundtland, em reconhecimento aotrabalho de Gro Harlem Brundtland.

    Coube ao Relatrio Nosso futuro comum definir o conceito clssico dedesenvolvimento sustentvel como aquele que atende s necessidades daspresentes geraes sem comprometer as necessidades das geraes futuras.

    Com a edio do relatrio, constatou-se a necessidade de mais umaconferncia ambiental global para o aprofundamento das discusses deEstocolmo.

    Assim, por meio da Resoluo 44/228, de 1989, a ONU decidiu convocaruma conferncia sobre meio ambiente e desenvolvimento, que seria realizada noano de 1992, no Brasil.

    1.4 Conferncia do Rio de Janeiro sobre meio ambiente edesenvolvimento

    o principal encontro ambiental da histria. Com efeito, no ano de 1992,o mundo se reuniu na cidade do Rio de Janeiro para discutir a emergncia dastemticas ambientais.

    Em aspectos fundamentais, o resultado do trabalho da ECO/92 foi aedio dos seguintes documentos:

    A) Declarao do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

    A Declarao do Rio , sem dvida, uma das grandes contribuies paraa proteo ambiental, isso porque estabeleceu em seus 27 princpios todo umconjunto de regras do Direito Ambiental, tais como desenvolvimento sustentvel,solidariedade intergeracional, precauo, poluidor-pagador etc.

  • B) Agenda 21

    A Agenda 21 um programa de ao com diretrizes para aimplementao do desenvolvimento sustentvel. uma tentativa de promover,em escala planetria, um novo padro de desenvolvimento, conciliando mtodosde proteo ambiental, justia social e eficincia econmica. A Agenda 21 umcompromisso poltico de alto nvel que busca concretizar a harmonizao dodesenvolvimento econmico com a proteo ambiental.

    C) Conveno-Quadro sobre Mudanas do Clima

    Adotada em Nova York, em 9 de maio de 1992, o objetivo daConveno-Quadro sobre Mudanas do Clima a reduo de emisses de gasesde efeito estufa e a estabilizao das concentraes desses gases na atmosferanum nvel que impea uma interferncia antrpica perigosa no sistemaclimtico. Entrou em vigor em 1994.

    Segundo a Conveno, mudana do clima significa uma mudana declima que possa ser direta ou indiretamente atribuda atividade humana quealtere a composio da atmosfera mundial e que se some quela provocada pelavariabilidade climtica natural observada ao longo de perodos comparveis.Em suma, o que se pretende mitigar a interferncia antrpica no sistemaclimtico.

    Com a adoo da Conveno-Quadro e como forma de manter adiscusso sobre o clima, as partes (pases) se renem periodicamente paradiscutir as questes climticas. Essas reunies so chamadas de COP(Conferncia das Partes). Na COP 3, em 1997, foi aprovado o Protocolo deKy oto.

    O objetivo do protocolo que os pases do Anexo I relao dos 40pases e a Comunidade Europeia, listados na Conveno-Quadro assumamcompromissos de reduzir suas emisses de Gases de Efeito Estufa (GEE) pelomenos 5% em relao aos nveis de emisses do ano de 1990, no perodo decompromisso entre os anos de 2008 e 2012.

    No entanto, em meio s preocupaes com a crise econmica global, naltima Conferncia das Partes da Conveno da ONU sobre Mudana do Clima(COP 17), realizada em dezembro de 2011, em Durban (frica do Sul), os pasesconcordaram em negociar at 2015 um tratado ambiental em que todos(incluindo naes em desenvolvimento, como China e Brasil) se comprometerocom metas obrigatrias de reduo de emisses de carbono, para serem

  • implementadas a partir de 2020. Desta forma, o Protocolo de Ky oto, queexpiraria em 2012, foi estendido at 2017, mas sem Japo, Rssia e Canad.

    D) Conveno sobre Diversidade Biolgica ou da Biodiversidade

    o principal documento internacional de proteo da biodiversidade. Osobjetivos da conveno centram-se na conservao da diversidade biolgica, nautilizao sustentvel de seus componentes e na repartio justa e equitativa dosbenefcios derivados da utilizao dos recursos genticos, mediante, inclusive, oacesso adequado aos recursos genticos e a transferncia adequada detecnologias pertinentes, levando em conta todos os direitos sobre tais recursos etecnologias, e mediante financiamento adequado.

    E) Declarao de Princpios das Florestas ou Carta das Florestas

    Trata-se de um documento genrico que estabelece princpios para aproteo das florestas. uma declarao de princpios sem fora jurdicaobrigatria e que exprime fundamentalmente que os pases, em especial osdesenvolvidos, deveriam empreender esforos para recuperar a Terra por meiode reflorestamento e conservao florestal.

    1.5 Cpula mundial sobre desenvolvimento sustentvel (Rio+10)

    Em 2002, realizou-se em Joanesburgo, na frica do Sul, a CpulaMundial para o Desenvolvimento Sustentvel, conhecida como Rio+10, j querealizada dez anos aps a ECO/92.

    Nesse encontro, discutiram-se medidas concretas para executar osobjetivos da Agenda 21 at ento no suficientemente implementados,acreditando-se, ainda, que, desde ento, o grande enfoque deveria ser aconcretizao de polticas pblicas necessrias a um crescimento comsustentabilidade.

    Dois foram os documentos oficiais da cpula mundial: (a) DeclaraoPoltica e (b) o Plano de Implementao.

    A Declarao Poltica, denominada O compromisso de Joanesburgosobre desenvolvimento sustentvel, reafirma os princpios das duas confernciasanteriores e faz uma anlise da pobreza e da m-distribuio de renda no mundo.O Plano de Implementao composto de trs objetivos: (a) a erradicao dapobreza, (b) a mudana nos padres insustentveis de produo e consumo e (c)a proteo dos recursos naturais (OLIVEIRA, 2012).

  • Agora, em 2012, o cenrio mundial est se preparando para a realizaoda Rio+20, oportunidade para um balano do que foi feito e de tudo que precisaainda ser concretizado.

  • Captulo 3

    Tutela Constitucional do Meio Ambiente

    1. Noes introdutrias

    Em uma anlise da evoluo da tutela constitucional ambiental nos textosdas diversas Constituies, observa-se que a Constituio Imperial de 1824 nofez qualquer referncia matria ambiental. A nica meno era proibio deindstrias contrrias sade do cidado.

    A Constituio Republicana de 1891, por sua vez, atribuiu competncia Unio para legislar sobre suas minas e terras.

    A Constituio de 1934 tratou da proteo s belezas naturais, aopatrimnio histrico, artstico e cultural, conferindo, ainda, Unio competnciaem matria de riquezas do subsolo, minerao, guas, florestas, caa, pesca esua explorao. Alm disso, a partir da Constituio de 1934, os textoscomearam a prever a funo social da propriedade.

    Tanto a Constituio de 1937 quanto a de 1946 mantiveram apreocupao com a proteo dos monumentos histricos, artsticos, naturais epaisagsticos, cuidando, ainda, da competncia legislativa da Unio a respeito decertos temas, tais como: riquezas do subsolo, guas, florestas, caa e pesca.

    O texto constitucional de 1967 manteve as disposies dos anteriores,incluindo dentre as competncias da Unio legislar sobre normas gerais dedefesa da sade, sobre jazidas, florestas, caa, pesca e guas.

    Como concluso, verifica-se que, desde a Constituio Federal de 1934,todas mantiveram a proteo do patrimnio histrico, cultural e paisagstico dopas, mas o legislador constituinte no se preocupou em proteger o meioambiente de forma especfica e global.

    No entanto, notadamente aps a realizao da Conferncia de Estocolmo(1972), desencadeou-se um movimento mundial de positivao constitucional dasnormas protetivas do meio ambiente, e a temtica ambiental foi includa no textodas Constituies elaboradas aps esta data (ver item 3.1 do Captulo 1, supra).

    Entre ns, no foi diferente. Deste modo, sob influncia direta das

  • Constituies portuguesa (1976) e espanhola (1978), pela primeira vez na histriade nosso Direito Constitucional uma Constituio (1988) dedicou um captulointeiro ao meio ambiente, dividindo entre Governo e sociedade aresponsabilidade pela sua preservao e conservao. Portanto, certo que aConstituio de 1988 foi um marco decisivo para a formulao de nossa polticaambiental.

    2. Tutela constitucional do meio ambiente na CF/88

    A CF/88, no Captulo VI do Ttulo VIII, traz a regra matriz ambientalcom o art. 225, considerado um dos mais avanados dispositivos em matria deproteo ambiental, cuja regra bsica encontra-se logo no caput, que prev:Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de usocomum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao PoderPblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes efuturas geraes.

    Nesse sentido, a CF/88 pode ser considerada verde, dada a amplitude daproteo ambiental que estabelece. O texto constitucional tutela o meio ambienteadministrativa, civil e penalmente (art. 225 e seus pargrafos). No entanto, almdo art. 225, encontram-se na CF/88 vrios outros dispositivos constitucionais,dentro dos mais variados temas, que de forma direta ou indireta cuidam daproteo ambiental.

    Desta forma, o texto constitucional trata da diviso de competncias emmatria ambiental, sendo definida a atuao de cada entidade da Federao,tanto no aspecto legislativo quanto no aspecto material (art. 20 e seus incisos; art.21, XIX; art. 22, IV; art. 23, I, III, IV, VI, VII e XI; art. 24, I, VI, VII e VIII; art.30, I, II, VIII e IX). Portanto, a CF/88 consagrou a autonomia dos diversos entesda Federao e previu que eles devem partilhar responsabilidades sobre aconduo das questes ambientais, tanto no que tange competncia legislativaquanto no que diz respeito competncia material, tambm conhecida comoimplementadora ou de execuo (ver item 3 deste captulo).

    Alm disso, h previso de proteo ao meio ambiente no Captulo I,Ttulo VII, da Constituio Federal, quando esta trata dos princpios gerais daatividade econmica (art. 170, VI; art. 174, 3; art. 177, 4, II, b), e no CaptuloIII, do mesmo ttulo, que trata da Poltica Agrcola e Fundiria e da ReformaAgrria (art. 186, II). Tambm na Ordem Social, a Constituio prev proteodo meio ambiente em diferentes aspectos, tais como: art. 200, VIII; art. 216, V;art. 220, 3, II; art. 225; art. 231, 1. Tm-se, ainda, previses sobre a tutela

  • processual do meio ambiente, isto , a Constituio determina a existncia deaes especficas para a proteo ambiental. Encontraremos, por exemplo: o art.5, LXXIII, prevendo a ao popular para defesa do meio ambiente, e o art. 129,III, tratando das funes institucionais do Ministrio Pblico, prevendo autilizao da ao civil pblica como um instrumento de tutela ambiental.

    Por fim, o Conselho de Defesa Nacional, rgo de consulta doPresidente da Repblica, deve observar a proteo dos recursos naturais aopropor os critrios e condies de utilizao de reas indispensveis seguranado territrio nacional (art. 91, 1, III).

    Com essas consideraes, impe-se uma anlise do art. 225 da CF/88.

    Com efeito, no art. 225 e seus pargrafos, tem-se o corolrio da proteoambiental, e o caput da norma, em especial, merece anlise mais detida de seuselementos para uma melhor compreenso da estrutura de proteo ambientalestabelecida na CF/88.

    O caput do art. 225 determina que todos 1) tm direito ao meio ambienteecologicamente equilibrado, 2) bem de uso comum do povo 3) e essencial sadia qualidade de vida 4), impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o deverde defend-lo e preserv-lo 5) para as presentes e futuras geraes 6).

    Em anlise de cada um desses elementos possvel extrair a extenso decada expresso:

    1) Todos

    A utilizao do pronome indefinido todos aumenta a abrangncia danorma, com a insero do direito ao meio ambiente como um direito difuso. Emlinhas gerais, o direito difuso o que extrapola a esfera individual, tendo comotitulares pessoas indeterminadas e ligadas por uma situao danosa de fato (art.81, pargrafo nico, do CDC). Alm disso, o pronome indica que a proteo aomeio ambiente extensvel no somente aos brasileiros e estrangeiros residentesno Brasil (presente gerao), mas igualmente s geraes futuras.

    2) Tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado

    Em primeiro plano, a locuo todos tm direito significa que aproteo ao meio ambiente um direito pblico subjetivo, oponvel contra todos e no somente contra o Estado. A proteo ao meio ambiente pode ocorrer emface do Estado ou mesmo de um particular como exemplo, um vizinho queesteja desmatando uma floresta nativa. A expresso meio ambiente

  • ecologicamente equilibrado remete-nos noo de equilbrio ecolgico, que um estado ou situao na qual as populaes das diferentes espciespermanecem mais ou menos constantes, mediadas pelas interaes entre elas.

    3) Bem de uso comum do povo

    Trata-se de expresso prevista no art. 99, I, do Cdigo Civil. No entanto,na rea ambiental, a expresso adquire uma conotao prpria e especfica. Emrelao questo ambiental, o bem de uso comum do povo seria aquele quepode ser desfrutado por toda e qualquer pessoa dentro dos limites legais. Teria acaracterstica de um bem dito difuso, pois no enquadrvel como pblico nemcomo privado.

    Com base na clssica pergunta de quem o ar que respiro?, surge oentendimento de que a noo de bem de uso comum do povo, para o DireitoAmbiental, significa bem de fruio coletiva, e, portanto, seu proprietrio,pessoa pblica ou particular, no pode dispor da qualidade do ambiente a seu bel-prazer, porque ele no integra sua disponibilidade, uma vez que temos de lembrartambm da noo maior de funo social da propriedade.

    4) Essencial sadia qualidade de vida

    No d para pensar em sadia qualidade de vida sem um meio ambienteecologicamente equilibrado, sem o necessrio equilbrio dos recursos ambientais.

    5) Impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever dedefend-loe preserv-lo

    Nota-se que o Poder Pblico, em todas as suas esferas de atuao administrativa, legislativa ou judicial , deve tomar as medidas para preservaoe conservao ambiental, garantindo a incolumidade do meio ambiente. Acoletividade tambm assume importante papel, uma vez que atuar no s pormeio de participao em rgos colegiados, mas tambm diretamente,manifestando-se nas audincias pblicas ou na via processual, mediante asassociaes nas aes civis pblicas, ou diretamente, por intermdio de iniciativapopular, na ao popular de defesa ambiental.

    6) Para as presentes e futuras geraes

    Tratando-se de tpico direito de terceira gerao o direito ao meioambiente ecologicamente equilibrado , um direito de toda a coletividade edeve ser preservado para a sociedade atual, bem como para a futura, ressaltando

  • o que alguns consideram o carter intergeracional desse direito.

    Importante destacar que a natureza jurdica do direito ao meio ambienteecologicamente equilibrado de direito humano fundamental de terceiragerao. Nessa direo, o STF (MS 22.164-0) consagrou o entendimento de que omeio ambiente ecologicamente equilibrado direito humano fundamentalincludo nos direitos de terceira gerao.

    No demais lembrar que, na tradicional classificao dos direitoshumanos em geraes, tm-se os direitos de primeira gerao direitosindividuais e polticos, os quais privilegiam o valor liberdade; j na segundagerao, encontram-se os direitos econmicos, sociais e culturais, que procuramconsagrar, na prtica, o valor igualdade, e, por fim, os ditos direitos de terceiragerao, que consagram o valor solidariedade. Logo, no so direitos de umapessoa ou de um grupo, mas so direitos cujo destinatrio o gnero humano.

    3. Competncias constitucionais

    As competncias constitucionais em matria ambiental estodisciplinadas entre os arts. 21 e 25 e no art. 30 da CF/88.

    Em linhas gerais, as competncias se dividem em: (a) competnciaadministrativa e (b) competncia legislativa.

    Entende-se por competncia administrativa ou material o campo deatuao poltico-administrativa de cada ente federativo. Em outras palavras, emmatria ambiental, a competncia administrativa representada, por exemplo,pelo poder de polcia ambiental, pelo licenciamento ambiental etc.

    A competncia legislativa ou legiferante a capacidade de cada entefederativo em editar leis.

    Com essa diviso, analisar-se-o as competncias correspondentes.

    Nesse sentido, o art. 21 da CF/88 dispe sobre a competnciaadministrativa exclusiva da Unio. Assim, compete Unio: (...) XIX instituirsistema nacional de gerenciamento de recursos hdricos e definir critrios deoutorga de direitos de seu uso; XX instituir diretrizes para o desenvolvimentourbano, inclusive habitao, saneamento bsico e transportes urbanos; (...) XXIII explorar os servios e instalaes nucleares de qualquer natureza e exercermonoplio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento,a industrializao e o comrcio de minrios nucleares e seus derivados, atendidosos seguintes princpios e condies: a) toda atividade nuclear em territrionacional somente ser admitida para fins pacficos e mediante aprovao do

  • Congresso Nacional; b) sob regime de permisso, so autorizadas acomercializao e a utilizao de radioistopos para a pesquisa e usos mdicos,agrcolas e industriais; c) sob regime de permisso, so autorizadas a produo,comercializao e utilizao de radioistopos de meia-vida igual ou inferior aduas horas; d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe daexistncia de culpa.

    O art. 22 da CF/88 disciplina a competncia legislativa privativa daUnio, que so as matrias que somente podem ser objeto de lei editada pelaUnio. Contudo, por meio da edio de lei complementar, a Unio pode autorizaros Estados a legislarem sobre questes especficas das matrias relacionadas noartigo em questo. Assim, compete privativamente Unio legislar sobre: (...)IV guas, energia, informtica, telecomunicaes e radiodifuso; (...) XII jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; (...) XXVI atividadesnucleares de qualquer natureza.

    O art. 23 da CF/88 disciplina a competncia administrativa comum entre aUnio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios. , sem dvida, uma dasmais importantes normas, ao prever a cooperao de todos os entes federativosna proteo ao meio ambiente. Nesse sentido, competncia comum da Unio,dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios: (...) III proteger osdocumentos, as obras e outros bens de valor histrico, artstico e cultural, osmonumentos, as paisagens naturais notveis e os stios arqueolgicos; IV impedir a evaso, a destruio e a descaracterizao de obras de arte e de outrosbens de valor histrico, artstico ou cultural; (...) VII preservar as florestas, afauna e a flora; (...) IX promover programas de construo de moradias e amelhoria das condies habitacionais e de saneamento bsico; X combater ascausas da pobreza e os fatores de marginalizao, promovendo a integraosocial dos setores desfavorecidos; XI registrar, acompanhar e fiscalizar asconcesses de direitos de pesquisa e explorao de recursos hdricos e mineraisem seus territrios.

    Aspecto importante do art. 23 da CF/88 o seu pargrafo nico, quedispe que leis complementares fixaro normas para a cooperao entre aUnio e os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, tendo em vista o equilbriodo desenvolvimento e do bem-estar em mbito nacional. Aps anos detramitao no Congresso Nacional, foi editada a primeira das leiscomplementares, a LC n. 140, de 8 de dezembro de 2011, que regulamentou osincisos III, VI e VII do art. 23 da CF.

  • O art. 24 da CF/88 estabelece a competncia legislativa concorrenteentre a Unio, os Estados e o Distrito Federal. importante relacionar que osMunicpios no esto contemplados no caput do art. 24. Dessa forma, compete Unio, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...)VI florestas, caa, pesca, fauna, conservao da natureza, defesa do solo e dosrecursos naturais, proteo do meio ambiente e controle da poluio; VII proteo ao patrimnio histrico, cultural, artstico, turstico e paisagstico; VIII responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos devalor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico.

    No mbito da competncia legislativa concorrente do art. 24 da CF/88, acompetncia da Unio limitar-se- a estabelecer normas gerais. Normas geraisso aquelas que estabelecem diretrizes gerais e que tm como objetivo auniformizao e a coordenao da matria regulamentada.

    Alm disso, a competncia da Unio para legislar sobre normas geraisno exclui a competncia suplementar dos Estados (art. 24, 2).

    No caso de inexistir lei federal sobre normas gerais, os Estadosexercero competncia legislativa plena, para atender suas peculiaridades (art.24, 3). Contudo, a supervenincia de lei federal sobre normas gerais suspendea eficcia da lei estadual, no que lhe for contrrio (art. 24, 4).

    Quanto aos Municpios, a CF/88 estabelece no art. 30 que eles podemlegislar sobre assuntos de interesse local (inc. I) ou suplementar, no que couber, alegislao federal e estadual (inc. II). Ademais, podem promover, no quecouber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle douso, do parcelamento e da ocupao do solo urbano (inc. VIII); e promover aproteo do patrimnio histrico-cultural local, observada a legislao e a aofiscalizadora federal e estadual (inc. IX).

  • Captulo 4

    Princpios do Direito Ambiental

    1. Noes introdutrias

    Os princpios apresentam-se enquanto espcie de um gnero: a normajurdica. Com efeito, nosso ordenamento jurdico composto de regras eprincpios, ambos apresentando juzos do dever ser.

    As regras impem algo, permitem ou taxativamente probemdeterminadas condutas, de modo que, se uma regra possui validade, deve sercumprida, na medida de sua prescrio.

    Os princpios, por outro lado, podem ser entendidos enquanto normas queimpem um mandamento a ser concretizado, cumprido em diferentes graus, poisordenam que algo seja realizado dentro das possibilidades jurdicas e reaisexistentes.

    Hoje, claro est o papel normativo dos princpios, os quais preconizamuma atuao positiva do Estado, notadamente por meio da implementao denormas programticas, e, se desrespeitados, geram as mais diferentesrepercusses na esfera patrimonial e pessoal do agente.

    O Direito Ambiental, enquanto ramo autnomo, possui um conjunto deregras e princpios prprios voltado para a concretizao da proteo ambiental.Contudo, no h uma uniformidade entre os doutrinadores quanto tipologia e aocontedo destes. A anlise, dessa maneira, centrar-se- nos mais recorrentes.

    Por fim, importante lembrar que no s a doutrina e a jurisprudncia,mas tambm a legislao ambiental vm expondo e explicitando algunsimportantes princpios. Assim, encontramos previso expressa de vrios deles emdiversas leis ambientais.

    2. Princpio do desenvolvimento sustentvel

    A definio de desenvolvimento sustentvel teve origem com o RelatrioNosso futuro comum, tambm conhecido como Relatrio Brundtland.

    Para o Relatrio Brundtland, considera-se desenvolvimento sustentvel

  • aquele que atende s necessidades do presente sem comprometer asnecessidades das geraes futuras.

    Para alcanar o desenvolvimento sustentvel, a proteo do meioambiente deve constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e nopode ser considerada isoladamente em relao a ele.

    Desta forma, esse princpio procura compatibilizar desenvolvimentoeconmico-social e preservao da qualidade do meio ambiente. Encontramoseste princpio, tanto no mbito internacional quanto no nacional, em diversosdispositivos.

    Na Declarao do Rio, por exemplo, encontraremos sua previsoprecipuamente nos Princpios 3 e 4.

    Princpio 3 O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo apermitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades dedesenvolvimento e de meio ambiente das geraes presentes e futuras.

    Princpio 4 Para alcanar o desenvolvimento sustentvel, a proteoambiental constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e no podeser considerada isoladamente deste.

    A Lei n. 6.938/81, quando cuida dos objetivos da Poltica Nacional doMeio Ambiente, prev no art. 4 que tal poltica visar: I compatibilizao dodesenvolvimento econmico-social com a preservao da qualidade do meioambiente e do equilbrio ecolgico.

    A Constituio Federal de 1988, no art. 170, VI, evidencia a opo poruma ordem econmica que respeite o meio ambiente; nesse sentido, prevendocomo princpio da ordem econmica a defesa do meio ambiente, at mesmomediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos eservios e de seus processos de elaborao e prestao.

    Nessa inter-relao entre meio ambiente e atividade econmica, interessante recordar que: (...) o sistema econmico atua como um merointermedirio entre o meio ambiente e (...) o meio ambiente. Por mais paradoxalque possa parecer esta afirmao, o que, de fato, ocorre. A atividadeeconmica do homem consiste, em essncia, no retirar da biosfera elementosque, mais cedo ou mais tarde, a ela retornaro, sob diversas formas oumodalidades (NUSDEO, 2001).

    Desse modo, pode-se afirmar que o princpio do desenvolvimentosustentvel procura fazer com que as atividades sejam desenvolvidas utilizando

  • todos os meios colocados disposio para a menor degradao possvel (naprtica, tm-se vrias aes com o intuito de concretizar o princpio, tais como:utilizao racional da gua; correta disposio dos resduos slidos; opo pormatrias-primas menos poluentes; instalao de filtros nas chamins; dentreoutras medidas).

    Por fim, importante ressaltar que possvel encontrar na doutrina umanomenclatura diferente para expor uma ideia correlata. Assim, o nome doprincpio varia, mas a ideia de desenvolvimento sustentvel mantida.

    O exemplo o princpio do Acesso Equitativo aos Recursos Naturais,cuja ideia a de que o meio ambiente um bem de uso comum do povo, sendopossvel, no entanto, por meio da equidade, assegurar s geraes futuras o usodos recursos ambientais (MACHADO, 2009).

    3. Princpio da preveno/precauo

    Durante muito tempo, discutiu-se se estvamos diante de um mesmoprincpio ou de dois princpios distintos.

    Inicialmente, no se diferenciavam, at porque a ideia de ambos prevenir a ocorrncia do dano ambiental. Isso, sem dvida, um dos pontos maisimportantes do Direito Ambiental, diante da complexidade da reparao do danoao meio ambiente, j que difcil restabelecermos o status quo ante perante umarea degradada. Sabe-se que muitos danos ambientais so compensveis, mas,sob a viso tcnica, de difcil ou impossvel reparao.

    No entanto, com o passar do tempo e o amadurecimento da ideia, tanto adoutrina quanto a jurisprudncia do Direito Ambiental passaram a entendercomo necessria a distino entre ambos.

    Assim, pode-se afirmar que o princpio da preveno trata de riscos ouimpactos j conhecidos pela cincia e aplicado com o objetivo de impedir aocorrncia de danos ao meio ambiente, por meio da imposio de medidas deproteo antes da implantao de empreendimentos e atividades consideradasefetiva ou potencialmente poluidoras.

    O princpio da preveno espelha o pre-venire, isto , antecipar-se aoque vai vir e, nesse caso, porque j se conhece o que vai vir.

    No caso de certeza dos danos ambientais de determinadoempreendimento, estes devem ser prevenidos, com uma atuao antecipada.

    Neste sentido, como previses normativas do princpio, destacam-se o

  • art. 225, 1, IV, da CF/88, que determina a necessidade de realizao prvia deEIA/RIMA para obras ou atividades potencialmente causadoras de significativadegradao do meio ambiente, e o inciso V, que dispe sobre o controle daproduo, comercializao e emprego de tcnicas que comportem risco para avida, qualidade de vida e meio ambiente.

    Tambm a Lei n. 6.938/81, ao cuidar dos instrumentos de efetivao daPoltica Nacional do Meio Ambiente (art. 9), prev a avaliao de impactoambiental e o licenciamento, deixando clara a preocupao em prevenir aocorrncia do dano.

    Por fim, a legislao esparsa tambm vem expressando o princpio etratando-o de modo diferenciado do outro, que o da precauo. S a ttulo deexemplo, a Lei n. 11.428/2006, que dispe sobre a utilizao e proteo davegetao nativa do Bioma Mata Atlntica, no art. 6, pargrafo nico,expressamente elenca alguns princpios e, dentre eles, refere-se preveno e precauo, tratando-as como princpios distintos.

    O princpio da precauo ser invocado para proteo ambiental no casode riscos ou impactos desconhecidos, e, nessas hipteses de incerteza cientficade danos, caber ao interessado provar que as intervenes pretendidas noambiente no traro consequncias indesejveis.

    Nesse sentido, a concepo da precauo como um princpio ambientalsurge na dcada de 1970, de incio, em uma lei da Repblica Federativa daAlemanha, com o intuito de guiar os administradores no trato da poluio.

    A Declarao do Rio, de 1992, reporta-o no seu Princpio 15, o qualdetermina: Com o fim de proteger o meio ambiente, o princpio da precauodever ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suascapacidades. Quando houver ameaa de danos graves ou irreversveis, aausncia de certeza cientfica absoluta no ser utilizada como razo para oadiamento de medidas economicamente viveis para prevenir a degradaoambiental.

    O princpio da precauo compe duas convenes internacionaisassinadas, ratificadas e promulgadas pelo Brasil: a Conveno da DiversidadeBiolgica e a Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre as Mudanas doClima.

    Outrossim, leis infraconstitucionais tratam do princpio da precauo, taiscomo o prprio art. 6, pargrafo nico, da Lei n. 11.428/2006. Por fim, a Lei n.11.105/2005, que estabelece a Poltica Nacional de Biossegurana, tambm adota

  • expressamente em seu art. 1 o princpio da precauo.

    4. Princpio do poluidor-pagador

    O princpio, conhecido internacionalmente como polluter pays principle, expresso mxima da internalizao das externalidades negativas do processoprodutivo, destacando-se, na sua vertente preventiva, que deve o poluidor arcarcom as despesas de preveno dos danos ao meio ambiente, oriundos dodesenvolvimento de sua atividade.

    Nesse aspecto, vale lembrar que, durante a elaborao dos produtos,alm do bem em si, so produzidas as denominadas externalidades negativas,isto , algo que oriundo do processo produtivo, mas que tem uma conotao denus, de algo que no bem recebido. Podemos vislumbrar neste aspecto apoluio gerada por emisses atmosfricas , os resduos e uma eventualcontaminao da gua.

    Neste sentido, so chamadas externalidades porque, embora resultantesda produo, so recebidas pela coletividade, ao contrrio do lucro, que percebido pelo produtor privado. Da a expresso privatizao de lucros esocializao de perdas, quando identificadas externalidades negativas. Com aaplicao do princpio do poluidor-pagador, procura-se corrigir este custoadicionado sociedade, impondo-se sua internalizao. Por isso, este princpio tambm conhecido como o princpio da responsabilidade (DERANI, 1997).

    A Declarao do Rio, de 1992, a ele se reporta no seu Princpio 16,determinando que: As autoridades nacionais devem procurar promover ainternacionalizao dos custos ambientais e o uso de instrumentos econmicos,tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em princpio, arcarcom o custo da poluio, com a devida ateno ao interesse pblico e semprovocar distores no comrcio e nos investimentos internacionais.

    Entre ns, a Lei da Poltica Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81)cuida desse princpio no art. 4, VII, consagrando a ideia de que aquele que poluirter de arcar com os custos da reparao do dano causado.

    Desta forma, identificam-se no princpio do poluidor-pagador duasfaces, a saber: de um lado, sua conotao preventiva arcar com os custos dapreveno de eventual dano ambiental, e, de outro, a repressiva no caso deocorrer o dano, pagar a recomposio e/ou a indenizao.

    A previso constitucional desse princpio encontra-se no art. 225, 3, daCF/88, o qual determina que As condutas e atividades consideradas lesivas ao

  • meio ambiente sujeitaro os infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanespenais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danoscausados. Identificam-se, destarte, trs rbitas de reparao do dano ambiental:a civil, a penal e a administrativa.

    5. Princpio do usurio-pagador

    Este princpio determina que aquele que usar os recursos ambientaisdever pagar por esse uso, na medida em que est usando algo que um bem deuso comum, isto , de fruio coletiva (art. 4, VII, 2 parte, da Lei n. 6.938/81).

    Exemplo de sua aplicao a cobrana pelo uso da gua, nos moldes daLei n. 9.433/97 Lei da Poltica Nacional de Recursos Hdricos (arts. 19 a 22).

    O pagamento pelo uso do recurso no tem natureza jurdica depenalidade, uma vez que ocorre em virtude do uso privado de um recurso que bem de fruio coletiva.

    Com isso, entende-se que no h um bis in idem entre os princpios dopoluidor-pagador e do usurio-pagador, devido diferena de sentido entre eles.

    6. Princpio da informao

    Esse princpio consagra o acesso aos dados ambientais.

    Com o intuito de garantir a atuao da coletividade na proteoambiental, nosso ordenamento consagrou o princpio da informao sobre o meioambiente.

    Nesse sentido, a Poltica Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81)tambm considera instrumento dessa poltica o estabelecimento do sistemanacional de informaes sobre o meio ambiente (art. 9 da Lei n. 6.938/81). Comefeito, respeitado o sigilo industrial, tambm todo o procedimento dolicenciamento ambiental seus estudos devem ser norteados pela publicidade (art.11 da Resoluo CONAMA 1/86).

    A aplicao do princpio vem reforada com a Lei n. 10.650/2003, queimpe aos rgos e s entidades da administrao direta e indireta que compemo SISNAMA o dever geral de permitir o acesso pblico aos documentos,expedientes e processos administrativos que tratem de matria ambiental, assimcomo de fornecer informaes ambientais que estejam sob sua guarda em meioescrito, visual, sonoro ou eletrnico, assegurando-se, no entanto, o sigilocomercial, industrial, financeiro ou qualquer outro sigilo protegido por lei, bemcomo o relativo s comunicaes internas dos rgos e entidades governamentais

  • (art. 2, 2, da Lei n. 10.650/2003).

    7. Princpio da participao

    Esse princpio determina uma atuao conjunta do Poder Pblico e dasociedade na proteo do meio ambiente. Para a efetivao dessa ao emconjunto, a informao e a educao ambiental so meios necessrios (art. 225, 1, VI, da CF).

    Nesse aspecto, ressalta-se a importncia da implementao da educaoambiental, j consagrada na Lei n. 9.795/99, devidamente regulamentada peloDecreto n. 4.281/2002, que estabeleceu a Poltica Nacional de EducaoAmbiental, que buscar preservar o meio ambiente com a construo de valoressociais e de atitudes voltadas preservao desse bem.

    Ressalta-se que o art. 13 da Lei n. 6.938/81 tambm pode ser entendidocomo uma regra de participao do Poder Pblico, ao prever que o PoderExecutivo incentivar as atividades voltadas ao meio ambiente.

    Por fim, tambm importante o papel das audincias pblicas a seremrealizadas durante o procedimento de licenciamento ambiental deatividades/empreendimentos considerados de significativo impacto, com o intuitode que os interessados possam conhecer o projeto, dirimindo dvidas erecolhendo dos presentes as crticas e sugestes a respeito. O CONAMA prevessas audincias, de incio, na Resoluo 1/86 art. 11, 2, e, posteriormente,com a edio da Resoluo 9/87, passamos a ter uma regulamentao maisespecfica.

    A Declarao do Rio, de 1992, a ele se reporta no seu Princpio 10, oqual determina: A melhor maneira de tratar as questes ambientais assegurara participao, no nvel apropriado, de todos os cidados interessados. No nvelnacional, cada indivduo ter acesso adequado s informaes relativas ao meioambiente de que disponham as autoridades pblicas, inclusive informaesacerca de materiais e atividades perigosas em suas comunidades, bem como aoportunidade de participar dos processos decisrios. Os Estados iro facilitar eestimular a conscientizao e a participao popular, colocando as informaes disposio de todos. Ser proporcionado o acesso efetivo a mecanismos judiciaise administrativos, inclusive no que se refere a compensao e reparao dedanos.

    8. Princpio da funo socioambiental da propriedade

    Por esse princpio, busca-se afirmar que o direito de propriedade deve

  • ser exercido levando-se em conta a noo de sustentabilidade ambiental. Afuno socioambiental da propriedade no se limita propriedade rural, masabrange tambm a propriedade urbana. Engloba ainda a propriedade dos bensmveis e imveis, envolvendo um consumo sustentvel dos bens e um descarteadequado dos resduos.

    Pode-se afirmar que referido princpio se encontra regulado desde o art.5, XXIII, combinado com os arts. 170, III e VI, e 186, II, da ConstituioFederal, e tambm no art. 1.228, 1, do Cdigo Civil, o qual determina que odireito de propriedade deve ser exercido em consonncia com as suas finalidadeseconmicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com oestabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilbrioecolgico e o patrimnio histrico e artstico, bem como que seja evitada apoluio do ar e das guas.

    9. Princpio do limite

    Por esse princpio, a administrao tem o dever de estabelecer ospadres de emisso de partculas, rudos e a presena de corpos estranhos noambiente, tendo em vista a necessidade de proteo da vida e do prprioambiente.

    Isto ocorre porque com base na fixao dos limites que aadministrao ter um parmetro para agir, impondo coercitivamente, por meiodo seu poder de polcia ambiental, as medidas necessrias para que se evitem oupelo menos se reduzam os nveis de poluio e/ou degradao.

    O texto constitucional, ao determinar que incumbe ao Poder Pblicocontrolar a produo, a comercializao e o emprego de tcnicas, mtodos esubstncias que comportem risco para a vida, para a qualidade de vida e para omeio ambiente, deixa clara a previso do princpio (art. 225, 1, V, da CF/88).

    A Lei n. 6.938/81 a ele se reporta em vrios dispositivos: o art. 4, III, aotratar dos objetivos da Poltica Nacional do Meio Ambiente, prev que tal polticavisar ao estabelecimento de critrios e padres da qualidade ambiental e denormas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; o art. 8, VII, ressalta,dentre as competncias do CONAMA a de estabelecer normas, critrios epadres relativos ao controle e manuteno da qualidade do meio ambiente,com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hdricos; e,por fim, o art. 9, I, destaca o estabelecimento de padres de qualidade ambientalcomo um instrumento da Poltica Nacional do Meio Ambiente.

  • Encontramos na doutrina outra denominao para o princpio, qual seja:Princpio da Capacidade de Suporte, uma vez que o estabelecimento de taispadres deve, necessariamente, levar em considerao a capacidade de suportedo ambiente, isto , o limite de matria ou energia estranha que o ambiente podesuportar sem alterar suas caractersticas bsicas e essenciais (ANTUNES, 2008).

    10. Princpio da cooperao entre os povos

    Esse princpio prev a cooperao entre os povos visando preservaodo meio ambiente (previso no art. 4, IX, da Constituio Federal e no art. 4, V,da Lei n. 6.938/81, combinados com os arts. 77 e 78 da Lei n. 9.605/98).

    Destaca-se como importante princpio da rea ambiental, uma vez queas agresses ao ambiente no ficam restritas ao limite territorial do pas em queocorrem, mas, pelo contrrio, podem espalhar-se para os pases vizinhos.Exemplos: a poluio do mar ocorrida em certo ponto pode ser levada pelascorrentes marinhas e afetar cadeias de vida muito distantes. Da a necessidade decooper