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C672c COELHO, Milton Schmitt CadernodeInteressesDifusoseColetivosDomAlberto/Milton Schmitt Coelho. Santa Cruz do Sul: Faculdade Dom Alberto, 2010. Inclui bibliografia. 1. Direito Teoria2. Interesses Difusos e Coletivos TeoriaI. COELHO, Milton Schmitt II. Faculdade Dom AlbertoIII. Coordenao de DireitoIV. Ttulo CDU 340.12(072) Catalogao na publicao: Roberto Carlos Cardoso Bibliotecrio CRB10 010/10 Pgina 2 / 153APRESENTAO OCursodeDireitodaFaculdadeDomAlbertotevesuasemente lanadanoanode2002.Iniciamosnossacaminhadaacadmicaem2006, apsaconstruodeumprojetosustentadonosvaloresdaqualidade, seriedade e acessibilidade. E so estes valores, que prezam pelo acesso livre atodososcidados,tratamcomseriedadetodosprocessos,atividadese aes que envolvem o servio educacional e viabilizam a qualidade acadmica epedaggicaquegeramefetivoaprendizadoquepermitemconsolidarum projeto de curso de Direito. Cincoanossepassarameumcicloseencerra.Afasede crescimento,deamadurecimentoedeconsolidaoalcanaseupicecoma formaturadenossaprimeiraturma,comaconclusodoprimeiromovimento completo do projeto pedaggico. Entendemosseresteomomentodenoapenascelebrar,masde devolver,sobaformadepublicao,oprodutodotrabalhointelectual, pedaggicoeinstrutivodesenvolvidopornossosprofessoresduranteeste perodo. Este material servir de guia e de apoio para o estudo atento e srio, paraaorganizaodapesquisaeparaocontatoinicialdequalidadecomas disciplinas que estruturam o curso de Direito. Felicitamosatodososnossosprofessoresquecomcompetncia nos brindam com os Cadernos Dom Alberto, veculo de publicao oficial da produo didtico-pedaggica do corpo docente da Faculdade Dom Alberto. Lucas Aurlio Jost Assis Diretor Geral Pgina 3 / 153PREFCIO Todaaohumanaestcondicionadaaumaestruturaprpria,a umanaturezaespecficaqueadescreve,aexplicaeaomesmotempoa constitui.Maisainda,todaaohumanaaquelapraticadaporumindivduo, nolimitedesuaidentidadee,preponderantemente,noexercciodesua conscincia.Outracaractersticadaaohumanasuaestruturaformal permanente. Existe um agente titular da ao (aquele que inicia, que executa a ao),umcaminho(aaopropriamentedita),umresultado(afinalidadeda aopraticada)eumdestinatrio(aquelequerecebeosefeitosdaao praticada).Existemaeshumanasque,aoseremexecutadas,geramum resultadoeesteresultadoobservadoexclusivamentenaesferadoprprio indivduoqueagiu.Ouseja,nasaesinternas,titularedestinatriodaao soamesmapessoa.Oconhecimento,porexcelncia,umaaointerna. ComobemdescreveOlavodeCarvalho,somenteaconscinciaindividualdo agente d testemunho dos atos sem testemunha, e no h ato mais desprovido detestemunhaexternaqueoatodeconhecer.Poroutrolado,existemaes humanasque,umavezexecutadas,atingempotencialmenteaesferade outrem,isto,osresultadosseroobservadosempessoasdistintasdaquele que agiu. Titular e destinatrio da ao so distintos. Qualquer ao, desde o ato de estudar, de conhecer, de sentir medo oualegria,temorouabandono,satisfaooudecepo,atosatosde trabalhar,comprar,vender,rezarouvotarsosempreaeshumanasecom talestosujeitasestruturaacimaidentificada.Noacidentalquea linguagem humana, e toda a sua gramtica, destinem aos verbos a funo de indicaraao.Semprequeexistirumaao,teremoscomoidentificarseu titular, sua natureza, seus fins e seus destinatrios. Conscientedisto,omdicoepsiclogoViktorE.Frankl,queno cursodeumacarreirabrilhante(trocavacorrespondnciascomoDr.Freud desdeosseusdezesseteanosedesterecebiaelogiosemdiversas publicaes)desenvolviatcnicasdecompreensodaaohumanae, consequentemente, mecanismos e instrumentos de diagnstico e cura para os eventuaisproblemasdetectados,destacou-secomoumdosprincipais estudiososdasanidadehumana,doequilbriofsico-mentaledamedicina como cincia do homem em sua dimenso integral, no apenas fsico-corporal. Com o advento da Segunda Grande Guerra, Viktor Frankl e toda a sua famlia foramcapturadoseaprisionadosemcamposdeconcentraodoregime nacional-socialistadeHitler.Duranteanossofreutodososflagelosqueeram ininterruptamente aplicados em campos de concentrao espalhados por todo territrio ocupado. Foi neste ambiente, sob estas circunstncias, em que a vida sente sua fragilidade extrema e enxerga seus limites com uma claridade nica, Pgina 4 / 153queFranklconsegue,aoolharseusemelhante,identificaraquiloquenosfaz diferentes, que nos faz livres. Durantetodooperododeconfinamentoemcamposde concentrao(inclusiveAuschwitz)Franklobservouqueosindivduos confinadosrespondiamaoscastigos,sprivaes,deformadistinta.Alguns, peranteamenorrestrio,desmoronavaminteriormente,perdiamocontrole, sucumbiam frente dura realidade e no conseguiam suportar a dificuldade da vida. Outros, porm, experimentando a mesma realidade externa dos castigos edasprivaes,reagiamdeformaabsolutamentecontrria.Mantinham-se ntegrosemsuaestruturainterna,entregavam-secomoqueemsacrifcio, esperavam e precisavam viver, resistiam e mantinham a vida. Observandoisto,Franklpercebequeadiferenaentreoprimeiro tipodeindivduo,aquelequenosuportaadurezadeseuambiente,eo segundotipo,quesemantminteriormenteforte,quesuperaadurezado ambiente,estno fatodequeosprimeirosjno tmrazoparaviver,nada os toca, desistiram. Ou segundos, por sua vez, trazem consigo uma vontade de viver que os mantm acima do sofrimento, trazem consigo um sentido para sua vida.Aoatribuirumsentidoparasuavida,oindivduosupera-seasimesmo, transcende sua prpria existncia, conquista sua autonomia, torna-se livre. Aosairdocampodeconcentrao,comofimdoregimenacional-socialista,Frankl,imediatamenteesobaformadereconstruonarrativade suaexperincia,publicaumlivretocomottuloEmbuscadesentido:um psiclogonocampodeconcentrao,descrevendosuavidaeadeseus companheiros,identificandoumaconstantequepermitiuquenoapenasele, masmuitosoutros,suportassemoterrordoscamposdeconcentraosem sucumbir ou desistir, todos eles tinham um sentido para a vida. Nestemesmomomento,Franklapresentaosfundamentosdaquilo queviriaasetornaraterceiraescoladeViena,aAnliseExistencial,a psicologia clnica de maior xito at hoje aplicada. Nenhum mtodo ou teoria foi capaz de conseguir o nmero de resultados positivos atingidos pela psicologia deFrankl,pelaanlisequeapresentaaoindivduoaestruturaprpriadesua ao e que consegue com isto explicitar a necessidade constitutiva do sentido (da finalidade) para toda e qualquer ao humana. Sentidodevidaaquiloquesomenteoindivduopodefazere ningummais.Aquiloquesenoforfeitopeloindivduonoserfeitosob hiptesealguma.Aquiloquesomenteaconscinciadecadaindivduo conhece. Aquilo que a realidade de cada um apresenta e exige uma tomada de deciso. Pgina 5 / 153No existe nenhuma educao se no for para ensinar a superar-se asimesmo,atranscender-se,adescobrirosentidodavida.Tudoomais morno, sem luz, , literalmente, desumano. Educar,pois,descobrirosentido,viv-lo,aceit-lo,execut-lo. Educarnotreinarhabilidades,nocondicionarcomportamentos,no alcanar tcnicas, no impor uma profisso. Educar ensinar a viver, a no desistir,adescobrirosentidoe,descobrindo-o,realiz-lo.Numapalavra, educar ensinar a ser livre. ODireitoumdoscaminhosqueoserhumanodesenvolvepara garantirestaliberdade.QueosCadernosDomAlbertosejamveculosde expressodestaprticadiriadocorpodocente,quefazemdavidaum exemplo e do exemplo sua maior lio. FelicitaessodevidasaFaculdadeDomAlberto,peloapoiona publicaoepelaadoodestametodologiasriaedequalidade. Cumprimentosfestivosaosprofessores,autoresdestebelotrabalho. Homenagens aos leitores, estudantes desta arte da Justia, o Direito. . Luiz Vergilio Dalla-Rosa Coordenador Titular do Curso de Direito Pgina 6 / 153Sumrio Apresentao....................................................................................................... Prefcio................................................................................................................ Plano de Aula....................................................................................................... Aula 1 Direito Estatal das Coletividades........................................................................ Aula 2 O pluralismo jurdico...........................................................................................Aula 3 Os novos sujeitos Sociais................................................................................... Aula 4 A tutela coletiva e as class action....................................................................... Aula 5 As Organizaes da Sociedade Civil................................................................. Pgina 7 / 15334812264982128Misso: "Oferecer oportunidades de educao, contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Centro de Ensino Superior Dom Alberto Plano de Ensino Identificao Curso: DireitoDisciplina: Interesses Difusos e Coletivos - Optativa Carga Horria (horas): 30Crditos: 2Semestre: 7 Ementa DireitoEstataldasColetividades.AEstatalidadedoDireito.Ocontratualismo.Asoberania.Opluralismo jurdico.OrdenamentoJurdicoEstatalesuarelaocomoutrosordenamentos.OdireitodoEstadoeo Estadodedireito.TiposideaisdeEstado.OsnovossujeitosSociais.InteressepblicoeInteresses individuais.Osinteressescoletivos.OsinteressesDifusos.Atutelacoletivaeasclassaction.Tutelas transindividuais.Legitimaoativaparaatuteladosdireitosdifusosecoletivos.OministrioPblico.As Organizaes da Sociedade Civil. Os Sindicatos. As Organizaes No-Governamentais. Objetivos Geral:CompreenderasrelaesabrangidaspelaTuteladosInteressesDifusoseColetivos,apartirda compreenso dos textos legais vigentes, da doutrina e da jurisprudncia dos tribunais, contextualizando-os com as transformaes sociais e jurisdicionais, voltadas para as demandas coletivas. CompreenderaespecificidadeepistemolgicadadosInteressesDifusoseColetivos,nocontextodo processo histrico e social. Especficos:Compreender as razes do surgimento dos novos sujeitos sociais e os direitos de carter transindividual. Compreenderaexpressodasdemandascoletivasnasociedadecontemporneaesuainflunciana prestao jurisdicional. Inter-relao da Disciplina Horizontal: Relaes de Consumo, Processo Constitucional, Direito Constitucional I e II, Direito Processual Civil, Direito Civil II Obrigaes. Vertical:SociologiaAplicadaaoDireito,HistriaAplicadaaoDireito,IntroduoCinciadoDireito,Filosofia Aplicada ao Direito, Antropologia Aplicada ao Direito. Competncias Gerais Interpretao e aplicao do Direito. Pesquisa e utilizao da legislao, da jurisprudncia, da doutrina e de outrasfontesdoDireito.Adequadaatuaotcnico-jurdica,comadevidautilizaodeprocessos,atose procedimentos. Correta utilizao daterminologia jurdica ouda Cincia doDireito. Utilizaode raciocnio jurdico,deargumentao,depersuasoedereflexocrtica,diantedocasoconcreto.Julgamentoe tomadadedecises.Domniodetecnologiasemtodosparapermanentecompreensoeaplicaodo Direito. Competncias Especficas Interpretao e aplicao do Direito nas demandas coletivas.Pesquisa e utilizao da legislao, da jurisprudncia, da doutrina e de outras fontes do Direito, acerca dos interesses transindividuais.Adequada atuao tcnico-jurdica, com a devida utilizao de processos, atos e procedimentos quando se trata de demandas coletivas. Habilidades Gerais - Interpretar textos e dispositivos legais;- Desenvolver argumentao, raciocnio lgico ecrtico;- Posicionar-se a partir do julgamento e tomada de decises. Pgina 8 / 153Misso: "Oferecer oportunidades de educao, contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Habilidades Especficas - Interpretar textos e dispositivos legais acerca das demandas coletivas;-Desenvolverargumentao,raciocniolgicoe crticonoquesereferecorretainterpretaodos interesses difusos e coletivos. Contedo Programtico Estratgias de Ensino e Aprendizagem (metodologias de sala de aula) Aulas expositivas dialgico-dialticas. Trabalhos individuais e em grupo. Utilizao de recurso udio-Visual. Avaliao do Processo de Ensino e AprendizagemAavaliaodoprocessodeensinoeaprendizagemdeveserrealizadadeformacontnua,cumulativae sistemticacomoobjetivodediagnosticarasituaodaaprendizagemdecadaaluno,emrelao programao curricular. Funes bsicas: informar sobre o domnio da aprendizagem, indicar os efeitos da metodologiautilizada,revelarconseqnciasdaatuaodocente,informarsobreaadequabilidadede currculos e programas, realizar feedback dos objetivos e planejamentos elaborados, etc. Para cada avaliao o professor determinar a(s) formas de avaliao podendo ser de duas formas: 1 Avaliao um trabalho aplicado em sala de aula com peso 10,0 (dez); 2 Avaliao: -Peso 8,0 (oito): Prova; Peso 2,0 (dois): referente ao Sistema de Provas Eletrnicas SPE(mdia ponderada das trs provas do SPE) Avaliao Somativa Aaferiodorendimentoescolardecadadisciplinafeitaatravsdenotasinteirasdezeroadez, permitindo-se a frao de 5 dcimos. Oaproveitamentoescolaravaliadopeloacompanhamentocontnuodoalunoedosresultadosporele obtidos nas provas, trabalhos, exerccios escolares e outros, e caso necessrio, nas provas substitutivas. Dentreostrabalhosescolaresdeaplicao,hpelomenosumaavaliaoescritaemcadadisciplinano bimestre. Oprofessorpodesubmeterosalunosadiversasformasdeavaliaes,taiscomo:projetos,seminrios, pesquisasbibliogrficasedecampo,relatrios,cujosresultadospodemculminarcomatribuiodeuma nota representativa de cada avaliao bimestral. Emqualquerdisciplina,osalunosqueobtiveremmdiasemestraldeaprovaoigualousuperiorasete (7,0) e freqncia igual ou superior a setenta e cinco por cento (75%) so considerados aprovados. Aps cada semestre, e nos termos do calendrio escolar, o aluno poder requerer junto Secretaria-Geral, noprazofixadoeattuloderecuperao,arealizaodeumaprovasubstitutiva,pordisciplina,afimde substituir uma das mdias mensais anteriores, ou a que no tenha sido avaliado, e no qual obtiverem como mdia final de aprovao igual ou superior a cinco (5,0). Sistema de Acompanhamento para a Recuperao da Aprendizagem Sero utilizados como Sistema de Acompanhamento e Nivelamento da turma os Plantes Tira-Dvidas que so realizados sempre antes de iniciar a disciplina, das 18h00min s 18h50min, na sala de aula. Recursos Necessrios Humanos Professor. Fsicos Laboratrios, visitas tcnicas, etc. Materiais Pgina 9 / 153Misso: "Oferecer oportunidades de educao, contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Recursos Multimdia. Bibliografia Bsica MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos. So Paulo: Revista dos Tribunais. MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juzo. Meio ambiente. Consumidor. Patrimnio cultural. Patrimnio pblico e outros interesses. So Paulo: Saraiva, 2008. FIGUEIREDO, Lcia Vale. Direitos Difusos e Coletivos. So Paulo, RT. ALMEIDA NETO, Amaro Alves de. Processo civil e interesses difusos e coletivos: questes resolvidas pela doutrina e pela jurisprudncia. So Paulo: Atlas. MORAIS,JosLuisBolzande.Dodireitosocialaosinteressestransindividuais:OEstadoeodireitona ordem contempornea. Porto Alegre: Livraria do Advogado. Complementar CARVALHO FILHO, Jos dos Santos. Ao civil publica. Rio de Janeiro: Lumen Juris. GRAU, Eros Roberto. O direito posto e o direito pressuposto. So Paulo, Malheiros. GRINOVER, Ada Pellegrini. Direito Processual Coletivo. So Paulo: RT, 2007. MAZZILLI, Hugo Nigro. O acesso Justia e o Ministrio Pblico. So Paulo: Saraiva, 2008. MEIRELLES,HelyLopes.Mandadodesegurana:Aopopular,aocivilpublica,mandadodeinjuno, habeas data. 22. ed. So Paulo: Malheiros.Peridicos Revista de Direito do Consumidor (RT) Sites para Consulta WWW.TEX.PRO.BR www.cnj.jus.br www.cfj.jus.br www.proteste.org.br/ www.idec.org.br www.senado.gov.br www.stf.gov.br www.stj.gov.br www.ihj.org.br www.oab-rs.org.br Outras Informaes Endereo eletrnico de acesso pgina do PHL para consulta ao acervo da biblioteca: http://192.168.1.201/cgi-bin/wxis.exe?IsisScript=phl.xis&cipar=phl8.cip&lang=por Pgina 10 / 153Misso: "Oferecer oportunidades de educao, contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Cronograma de Atividades AulaConsolidaoAvaliaoContedoProcedimentosRecursos 1 2 3 4 Trabalho em Sala de Aula 5 6 7Consolidao 8Prova 9 Prova Substitutiva Legenda CdigoDescrioCdigoDescrioCdigoDescrio AEAula expositivaQGQuadro verde e gizLBLaboratrio de informtica TGTrabalho em grupoRERetroprojetorPSProjetor de slides TITrabalho individualVIVideocasseteAPApostila SESeminrioDSData ShowOUOutros PAPalestraFCFlipchart Pgina 11 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Direitos Difusos e Coletivos Prof. Milton Coelho Aula N 01/05 Em pauta:1 - Direito Estatal das Coletividades 2 - A Estatalidade do Direito 3 - O contratualismo 4 - A soberania 1. DIREITO ESTATAL DAS COLETIVIDADES Osignificadodedireitoestatalremontarealidadeaceita universalmentedequesomenteosEstadospoliticamenteorganizados podem criar o direito, ou seja, podem estabelecer normas gerais, abstratas e de observncia obrigatria por todos. Porcoletividadesentendemos,dentrodeumaacepojurdica, sociedade ou povo. Destaforma,aspessoasvivendoemsociedadesseorganizam para criar um modelo de Estado ou de poder pblico que os represente e crienormasparaquetodosobservemnointuitodeseperpetuaraquele grupohumanodentrodeumaconvivnciapautadapelasnormasde justia. 2. A ESTATALIDADE DO DIREITO Aindadentrodeumaabordagemqueprivilegiaumaviso epistemolgicadoDireito,defundamentalimportnciadestacarqueo Pgina 12 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO prpriodireitoestatalumaconstruocientifica.Frutodeumaviso eminentemente moderna de mundo, o Estado moderno vem tomar para si oqueseentendepordireito.Tudoistoparaconseguirumacertezanas relaes sociais tal como a natureza possui sua certeza. AtesedaestatalidadedoDireito,defendidafundamentalmente pelopositivismojurdico,fazcomqueosujeito,quetemporfinalidadeo conhecimento do fenmeno jurdico, se volte inteiramente para as normas emanadasporumrgocompetentequefiguradentrodoslimitesdo Estadomoderno,isto,somenteseroconsideradasnormasjurdicas aquelasqueforemproduzidasporumafontecredenciadapelo ordenamento jurdico estatal. Ateoriapositivistabuscar,portanto,demarcaranorma jurdicacomcaractersticasprprias,queadestituirdasdemais prescriesexistentesnasdiversasordensnormativasasquaistempor objetivoaregulamentaodacondutahumana.Estadiferenciaosefaz necessria a partir do momento em que o positivismo jurdico quebra com atradioqueconsideravaoDireitocomoexpressodojusto,proposta pelo jusnaturalismo. NaadoodoscdigosproduzidospelorecmfundadoEstado Moderno, no Sculo XIX, ocorre a positivao do chamado Direito Racional propostapelosjusnaturalistas.Napocadesuapositivao,ospreceitos jurdicosjusracionaiscodificadoseramconsideradossuficientese necessriospararegercomextremacompetnciaasociedadeeseus possveis conflitos. Todavia,comoenvelhecimentodoscdigosecoma imprescindvel evoluo da vida social, as normas positivadas no passado comearam a se tornar obsoletas para a soluo dos conflitos que surgiam demaneirainditanasociedade.Alemdisto,estasnormas,asquais tinhamemseufavorofatodeseremconsideradasasautenticas Pgina 13 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO representantesdosvaloresfundantesdasociedade,aosedeparemcom situaoquenopoderiasersolucionadas,noerammaisconsideradas comoospadresticosporexcelncia.Apretensodoslegalistasemver noDireitopositivadodoscdigosaautenticamanifestaoda racionalidadedoscdigosaautnticamanifestaodaracionalidade humanadetentoradainstrumentalizaodovalorjustianasrelaes sociais se tornou, ento vazia. 3. O CONTRATUALISMO. Oconceitocentraldocontratualismoavalorizaodo individuo,poisfundadoemumapocaminimalistaatendeadois princpios:alegitimidadedaauto-preservaoeailegalidadedodano arbitrrio feito dos outros. A autoridade legtima passou a ser encarada como coisa fundada em pactos voluntrios feitos pelos sditos do Estado. AprincipalcontribuiodeLockeparaocontratualismosua noo de consentimento, que deveria ser tcito, peridico e convencional. Locke encarou os Governantes como curadores da cidadania, e deformamemorvel,imaginouumdireitoaresistnciaemesmoa revoluo. Dessamaneiraoconsentimentotornouseabasedocontrole poltico. Foramtrsascondiesparaaconsolidaonahistriado pensamentopolticodasteoriascontratualistas,nombitodeumdebate mais amplo sobre o fundamento do poder poltico: Pgina 14 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO 1-Transformao da sociedade; 2-Que houvesse uma cultura poltica secular disposta a discutir a origem e os fins do governo; 3-Tornar o contrato acessvel de uma forma analgica. Estaspremissastendemaexcluirapossibilidadedo contratualismodassociedadescujaculturapolticaestaprofundamente impregnadademotivossagradoseteolgicos,como,porexemplo,a hebraica e medieval. O termo Pacto, elemento central, muito elaborado na teologia hebraica e na teologia da aliana dos puritanos, ele serve no entanto, no para instaurar um Governo, mas para indicar uma aliana sagrada entre DeuseopovoeleitoouopactodegraadonovoIsrael:umpactoque tem como nica finalidade a salvaoultraterrena, entre dois contraentes que se acham em condies de incomensurvel disparidade. O ESTADO DE NATUREZA Semprehouvedesdeapocagrega,atosnossosdias, diversidade de opinies entre pensadores, quando se tratava de ponderar ocarterpositivoounegativodoabandonodaantigacondionatural: parauns,elerepresentavaumaqueda,umafastamentodaperfeio original,paraoutrosumprogressoavitriadohomofaberoudohomo sapiens sobre o homem animal. precisolembraraexaltaoentreosantigosdeumamtica idadedeouro,repetidanorenascimentojuntamentecomomitodos homines a Dis recentes; depois logo a seguir o descobrimento da Amrica e doshomensquealiviviamsegundoanatureza,surgiuomitodobom selvagem;finalmentenapocaromnticahouveumretornoaohomem primitivo,aoUrmensch.Encontramosnestalinhadepensamento,que Pgina 15 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO combate a civilisation, ou seja, a industria e o comercio que tornam mais aprazvelavidadoshomens,oscrticosdasociedade,talqualse apresentavaaseusolhosoumelhor,osqueexpressavamtodomalestar conseqentedotraumadamodernizao,darpidatransformaoda ordem social e poltica, da no insero do individuo nos novos papeis que a sociedade oferece. Os contratualistas querendo legitimar o Estado de sociedade ou modific-locombasenosprincpiosracionaisondeopodernoassenta no consenso, opem se necessariamente a esta corrente de pensamento e vem no contrato a nica forma de progresso; o prprio Rousseau, inimigo dasletrasedasartes,foiobrigadoareconhecernopactosocialumfato deontologicamentenecessrioapartirdomomentoemquetalestado primitivojnopodesubsistireognerohumanopareceria,seno modificasse as condies de sua existncia. Na poca Medieval e moderna, antes do contratualismo clssico, seestabelecianosjuramentosdecoroaocomonoplanfletismo antimonrquico,aobrigaodaobedinciaporpartedossditos,uma completa srie de deveres que respeitavam ao rei;depois com a elaborao doconceitojurdicodesoberania,opactoserviaparaestabelecerquem haviadeexerceropoderlegislativo(orei,umaassemblia,ouoreiea assemblia conjuntamente)e se tal poder legislativo era legibus solutos ou limitadopelobemcomum,pelasleisfundamentaisoupelosdireitosdos cidados.MesmoosabsolutistasmaiscoerentescomoRobbes,impeao soberano,conquantoforadocontrato,aobrigaodegarantira paz;deixam ao sdito o direito a vida. O contratualismo como fato histrico, demonstra sua vitalidade, comcaractersticasnovaseoriginais,naidademoderna.Demonstraana experincia democrtica da Nova Inglaterra,onde o pacto o instrumento concretonaformaodeumrealestadodenaturezaparanovas Pgina 16 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO sociedadesquehodeenfrentarosdurosedramticosproblemasda fronteiraedowilderness(espaosdesertos);demonstraseigualmentena experinciaaristocrticoliberaldaInglaterraembuscadeuma codificao do novo equilbrio constitucional entre Coroa e Parlamento. Oprimeirodetaisdocumentos,omaisconhecido,noo mais importante,opactoassinadoa11denovembrode1620noMayflower, chegadoascostasdeCapeCod,porquarentaedoispuritanos separatistas;e o outro documento escrito, de inspirao contratualista, o quepsfechoaGloriosaRevoltade1688-89:oParlamento Convenode 1689elegeuparaotronodaInglaterraGuilhermeeMaria,impondo-lhes condiesbemclaras.Rejeitavaseassimateoriadodireitodivinodos reis.OfamosoBillofrightscontmclaraslimitaesaopoderreale constituiumverdadeiroeautnticocontratoentreoreieopovo,este representadopeloParlamento,emboraocontedosejabempouco inovador em relao a velha praxe constitucional inglesa. ChamouseestedocumentodeDeclaraodosDireitoss porque a palavra contrato parecia demasiado revolucionria. 4. A SOBERANIA.

Segundo o Dicionrio da Lngua Portuguesa, por soberania deve-se entender: propriedadeouqualidadequecaracterizaopoderpoltico supremo do Estado como afirmao de sua personalidade independente, de suaautoridadeplenaegovernoprprio,dentrodoterritrionacionaleem suas relaes com outros Estados. Pgina 17 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO JoVocabulrioJurdicodoautorDePlcidoeSilvaexplica pormenorizadamenteasoberania.Emprimeirolugar,asoberania qualidadedoquesoberano,oupossuiaautoridadesuprema.o conhecidopodersobretodos,opoderiosupremo.Noconceitojurdico, soberania poder supremo, que est acima de todos os outros, ilimitado. Destaforma,soberaniasupremopoderouopoderpolticodeum Estado,equeneleresidecomoumatributodesuapersonalidade soberana.Clvis Bevilqua entendia: a soberania noo de Direito Pblico Interno.esseoDireitoquenosdizcomooEstadoseconstitui,que princpiosestabelecepararegularasuaao,equedireitosasseguraaos indivduos.... Finalmente,importanterealarasoberanianacionalcomo pertencenteaoprpriopovo,constitudoemumanao.Asoberania nacional tem como origem a soberania do povo, optando por sua forma de governoeinstituindoasbasespolticasdoEstado,aquesed organizao poltica.E conclui De Plcido e Silva: Soberania nacional e soberania do povo,assim,noexpressesequivalentes,aqualseexercepelosrgos polticos,aquesecometeaautoridadesupremadedirigiregovernara Nao. Citando Jellinek e lembrando que podem existir grande nmero de formaes humanas nas quais a organizao dada ao grupo supera as personalidadesindividuaisdeseusmembros,CarrdeMalbergdestaca queoqueimportaindagarqualoindcio,osinalquepermite distinguirdoEstadoasdemaisagrupaessociais.Oautormesmo responde o sinal caracterstico a potestade prpria do Estado.Pgina 18 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Lembraoautor:Aexistnciadeumpodersuperiorda corporaosobreseusmembrosnoprivativadoEstado:atsociedades privadaspoderterumpoderdedisciplinasobreosseusfiliados.Masa potestadequepertenceaoEstadoprprianosentidodeseressnciaa parte, e apresenta caracteres que a diferenciam radicalmente de toda outra potestade do direito pblico ou privado. Pelo que se poderia caracteriz-la j suficientemente designando-a com o nome de potestade de estado, isto , umapotestadequenoseconcebemasquenoEstadoequeconstituiseu sinal distintivo. A terminologia francesa, para distinguir esta potestade, que oatributoessencialecaractersticodoEstado,empregaoutrapalavra:a designa como o nome, especial e tcnico, de soberania. Em sua acepo precisa, soberania designa no mais um poder ou uma fora, mas sim uma qualidade, certa forma de ser. A soberania o cartersupremodeumpoder;supremonosentidodequenoadmite nenhum outro poder superior ou que concorra consigo mesmo. O Estado soberanoaquelequenaesferadesuaautoridade,possuiumpoder independente de todos os outros poderes.A soberania pode ser interior ou exterior. A soberania interna ou externa. A soberania interna representa o poder que o Estado possui uma autoridadesuprema,nosentidodequesuavontadepredominasobre todasasvontadesdosindivduoscomqueserelacionadentrodeseu territrio.amaisaltaautoridadequeexistedentrodoterritriodo Estado.Jasoberaniaexternasemanifestanasrelaesinternacionais dosEstados.ImplicaparaoEstadosoberanoaexclusodetoda subordinao,detodadependnciaarespeitodosEstadosestrangeiros. Ambas as definies importam que o Estado dono em seu territrio.OautorresumeasidiasdediferentesautorescomoLeFur, Duguit,Mrignhac,PilleteJellinek,segundoosquaisasoberaniaa negao de todo entrave ou subordinao. Pgina 19 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO DOUTRINA FRANCESA. Adoutrinatradicionalfrancesaconcebeasoberaniacomoa caractersticafundamentaldoEstado.CarrdeMalbergcitaLoyseau,e Esmein para ilustrar sua afirmao. ParaLoyseau:Lasoberaniaestotalmenteinseparabledel Estado. La soberania es la forma que da el ser al Estado: hasta el Estado y lasoberaniatomadainconcretosonsinnimos,eoEstadochamado assim porque a soberania o cmulo ou a etapa da potestade, no qual o Estado deve deter-se e estabelecer. Esmeinresume:Oqueconstituinodireitoumanaoa existncia,nestasociedadedehomens,deumaautoridadesuperiors vontadesindividuais.Estaautoridadesechamasoberania...O fundamento mesmo do direito pblico consiste em que prov soberania de um titular ideal que personifica a nao. Esta pessoa moral o Estado, queseconfundeassimcomasoberania,sendoestaasuaqualidade essencial DOUTRINA GERMNICA JJellinekentendequeasoberaniapertencescategorias histricas.Ouseja,oconceitodesoberaniateriasidoformadosob influncia das causas histricas, e no possui, pelo o menos como critrio de Estado, seno um valor histrico e relativo. Meyeropinaqueapalavrasoberaniaumtermopuramente francs,quenotemequivalentenosoutrosidiomasequebastapara atestar a origem francesa do conceito de soberania. Pgina 20 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO ORIGEM FRANCESA Carr de Malberg aceita que foi realmente na Frana que surgiu o conceito de soberania. Ela teria nascido da luta travada na Idade Mdia contra o Imprio e contra o Papado, assim como a sua soberania interna frente aos senhores feudais. Diz o autor: Os reis da Frana, ao combater apretensodoSantoImprioromanodeestendersuasupremaciapor todososreiscomovassalosseus,afirmaramsemprequeno reconheceriam a nenhum superior e que o rei da Frana era Imperador em seu Reino. Outraquestorelevantefoi,segundoJellinekeDuguit,a surgidacomoconflitoentreFelipeoBeloeBonifcioVIII,umadoutrina queproclamaaindependnciaestataldarealezacomrelaoaoPapa. Finalmente,paratriunfarsobreosobstculosaqueseopunhamno interior do regime feudal e estender seu poder direto sobre todo o reino, o reidaFranaseesforaporestabelecerapreeminnciasobreopoderio feudal.ParaalcanarotrpliceresultadodelutarcontraoImperador,o PapaeosSenhoresFeudais,asoberaniateriasidoumprodutodesta mesma luta. EVOLUO DalmodeAbreuDallariapresentacritriospelosquaiso conceito da soberania teria evoludo, alm de apresentar a importncia do mesmonaformaodoEstadoModernoedestacarasuanaturezade caracterstica fundamental do Estado. Na Antiguidade no se encontraria qualquer noo semelhante soberania. Tambm em Roma no se alcana nada que lembre a noo de soberania. Pgina 21 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO JellinekobservaquetalcaractersticadaAntiguidadeteria acontecidoemvirtudedeinexistiratentoqualqueroposioentreo poder do Estado e outros poderes. Sosuasaspalavrasaseguir:DuranteaIdadeMdia, sobretudodepoisdoestabelecimentodeinmerasordenaes independentes, que o problema iria ganhar importncia, pois, entre outras inovaes,asprpriasatividadesdeseguranaetributaoiriamdar causaafreqentesconflitos,desaparecendoadistinoentreas atribuiesdoEstadoeasdeoutrasentidades,taiscomoosfeudoseas comunas. AtosculoXIIeramfeitasrefernciasaduassoberanias concomitantes: a senhorial e a real. Entretanto, o Monarca ampliou a sua esfera de competncia exclusiva e tornou-se o supremo senhor de justia, de polcia e de fazer leis. A partir da considerao de que os Bares eram soberanosemseusenhorioeoreierasoberanoemtodooreino,a soberania foi se fortalecendo at alcanar a condio de poder supremo. Aprimeiraobratericaarespeitodasoberaniateriasidoade JeanBodin,chamadadeOsSeisLivrosdaRepblica.Oanodeseu surgimentoteriasidoode1576.ParaBodin:...asoberaniaopoder absoluto e perptuo de uma Repblica, palavra que se usa tanto em relao aosparticularesquantoemrelaoaosquemanipulamtodososnegcios de estadode uma Repblica. DallarirealaquepelapalavraRepblicapodemosentender Estado. Bodinesclarecequesendoumpoderabsoluto,asoberaniano pode ser limitada nem em poder, cargo ou tempo certo. E tambm, como umpoderperptuo,elanopodesercondicionadaaumtempocertode durao. Pgina 22 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO ComaposteriorpublicaodeOContratoSocialdeJ.J. Rosseau,granderealcefoidadosoberania,passandoestadapessoado governante para o povo. SopalavrasdeDallari:Nocombatedaburguesiacontraa monarquia absoluta, que teve seu ponto alto na Revoluo Francesa, a idia da soberania popular iria exercer grande influncia, caminhando no sentido desoberanianacional,concebendo-seanaocomooprpriopovonuma ordem.NocomeodosculoXIXganhacorpoanoodesoberaniacomo expressodepoderpoltico,sobretudoporqueinteressavasgrandes potncias, empenhadas em conquistas territoriais, sustentar sua imunidade aqualquerlimitaojurdica.Entretanto,apartirdametadedosculo,vai surgirnaAlemanhaateoriadapersonalidadejurdicadoEstado,que acabar sendo apontado como o verdadeiro titular da soberania. CONCEITOS DE SOBERANIA: ENTENDIMENTOS Hans Kelsen entende a soberania como expresso da unidade de uma ordem. HellereRealeaentendemcomoumaqualidadeessencialdo Estado.JellinekaqualificacomonotaessencialdopoderdoEstado Ranellettidiferenciaasoberania,comosignificadodepoderdeimprio, hiptese que se qualifica como elemento essencial do Estado, e soberania comoumaqualidadedoEstado,reconhecendoqueestaltimapossa faltar sem que se desnature o Estado. A soberania ainda entendida como sinnimo de independncia ou como expresso de poder jurdico mais alto, ou seja, dentro dos limites dajurisdiodoEstado,estequetemopoderdedecisoemltima instncia, sobre a eficcia de quaisquer normas jurdicas. Pgina 23 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Oquesepodeextrairdetodasasteoriasformuladas,segundo Dallari,queanoodesoberaniaestsempreligadaaumaconcepo de poder. CARACTERSTICAS Asoberaniauna,indivisvel,inalienveleimprescritvel.Una em razo de no se admitirem num mesmo Estado a convivncia de mais deumasoberania.Asoberaniasempresuperioratodososdemais poderesqueexistamnoEstado.Elaindivisvelemdecorrnciadese aplicaratodososfatosocorridosnoEstado,sendoinadmissvela existnciadevriaspartesseparadasdamesmasoberania.A inalienabilidadedasoberaniasedemrazodequeeladesaparecer quandoaquelequeadetmficarsemela,povo,naoouEstado. Imprescritvel ser a soberania em razo de no se admitir para a mesma qualquerprazoparadurao.Opodersoberanosdesaparecefrente imposio de um poder superior. Zanzucchiacrescentaqueasoberaniatambmumpoder originrio,exclusivo,incondicionadoecoativo.Originrioporquesurge concomitantementeaoEstadoeinseparveldeste.Exclusivoporque somenteoEstadoopossui.Incondicionadoemrazodesencontrar limitespostospeloprprioEstado.Finalmente,coativoporque,noseu exerccio, o Estado no s ordena,mas dispe dos meios necessrios para fazer com que suas ordens sejam cumpridas coercitivamente. JUSTIFICAO E TITULARIDADE DA SOBERANIA As teorias justificadoras do poder soberano podem ser divididas em teocrticas e democrticas. Pgina 24 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO As teorias teocrticas predominaram no fim da Idade Mdia e no perodoabsolutistadoEstadoModerno.Suaorigemoprincpiocristo pelo qual todo o poder vem de Deus. Era o direito divino sobrenatural que concedia poder ao prncipe. Asteoriademocrticas,oudasoberaniapopular,apresentam trs fases distintas. Na primeira fase, o titular o povo. Na segunda fase, atitularidadeatribudanao,queseriaopovoconcebidonuma ordemintegrante.Finalmente,chegou-seaafirmarqueotitularda soberania o Estado. OBJETO E SIGNIFICAO. Opodersoberanoseexercesobreaspessoasindividuais,que soaunidadeelementardoEstado,atuemestassingularmenteouem conjunto. Pgina 25 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Direitos Difusos e Coletivos Prof. Milton Coelho Aula N 02/05 Em pauta:5. O pluralismo jurdico 6. Ordenamento Jurdico Estatal e sua relao com outrosordenamentos 7. O direito do Estado e o Estado de direito 8. Tipos ideais de Estado. 5. O PLURALISMO JURDICO. A idia de pluralismo jurdico decorrente da existncia de dois oumaissistemasjurdicos,dotadosdeeficcia,concomitantementeem um mesmo ambiente espacio-temporal. Assimque,porexemplo,emsuaIntroduoHistricaao Direito,JOHNGILISSEN1observa:nospasescoloniais,nosfinsdo sculoXIXeatosmeadosdosculoXX,existiamgeralmentedois sistemas jurdicos, um do tipo europeu (common law nas colnias inglesas eamericanas,direitoromanistanasoutrascolnias)paraosno indgenas e, por vezes, para os indgenas evoludos, e outro do tipo arcaico para as populaes autctones (...) No fim do perodo colonial (1960-1975) Portugal tinha feito das suas colnias africanas provncias e tinha tentado integrarosdiversossistemasjurdicos.Mas,apesardestesesforos,o pluralismo jurdico est longe de ter desaparecido de fato. LUIS FERNANDO COELHO2, citando Goffredo Telles Jr., vai um poucomaisalm:Aestaconcepoqueadmiteacoexistnciadevrias ordenaes se denomina pluralismojurdico, e ope-se aomonismo, teoria

1 Fundao Calouste Gulbendian; Lisboa; 1986; p. 34 2 Lgica Jurdica e Interpretao das Leis; Forense; Rio de Janeiro; 1979; p. 115 Pgina 26 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO queaceitaaordenaodoEstadocomoamaiorexpressoda normatividade jurdica. Porsuavez,sistemajurdico,aoqualaludeJOHNGILISSEN, umconceitocujamatrizrepousaemKANT,comobemrecordaCLAUS WILHELM CANARIS3: Sobre o conceito geral de sistema deveria dominar commltiplasdivergnciasemaspectosespecficosnofundamental, umaconcordnciaextensa:aindadeterminanteadefinioclssicade KANT,quecaracterizouosistemacomoou,tambm,comoum. ALGUMASCONSEQNCIASDACONSTATAODO FENMENO DO PLURALISMO JURDICO Quais as concluses possveis a respeito da coexistncia de mais de um sistema jurdico em um mesmo ambiente espacio-temporal? Umadelas,etalvezamaisintrigante,sejaaconjectura elaboradapelostericosdodenominadomovimentosociolgicodo Direito quanto possibilidade de tal fenmeno ser uma prova inconteste de que existe um direito da sociedade extra-estatal. Decorre, essa conjectura, de uma adequao do pensamento de EUGENEHRLICH,principaltericodaEscoladoDireitoLivre,autorde Contribuio para a Teoria das Fontes do Direito; Sociologia do Direito; e Lgica Jurdica, aos tempos modernos. Comefeito,dadaaimpossibilidadedecoexistnciadedois sistemasjurdicosdenaturezapositiva,ouseja,cujasleissejam originadasdoEstado,somenteverossmilahiptesedefendidapela

3 Pensamento Sistemtico e Conceito de Sistema na Cincia do Direito; Fundao Calouste Gulbenkiam; Lisboa; 1996; LXIV Pgina 27 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO EscoladeSociologiaJurdica,cujaorigemremontaaSAVIGNY(1)eque recebeusuaprimeirasistematizaocomEugenErhlich,comfulcrona idia de pluralismo jurdico. ATESE:OPLURALISMOJURDICOPROVADAEXISTNCIA DE UM DIREITO EXTRA-ESTATAL Embora,arespeitodopluralismojurdico,hajaquaseum consensoquantoasignificareleacoexistnciadesistemasjurdicos distintosemummesmoambientegeogrfico-temporal,asdivergncias surgemquandoutiliza-seesseconceito,verossmilparaexpressara apreensofenomnicadedeterminadassituaesespecficas,como aquelas descritas por JOHN GILISSEN, a outras que se caracterizam pela ausnciadoEstado,atravsdeumaanalogiaquesoobraaqualquer anlise mais acurada. Exemplopatentedoprimeirocasoaquelevividoporpases colonizadoresemsuascolnias,eoutrosquetenhampassadopor experinciasrevolucionrias,ondeaantigaordemconviveudurante algumtempocomanova,oumesmo,ouestejampassando,comono MxicoeColmbia,ondeoEstadoadmitiuaexistnciadeum determinado ambiente espacio-temporal onde o sistema jurdico vigente outro. PasescomoPortugal,quetevecolniasnafrica,eInglaterra, comandia,porexemplo,jamaisconseguiramtornarseussistemas jurdicoshegemnicos:osdoisconviviamdeformacomplexacomos sistemas jurdicos nativos. Quantoaosegundocaso,acreditar-se-iaqueasnormasde condutaestabelecidaspelospresidiriosnointeriordospresdios,assim comoaquelasexistentesnasfavelas,expressesdoqueEHRLICH Pgina 28 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO entenderiacomoordenaesjurdicasinternaseautnomas,tambm seriam um sistema jurdico. SURGEUMANOVAONTOLOGIAJURDICA:DIREITOVIVOX DIREITO ESTATAL Para aqueles que defendem caracterizar esse ordenamento tcito enoescritovigenteempresdiosefavelasumDireito,talconcepo fulcraumaperspectivaontolgica:umavezquehdiversosdireitos, aquelequecomelestrabalhanopodeserestringiraousodeumsno seu mister de concretizar a Justia. Ouseja,possvelumadecisocontraalei,masafavordo Direito. Emsntese,essesjuristascremhaverDireitoresultantede fontesdistintasdoEstado.Melhor,acreditamqueh,almdanorma positivadaouno(modeloingls),masexistente,vigenteeeficazem decorrnciadaaceitaoestatal,algumaoutra,peloEstadono reconhecida, mas dotada de eficcia e validade jurdica no habitat onde elasurgiueapta,portanto,adesempenharopapelnecessrioparaa concretizao da idia de Justia que se pretenda fazer surgir. Por outra: as normas jurdicas positivas esto sempre a reboque dosfatosoriginando-se,emdecorrncia,emsituaesespecficas, descompasso entre a lei e a Justia. Entenderam, assim, e principalmente, que a deciso judicial, no afderealizaraJustia,tantopodevaler-sedanormaestatalcomo daquela que achada nas ruas, alternativa, insurgente, ou conforme o esprito do povo. Pgina 29 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO ALGUNSCRTICOSNOAOPLURALISMOJURDICO,MASS CRENASQUECOMBASENELESEESTABELECERAMNORBERTO BOBBIO4 apreendeu com notvel perspiccia o mago da fragilidade dessa crena. Comefeito,dopontodevistaepistemolgico,aconstruo tericadaescolasociolgicadoDireitosomentepossvelseosujeito cognoscentepuderapreenderoobjetocognoscvelcomoqualsedepara em seu intuito de desvendar a realidade. Trata-se de perscrutar a essncia, o mago da coisa. E dele extrair normas de conduta. Essaessnciadarealidadeantigaconhecidadosfilsofos. Oriunda de uma tradio que remonta a Plato e sua gnosiologia exposta noTeeteto,ondenosremeteaumateoriadasformasedasidias,ao longodosanosadquiriudiversosnomes,dentreosquais,emdireito, natureza das coisas, palavras com as quais MONTESQUIEU inicia o seu Esprito das Leis. Bobbio ressalta: A nosso ver, a noo de natureza das coisas negadaporaquelaque,emfilosofiamoral,chamadadefalcia naturalista, isto , pela convico ilusria de poder extrair da constatao deumacertarealidade(oqueumjuzodefato)umaregradeconduta (que implica em um juzo de valor). O sofisma da doutrina da natureza das coisas,comodojusnaturalismo,pretenderextrairumjuzodevalorde um juzo de fato. Com efeito, a filosofia de cincia, principalmente, tem se revelado bastantemaisavanadaemtrataraquestodarelaoentreosujeito cognoscenteeoobjetocognoscvelquequalqueroutroramodo conhecimento.

4 O Positivismo Jurdico; cone; So Paulo; 1996; p. 177 Pgina 30 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Assimque,porexemplo,tantoKARLPOPPER5,quanto GASTONBACHELARD6,filsofos;cadaumaseutempoeaseumodo, mostraramqueovetordoconhecimento,emltimaescala,dirigidodo Racional para o Real. E, tambm, fsicos, como HEISENBERG7. Seassimo,argumentoscomoaquelesutilizadosporMICHEL MIAILLE8,queobserva:osjuristas(daEscolaSociolgica)quiseram encontrar o direito nos factos sociais, como um gelogo encontra minerais naTerraou,mesmoporKARLLARENZ9,aoafirmarqueEHRLICHse equivocouaotratardadogmticajurdicacorroboram,nouniversodo Direito,oquantoestfilosoficamenteequivocado,emsuaspremissas, esseretornoaumcertotipodeidealismoquepermite, metodologicamente, ao intrprete e aplicador da norma, pautar-se em um supostosistemajurdicoextra-estatalparamaterializarumasua concepo de Justia. UMPOUCOALMDOSTATUSQUO:OSUJEITOQUE OBSERVA E DECIDE Narealidade,ateoriaqueextraidopluralismojurdicouma analogiacomofenmenodaausnciadoEstado,ouseja,dofato inconteste da coexistncia, em um mesmo ambiente espacio-temporal, de doissistemasjurdicos,comooslembradosporGILISSEN,infere semelhanacomordenamentosdeconjuntoexistentesemfavelase

5 Lgica das Cincias Sociais; Editora Universidade de Braslia; Rio de Janeiro; 1978; p. 14 6 Introduo ao Pensamento de Bachelard; QUILLET, Pierre; Zahar; Rio de Janeiro; 1977; p. 33 7 A Parte e o Todo; Contraponto; Rio de Janeiro; 1996; p. 12 8 Uma Introduo Crtica ao Direito; Moraes Editores; Lisboa; 1979; p. 281 9 Metodologia da Cincia do Direito; Fundao Calouste Gulbenkiam; Lisboa; 2 edio; p. 78 Pgina 31 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO presdiosnosomenteextrapolaacincia,masprestaumdesservio democracia. Comefeito,aoatribuirrealidadeimediataumpapelqueela nopossui,deindutoraderegrasuniversaisjurdicas,ointrpretee aplicadordoDireitoseautonomeiacapazdeinterpret-la subjetivamente. Cr-se ungido em um papel de demiurgo. Mas,aofinal,nadaestfazendoalmdoque,porseuprprio intermdio,reproduzir,comoaparelhodoEstado,comointegranteda superestrutura ideolgica, o capital simblico da elite qual pertence. Por que, no final das contas, ao agir contra o Estado, na medida em que desrespeita o princpio da legalidade, d ensejo a uma cultura de desprezo lei. E esse desprezo lei, ao ordenamento jurdico, ao Estado, um filme j conhecido h muito. 6. ORDENAMENTOJURDICOESTATALESUARELAO COM OUTROS ORDENAMENTOS. Porordenamentojurdicoestatalpodemosentenderoconjunto organizadoesistematizadodeleisvigentesemumasociedade politicamente constituda e organizada. OsoutrosEstadospoliticamenteorganizados,ousoberanos,se relacionam os demais, normalmente tudo dentro de um esprito que busca a harmonia e o desenvolvimento de cada qual. Pgina 32 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Entretanto,aprevalnciadavontadedeumEstadomaisforte, noslimitesdajurisdiodeumEstadomaisfraco,comonoscasosdo AfeganistoedoIraque,aps2001,sempreumatoirregular, antijurdico, configurando uma violao de soberania, passvel de sanes jurdicas.Mesmoquetaissanesnopossamseraplicadas imediatamente, em razo de impossibilidades materiais, o carter jurdico da violao no acaba e pode servir de base a futuras reivindicaes. 7. O DIREITO DO ESTADO E O ESTADO DE DIREITO ODireitodoEstadopodeserentendidocomooconjuntode normas ou regras contidos nas leis vigentes em um Estadopoliticamente organizado.AEstruturadoEstadopoliticamenteorganizadoincluia competnciasomentedesteparacriarnormasgerais,abstratas inovadoras e de observncia obrigatria por toda a populao. Em outros termos, somente o Estado pode criar o Direito.Estado de Direito aquele Estado politicamente organizado que criaumsistemaouconjuntodenormasdeobservnciaobrigatriapelas pessoas que basicamente se encontram em seu territrio e que tambm se v obrigado a respeitar suas leis. De Plcido e Silva opina que estado de direito, genericamente, a situao criada por ato jurdico ou em virtude de regra legal. Tambm aorganizaodepoderquesesubmeteregragenricaeabstratadas normasjurdicaseaoscomandosdecorrentesdasfunesestatais separadas embora harmnicas. Pgina 33 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO 8. TIPOS IDEAIS DE ESTADO Em Busca do Estado Ideal: Modelos e Perspectivas. Joo Paulo M. Peixoto Introduo Noperodoqueseseguiuquedadocomunismosoviticoeao surgimentodoConsensodeWashington,vriospasesafricanos experimentaramumadcadadereformasestruturais.Noentanto,sem quetenhamcompletadosuasagendasdereformas,estespasesvm enfrentandoumintensodebatepoltico,centradonaspreocupaes relativas ao futuro das reformas e das adequadas funes do Estado. AdefiniodopapeldoEstadofoisempreobjetodemuito debate. Independentementederegimepolticoouideologia,abuscapor umEstadoeficientesempreestevenotopodalistadeprioridadesde governantes de quase todos os pases. Desde 1990, a grande e imemorial divisoexistenteentreesquerdaedireitarelativamenteaquestes econmicas(capitalismoversussocialismo,monetarismoversus estruturalismo, liberalismo ortodoxo versus keynesianismo e/ou mercado livreversusintervencionismoeconmicodoEstado)foiaspecto-chaveno debateemtornodareformadoEstadoedamodernizaodosetor pblico.A despeito do arcabouo poltico ou econmico que se escolha, os governosdefatofazemdiferenanavidadoscidados.Contudo,quanto maior o papel do governo, menor capacidade de autogoverno parece haver na sociedade. A razo para um governo grande condicionar sempre uma pequenasociedadesedeveaofatodeumEstadointrusivoimpediro desenvolvimento da cidadania plena.Pgina 34 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO O colapso do socialismo real sinalizou o fim da noo de que um Estado diretivo, centralizador e auto-suficiente poderia ser o caminho para ajustiasocialeodesenvolvimentoeconmicodepasesem desenvolvimento.Nocomeodadcadade90dosculopassado,umanovaonda de democratizao se espalhou pelo mundo, alcanando o Leste Europeu, aantigaUnioSovitica,asiaeafrica.Juntocomademocracia, vieram as reformas centradas no mercado, fato em quase todos os pases dessescontinentes,impulsionadaspelasforascontemporneasda globalizao.Orpidosurgimento,notadamenteapartirde1990,de democraciasliberaismundoaforafoitoimpressionantequeincitou Francis Fukuyama a publicar um livro bastante provocativo defendendo a tesedequeofimdaHistriahaviachegado.Essaidiafoientendida comoavitriadademocracialiberaledoneoliberalismocomoforma acabada de organizao poltica e econmica para todas as naes. Hoje, a situao parece ter-se invertido, pois a reforma do Estado agoravistacomoumanovainiciativaestratgicaparao desenvolvimento,muitomenosaliceradanoEstadoemuitomais dependentedasforasdolivremercado.Dequalquermodo,essa mudanadeparadigmaparaodesenvolvimentoocorreusemquese perdessedevistaoadequadopapeldogovernonoprovimentodebens pblicosfundamentais,comoaeducao,asadeeasegurana pblicas. Dois Paradigmas:O Welfare State e o Consenso de Washington. AsdiscussesemtornodareformadoEstadocarregamcomo herana recente o conjunto das polticas anti cclicas de base keynesiana WelfareState-easreformasdeprimeirageraodoConsensode Washington. Pgina 35 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO OWelfareStateimplementadonosltimoscinqentaanos fundamenta-se no financiamento pblico da economia capitalista. O fundo pblicoeosgastossociais,destaforma,financiariamaacumulaode capitaleareproduodaforadetrabalho.Surgenocontextoda reconstruoeuropiadops-SegundaGuerra,apartirdaprosperidade econmica fundada na iniciativa americana de prover liquidez ao sistema internacionalpormeiodacriaodeinstrumentosmultilaterais(FMIe BIRD) e, especialmente, do Plano Marshall.Caracterizava-se,segundoOliveira,pela(...)medicina socializada,aeducaouniversalgratuitaeobrigatria,aprevidncia social,osegurodesemprego,ossubsdiosparatransporte,osbenefcios familiares(quotasparaauxlio-habitao,salriofamlia)e,noextremo desseespectro,subsdiosparaolazer.Ouainda,segundoHobsbawm, (...)peloempregoeumasociedadedeconsumoorientadaparaum verdadeiromercadodemassa.Almdessesbenefcios,setores consideradosestratgicosdoEstadoaindaseriamcontemplados,como: cinciaetecnologia,indstriacivilemilitar,agricultura,emercado financeiro.Essaformadegovernofoiindispensvelparaaacumulaode capital,pilardocapitalismo,mastambmfoiresponsvelpeloaumento astronmico da dvida pblica nos pases que adotaram essas polticas. O quadro abaixo compara a evoluo da despesa pblica em relao ao PIB nos pases listados entre 1969 e 1981. Pases 1969 1981 Alemanha 19% 26% Frana 16% 25% Itlia 16% 23% Holanda 16% 30% Blgica 16% 28% Pgina 36 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Inglaterra 15% 22% Dinamarca 16% 27% Oprimeirochoquequeabalaessaestruturaaprpria internacionalizaoprodutivaefinanceiradaeconomiacapitalistaque desestrutura a circularidade produtiva dos processos de retro-alimentao dosfundospblicos.Issocausadeterioraodasreceitasfiscaise, ultimamente,dficitpblico.Adicionalmente,ascausasdessedficit pblico podem ser tambm imputadas ao envelhecimento da populao, corrida armamentista e, notadamente, crise do petrleo a partir de 1973. Outro fator importante, no mbito das rela es internacionais, odesmoronamentodoblocosovitico,comaascendnciadeMikail Gorbachev e implantao da Glasnost e da Perestroika. Desta forma, no faziamaissentidoamanutenodoauxlionorte-americanoaoWelfare State, como mecanismo de conteno do socialismo.nessecontextoquesurgemasreaesconservadorasao EstadodoBem-Estar,iniciadasnoperodoThatcher-Reagan.Ademaior abrangnciaeaceitabilidadefoisemdvidaoConsensodeWashington. Calcadonaestabilizaomacroeconmica,naliberaofinanceirae comercial,desregulaodosmercados,eprivatizaodeempresas estatais,oplanofoiadotadodeNorteaSul.Sparaseterumaidiada abrangnciadoplano,tomandocomorefernciaumitemcernedo Consenso as privatizaes -, de acordo com o relatrio do Departamento Norte-AmericanodeEnergia,entre1988e1993,maisde2.700empresas estataisemcercade95pasesforamtransferidasparaainiciativa privada,totalizandoummontantede270bilhesdedlaresem investimentos.Assim,nosdebatespromovidospeloInstituteforInternational Economics,ocorridosemjaneirode1990,cujotemafoiThePolitical EconomyofPolicyReform,d-seaorigemdaspolticasneoliberais Pgina 37 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO praticadaspelosgovernosnadcadade90.Osdebatescentraram-sena discussodecircunstnciasfavorveisenasregrasdeaoque poderiamajudarumtecnopol6(pasescomcorposburocrticosmais estruturados) a obter o apoio poltico que lhe permitisse levar a cabo com sucessooprogramadeestabilizaoereformaeconmicadenominado Consenso de Washington. Esteprograma,umplanonicodeajustamentodaseconomias perifricas,chancelado,novamente,peloFMI,peloBIRDeporoutras agncias internacionais, em mais de setenta pases em todo o mundo seria umaestratgiadehomogeneizaodaspolticaseconmicasnacionais, operada, ou diretamente por tcnicos prprios daqueles Bancos (Somlia, inciodosanos80),oucomaajudadeeconomistasuniversitriosnorte-americanos(Bolvia,Polnia,Rssia),ouainda,portecnopols,que poderiamutilizar-sedoperfeitomanejodoseumainstream,somado capacidadeeforapoltica,paraimplementaremseuspasesamesma agenda do Consenso.O programa se desenrolaria em trs fases: 1.Estabilizaomacroeconmica-supervitfiscalprimrio, revisodasrelaesfiscaisintergovernamentais,ereestruturaodos sistemas de previdncia pblica; 2.Reformasestruturaisliberaofinanceiraecomercial, desregulao dos mercados, e privatizao de empresas estatais; 3. Retomada dos investimentos e crescimento econmico. Osinsucessosdaspolticasmonetaristasdeestabilizaonos pasesforamjustificados,nosanos80,pelafaltadofator-credibilidade (tentativasdere-regulaodocmbioedolarizao)e,nosanos90,pela faltadofatorpolticonosucessoounofracassodosprogramas econmicos. O fator poltico estaria intrinsecamente conectado s condies favorveis implementao do programa como: Pgina 38 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Pases em situao ps-catstrofe (guerra ou hiperinflao); falta deresistnciaoposicionista;lideranaforteecapazdeinsularizara oposiocomrelaosdemandassociais;formaoprviadeuma coalizodepoder,suficientementeforteparacontrolargovernos sustentadospormaioriasparlamentares;situaoquetransmita credibilidadeaosanalistasderiscodasgrandesempresasdeconsultoria financeira.FioriclassificaoPlanoRealbrasileirocomointegranteda grandefamliadosplanosdeestabilizaodiscutidosnareuniode Washington,correlacionandoospontosdoprogramaesuascondies favorveisdeimplementaorealidadedosfatosocorridosnoBrasil: histricodehiperinflaoquedesestruturouaoposio;eleiode lideranaforteosocilogoFernandoHenriqueCardoso;formaode umacoalizodepoderemtornodaliderana;permannciadoplanode estabilizaodoFMIedasreformaspreconizadaspeloBancoMundial, transmitindo credibilidade aos atores. Assim as trs fases do programa de estabilizao e reforma econmica poderiam ser concretizadas. Afasefinaldeimplementaodoprogramapassa necessariamenteporumainternacionalizaodomercadointerno,que dever estar devidamente apoiada no Trip de sustentao econmica de qualquer pas tecnopol associao econmica e poltica do empresariado nacional,comoscapitaisinternacionaiseoEstado.Istosedporquea globalizao no um processo completamente apoltico, como vem sendo verificado desde os anos 80. Os ajustes nacionais necessariamente tm de levaremcontanotosomentequesteseconmicas,mastambm, polticas,comoaspressesdegovernoseorganismosmultilateraissobre as economias perifricas.Esse ltimo ponto central para o entendimento das tendncias daaplicaodessaspolticasnosEstados.Oqueseverificahoje, exceodealgumasexperinciasprofcuas,quehdesiluso Pgina 39 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO contagiante.NaAmricaLatina-ocasodaArgentinaparadigmtico- observa-seoutradcadadecrescimentolentopermeadaporcrises frequentesoriginadasnaconstataodequenohouvereduo significativadapobrezaeaumentodonveldeempregos.Questesestas quecolocamemchequealegitimidadedoslderespolticoseaprpria democracia.Nocolaboraparaalterarestasituaoumcontextode recessomundialoriginadanadesaceleraodaeconomiaamericana (escndalosdecontabilidadedegrandesempresas,quedadasbolsase adoo de polticas unilaterais). A despeito dessas constataes o fato concreto que as reformas foramimplementadaspraticamenteemtodasaseconomiasemtransio domundo.Emmaioroumenorgrau,ospasesseviramestrangulados porumacrisefiscalsemprecedentesedficitsdeperformanceque alavancaramanecessidadedeajustenopapeldoEstado.Ainda,as pressesadvindasdaconsolidaodaposiodospasesemrelao globalizaoeadefesadademocraciadirecionaramospasesaoque FlviodaCunhaRezendechamadeAgendaConvergente,oprprio Consenso de Washington.Asreformasnosanos80,chamadasdeprimeiragerao, centraram seu foco na resoluo da crise econmica e no ajuste fiscal, por meiodecortesnosgastospblicos,reformastributrias,liberalizao econmicaecomercial,desregulaoeprivatizaes.Jasdesegunda gerao,anos90,tinhamoobjetivodepromoveraestabilidade macroeconmicaoqueenvolveriatambmareformadasinstituies pblicas:mudanasnasrelaestrabalhistas,noJudicirio,no Legislativo, nos mecanismos regulatrios, no aparato fiscal e nas relaes entre governos centrais e subnacionais. O parmetro das reformas nos anos 90 e que perdura at hoje oparadigmagerencialista:eficincia,elevaodaperformance, mecanismosdemercadonagestopblica,orientaoporresultados, Pgina 40 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO descentralizao,responsabilizao,flexibilizaodeprocedimentosea distinoentreformulaoeimplementaodepolticaspblicas.A marcadesseparadigmaestaria,portantonasubstituiodacultura burocrticapelagerencialistaflexvel,traduzindo-senarelaode accountability por resultados e no por controle. Segundo Elaine Kamarck, no escopo de 123 pases, entre 1980 e 90,31%desteshaviamexperimentadoreformasadministrativas.Apesar dopercentualconsiderveldeadesoedaajudaexternasubstancial (mais de 1600 projetos 5 a 7 bilhes de dlares por ano - do BIRD e BID em todo o mundo, entre 1997-2000, para reforma do Estado e governance) osresultadostmsidoapontadoscomotmidos.Em60%dessescasos utilizou-sedemecanismosinovadorescomoaprivatizaoeem40%a descentralizao.Onzeporcentodosgovernosreduzirammaisdeum quarto dos empregos no setor pblico o que contra-balanado por outros 10%queaumentaramaquantidadedeservidores.Apenas6%criaram mecanismosdemercadonaadministraopblica.Osentravesqueno permitiram que as reformas avanassem podem estar relacionados com a efetividadeeeficincianaimplementaodeumanovamatriz institucional regulada pela performance, nas falhas sequenciais - one size fits all e no bice tempo e ao coletiva.O resultado do estudo indica dois desafios para os pases em desenvolvimentonaimplementaodasreformas:primeiro, transformarem-se em organizaes baseadas no modelo de performance e, segundo, distinguir mais adequadamente a formulao e a implementao depolticaspblicas.Issosseralcanado,segundoRezende,pelo conhecimento das realidades administrativas e problemas de performance, bemcomodostrade-offsentrecontroleeperformance,almdotempo estimadoparaasreformasnecessriasimplementaodepoltica afinadacomosobjetivosinterpostos.JohnWilliamson,emSeminrio realizadonaUniversidadedeBraslia,lembraqueocapitalismoum Pgina 41 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO sistemabaseadonautilizaodagannciaparagerarbenefciossociais, apesarde,algumasvezes,falhar.Porisso,faz-senecessriofortaleceros mecanismosderegulaodaatividadeeconmica.Ademais,reforaaidia que depois de recesses sempre h recuperao. Reforma do Estado nos Pases em Desenvolvimento por Categoria de Projeto financiado pelo Banco Mundial 1997-2000 Categoria do Projeto Projetos % Reforma Institucional 654 40,6% Sistema Legal e Judicial 220 13,7% Descentralizao 182 11,3% Gesto Financeira 156 9,7% Regulao de Mercados 88 5,5% Multi-Prop sitos 85 5,3% Reforma do Funcionalismo Pblico 83 5,2% Reforma de Empresas Pblicas 74 4,6% Reforma Tributria 67 4,2% Total 1609 100% A despeito dos problemas enfrentados hoje, ressalta a conquista daestabilidadeeconmicaemmuitospases,arazovelrecuperaodo crescimentoeoprogressosocial,especialmentenasreasdesadee educao,apesardacontinuaodosproblemasdequalidade,como fatores positivos da implementao das reformas. Istoposto,ospasessubdesenvolvidosnecessitamfazer aprofundaroucompletarasreformasdeprimeirageraosupracitadas, pragmaticamenteenodogmaticamente,oquetornariaospasesmenos vulnerveisscrises.Aflexibilizaodomercadodetrabalho, indubitavelmente,ofocodesseaprofundamento,segundooprofessor.O desenho dessa flexibilizao no poderia envolver, no entanto, um assalto Pgina 42 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO aosdireitosdepropriedade.Aviaaserseguidaseria:asubstituiodas garantiastrabalhistaspelosegurodesemprego;amudanadosistema previdencirioparaadefiniodecontribuiesenodebenefcios;ea flexibilizaodoscontratosdetrabalho,entreoutrasmedidas liberalizantes. Aimplementaodasreformasdesegundageraoparaa manutenodaestabilidadeseriaoobjetivocentralaseramplamente proposto.Issoenvolveria,primeiramente,oaprimoramentoe fortalecimentodacapacidadeinstitucional,principalmentedoJudicirio, do setor financeiro, por meio da criao e manuteno da infra-estrutura institucional da economia de mercado, da proviso de bens pblicos e da internalizao de externalidades. Outro ponto importante a distribuio da renda. Ainda salienta outras formas de distribuir a renda que tem raizem uma reforma ampla do sistema tributrio, no incentivo educao, na reforma agrria eficiente e no estmulo ao micro crdito. O desafio hoje aprender a dirigir uma economia de mercado para beneficiar a todos e no a somente uma minoria .Considerandoessevademecum,oGovernodeCaboVerde elaborouumaestratgianacionaldedesenvolvimento.Essaestratgia baseia-seemtrselementospermanenteseestruturadoresdo desenvolvimentopretendidopelasociedade:(i)ainseronaeconomia internacional;(ii)osetorprivadocomomotordodesenvolvimento;(iii)o desenvolvimento e afirmao da cultura nacional. Essasdiretrizes,porsimesmas,sinalizamocomprometimento poltico da nao com os pilares das reformas destinadas a redimensionar o papel do Estado em Cabo Verde. PequenosEstados,grandesrealizaesOartigoTenLessonsfor EconomicDevelopmentinSmallJurisdictionsTheEuropeanPerspective, produzidopeloInstituteofIslandStudies,vinculadoUniversidadeda IlhadoPrncipeEdward,Canad,concluiqueodesenvolvimento Pgina 43 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO considerveldepequenosEstados,iniciadonoperodops-Segunda Guerra,teveseufocoemquatropontosprincipais:aproveitamento inteligentedosrecursosprimrios;turismo;exportaodeknow-how;e manufaturas de pequena escala.ApartirdoestudocomparadodepequenosEstadoscomo, Luxemburgo, Isle of Man, Lichenstein, San Marino, Malta, Ilhas Maurcio, Islndia, Ilhas Faroe, Ilhas Aland, Groelndia; e a prpria Ilha do Prncipe EduardespecialistasdoInstitutoapontamdezliesparapequenos Estados. A primeira lio se relaciona com a mudana de uma cultura de dependnciaparaoutravoltadaparaaeconomianacional.Paratanto, necessrioqueestesEstadosgarantam,sobosolhosdacomunidadeinternacional,umcertograudeconfiabilidadeperse.Istoperpassaa assuno de um princpio mor: a grandeza de escala no garantia para a prosperidade.SomentedoisdosdezmaioresEstadosdomundoso Repblica de Cabo Verde. Ministrio das Finanas e Planejamento. NaAmricaLatina,segundorelatriodoBancoInteramericano deDesenvolvimento,osprogressosnasreformasedemocratizaodo Estado foram significativos nas ltimas dcadas. No entanto, apontada a fraquezadasinstituies,especialmente,daspolticas,comoum downside preocupante em termos de eficcia, performance e credibilidade. Essafraquezanombitoinstitucional,polticoenormativolimitaa participaodoscidadosedesestimulaapoupana,oinvestimento,o crescimentoeaequidade.Ossintomasdafraquezaso:aestrutura tradicionalqueaindapermeiaasinstituiesgovernamentais;a precariedadenogerenciamentodosetorpblico;ainadequaode polticaspblicas;aobsolescnciadosistemalegal;eadeterioraodos sistemas de participao poltica. OBIDaponta,ainda,outrasliesquepoderiamser incorporadas ao corolrio de ajuda aos pases perifricos. A primeira que Pgina 44 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO amodernizaodosEstadosdeveriaserconceituadacomoumprocesso de reforma poltica orientada para a consolidao do sistema democrtico. Segundo,alegitimidadedocorpodeleiscomoumfatoressencialparao funcionamento eficiente de uma economia de mercado. Terceiro, a reforma doEstadonodeveriaserlimitadaaoExecutivo,cobrindotodaa estruturainstitucionalenormativa,nasesferassocial,polticae econmica. Quarto, o desenvolvimento da capacidade institucional deveria serobjetoprincipaldareformadoEstadoedaformulaodepolticas sociais.Quinto,anecessidadedeseobteroconsensodasociedadeem geral,comsuportepoltico,emtornodareformadoEstado.Sexto,a complementaridadeentreareformadoEstadoeofortalecimentoda sociedade civil14 e a expanso do mercado. Stimo, a nfase no processo dedescentralizaodasatividadesdoEstado.Oitavo,aimportnciada participaodeinstituiesmultilateraisdurantetodooprocessode implementaodareformas.E,finalmente,nono,aparticularidadede algumasinstituiescomo,asdegerenciamentomonetrioefiscal,as legislativasejudicirias,e,ainda,deautoridadeseleitorais,regulatrias, supervisoras, de controle e de proteo ambiental, para o desenvolvimento sustentvel da democracia.Oprocessodeglobalizaoeseuimpactosobrea redemocratizao, revitalizou a importncia da sociedade civil no contexto daredefiniodopapeldoEstado.PeterEvanssustentaqueasnovas perspectivas de governana que realaram o papel potencial da sociedade civil,propiciaramumbomcomplementoaoaspectoeconmicoda ideologiaanglo-americana.Mesmoquenofosseumaperspectivaglobal porsimesma,seencaixaramadequadamentenanovaordemglobal.O triunfopolticodeumanovaordemanglo-americana,centradano princpiodostateless,daformacomoserefletiunaimplosodas sociedadessocialistas,foiumimportanteimpulsoparaocarismada sociedadecivil.DizaindaEvansquearevitalizaodasociedadecivilfoi Pgina 45 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO caracterizada,aomenospelosconservadores,comoasoluodos aspectospolticosesociaisdobem-estarpblico,oquepoderiatornaro Estadoantiquado, da mesma forma que os mercados tornaram o Estado economicamenteobsoleto.Assimcomoaeconomiapolticaneoclssica negouopapeldoEstadonodesenvolvimentodeumasociedademais produtivaeeficiente,ocrescentecarismadasociedadecivil(...)negoua habilidade do Estado em dirigir-se para necessidades no-mercadolgicas. Aavaliaocriteriosadetodasasliesapresentadasneste trabalho indica para uma viso pragmtica, seletiva, gradual e adaptativa acerca da implementao de reformas de Estado. Noquedizrespeitoaocontinenteafricanoemgeral,documento de1999doBancoMundialestabeleciaoseguinte:primeiramente,uma novaabordagemsefaznecessria,poisningumestsatisfeitocomos resultadosnafricanem,demaneirageral,comodesempenhodas instituies de auxlio, como o prprio Banco Mundial. Em segundo lugar, essasinstituiesnecessitariamfortalecersuamissodereduzira pobreza,aqualfoienfraquecidaduranteosanos80ecomeodos90, quando se expandiu a agenda, particularmente do Banco Mundial. Terceiro,essasinstituiestinhamquepassaralideranaaos governos, tendendo mais posio de apoiadores e criando espaos para a atuao de outras agncias, ONGs e do setor privado. Resumidamente,precisosoltarasamarrasepermitiraos africanoscometerseusprprioserros.Anovamaneiradepensar,ps-ajuste, levou diretamente s mudanas implementadas na regio africana, nos ltimos trs anos. CONSIDERAES FINAIS Aocontrriodoquealgunsafirmam,areformadoEstadono temcomofocooenfraquecimentodoEstado,massimofortalecimento seletivodoEstado.Asmudanas,porsuavez,sodesafiosdelonga Pgina 46 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO durao concebidos para melhorar a capacidade do Estado de promover a democracia, o desenvolvimento econmico, a justia social e a reduo da pobreza. Examinandodiferentessituaes,nosepodeapontaraculpa pelosfracassosousucessosdasreformasnumasdireo.Nemoxito docasochilenonemofracassodomodeloargentinotm,noreceiturio do Consenso de Washington, a razo isolada para o resultado positivo ou negativo, embora contribussem tanto para um como para outro.QuantoaopapeldoEstado,asituaonodiferente.Hum consensocadavezmaisforteemtornodealgumasatribuies monopolsticasaseremdesempenhadaspeloEstadonacional, independentementedamatrizideolgico-partidriadeumgoverno transitrio. Hojetantoosgovernosliberaiscomoossocial-democratas reconhecemaimportnciadomercado,atmesmoparaarealizaode suas metas sociais e de redistribuio de renda. Asreformasestruturaisvmacontecendoempasesderegimes polticoseculturaspolticastodiferentescomoChinaeBrasil,por exemplo.Oprimeiropraticandoofechamentopolticosimultaneamente comaaberturaeconmicaeosegundoimplementandoasmudanasao sabordaspressestpicasdademocraciaedosinteressespoltico-partidrios, dificultadas pela prtica de um presidencialismo de coalizo. A tendncia poltica em relao ao papel do Estado pareceser a deacompanharomovimentopendularderetornoaoEstadoracional. Longetantodocoletivismosoviticocomodofundamentalismode mercado.Estabuscadaracionalidadequantoadequadadimensodo Estadoencontrarempolticaspblicaspragmticasumancorasegura paraodesempenhoeficientedesuatarefaprecpuaerazodesua existncia que a promoo do bem comum.Pgina 47 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Oretornodopendulumparececadavezmaisevidentepara contrabalanarosexageros,svezesindiscriminado,naadoode modelos de reforma que, muitas vezes n o levaram em conta os aspectos culturais, histricos e polticos de diferentes plis. No que se v retornar aodirigismoestatalnapolticaounaeconomia.Mastambmqueno adoteindiscriminadamenteregimespolticoseeconmicos,semquese faa,obviamenteanecessriareduosociolgica,nodizerdeGuerreiro Ramos. A adoo precoce de determinadas frmulas administrativas para o setor pblico ou para a economia tem sido um mal a trabalhar contra o prpriomodelo,muitasvezespositivosemsimesmos,quandoadotados no tempo certo. Peloqueseavizinhapoliticamenteparaestadcadadese suporumameia-voltanosentidodaretomadadopapeldoEstado,edo seu fortalecimento, naquelas que sempre foram suas funes clssicas. A idiadoEstadomnimoestemdeclnio,emboraistonosignifiqueo retornodoEstadomximo.Novamente,adiscussoemtornodopapele dotamanhodoEstado,nodeveobedecerarigorososdogmasou ideologiaspolticas.Devendogirar,portanto,aoredordequestesmais pragmticasvoltadasparaodesenhodeumarcabouoinstitucionale para o estabelecimento de um aparato estatal capazes de fazer valer o que realmenteinteressa:oadequadofuncionamentodoEstadoDemocrtico de Direito; a promoo da justia social; a estabilidade macro-econmica e o desenvolvimento.Cadavezmaisprevalece,noentanto,anecessidadede implementaodepolticaspblicasbaseadasnopragmatismo, esquivando-se do debate ideolgico e das tentaes dogmticas. Ao menos nestes tempos de crise das ideologias. Pgina 48 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO Direitos Difusos e Coletivos Prof. Milton Coelho Aula N 0/05 Em pauta:9. Os novos sujeitos Sociais. 10. Interesse pblico e Interesses individuais. 11. Os interesses coletivos. 12. Os interesses Difusos. 9. OS NOVOS SUJEITOS SOCIAIS Oassunto,oradesenvolvido,umbreveestudosobrealguns aspectosdosnovosdireitos,surgidosdasenormestransformaesdo mundo, nestes ltimos anos. Anovarealidadedavida,porsis,afirmaaimportnciado tema,quevemsendotratadodesdeafilosofiadodireitoatoestudodo contedodosprincpiosedasregrasconcretas,constantesde normatizao interna e acordos internacionais. Osnovosdireitosobjetivamasseguraratodosgarantiasantes no reconhecidas, dentro da indispensvel convivncia social, necessrias sobrevivncia da sociedade organizada. Matriaaindadelicada,osnovosdireitosestoemformao, estabelecendoagoraseusprincpiosprprios,delimitandoseusobjetos, construindo os respectivos regimes jurdicos. Aotratardaquestonosepodedeixardelevantar,aindaque superficialmente,algumasocorrnciasgeradorasdasnovassituaes jurdicas,daglobalizaotecnologia,passandopelosnovosestilosde vida. Os operadores jurdicos do nosso tempo devem se preparar para asoluodosnovosproblemas,queserocadavezmaisconstantese aflitivos.absolutamenteinacreditvelquealgunscontinuema raciocinarcomvelhosesquemasjurdicosparaasoluodeproblemas Pgina 49 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO atuais.Asregras,princpioseestruturasjurdicas,quemuitonos serviramnopassado,sohojeabsolutamenteimpotentesparaenfrentar as incrveis ocorrncias contemporneas. Noseousaaprofundarnotema,mas,apenas,trat-lomais conjuntamente,levantandoalgunsquestionamentos,verificandocomoas novas questes tm sido enfrentadas e oferecendo algumas concluses. O presentetrabalhoterobtidoresultadosuficienteseaguarointeresse para o estudo da matria e at a iniciativa de pesquisas sobre o assunto. BREVE VISO DO DIREITO NO TEMPO Os direitos sempre refletiram os estgios de desenvolvimento das sociedades. Desde as mais remotas eras, apoiados na filosofia, como base das idias, os direitos revelam os estilos e as vidas das sociedades. DaLegislaoMosaica,doCdigodeHamurabi,doDireito Romano,doAlcoro,daMagnaCarta,daRevoluoFrancesaedaobra jurdicadeNapoleochegamosatascodificaeschamadasmodernas. Destas codificaes, o Cdigo Civil Brasileiro de 1916 constitui, inclusive, um bom exemplo de tcnica de elaborao jurdica. Noobstante,otempotrazconsigoaobsolescnciadasleis frenteaoprogressosocial.Nemmesmoosprincpios,comaplasticidade caractersticaenecessriainterpretaoeatualizaododireito, conseguem, muitas vezes, dar soluo aos fatos, que modificam a vida e a economia dos povos. Acosmogoniadosdireitosapresentousempreumafilosofia comoidiaeumabaseempricanasdiversaselaboraesjurdicas, quando se convertem em leis as necessidades sociais. Muitosetemditoeescritosobreoatualevertiginoso desenvolvimentotecnolgicodomundo.Asmudanastecnolgicase Pgina 50 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO scio-culturais,sobretudodosltimosquinzeanos,demonstrama velocidade inacreditvel das alteraes sociais, que acompanham o correr contnuodarodadanossahistria.Presentementeconstituirealidade quase tudo que, anteriormente, somente se podia ver nos livros ou filmes de fico cientfica. Estastransformaesdomundoatual,emumavelocidade incrvel,estoproduzindooquetemsidochamadode"novosdireitos". Cabe ao Estado, atravs do direito interno e ao conjunto das Naes, pelos TratadosouConvenes,regularcoativamentenovascondutas,frentea questes, muitas delas, at ento nem pensadas. AS ALTERAES DA SOCIEDADE DA NOSSA POCA O espetacular desenvolvimento j mencionado tem trazido novos estilosdevida,defamliaedetrabalho;umaeconomianovaeconflitos polticos aparentemente paradoxais. Asestruturaspolticasconvencionaisestoultrapassadase incapazesdeenfrentaracomplexidadedestenovomomentohistrico.O Estado-naopassouaserfrgilparaenfrentarosacontecimentos internacionais, da economia criminalidade. Este novo momento exige que os governos sejam os mais simples e, ao mesmo tempo, os mais eficazes e democrticos. O Estado-nao est sendoespremidoporpressesdetodaordem.Hnecessidadedese transferiropoderpolticoparamaispertodoscidadose,aomesmo tempo,paraorganizaestransnacionais,emumverdadeiroagirlocal, pensar global. Aconcentraodepopulaesnascidadesmaioresenas megalpoles, esvaziando o campo, criou conseqncias em todas as reas, Pgina 51 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO seja no aspecto social, no da sade pblica, no urbanstico, no criminal e muitos outros. ODireitoestsendoconvocadoainventarnovasformas polticas, em face de que o Estado-nao se tornou impotente para muitos fins. Desequilbrios histricos at ento existentes, por exemplo, entre produtores e consumidores demandaram, como demandam, a interveno de um Direito especial. Aidiadequeossereshumanosdevemterodomniosobrea natureza,originriadoGnese,tevequeseralterada,pelosenormes danos que se produziu no Planeta, alguns talvez irreparveis. Danovaimagemdanaturezaresultouumnovopensar,que exige um novo modo de agir, uma integrao da humanidade com a Terra. Uma nova biologia desponta, com um potencial que ainda no se podemensurar.Aengenhariagenticaumarealidadedasmais palpitantes. No campo das Cincias Exatas est a a geometria fractual - a geometria da natureza, cuja propriedade fundamental a variao partir deumamesmabase.Refere-seelaasistemascomplicados,comoosdos corais,dasmontanhasedasnuvens,ondehumariquezamultiformea partir de bases iguais (tamanhos finitos com formas infinitas). Amsticadamaternidadeedapaternidadeforampostasem cheque.Oimplantedeembries,ocrescimentodebebsinvitro,a possibilidadedaescolhadosexodosfilhos,dageraodegmeoseda programao da inteligncia e personalidade j realidade. Em1900,MachadodeAssislanou,comDomCasmurroa sndrome de Capitu: Bentinho era ou no o pai de Ezequiel? Essasndromeatingeumaboapartedapopulao,segundo dados constantemente divulgados em Simpsios de Gentica e tica. Este Pgina 52 / 153 Misso: "Oferecer oportunidades de educao contribuindo para a formao de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento tico e visando ao desenvolvimento regional. Rua Ramiro Barcelos, 892, Centro - Santa Cruz do Sul RS - CEP 96810-050 Site: www.domalberto.edu.br CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO fatoderiva-se,principalmente,dasmudanasocorridasno comportamentohumanoenainobservnciadaticanasrelaes interpessoais. Comoodireitonopodeseconfrontarcomoprogressoda cinciae,podendo-sehojeprovarapaternidade,atravsdautilizaode mtodoscientficosavanados,nohcomoprevalecerantiquadas presunesjurdicas,emconfrontocomumarealidadenovaeodireito fundamental da pessoa humana. A dvida posta no romance de Machado deAssis,hojefacilmenteesclarecida,comgrandesprobabilidadesde acerto, atravs do exame do DNA. medidaqueahomossexualidadesetornamaisaceitvel socialmente,realizam-secasamentosentrepessoasdomesmosexo.O direitociviljvemenfrentandoadificuldadedeseregular, adequadamente, a situao do grande nmero de pessoas vivendo juntas, sem se importarem com o formalismo legal. Atualmente,noBrasil,aLei8971/94regulaodireitodos companheiros a alimentos