royalties do setor mineral - ibram · revestidas de natureza pública, e não privada, uma vez que...
TRANSCRIPT
Exposição em Partes:1) Aspectos Constitucionais2) Natureza Jurídica3) Aspectos Legais:
Alíquota Base de Cálculo Decadência
4) Proposta de Fundo “do bem”
CF, Art. 176. As jazidas, em lavraou não, e demais recursos mineraise os potenciais de energia hidráulicaconstituem propriedade distinta dado solo, para efeito de exploraçãoou aproveitamento, e pertencem àUnião, garantida ao concessionárioa propriedade do produto da lavra.
CF, art. 20, parág. único: “É assegurada,nos termos da lei, aos Estados, ao DistritoFederal e aos Municípios, bem como aórgãos da administração direta da União,participação no resultado da exploração depetróleo ou gás natural, de recursoshídricos para fins de geração de energiaelétrica e de outros recursos minerais norespectivo território, plataformacontinental, mar territorial ou zonaeconômica exclusiva, OU compensaçãofinanceira por essa exploração.”
NATUREZA JURÍDICA:
1) Compensação Ambientalou
2) Receitas Derivadas/Tributáriasou
3) Receitas Originárias/Patrimoniais
STF – RE 228.800, Ministro SEPÚLVEDAPERTENCE
“Bens da União: (recursos minerais e potenciaishídricos de energia elétrica): participação dosentes federados no produto ou compensaçãofinanceira por sua exploração (CF, art. 20, e §1º): natureza jurídica: constitucionalidade dalegislação de regência (L. 7.990/89, arts. 1º e6º e L. 8.001/90).
1. O tratar-se de prestação pecuniáriacompulsória instituída por lei não faznecessariamente um tributo da participação nosresultados ou da compensação financeiraprevistas no art. 20, § 1º, CF, que configuramreceita patrimonial.
2. A obrigação instituída na L. 7.990/89,sob o título de "compensação financeirapela exploração de recursos minerais"(CFEM) não corresponde ao modeloconstitucional respectivo, que nãocomportaria, como tal, a sua incidênciasobre o faturamento da empresa; nãoobstante, é constitucional, por amoldar-seà alternativa de "participação no produto daexploração" dos aludidos recursos minerais,igualmente prevista no art. 20, § 1º, daConstituição.”
Para a União (DNPM) é uma ReceitaOriginária;
Para os Estados e Municípios é uma ReceitaTransferida: Receita transferida é aquela que é arrecadada
por um ente da Federação e repassada a outro,seja esta arrecadação de origem tributária ounão.
Rateio Federativo: 23% para os Estados e o Distrito Federal; 65% para os Municípios; 12% para a União (DNPM 10%; FNDCT 2%)
Transferências Diretas: P. ex.: IPVA, onde os Estados devem
repassar aos Municípios onde os veículosforem licenciados 50% da arrecadação
Transferência através de Fundos: P.ex.: FPE – Fundo de Participação dos
Estados – 21,5% da arrecadação doIR+IPI para os Estados conforme normasde distribuição previstas pelo TCU
Esta caracterização traz diferença emquestões como:
Fiscalização
Decadência e Prescrição
Fundos com redirecionamento
Porém, a CFEM, para as empresas, é custo.
Lei 7790/89 - Regulamentou aCFEM de forma imprecisa, em facede vetos presidenciais
Lei 8001/90 – Regulamentou commaior precisão preenchendo aslacunas deixadas pela normaanterior e permitindo sua efetivacobrança
Alíquotas: Lei 8001/13-03-1990:(Seletividade) I - minério de alumínio, manganês,
sal-gema e potássio: 3%; II - ferro, fertilizante, carvão e demais
substâncias minerais: 2%; III - pedras preciosas, pedras coradas
lapidáveis, carbonados e metais nobres:0,2%;
IV - ouro: 1% quando extraído porempresas mineradoras, isentos osgarimpeiros.
Base de Cálculo: Lei 8001/13-03-1990: “Art. 2º Para efeito do cálculo de
compensação financeira (...) entende-se por faturamento líquido o total dasreceitas de vendas, excluídos ostributos incidentes sobre acomercialização do produto mineral, asdespesas de transporte e as deseguros.”
Base de Cálculo: Lei 7990/89: Art. 6º A compensação financeira pela
exploração de recursos minerais, parafins de aproveitamento econômico, seráde até 3% (três por cento) sobre ovalor do faturamento líquidoresultante da venda do produtomineral, obtido após a última etapado processo de beneficiamentoadotado e antes de suatransformação industrial.
Exclusão da Base de Cálculo: os tributos incidentes sobre a
comercialização do produto mineral Tributos sobre o faturamento: ICMS, PIS,
Cofins, IOF- ouro? Outros também (IR,CSLL)?
E os incentivos fiscais concedidos para oICMS?
E quando não há destaque do ICMS naNF?
E quando ocorre simples remessa?
Exclusões da Base de Cálculo Despesas de transporte
E o transporte dentro da mina? Só é excluído o frete pago? E o transporte próprio?
Qual o valor? E o transporte que não se configura frete?
A lei não distingue.
O que se deve entender por: “valor do faturamento líquido” “resultante da venda do produto
mineral” “obtido após a última etapa do processo
de beneficiamento adotado” “e antes de sua transformação
industrial”?
Decadência e Prescrição: qual a regraaplicável?
Lei nº 10.852, de 2004: Art. 47. Ocrédito originado de receitapatrimonial será submetido aosseguintes prazos: I - decadencial de dez anos para sua
constituição, mediante lançamento; e II - prescricional de cinco anos para sua
exigência, contados do lançamento.
§ 1o O prazo de decadência de que trata o caputconta-se do instante em que o respectivo créditopoderia ser constituído, a partir do conhecimentopor iniciativa da União ou por solicitação dointeressado das circunstâncias e fatos quecaracterizam a hipótese de incidência da receitapatrimonial, ficando limitada a cinco anos acobrança de créditos relativos a períodoanterior ao conhecimento.
§ 2o Os débitos cujos créditos foram alcançadospela prescrição serão considerados apenas para oefeito da caracterização da ocorrência de caducidadede que trata o parágrafo único do art. 101 doDecreto-Lei no 9.760, de 1946 (O não-pagamentodo foro durante três anos consecutivos, ou quatroanos intercalados, importará a caducidade doaforamento)
A norma mencionada, de 2004, seaplica às situações pretéritas ou emcurso? CF, Art. 5: Princípio da Irretroatividade
das Leis: XXXVI - a lei não prejudicará o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e acoisa julgada;
Qual o prazo decadencial dassituações anteriores a 2004?
Não se trata de uma relaçãotributária.
Não existia norma de direito públicoque regulasse a matéria. Por ser receita pública originária, torna-
se inaplicável o Código Civil que regeas relações de direito privado.
Princípio da Simetria: Decreto 20.910/1932:
Art. 1º - As dividas passivas da União,dos Estados e dos Municípios, bemassim todo e qualquer direito ou açãocontra a Fazenda Federal, Estadual ouMunicipal, seja qual for a suanatureza, prescrevem em cincoanos contados da data do ato oufato do qual se originarem.
STJ: Ministro José Delgado: 3. De fato, embora destituídas de natureza
tributária, as multas impostas, inegavelmente, estãorevestidas de natureza pública, e não privada, umavez que previstas, aplicadas e exigidas pelaAdministração Pública, que se conduz no regularexercício de sua função estatal, afigurando-seinteiramente legal, razoável e isonômico que omesmo prazo de prescrição - qüinqüenal - sejaempregado quando a Fazenda Pública sejaautora (caso dos autos) ou quando seja ré emação de cobrança (hipótese estrita prevista noDecreto 20.910⁄32). Precedentes: Resp860.691⁄PE, DJ 20⁄10⁄2006, Rel. Min. HumbertoMartins; Resp 840.368⁄MG, DJ 28⁄09⁄2006, Rel. Min.Francisco Falcão; Resp 539.187⁄SC, DJ 03⁄04⁄2006,Rel. Min. Denise Arruda.
Origem e escopo preliminar: Discussões sobre alterações na CFEM
Minerária. Grupo de trabalho no MME Foco: Dádiva ou Maldição? – Maria
Amélia Enriquez Escopo preliminar:
Partilhar a arrecadação da CFEM tambémentre os Municípios afetados pelamineração, embora não mineradores.
Direcionar a receita para atividadessociais.
CF, art. 20, parág. único: “É assegurada,nos termos da lei, aos Estados, aoDistrito Federal e aos Municípios, bemcomo a órgãos da administração direta daUnião, participação no resultado daexploração de petróleo ou gás natural, derecursos hídricos para fins de geração deenergia elétrica e de outros recursosminerais no respectivo território,plataforma continental, mar territorial ouzona econômica exclusiva, ou compensaçãofinanceira por essa exploração.”
Espécie de “direcionamento” já existente
Lei 7990/89: Art. 8º O pagamento dascompensações financeiras previstas nesta Lei,(...) será efetuado, mensalmente(...) vedada aaplicação dos recursos em pagamento dedívida e no quadro permanente de pessoal.
Nada obsta que a lei adote este tipode procedimento, seja através derecursos dirigidos aos demaisMunicípios, seja carimbando-os. O importante papel do Ministério
Público A prudência recomenda que não
se aumente a carga fiscal daCFEM em função desseargumento.
Obrigado pela atenção Fernando Facury Scaff:
Professor da Universidade de São Paulo –USP
Professor da Universidade Federal do Pará– UFPA (licenciado)
Advogado - Sócio do escritório Silveira,Athias, Soriano de Mello, Guimarães,Pinheiro & Scaff – Advogados.www.advassociados.com.br
Doutor em Direito pela USP E-mail: [email protected]