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1 Visões do passado: a História do Brasil em telas e gravuras Grupo: Branca E. Possamai Fabiana Thomé da Cruz Dulcemar Lima Paula

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Page 1: Roteiro didático de história tecnologia aplicada à educação

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Visões do passado: a História do Brasil em telas e

gravurasGrupo:

Branca E. Possamai Fabiana Thomé da Cruz

Dulcemar Lima Paula

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O OLHAR EUROPEUO NEGRO NA ICONOGRAFIA BRASILEIRA DO SÉCULO XIX

Maria Luiza Tucci Carneiro

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MERCADO DE ESCRAVOS Johann Moritz Rugendas(1802-1858) ACERVO CULTURA INGLESA/RJ

Documento 1

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4Jean Baptiste Debret. EXECUÇÃO DE PENA DO AÇOITE. NEGROS NO TRONCO

Documento 2

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5José Christiano de Freitas Henriques Jr. Conjunto Representando Negros de Diferentes Nações, 1865.

Documento 3

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6Jean Baptiste Debret – CENA DE CARNAVAL

Documento 4

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Visões do passado: a História do Brasil em telas e

gravuras

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• Qual a natureza desse documento? • Quem o produziu?• Quando? • Com que objetivo? • Como chegou até nós? • Qual a questão central dele? • Que tipo de mensagem o autor quer transmitir?

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• Que avaliação você faz dele? • Em sua opinião, existe algo que esteja subentendido nele?

• Como ele nos permite conhecer o passado?

• A vida dos escravos era mesmo do jeito ali mostrado?

• Qual o objetivo do artista ao retratar o cotidiano dos negros daquela forma?

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O “olhar europeu” sobre o negro

*Problematizando*

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Trecho da obra:

CARNEIRO, Maria Luiza Tucci; KOSSOY, Boris.O Olhar Europeu: O Negro na Iconografia Brasileira do

Século XIX. EDUSP, 2002, 2ª edição, p149:151

Documento 5

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RESISTÊNCIA E REPRESSÃO

Além dos temas já mencionados, a dança, o canto e as festas

também serviram de inspiração a muitos dos artistas que se

preocuparam em registrar o cotidiano do negro no Brasil oitocentista.

Ao espectador desavisado, essa iconografia pode propiciar

uma outra leitura sobre a escravidão: a de um convívio harmonioso e

alegre, expressão de uma realidade amena e festiva. No entanto, sabe-

se que o batuque, por exemplo, era considerado pela Igreja católica

como uma manifestação do sensualismo, sendo relacionado com a

“prostituição da senzala”.

A cultura do homem branco dito “civilizado” prestou-se como

critério de julgamento para o visitante estrangeiro que, tomando-a como

parâmetro, interpretou as manifestações culturais dos negros como

primitivistas, excêntricas e esquisitas. Por essa razão, talvez, é que as

festas, as danças e as músicas tenham chocado tanto os viajantes.

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A melodia e os gestos livres – como o da “umbigada” – que caracterizavam o batuque, por exemplo, incomodaram os estrangeiros que, negativamente, registraram suas impressões em função de seus próprios padrões morais e religiosos. Para Spix e Martius, a música era estridente e a dança “obscena”; Freyreiss considerou a música “infernal” e a gritaria “insuportável”, enquanto a dança era “lasciva”; Saint-Hilaire classificou a “dança indecente” e a “música bárbara, monótona e cansativa”.

Os mesmos viajantes viram em certas manifestações de paganismo, “sem provavelmente suspeitarem do sentido exato da mistura do [...] profano com o religioso ou cristão”. Na realidade, o sincretismo religioso se fez presente nas comemorações da igreja Católica que, sabiamente, incorporou às suas festividades elementos da cultura africana”.

Ao que parece, o observador estrangeiro não assimilou, nessas manifestações exteriorizadas da cultura negra, a válvula de escape da constante repressão a que estavam submetidos os cativos. Dessa forma, o negro recuperou seus cultos, sua maneira de ser e de comportar-se. Reordenou com plasticidade peculiar todo um universo de ritos e valores de origem. Sua vitalidade garantiu a sobrevivência psíquica e a reafirmação de sua identidade africana. Em torno das festas gestava-se um mundo de relações sociais e estratégias de ajustamento ao duro cotidiano, caracterizado pelos trabalhos forçados e, não raro, pelos maus-tratos.

Aqueles que não suportavam as agruras do sistema fugiam em busca da liberdade. Em geral, eram reconhecidos pelos sinais no corpo: tatuagens, cicatrizes, marcas de fogo de tribo ou nação de origem, sinais de propriedade, etc. Suas descrições físicas também serviam como forma de identificação , “verdadeiros retratos falados” que eram publicados nos jornais.

Caçados como animais pelos capitães-de-mato - capangas negros ou mulatos do senhor branco - retornavam aos seus proprietários e eram severamente punidos por tais gestos de rebeldia .

Ao representar cenas de castigo em geral , o artista buscou, enfim, enfatizar as relações senhor/escravo como matriz estruturadora da sociedade e da economia.

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•Qual a natureza desse documento? •Quem o produziu?•Quando? •Com que objetivo? •Como chegou até nós? •Qual a questão central dele? •Que tipo de mensagem o autor quer transmitir? •Como ele nos permite conhecer o passado? •À partir das discussões em sala, como você percebe que é visto o negro hoje? Ainda existe preconceito racial na sociedade atual? O que mudou e o que permanece igual aquela sociedade escravocrata?

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Valorização da Cultura Negra

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Na literatura Infantil

Livro: Betina

Nilma Lino Gomes

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Livro: BETINAAutora: Nilma Lino GomesIlustrações: Denise Nascimento

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Menina, minha menina, quem te fez tão bonitinha: foi o sol, foi a lua...

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Ou as estrelas miudinhas?

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- Ai! Ui! Vó! – reclamava a menina.- Que é isso, Betina? Estou penteando com tanto cuidado! Seguro cada montinho de cabelo bem perto da raiz e ainda uso um pente de madeira com dentes grossos. Então, deixa de manha! – ralhou a avó.-Eu sei, vó! Mas, mesmo assim, dói! Ainda bem que, depois do penteado pronto, eu me sinto bem! – disse a menina, com cara de levada.- Oh, minha querida! Apesar de saber que não tem jeito de evitar uns puxõezinhos, a vovó penteia o seu cabelo com muito carinho – a avó falava devagarzinho... devagarzinho... sua voz parecia música.O dia de fazer penteado novo era especial. A avó tirava as tranças ou o coque antigos, lavava o cabelo da neta, passava creme para desembaraçar, desembaraçava, lavava de novo e secava com a toalha. Nessa última etapa, o cabelo já não tinha mais creme. Uma dica: o segredo para um bom trançado é deixar o cabelo bem limpinho e sem creme. Evita caspa e facilita o manusear dos fios.Depois de todas estas etapas, a avó sentava-se em um banquinho, colocava uma almofada para Betina sentar-se no chão, jogava uma toalha sobre os ombros da menina, dividia o cabelo em mechas e ia desembaraçando, penteando, trançando uma a uma, com uma rapidez incrível.Enquanto trançava, avó e neta conversavam, cantavam e contavam histórias. Era tanta falação, tanta gargalhada que o tempo voava! E, no final, o resultado era um conjunto de tranças tão artisticamente realizadas que mais parecia uma renda.

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Imagem:avó trançando o cabelo de Betina, avó em um banquinho verde, sentada, Betina em um almofadão vermelho, sentadinha aos pés da avó.

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Quando a avó terminava o penteado, Betina dava um pulo e corria para o espelho. Ela sempre gostava do que via. Do outro lado do espelho, sorria para ela uma menina negra, com dois olhos grandes e pretos como jabuticabas, um rosto redondo e bochechas salientes, cheia de trancinhas com bolinhas coloridas nas pontas.

- Adorei essas, vó! Ficaram mais diferentes” – gritava a menina, enquanto pulava no pescoço da avó, dando-lhe beijinhos.

-Chega! Chega! Ai! Ui! Você está me sufocando, sua danada! Vou lhe fazer cócegas se você não parar – dizia a avó, toda orgulhosa e contente ao mesmo tempo.

-Ei, vocês duas! – gritava a mãe de Betina, lá de dentro da casa. – Que gritaria é essa?! Não sei quem é mais criança nessa história!!!!

-Avó e neta começavam a rir. Betina sussurrava no ouvido da avó:- Hi, hi, hi!!! Ela está com ciúmes, vó!!!!

-Fica quieta, menina! – a avó já não aguentava mais de tanto rir.

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Imagem:Betina se olhando no espelho, após o penteado estar pronto. Do outro lado do espelho, sorri para ela uma menina negra, com dois olhos grandes e pretos como jabuticabas, um rosto redondo e bochechas salientes, cheia de trancinhas com bolinhas coloridas nas pontas.

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Os cremes que a avó usava para lavar o cabelo de Betina eram tão cheirosos! No outro dia, ao sair à rua com os cabelos trançados, por onde a menina passava, os comentários eram:

-Que tranças lindas!-Lá vai Betina, de tranças novas!-Parecem rendas!-Parecem bordado!-Que cabelo cheiroso!Na escola, a professora comentava:-Uai! Já mudou de penteado de novo, Betina. Essa menina é

mesmo impossível!Betina sorria com suas bochechas salientes e respondia,

orgulhosa:-Foi a minha avó quem fez.

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Imagem:Betina e avó juntas, lado a lado, Betina com uma bola embaixo do braço, a avó carregando a mochila da menina, amarela. Tanto a menina quanto a avó estão com os cabelos lindamente trançados. Cena cheia de flores que parecem feitas de bordado ou renda, lembrando o penteado da menina.

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No recreio, vários coleguinhas perguntavam como as tranças eram feitas e Betina dava explicações toda cheia de pose.

-Dá para fazer no meu cabelo, Betina?-Dá sim, mas tem que ver o tamanho do cabelo. Se o cabelo

estiver curto ou for muito liso, é preciso emendar com um pouco de cabelo comprado na loja.

-Mas aí vai colocar um cabelo de mentira! Credo! – diziam outras colegas.

-Calma, gente! – alertava a garota. –É um tipo de emenda que parece cabelo, mas quase ninguém nota. Muita gente usa, sabia? Gente negra, gente branca... As pessoas que têm cabelos crespos e muito curtos também precisam emendar. Homens e mulheres, viu?! Minha avó disse que as atrizes das novelas vivem fazendo isso! Emendam os cabelos com fios postiços e todo mundo acha lindo. Minha avó até acha que elas aprenderam isso com a gente.

Mas havia também quem não gostasse das tranças de Betina. Menino e menina que torciam o nariz puxavam as tranças da garota quando ela estava distraída. Betina respondia, de forma enérgica, não deixava passar nada:

-Pára com isso! Tá com inveja, é?! Se quiser, peço a minha avó para fazer trancinha no seu cabelo também.

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Imagem:Vários pés, cada um de uma cor: lilás, rosa, azul, branco, e uma bola colorida, desenhados em formação circular. Ao redor da bola está escrito: Maria viola, com quem está a bola?

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O tempo foi passando e Betina crescendo. Sua avó foi envelhecendo... Envelhecendo... Um dia, a avó falou com a netinha:

-Betina, sinto que, daqui a pouco tempo, vou me encontrar com nossos ancestrais.

-Quem são os ancestrais, vó? Ih! Acho que já sei. É gente morta, né?

-Mais ou menos, querida! São pessoas que nasceram bem antes de nós e já morreram. Algumas nasceram aqui mesmo, no Brasil, e outra viviam numa terra bem longe, chamada África. Elas nos deixaram ensinamentos e muita história de luta. A força e a coragem dessas pessoas continuam até hoje em nossas vidas e na história de cada um de nós.

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Imagem:Avó de Betina sentada em uma cadeira de madeira, Betina de pé ao seu lado abraçada a ela, as duas estão olhando para o céu, a cena parece estar ocorrendo no espaço, tem várias naves espaciais em vôo e uma aterrisada, dão a impressão de que á avó está prestes a fazer uma viagem para se juntar a seus ancestrais.

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-E eu posso ir com você encontrar com os ancestrais, vó? Não quero deixar você ir sozinha. A avó sorriu e passou a mão no rostinho da neta:

-Ainda não! Você ainda tem que viver muito nesta terra, querida! E tem que ensinar muita coisa as outras pessoas. Quem sabe um dia você irá me encontrar! Mas, por enquanto, vai ficar por aqui, vivendo sua vida e fazendo muitas coisas interessantes. Mas, antes de partir, eu quero lhe deixar um presente.

-O que é, vó? Bombom? É um conjuntinho de batom e esmalte?-Não, sua tolinha! Vou lhe ensinar a fazer tranças.-Mesmo? Oba! Oba! As meninas lá na escola vivem me pedindo para trançar

os cabelos delas e eu ainda não sei...-Mas com uma condição – afirmou a avó.-Qual? – Betina arregalou ainda mais os olhos grandes.-Você vai trançar o cabelo de toda a gente, ajudando cada pessoa que

chegar até você a se sentir bem, gostar mais de si, sentir-se feliz de ser como é, com o seu cabelo e a sua aparência.

-Ih, vó! Mas isso é difícil! Parece até aquelas histórias de fadas em que a menina tinha que fazer alguma coisa para ficar feliz no final!? Não sei se eu consigo isso...

-É claro que consegue! E onde está esta força que eu vejo nestes olhos cor de jabuticaba? E essa coragem que vejo pulsar neste coração? É claro que consegue!

-Então tá, vó! Eu aceito! Quando começamos? Ah! Mas, antes, fale com os ancestrais para esperarem mais um pouco. Nós duas temos muita coisa para fazer, aqui, ainda.

Avó e neta sorriram e se abraçaram. Naquele dia, as duas ficaram ainda mais amigas.

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Imagem:Avó e neta abraçadas, as duas com os olhos fechados, com uma expressão facial de indizível carinho...

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O tempo voou mais um pouco. Daquele dia em diante, a avó passou a ensinar Betina a trançar. A menina aprendia com rapidez e, a cada vez, trançava melhor. Trançava o cabelo da mãe, das irmãs, dos irmãos, dos primos, dos vizinhos e... acreditem!!! Até da avó!

O tempo passou ainda mais (êta tempo que voa, né?). A avó de Betina foi se encontrar com os ancestrais e Betina tornou-se uma mulher adulta e com uma energia contagiante. Mas, além de crescer, a nossa Betina-menina-trançadeira virou Betina-mulher-cabeleireira. Ela montou um salão de beleza que cuidava, trançava e penteava todos os tipos de cabelos e de todo tipo de gente. Mas o seu salão tinha algo especial: era um dos poucos na cidade que sabia pentear e trançar com muito charme e beleza os cabelos crespos.

O salão ficava cheinho de gente e Betina precisou empregar muitas pessoas para ajudá-la no trabalho. Afinal, era tanta gente que ela sozinha não conseguia cuidar de tudo. No dia a dia do salão, Betina corria pra lá, corria pra cá, trançava, penteava, atendia ao telefone, conversava com todo mundo, sempre alegre e com as bochechas sorridentes, como era desde criança. O salão foi se tornando um lugar muito legal de se ir e de conviver e, aos poucos, Betina ficou conhecida por muita gente, dentro e fora da sua cidade e imagina... Até fora do país.

Quem passava pelo salão da Betina saía de lá com os cabelos bem tratados, com penteados diferentes, tranças criativas e cheio de energia boa! Parecia mágica!

Betina pensava: “Se minha avó estivesse aqui, ela ia ficar orgulhosa!”, e os seus olhos derramavam lembranças.

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Imagem:Betina aparece agora como uma mulher adulta, com os cabelos lindamente trançados. Está sorridente e pensativa, lembrando da avó. Na parede ao fundo, fotos de vários dos clientes de seu salão de beleza, todos com os cabelos graciosos e muito bem penteados, alguns parecem trabalho de obra de arte.

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Um dia, Betina recebeu um telefonema no salão.-Srta. Betina?-Sim – respondeu ela.-Sou a diretora da Escola Municipal Pixinguinha. Gostaríamos muito

de convidá-la para realizar uma palestra para os alunos e alunas da nossa escola sobre a arte de pentear e trançar. A idéia do convite veio dos pais dos próprios alunos. É possível? – perguntou a voz, ecoando do outro lado da linha telefônica.

Enquanto ouvia o convite sendo feito, Betina sentiu um friozinho na barriga, as pernas ficaram trêmulas, mas logo ela se recompôs e, com voz firme, respondeu:

-Aceito, sim. Vai ser um prazer e um grande desafio para mim.No dia marcado, ela foi com o cabelo todo trançado, roupa nova e

sapato de salto alto. Levou fotos de penteados, revistas e álbuns de desfiles. Ao entrar na escola, a cabeleireira viu muitas crianças e adolescentes de todas as cores, jeitos, tipos e tamanhos. Ao sentar-se numa cadeira, em frente de um grande grupo de crianças e adolescentes, viu, também, algumas crianças negras com cabelos muito bem penteados que a fizeram relembrar a sua infância.

A diretora apresentou-a à turma, falou da importância do seu trabalho, enfatizou como os seus pensamentos ajudavam as pessoas a se sentirem bem consigo mesmas e, logo a seguir, passou a palavra á cabeleireira. No entanto, Betina pegou todo mundo de surpresa. Ao invés de falar, ela preferiu ouvir as crianças e os adolescentes em primeiro lugar.

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Imagem:Várias tranças coloridas, um trevo de quatro folhas colorido: azul, rosa, verde, lilás. Ao lado do trevo, escrita a palavra sabedoria.

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-Primeiro – disse ela, olhando para os seus ouvintes atentos – quero saber se alguém gostaria de me perguntar alguma coisa.

Lá no fundo, uma menina negra, com bochechas salientes e olhos pretos, levantou a mão e disse:

-Betina, quem ensinou você a trançar cabelo?A cabeleireira respondeu:-Foi a minha avó – e seus olhos se encheram de saudade.-E quem ensinou a sua avó? – perguntou um menino negro de olhos cor de

mel.-A mãe dela.-E quem ensinou a mãe dela? – indagou uma adolescente branca com

piercing no nariz.-A mãe dela...- e quem ensinou a outra? – gritou uma criança lá atrás, quase

escondida, levantando o braço.-A tia dela!!!-Ah! Então, uma ensinava a outra! – concluiu uma adolescente com jeito de

índia.-É isso mesmo! Na história da minha família, a arte das tranças foi ensinada

de mãe para filha, de tia para sobrinha, de avó para neta e assim por diante. Uma mulher foi ensinando para a outra até chegar a mim. Mas isso não aconteceu só na minha família. É uma forma muito comum de ensinar e aprender presente na história de muitas famílias brasileiras (e também de outros países), principalmente, as negras. Em nosso país, muito do que sabemos hoje, tem sido comunicado desta maneira – explicou a cabeleireira, emocionada.

-Poxa! – suspirou uma menina negra sentada bem à frente de Betina. – Então, a gente tem muita história para aprender e para contar. Fale mais, Betina!!!!

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Imagem:Espaço sideral, cheios de constelações e estrelas, três aeronaves voando a toda velocidade...

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Na religião e na música:o sincretismo

A Grande Luz

http://www.paimaneco.org.br/

Fonte Oral 1

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A Grande Luz Existe até gente grande

Com medo da escuridãoTambém existem pessoasTemendo uma explicaçãoOxossi orixá das matas

É o mesmo São SebastiãoIemanjá é a Nossa Senhora da Conceição

A Igreja tem os seus santosA Umbanda os seus orixás

As duas se sincretizamAs duas pregam a paz

O mesmo Deus numa IgrejaÉ Zambi Obatalá

Apenas mudando o nome Jesus Cristo é Oxalá

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Na bondade de Sant'AnaUm bom umbandista crê

Na figura venerandaDa mãe Nanã Buruquê

Mudando até no espaçoO laço que não se vê

Temos são Bartolomeu Orixá Oxumaré

Se alguém que está me escutandoAinda sente temor

Permita que lhe esclareçaQue a Umbanda é paz e amor

Amor que rejuvenesceEssa força superior

É a grande luz que nos guia É o nosso Criador

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•Qual a natureza dessa fonte? •Pode-se averiguar quem a produziu e quando foi?•Com que objetivo? •Como chegou até nós? •Qual a questão central da música? •Que tipo de mensagem o/ autor/a quer transmitir? •Como ela nos permite conhecer o passado? •A música evidencia o quê? Resistência ou submissão passiva de uma cultura frente a outra? Explique sua resposta.

Page 42: Roteiro didático de história tecnologia aplicada à educação

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Bibliografia• CARNEIRO, Maria Luiza Tucci; KOSSOY, Boris. O Olhar Europeu:

O Negro na Iconografia Brasileira do Século XIX. EDUSP, 2002, 2ª edição. In: http://books.google.com.br/books?id=x9VAjl1vC9MC&printsec=frontcover&dq=carneiro+e+kossoy+o+olhar+europeu&source#

• GOMES, Nilma Lino. BETINA. BH: Mazza Edições, 2009• LEMOS, Cláudia Santana; FERREIRA, Neliane Maria. A Escravidão

Negra no Brasil: Análise dos Aspectos Cultura e Trabalho por meio das Obras de Johann Moritz Rugendas e Jean Baptiste Debret. In: http://www.fucamp.com.br/nova/revista/revista0106.pdf

• SILVA, R. A. Memória Afro-Brasileira. Imaginário, Cotidiano e Poder –. SP: Selo Negro Edições, 2007

• http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/visoes-passado-423234.shtml

• http://www.paimaneco.org.br/