robert alan dahl resenha

5
Universidade Federal de Santa Catarina Centro Sócio-Econômico Departamento de Ciências Econômicas Disciplina: Ciências Políticas Professor: Eriberto Meurer Acadêmica: Domitila Souza Santos Resumo do capítulo XII “Que condições subjacentes favorecem a democracia?” de Robert Alan Dahl. O autor, neste capítulo, discute que condições subjacentes que favorecem a democracia a fim de elucidar uma outra questão: “Como é possível que, após tantas ascensões e quedas da própria democracia, suas instituições consigam ser as mais amplamente disseminadas pelo mundo?” Ele apresenta que para estabelecimento destas, há condições essenciais e condições que favorecem a situação para que isso ocorra. As condições consideradas como essenciais para o autor são: “controle dos militares e da polícia por funcionários eleitos”, “cultura política e convicções democráticas” e “nenhum controle estrangeiro hostil à democracia”. (Dahl, 2000). Uma democracia não pode ser “instalada” em um país no qual não tenha controle de suas “forças físicas”, ou seja, da Polícia e militares afinal, estes são os únicos que legitimamente podem fazer uso da força em prol de um objetivo que, obviamente, para sustento do regime, deve estar

Upload: domitila-souza

Post on 26-Jun-2015

656 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Robert Alan Dahl Resenha

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro Sócio-Econômico

Departamento de Ciências Econômicas

Disciplina: Ciências Políticas

Professor: Eriberto Meurer

Acadêmica: Domitila Souza Santos

Resumo do capítulo XII “Que condições subjacentes favorecem a

democracia?” de Robert Alan Dahl.

O autor, neste capítulo, discute que condições subjacentes que favorecem

a democracia a fim de elucidar uma outra questão: “Como é possível que, após

tantas ascensões e quedas da própria democracia, suas instituições consigam ser

as mais amplamente disseminadas pelo mundo?” Ele apresenta que para

estabelecimento destas, há condições essenciais e condições que favorecem a

situação para que isso ocorra. As condições consideradas como essenciais para o

autor são: “controle dos militares e da polícia por funcionários eleitos”, “cultura

política e convicções democráticas” e “nenhum controle estrangeiro hostil à

democracia”. (Dahl, 2000).

Uma democracia não pode ser “instalada” em um país no qual não tenha

controle de suas “forças físicas”, ou seja, da Polícia e militares afinal, estes são os

únicos que legitimamente podem fazer uso da força em prol de um objetivo que,

obviamente, para sustento do regime, deve estar intrínseco ao sistema vigente,

para que não ocorra nenhum tipo de golpe.

A segunda condição é a de que para a manutenção da democracia, os

territórios e seus cidadãos tenham cultura e convicções democráticas. Quando se

trata de convicções democráticas é necessário que esteja subentendido que são

valores que foram construídos e disseminados culturalmente com a finalidade de

que os cidadãos pensem que democracia e igualdade política são objetivos

desejáveis; que o controle sobre militares e policia deve estar nas mãos de quem

Page 2: Robert Alan Dahl Resenha

governa e que as instituições democráticas devem ser mantidas. E de maneira

alguma é esperado que todos pensem da mesma forma, ou então não haveria o

porquê da democracia.

Como último item essencial à democracia é que não haja intervenções

hostis estrangeiras, um outro país interferindo em suas decisões. Essas

intervenções, geralmente são justificadas de maneira à iludibriar aqueles que, de

fato, sentirão tais decisões, ocultando as reais motivações o levaram a tal ação.

Como ilustração podemos nos recordar que há pouco foi visto a invasão do Iraque

pelos Estados Unidos sob o pretexto de estarem procurando armas nucleares que

estariam ameaçando a segurança mundial.

Já como condições que favorecem, Robert coloca Uma sociedade e

economia de mercado modernas e um fraco pluralismo subcultural. O primeiro se

remete ao fato de que o capitalismo, como representante desta economia de

mercado moderna, é gerador de desigualdades, no qual sempre marginaliza de

seus processos e decisões algum ou alguns setores da sociedade. É nessa

marginalização que se evidencia a desigualdade ao acesso dos recursos políticos,

mantendo, desta forma, sempre uma situação em que precisa que “alguma coisa”

– a democracia funcione como mediadora de tais questões.

Um fraco pluralismo cultural significa, no geral, que em um país onde hajam

diferentes culturas que convivem diariamente, nenhuma delas tenha força

suficiente para assumir sua administração. O autor nos traz como exemplo o caso

da Índia, que por mais que tenha inúmeras culturas que a formam e uma situação

generalizada de pobreza, os cidadãos foram preparados gradualmente para que

se “apegassem” ao “estilo democrático de viver” e justamente por serem tantas

culturas, nenhuma suficientemente grande para assumir o governo, por isso a

necessidade de um outro que seja aceito por todos.

A partir de todas estas informações vemos que para o estabelecimento de

um regime democrático há condições que favorecem seu surgimento e

manutenção. No entanto estas, não são pré-requisitos indispensáveis, como vimos

no caso da Índia, mas a medida que estas condições que favorecem a democracia

– e que geralmente desfavorece a população – forem se aprofundando, se não

Page 3: Robert Alan Dahl Resenha

houver um forte controle a situação escapará das mãos daqueles que governam, e

a situação se tornará insustentável. Isso porque haverá (ou já esta havendo, ou

ainda, sempre houve) graves conseqüências das desigualdades geradas por esse

sistema a fim de fazê-lo sentido em existir. Portanto o “triunfo da democracia”

neste século XXI dependerá de como serão resolvidas ou contornadas essas

conseqüências.

Page 4: Robert Alan Dahl Resenha

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DAHL, Robert Alan. Sobre a democracia. Tradução Beatriz Sidou. Brasilia: Editora

Universidade de Brasília, 2001. 230 p.