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Mobilização derruba MP 653 Pág. 6 Dengue e Chikungunya assustam Brasil Pág. 18 Nº 117 Jan Fev 2015 REVISTA ÓRGÃO OFICIAL DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO OS BURACOS DO SNGPC

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Mobilização derruba MP 653Pág. 6

dengue e chikungunya assustam BrasilPág. 18

Nº 117 Jan Fev 2015R E V I S T A

ÓRGÃO OFICIAL DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

os Buracos os Buracos os Buracos os Buracos os Buracos os Buracos os Buracos os Buracos os Buracos os Buracos os Buracos os Buracos os Buracos os Buracos os Buracos do sngPcdo sngPcdo sngPcdo sngPcdo sngPcdo sngPcdo sngPcdo sngPcdo sngPcdo sngPcdo sngPcdo sngPcdo sngPcdo sngPcdo sngPc

Page 2: Riopharma 117

índicePág. 5 Editorial

Mudança: mais que uma palavra, uma meta

Pág. 6 MoBiliZaÇÃoMP 653/14 “caduca”, mas mobiliza categoria

Pág. 18 tEcnologia FarMacêuticaVocê sabe o que é ensaio de dis-solução?

Pág. 39 qualiPharMaQualiPharMa tem novos cursos e supera expectativas

Pág. 35 EMPrEEndEdorisMoEmpreendedores do bem

Pág. 15 ÉticaPrincípios de Ética e Cuidado Farmacêutico

Pág. 32 agora É diFErEntEinvestimento nas redes sociais aproxima categoria

2 l revista rioPharma l jan . fev 2015

Pág. 14 MEMória da FarMáciaConheça a importância do Topázio imperial

Dengue e Febre Chikungunya: um perigo para a população

Pág. 20 saúdE PúBlica

Pág. 26 MatÉria dE caPa

Fórum SNGPC resulta em carta com sugestões de mudança

Pág. 12 dEstaquECrF homenageia profissionais que se destacaram

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EXPEdiEntE

Conselho regional de Farmácia do rio de Janeiro rua afonso Pena, 115 - Tijuca - rio de Janeiro - rJ CEP: 20270-244 Telefone: (21) 3872-9200 - Fax: (21) 2254-0331

Dúvidas e sugestões: [email protected]

Denúncias: fi [email protected]

Curta nossa página no Facebook e acompanhe o que acontece: facebook.com/oCRFRJ www.crf-rj.org.br

Diretoria Dr. Marcus Vinicius romano athila - Presidente Dra. Maely Peçanha Fávero retto - Vice-presidente Dr. robson roney Bernardo - Tesoureiro

Conselheiros Efetivos Dra. Carla Patrícia de Morais e Coura, Dra. Denise Costa ribeiro, Dra. Fabiana Sousa Pugliese, Dr. Francisco Claudio de Souza Melo, Dr. luiz Fernando Secioso Chiavegatto, Dr. José roberto lannes abib, Dra. Maely Peçanha Fávero retto, Dr. Marcus Vinicius romano athila, Dra. Melissa Manna Marques, Dr. Paulo Oracy da rocha azeredo, Dr. robson roney Bernardo, Dra. Tania Maria lemos Mouço

Conselheiros Suplentes Dra. Nilza Bachinski Pinhal, Dra. rejane Maria F. de Oliveira Carvalho, Dra. Silvania Maria Carlos França

Conselheiro Federal Dra. ana Paula de almeida Queiroz

Conselheiro Federal Suplente Dr. alex Sandro rodrigues Baiense

Editora e Jornalista Responsável adriane lopes (MTB – 17195)

Editora ChefeSônia lara (MTB – 16690)

RepórterPatrícia Mercês (MTB - 21451)

Estagiária de JornalismoMaria Karolina rodrigues da Silva

Diagramação e Projeto Gráfi co Grupo letra Comunicação - Cíntia Fernandes e Jaque Medeiros

Comissão Editorial Dr. Marcus Vinicius romano athila Dra. Maely Peçanha Fávero retto Dr. robson roney Bernardo Dr. Carlos alberto Santarém Santos Dra. aline Coppola Napp Dr. Bruno Silva Freire Dra. Elizabeth Zagni Schmied Gonzaga Dr. Fábio lima reis Dr. luiz Fernando Secioso Chiavegatto Dr. Marcos antonio dos Santos alves Dr. alex Sandro rodrigues Baiense

iX congrEsso BrasilEiro dE BiossEguranÇa

X congrEsso BrasilEiro dE FarMácia hosPitalar

29 de setembro a 1ª de outubro de 2015 - hotel Plaza São rafael - Porto alegre - rS

12 a 14 de novembro de 2015 - Expo unimedCuritiba - Pr

EXPoPharMa

13 a 15 de maio de 2015 - Centro de Convenções Sulamérica - rio de Janeiro - rJ

7º congrEsso ciEntÍFico do MErcado FarMacêutico

13 a 15 de maio de 2015 - Centro de Convenções Sulamérica - rio de Janeiro - rJ

Para conferir mais informações sobre estes e outros eventos, acesse: http://crf-rj.org.br/eventos.html

3 l revista rioPharma l jan . fev 2015

agenda

8º rioPharMa congrEsso dE ciências FarMacêuticas 15 a 17 de outubro de 2015 - Centro de Convenções Sulamérica - rio de Janeiro - rJ

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Os últimos meses abriram novos caminhos para o Conselho regional de Farmácia do rio de Janeiro. rotas que nos levam a um novo cenário onde cons-truímos uma entidade mais compromissada, transpa-rente em suas ações e obrigações, participativa, mo-bilizadora e, porque não dizer, sã.

Saímos de um quadro onde imperavam problemas contábeis, um posicionamento inconstante e uma gestão vertical, adotada pelas instituições há muito tempo e estruturada de forma que a hierarquia é uma das suas principais características. acreditamos que, para conduzirmos o farmacêutico no caminho do su-cesso, do reconhecimento e da qualidade dos serviços que presta ao cidadão deveríamos, antes de tudo, tra-zermos para mais perto esse profi ssional, justifi cativa de nossa existência.

Para tanto, lançamos nossos compromissos para conhecimento de todos e, passo a passo estamos cumprindo cada um deles. É importante citar o equi-líbrio das contas, saindo de um cenário negativo para um positivo; a renovação de nossa frota através da terceirização, o que a mantém renovada e com custos reduzidos; a união com outras entidades, estudantes e farmacêuticos; uma participação proativa nas lutas da categoria, e a convocação e a presença em atos de defesa da nossa profi ssão. Nunca estivemos tão pró-ximos da categoria. De forma inédita conseguimos exercer força mobilizadora e reunimos farmacêuticos, acadêmicos e até mesmo a população em torno de nossa causa. Enquanto isso, participamos da frente que avançou sobre o Congresso, negociando e pres-sionando os parlamentares contra a MP nº 653, que graças ao nosso empenho acabou “caducando”, ou seja, perdeu sua efetividade por não ter sido votada nos prazos exigidos pela legislação. Conquistamos, in-clusive, grande repercussão na mídia. aproveito este momento para parabenizar a todos que se engajaram nesta batalha e que assim, além de defenderem nossa

mais que uma palavra, uma metamais que uma palavra, uma metaMudança: Editorial

5 l revista rioPharma l jan . fev 2015

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categoria, também comprovaram nossa preocupação constante com a saúde da população.

Também nos aproximamos de farmacêuticos e es-tudantes através das plenárias, da atuação efetiva nas redes sociais, como Facebook, Flickr e Youtube, canais diretos de diálogo. aliás, esta sim é uma palavra que merece destaque: diálogo.

Na busca por essa gestão horizontal, descartamos aquilo que não agregava valor e primamos pelas res-ponsabilidades gerenciais de forma a trabalharmos produtivamente. assim, fortalecemos o CrF-rJ, a Farmácia, o farmacêutico, nosso orgulho e, principal-mente, o respeito da sociedade à nossa profi ssão.

Que 2015 seja um ano de ainda mais progressos e vitórias, já que as lutas não cessam. a todos os farma-cêuticos, todos os dias, principalmente no dia 20 de janeiro, a certeza de que esta profi ssão merece todos os esforços, apreço e dedicação a ela destinados.

um abraço do amigo,

Dr. Marcus AthilaPresidente do CRF-RJ

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MoBiliZaÇÃo

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da união se faz a força:

é na farmácialugar de farmacêutico

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a publicação da MP nº 653/2014 pela presidente Dil-ma rousseff há alguns meses trouxe novamente à tona uma discussão que perdura há décadas: qual a impor-tância do farmacêutico na farmácia comunitária? E a re-viravolta aconteceu exatamente quando se comemora-va a sanção da lei nº 13.021/2014, que criou o conceito de farmácia como estabelecimento de saúde. Mas, feliz-mente, graças ao empenho da categoria, da mobilização da mídia e o apoio da população, a medida provisória não foi votada pelo Congresso Brasileiro em tempo regi-mental e, portanto, caiu por decurso de prazo.

Mas, se por um lado a medida provisória trouxe ris-cos às conquistas obtidas após décadas de luta, por ou-tro devolveu à classe farmacêutica o espírito de união, demonstrado nas manifestações realizadas em Brasília, acompanhando de perto as votações no Congresso, ou espalhadas por todo o país, como foi largamente divul-gado pela imprensa, inclusive no rio de Janeiro.

Na capital fluminense, por duas ocasiões, o ato aconteceu nas escadarias da Câmara de Vereadores, na tradicional Cinelândia, no Centro. Farmacêuticos, acadêmicos e lideranças do setor usaram de palavras de ordem, faixas, cartazes e panfletaram à população, com o objetivo de esclarecer sobre como seria dano-so se o usuário de medicamento ficasse sem o serviço de assistência farmacêutica nas farmácias. O apoio foi imediato, inclusive com histórias como a do aposenta-do Jorge Francisco, de 69 anos, enfático no apoio ao protesto e à presença incondicional do farmacêutico. Ele contou que a esposa teve um problema de saúde, passou por três hospitais públicos, somente conseguin-do atendimento no último. após os procedimentos, o médico prescreveu um medicamento e ao chegar à farmácia, veio o esclarecimento, na pessoa do farma-cêutico de uma rede, de que aquele medicamento era destinado à outra enfermidade. O aposentado, afirmou que sua esposa foi salva pelo farmacêutico e concluiu que não quer ficar sem o serviço desse profissional.

Segundo Marcus athila, presidente do CrF-rJ, que esteve presente na manifestação carioca e também em Brasília, “a 653/2014 era um grande golpe para a profissão farmacêutica e deixava a população, já tão abandonada pelo poder público, sem o direito de ter o farmacêutico para lhe prestar seus serviços.” athila acrescentou ainda que “após a vitória da publicação da

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“O farmacêutico capacita a equipe, orienta o cliente, presta serviços

de saúde, prescreve, e ainda supervisiona e administra: pessoas,

medicamentos e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos

Controlados. Farmacêutico cuida. Farmacêutico dá credibilidade e

conquista clientes. a farmácia é mais farmácia com o farmacêutico!”

Fernanda ramos, farmacêutica

13.021/2014, que reconhece a farmácia como estabe-lecimento de saúde, a MP 653 descaracterizava toda a assistência ao paciente, que só o farmacêutico é capaz de dar”.

Para Maria letice Couto de almeida, presidente da aBF – associação Brasileira de Farmacêuticos, presen-te na manifestação, “o farmacêutico é o último elo da cadeia que pode detectar um engano, já que ele co-nhece o medicamento e o seu fim.” Maria letice disse ainda que, as profissões de médico e de farmacêutico se complementam e não se pode retirar o serviço do farmacêutico das farmácias e drogarias, por conta de redução de custos.”

José liporage, diretor do Sinfaerj – Sindicato dos Farmacêuticos do rio de Janeiro, disse que “já existe um número imenso de erros e intoxicação por medicamen-to, imagine o impacto na saúde pública, se a MP 653 fosse aprovada.”

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Plenária levou o debate aos estudantesa 534ª Plenária do CrF-rJ aconteceu no dia 26 de

novembro, na sede da aBF – associação Brasileira dos Farmacêuticos, no Centro do rio. No encontro, o pre-sidente do Conselho, Marcus athila, parabenizou a par-ticipação dos farmacêuticos e acadêmicos nas manifes-tações contra a MP 653/2014 e reafi rmou que esse é um momento difícil, mas “percebe que está nascendo um sentimento de orgulho pela profi ssão e isso é importan-te, pois gera a união.”

acadêmicos marcaram presença na plenária e tam-bém se manifestaram. O universitário luis Filgueiras, do 4º período da Faculdade universo, no município de São Gonçalo, falou da importância da integração entre es-tudantes e profi ssionais, pois entende que “a juventude tem força para ajudar na união da classe e lutar por um futuro melhor.”

Já Monique do Carmo, do primeiro período da Fa-culdade Celso lisboa, pela primeira vez na plenária, se sentiu valorizada em ter sua opinião ouvida por profi s-sionais já experientes e disse que escolheu a profi ssão por amor e a defenderia “com unhas e dentes”, contra a MP 653. Os estudantes também participaram ativa-mente nas manifestações.

a maioria dos conselheiros presentes parabenizou a iniciativa do CrF-rJ em promover os atos públicos. O coordenador da Seccional de Duque de Caxias, leonar-do légora de abreu, defendeu a importância da aproxi-mação da categoria num todo, mas também junto aos acadêmicos e o incentivo a já participarem dos movi-mentos em prol da profi ssão. Já o farmacêutico, Jimmy Ogoye, do Quênia, disse que “a MP 653 foi um mal, que se transformou em bem, pois uniu a categoria.”

um recurso muitas vezes desconhecido“acho que a população brasileira desconhece a possibilidade deste recurso, da assistência farmacêutica, o que

torna esta prática incomum em nosso país. Em países desenvolvidos, esse profi ssional desempenha um papel im-portante na prescrição, elaboração e dispensação dos fármacos, aumentando a segurança deste processo como um todo. Nos hospitais, a presença do farmacêutico clínico na ‘beira do leito’ tem contribuído para uma melhoria do atendimento ao paciente.” a opinião é do médico Tarso lameri Sant anna Mosci (CrM 5270034-7), presidente da regional rJ da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

Plenária levou o debate aos estudantes

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Segundo a empresária far-macêutica Fernanda de Oliveira ramos lira, também responsável técnica de uma farmácia comu-nitária, na Zona Sul do rio, o va-rejo farmacêutico vem passando por grandes mudanças, sendo algumas delas necessárias para se adequar e atender às neces-sidades da população de hoje. “a expressão ‘quem manda é o cliente’ é atemporal e os negócios de sucesso têm que mudar e se adaptar às necessidades deles”, teoriza.

hoje, acrescenta ela, a presen-ça do farmacêutico na farmácia não é só importante, é imprescin-dível. Farmácias e drogarias, que são estabelecimentos comerciais e unidades de saúde, vendem medicamentos, produtos que utilizados de forma inadequada podem trazer mais danos do que benefícios.

Pequena ou grande, mas com farmacêutico

Presença obrigatória quando o assunto é regulação

À frente de uma rede com 70 farmacêuticos e espalhada por diversos municípios do Estado do rio, o empresário farmacêutico adriano de Oliveira Santos considera que a presença deste pro-fissional dentro da farmácia comunitária e sua importância já são uma realidade conhecida pela população brasileira.

“Embora a lei (5.991) já exista desde 1973, lembra adriano, o farmacêutico vem conquistando seu espaço e demonstrando sua importância ao longo dos últimos anos, principalmente com a re-gulamentação da aNViSa, quando as exigências sanitárias para os estabelecimentos ficaram mais rígidas: a venda de medicamentos psicotrópicos, segundo a portaria 344; a intercambialidade de pro-dutos genéricos, em 1999; a inclusão ao controle de produtos an-timicrobianos; e o SNGPC, que são tarefas exclusivas do farmacêu-tico”. No entanto, ele considera que o tempo para estas atividades requer do farmacêutico uma dedicação integral, mas que deve ser muito bem dividida para que consiga ter o melhor aproveitamen-to, desdobrando-se entre as atividades burocráticas e sua partici-pação na vida cotidiana, no atendimento à população.

“acredito que o Brasil, a exemplo de outros países, tem muito a evoluir sobre o conceito da atenção farmacêutica, mas a boa notícia é que isso vem ocorrendo a passos largos. a população vem se conscientizando sobre a importância da presença do pro-fissional na farmácia, mas também acho que as instituições de ensino devam preparar melhor este futuro farmacêutico para esta atividade que vem ganhando corpo com o processo de evo-lução”, resume.

A empresária Fernanda Ramos e o farmacêutico José Ribamar de Souza

Monique do Carmo, estudante, nas manifestações

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longe ou perto a palavra é reconhecimento

Pirapetinga é um município mineiro, com 15 mil habitantes e a 411km da capital, Belo horizonte. a ci-dade possui sete farmácias, uma delas sob o comando de Priscila Machado ribeiro (CrF-MG 32349), de 26 anos de idade e formada há três.

a farmacêutica cresceu envolvida com a drogaria da família, mas já trabalhou, assim que se formou, em duas grandes redes do País, em Macaé, no rio de Janei-ro. isso trouxe a experiência que, segundo ela, as redes oferecem já que preparam seus funcionários com trei-namentos para que melhor atendam seus clientes. “É um aprendizado por dia, nos prestam total apoio, mas nos cobram uma boa conduta, um bom atendimen-to e nos incentivam a querer mais conhecimento. Já com os pequenos, esse interesse por complementar o aprendizado do farmacêutico nem sempre existe, cla-ro que para toda regra há exceção, mas o proprietário vê o farmacêutico como um gasto e que faz o mesmo que um prático. Não há a valorização do profissional, o que ocasiona a desmotivação”, considera.

De volta ao interior, Priscila é firme em dizer que o farmacêutico é imprescindível nas farmácias, porque são

estabelecimentos de saúde e não um simples comércio. E completa: “a pessoa que vai até uma farmácia é por-que está com algum problema de saúde, quer ser bem atendida, quer atenção, esse cliente necessita de todas as informações a respeito de um determinado produto, qual a sua interação com outros medicamentos e ou ali-mentos, possíveis contraindicações, entre outros fato-res. Principalmente no interior, onde, normalmente, há poucos médicos nos hospitais públicos e muitas vezes grandes filas. isso leva muitos pacientes com problemas de saúde recorrentes a procurarem o profissional far-macêutico para lhe indicar algum medicamento, como analgésicos, antitérmicos e fitoterápicos. Por tudo isso, não há condições de uma drogaria funcionar sem um farmacêutico presente. Estudamos anos para ter uma formação mais qualificada, para melhor prestação do serviço de saúde em relação a um técnico.”

isso inclui a prescrição farmacêutica, que para ela, só traz ganhos para o profissional e o cliente, já que vai desde a identificação da necessidade do paciente em relação à sua saúde e a escolha da melhor tera-pia, até a eficácia e custo. “atualmente não prescrevo, mas começarei ainda no primeiro semestre uma pós--graduação nessa área e iniciarei esta atividade aqui. Sei que temos muito a ganhar”, acredita.

Em uma análise para os próximos dez anos, Prisci-la Machado prevê que, com as farmácias e drogarias sendo um estabelecimento de saúde a profissão pros-perará, será um grande crescimento para o profissional e a população. Caso contrário, com situações como a MP nº 653, será a decadência da profissão e a desva-lorização do profissional farmacêutico. Para ela tudo se resume em uma única palavra: RECONHECIMENTO.

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dEstaquE

a solenidade do Dia de Orientação Farmacêutica foi marcada pela entrega do Prêmio do Mérito Cien-tífi co Professor Fernando Gomes Ferreira, edição 2014, na qual as farmacêuticas Elisângela inez Gon-çalves (autora principal), Nathalia Ferreira Vinagre e raquel rodrigues Pereira (coautoras), conquistaram a categoria “atuação Farmacêutica no Segmento hospitalar”, com o trabalho “análise da Prescrição de antibiótico na unidade de Terapia intensiva em hospital da rede Municipal de Saúde do rio de Ja-neiro”. O evento aconteceu no dia 11 novembro, na Casa–de–Trás–os–Montes e alto D’ouro, na Tijuca.

Na mesma ocasião, farmacêuticos e autoridades receberam as Comendas do Mérito Farmacêutico--rJ, pelos nobres serviços prestados à ciência e à pro-fi ssão farmacêutica. uma das homenageadas, Maria

Premiações e homenagens

Marcus Athila com as farmacêuticas Elisângela Inez Gonçalves, Nathalia Ferreira Vinagre e Raquel Rodrigues Pereira, vencedoras do prêmio

Diretoria do CRF-RJ com parte dos agraciados com a homenagem aos 40 anos

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letice Couto de almeida, diretora-presidente da as-sociação Brasileira de Farmacêuticos – aBF, afi rmou ter fi cado muito feliz por ser lembrada e homenage-ada. Ela fez questão de ressaltar que a noite reservou muito mais: “encontrei pessoas que não via há muito tempo, de todos os segmentos, antigos e novos, to-dos se confraternizando.”

a noite também ofereceu a oportunidade de ho-menagear os farmacêuticos que, em 2014, completa-ram o marco histórico de quatro décadas de profi ssão. Entre eles, Maria Betânia Vianna do Valle, formada na turma de 1974 da uFrJ. Ela contou que passou pelos setores da indústria, alimentação e análises clínicas e fez questão de ressaltar que ama ser farmacêutica. “Se tivesse que escolher, escolheria de novo a profi ssão. Tudo valeu a pena”, disse Maria Betânia, que partici-pou das Câmaras Técnicas de Farmácia Comunitária e Plantas Medicinais do CrF-rJ.

Maely Retto entregando a homenagem a Elaine Lazzaroni Moraes

Robson Roney Bernardo entregando o prêmio para Tereza Cristina Leitão

Medalha entregue às vencedoras do Prêmio de Mérito Científico

Comenda entregue aos

farmacêuticos que se

destacaram na profissão

Marcus Athila com a presidente da ABF, Maria Letice Couto de Almeida

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“Vejo que o CrF-rJ tem essa visão de agregar e isso é muito bom.” Maria letice Couto de almeida

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Silicato de alumínio e fl úor, com dureza 8 (na es-cala de Mohs), forma de prismas com estrias longi-tudinais, clivagem basal, densidade entre 3,4 e 3,6, brilho vítreo e cores que oscilam do amarelo ao ver-melho: esse é o topázio imperial.

Estudos indicam que “topázio” é uma deriva-ção do vocábulo sânscrito “tapas”, que signifi ca fogo; enquanto o “imperial” seria a designação dada em homenagem a Dom Pedro i, que maravilhou-se ao conhecer o mineral enquanto visitava Vila rica (MG). Entretanto, os antigos gregos o chamavam de “bri-lho da terra”, e acreditavam que a pedra captava a luz terrestre, trazendo ao seu portador alegria, oti-mismo e iluminação contra as trevas.

atualmente, muitos dizem que o topázio impe-rial age como uma espécie de “bateria”, recarregan-do as energias físicas e espirituais, e combatendo o esgotamento emocional, pois fortalece o plexo so-lar e auxilia na regeneração das estruturas celulares. além disso, ajuda a reconhecer nossas capacidades e

a ativar o intelecto, a concentração e a disciplina, au-xiliando aqueles que querem superar suas limitações e estabelecer planos ambiciosos.

Mas afi nal, qual o interesse do topázio imperial para o farmacêutico? Por reunir todas essas proprie-dades, a pedra foi eleita como símbolo de diversos cursos, entre eles, o de Música, Ciências da Compu-tação, Estatística, Matemática, Física, Comunicação Social e... Farmácia!

assim, em 28 de fevereiro de 2008, o Conselho Federal de Farmácia, através da resolução nº 471, estabeleceu que o topázio imperial na cor amarela fosse o mineral ofi cial do profi ssional farmacêutico, designando, no 5º artigo, que essa deve ser a pedra do anel de formatura, incrustada em aro de ouro.

Entenda por que o topázio imperial

MEMória da FarMácia

é importante para o farmacêutico

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Princípios de Ética

O exercício do cuidado é a capacidade de se colo-car no lugar do outro e, sobretudo, na capacidade de escutar. a ação de cuidar delineia graves e profundos desafi os de caráter ético em relação à liberdade, intimi-dade, justiça e bem. Quando o paciente procura uma instituição de saúde, por exemplo, a farmácia, ele bus-ca competência e capacidade para resolução de seus problemas, alguém que se envolva e cuide dele e de seus familiares.

O propósito da Farmácia é cuidar da pessoa do-ente e ajudar os cuidadores a exercer a sua função corretamente, na esperança de alcançar os resultados da terapêutica farmacológica. isso não signifi ca que o curar, ou seja, o exercício de restabelecer a saúde à uma pessoa, não seja um propósito da Farmácia. Sua especifi cidade reside no cuidar, mas o curar constitui também algo muito próprio da Farmácia. No exercício da Medicina, por sua vez, o fundamento e o constituti-vo é o curar, contudo, o cuidado, a atenção humana e individual da pessoa enferma é também requerimento indispensável para a boa práxis.

Cuidar e curar não devem ser vistos em separado, como processos paralelos, mas complementares e harmônicos. Não parece adequado dividir o processo assistencial em dois tipos de Medicina, uma orientada para curar e outra orientada para cuidar. E, tampou-co, parece sensato considerar que existe uma profi ssão para cada atividade, posto que o médico, ainda que cure, também deve cuidar, e o farmacêutico, ainda que cuide, também deve se preocupar com a cura do pa-ciente.

Cuidar signifi ca desvelo, solicitude, diligência, aten-ção, zelo e ser amável. Sempre ocorre de modo coe-rente quando a existência do outro passa a ter impor-tância para o cuidado. O cuidado se opõe ao descaso. Cuidar é mais que um ato, é uma atitude de ocupação,

Princípios de Ética Ética

de preocupação, de responsabi-lidade e de envolvimento afetivo com o outro.

O cuidar requer tempo e espaço, dedicação e técni-ca, ciência e sabedoria, conhecimento teórico e práxis e, ainda, um modelo institucional idôneo com condi-ções estruturais para o exercício do cuidado em que seja possível cuidar de um ser humano. Nesse sentido, o dever ético do farmacêutico não só consiste no bom exercício de sua profi ssão, mas também na reivindica-ção de condições adequadas com fundamento para o bom exercício do cuidar e curar. Nisso reside a di-mensão técnica, social, política e ética da profi ssão de Farmácia.

Cuidar de outro ser humano de forma ética exige preparo técnico e interativo, requerendo do farmacêu-tico o estabelecimento de atitudes positivas de afeto e solicitude, até a manutenção deliberada de compreen-são, empatia, aceitação e adoção de uma postura fl e-xível que permita reconhecer o outro como totalidade única.

Em linhas gerais, os princípios relevantes da relação farmacêutico – paciente são:

Beneficência: É um conceito de prática profi ssional em que o paciente é o principal benefi ciário das ações do farmacêutico. O princípio da benefi cência é o mais antigo da ética da saúde, pois tem suas raízes no Jura-mento de hipócrates: “a saúde do meu paciente será a minha primeira preocupação. Não permitirei que fa-tores de ordem religiosa, nacional, racial, política ou de caráter social se interponham entre os meus deveres e o meu paciente. Mostrarei o máximo respeito pela vida humana, desde o momento da sua concepção; nem mesmo coagido farei uso dos meus conhecimen-tos médicos para fi ns que sejam contrários às leis hu-manas”.

e cuidado Farmacêutico

Dr. Arnaldo Zubioli

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O Código de Ética Farmacêutica contém várias dis-posições em relação ao princípio da beneficência. Veja-mos algumas delas:

“O farmacêutico é um profissional da saúde, cum-prindo-lhe executar todas as atividades inerentes ao âmbito profissional farmacêutico, de modo a contribuir para a salvaguarda da saúde pública e, ainda, todas as ações de educação dirigidas à comunidade na promo-ção da saúde (preâmbulo).

a) O farmacêutico atuará sempre com o maior res-peito à vida humana, ao meio ambiente e à liberdade de consciência nas situações de conflito entre a ciência e os direitos fundamentais do homem.

b) a dimensão ética da profissão farmacêutica é de-terminada, em todos os seus atos, pelo benefício ao ser humano, à coletividade e ao meio ambiente, sem dis-criminação”.

infelizmente, a história da Farmácia e Medicina tem utilizado o princípio da beneficência como justificação para uma atitude paternal ante os pacientes.

ante esta atitude paternal, os médicos e farmacêu-ticos decidem o que é melhor para os pacientes sem, necessariamente, informá-los e sem o consentimento deles para os procedimentos e terapêutica farmacoló-gica a serem adotadas.

Os trabalhos mais recentes de ética farmacêutica e médica têm ressaltado os perigos da beneficência, cujos efeitos ameaçam o âmago de nosso ordenamen-to jurídico, edificado sobre os direitos individuais e li-berdades pessoais. Estes direitos incluem o direito de decidir por si mesmo se o tratamento atende ou não ao interesse próprio.

Autonomia: O princípio da autonomia estabelece o direito do paciente para sua autodeterminação, isto é, escolher e avaliar o que será feito com ele. Este direi-to está acima do julgamento do profissional de saúde mesmo que as decisões do paciente sejam prejudiciais para sua saúde. Desse princípio derivam procedimen-tos práticos: um é a exigência do consentimento livre e esclarecido, e o outro é o de como tomar decisões de substituição, quando uma pessoa é incompetente ou incapaz, isto é, quando não tem autonomia suficiente para realizar a ação de que se trate. O Código de Ética Farmacêutica afirma que o farmacêutico deve respeitar o direito de decisão do usuário sobre sua própria saúde e bem-estar, excetuando-se o usuário que, mediante

laudo médico ou determinação judicial, for considera-do incapaz de discernir sobre as opções de tratamento e/ou decidir sobre sua própria saúde e bem-estar.

Cabe ao farmacêutico garantir a proteção e respei-to aos pacientes que apresentarem autonomia reduzi-da ou não a possuírem.

O respeito pela pessoa está focalizado na capacida-de do paciente deliberar sobre suas escolhas, ações e pensamentos, sem nenhuma intromissão, livremente escolhido após juízo de consciência.

Os profissionais de saúde e os pacientes são sujeitos autônomos, que estabelecem relações interpessoais, partilham decisões sob parceria e em gozo de plenos direitos de cada um.

Honestidade: O princípio da honestidade afirma que os pacientes possuem o direito à verdade sobre a sua situação clínica, o desenvolvimento da doença, tratamentos recomendados, e opções de tratamentos disponíveis. O Código de Ética Farmacêutica afirma que o farmacêutico deve assumir, com responsabili-dade social, sanitária, política e educativa, sua função na determinação de padrões desejáveis do ensino e do exercício da Farmácia. Vale aqui a máxima de Oliver Wendell holmes (1809-1894), médico e escritor ame-ricano, de proveito análogo para os farmacêuticos: a missão do médico é curar às vezes, aliviar frequente-mente e confortar sempre.

Consentimento livre e esclarecido: a honestidade e a autonomia servem como fundamentos para o di-reito do paciente quanto a permitir um tratamento. O princípio do consentimento é a afirmação de que os pacientes têm o direito à verdade sobre todos os aspec-tos relevantes para a compreensão dos procedimentos de saúde, e deve dar o consentimento explícito para o tratamento antes de ser iniciado. O consentimento livre e esclarecido consiste de cinco componentes: re-velação, compreensão, voluntariedade, competência e consentimento.

infelizmente, na prática, o direito do paciente em fornecer consentimento livre e esclarecido tem resul-tado em ações por profissionais de saúde em que se focaliza mais a revelação do que a compreensão do paciente.

O termo “consentimento livre e esclarecido” equipa-rou-se com o de “forma de consentimento”, quando os pacientes são solicitados a assinar um documento antes

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do início de alguns tipos de tratamento. a responsabi-lidade do profissional de saúde é assegurar a compre-ensão do paciente, tudo o que ele necessita conhecer para tomar uma decisão sobre a instituição de planos terapêuticos adequados.

Os problemas criados por tratamentos inadequa-dos, incluindo as combinações impróprias de fármacos, aliado ao uso indevido de produtos têm chamado a atenção para os riscos envolvidos nestes procedimen-tos e os farmacêuticos devem assumir e dividir as suas responsabilidades como profissionais de saúde para assegurar que o consentimento livre e esclarecido ocor-reu antes do início do tratamento.

O Sigilo Profissional: O sigilo é aquilo que não se deve dizer a ninguém. a transmissão do segredo mes-mo a uma só pessoa acarreta a quebra do sigilo. Pois, é dever que o segredo é aquele obtido por quem se tor-nou confidente necessário, em razão de sua profissão.

Os médicos têm, no conhecido e tradicional Jura-mento de hipócrates, o caminho que devem seguir: Penetrando no interior dos lares, meus olhos são ce-gos, minha língua calará os segredos que me foram revelados, o que terei como preceito de honra. Como sabemos, o Código de Ética Farmacêutica estendeu o dever de sigilo aos farmacêuticos, quando determina: O farmacêutico deve guardar sigilo de fatos que tenha conhecimento no exercício da profissão, excetuando--se os de dever legal, amparados pela legislação vigen-te, os quais exijam comunicação, denúncia ou relato a quem de direito.

Este comportamento assegura ao paciente que todas as informações sobre seu estado de saúde e as condições de utilização de fármacos não serão transmi-tidas a terceiros sem a sua permissão. O segredo pro-fissional é a coisa mais importante para a preservação da dignidade humana dos pacientes. O sigilo explica que grande parte de nosso controle pessoal está entre-laçado com a nossa habilidade em escolher as pessoas para as quais revelamos as nossas confidências, e quais as informações que desejamos transmitir a outrem. O segredo é a essência da intimidade em relacionamen-tos interpessoais e deve ser controlado de forma mais pessoal possível.

Fieldade: É o direito que o paciente possui de ter profissionais de saúde interessados na promoção, pro-teção e recuperação de sua saúde, sem que interesses

de ordem econômica interfiram nesta relação profis-sional. O farmacêutico que indica o uso de vitaminas e outros produtos não prescritos para o paciente que de-les não necessita, para satisfazer os interesses financei-ros de empresa, acarretando aumento de custos para o paciente está na contramão da ética profissional. O farmacêutico que se recusa em dialogar com o médico sobre prescrições mal feitas, incompletas e inapropria-das, para que o médico continue a encaminhar pacien-tes para sua farmácia, é um desvio da conduta e uma perda de responsabilidade profissional. O farmacêutico deve centrar os seus serviços no interesse do paciente, e não na satisfação das necessidades econômicas do estabelecimento que dirige. Eticamente, a responsabi-lidade de um profissional de saúde, antes de tudo e em primeiro lugar, é com o custo/benefício de tratamentos dos pacientes.

a prática de Farmácia é social e deve acompanhar a execução de qualquer procedimento, o farmacêutico tem compromisso fundamental com a vida do paciente e adotará princípios orientados pelo código de ética da sua profissão. No entanto, é necessário que mantenha consciência ética ao exercer a Farmácia.

É impossível delimitar, no cuidado executado pelo farmacêutico, onde começa a qualidade ética ou a efici-ência técnica, pois estão de tal modo imbricados que, às vezes, a decisão da iniciativa é ética, mas a estratégia é técnica, em outros casos, a decisão técnica descrita em livros ou manuais de rotina é traduzida em uma postura ética de observação e respeito à vontade do paciente.

Faz-se necessário que as pessoas que atuam na assis-tência farmacêutica tenham consciência dos problemas éticos, podendo identificá-los e agir de acordo com os princípios do código de ética. Espera-se, também, que estejam atentas às diferentes orientações contidas na resolução de questões éticas, incluindo o respeito pela vida, pela autonomia individual, pela privacidade e pe-las consequências da política pública e, em particular, das decisões das políticas de saúde.

Dr. Arnaldo Zubioli

Farmacêutico e atual presidente do CrF-Pr; Doutor em Ciências Far-macêuticas e Mestre em Farmacologia com aperfeiçoamento em ad-ministração e especialização em Farmácia Clínica. Professor de Farma-cologia e Terapêutica, Ética, Deontologia e legislação Farmacêuticas. Membro Titular da academia Nacional de Farmácia; foi presidente e di-retor tesoureiro do CFF. Tem diversos livros publicados, entre eles, Éti-ca Farmacêutica (2004). Em Publicação: Tratado de Ética Farmacêutica.

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o ensaio de dissolução e sua importância

O ensaio de dissolução é um dos mais importan-tes testes de controle de qualidade sendo utilizado, inclusive, no desenvolvimento galênico de formula-ções farmacêuticas e também na estabilidade destas. Muitas vezes, não só empregado no controle de qua-lidade, mas também, no controle de processo verifi -cando a uniformidade e produção de um lote e sua reprodutibilidade. ainda podemos utilizar este ensaio para avaliar as mudanças de formulação através de estudos de bioequivalência e na sua correlação in vi-tro/in vivo.

Na década de 50, os ensaios de dissolução ganha-ram amplo espaço na literatura, pois começaram o estudo sobre a biodisponibilidade de fármacos. atu-almente, a avaliação e a comparação da liberação dos fármacos a partir das formas farmacêuticas têm gerado inquietações na indústria farmacêutica e as autoridades de registro. Para a produção ou desen-volvimento de uma forma farmacêutica é necessário garantir que estes fármacos sejam liberados no órgão alvo, no tempo e solubilidade adequados e este en-saio nos permite verifi car a questão desta solubilidade predizer o funcionamento da fórmula efetivamente1.

Na verdade, a dissolução propriamente dita, é um fenômeno físico-químico onde o fármaco é liberado da sua forma farmacêutica, sendo solubilizado onde

será absorvido pelo organismo. Esta solubilidade e a velocidade de absorção dependem de vários fatores como: superfície e tamanho da partícula, ph, solubi-lidade na camada de difusão, entre outros. a outra aplicação deste ensaio é em relação ao seu perfi l de dissolução, na qual pode nos orientar no desenvol-vimento de novas formulações, verifi cando a unifor-midade e desempenho destas, aplicando, inclusive, no estabelecimento da semelhança entre uma nova formulação ou genérico existente. No perfi l de disso-lução, estabelecemos uma retirada de alíquotas do fármaco ao longo do tempo e construímos um grá-fi co na qual iremos obter o perfi l de liberação deste fármaco ao longo do tempo em relação a esta forma farmacêutica, bem como sua formulação.

O ponto crítico no perfi l de dissolução, além do gráfi co de concentração fármaco (%) X tempo é ob-servar os valores mínimos de absorção, bem como a sua cinética. Este ponto é fundamental para o desen-volvimento galênico e também na relação da equiva-lência farmacêutica.

tEcnologia FarMacêutica

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a dissolução do fármaco poderá nos orientar em termos galênicos se a formulação está adequada, já que esta depende da solubilidade do fármaco e da liberação deste de sua forma farmacêutica2. Nesta questão entra o Sistema de Classificação Biofarma-cêutica3 (SCB), criado em 1995, na qual hoje tem tido um impacto crescente nas práticas de regulamenta-ção e ensaios de equivalência farmacêutica, sendo utilizado, inclusive, nas fabricações dos medicamen-tos genéricos.

Esta classificação permite dividir os fármacos em quatros classes, dependendo da relação solubilidade/permeabilidade: classe i, os fármacos possuem alta solubilidade e permeabilidade e, em consequência, apresentam um alto grau de absorção. Em geral, a sua taxa de absorção é mais elevada que sua excre-ção, como é o caso dos fármacos, como propranolol. a classe tipo ii (baixa solubilidade e alta permeabilida-de), em geral, apresenta uma absorção mais lenta, já que sua dissolução é mais pobre ocorrendo, com isso, uma absorção ao longo de um período mais longo. a

questão desta classe é a solvatação do fármaco para que tenha uma melhor absorção. É o caso dos fárma-cos, como ácido mefenâmico, nifedipina, naproxeno, carbamazepina. Na classe iii (alta solubilidade e baixa permeabilidade), a permeabilidade é o passo limitan-te da velocidade para a absorção do fármaco. aqui estão os casos de aciclovir, ranitidina, Cimetidina e Captopril. a classe iV (baixa solubilidade e baixa per-meabilidade) apresenta fármacos mais problemáticos para a dose oral. Estes compostos têm uma fraca bio-disponibilidade e, geralmente, não são bem absorvi-dos, apresentando uma alta variabilidade de absor-ção. São os casos de fármacos, como hidroclortiazida e furosemida.

Estes estudos podem ser aplicados à equivalência farmacêutica que poderá nos orientar, por exemplo, em relação à intercambialidade entre medicamento genérico e o seu respectivo de referência (medica-mento de marca ou inovador).

Por Dr. Robson Roney BernardoDiretor Tesoureiro do CRF-RJ

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1. MarCOlONGO, r. Dissolução de medicamen-tos: fundamentos, aplicações, aspectos regulató-rios e perspectivas na área farmacêutica. 2003. 127 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuti-cas) – universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.

2. DE SOuZa, J; FrEiTaS, ZMF.; STOrPirTiS, S. Modelos in vitro para determinação da absorção de fármacos e previsão da relação dissolução/ab-sorção. revista Brasileira de Ciências Farmacêuti-cas, vol. 43, n. 4, out/dez., 2007.

3. liNDENBErG, M.; KOPP, S.; DrESSMaN, J. B. Classification of orally administered drugs on the World health Organization Model list of Essential Medicines according to the biopharmaceutics clas-sification system. EJPB, v. 58, p. 265-278, 2004.

4. STOrPiriTiS,S. ; MarCOlONGO, r.; GaSParOTTO,FS.; VilaNOVa, C.M.a equivalência farmacêutica no contexto da intercambialidade entre medicamentos genéricos e de referência: ba-ses técnicas e científicas. infarma, São Paulo, v. 6, n. 9-10, p. 51-56, 2004.

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Morar num país tropical nem sempre é razão para poesia e letra de música, a exemplo da antiga melodia que fez sucesso na voz de Wilson Simonal (“Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza...). Muitas vezes, viver entre os Trópicos é sinônimo de ambiente demasia-damente propício a uma enorme quantidade de doenças provocadas por vírus que encontram nas regiões mais quentes do mundo o local ideal para sua disseminação.

E os dados sobre a febre chikungunya aqui no Brasil ratificam essa tese. hoje, já temos mais de mil casos registrados, de acordo com a médica infectologista Otília lupi, da Fundação Oswal-do Cruz. Os estados mais atingidos são roraima, amapá, Bahia, São Paulo, Minas Gerais e, até o fi-nal desta edição, já tinham sido identificados, no rio de Janeiro, três casos.

De acordo com a abordagem da médica, essa febre, na origem, tem relação com infecção prove-niente de animais. Geralmente, é transmitida dos mosquitos para primatas ou outros mamíferos. Ela foi identificada, na década de 50, na Tanzânia, no Quênia e no Norte de Moçambique. “ali naquela região, a chikungunya era uma espécie de dengue. E essa transmissão que sai dos animais e chega até o homem, nós chamamos de salto interespécie”, esclarece.

Quando apareceram os primeiros casos da do-ença, ela chamava a atenção, de acordo com os cientistas, pois levava a um quadro agudo de do-res articulares, “doença febril aguda”. Esse fator a diferenciava das outras febres ocorridas na região do Continente africano porque deixava o doente curvado devido às dores, por isso o nome “chikun-

gunya”, que significa pessoa que anda curvada. Em outras regiões é chamada “catolotolo”, tam-bém por essa mesma característica.

Dra. Otília lupi, pesquisadora há anos de do-enças dessa natureza, relata que esteve na região próxima de onde surgiu a febre e constatou que ela ficou restrita àquela área durante muito tem-po. Mas em toda infecção viral, com o passar dos anos, o vírus se modifica e acaba demonstrando um padrão diferente do encontrado na origem.

“Em meados de 2004, aproximadamente, na região de ilha lamur, perto do Quênia a febre chikungunya surgiu com um padrão diferente. até então, havia uma endemia, que é mais comum. a mudança de padrão deu início a uma onda epidê-mica. Ela se espalhou pela África Oriental e Oce-ano Índico com uma taxa de ataque considerada alta para os padrões de pesquisa de epidemia (em torno de 75%)”, esclarece a médica.

E quais são as vítimas mais suscetíveis à do-ença? De acordo com Dra. lupi, as pessoas com maior probabilidade de serem acometidas com a febre são as que nunca tiveram, pois sofrendo do mal uma vez, o organismo já adquire anticorpos, diferente da dengue. E os idosos também são bem vulneráveis se tiverem contato com os vetores: o mosquito aedes aegypti e o aedes albopictus.

mil casos da chikungunya

saúdE PúBlica

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“É possível que várias pessoas, além dos números que temos, já tenham sofrido da doença e sequer saibam que a contraíram.”

Brasil já registra mais de

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Bilhões de pessoas podem estar sujeitas à febre

no Brasil levou 10 anos para chegar

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Brasil já registra mais de

Bilhões de pessoas podem estar sujeitas à febreBilhões de pessoas podem

Otília lupi relatou que o transmissor da febre chikungunya é uma espécie de alpha Vírus. E o que signifi ca essa insígnia? Segun-do os pesquisadores, ele é espécie de vírus rNa, ou seja, tem material genético na sua forma fi nal da proteína e por esta caracte-rística é muito mutável. “Qualquer mudança no ambiente ou na região onde está o vetor suscita sua mutação de proteína e, por isso, se adapta facilmente a diversos ambientes”.

E essa característica específi ca foi identi-fi cada na itália, quando cientistas descobri-ram evidências desse vírus por lá, em 2009. Eles compararam o vírus da epidemia, que já tinha passado por mutação genética, e constataram o por quê da doença não ter mais comportamento restrito às regiões de origem, ou seja, deixou de ser uma endemia para se tornar uma epidemia pelo mundo afora.

alpha Vírus

Como os vetores do vírus normalmente se ins-talam em Zonas Tropicais, há grande possibilidade de cerca de 4 bilhões de pessoas no mundo, neste momento, estarem sujeitas à febre chikungunya. “Esse prognóstico se dá por causa de diversos fato-res, além do climático. Entre eles, a intensidade do tráfego aéreo. as pessoas hoje viajam muito mais, se deslocam muito mais e uma pessoa infectada chega numa região, é picada e o mosquito vetor vai propa-

No Brasil, segundo a cientista da Fiocruz, o mal le-vou uma década para chegar. há quatro anos ele foi identifi cado no Norte do território nacional e acredi-ta-se que seja oriundo da américa Central. Segun-do Otília lupi, cientistas do mundo todo já estavam acompanhando a migração do vírus há alguns anos e como ele pode ter chegado à américa do Sul. No Brasil, pode ter entrado através das Guianas France-sas e do amapá.

“aqui já há evidência de transmissão autóctone, ou seja, não importada, não oriunda de outras regi-ões estrangeiras, transmissão ocorrida internamente. isso signifi ca que o mosquito aedes albopictus na-cional já picou alguém infectado e propagou o vírus entre a sua espécie, que está transmitindo a doença em larga escala. Como já cogitei, há possibilidade de haver gente que já teve a doença de forma suave e sequer saiba que foi infectado. Mas já temos mais de mil casos registrados aqui no Brasil”.

gar a doença. a malha aérea faz com que a dispersão da doença aumente muito rápido”, explica.

Por enquanto, de acordo com cientistas, com en-dosso da infectologista, nas américas, o único país ainda protegido da doença é o Canadá, com previ-são de aparecimento do vírus em 2020 ou mais tar-de, em virtude da questão climática: o vírus não se propaga em regiões muitos frias porque o vetor (o mosquito) também não se adapta a elas.

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Todo o verão, o medo dos brasileiros se intensifi ca com a possibi-lidade de epidemia de dengue no país. Diversas formas de combate à doença, que já matou centenas de brasileiros, estão em estudo incessante, mas a novidade entre as recentes pesquisas, além da vacina que está sendo testada em ratos e só deverá ser usada em humanos a médio prazo, é o combate usando o próprio mosquito transmissor.

Nesse sentido há duas fontes de pesquisas que já estão bem avançadas e já foram, inclusive, colocadas à disposição no meio am-biente. a primeira delas é o desenvolvimento do mosquito transgê-nico. Produzido em laboratório, ele faz parte de uma tecnologia in-glesa que está sendo aplicada aqui no Brasil. a princípio começou a ser produzida em São Paulo, pelo instituto de Pesquisa da uSP, com aval do Ministério da Saúde e faz com que o macho, ao copular com a fêmea (transmissora do vírus da dengue), se torne estéril, incapaz de produzir larvas e, portanto, mais vetores no meio ambiente. “Essa técnica já foi devidamente aprovada pelo Ministério da Saúde e também é uma forma de controle vetorial, só que, ao invés de utili-zar inseticida, vai usar o próprio vetor no meio ambiente”, esclarece a infectologista Otília lupi.

a segunda modalidade de pesquisa tem grande participação da Fiocruz. Trata-se de uma espécie de infecção que acomete o próprio mosquito e se propaga em outros da espécie (fêmeas e fi -lhotes) impedindo a evolução da dengue dentro do próprio vetor. Com isso, o vírus não se desenvolve e nem pode ser transmitido a seres humanos.

“Essa técnica de interrupção da transmissão da doença já está sendo utilizada em diversas partes do mundo e tem, inclusive, fi nan-ciamento do multimilionário norte-americano Bill Gates. Países como austrália e Vietnã estão usando em larga escala o procedimento e aqui no Brasil, a Fiocruz está trabalhando com a técnica. Os vetores estão sendo soltos na atmosfera para que surta o efeito esperado, ou seja: a infecção de outros da espécie pela bactéria que interrompe a transmissão da doença. a estratégia é acabar com a dengue num prazo esperado de 5 a 10 anos”, acredita a pesquisadora.

Forma aguda da doença

Desde 2010, quando a doença co-meçou a se propagar aqui no Brasil, a agência Nacional de Vigilância Sa-nitária - anvisa - defl agrou o alerta para que profi ssionais de saúde des-sem atenção a todas as síndromes febris semelhantes à dengue e que apresentassem dores nas articula-ções. Segundo a Dra. Otília lupi, nos casos mais graves o doente fi ca com sequelas, como, por exemplo, proble-mas nas articulações.

“a chikungunya é uma doença que não apresenta números alar-mantes de óbitos, mas nos casos mais agudos pode deixar o infectado com doenças crônicas nas articulações, como artrite e reumatismo. Os mais vulneráveis são os idosos, que podem ser acometidos da forma crônica, e os neonatos. Os primeiros 28 dias de vida são os mais preocupantes e que inspiram maiores cuidados”, alertou.

a febre ainda não tem uma vacina como proteção, mas apenas trata-mento terapêutico até que os sinto-mas cessem por si mesmos. Os esta-dos onde os casos foram confi rmados são Bahia, na Cidade de Feira de San-tana, e Minas Gerais. aqui no rio de Janeiro, assim como em todo o país, em virtude da chegada do verão, há um monitoramento constante da Vi-gilância Sanitária, além do controle de vetores que é feito durante todo o ano e intensifi cado nos meses mais quentes, onde a doença pode se pro-pagar com maior rapidez.

ações combinadas contra dengue

Larvas do mosquito Aedes Aegypti

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Brasil na iminência de produzir vacinaas formas de combate efetivas ainda estão restri-

tas ao controle de vetores (mosquitos aedes aegyp-ti), mas a vacina contra o vírus já está prestes a ser produzida em grande escala pela Fiocruz. Segundo os pesquisadores, a vacina, na realidade, já existe, mas ainda está em fase de testes. até agora a fórmu-la foi testada em mais de 15 pacientes e o resulta-do foi considerado ótimo para três sorotipos e ruim para um deles.

“Os resultados têm sido melhores a cada dia, mas para um tipo que tem a cepa mais virulenta, que pode acarretar a dengue hemorrágica, o resultado foi ruim e, por isso, continuamos a aprofundar a pes-quisa. Esse resultado é de suma importância porque a dengue hemorrágica já levou muitos brasileiros a óbito”, alerta.

a primeira experiência do que poderá ser a vaci-na surgiu há algum tempo e foi proveniente de um estudo multicêntrico que envolveu institutos de ou-tros países e a Fiocruz, com testes realizados em 15 mil pessoas. a expectativa é de que em pouco tem-po surja uma vacina capaz de proteger a população do vírus. a vacina da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-

-Manguinhos/Fiocruz) com a GSK, por exemplo, está na fase pré-clínica. Neste estágio, os pesquisadores estão avaliando a segurança e a imunogenicidade em mamíferos primatas. Em 2015-2016 serão reali-zados os testes em humanos (fase clínica). O maior desafio desta vacina inativada é produzir uma re-posta balanceada e contra os quatro sorotipos. Os estudos epidemiológicos estão sendo realizados em Salvador, rio de Janeiro e Manaus.

“Desenvolvida nos laboratórios do instituto de Tecnologia em imunobiológicos da Fundação em parceria com a GlaxoSmithKline (GSK), ainda falta ser submetida à aNViSa para posteriormente ser produzida. há também outra estratégia de estudos e pesquisas em larga escala que provavelmente, em dois anos, estará disponível”, acredita Otília lupi.

a infectologista afirma que para o Brasil ter uma vacina efetiva e feita em larga escala ainda falta um caminho a percorrer. O material produzido até agora será testado na população e dados nacionais contri-buirão para o estudo e o resultado desses testes é que vai mostrar se a vacina será comercializada ou não.

Vacina eficaz contra a dengue na fase de testes com camundongos

Na busca de uma vacina contra a dengue, a pesquisadora do instituto Oswaldo Cruz (iOC/Fiocruz), ada alves, sempre trafegou na contramão de outros cientistas. Ela lidera, desde 2008, o único estudo no mundo que combina duas estratégias de imunização contra a doença em uma mesma vacina: a abordagem de vacina de DNa e o uso de um vírus quimérico de febre amarela contendo genes de dengue. a proposta da vacina combinada, que inverte o ditado popular ao usar duas cajadadas para acertar o mesmo coelho, tem patentes depositadas em dez países, incluindo o Brasil e a união Euro-peia. Estudos realizados com camundongos comprovaram que o uso conjugado das duas técnicas conseguiu proteger 100% dos animais testados. Em 2015, serão iniciados os experimentos com pri-matas.

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Processo de produção de anticorpos

as vacinas contra a dengue, atualmente em desenvolvimento, enfocam o processo de pro-dução de anticorpos como alvo de atuação. Os dados publicados até o momento, porém, têm demonstrado limitações destas abordagens, que envolvem grupos de pesquisa em diversos países. ada explica que os obstáculos para al-cançar a vacina ideal podem estar relacionados à própria dinâmica da doença.

Outro desafio é que uma vacina contra den-gue precisa imunizar, simultaneamente, contra todos os sorotipos do vírus, pois a cada nova infecção aumentam as chances de quadros graves.

Para testar a eficácia da vacina combinada, três grupos de camundongos foram utilizados. um deles recebeu apenas a vacina de DNa, enquanto o outro recebeu a vacina quimérica. No terceiro grupo, ambas foram utilizadas. Em seguida, os animais foram infectados com o so-rotipo 2 do vírus da dengue, utilizado como pa-drão em estudos, numa etapa conhecida como ‘desafio’.

Em sua maioria, os grupos que receberam apenas a vacina de DNa ou apenas a vacina de quimera sobreviveram, mas desenvolveram sequelas. isso é sinal de que a resposta gerada não foi 100% protetora e de que o vírus con-seguiu se estabelecer. Já os camundongos que receberam a vacina combinada não apresenta-ram qualquer sintoma da doença.

Para comprovar a eficácia do método inova-dor, a equipe da pesquisadora já construiu as vacinas dos outros sorotipos de dengue e, atu-almente, realiza estudos com células. Em segui-da, realizará os testes em camundongos.

Já os testes da vacina combinada com pri-matas estão previstos para o primeiro semestre de 2015. Para isso, foi estabelecida uma parce-ria entre o iOC e o instituto de Tecnologia em imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), por meio do grupo coordenado pelos doutores Marcos da Silva Freire, ricardo Galler e renato Sergio Marchevsky.

testes

Próximos passos

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levantamento do Ministério da saúde é sinal de alerta

Os dados publicados pelo Ministério da Saúde, até o fechamento desta edição, através do Levantamento Rápido do Índice de Infestação

pelo Aedes aegypti (LIRAa), revelam que:

135 612 990municípios

brasileiros estão em situação

de risco para a ocorrência de epidemias de

dengue

estão em alerta

cidades apresentam

índice satisfatório

1.737 municípios brasileiros enviaram ao Ministério da saúde informações do liraa.

l l

norte nordeste sudeste sulcentro oeste

abastecimento de água 28,3%

depósitos domiciliares

29,2%

lixo 42,5%

abastecimento de água 76,5%

depósitos domiciliares

17,5%

lixo 6%

abastecimento de água 25%

depósitos domiciliares

58,2%

lixo 16,9%

abastecimento de água 40,9%

depósitos domiciliares

28,4%

lixo 30,7%

abastecimento de água 16%

depósitos domiciliares

36,7

lixo 47,3%

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sngPc: Farmacêuticos querem empenho das autoridades

O controle do uso de psicotrópicos é também uma das maiores preocupações dos farmacêuticos brasileiros. após receber um trabalho realizado pelas Câmaras Técnicas de Farmácia Comunitária e Farmá-cia Magistral sobre o SNGPC; sensível a toda proble-mática que abraça o tema; em atenção à Convenção das Nações unidas contra o Tráfi co ilícito de Entor-pecentes e Psicotrópicos em Viena, Áustria; e com o objetivo de cumprir o referido Tratado internacional de 1988, do qual o Brasil é signatário, o Conselho re-gional de Farmácia do Estado do rio de Janeiro orga-

nizou o “FÓruM SNGPC - PrÓS E CONTraS”.O Fórum aconteceu em novembro, na sede da

aBF, para ouvir o parecer de farmacêuticos e de ou-tros importantes nomes, discutir e criar, se assim fosse necessário, medidas drásticas para melhorar radicalmente o sistema e combater o pseudocontro-le que é feito no Brasil.

após dois dias de intensas discussões sobre as limitações do SNGPC, sobre os mecanismos que poderiam reestruturá-lo ou até refazê-lo, os profi s-sionais presentes ao encontro – colegas do rio de

e controle rigoroso no Brasil do uso de psicotrópicos e entorpecentes

caPa

Palestra do Professor Carlos Maurício Barbosa

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Janeiro, Brasília, São Paulo, Goiás e do rio Grande do Sul - chegaram à conclusão de que o sistema deve ser reformulado completamente para que tenha sua efetiva eficácia e cumpra o seu nobre objetivo.

a conclusão deu origem à Carta do Fórum, na qual foram inseridas propostas de suma importância para o controle de psicotrópicos e entorpecentes no país. O documento foi apresentado e formalmen-te entregue ao presidente do CrF-rJ, Marcus athila, que se propôs a tomar todas as medidas cabíveis e necessárias, no sentido de atender às proposições. “O Sistema, apesar dos seus aspectos positivos, está muito distante do mínimo desejado e sabemos que é falho”, analisou o coordenador do FÓruM SNGPC, Carlos Santarem.

Para Marcus athila, “essa carta construída por diversos profissionais envolvidos no dia-a-dia do sistema, é o gatilho de inúmeras ações as quais to-maremos num combate acirrado ao uso irracional de entorpecentes e psicotrópicos. Exigiremos das auto-ridades de Saúde maior atenção ao tema que é uma preocupação mundial.”

uma das maiores críticas está relacionada à questão da confiabilidade do próprio sistema, mo-mento em que uma das farmacêuticas presentes à plateia lembrou que o SNGPC aceita qualquer dado de forma indiscriminada. Exemplificou ela que pode ser inserida uma marca de fralda ou qualquer outra

coisa no banco de dados, sem qualquer restrição.De acordo com os farmacêuticos que comparece-

ram ao Fórum, por apresentar várias limitações e por não cobrir todos os elos da movimentação de psi-cotrópicos e entorpecentes, o SNGPC é imperfeito. infelizmente, o Brasil não tem um controle efetivo e, portanto, não cumpre o Tratado.

Para a máxima segurança do sistema, os profis-sionais, em conjunto, apresentaram uma ideia que poderá garantir maior confiabilidade ao SNGPC: a criação de um software único, validado e como for-ma de aumentar a segurança dos dados e a agilidade das suas transmissões. além disso, é imprescindível que seja assegurada a rastreabilidade da informação nele inserida.

Todavia, os farmacêuticos não querem ficar dis-tantes dessa reformulação e, por isso, estabeleceram na Carta a vontade de participar dessa iniciativa jun-to aos órgãos reguladores, em todas as esferas.

a informatização, segundo esses profissionais, também deverá se estender à inserção de dados, através de uma prescrição informatizada e única, tal como ocorre atualmente em Portugal, de acordo com o relato do bastonário da Ordem dos Farmacêuticos daquele país, professor Carlos Maurício Barbosa, que garantiu usufruir dessa eficiência. O sistema portu-guês não afasta o farmacêutico de sua nobre ativida-de junto à população, como acontece no Brasil.

Rodrigo Adalberto da Silva, membro do grupo de trabalho, fazendo a leitura da carta 27 l revista rioPharma l jan . fev 2015

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E como funciona a ver são portuguesa do sngPc? assim que os integrantes da mesa expuseram

os pontos favoráveis e contrários do SNGPC, o mediador concedeu oportunidade para que o convidado internacional relatasse como funciona o serviço de controle em seu país. Carlos Maurí-cio Barbosa, que representa os farmacêuticos de Portugal em eventos internacionais e está acos-tumado a fazer parte de discussões de tamanha relevância, foi interpelado por Carlos Santarem

O grupo de trabalho do Fórum con-cluiu que o SNGPC também está defi-ciente no que diz respeito às unidades ambulatoriais e hospitalares, públicas e privadas. Outra grande preocupação le-vantada pelo grupo foi com a abrangên-cia de toda a cadeia do medicamento. Sem ela é impossível obter dados fidedig-nos e relevantes. O SNGPC deve funcio-nar de forma global, segura, para todos os atores da cadeia de substâncias e medi-

camentos controlados, públicos e privados.

O evento realmente des-pertou interesse de represen-tantes de diversos Estados da Federação, a exemplo de

Ernestina rocha, presidente do CrF-GO, que considerou o

Fórum de importante relevância e uma forma dos farmacêuticos avaliarem o próprio trabalho. “Detectamos anseios e assim ficamos sempre próximos aos ór-gãos reguladores, informando as dificul-dades do dia-a-dia, para que a regulação aconteça sem prejuízos para o profissio-nal e para o paciente”, disse.

O Fórum teve a presença de um convi-dado internacional que muito contribuiu com as discussões citando exemplo do seu próprio país. O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal, professor Carlos Maurício Barbosa, apresentou o Sistema de Gerenciamento de Produtos Controlados português.

Segundo ele, a informatização é im-prescindível para que o serviço seja eficaz e atenda às exigências dos profissionais de farmácia, que concluem sua tarefa em poucos minutos. “Nós informatizamos as nossas transmissões de dados e insti-tuímos um único software que se tornou uma ferramenta de suma importância para o alto controle que fazemos de psi-cotrópicos e entorpecentes”, afirmou.

a abertura do Fórum foi feita com a presença do presidente do CrF-rJ, Marcus athila e da vice-presi-dente, Maely retto. Sob a coordenação e mediação dos debates pelo vice-presidente da afaerj, Carlos Santarem, o primeiro dia do evento teve a participa-ção, na mesa redonda, do farmacêutico português, professor Carlos Maurício, do representante da an-visa, Victor Nolasco, da representante do CFF, ana Paula Queiroz e do presidente do Sincofarma-rio, Felipe Terrezo.

ao iniciar o debate, o mediador lançou para os integrantes da mesa redonda o primeiro questio-namento relevante do Fórum: prós e contras do SNGPC. O primeiro a responder foi o representante da anvisa, Victor Nolasco que declarou ser mais fa-vorável do que contra.

Segundo ele, houve avanços, pois agora se pode conhecer o mapeamento da escrituração no Brasil. Com relação ao fator contrário, Victor admitiu que o Sistema informatizado, infelizmente, só opera em farmácias e drogarias não atingindo as farmácias pú-blicas e hospitais, e isso prejudica a rastreabilidade. “Vejo um quadro mais positivo do que negativo, mas ainda precisamos ampliar o sistema para o setor pú-blico”, admite.

Já o presidente do Sincofarma-rio, Felipe Terrezo,

abertura do Fórum c om a presença do presidente crF-rJ

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E como funciona a ver são portuguesa do sngPc?

abertura do Fórum c om a presença do presidente crF-rJ

fez duras críticas ao SNGPC. Ele afirma que a maior e principal falha é que o sistema não atinge toda a cadeia produtiva, mas apenas as farmácias: “Em vez de haver uma distribuição dessa obrigatoriedade de controle desde o fabricante, o trabalho duro e na sua integralidade acaba por ficar com o farma-cêutico.” Terrezo disse que o profissional despende horas do seu dia fazendo um trabalho burocrático, que poderia ser realizado por outro colaborador, para que o farmacêutico exerça sua efetiva função de contribuição com o estabelecimento de Saúde

para falar seu posicionamento sobre o SNGPC ex-posto a ele durante o Fórum e também para falar como o controle é feito em Portugal.

Carlos Maurício afirmou que a diferença entre Brasil e Portugal neste quesito é a uniformidade da informatização. Em Portugal, todas as farmácias e drogarias, além dos hospitais, utilizam, em sua grande maioria (cerca de 95%), um único sistema interligado, tornando o serviço extremamente efi-

ciente, de forma que o profissional não desperdiça seu tempo com excessivo trabalho burocrático, pois o método é avançado, em termos de tecnologia.

“O nosso sistema funciona de forma integrada e foi desenvolvido com base na Declaração de Vie-na, na qual os países signatários firmaram compro-misso de combate ao tráfico de substâncias ilegais (entorpecentes e psicotrópicos)”, avaliou professor Carlos Maurício.

Grupo de Trabalho na elaboração da Carta do Fórum

que integra. além disso, o tempo de atendimen-to da população que o procura fica reduzido. “Por estes motivos, eu vejo muito mais contras do que prós”, ressaltou.

a conselheira federal que representa o rio de Janeiro, ana Paula Queiroz, levou para a mesa su-gestões no intuito de melhorar o serviço. Para ela, o SNGPC poderia e deveria ser usado também para a farmacovigilância. “além disso, temos que buscar incluir o rio de Janeiro no Sistema de Farmácia No-tificadora”, sugeriu.

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debatedores apresentam falhas e críticas ao atual sngPc

ao serem questionados a respeito do Sistema, alguns participantes da mesa redonda, realizada no primeiro dia do Fórum, foram categóricos em afir-mar que existem inúmeras falhas que precisam ser corrigidas. a posição foi corroborada pelo represen-tante da anvisa, Victor Nolasco.

O presidente do Sincofarma-rio, Felipe Terrezo, afirmou que o processo poderia ser mais simples. a escrituração está longe, segundo ele, de retratar a realidade brasileira. “Existem brechas na cadeia até o consumidor final. Não há um comparativo do que a indústria vendeu para a distribuição e esta para as farmácias”, acrescentou.

Também se uniu ao coro de críticas ana Paula Queiroz, do CFF. Ela afirmou estar preocupada, pois o Sistema não reflete a verdade: “infelizmente, a ca-deia produtiva não retrata a realidade do que é pres-tado contas. É de suma importância que o sistema envolva toda a cadeia produtiva. Não dá para res-ponsabilizar só o estabelecimento por esse controle”.

Integrantes do Grupo de Trabalho

as críticas dos profissionais que participaram do Fórum SNGPC também se estenderam à questão de inserção de novos medicamentos no Sistema de Controle. E eles questionaram Victor Nolasco sobre esse aspecto de extrema relevância. Contudo, Victor garantiu que a agência Nacional de Vigilância Sani-tária não vai mais inserir classes de medicamentos. “Se, por ventura, ocorrer algum avanço, ele será con-centrado no sistema de rastreabilidade. Se um novo entorpecente figurar na lista, aí sim será monitora-do”, garantiu.

Os advogados igor Gadaleta, assessor jurídico do CrF-rJ e Gustavo Semblano, consultor jurídico da ascoferj e da anfarmag, também participaram do segundo dia de debates.

Mesa-redonda, painel e palestra serviram de va-loroso apoio ao grupo de trabalho que, durante mo-mentos diferentes nos dois dias de Fórum, se reuni-ram para elaborar a Carta do Fórum.

a seguir, e na íntegra, a Carta:

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carta do Fórum sngPc: prós e contras

Considerando que um sistema nacional de con-trole de medicamentos é imprescindível para a saú-de pública do país;

Considerando a importância da assistência far-macêutica para a saúde da população;

Considerando que o Brasil é signatário da Con-venção contra o tráfi co ilícito de entorpecentes e substâncias psicotrópicas (Convenção de Viena), de 1988, o que torna necessário adotar medidas para controle efetivo de substâncias e medicamentos en-torpecentes e psicotrópicos;

Considerando que o SNGPC – Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados, após 7 anos de sua implantação ainda funciona de forma inadequada, não refl etindo a realidade brasileira;

Considerando que o sistema implantado, desde 2007, ainda não atingiu toda a cadeia, a saber, pro-

dução, distribuição, prescrição, dispensação e outras de importância para o controle efetivo do consumo destes medicamentos em todo o país;

Nós farmacêuticos, através do Fórum SNGPC: prós e contras, vimos por meio desta carta propor:

1. Que seja reconstruído o SNGPC, pois foi evi-denciado neste Fórum que o sistema não é se-guro nem confiável e foi mal elaborado à luz dos conceitos de validação de sistemas computado-rizados.

2. Que os Conselhos de Farmácia participem, com os órgãos reguladores de Vigilância Sanitá-ria municipal, estadual e federal, com vistas à reconstrução do sistema.

3. Que o Brasil cumpra o que foi acordado em 1988 na Convenção de Viena quanto a entorpe-centes e psicotrópicos, não utilizando o SNGPC para controle de antimicrobianos e/ou outras substâncias.

4. Que seja provocada a integração do prescritor no fluxo de inserção de dados no SNGPC, através da criação de prescrição informatizada e única.

5. Que seja realizado outro Fórum SNGPC para consolidar e acompanhar as ações ora apresen-tadas.

6. Que o SNGPC insira todas as unidades ambula-toriais e hospitalares de qualquer natureza.

7. Que o sistema abranja toda a cadeia do medi-camento, para que se obtenham dados fidedignos e relevantes.

8. Que seja desenvolvido um software único pela própria ANVISA, como forma de aumentar a se-gurança dos dados e a agilidade da transmissão.

9. Que o SNGPC assegure a rastreabilidade da informação nele inserida.

10. Que o SNGPC abranja de forma global, se-gura, todos os atores da cadeia de substâncias e medicamentos controlados, públicos e privados.

rio de Janeiro, 14 de novembro de 2014.

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agora É diFErEntE

agora é diferente: redes sociais

reconhecemos, hoje, que uma das principais fer-ramentas de propagação de informação, interação e aproximação com os farmacêuticos são as redes sociais. Porém, um fato nos intrigava já que, até o fi nal 2013, era totalmente nula a presença ofi cial do CrF-rJ nestes canais. Em 2014, decidimos quebrar as barreiras até então existentes e buscar o diálogo e a aproximação com os profi ssionais através dos canais que estes já utilizavam amplamente. Desta forma, criamos canais ofi ciais no Facebook, You-tube, issuu e Flickr, com o intuito de compartilhar

conteúdos relevantes, como notícias, comunicados, fotos e vídeos.

hoje o profi ssional farmacêutico, estudantes e a sociedade podem acompanhar de perto, através destes canais, não somente a atuação do Conselho, mas também conteúdos que buscam informar e va-lorizar o farmacêutico.

O Conselho está acompanhando de perto os movimentos e tendências nas redes sociais e a in-tenção é estar presente e ativo nestes canais junto aos farmacêuticos.

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um fato importante no uso das redes sociais é a oportunidade de conseguir rapidamente mobilizar as pessoas para uma ação importante para nossa profi ssão. a campanha “Não à MP 653/14”, lançada em outubro de 2014, ganhou forças graças às redes sociais. Disponibilizamos imagens para que os usuá-rios pudessem imprimir e tirar uma selfi e de protesto contra a medida provisória e, em pouco tempo, far-macêuticos, estudantes e até a população aderiram à campanha e as imagens ganhavam as timelines do Facebook, causando uma grande repercussão. a propagação das manifestações contra a MP 653/14 chegou à imprensa através de uma reporta-gem exibida na rede Bandeirantes e na Band News. Enquanto no site ofi cial da emissora o vídeo não al-cançava mais que 20 visualizações, através da atua-

Mobilizações na rede

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ção do CrF-rJ nas redes sociais, em uma semana, foi possível que mais de 100 mil pessoas assistissem à reportagem, permitindo que fossem conhecidos os motivos de nossa mobilização e ganhando adesão à causa.

a rede também é um canal de apoio aos nossos profi ssionais. No dia 26 de agosto, quando fi camos sabendo do caso da farmacêutica ana Carolina Do-mingos Cassino (publicado na revista rioPharma 115), decidimos divulgar uma nota de luto e repúdio sobre o caso. Esta mensagem alcançou mais de 150 mil pessoas, permitindo que contribuíssemos neste momento tão delicado para que o caso fosse conhe-cido publicamente e somar forças na cobrança para que as autoridades competentes tomassem as medi-das cabíveis.

www.flickr.com/photos/crfrj

www.facebook.com/oCRFRJ

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compartilhando com os farmacêuticos

Com o intuito de buscar maior transparência no Conselho e também disponibilizar um canal para divulgação de informações importantes aos profissionais, percebemos que os conteúdos em vídeos são um grande caminho para demonstrar compromisso e dar amplitude aos acontecimentos da entidade. Desta forma, a partir de janeiro deste ano, passamos a disponibilizar no Canal do CrF-rJ no Youtube os vídeos de todas as reuniões plená-rias. Somente em 2014, foram publicados integral-mente mais de oito plenárias, do início ao fim.

além das reuniões plenárias, o canal no You-tube possibilita que possamos postar palestras e eventos, contribuindo para a capacitação dos farmacêuticos. Em outubro, o Conselho realizou o “Fórum SNGPC: prós e contras” e seus vídeos podem ser conferidos em nosso canal, permitin-

Youtube: transparência e informaçãodo que aqueles que não tiveram oportunidade de estar presentes possam também ter acesso a estas informações.

as revistas rioPharma são distribuídas gra-tuitamente para os farmacêuticos, porém, pensando em melhorar a acessibilidade, pas-samos a disponibilizar as revistas no issuu, a maior rede de compartilhamento de publicações digitais. assim, far-macêuticos do rio de Janeiro e de outras regiões e estudantes inte-ressados podem ler as publicações diretamente em seu computador, celular, tablet e compartilhar com seus amigos.

Percebemos também que mui-tos farmacêuticos que participam

www.youtube.com/user/conselhocrfrj

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de eventos do Conselho gostariam de ter acesso aos registros fotográficos, assim, passamos a disponibili-zar as fotos em nosso canal no Flickr, onde é possível visualizar, salvar e guardar os registros.

https://issuu.com

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Empreendedores do bema atitude de empreender frequentemente é confun-

dida com apenas a busca de lucros, isso porque o termo “empreendedor”, muitas vezes, é visto como sinônimo de “empresário”. Entretanto, o ato de empreender vai além disso: trata-se de mudar a realidade em que esta-mos inseridos, desafi ando a visão tradicional e utilizan-do modelos de negócios inovadores, podendo ou não visar lucros fi nanceiros. assim, o empreendedor, pode, através de um negócio, gerar lucros para si, seus sócios e acionistas; mas pode também ter um empreendimen-to que gere benefícios para a coletividade, sem buscar auferir ganhos fi nanceiros. Quando o objetivo é resolver problemas ambientais ou sociais negligenciados tendo um potencial de transformação positivo na sociedade, a atitude é chamada de “Empreendedorismo Social”.

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EMPrEEndEdorisMo

No Brasil, há diversas pessoas e instituições atuando em busca de um negócio social que ajude a comuni-dade. Dentre os que realizam essa tarefa encontra-se o CrF-rJ, promovendo entre a população o cuidado com a saúde através de suas ações Sociais, que reúnem far-macêuticos voluntários para aferir a pressão arterial e a glicose sanguínea, além de educar as pessoas sobre a questão da automedicação.

Outras iniciativas que podemos mencionar são os projetos alunos Contadores de história da uFrJ, no rio de Janeiro; e o Farmacêuticos da alegria, em Sergipe, que se destacam por animar o dia de pessoas interna-das em hospitais, especialmente crianças, contando com o apoio de profi ssionais e estudantes da área de Farmácia.

Os Natais também são especiais para os Alunos Contadores de História

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Com um livro na mão e boa vontade, alunos de diversos cursos da universidade Federal do rio de Ja-neiro (uFrJ) se reúnem no iPPMG (instituto de Pue-ricultura e Pediatria Martagão Gesteira, um hospital universitário infantil localizado na Cidade universi-tária) para realizar uma tarefa muito especial: contar histórias. “Queremos afastar a tristeza e levar um mo-mento lúdico e alegre para as crianças”, conta rapha-el Santana, aluno de engenharia mecânica e apoiador do projeto alunos Contadores de história da uFrJ. “É desleal. recebemos muito mais do que doamos”.

alunos contadores de história – um exemplo de empreendedorismo desde cedo

E a “contação” de histórias não apenas alegra o dia das crianças que vêm de várias partes do estado, como também estimula o hábito da leitura, inclusive entre os próprios pais que, muitas vezes, têm pouco acesso a livros. “recebemos cartas de pais relatando que passaram a ler para seus filhos por insistência dos pequenos em querer continuar ouvindo histórias em casa”, explica regina Fonseca, a coordenadora do pro-jeto. “Para incentivar esta atividade, realizamos duran-te o ano distribuição de livros doados ao projeto para as crianças.”

Luciano Castro, Raphael Santana e Isandra Meirelles

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Em 2009, uma proposta inédita surgiu dos alunos do curso de Farmácia da universidade Federal de Sergipe (uFS), na disciplina Estágio Supervisionado: inserir estu-dantes em um cenário onde o profissional farmacêutico não costuma estar, como as pediatrias hospitalares. as-sim, o projeto “Farmacêuticos da alegria” foi criado: “a ideia era, por meio de atividades lúdicas e da arte do palhaço, humanizar o cuidado e educar o público-alvo (inicialmente crianças) em temas de saúde, em especial sobre o uso racional de Medicamentos (urM)”, explica Genival Júnior, farmacêutico fundador da iniciativa.

Então, em outubro desse mesmo ano, a primeira ação do grupo foi realizada: em comemoração ao Dia das Crianças, duas semanas foram dedicadas pelos estudan-tes para apresentar teatro de fantoches, que contava a história de um menino que tomava medicamentos es-condido da mãe; ler histórias em quadrinhos narrando as aventuras do Cebolinha em vender medicamentos para seus amiguinhos da Turma da Mônica; ensinar as crianças com perguntas-e-respostas sobre medicamentos; além de outras atividades, como gincanas e campanha de arre-cadação de brinquedos. Mas, não eram apenas as crian-ças que se beneficiavam: “Depois das atividades, uma tarde era definida para conversar em reservado com pais e cuidadores, para dar uma palestra sobre administração de medicamentos pediátricos”, relata o farmacêutico.

Entretanto, com o encerramento da disciplina, os “Far-macêuticos da alegria” também terminariam. Mas, não foi isso o que aconteceu: “Os integrantes que haviam participado da experiência anterior, resolveram, de forma independente, se juntar e realizar a ii Semana da Criança no hospital universitário em 2010”, conta Genival. “E a

Farmacêuticos da alegria – o que acontece quando os estudantes nãoquerem parar

a iniciativa surgiu em 2008, quan-do voluntários da ONG Viva e Deixe Viver, que realizavam a atividade em vários hospitais do rio de Janeiro e de São Paulo, começaram a ter difi-culdades devido ao acesso à Cidade universitária. “Por este motivo resol-vemos abrir espaço para alunos da uFrJ serem contadores de histórias”, conta regina. O trabalho da equipe já rendeu várias menções honrosas e o Prêmio FuJB de Extensão universitária na área temática da saúde. “O alunos Contadores de histórias foi se ade-quando não somente às necessidades das crianças atendidas, mas também às rotinas do espaço hospitalar”, ex-plica a coordenadora. “além disso, incentiva os alunos participantes a terem uma formação cidadã, com um olhar mais abrangente sobre outra re-alidade social.”

isandra Meirelles tem 21 anos, está no 9º período do curso de farmácia e participa há mais de um ano no projeto. “Sempre quis realizar algum trabalho voluntário e, quando soube do projeto, fiquei muito interessada. Eu estudava em frente ao iPPMG e não sabia da ini-ciativa”, conta. a estudante ainda diz que o projeto influenciou na escolha do local onde estagia, o instituto Fernan-des Figueira, na Fiocruz. “Depois que comecei no ‘alunos Contadores de his-tória’, decidi que quero trabalhar em um hospital pediátrico.” a jovem rela-ta que a experiência de contar história para crianças é muito gratificante, além de ensinar uma importante lição: “Nes-se projeto, eu aprendi que não temos noção de quantas coisas boas temos na vida. Essas crianças sempre são recep-tivas, mesmo com problemas de saúde. Precisamos aprender a ser receptivos com o que já temos.”

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partir daí, o grupo resolveu se estruturar para realizar outras ações com uma periodicidade maior.”

atualmente, além da participação de estudantes e farmacêuticos, o grupo conta com integrantes de outros cursos da área de saúde, como Enfermagem, Odontologia e Medicina, que agem sem fins lucrati-vos e que não estão vinculados a nenhum órgão pú-blico ou qualquer instituição privada. “Trata-se de um grupo de pessoas com objetivos comuns”, orgulha-se o fundador. “as ações são programadas em reuniões periódicas de todos os membros. Nestas reuniões são definidos os locais de atuação. a seleção do local é por indicação de qualquer membro ativo dos ‘Farmacêu-ticos da alegria’ ou por convite direto da instituição.”

Genival conta ainda que, quando o local é defi-nido, um dos membros vai visitá-lo para decidir o perfil da instituição, para analisar os espaço físico, o público-alvo, e as expectativas e necessidades do lu-gar. “Já possuímos atividades semielaboradas, visan-do cada grupo específico. O projeto não lida apenas com crianças, mas com adultos, pais e cuidadores”, diz o farmacêutico. “Também auxiliamos o hemocen-tro com campanhas de doação de sangue e medula.

O objetivo principal do ‘Farmacêuticos da alegria’ é combinar informações científicas do processo saúde--doença-uso de medicamentos com atividades lúdi-cas. Nossa principal contribuição à sociedade é a edu-cação em saúde.”

Futuramente, o grupo pretende se transformar em uma ONG (Organização Não Governamental) com fi-liais pelo Brasil, atuando em diversos cenários de prá-tica farmacêutica e oferecendo cursos para formação de ‘Farmacêuticos da alegria’, para que outros pro-fissionais sejam capacitados a desenvolver atividades semelhantes. “Os ‘Farmacêuticos da alegria’ mostram a cara do farmacêutico, que além de um universo de atribuições, ganha uma roupagem mais humanizada, dando valor a este importante profissional. Já pensou: i Congresso Brasileiro de Farmacêuticos da alegria?! No futuro teremos um grande evento para que possa-mos relatar experiências vividas no projeto”, empolga--se Genival, que diz que a maior conquista do trabalho que realizam é o sorriso de várias crianças e adultos hospitalizados. “É um trabalho apaixonante. Por vezes nos questionamos: os ‘Farmacêuticos da alegria’ fa-zem bem pra quem: para o paciente ou para a gente?”

Farmacêuticos da Alegria – Sergipe

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caPacitaÇÃo

qualiPharMa se expande

O Programa de Qualifi cação Profi ssional Farmacêu-tica, do CrF-rJ, não para de investir no aprimoramen-to de sua grade lançando novos cursos, como o de Farmacoterapia da infl amação: aiNES e aiES, Técnicas de redação Científi ca para Trabalhos de Conclusão de Curso e artigos, Fisiologia do Câncer e Farmácia Clíni-ca. Essa é uma resposta ao sucesso do programa que já certifi cou 1.385 farmacêuticos desde seu lançamen-to, em abril, até novembro de 2014.

O professor lucas rodrigues Jacques da Silva, formado em Ciências Biológicas, modalidade Biofísi-ca com ênfase em Biotecnologia e com mestrado em imunologia e infl amação, pela uFrJ, vai ministrar o curso “Fisiologia do Câncer” e acredita que a qualifi -cação é o melhor caminho para se destacar profi ssio-nalmente, principalmente para o farmacêutico, já que a cada dia surgem novas abordagens, novos compos-tos, novos fármacos, e é de suma importância o pro-fi ssional conhecer de forma aprofundada os assuntos relevantes em sua área.

No caso do paciente com câncer, o professor res-saltou que, desde a resolução 288/96, do Conselho Federal de Farmácia – CFF, foi estabelecido que a manipulação de medicamentos citotóxicos é privati-va dos farmacêuticos. O docente lembrou ainda, que existe também a Portaria 3535/98, do Ministério da Saúde, que determina que todo serviço de alta com-plexidade no tratamento do câncer, cadastrado pelo Sistema Único de Saúde (SuS), deve contar com um farmacêutico, no caso de manipulação de quimioterá-picos e é “nessas horas que ele mostrará o seu devido valor, já que isso é algo que somente os farmacêuti-cos estão habilitados a fazer.”

Em certos tipos de câncer, onde ainda não há

“Ninguém melhor do que o próprio farmacêutico para

explicar um pouco sobre os mecanismos de ação de tais

drogas, dando força para que estes continuem fi rmes,

pois o quadro psicológico do paciente infl uencia na resposta

do organismo ao tratamento, e com certeza um pouco de

atenção faz toda a diferença.”

cura, lucas Silva acredita que “é de suma importância um contato mais próximo do farmacêutico com o pa-ciente, para explicar os efeitos colaterais e o porquê destas reações.

oferecendo novos cursos

1.385farmacêuticos certificados

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