revista tributus nº17

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DEBATES | ENTREVISTAS | PERSONALIDADES | INFORMAÇÕES Revista do Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil | SINDIRECEITA PRIMEIRA EDIÇÃO DE 2009 ANO 7 • Nº17 Guilherme Afif Domingos O secretário de Trabalho de São Paulo defende a simplificaçao do sistema tributário nacional QUEM ESTÁ SEGURO?

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Objetivos e desafios para 2009 A crise econômica internacional e seus impactos na economia brasileira poderão antecipar um debate que está estagnado em algumas áreas do Governo Federal. A eficiência no serviço público e a atuação de órgãos essenciais ao funcionamento do Estado devem ser colocadas à prova e levadas ao centro de um debate nacional.

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D E B A T E S | E N T R E V I S T A S | P E R S O N A L I D A D E S | I N F O R M A Ç Õ E S

Revista do Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil | SINDIRECEITA

P R I M E I R A E D I Ç Ã O D E 2 0 0 9

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º17

Guilherme Afif DomingosO secretário de Trabalho de São Paulo defende a simplifi caçao do sistema tributário nacional

QUEM ESTÁ SEGURO?

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Objetivos e desafi os para 2009

A crise econômica internacional e seus impactos na economia brasileira poderão antecipar um debate que está estagnado em algumas áreas do Governo Federal. A efi ciência no serviço público e a atuação de órgãos essenciais ao funcionamento do Estado devem ser colocadas à prova e levadas ao centro de um debate nacional.

A perda de arrecadação e a necessidade de manutenção de uma política pública que estimule a atividade produtiva - o que implica o aumento do gasto público em obras e atendimento às necessidades do País - vão exigir maior efi ciência de órgãos como a Receita Federal do Brasil (RFB).

O cenário internacional e os impactos iniciais em várias setores produti-vos no Brasil mostram que o período de arrecadação espontânea crescente começa a dar sinais de recuo. A perda de arrecadação de impostos em um momento no qual o governo se dispõe a manter e até a ampliar as despesas públicas para aquecer a economia nacional vão exigir da RFB e de seus servidores uma demonstração inequívoca de efi ciência. Com certeza, não será possível depender apenas da contribuição voluntária. Será preciso cobrir a perda de arrecadação, gerada pelo desaquecimento da economia, com muito trabalho. Será preciso apertar o sonegador, combater o contrabando e a pirataria que, além da perda de imposto, gera a concorrência desleal, o que prejudica ainda mais a economia legal. É nesse contexto que o Sindireceita e os Analistas-Tributários terão de lutar em 2009 e buscar com todas as forças pautar o debate sobre a efi ciência da administração tributária e os gargalos da Receita Federal do Brasil. Internamente vamos nos concentrar na busca da implementação de uma verdadeira carreira de Auditoria da Receita Federal do Brasil e na adequa-

ção das atribuições às atividades historicamente desenvolvidas pelo ATRFB. A superação desses desafi os, certamente, trará impactos diretos na efi ciência do órgão e ajudará a RFB a responder à altura os desafi os que virão.

É preciso também enfrentar de forma objetiva o debate sobre a reforma tributária. Nesta edição, fomos ouvir autoridades que estão acompanhando a tramitação do projeto e deixaram claro que será preciso mais do que apenas discursos e intenções para que a proposta passe no Congresso Nacional. Também preparamos uma reportagem sobre os problemas no atendimento da Receita Federal, temas que estão diretamente ligados.

Todas essas questões estão postas em um ano que poderá marcar defi nitivamente o ingresso do Brasil e de seu povo no caminho efetivo do desenvolvimento.

Boa leitura a todos.

Paulo Antenor de Oliveira

Presidente do Sindireceita

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Everardo Maciel criticaprojeto Mabel

“Pirata: tô fora!” na mira do Comitê Olímpico Brasileiro

Caça-níqueis viramcomputadores

PresidentePaulo Antenor de Oliveira (ES)

Vice-PresidenteHélio Bernades (GO)

Secretário-GeralJoão Jacques Silveira Pena (MG)

Diretora de Assuntos Jurídicos Doralice Neves Perrone (SP)

Diretora de Assuntos ParlamentaresSílvia Helena de A. Felismino (CE)

Diretor de Finanças e AdministraçãoIrivaldo Lima Peixoto (AC)

Diretor-Adjunto de Finanças e Administração

Paulo César de A. Guimarães (BA)

Diretor-Adjunto de Ass. JurídicosCarlos Helande de O. Rodrigues (AL)

Diretor de Defesa Profi ssional e Estudos Técnicos

Rodrigo Ribeiro Thompson (BA)

Diretor de Assuntos PrevidenciáriosGilmar Carlos de Ré (PR)

Diretor de Comunicação e InformáticaAugusto da Costa Corôa (PA)

Diretor de Formação Sindical e Relações Intersindicais

Sérgio Ricardo Moreira de Castro (RS)

Diretora de Aposentados e PensionistasHelenita Souza Nascimento (SP)

TRIBUTU$Editora Executiva

Cinda Serra | 2466 DRT/MGReportagem

Letícia Figueiredo, Rafael GodoiProjeto Gráfi co, capa e diagramação

Daniel RochaEstagiária

Patrícia TávoraFotos

Comunicação Sindireceita, Banco de Imagens, Radiobrás,

Agências Câmara e SenadoRevisão

Synthia Patrícia LemesTiragem

15.000 exemplares

*Permitida a reprodução, desde que citada a fonte. Não nos responsabilizamos pelo conteúdo de artigos

assinados.

Celso Martines fala do traumaapós o acidente em Foz

Marco Maia defende amplareforma política

Diretoria Executiva NacionalTriênio 2008/2010

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SEM ACORDO COM OS ESTADOS, REFORMA TRIBUTÁRIA NÃO SAIRÁ

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Guilherme Afi f Domingos defende mais transparência na arrecadação e nos gastos dos impostos da União, estados e municípios

Há quatro anos um grupo de empresários resolveu instalar no centro velho

de São Paulo um painel para regis-trar os valores pagos em impostos arrecadados pela União, estados e municípios. Conhecida como “Im-postômetro”, a ação foi inspirada na história da Inconfi dência Mineira que teve como centro a luta contra a cobrança pela coroa portuguesa de impostos. Na época, Portugal recolhia 20% de toda a produção das minas, contribuição que fi cou conhecida como “quinto”. Com a ação, o que se pretende é conscien-tizar a população e cobrar a redução da carga tributária que passou de 36% no Brasil. Um dos prin-cipais articuladores da ini-ciativa foi o ex-presidente da Associação Comercial de São Paulo e hoje se-cretário de Emprego e Relações do Trabalho de São Paulo, Guilherme Afi f Domingos.

No primeiro mês de 2009, o “Im-postômetro” registrou o crescimento da arrecadação da União, estados e municípios em comparação com janeiro de 2008. Na sexta-feira, dia 30 de janeiro, o painel marcou R$ 100 bilhões, enquanto em 2008, os mesmos R$ 100 bilhões foram atin-gidos no dia 5 de fevereiro. Apesar do crescimento, o “termômetro” já aponta para uma desaceleração como efeito da crise econômica. Além de ser informado sobre o vo-lume de impostos recolhidos pelo Estado, na opinião do secretário, é

um direito do cidadão saber os impostos que paga

em cada compra. Ele defende que, em cada cupom f i sca l , venha discriminado o valor recolhido. Segundo ele, es-sas ações são es-

senciais para cons-cientizar a popula-

ção sobre o impacto da carga tributária.

Afi f Domingos também defende que é preciso simplifi car o sistema tributário nacional. Nesta entrevista, o secretário de Trabalho e Emprego de São Paulo diz que, apesar da ne-cessidade do País, não há garantias de que a reforma tributária possa ser aprovada este ano. Ele também criti-ca a proposta que está em discussão no Congresso Nacional. Para Afi f, o momento exige do governo medidas imediatas para amenizar os efeitos da crise econômica internacional. Ele propõe a redução de impostos que possam incentivar o consumo, como o IOF e um alívio para os contribuintes no Imposto de Renda.

TRIBUTU$ - O senhor acredita que será possível aprovar a reforma tributária ainda este ano?

Fotos: Eliana Rodrigues

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Guilherme Afi f - Acho muito difí-cil a aprovação da reforma tributária este ano porque falta costurar um acordo com os governadores dos principais estados com relação às mudanças propostas.

TRIBUTU$ - Qual a avaliação que o senhor faz da proposta apresentada pelo governo e que foi aprovada na Comissão Especial da Câmara?

Guilherme Afi f - Embora se propo-nha a simplifi car o sistema com a unificação de alguns impostos, não há segurança de que isso venha efetiva-mente a acontecer. Ainda há o risco de, ao se fi xar as alíquo-tas dos tributos, ocor-rer aumento da carga tributária.

TRIBUTU$ - Quais os principais proble-mas da proposta e onde seria possível evoluir?

Guilherme Afi f - A maior difi cul-dade de qualquer projeto de reforma está no ICMS, que é um imposto característico de estado unitário, e que oferece muitas difi culdades de aplicação em um estado federativo como o Brasil. A proposta de mudar a incidência do ICMS da origem para o destino implica signifi cativas transferências de renda, com perdas expressivas para alguns estados que difi cilmente poderão ser compen-sadas com recursos da União. Isso levaria a um aumento do tributo em muitas unidades da federação.

TRIBUTU$ - Essa reforma terá condições de resolver os problemas do sistema tributário nacional?

Guilherme Afi f -Nenhuma reforma que pretenda manter o atual nível da carga tributária resolverá os proble-mas do sistema tributário nacional. Pode-se, no entanto, atuar pontual-mente para melhorar o sistema.

TRIBUTU$ - O senhor conduziu uma das principais iniciativas para

esclarecer a população sobre o peso da carga tributária no País. Qual avaliação o senhor faz dos resul-tados obtidos com a campanha do Impostômetro?

Guilherme Afi f - O Impostômetro tem ajudado a chamar a atenção da população para o fato de que ela paga muito imposto. Mas ainda é necessário aumentar a transparência do sistema com a aprovação do pro-jeto que determina que o valor dos impostos pagos pelo consumidor conste na nota fi scal.

TRIBUTU$ - Na sua opinião, que medidas poderiam ser adotadas para reduzir a carga tributária?

Guilherme Afif - Enquanto não se equacionar o lado das despesas, não se conseguirá reduzir a carga tributária, que é a outra face do gasto. Quando o governo gasta, a so-ciedade paga. Seja pela tributação, pela infl ação ou pelo endividamento que, inevitavelmente, converte-se em tributação.

TRIBUTU$ - O go-verno criou a Recei-ta Federal do Brasil como forma de au-mentar a eficiência da administração tri-butária brasileira. O senhor acredita que esse é o caminho? Em sua avaliação, houve alguma evolução no sistema tributário bra-sileiro após a criação da chamada Super-Receita?

Guilherme Afi f - Para os contribuintes que sempre cum-priram com suas obrigações fi scais não houve qualquer alteração. Com a unifi cação, esperava-se que a bu-rocracia pudesse ser reduzida para o contribuinte, o que até agora não ocorreu.

TRIBUTU$ - Além da carga tribu-tária elevada, os setores produtivos também reclamam muito da buro-cracia e das elevadas exigências para que uma empresa cumpra com suas obrigações. O senhor vê

“A maior difi culdade de qualquer projeto de reforma está no ICMS, um imposto

característico de estado unitário, que oferece muitas difi culdades

de aplicação em um estado federativo como o Brasil”

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“A gestão da coisa pública, no que diz respeito à ação

administrativa, tem que ser rápida e imediata.

O cidadão quer o Estado atuando.”

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alguma melhora nesse aspecto ou nenhuma mudança signifi cativa foi tomada para tornar menos complexo o sistema tributário nacional?

Guilherme Afi f - Com a evolução da informática e das comunicações, esperava-se que os órgãos públicos passassem a intercomunicar e a reduzir exigências de planilhas e demonstrativos das empresas, o que não ocorreu. Pelo contrário: cons-tata-se a "informatização da buro-cracia” com a nota fi scal eletrônica e o SPED (Sistema Público de Es-crituração Digital) que representam custos elevados para as empresas menores que não estão no regime do Simples. A empresa média vem sendo esmagada - de um lado pela concorrência e de outro pelos ônus maiores da burocracia fi scal que, para seu volume de faturamento, acaba sendo muito pesada.

TRIBUTU$ - Que medidas tribu-tárias deveriam ser tomadas neste

momento de crise econômica?

Guilherme Afif - A redução de impostos que possam incentivar o consumo, como o IOF, que incide sobre as operações de crédito, e um alívio para os contribuintes no IR, permitindo, por exemplo, abater os juros pagos nos fi nanciamentos além da correção dos limites para deduções.

TRIBUTU$ - Como secretário de Trabalho e Emprego de São Paulo, como o senhor analisa a divulgação dos últimos índices de desemprego e as notícias sobre aumento de demis-sões por todo o País? E que medidas o estado está tomando para evitar o crescimento do desemprego?

Guilherme Afi f - As notícias sobre desemprego são preocupantes por-que geram um comportamento mais cauteloso de quem está empregado, o que reduz o consumo. O estado de São Paulo adotou um conjunto

de medidas visando diminuir de-missões e estimular a criação de emprego.

Para nortear políticas públicas, lançamos o Observatório do Empre-go e do Trabalho, nova ferramenta estatística que mapeará mensal-mente a situação real do mercado de trabalho. Com isso saberemos onde estão os problemas e usaremos os remédios exatos para combater cada doença.

TRIBUTU$ - Em sua opinião, o Brasil tem condições de sair desta crise rapidamente?

Guilherme Afi f - O Brasil tem me-lhores condições do que a maioria dos países para sair dessa crise porque apresenta uma economia diversifi cada e um sistema fi nan-ceiro sólido; é grande produtor de alimentos e possui um mercado interno bastante amplo. $

“Com a evolução da informática e das comunicações,

esperava-se que os órgãos públicos passassem a se

intercomunicar e a reduzir exigências de planilhas

e demonstrativos das empresas, o que não ocorreu.”

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REFORMA POLÍTICA SERÁ DESTAQUE NA

PAUTA DO CONGRESSO EM 2009

O 1º vice-presidente da Câmara dos De-putados, deputado federal Marco Maia (PT/RS), acredita que a reforma política

dominará os debates no Congresso Nacional em 2009. “Esse é o grande tema para o debate neste ano. Precisamos fazer uma reforma geral, mexer na estrutura organizacional e política do país, na representação dos estados e do parlamento; tratar dos grandes temas de representação nos municípios e nos estados. Fazer uma reforma política que dê um novo contorno político ao país”, destaca.

O Governo Federal enviou sua proposta de reforma política ao Legislativo no dia 10 de fevereiro. Para que a reforma seja discutida e aprovada rapidamente pelos parlamentares, o governo dividiu-a em seis projetos de lei e em uma proposta de emenda à Constituição (PEC). As propostas tratam de temas que estão há anos na agenda parlamentar, tais como: lista fechada (o eleitor não vota no candidato, mas no partido); fi nanciamento público de campanha; fi delidade partidária; fi m das coligações partidárias para eleições proporcionais (deputados federais, deputados estaduais e vereadores); cláusula de barreira (que estabelece votação mínima para que os partidos obtenham representação parlamen-tar); captação ilícita de sufrágio (tipifi ca como crime a compra ou a ameaça para obter votos); e inelegibilidade (os candidatos condenados por crimes fi carão inelegíveis por três anos, seja por meio de uma decisão colegiada ou por uma deci-são de primeira instância transitada em julgado).

Na avaliação do deputado federal Marco Maia, no entanto, o debate da reforma política será

Para Marco Maia, é necessário fazer uma reforma geral que dê um novo contorno político ao país

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longo, tortuoso e vai exigir muito esforço dos parlamentares durante o ano de 2009. “É um tema espi-nhoso. Devemos produzir, quem sabe, alguns caminhos que nos leve a compor um fórum com caráter deliberativo para tratar da reforma política no Brasil”, comentou.

Maia defende uma reforma política que estabeleça novas regras para o processo eleitoral, fortaleça os par-tidos políticos e discuta o fi nancia-mento das campanhas eleitorais. Para isso, é necessário que seja dada uma caracterís-tica mais democrática e republicana a esse fi nanciamento e, ain-da, que se garanta uma representação maior dos partidos políticos, por meio da fi delidade partidária.

O deputado federal também apóia o fi-nanciamento público de campanha, mas diz que não tem uma fórmula ideal para a proposta. “Acredito que só será viável se tivermos uma forma de votação em listas, o que permitiria montar uma estrutura de fi nanciamento público alicerçada na organização partidária”, informou.

Demais temas em pauta em 2009

As eleições de 2010, segundo o de-putado federal, também dominarão os debates do Congresso Nacional

em 2009. “A discussão política é inerente à atividade parlamentar. Vamos tratar os principais temas do mundo político, e a eleição estará na pauta de discussão do Congresso”, disse. Marco Maia, porém, mandou um recado aos que afi rmam que o Governo Federal está antecipando as eleições. “Não podemos proibir nenhum ministro do governo Lula de trabalhar nesses próximos meses. Não podemos proibir os governa-dores, os secretários estaduais de

trabalhar, de inaugurar obras, de participar de atividades públicas, de exercer o seu mandato. Há certa preocupação exagerada de algu-mas agremiações partidárias com a antecipação do processo eleitoral”, destacou.

À frente da 1ª Vice-Presidência desde fevereiro, Marco Maia tam-bém comentou que trabalhará para aumentar a autonomia e a credibili-dade da Casa. “Acho que pecamos

em alguma medida, quando projetos importantes para o país fi cam dez, doze, quinze anos sendo discutidos aqui no Congresso. Se formos ca-pazes de produzir uma pauta legis-lativa que estabeleça prazos para a discussão e a votação dos projetos, estaremos cumprindo com nosso papel”, informou.

Um dos fatores que poderá in-fl uenciar o andamento dos projetos na Câmara dos Deputados e no

Congresso Nacional este ano é a crise econômi-ca internacional. O deputado federal con-corda que a crise terá impactos também na área política. Maia, porém, afi rma que a Câmara dos Depu-tados poderá, inclu-sive, colaborar para minimizar os efeitos negativos da crise no país. Nesse sentido, os deputados federais

criaram, recentemente, cinco comissões especiais

para discutir soluções para os efeitos da crise econômica internacional no Brasil.

As cinco comissões discutirão os impactos da crise na agricultura, no comércio, na indústria, no setor de serviços e empregos e no sistema fi nanceiro e de mercado. Conforme o deputado, o papel dessas comis-sões será discutir à exaustão os te-mas relacionados à crise e formular proposições capazes de minimizar os seus efeitos. $

“Esse é o grande tema para o debate neste ano. Precisamos fazer uma

reforma geral, mexer na estrutura organizacional

e política do país”

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CRISE INTERNACIONALembaralha cenário para aprovação da Reforma Tributária

Mais uma vez o Governo Federal anuncia, no re-torno dos trabalhos do

Legislativo, que a reforma tributária está entre suas prioridades. Mas a aprovação da proposta de Emenda Constitucional 233/08, que já en-frentava problemas políticos, agora poderá esbarrar nos efeitos da crise econômica internacional. No início deste mês, a oposição disse que está disposta a impedir a votação da matéria na retomada aos trabalhos no Congresso Nacional. A reação veio do líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS), que

garante ser a reforma tributária uma das prioridades do Executivo para este ano. O presidente da Câmara Michel Temer também demostrou disposição de colocá-la na pauta de votação em breve.

Em dezembro, o governo tentou votar o texto, mas a oposição obs-truiu os trabalhos. Para solucionar o impasse, na época, foi fechado o acordo que liberou as votações e transferiu a análise da reforma para março deste ano. Na Comissão, os partidos de oposição DEM, PSDB, Psol e PPS votaram contra o texto-

base da reforma. Para ser aprovado, o relatório do deputado federal Sandro Mabel (PR/GO) necessita de 308 dos 513 deputados no plenário da Câmara. A proposta precisa ser encaminhada ao plenário, onde tem que ser votada em dois turnos, para,em seguida, ser enviada ao Senado.

O texto da proposta foi aprovado na Comissão Especial da Reforma Tributária e tem como objetivos simplificar o sistema tributário brasileiro, que é um dos mais com-plexos do mundo, e acabar com a

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Ex-governador Germano Rigotto

defende mais empenho

político para votação

da proposta

guerra fi scal entre os estados. Ao racionalizar a cobrança de tributos, a reforma poderá contribuir, a médio e a longo prazo, com a redução da carga tributária que hoje é de apro-ximadamente 36% do PIB. Um dos principais pontos da PEC é a criação do Imposto sobre Valor Adicionado Federal (IVA-F) a partir da fusão do PIS/Pasep, da Cofi ns e da contribui-ção para o salário-educação. Se a arrecadação do novo tributo superar a soma dos anteriores, o governo será obrigado a reduzir alíquotas.

Além das articulações no Con-gresso Nacional, o governo também tem trabalhado para buscar apoio para a proposta junto aos setores organizados da sociedade. Uma das iniciativas foi a realização de vários eventos no ano passado, coordenados pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (CDES/PR). O ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Ri-gotto foi um dos coordenadores dos debates que ocorreram em vários

estados brasileiros em busca de uma proposta de consenso. Segundo ele, o conselho apresentou várias suges-tões ao governo, e assim o trabalho dará ênfase à tramitação da matéria no Congresso Nacional. Nesta en-trevista, o ex-governador fala sobre as dificuldades enfrentadas para aprovar uma proposta de reforma no País e critica a falta de decisão política que impediu avanços na administração tributária brasileira.

TRIBUTU$ - O senhor acredita que será possível aprovar a reforma tributária ainda este ano?

Germano Rigotto - Para que a reforma tributária fosse aprovada ainda em 2009, precisaríamos con-tar com mais decisão política dos poderes Executivo e Legislativo. O ano de 2007, tido como ideal, foi perdido. Em 2008, por ser um ano eleitoral, a reforma foi sendo adiada mês a mês. Quanto mais nos apro-ximarmos de 2010, mais o tema se misturará com a eleição presidencial e menor será a chance de a reforma

ser aprovada. Sinceramente, não estou vendo vontade política para que se aprove.

TRIBUTU$ - O que é necessário para aprovar a proposta?

Germano Rigotto -Vontade polí-tica dos poderes. Ao longo desses anos, isso não aconteceu.

TRIBUTU$ - Qual a avaliação que o senhor faz da proposta apre-sentada pelo governo e da aprovada na Comissão Especial da Câmara?

Germano Rigotto - A proposta, na verdade, tem avanços, mas há ainda modificações a serem feitas. Ela começa com um correto processo de racionalização do sistema tributário nacional, mas existem questões, como o Fundo de Equalização, que podem enfrentar resistência por parte dos estados, pois não está claro o seu funcionamento, assim como o Fundo de Desenvolvimento Regional. Deve haver avanços em

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ainda em 2009, precisaríamos contar com mais decisão

política dos poderes Executivo e Legislativo.”

questões como essas para que a proposta seja aprovada.

TRIBUTU$ - Quais os principais problemas da proposta e onde seria possível evoluir?

Germano Rigotto – Além dos problemas com o Fundo de Equa-lização, acredito que poderia haver também uma discussão sobre regu-lação das mudanças que ocorrerão no capítulo tributário da Constitui-ção em função da reforma. Seria importante que os parlamentares fi zessem simulações, pois existem muitas dúvidas de como seriam as mudanças ocasionadas pela re-forma. Tenho certeza de que isso ajudaria no avanço da pro-posta.

TRIBUTU$ - Essa reforma terá condi-ções de resolver os problemas do sis-tema tributário na-cional?

Germano Rigotto - Ela começa a melho-rar o sistema tributário brasileiro. Sem dúvida, ela não resolve todos os problemas, mas aperfeiçoa o nosso sistema. É um avanço.

TRIBUTU$ - Que medidas po-deriam ser adotadas para reduzir a carga tributária?

Germano Rigotto – É necessário um sistema mais racional, efi cien-te e com melhor distribuição da carga tributária. Quando se busca a racionalização, é para facilitar a fi scalização e a arrecadação, dimi-

nuindo a evasão fi scal, por meio da informalidade, da sonegação e da elisão fi scal. Com a ampliação da base tributária, poderíamos conse-guir cargas setoriais.

TRIBUTU$ - O governo criou a Receita Federal do Brasil como forma de aumentar a efi ciência da administração tributária brasileira. O senhor acredita que esse é o ca-minho? Em sua avaliação, houve al-guma evolução no sistema tributário brasileiro após a criação da chamada Super-Receita?

Germano Rigotto - Eu acho que a Super-Receita veio para exatamente facilitar o cruzamento de informa-ções, atacar o problema da evasão fi scal com mais força e fortalecer a Receita. É um processo, entretanto não ocorre com a rapidez que se gos-taria. Além disso, a Super-Receita, por si só, não signifi ca uma evolução no sistema tributário nacional, signi-fi ca, sim, um avanço nos controles.

TRIBUTU$ - Além da carga tributária elevada, os setores pro-

dutivos também reclamam muito da burocracia e das elevadas exigên-cias para que uma empresa cumpra com suas obrigações. O senhor vê alguma melhora nesse aspecto ou nenhuma mudança signifi cativa foi tomada para tornar menos complexo o sistema tributário nacional?

Germano Rigotto - Nos últimos anos, o Super Simples signifi cou um avanço na desburocratização e na desoneração de micro e peque-nas empresas, além de uma busca pela diminuição da evasão fi scal. Foi uma mudança que veio para

melhorar.

TRIBUTU$ - Que me-didas tributárias deve-riam ser tomadas neste momento de crise eco-nômica?

Germano Rigotto - De alguma forma, existe es-paço para fazer com que os setores mais impac-tados pela crise possam ter uma atenção especial do Governo Federal. A agilização na devolução

dos créditos de exportação é um avanço. Também seria

positivo se o governo permitisse a compensação de outros tributos federais. Esses créditos poderiam amenizar a situação de alguns se-tores. Acredito ser necessária uma análise caso a caso, para ver os setores mais impactados e quais as alternativas viáveis para socorrê-los.

TRIBUTU$ - Em sua opinião o Brasil tem condições de sair desta crise rapidamente e qual a importân-cia que a reforma tributária assume nesse contexto?

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no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social?

Germano Rigotto - Trabalhamos muito, tivemos muitas reuniões e conseguimos colaborar com muitas sugestões aceitas pelo governo. O nosso trabalho continua até que seja aprovada a reforma.

TRIBUTU$ - Foi possível retirar algum consenso de tudo que foi apresentado ao longo do último ano?

Germano Rigotto - Com certeza. Dentro do CDES, há uma certeza de que se deve reduzir o número de contribuições sociais e operar mudanças no ICMS, que passaria a ter uma única legislação, com um menor número de alíquotas e a mi-gração da cobrança da origem para o destino. São questões que unem o Conselho. $

Germano Rigotto -A reforma tributária não será, por si só, uma solução para a crise, por conta da longa etapa de transição necessária para a sua implementação. Porém, ela seria, sim, uma sinalização al-tamente positiva para dentro e para fora do país.

TRIBUTU$ - Qual tem sido o papel do Conselho de Desenvol-vimento Econômico nos debates da reforma tributária e qual deve ser o papel deste Conselho em um momento de crise econômica como este?

Germano Rigotto - O Conselho debateu, acerca da proposta do governo sugeriu e opinou. Muitas sugestões foram aceitas e outras não. Agora, continuamos com o acompanhamento da reforma no Congresso. Sou o coordenador do

grupo que acompanha e discute a tramitação no Legislativo. Com relação à crise, temos um grupo de acompanhamento que analisa cada medida que o Governo Federal está adotando e seus efeitos, além de sugerir novas. Esse será um trabalho que durará enquanto durar a crise, na busca de caminhos para que se amenize os efeitos da turbulência internacional.

TRIBUTU$ - Que proposta de reforma tributária o conselho de-fende?

Germano Rigotto - Uma reforma tributária que racionalize, simplifi -que e desonere a produção, garan-tindo ainda mais justiça fi scal.

TRIBUTU$ - Como o senhor avalia o trabalho realizado pelo grupo que trata da reforma tributária

Fotos: assessoria de imprensa de Germano Rigotto

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ANALISTA-TRIBUTÁRIO SE RECUPERA DE ACIDENTE EM FOZ DO IGUAÇU/PR Martines teve 40% do corpo queimado, perdeu nove dentes, parte da audição dos dois ouvidos e quase perdeu as orelhas e as mãos

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A explosão de um contêiner carregado com 22 mil qui-los de isqueiros feriu três

pessoas durante procedimento de trânsito aduaneiro, em 16 de maio do ano passado, na Área de Controle Integrado (ACI), em Ciudad Del Este, no lado paraguaio da Ponte Internacional da Amizade. O Ana-lista-Tributário da Receita Federal do Brasil Celso Martines, de Foz do Iguaçu/PR, foi o mais atingido pelas chamas e fi cou em estado gravíssimo de saúde. Martines teve 40% do corpo queimado. As queimaduras de 2º e 3º graus atingi-ram todo o seu cor-po, principalmente os braços, o tórax e a cabeça.

Os outros dois fe-ridos pela tragédia foram o representante da transportadora do contêiner e um car-regador paraguaio. A carga explodiu e arremessou os três a cerca de 10 metros de dis-tância. Martines e o representante da transportadora foram socorridos pelos bombeiros e levados para o Hospital Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu/PR. Já a vítima paraguaia foi encaminhada para um hospital da Ciudad Del Este. Como o estado de saúde de Martines era muito delica-do, ele foi transferido em seguida para o Hospital Pilar, em Curitiba/PR. No momento da transferência,

o Analista-Tributário tinha apenas 20% de chance de sobrevivência. “Se tivesse fi cado em Foz do Iguaçu teria morrido”, acredita Martines.

Após oito meses do acidente de trabalho e ainda em recuperação, Martines afirma que lembra so-mente de alguns minutos antes da explosão. “Lembro da abertura do contêiner e quando o transportador começou a passar as caixas para a

análise. Fui acordar uns dez dias depois na UTI”, disse. Ele ficou internado 33 dias no Hospital Pilar, 22 deles foram na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).

Além das queimaduras, o cole-ga perdeu nove dentes, parte da audição dos dois ouvidos e quase perdeu as orelhas e as mãos. “Não sei especifi car bem a gravidade da perda da audição, mas não consigo mais ouvir determinados sons”,

informou. Martines também fi cou com uma sequela no braço esquerdo e deverá passar por uma cirurgia nos ligamentos do braço. Por conta das queimaduras em todo o corpo e da lenta recuperação terá ainda que usar uma malha especial durante dois anos.

Os efeitos psicológicos do desastre não são menos signifi cativos que os físicos. Martines terá que se subme-

ter à psicoterapia para tra-tamento de transtorno de estresse pós-trau-mático. “Estou com medo até de elevador. Ainda não consegui ir às sessões de tera-pia, mas o tratamen-to psiquiátrico vem sendo feito desde o hospital”, comentou. O Analista-Tributário está fazendo uso de dois medicamentos, um ansiolítico e outro antidepressivo. “Nun-

ca precisei fazer uso desse tipo de medicamento, mas é o que está me auxiliando”, confessa.

Após passar por um trauma dessa magnitude, ele afi rma que começou a restabelecer a sua vida aos poucos. Casado e pai de dois fi lhos, Martines conta que está sentindo necessidade de se isolar para poder recomeçar. “Essa situação de quase morrer é muito dura, só passando para saber. Constatei que a vida realmente é muito passageira. Você pode sair

“...falta estrutura,

condições de trabalho,

treinamentos adequados e

medidas de segurança.”

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para trabalhar e não voltar mais. O tratamento de queimaduras também é muito sofrido, muito demorado. Percebi que Deus cuida das crianci-nhas e dos aduaneiros porque esse tipo de acidente poderia ocorrer mais vezes”, refl ete.

Com 50 anos de idade, 22 deles dedicados à área de fi scalização da Receita Federal do Brasil, Celso Martines destaca que falta estrutu-ra, condições de trabalho, treinamentos adequados e medidas de segurança. Mas mesmo em condi-ções precárias, Analistas-Tributários que atuam em portos e pontos de fronteira se esforçam diariamente para realizar um bom trabalho, nem que para isso tenham que colocar em risco a própria vida. O Analista-Tributário diz que pensa em voltar a trabalhar em breve, mas destaca que tem receio de voltar para a área de fi scalização. “Sempre temi que alguma coisa assim pudesse acontecer. Já havia comentado com vários colegas”, afi rma.

Descaso da Receita Federal

Apesar de confi gurar “acidente em serviço o dano físico ou mental so-frido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente, com as atribuições do cargo exercido”, con-forme o art. 212 da Lei 8.112/90, o Analista-Tributário destacou a falta de empenho e amparo da Receita Federal do Brasil no acontecimento. Celso Martines informa que recebeu

apoio somente do Sindireceita e dos amigos mais próximos. “Trabalho há muitos anos na Receita Federal, o fato foi caracterizado como acidente de trabalho, e isso é responsabilida-de deles, mas não recebi nada da ad-ministração. Pedi ressarcimento ao Ministério da Fazenda em julho de 2008, porém o pedido está parado, não obtive resposta até o momento”, desabafa. De acordo com o Analista-Tributário, para cobrir os gastos

com implantes dentários e parte do tratamento psiquiátrico, foi neces-sário fazer empréstimos bancários. Próximo ao fi nal do ano passado, ele ainda não havia recebido o ressarci-mento da administração e disse que teria de fazer novo empréstimo para manter o tratamento.

Outros acidentes com explosões

O acidente que envolveu o Analis-ta-Tributário foi o terceiro episódio de explosões de isqueiros apenas no ano de 2008. No dia 24 de fevereiro, um veículo Siena carregado com 32.250 isqueiros também explodiu

dentro do pátio da Delegacia da Receita Federal de Foz do Iguaçu/PR. Com a explosão, a lataria e a parte interna do veículo ficaram danifi cadas.

No mesmo dia, pequenas explo-sões foram notadas em outro veícu-lo, um Corsa carregado com 20 mil isqueiros. Os bombeiros consegui-ram conter um incêndio em escala maior. “Esta é a terceira explosão

dessa natureza só no ano passado. As outras duas foram em escala menor porque ocorreram em veículos de passeio. Acredito que deve ser feita uma investigação para verificar a falta de seguran-ça no trabalho de fiscalização”, ressalta o dele-gado sindical do Sindireceita em Foz do Iguaçu/PR Samuel Benck

Filho.

Investimentos em segurança

Além de acompanhar de perto todo o tratamento e disponibilizar o apoio necessário para a recuperação da saúde do Analista-Tributário Celso Martines, o Sindireceita reuniu-se com o delegado da Receita Federal em Foz do Iguaçu Gilberto Tragan-cin logo após o acidente, no dia 19 de maio de 2008, para demonstrar a preocupação da categoria com as condições de trabalho na região e também para cobrar mais treina-mentos e melhorias na segurança dos servidores que atuam na fi sca-lização. $

“Percebi que Deus cuida das criancinhas e

dos aduaneiros porque esse tipo de acidente poderia

ocorrer mais vezes”

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Área de Controle Integrado (ACI), em

Ciudad Del Este

Com o calor das chamas, o contêiner

fi cou deformado.

Celso Martines faz tratamento em

câmara hiperbárica.

Foto: Cláudio dos Anjos

Foto: Cláudio dos Anjos

Foto: Equipe médica do Hospital Pilar

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VARIAÇÕES SOBRE A REFORMA TRIBUTÁRIA

A reabertura dos trabalhos no Congresso Nacional trará de volta, inevitavelmente,

o debate sobre o projeto Mabel de reforma tributária – versão degrada-da da já originalmente ruim proposta do Poder Executivo.

O projeto oferece um vasto campo para críticas, desde as que assinalam inconsistências até as que apontam erros conceituais, daí passando para as que ressaltam a inoportunidade do veículo normativo ou do momen-to para tratar da questão ante a gra-vidade da presente crise econômica. Exploremos dois aspectos apenas do projeto: a via constitucional e a simplifi cação.

Padecemos de uma crônica e dano-sa predileção por soluções constitu-cionais para as questões tributárias.

Em decorrência, têm-se modelos infl exíveis que tornam inviável o exercício de política tributária, além de uma profusão de demandas judi-ciais que produzem litígios colossais entre o fi sco e o contribuinte, em desfavor da segurança jurídica e do planejamento dos investimentos privados.

Não é necessário discorrer sobre os custos políticos para promover alterações constitucionais, inclusive para correção de erros anteriores. Mais grave é constatar que a maior parte dos problemas tributários brasileiros se resolve pela via in-fraconstitucional. Baltazar Gracián, eminente pensador do século XVII e autor do célebre “Oráculo Manual e a Arte da Prudência, já ensinava: “Não se deve dedicar às coisas mais esforços do que o necessário, para

evitar desperdício de saber e ener-gia. O bom falcoeiro usa apenas os pássaros que a caça exige.”

Apenas para argumentar, admita-mos que o projeto Mabel prospere. Como iríamos consertar a enorme teia de vinculações e partilhas pro-posta? Construída empiricamente, ela tornaria ainda mais difícil a gestão orçamentária e geraria uma espécie de contaminação federativa, pois cada problema fi scal da União iria demandar maior extração na conta do contribuinte em virtude da partilha tributária generalizada para entidades subnacionais. Al-guém pode avaliar a discussão que se instalaria sobre o dimensiona-mento da “bolsa ICMS” concebida para compensar perdas dos estados exportadores, por força da institui-ção de um mítico e desarrazoado princípio do destino?

Everardo Maciel*

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Pretende a proposta simplifi car o sistema tributário. A intenção é lou-vável. No âmbito tributário, simpli-fi cação é a mais relevante demanda contemporânea. Sistemas tributários complexos constituem espaço fértil para sonegação, planejamento tribu-tário abusivo e arbitrariedade fi scal. Não é outra a razão pela qual ganha força, em todo o mundo, o princípio da praticabilidade.

A complexidade do sistema tribu-tário brasileiro reproduz tão-somen-te nossa complexa realidade. Sim-plifi cações pontuais são possíveis e necessárias. Algo mais profundo, todavia, exige repensar o federalis-mo brasileiro – tarefa árdua e difí-cil, tanto do ponto de vista técnico quanto político. Por inapetência ou excessiva reverência a um abstrato pacto federativo, a verdade é que inexiste qualquer iniciativa séria para rediscutir o federalismo fi scal.

Esse quadro não constitui idios-sincrasia brasileira. Apenas para citar um exemplo, o renomado tri-butarista Vito Tanzi lembrava que a legislação do imposto de renda ame-

ricano tem 65 mil páginas (das quais 20 mil representam a contribuição do governo Bush) e 600 modelos distintos de declaração.

Alguns movimentos recentes, no Brasil, caminharam na direção oposta da simplifi cação. O Simples, instituído no governo FHC, fazia jus a seu nome; o SuperSimples é um primor de complexidade. O PIS/Co-fi ns cumulativo era, de fato, apenas uma espécie de adicional do imposto de renda corporativo. Sua base de cálculo era exatamente a mesma do lucro presumido, regime festejado pelos optantes e invejado pelos que obrigatoriamente se submetem às agruras do lucro real. O PIS/Cofi ns não-cumulativo é uma manifestação superabundante do caos. Sua legis-lação converteu-se em território livre para todos os tipos de lobbies e para improvisadas desonerações tributárias.

O projeto Mabel pretende fundir o PIS, a Cofi ns e o salário-educação em um único imposto, a despeito de, pitorescamente, manter

as mesmas destinações originais, como se contribuições fossem. O pretexto é simplifi car. É, entretanto, mera estultice proclamar essa tese. PIS e Cofi ns praticamente em nada diferem. Harmonizar suas respec-tivas legislações é tarefa que pode fi car a cargo de modestas normas infraconstitucionais.

Simplifi car é outra coisa. Seria, por exemplo, reunir aquelas contribui-ções com o ICMS e o ISS, dando ensejo a um IVA nacional com legislação federal, fi scalização es-tadual e arrecadação compartilhada entre as entidades federativas. Essa é a proposta que está sendo gestada na Comissão Especial de Reforma Tributária no Senado Federal.

Por ora, melhor faríamos se nos dedicássemos a formular um projeto

para enfrentar, com se-riedade e realismo,

a crise econômi-ca mundial, sem improvisos e fanfarronices. $

*Consultor tributário e ex-secretário da Receita Federal, de 1995 a 2002.

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2009 O pré-sal é nosso!

Brasil e os Estados Unidos estariam alinhando interes-ses para fi rmar acordos de

exportação de petróleo e derivados brasileiros para o território ameri-cano. As informações já circulam informalmente, mas a imprensa internacional divulga que a intenção do governo de Barack Obama é pôr fim à dependência energética da Venezuela.

Para Paulo César Ribeiro Lima, consultor Legislativo da Câmara dos Deputados e autor do estudo “Um novo marco legal para pesquisa e lavra das jazidas brasileiras de petróleo e gás natural”, o Brasil pas-sará a exportar petróleo a partir de 2017. Com a descoberta dos campos de pré-sal na Bacia de Santos, Lima estima que o potencial brasileiro de produção de barris quadruplicará. “Hoje, as reservas brasileiras estão em torno de 14 bilhões de barris. A expectativa é que só nessa área da Bacia de Santos sejam produzi-dos mais de 50 bilhões de barris”, destaca.

O consultor defende que o petróleo seja produzido e refi nado no Brasil. “Seria interessante que o petró-leo fosse produzido e que fossem construídas muitas refi narias, para gerar emprego e renda. Para isso, o modelo tributário brasileiro também

deve ser rediscutido, porque há fortes tributações nos derivados de petróleo consumidos internamente, como o ICMS da gasolina que é de 25%, ou seja, muito alto”.

TRIBUTU$ - Por que esse petró-leo é chamado de pré-sal?

Paulo César Lima – Esse óleo está acumulado abaixo de uma camada de sal. Há 120 milhões de anos, tínhamos um lago entre a Améri-ca e a África. Era pequeno, fi no e corria ao longo da costa brasileira e da costa africana. Esse ambien-te lacustre recebia muita matéria orgânica dos rios, o que propiciou a geração de muitos fi toplanquitos e risoplanquitos, microorganismos que fi cam na superfície da água. Ao longo de milhões de anos, essa ma-téria orgânica foi sendo depositada. Com a separação dos continentes, houve a entrada de água do mar e, com o clima quente, o sal foi sendo depositado por milhões de anos. Com a separação das placas tectônicas da América e da África, houve um aumento das pressões e da temperatura, o que provocou a rup-tura da camada de sal e da matéria orgânica. No primeiro estágio, essa matéria orgânica produz querogênio e, ao longo do tempo, as moléculas desse betume são quebradas pelo processo de craqueamento, o que

produz o petróleo. Para chegar ao prospecto do pré-sal da área de Tupi na Bacia de Santos, por exemplo, é preciso percorrer dois mil metros de lamina d’água, três mil metros de sedimento, mais dois mil metros de camada de sal para depois chegar ao reservatório.

TRIBUTU$ - E qual o impacto e o potencial das reservas no Brasil?

Paulo César Lima – A Petrobrás já divulgou volumes recuperáveis de petróleo nos blocos licitados na Bacia de Santos, estimados em 5 a 8 bilhões de barris no campo de Tupi, e de 3 a 4 bilhões de barris no pros-pecto de Iara. Então, estamos falan-do num potencial de 12 bilhões de barris apenas nesse bloco, chamado de BMS 11. Como são muitos outros blocos com as mesmas característi-cas de Tupi e Iara, a expectativa é que só nessa área da Bacia de Santos sejam produzidos mais de 50 bilhões de barris, o que corresponde a quatro vezes as reservas brasileiras. Ainda temos de lembrar que a Petrobrás já perfurou três poços no pré-sal do Espírito Santo, todos com altíssima produtividade. Devemos lembrar também que esse poço é vertical. Um poço de produção com maior inclinação e poços horizontais po-dem aumentar ainda mais a produ-ção no reservatório nesse carbonato do pré-sal. Já na Bacia de Campos,

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chamamos o óleo de pós-sal, porque está acima da camada de sal. Existe, porém, uma grande diferença na qualidade dos óleos. O óleo que migrou para cima da camada do sal fi cou exposto a temperaturas mais baixas e houve uma biodegradação, por isso o óleo da Bacia de Campos é viscoso, pesado.

TRIBUTU$ – E quanto ao debate em relação à exportação ou à manu-tenção das reservas, o que o senhor pensa sobre isso?

Paulo César Lima – O que tenho defendido é que o petróleo seja produzido e refinado no Brasil. Acredito que o modelo dos outros países, de ex-portação do petróleo bru-to, petróleo cru, é muito bom para países menores. Por exemplo, no modelo norueguês, o estado se apropria de grande parte da receita do petróleo que é exportado. Mas a Noruega é um país com 6 milhões de habi-tantes. Lá não existe a demanda e a carência da sociedade brasileira. Seria interessante que o petróleo fosse produzido e que fossem construídas muitas refi narias, para gerar emprego e renda. Para isso, o modelo tributário brasileiro também deve ser rediscutido, porque há fortes tributações nos derivados de petróleo consumidos internamente, como o ICMS da gasolina que é de 25% , ou seja, muito alto.

TRIBUTU$ - O petróleo do pré-sal é uma questão de Estado?

Paulo César Lima – É sim. A nossa luta ao longo do tempo foi pela auto-sufi ciência, e essa fase foi

superada. A perspectiva em 2017 é que estejamos exportando petróleo.

TRIBUTU$ - O senhor acredita que o debate político do pré-sal tem superado o debate técnico?

Paulo César Lima– Acredito que não. Como é uma questão de Estado, o debate tem de ser político, mas alicerçado numa base técnica.

TRIBUTU$ - A ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) declarou que os contratos assinados serão preserva-dos. Isso acontecerá mesmo que o marco seja modifi cado?

Paulo César Lima – Os contratos serão respeitados. Mas, mesmo respeitando os contratos, existe a questão da unitização do campo e, nesse caso, não há previsão legal. Além do petróleo, ela só prevê a unitização de campo que se esten-da de um bloco licitado para outro licitado. Então quem irá defender os interesses da União num processo de individualização? Ou seja, quando houver o rateamento da receita líquida, decorrente da produção daquele campo, ela será dividida na proporção do óleo acumulado em cada uma das áreas. Essa discussão

é técnica entre engenheiros e geó-logos para celebrar o acordo para individualização da produção. Se esses profi ssionais não chegarem a um consenso, quem irá determinar, por meio de um laudo arbitral, o que cabe a cada parte, será o órgão regulador, a ANP. É fundamental, no processo de unitização, que a União tenha uma representação técnica, feita por uma empresa pública que represente os interesses da União.

Eu também defendo que no futuro, nas áreas do pré-sal, exista a possi-bilidade da celebração de contrato de partilha da produção, uma vez que os grandes países produtores

de petróleo utilizam-no. Nesse contrato, a União recebe uma parte do óleo que chamamos de óleo lucro. Todo óleo lucro daquele empreendimento é repartido entre o país e o consórcio que venceu a licitação para a partilha de produção. Esse é um modelo de partilha que eu defendo para as futuras licitações dos blocos do pré-sal, porque, com o mo-

delo de licitação, é muito difícil fa-zermos uma política industrial com o petróleo do pré-sal. No modelo de concessão, o óleo produzido é do concessionário. A única restrição para a utilização desse óleo é o abas-tecimento interno de combustíveis. Se o Brasil estiver abastecido de derivados de petróleo, a concessio-nária pode exportar o óleo. A União não terá nenhuma ingerência, por-que a propriedade do petróleo é da empresa. Já na partilha de produção, isso ocorreria parcialmente. $

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Entrevista original do programa“Receita de Cidadania”

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Pirata: tô fora!

Ministério Público de Santa Catarina

amplia combate à pirataria

O Ministério Público de Santa Catarina reforçou o traba-lho de repressão contra a

pirataria durante as festas de fi m de ano. Uma das ações executadas pelo Centro Operacional de Apoio ao Consumidor foi a promoção de um amplo trabalho de divulgação e conscientização sobre os riscos e prejuízos que a pirataria impõe ao país.

Uma das iniciativas contou com o apoio do Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil (Sindireceita). O material de divulgação da campanha que foi produzido pelo Ministério Público e que foi distribuído para os cidadãos, como cartilhas e cartazes, também levou a marca "Pirata: Tô Fora. Só uso original!", iniciativa do Sindireceita, que tem o apoio do Conselho Nacional de Combate à Pirataria do Ministério da Justiça (CNPC/MJ).

O coordenador do Centro Ope-racional de Apoio ao Consumidor e promotor do Ministério Público catarinense Álvaro Pereira Oliveira Melo destaca que foram defl agra-das, no fi nal do ano, uma série de ações repressivas e informativas desenvolvidas junto aos cidadãos. O material da campanha foi dis-tribuído para os Centros de Apoio

Criminal, do Consumidor e da Ordem Tributária do MP em todo o estado. "Nossa intenção foi apro-veitar que as pessoas estavam nas ruas, por conta do aquecimento do comércio no fi nal do ano, e alertar sobre os riscos oferecidos pelos produtos piratas”, disse. Segundo o promotor, a ideia é mostrar também as consequências negativas para o país, como o estímulo à criminali-dade, destinação dada ao dinheiro arrecadado com a pirataria para o tráfi co de drogas e armas.

Outro ponto que foi destacado na campanha, segundo o promotor, é a relação entre pirataria, sonega-ção fi scal e redução de empregos formais. Para o promotor Álvaro, é preciso pautar essa discussão junto à sociedade e assim, transformar o cidadão em um aliado na luta contra a pirataria. Em sua avaliação, afi rma que é preciso mostrar às pessoas que esse tipo de produto também causa o desemprego. "Outro aspecto que estamos ressaltando é o risco direto ao consumidor, pois o processo de fabricação desses produtos não res-peita nenhum critério de qualidade e, muitas vezes, como no caso de brinquedos e medicamentos, o que está em risco é a saúde e a vida das pessoas, especialmente das crianças e jovens", alerta.

Para o diretor de Estudos Técnicos do Sindireceita e coordenador da campanha Rodrigo Thompson, a parceria com o Ministério Público de Santa Catarina mostra que a campanha "Pirata: tô fora!" está no caminho correto. Em sua análise, mais do que ampliar o trabalho junto aos cidadãos, essa parceria com o MP catarinense também reforça a necessidade de se instituir um deba-te mais amplo sobre o tema junto ao poder público. Segundo Thompson, a atuação do MP estadual contribui para mudar a concepção reinante entre muitos agentes públicos de que a pirataria é um crime de menor po-tencial ofensivo. "Temos que mudar essa visão e tratar a pirataria como um crime grave que lesa os cofres públicos, estimula a informalidade e, principalmente, fi nancia o crime organizado, chegando até a causar danos à saúde do consumidor e agre-dir o meio ambiente, como ocorre com a pirataria de medicamentos, fertilizantes e agrotóxicos", alertou.

Mudanças legais

O Ministério Público de Santa Ca-tarina também reforçou outras fren-tes de combate à pirataria. O promo-tor Álvaro Oliveira pondera que é preciso fortalecer a repressão contra esse crime no estado que, em função da proximidade com o Paraguai, acaba sendo fortemente afetado.

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Segundo ele, algu-mas Promotorias de Justiça, como a de Mafra, Curitibanos, Cunha Porã, Rio

do Campo e Braço do Norte recomendaram às prefeituras a edição de norma legislativa que condicione a manutenção ou a expe-dição do alvará de funcionamento de estabelecimentos comerciais à proi-bição da venda de produtos piratas ou falsifi cados. De acordo com as normas, o proprietário que for pego vendendo esse tipo de mercadoria,

além das eventu-ais me-

didas criminais, terá o estabelecimento fe-

chado.

A 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Mafra também fi rmou

termo de ajustamen-to de conduta (TAC)

com comercian-tes locais, que se comprometeram a não vender, guardar ou alugar

produtos pirateados, em especial CDs, DVDs e

programas de computador. Caso não cumpram o TAC, os comerciantes

ficam sujeitos à

multa diária de R$ 1 mil, além das ações cabíveis

na esfera cível e criminal. A Promotoria de

Tangará tam-bém vem comba-

tendo a pirataria. Já na Comarca de Curitibanos, a 1ª Promotoria de Jus-tiça, além de divulgar a campanha,

firmou parceria com uma rádio local

que produziu seis propagandas com os alertas da campanha que estão sendo veiculadas diariamente.

Segundo o promotor, os centros regionais também estão sendo orientados a promover dili-gências, buscas, apreensões e denúncias criminais. Ou-tro mecanismo que o MP tem recomendado, ainda segundo ele, é a delação premiada como alternati-va para aqueles pequenos comerciantes que foram pegos em fl agrante. A in-tenção é que, dessa forma, esses vendedores “menores” possam informar a origem dos produtos pirateados e falsifi cados. "O que queremos é atingir justamen-te aqueles que se utilizam dessas pessoas para ganhar grandes somas de dinheiro", destaca.

O Ministério Público do Estado, afirma o promotor, também tem atuado em parceira com as polícias civil, militar, rodoviária federal e federal, Secretaria da Fazenda e Receita Federal do Brasil. "Assim, estamos agindo em todas as fren-tes com um trabalho inteligente, associando, de forma coordenada, a repressão e a conscientização", fi nalizou.

O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) em parceria com as Polícias

Civil e Militar, Receita Federal e Secretaria de Estado da Fazenda criou também um grupo permanente de repressão e combate à pirataria. O grupo vai desenvolver ações em todo os estados e subsidiar as Pro-motorias de Justiça.

O coordenador-geral do Centro de Apoio Operacional Criminal, Promotor de Justiça Andrey Cunha Amorim lembrou que um terço do

dinheiro que gira no mundo decorre do crime, sendo que 40% dele vêm da pirataria. "A compra de um CD pirata parece uma ação singela, mas esse ato fomenta o crime organiza-do", afi rmou Amorim.

Para o coordenador-geral do Cen-tro de Apoio Operacional da Ordem Tributária, promotor de justiça Rafael de Moraes Lima, a pirataria traz em si muitos crimes periféricos, como o crime organizado. "Também é uma forma de corrupção", com-pletou. Para o coordenador-geral do Centro de Apoio Operacional do Consumidor, promotor de jus-tiça Álvaro Pereira Oliveira Melo, a campanha servirá para mudar um padrão de comportamento social.

Criação de Conselho Estadual

O representante da Secretaria Estadual da Casa Civil Jair Schmidt anunciou que o Governo do Estado irá encaminhar para a Assembléia Legislativa um projeto de lei que cria o Conselho Estadual de Com-bate à Pirataria. "O trabalho do conselho irá complementar a criação do grupo permanente de repressão e combate à pirataria", disse Schmidt. $

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Campanha do Sindireceita é exemplo de ação no combate à pirataria

As ações da campanha “Pira-ta: tô fora!Só uso original”, desenvolvidas pelo Sindi-

cato Nacional dos Analistas-Tribu-tários da Receita Federal do Brasil (Sindireceita), foram incluídas no esforço olímpico pela candidatura do Rio de Janeiro como cidade sede dos jogos em 2016. Um relatório detalhado das ações da campanha do Sindireceita, que conta com o apoio do Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Pro-priedade Intelectual do Ministério da Justiça (CNCP/MJ), foi enca-minhado por solicitação do comitê de candidatura Rio 2016 à sede dos jogos olímpicos e paraolímpicos. O Comitê Olímpico Internacional (COI), em Lausanne, na Suíça, es-colherá a cidade sede dos Jogos de 2016 no dia 2 de outubro.

A campanha “Pirata: tô fora!” é apresentada como uma das iniciati-vas de conscientização da população contra a pirataria. O COB enviou ao Comitê Olímpico Internacional (COI) um memorando em que o país se compromete a respeitar a proprie-dade intelectual durante os Jogos Olímpicos de 2016, caso o Rio de Janeiro seja escolhido como sede. De acordo com o Comitê Olímpico

Brasileiro, o apoio do Sindireceita é fundamental para a defesa do pro-jeto, no que tange às exigências do COI referentes à proteção às marcas. As informações serão apresentadas aos membros do COI durante a vi-sita de avaliação que acontecerá de 27 de abril a 3 de maio. De acordo com o COB, a comissão de avalia-ção do COI pode questionar quais as ações nessa área, que tipo de apoio o projeto olímpico recebe e quais são as instituições envolvidas. É nessa etapa que o comitê brasileiro deverá utilizar o relatório produzido pelo Sindireceita para desenvolver a argumentação e a defesa do tema durante a visita de avaliação.

O Rio de Janeiro foi a primeira cidade candidata à sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 a entregar seu dossiê de candidatura ao Comitê Olímpico Internacional (COI). A entrega foi realizada no dia 11 de fevereiro, na sede do COI, em Lausanne, na Suíça, pelo supe-rintendente de operações do comitê Rio 2016 Carlos Luiz Martins. O material foi recebido por Jacqueline Barret, chefe do Departamento de Candidaturas do COI.

A entrega de 100 cópias do dossiê de candidatura é uma exigência do

COI para todas as ci-dades candidatas. O documento, que será a base para a análise técnica de cada projeto, tem 600 páginas divididas em três volumes, que contêm informações sobre 17 temas, como transporte, acomodações e meio ambiente além de outros. O material inclui textos, manuais técnicos, mapas, projetos arquitetônicos das instalações pre-vistas e tabelas. No total, quase meia tonelada de documentos seguiu para Lausanne.

Marco legal

O respeito à propriedade intelectu-al durante os jogos olímpicos é uma das exigências do Comitê Interna-cional para que uma cidade possa ser escolhida como sede. Essa de-terminação está expressa em vários acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário. Na prática, o país que assume o compromisso deve respeitar as determinações previstas nesses acordos sob pena de sofrer sanções em caso de violação.

No plano internacional, um dos principais acordos do qual o Brasil

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é membro é a Convenção de Paris para proteção da propriedade indus-trial, o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), incluindo o Acordo TRIPS, bem como Tratado de Nairóbi. O Brasil também é signatário da Convenção de Berna para proteção das obras artísticas literárias e científi cas. Essas Leis e tratados internacionais também garantem a proteção aos símbolos olímpicos, especialmente o Tratado de Nairóbi sobre Proteção do Sím-bolo Olímpico, de 26 de setembro de 1981; a Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, mais conhecida como “Lei Pelé” e a Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, a Lei da Propriedade Industrial – LPI.

Além de encaminhar ao COI um memorando em que se compromete a respeitar esses tratados, o comitê brasileiro também solicitou à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), se-ção do Estado do Rio de Janeiro, um parecer a respeito do funcionamento do sistema brasileiro de proteção à

propriedade intelectual. No trabalho realizado pela Comissão de Proprie-dade Industrial e Pirataria (CPIP) e pela Comissão de Direito Autoral, Direitos Imateriais e Entretenimento (CDADIE), foi destacada a proteção oferecida aos símbolos olímpicos pela legislação brasileira. “Portanto, diante do exposto, fi ca absoluta-mente clara a proteção conferida pelo ordenamento jurídico nacional aos símbolos olímpicos, uma vez que a possibilidade de utilização e registros deles está condicionada à prévia concordância da entidade desportiva. Caso haja o desrespeito a tais preceitos, o direito brasileiro confere às entidades desportivas instrumentos legais de repressão na esfera cível e na criminal. Há também a possibilidade de repara-ção dos possíveis danos morais e materiais sofridos.”

De acordo com o documento, o marco jurídico nacional foi o De-creto nº 90.129, de 30 de agosto de 1984, que promulgou o Tratado

de Nairóbi. Esse acordo confere ao símbolo olímpico proteção especial. O acordo, em seu artigo 1º, estabele-ce que os Estados contratantes têm a obrigação de recusar ou invalidar o pedido de registro ou registro já concedido a uma marca que con-tenha cópia de qualquer parte inte-grante do símbolo olímpico, assim como proibir o uso, por meio de medidas adequadas, de marca que viole o símbolo, objeto de proteção do Tratado.

O acordo prevê exceções, como aquelas em que a marca similar ao símbolo olímpico tenha sido regis-trada antes da entrada em vigor do tratado.

Em 25 de março de 1998 entrou em vigor a Lei nº 9.615/98, conhecida como “Lei Pelé”, que também con-tribuiu para a proteção dos símbolos olímpicos, conforme previsto no artigo 15. De acordo com a lei, é conferido ao COB e ao Comitê Pa-raolímpico Brasileiro (CPOB) o uso

Parque Olímpico

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“das bandeiras, lemas, 9 hinos, sím-bolos olímpicos e paraolímpicos, assim como as denominações ‘jogos olímpicos’, ‘olimpíadas’, ‘jogos paraolímpicos’ e ‘paraolimpíadas’, sendo permitida a utilização destas últimas quando se tratar de eventos vinculados ao desporto educacional e participativo”. Já no artigo 4º desse mesmo dispositivo, os termos do Tratado de Nairóbi, proibem o registro ou o uso de marca que copie o símbolo olímpico sem a prévia anuência do COB.

A Lei 9.279/96 (Lei da Proprieda-de Industrial – LPI) também tratou da proteção a esses símbolos ao instituir as principais normas que regem o sistema de marcas, patentes de invenção e de utilidade, registro de desenho industrial, indicações geográfi cas e concorrência desleal.

Ainda de acordo com o parecer, os sinais olímpicos e, eventualmente os personagens que simbolizam os jogos olímpicos, podem ser obje-

to de proteção da Lei de Direitos Autorais, Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, e, também, das disposições relacionadas ao registro e à proteção de nomes empresariais, conforme os artigos 1.155 e seguin-tes do Código Civil. Tem-se ainda o Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, que, em seu artigo 6º, inciso IV, determina como direito básico do consumidor “a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços”.

Visita

O Comitê Olímpico Internacional (COI) fará visitas de avaliação às cidades candidatas a receberem os Jogos Olímpicos de 2016 a partir de abril de 2009. A cidade do Rio de Janeiro receberá a comissão de avaliação, presidida pela marroqui-

na Nawal El Moutawakel, de 27 de abril a 3 de maio de 2009, que será composta por 16 pessoas.

Durante a visita, a comissão vai inspecionar o que foi proposto no dossiê de candidatura entregue ao COI, no dia 11 de fevereiro de 2009. Essa é a única oportunidade de receber os avaliadores no País, comprovar a consistência do projeto Rio 2016 e sua viabilidade, além da possibilidade de complementar o que foi apresentado no dossiê.

Ao fi nal da visita, os avaliadores farão um relatório técnico baseado no que viram durante a inspeção à cidade e no que foi apresentado no dossiê de candidatura. Essas infor-mações irão subsidiar a decisão da cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016, a ser anunciada no dia 2 de outubro em Copenhagen. O relatório da comissão de avaliação será apresentado um mês antes da eleição da cidade sede. $

Vila Olímpica

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Pesquisa aponta queda de 38% da pirataria no país

A venda de tênis, roupas e brinquedos piratas no Bra-sil diminuiu 38% em 2008.

Apesar da queda expressiva apenas nessas três categorias, a estimativa é de que o gasto com a compra desses produtos ilegais movimentou cerca de R$ 15,6 bilhões no ano passado.

A pesquisa foi realizada pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos, Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos (seção ame-ricana), em parceria com a Asso-ciação Nacional pela Garantia dos Direitos Intelectuais (Angardi). Em sua 4ª edição, o levantamento apon-ta o impacto da pirataria no setor de consumo brasileiro. A pesquisa, mostra também que as perdas em impostos provocadas pela pirataria no país - em apenas sete setores de consumo da economia nacional - chegam a R$18,6 bilhões.

A coordenadora do relatório e representante do Conselho Empre-sarial Brasil-Estados Unidos (seção americana) Solange Mata Machado explica que, de modo geral, a pes-quisa aponta uma queda importante no consumo de produtos piratas,

mas mostra que esse mercado ilegal gera um enorme impacto econômico e social ao país. Outro ponto positi-vo destacado por Solange Mata foi a redução de 35% nas vendas de produtos piratas no Rio de Janeiro. De acordo com ela, esse resultado está ligado justamente ao trabalho de repressão à pirataria na cidade, que passou a ser realizado de forma integrada e com o apoio de vários órgãos, como as polícias civil, mili-tar e federal, a Secretaria de Fazenda e a Receita Federal do Brasil.

O relatório destaca que a queda no consumo de produtos piratas pode estar ligada a dois fatores: diminui-ção da oferta em função do aumento das apreensões em portos, aeropor-tos e fronteiras e também a mudança de hábito, especialmente por parte de consumidores de classes sociais menos favorecidas.

A pesquisa revelou ainda que, na opinião dos consumidores, houve uma menor oferta de produtos no mercado informal, bem como di-minuíram os pontos de venda. A coordenadora do trabalho destaca que há uma percepção geral de que

os locais de vendas desses produtos ilegais estão se reduzindo em todo o país. “Esse também é um sinal de que o trabalho conjunto de repressão está dando resultado”, destaca.

O levantamento avaliou o comér-cio ilegal de 7 categorias de pro-dutos: roupas, tênis e brinquedos, relógios, perfumes e cosméticos, jogos eletrônicos e peças para mo-tos. Além do resultado de queda de 38% na venda de tênis, roupas e brinquedos, a pesquisa mostrou ainda uma diminuição importante na compra de brinquedos piratas, cujo recuo foi de 46%.

Em 2008, foram pesquisadas na-cionalmente mais quatro categorias: relógios, perfumes e cosméticos, jogos eletrônicos e peças para mo-tos. Somente essas quatro novas categorias movimentaram R$ 7,7 bilhões. O total do valor gasto em produtos piratas, nas 7 categorias, somam R$ 23,3 bilhões de reais.

Ao fazer uma análise das 7 ca-tegorias de produtos, a pesquisa indica, segundo Solange Machado, que o consumo de brinquedos caiu em quase todas as faixas etárias,

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aumentando apenas na faixa de 16 a 24 anos. Já no caso das roupas, a redução foi registrada em todas as categorias, especialmente entre os consumidores de 25 a 39 anos. Isso representa uma queda de 42% no número de itens consumidos por esse grupo. “Acreditamos que, mais uma vez, foi determinante o trabalho de fi scalização. Mas é preciso levar em conta também a questão dos preços que fi caram me-nos atrativos com a valorização do dólar. Outro fator muito importante é a conscientização das pessoas. A pirataria está na pauta de discussão da sociedade. No caso dos brinque-dos, fi ca evidente a associação que muitos consumidores já fazem entre um produto pirata e os riscos para a saúde das crianças”, disse.

Impacto fi nanceiro

Além dos efeitos sobre o comér-cio legal, a 4ª edição da pesquisa também aponta os impactos na arrecadação fi scal provocada pela evasão de impostos. A estimativa é de que o mercado formal de roupas, tênis, brinquedos, relógios, perfu-mes e cosméticos, jogos eletrônicos

e peças para motos comercialize cerca de R$ 23,3 bilhões ao ano. Na simulação feita pela pesquisa, ape-nas nesses sete setores, o impacto econômico da pirataria chega a R$ 18,6 bilhões.

Se não existisse o mercado pirata e se no lugar de produtos piratas fossem vendidos produtos nacionais similares, descontando 50% do pre-ço médio de venda, o nível médio de arrecadação de impostos seria de 40% sobre o valor estimado de vendas do setor.

Comportamento do consumidor

A pesquisa identifi cou dois grupos de compradores de produtos piratas: o comprador eventual, que repre-senta 76%, formado em sua maioria por mulheres de 25 a 39 anos, com ensino médio, classe social "C" e que trabalha por conta própria; e o comprador convicto, representan-do 24%, formado por homens de 25 a 39 anos, com ensino médio, classe social "C" e assalariado. A diferença de preço entre os produ-tos legais e piratas continua sendo o grande atrativo para a compra:

84% dos entrevistados alegam que os produtos piratas custam até 80% menos que os produtos originais. A coordenadora do relatório acredita que a análise do comportamento do consumidor é essencial e vai ajudar na defi nição de políticas públicas de combate à pirataria. Em sua opinião, o foco de campanhas de esclareci-mento devem ser os 76%, formado em sua maioria por mulheres de 25 a 39 anos. “Nesse grupo identifi ca-mos uma tendência de rejeição aos produtos piratas, quando são asso-ciados a outras práticas criminosas. É nessa linha de conscientização que precisamos atuar. Já com relação aos demais, o trabalho deve ser mesmo o de repressão à venda, o que diminui a oferta desses produtos ilegais”, destacou.

A pesquisa foi feita entre 17 e 22 de setembro, com brasileiros acima de 16 anos, em todo o país. Foram rea-lizadas 1.715 entrevistas. Segundo o levantamento, 63% dos consultados consomem produtos piratas sempre, às vezes ou já compraram algum item falsifi cado. $

“No caso dos brinquedos,

fi ca evidente a associação que muitos

consumidores já fazem entre

um produto pirata e os riscos para

a saúde das crianças.”

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SALARIAL

A negociação salarial domi-nou os debates em 2007 e durante todo o ano de 2008.

Finalmente, em 24 de dezembro, a Medida Provisória nº 440/2008 que reestruturou a remuneração do cargo de Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil, além de outros cargos pertencentes ao Poder Exe-cutivo Federal, foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e converteu-se na Lei 11.890/2008. Na avaliação do presidente do Sin-direceita, Paulo Antenor de Oliveira, a categoria soube enfrentar as difi -culdades envolvidas no processo e obteve avanços signifi cativos. “Foi uma negociação desgastante, in-tensa, na qual sofremos muito com a interferência nos bastidores, mas conseguimos avançar. Esbarramos também nos limites orçamentários. Ainda assim, é preciso reconhecer que conseguimos uma boa nego-ciação e um bom percentual de reajuste”, destacou.

O resultado de todo o processo, que iniciou em agosto de 2007, trouxe um saldo muito positivo para o cargo de Analista-Tributário da

Receita Federal do Brasil. Dentre as mudanças acarretadas pela MP 440/2008, podem ser destacadas: a incorporação da Gifa (Gratifi cação de Incremento da Fiscalização e da Arrecadação) e da GAT (Gratifi ca-ção de Atividade Tributária) à remu-neração; o resgate da paridade entre ativos, aposentados e pensionistas; a obtenção de um reajuste médio na primeira parcela de 20%; o avanço na relação remuneratória que passou de 52% para 60% e, principalmente, a transformação da remuneração em subsídio. A implementação do subsídio ao cargo de Analista-Tri-butário representa reconhecimento e valorização profi ssional. “Isso com certeza nos coloca em outro nível no serviço público, com o devido reco-nhecimento do Analista-Tributário da Receita Federal como integrante de uma carreira típica de Estado”, afi rma Paulo Antenor.

Outro ponto favorável refere-se à transposição de até três padrões, prevista para julho de 2009, para os Analistas-Tributários que in-gressaram na instituição a partir de 1999. Essa medida amenizará a

distorção criada pela MP 1.915/99 que, para viabilizar o rebaixamento da remuneração inicial do cargo, alocou todos os servidores nos úl-timos padrões da tabela, gerando, com isso, uma distância de mais de 12 padrões entre ingressantes pré e pós-1999. O re-enquadramento em questão benefi ciará cerca de 2800 Analistas-Tributários e reduzirá consideravelmente a distância desse grupo de servidores em relação aos demais integrantes do cargo, que atualmente se concentram no último padrão da tabela.

Vetos à MP 440/2008

A MP 440/2008 foi sancionada com oito vetos. A maioria deles é justifi cada por violação da Consti-tuição Brasileira ou porque implica-va o aumento de despesa. Um dos vetos refere-se ao art. 168 que havia sido modifi cado pelos parlamenta-res com o objetivo de transformar em Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil – cargo para o qual é exigido nível superior – servidores que ocupavam cargos oriundos da Secretaria da Receita Previdenciá-

MP 440/2008 é convertida na Lei 1.890/2008 e consolida avanços da categoria

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ria do Ministério da Previdência. A mensagem enviada ao Congresso Nacional com as razões do veto afi rma que a alteração introduzida pelo Legislativo confi gurava “ten-tativa de burla à regra do concurso público”, pois tal medida violaria o art. 37, inciso II e § 2º da Consti-tuição. A mensagem explica que os servidores que atuavam na extinta Secretaria da Receita Previdenciá-ria não prestaram concurso público para o cargo de Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil e ainda não possuíam atribuições idênticas à do cargo. Além disso, a transformação dos servidores em Analistas-Tributários representaria grande aumento de despesa, e a Constituição, em seu art. 63, estabe-lece que não será admitido aumento da despesa previsto nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República. Do mesmo modo, ao sancionar a MP 441/2008, que se transformou na Lei 11.907/2009, o presidente Lula também vetou o art. 257 que tinha basicamente o mesmo conteúdo.

Durante a tramitação das duas Medidas Provisórias no Legisla-tivo, o Sindireceita manteve uma postura coerente com sua história sindical, sem perder de vista todos os objetivos expressos na pauta de reivindicações da categoria que

representa, mas sem interferir ne-gativamente nos pleitos de outras categorias. Assim, os diretores do Sindireceita deixaram que o assunto sobre a transformação dos servido-res em Analistas-Tributários fosse trabalhado nas esferas competentes (Legislativo e Executivo) sem fazer nenhuma manifestação que pudesse ser interpretada como embaraço às expectativas dos colegas oriundos da Previdência Social. “Prejudicar outra categoria, grupo ou quem quer que seja nunca fez parte dos nossos objetivos”, destaca Paulo Antenor.

Próximos passos

Após dar um grande passo na direção do reconhecimento e da valorização, a categoria deve agora centrar esforços na adequação das atribuições historicamente desen-volvidas pelos Analistas-Tributá-rios. Essa será a principal bandeira de luta do Sindireceita em 2009. A Diretoria Executiva Nacional está negociando a participação de Analistas no grupo de trabalho que deve ser criado pela Receita Federal do Brasil para discussão do tema.

Pontos pendentes da negociação salarial também serão trabalhados durante este ano. Entre eles está o processo de regulamentação do Sistema de Desenvolvimento na Carreira (Sidec).“É compreensível

a vontade do governo de fazer vi-gorar o Sidec, mas o tema deve ser amplamente debatido, por acarre-tar transformações profundas que demandarão obrigações e compro-missos de ambos os lados. Sem o debate, a proposta poderá resultar em insatisfações e confl itos que, em vez de aprimorar, subtrairão efi ciência do órgão”, analisa Paulo Antenor. Outras medidas que serão objeto de negociação durante o ano de 2009 com o governo são: a recuperação do quadro funcional com a abertura de vagas em con-curso público para, no mínimo, três mil Analistas-Tributários em 2009; a instituição de indenização para quem trabalha em localidade de difícil acesso e zonas de fron-teira; a instituição de indenização de risco, inerente às atividades da carreira ARF; a regulamentação do horário do regime de plantões e defi nição da jornada de trabalho em atividades penosas, incluídas nestas as exercidas nos CACs (Centros de Atendimento ao Contribuinte) e Agências; a criação de gratifi cações para atividades de responsabilidade; a atualização dos valores das diárias, do auxílio-alimentação, dos valores da indenização de transporte, do au-xílio pré-escola e do ressarcimento à saúde e a defi nição de critérios para revisão anual de subsídio com a manutenção de seu valor real. $

“Foi uma negociação desgastante, intensa,

na qual sofremos muito com a interferência

nos bastidores, mas conseguimos

avançar.” Paulo Antenor

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A história dos Analistas-Tributários exige Atribuições já!

Em meados da década de 80, mais precisamente nos anos de 1983 e 1984, a sociedade

brasileira intensifi cou seu clamor pela restauração do processo demo-crático no Brasil. Foi nessa época que a conhecida campanha “Diretas Já” tomou as ruas cobrando eleições diretas para o cargo de Presidente da República. Aquele período coinci-diu com a gênese da atual carreira de Auditoria da Receita Federal do Brasil, ou seja, foi justamente, quando o país dava seus primeiros passos em busca de uma plena de-mocracia, que tivemos a criação da então chamada carreira Auditoria do Tesouro Nacional-ATN; logo no início do ano de 1985, o ainda presidente João Figueiredo, por meio do Decreto-Lei n º 2.225, de 10 de janeiro de 1985, e os ministros Ernane Galvêas (Fazenda) e Delfi m Neto (Planejamento) decretaram o seu nascedouro.

O referido decreto-lei, ao criar no âmbito do Ministério da Fazenda a carreira ATN, determinou que ela fosse estruturada em dois cargos: auditor-fi scal do Tesouro Nacional

e técnico do Tesouro Nacional, com lotação privativa na Secretaria da Receita Federal, e efetivou a trans-posição das categorias funcionais do grupo de Tributação, Arrecadação e Fiscalização,TAF-600 para a secre-taria. Os então fi scais de Tributos Federais (TAF-601) e os contro-ladores de Arrecadação Federal (TAF 602) foram transpostos para o cargo de auditor-fi scal do Tesouro Nacional, e os técnicos de Ativida-des Tributárias (TAF-606) foram igualmente transpostos para o cargo de técnico do Tesouro Nacional.

É importante ressaltar algumas determinações legais constantes no DL 2.225/85: embora ele esta-belecesse que o cargo de técnico do Tesouro Nacional era de nível médio, no seu artigo 4º, constava a possibilidade de os ocupantes de tais cargos terem acesso ao cargo de auditor-fi scal do Tesouro Nacional após alcançarem o último padrão da 1ª Classe; constava também, no citado decreto-lei, que o valor de vencimento do auditor-fi scal do Te-souro Nacional serviria como base para fi xação do valor do vencimento

dos demais integrantes da carreira de Auditoria do Tesouro Nacional, portanto incluídos aí os técnicos do Tesouro Nacional que aliás tinham, ao chegar no último padrão da úl-tima classe, um vencimento 10% maior do que o auditor-fi scal do primeiro padrão da primeira classe. Outra determinação constante no decreto-lei era a garantia de que estariam asseguradas a todos os ocu-pantes dos cargos da carreira ATN as gratifi cações, indenizações e vanta-gens que na época eram concedidas aos fiscais de Tributos Federais, aplicando-se inclusive as mesmas bases de cálculo e percentuais ou valores para o respectivo nível a que pertencesse o funcionário. Tudo isso demonstra, de maneira cabal, a forte ligação que sempre houve entre os dois cargos da carreira de Auditoria da Receita Federal do Brasil.

Ainda no primeiro ano da criação da carreira ATN, ou seja, em 1985, houve um concurso público para preencher quase 4.000 vagas no cargo de técnico do Tesouro Na-cional e, embora na época o cargo tivesse como exigência de ingresso apenas o diploma de nível médio,

Jether Abrantes de Lacerda

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as disciplinas cobradas no concurso eram de nível superior, entre elas já tínhamos: Direito Tributário, Direito Administrativo, Direito Penal, Con-tabilidade, Estatística e outras. Isso fez com que a maioria dos aprova-dos no primeiro concurso público para o cargo de técnico do Tesouro Nacional fosse detentora de nível superior. Esse fato por si só já gerou na estrutura da carreira ATN, desde o seu início, uma anomalia que perdurou por quase 15 anos: quase a totalidade de seus integrantes servidores eram de nível superior. Entretanto, legalmente os técnicos eram vistos e reconhecidos como servidores de nível médio, levados a exercerem de fato complexas atribuições, porém não as tinham de direito. Isso foi parcialmente resolvido em 1999, quando o então presidente Fernando Henrique Car-doso editou a MP 1.915 que reestru-turava a carreira ATN que passou a ser chamada de carreira Auditoria da Receita Federal - ARF, composta pelos cargos de auditor-fiscal da Receita Federal e técnico da Receita Federal, ambos com exigência de nível superior.

No entanto, o que parecia ser uma excelente oportunidade para o apri-moramento da carreira de Auditoria da Receita Federal trouxe uma outra anomalia em sua estrutura, pois em vez de defi nir claramente na lei as atribuições dos técnicos da Receita Federal, optou-se por querer impor a estes o papel de “auxiliar” do auditor-fi scal, papel esse nunca efe-tivado na prática em nenhuma uni-dade da instituição, mesmo quando a exigência de escolaridade para ingresso no cargo era o nível médio, muito menos seria plausível para um cargo de nível superior.

Infelizmente, depois de quase uma década, estamos convivendo com esse absurdo até os dias de hoje, que é ter um cargo de nível superior sem atribuições defi nidas na lei, o que tem se transformado em uma grande injustiça para os integrantes do cargo, e o pior, tem gerado gra-ves confl itos internos na Receita Federal, traduzindo-se em grandes prejuízos para o Estado brasileiro.

Vale ressaltar que uma excelente oportunidade de se corrigir defi ni-

tivamente a estrutura da carreira de Auditoria foi perdida entre 2005 e 2007, quando ocorreu o processo de unifi cação da Secretaria da Receita Federal com a Secretaria da Re-ceita Previdenciária, resultando na Receita Federal do Brasil. Aquele foi, sem dúvida, um momento ím-par para proceder a defi nição das atribuições dos técnicos da Receita Federal, mas uma inaceitável resis-tência interna, inclusive da própria administração do órgão, impediu o necessário aprimoramento da car-reira, pois, no tocante aos técnicos, o único avanço conseguido foi a mudança na denominação do cargo para Analista-Tributário, o que ain-da foi muito pouco para a solução do citado problema, embora tenha aproximado mais o cargo da sua realidade de trabalho.

Diante desses fatos, não é por acaso que hoje existe um ver-dadeiro clamor no seio da cate-goria dos Analistas-Tributários: ATRIBUIÇÕES JÁ!!! $

Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil,

ingressou na carreira em 1987, é instrutor do Curso de Formação na Esaf. Foi diretor de Estudos Técnicos

do Sindtten de 1996 a 1998, e vice-presidente do Sindireceita

de 2003 a 2007.

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Máquinas caça-níqueis apreendidas são recicladas no RSCinco Analistas-Tributários atuam diretamente no projeto que benefi cia escolas e entidades fi lantrópicas

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Máquinas caça-níqueis apreendidas são transfor-madas em computadores

e minimóveis no Rio Grande do Sul. Trata-se do projeto denominado “Alquimia: transformando caça-níqueis em inclusão social”, uma parceria da Inspetoria da Receita Federal de Porto Alegre/RS e do Ministério Público Estadual.

O projeto benefi cia escolas e en-tidades fi lantrópicas com a doação de computadores feitos com as peças das máquinas caça-níqueis desmontadas. Já os minimóveis são vendidos e revertidos na sustentabilidade do projeto que conta com cerca de 30 par-ticipantes, entre eles jovens aprendizes nas áreas de informática e marcenaria.

A Comissão de Des-truição de Mercado-rias da Inspetoria de Porto Alegre/RS, res-ponsável por encami-nhar as máquinas apre-endidas para desmanche, é presidida pelo Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil Régis Fernando Zigue, que também chefi a a Seção de Arrecadação e Cobrança da Inspetoria. Além de Régis, mais quatro Analistas-Tributários atuam diretamente no projeto: Márcio Eze-quiel, chefe substituto da Seção de Programação e Logística (Sapol/IRFPOA), responsável pela área de mercadorias apreendidas; Delma Salvi, também da área de mercado-rias apreendidas; Peter Rochol e Rogério Igisk, membros da Co-missão de Destruição da Inspetoria

de Porto Alegre/RS.

A idéia de reciclagem das máqui-nas caça-níqueis surgiu em maio de 2007 durante a destruição de máquinas apreendidas pela Receita Federal do Brasil. Os Analistas-Tributários Márcio Ezequiel e Ro-gério Igisk buscavam uma solução mais adequada e vantajosa para os resíduos do desmanche, para evitar a quebra de todo o equipamento, além de uma saída que trouxesse menos impacto ao meio ambiente. Na épo-

ca, os Analistas conversaram sobre o assunto com o atual coordenador do projeto Luiz Sahiti Ito, servidor do Instituto Geral de Perícias/RS e tiveram a idéia da reciclagem, que foi bem acolhida pelo inspetor-chefe da IRF Porto Alegre/RS Paulo Ro-berto Cruz da Silva.

O presidente da Comissão de Des-truição de Mercadorias Régis Zigue afi rma que, com as crescentes apre-ensões de máquinas eletrônicas de jogos, os depósitos de mercadorias apreendidas estavam completamen-te lotados. “Precisávamos de novas

soluções para acelerar a elimina-ção dessas mercadorias ilícitas. O projeto é fantástico. Além de resol-ver um problema público de espaço nos depósitos, o que permite novas ações contra a indústria dos bingos, ele promove a inclusão digital e so-cial. O programa prevê a utilização de mão-de-obra de regressos do sistema prisional e ex-dependentes químicos, o que colabora para a reinserção desses indivíduos na so-ciedade e no mercado de trabalho”, destaca Zigue.

O projeto Alquimia teve início por meio de uma parceria en-tre o Ministério Pú-blico do Rio Grande do Sul e o Cesmar – Centro Social Ma-rista – conhecido por seu trabalho de recondicionamen-to de computadores doados por órgãos públicos e que, in-clusive, já trabalhou em parceria com a Receita Federal do Brasil em outros pro-

jetos. “O Ministério Público/RS liberou os

recursos, provenientes das próprias apreensões de máquinas de jogos, para a compra de ferramentas e instalações necessárias. A admi-nistração da Superintendência de Portos e Hidrovias/RS cedeu um armazém para a criação das ofi cinas de transformação das máquinas em computadores. A Receita Federal do Brasil, além de encaminhar as má-quinas, doa constantemente teclados e mouses oriundos de seu patrimô-nio e fornece ainda um caminhão para auxiliar no transporte das caça-níqueis”, informa o Analista. Mais recentemente, de acordo com

“O projeto é fantástico. Além de resolver um problema

público de espaço nos depósitos, o que permite novas ações contra a indústria dos

bingos, ele promove a inclusão digital e social.”

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Zigue, foi estabelecida parceria com o SENAC/SENAI para ministrar au-las dentro do projeto. “É importante mencionar ainda que a comissão também tem outras parcerias na destruição das caça-níqueis, como a reciclagem Profetas da Ecologia e o Lar do Menor (Viamão/RS). O projeto Alquimia não tem exclusi-vidade no recebimento de resíduos de destruição/descaracterização em Porto Alegre/RS”, informou.

Segundo Zigue, desde que o pro-jeto foi estruturado, a Comissão de Destruição de Mercadorias, em especial o Analista-Tributário Peter Rochol, trabalha incansavelmente pelo bom andamento da descarac-terização das máquinas de jogos, o que lhe valeu a indicação ao Prêmio

Desempenho Funcional deste ano. “A comissão promove a retirada e a destruição dos elementos contra-bandeados das máquinas, como as ceduleiras e as placas específi cas de jogos. Em seguida, os equipamen-tos residuais são encaminhados ao projeto Alquimia, para que sejam montados os computadores, os minimóveis e os artesanatos feitos a partir de outros materiais, como madeira e ferro, também reaprovei-tados das máquinas”, explica ele.

O projeto benefi cia escolas, enti-dades fi lantrópicas e telecentros de inclusão digital. Conforme o presi-dente da Comissão de Destruição de Mercadorias, já foram encami-nhados diversos equipamentos e

kits completos com mesa, cadeira, computador, teclado e mouse para entidades como o Centro Infantil Renascer, localizado na periferia de Porto Alegre, e o Restaurante Popular, onde funciona um telecen-tro de inclusão digital. As escolas estaduais Mariz e Barros, Maria Cristina Chiká e Professora Luiza Teixeira também foram favorecidas pelo programa.

O projeto Alquimia vem incen-tivando unidades da 10ª Região Fiscal e outras regiões fiscais. Régis Zigue afi rma que, desde as primeiras divulgações do projeto, a equipe vem recebendo ligações e e-mails de diversas localidades do país solicitando informações

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sobre a iniciativa. “Não temos uma fórmula pronta, pois se trata de um processo ainda em construção, mas a expectativa é muito positiva não só para a continuidade, mas também para o crescimento desse projeto. A base está na parceria entre órgãos públicos e entidades fi lantrópicas. O problema de armazenagem e destino que as crescentes apreensões de máquinas caça-níqueis geram para o Estado acabaram envolvendo diver-sos órgãos públicos, como a Brigada Militar, a Polícia Civil, o Ministério Público e a Receita Federal. So-mente unindo forças para enfrentar essa avalanche de equipamentos apreendidos podemos ter uma saída célere e efi ciente no andamento dos processos, descapitalizar o crime organizado e capitalizar o Estado e a sociedade por meio da inclusão digital”, ressaltou.

Segundo Zigue, atualmente a Co-missão de Destruição de Mercado-rias da Inspetoria de Porto Alegre/RS se dedica muito ao projeto com

as caça-níqueis, mas há outras mer-cadorias contrabandeadas e piratea-das que também são constantemente destruídas, como CDs e DVDs. “Nesse trabalho contamos com o apoio da colega Analista-Tributária Rosália Adamatti que coordena o depósito da DIREP/10ª RF, onde há uma máquina que tritura o material ilícito”.

Os jogos de azar, os caça-níqueis e os bingos estão proibidos em todo o país, mas funcionam com liminares. Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público é contravenção penal, de acordo com o Decreto-Lei 3688/41, artigo 50. Entretanto, a Instrução Normativa da RFB 93/2000 determina a apreensão de máquinas de jogos, partes e peças importadas para a sua montagem. As apreensões normalmente são feitas por operações da Brigada Militar e Polícia Civil em zona secundária, nas casas de jogos e em bares.

Em 2004, houve uma megaopera-ção conjunta em Porto Alegre/RS, envolvendo a Polícia Federal, a Receita Federal, a Brigada Militar e o Ministério Público Estadual. A chamada “Operação Miragem” fe-chou simultaneamente 27 bingos na capital gaúcha e foram apreendidas cerca de 2,7 mil máquinas.

Em dezembro de 2007, seis gru-pos de exploração de jogos de azar foram desbaratados pela Polícia Federal na Região Sul. Conforme estimativas da PF, os grupos fatu-ravam cerca de R$ 2 milhões por dia. Parte dos grupos atuava no ex-terior com máquinas na Colômbia, Guatemala, Panamá e Paraguai, entre outros países. De acordo com o Ministério Público Estadual, só no Rio Grande do Sul, esse ramo de atividades abrange cerca de 100 mil máquinas. Os seis grupos con-trolavam mais de 60 mil máquinas caça-níqueis no estado. $

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Painel Jurídico

Recentemente, em 29 de agosto de 2008, em edição extraordinária do Diário Ofi cial, foi adotada pelo Presidente da República Fede-

rativa do Brasil a Medida Provisória nº 440. Dentre as fi nalidades dessa norma, destacamos a re-estruturação da composição remuneratória da Carreira de Auditoria da Receita Federal do Brasil e o Sistema de Desenvol-vimento na Carreira - SIDEC. Também foi imposto o regime de dedicação exclusiva à Carreira Auditoria da Receita Federal do Brasil, conforme art. 6º da referida MP, in verbis:

"Art. 3º Aos titulares dos cargos integrantes das Carreiras de que trata o art. 1º da Lei nº 10.910, de 2004, aplica-se o regime de dedicação exclusiva, com o impedimento do exercício de outra atividade remunerada, pública ou privada, ressalvado o exercício do magistério, havendo compatibilidade de horários.

§1º No regime de dedicação exclusiva, permitir-se-á a colaboração esporádica em assuntos de sua especialidade, devidamente autorizada pelo Secretário da Receita Fe-deral do Brasil ou pelo Ministro de Estado do Trabalho e Emprego, conforme o caso, para cada situação específi ca, observados os termos do regulamento, e a participação em conselhos de administração e fi scal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha participação no capital social.

§2º Nos casos aos quais se aplique o regime de trabalho por plantões, escala ou regime de turnos alternados por revezamento, é de no máximo cento e noventa e duas horas mensais a jornada de trabalho dos integrantes dos cargos referidos no caput.

§3º O plantão e a escala ou o regime de

turnos alternados por revezamento serão regu-lados em ato conjunto dos Ministros de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, da Fazenda e do Trabalho e Emprego, observada a legislação vigente."

Note-se que a norma é precisa em determinar que a carreira de Auditoria da Receita Federal do Brasil, prevista na Lei nº 10.910/04, art. 1º, alterado pela Lei nº 11.457/07, a partir do momento da publicação da MP nº 440/08, passou a contar com o regime de dedicação exclusiva. A MP estabelece o regime sem, contudo, precisar o termo. No entanto, desde seu nascimento, já estabeleceu o limite, portanto concluímos o seu signifi cado.

Tracemos um raciocínio lógico acerca da questão:. a norma estabeleceu que aos ocupantes de cargos da carreira Auditoria da Receita Federal do Brasil será apli-cado o regime de dedicação exclusiva sem, no entanto, determinar o signifi cado. Na seqüência, o mesmo artigo dispõe que o regime de dedicação exclusiva impede o exercício de outra atividade remunerada apesar do impedimento de exercício de outra atividade remune-rada, a própria norma faz uma ressalva para o caso de magistério. Tal ressalva é possível face à última parte do caput do artigo que esclarece que tal exceção somente é permitida no caso de compatibilidade de horários. Ainda cabe destacar que a própria MP nº 440/08 prevê o número de horas para alguns regimes de trabalho como se verifi ca no art. 3º,§2o. Nos casos aos quais se aplique o regime de trabalho por plantões, escala ou regime de turnos alternados por revezamento, é de no máximo cen-to e noventa e duas horas mensais a jornada de trabalho dos integrantes dos cargos referidos no caput."

Muitos questionamentos surgiram acerca desse novo regime, que por vezes foi confundido com o regime de dedicação integral. Ocorre que não há motivo para confusões, vejamos: regime de dedicação exclusiva é aquele em que o servidor está restrito a suas funções, seu cargo, excluindo quaisquer outras atividades; já o regime de dedicação integral é aquele em que a dedicação do servidor é completa, inteira, 24 horas por dia.

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Foi com base nessa dicção que o legislador previu a possibilidade da ressalva que aparece no texto normativo no que tange ao magistério. O servidor inserido em regime de dedicação exclusiva não pode atuar em outra área remunerada, exceto nas previstas em lei, desde que haja compatibilidade de horários. Aqui já se delimita o alcance do termo, uma vez que existe limite de horário para o servidor, pois este não trabalhará tempo integral no órgão. Ao falarmos de dedicação integral, fazemos uma estreita ligação com a questão do horário: nesses casos não há limite de horário, devendo o servidor estar disponível a qualquer momento.

Destaca-se que a Constituição da República Federativa do Brasil garante aos cidadãos “a livre expressão da atividade intelectual, artística, científi ca e de comuni-cação, independentemente de censura ou licença" (art. 5º, IX, CF/88). Por isso, tais atividades são permitidas e, quanto ao fato de serem onerosas ou gratuitas, a dis-cussão foi sanada com a publicação da Lei nº 11.890, de 24 de dezembro de 2009, que alterou o artigo e defi niu o real posicionamento da Administração:

"Art. 3o Aos titulares dos cargos integrantes das Carreiras de que trata o art. 1o da Lei no 10.910, de 15 de julho de 2004, aplica-se o regi-me de dedicação exclusiva, com o impedimento do exercício de outra atividade remunerada, pública ou privada, potencialmente causadora de confl ito de interesses, ressalvado o exercício do magistério, havendo compatibilidade de horários.

§ 1º No regime de dedicação exclusiva, permi-tir-se-á a colaboração esporádica em assuntos de sua especialidade, devidamente autorizada pelo Secretário da Receita Federal do Brasil ou pelo Ministro de Estado do Trabalho e Emprego, conforme o caso, para cada situação específi -ca, observados os termos do regulamento e a participação em conselhos de administração e fi scal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controla-

das, bem como quaisquer empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha participação no capital social.

§ 2o O plantão e a escala ou o regime de turnos alternados por revezamento serão regulados em ato conjunto dos Ministros de Estado do Planejamento, Orçamento e Ges-tão, da Fazenda e do Trabalho e Emprego, observada a legislação vigente.

§ 3o Nos casos aos quais se aplique o regime de trabalho por plantões, escala ou regime de turnos alternados por revezamento, é de, no máximo, 192 (cento e noventa e duas) horas mensais a jornada de trabalho dos integrantes dos cargos referidos no caput deste artigo."

Assim, restou sanada qualquer dúvida porventura existente. Claro que na averiguação deste "potencial confl ito de interesse" é fundamental a utilização do princípio da razoabilidade. Caso ocorram excessos por parte da Admi-nistração na aplicação do artigo, então buscaremos a via judicial para saná-los.

Conclui-se, portanto, que não há moti-vo para críticas ao regime que somente abrilhantam ainda mais a carreira, que foi reconhecida como típica de Es-tado, tornou-se mais forte e mais reconhecida. Ademais, em nada prejudicou o servidor já que defi niu como deverá ser dada a interpretação para o exercício de outras atividades.

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RETRATOS SOCIAIS

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MARCO MAIA É ELEITO 1º VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA

O deputado federal Marco Maia (PT-RS) foi eleito 1º vice-presidente da Câmara dos Deputados para o período de dois anos (2009/2010). O parlamentar foi indicado por unanimidade pela bancada do PT e pelo bloco de 14 partidos.

Defensor das causas dos Analistas-Tributários da Receita Federal no Congresso Nacional, Marco Maia está em seu segundo mandato, foi vice-líder do PT e tem seu trabalho reconhecido pela atuação parlamentar. Foi pela terceira vez consecutiva indicado pelo DIAP (Departamento Intersindi-cal de Apoio Parlamentar), como um dos “100 Cabeças do Congresso”, também foi eleito entre os 25 deputados e 16 senadores mais atuantes e melhor destacados no Congresso, conforme publicação do estudo “Elite Parlamentar”, realiza-do pela Consultoria Arko Advice.

Após a eleição da Mesa Diretora da Câmara, no dia 2 de fevereiro, os diretores do Sindireceita, parlamentares, asses-sores e amigos foram parabeniza-lo.

SINDIRECEITA REÚNE-SE COMSECRETÁRIO-EXECUTIVO DO MTE

O presidente do Sindireceita, Paulo Antenor de Oliveira, e a diretora de Assuntos Parlamentares, Sílvia Helena Felis-mino, reuniram-se com o secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), André Peixoto Figueiredo Lima. Durante o encontro foram discutidos vários temas de interesse da categoria.

Ao lado, Paulo Antenor, Sílvia Felismino e o secretário-executivo do Ministério do Trabalho, André Lima.

Sérgio de Castro, deputado Vignatti (PT-SC), Sílvia Felismino, deputados (PT-SP) João

Paulo Cunha e Devanir Ribeiro

Deputados Walter Pinheiro (PT-BA), Marco Maia (PT-RS), Maurício Rands (PT-PE) e

Paulo Antenor de Oliveira

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RECEITA DE CIDADANIA

Rogério Boueri Miranda, doutor em Economia, professor da Universidade Católica de Brasília e técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, é autor da pesquisa solicitada pela Câmara dos Deputados para analisar os impactos de dois projetos de decreto legislativo, 570/2008 e o 631/1998, que tratam da criação dos estados do Triângulo, a partir de 66 municípios do oeste mineiro, e do Rio São Francisco, a partir de 34 mu-nicípios da Bahia. Boueri analisou cada uma das propostas em termos de população, área, produto interno bruto (PIB) e gastos estaduais.

José Luiz Pagnussat, mestre em economia pela UnB, pre-sidente do Conselho Regional de Economia do DF (2009), ex-presidente do Conselho Federal de Economia (1996) e professor da Enap (Escola Nacional de Administração Pú-blica), afi rmou que existem oportunidades em momentos de crise que se o Brasil souber aproveitar poderá até conquistar novos mercados.

O programa “Receita de Cidadania” é apresentado pelo presidente do Sindireceita, Paulo Antenor de Oliveira, e exibido nas TVs Comunitárias de 14 capitais brasileiras e na cidade de Santos/SP.

TRABALHO PARLAMENTAR

Dia 6 de março, o 1º vice-presidente da Câmara, de-putado federal Marco Maia (PT/RS) recebeu a visita dos representantes do Sindireceita. Paulo Antenor, Sílvia Felismino, e Gerônimo Luiz Sartori, presidente do CNRE (Conselho Nacional de Representantes Esta-duais), foram tratar de temas de interesse da categoria.

Programa gravado dia 20 de janeiro de 2009

Programa gravado dia 19 de janeiro de 2009

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Note Anote Coisa & Tal

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CURSO DE TIRO EM GOVERNADOR VALADARES

A delegacia sindical de Governador Valadares/MG, com o apoio do Conselho Estadual de De-legacias Sindicais de Minas Gerais (CEDS/MG), promoveu o curso de formação de porte de arma para habilitação dos Analistas-Tributários. O curso foi realizado em parceria com o Clube de Tiro dos Policiais Rodoviários Federais em Minas Gerais.

Treinamento é realizado no Clube de Tiro dos Policiais Rodoviários Federais

ANALISTAS-TRIBUTÁRIOS DA ZONA PRIMÁRIA RECEBEM DIPLOMA DA OMA

A Organização Mundial das Aduanas (OMA), se-diada em Bruxelas, concede o Certifi cado Especial de reconhecimento internacional pelos esforços que têm sido feitos por homens e mulheres que trabalham nas Administrações Aduaneiras em todo o mundo. No Brasil, os Analistas-Tributários que atuam na repressão ao tráfi co de drogas e de produ-tos psicotrópicos integram a lista de reconhecimento da OMA, entre eles destacamos a premiação do Analista-Tributário Delbert da Silva Almeida, lota-do na Ponte Internacional da Amizade, em Foz do Iguaçu (PR), e da Analista-Tributária Valdiléia dos Reis Castro da Cunha, lotada no Aeroporto Interna-cional de São Paulo, em Cumbica-Guarulhos (ALF/GRU). Valdiléia foi indicada pela 8ª Região Fiscal da RFB para o prêmio como a servidora que mais efetuou apreensões no exercício de suas funções na Equipe de Conferência de Bagagem Acompanhada (EBG) da ALF/GRU no ano de 2007.

As homenagens foram prestadas em comemoração ao Dia Internacional das Aduanas, celebrado no dia 26 de janeiro.

Valdiléia Castro da Cunha recebeu o Certifi cado do inspetor-chefe da ALF/GRU, José Antônio Mendes

Delbert Almeida recebeu o Certifi cado do delegado da DRF/Foz do Iguaçu, Gilberto Tragancin

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DIRETORIA DO CEDS/SP PARA O BIÊNIO 2009/2010

A nova composição que comandará o Conselho Esta-dual de Delegacias Sindicais de São Paulo (CEDS/SP) para a gestão 2009/2010 é formada pelos Analistas-Tributários: Kátia Rosana Nobre Silva (DS Ribeirão Preto) – presidente; Walter Koga (DS São Paulo) - se-cretário geral; Antônio Carlos Joaquim (DS São Paulo) - secretário de Finanças; José Carlos Chaves Fernandes (DS Santo André-São Bernardo) - secretário de Assuntos Jurídicos; João Bosco Cunha (DS Osasco) - secretário de Assuntos Parlamentares; Reinaldo Carlos Peixoto Almeida (DS Marília) - secretário de Aposentados e Pensionistas; Alexandre Jun Okajima (DS Araçatuba) - secretário de Comunicação e Informática; Eloise Quin-tana (DS Bauru) - 1º Suplente; Carlos Stricker (DS São Sebastião) - 2º Suplente. A nova diretoria tomou posse no dia

14 de março de 2009

CURSO DE FORMAÇÃO SINDICAL EM MINAS GERAIS

O diretor de Formação Sindical do Sindireceita, Sér-gio de Castro, prestigiou o curso de Formação Sindical promovido pelo CEDS/MG, nos dias 5 e 6 de março, em Belo Horizonte. O curso foi ministrado pela assessora de Formação Sindical do Sindireceita Maria Eunice Wolf e contou com a participação dos delegados sindicais do estado.

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o caosno atendimento da Receita FederalContribuintes dormem nas filas para conseguir uma senha de atendimento

A busca pela excelência no aten-dimento ao contribuinte era um dos principais objetivos da unifi cação dos postos da Receita Federal e da extinta Secretaria da Receita Previdenciária. Mas não foi o que aconteceu. Após quase dois anos de integração, a qualidade no aten-dimento público ao cidadão vem piorando a passos largos. A própria administração da Receita Federal do Brasil chegou a reconhecer, em 2008, que o atendimento está um “caos”, entretanto, até o momento, nada fez para reverter essa situação.

O novo coordenador da Cogep (Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas da Receita Federal) William Darwin Júnior, durante reunião com diretores do Sindireceita, realizada

em 12 de fevereiro de 2009, con-fi rmou que o problema é grave. De acordo com ele, no momento da unifi cação, os problemas no atendi-mento não foram tratados de forma sistêmica. “Resolveram problemas pontuais, e a situação do atendi-mento foi criando um grau de com-plexidade muito grande”, afi rmou. Conforme o coordenador, a Cogep pretende promover encontros com administradores das regiões fi scais e com servidores que atuam nos pos-tos de atendimento para encontrar uma solução. “Estamos trabalhando ainda na tentativa de aprovar vagas para concurso público o mais rápido possível”, disse.

Algumas dificuldades relatadas por Analistas-Tributários que atuam

nos Centros de Atendimento ao Contribuinte (CACs) permanecem desde o processo de instituição da Super-Receita, como a precariedade dos sistemas previdenciários, que são defasados, lentos e instáveis, com séries infi nitas de comandos (digitados) para realizar um simples serviço. À época da unifi cação, a Receita Federal também anunciou a criação de uma Coordenação-Geral específi ca para a área do atendi-mento, além de equipes e setores voltados para o fortalecimento das unidades integradas, o que ainda não virou realidade até hoje. A reposição do número de servidores nessa área é outro problema alarmante. Muitos servidores estão no período de se aposentar ou já se aposentaram, a maioria dos servidores remanes-

Foto: José Geraldo do Ó CarneiroCAC Teresina/PI

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centes da extinta Receita Previden-ciária não permaneceu nos CACs e muitos dos que estão trabalhando são afastados ou remanejados para outros setores com doenças ligadas ao estresse. Somente para o cargo de Analista-Tributário da Receita Fe-deral, seriam necessárias a abertura de aproximadamente dez mil vagas para suprir a carência de pessoal no setor.

A demora da administração da Receita Federal do Brasil em tomar medidas para melhoria na prestação de serviços ao cidadão começou a surtir consequências. Quem procura os postos da Receita Federal atual-mente se depara com fi las enormes e atendimento lento. Em determi-nados lugares, os contribuintes têm que dormir nas fi las para conseguir uma senha. Em outros, chegam a es-perar mais de quatro horas por aten-dimento. A situação foge ao controle dos servidores que atuam nos CACs. Eles até tentam ser ágeis, mas não conseguem. Analistas-Tributários afi rmam que estão, cada vez mais, desgastados e estressados. Já os contribuintes, conscientes de seus direitos, pressionam por melhoria, ou pelo menos, pela manutenção da qualidade do atendimento que existia antes da unificação. Sem respostas, fi cam irritados, frustrados e se sentindo prejudicados.

De acordo com um Analista-Tri-butário que atua no CAC Teresina/PI, houve um expressivo aumento na demanda após a unifi cação e, apesar de contar com apenas um servidor da Previdência, nenhum serviço previdenciário deixou de ser

realizado desde então. Ele afi rma, no entanto, que não há como operar milagres. “O setor que outrora atraía interessados a trabalhar nele pela ausência de monotonia no dia-a-dia, agora praticamente é rejeitado pelos servidores. O excesso de in-formação a que foram submetidos os Analistas-Tributários e demais servidores, o ineditismo de muitos procedimentos que foram defi nidos a partir da unifi cação, a difi culdade de se tirar eventuais dúvidas so-bre o atendimento previdenciário, entre outros fatores têm dado uma nova denominação aos Centros de Atendimento da Receita Federal: “CaosC”, destacou.

Analistas-Tributários, em exercí-cio no CAC da DRF/Goiânia, in-formam também que, desde a fusão das duas secretarias, os servidores oriundos da Receita Previdenciária se negaram a repassar o conheci-mento técnico de suas atividades, como forma de pressionar a admi-nistração da Receita Federal por seus pleitos. “Como os colegas pre-videnciários se negavam a prestar o atendimento ao público, bem como a fazer o repasse do conhecimento técnico, a chefi a do CAC/Goiânia, em acordo com o gabinete do dele-gado, colocou todos os servidores previdenciários à disposição do gabinete, que os redistribuiu para outras seções da delegacia. Com essa medida, o quadro de atendentes do CAC/Goiânia foi reduzido em mais de 50%. Se antes já era difícil atender toda a demanda de serviços de competência da Receita Federal, agora o atendimento de natureza tri-butária e previdenciária está sendo

realizado apenas pelos Analistas-Tributários e PCC’s fazendários. Al-guns serviços, como a regularização de obra de pessoa jurídica, sequer estão sendo executados”, relata um Analista do setor.

Além do tempo de espera no atendimento e da dificuldade de conseguir senhas, os contribuintes também reclamam quanto a demora no recebimento da restituição, prin-cipalmente quando a declaração está na malha fi scal (malha fi na); da falta de clareza nas informações constan-tes na internet; da falta de estações de auto-atendimento; das alterações constantes da legislação tributária; da demora na emissão dos cartões de CPF, por parte dos conveniados; a demora no cadastramento para débito automático de parcelamento, entre outros fatores.

O Sindireceita defende algumas medidas que poderiam ser tomadas para amenizar o caos no atendi-mento ao público. Entre elas, estão a modernização dos sistemas da extinta Receita Previdenciária, a implantação de treinamentos ade-quados às necessidades do órgão e a realização de novos concursos pú-blicos para suprir a falta de pessoal. Somados a esses fatores, a mudança de certas posturas arraigadas dentro da instituição também seriam indis-pensáveis, como uma maior aproxi-mação da cúpula da administração com seus servidores, a exclusão de projetos que, em vez de agregar, tem acirrado os ânimos entre os servi-dores e a consciência de que existe mais de um cargo dentro da Carreira Auditoria da Receita Federal.

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Atendimento Virtual

Há de se reconhecer que algumas ferramentas criadas para diminuir o desgaste dos contribuintes que procuram atendimento na Receita Federal têm amenizado o problema.

O Centro Virtual de Atendimen-to ao Contribuinte (e-CAC), por exemplo, ajuda a desafogar os centros convencionais. Por meio do e-CAC, as pessoas físicas e jurídicas, mediante o uso de certifi cados digitais (e-CPF ou e-CNPJ), têm a possibilidade de realizar serviços, como a consulta e a regularização de situações cadastral e fiscal, a entrega de declarações e outros documentos, a obten-ção de cópias de de-clarações e de outros documentos, a alte-ração e a solicitação de cancelamento da inscrição no CPF e no CNPJ, a emissão de cer-tidões, o cadastramento eletrônico de procurações, o acompanhamento de tramitação de processos fi scais, o parcelamento de débitos fi scais e a compensação de créditos fi scais.

Atualmente, o contribuinte tam-bém tem a possibilidade de agendar o atendimento pela internet, com a impressão da senha e a previsão de espera para ser atendido. Mas essas medidas ainda são insuficientes, pois, na verdade, o que o contri-buinte deseja é ser atendido com agilidade sempre que precisar.

Simplifi cação do atendimento

Coincidência ou não, a falta de atitude da Receita Federal do Brasil, fez o governo elaborar um projeto que busca reduzir a burocracia e simplifi car os serviços dos órgãos federais nas áreas de atendimento público ao cidadão. Desenvolvido pela Secretaria de Gestão do Minis-tério do Planejamento, o projeto está na Casa Civil para consulta pública até o dia 27 de março e depois será

analisado e submetido à decisão do presidente Lula.

Alguns dos principais pontos da proposta são: a dispensa do reco-nhecimento de fi rma em documen-tos ofi ciais; a obrigatoriedade dos órgãos e das entidades do Poder Executivo em não mais exigir do cidadão informações que integram banco de dados ofi ciais; a instituição da Carta de Serviços ao Cidadão contendo informações sobre o padrão do atendimento, as priori-dades, o tempo de espera, o prazo

para cumprimento de serviços e os mecanismos de comunicação, entre outros itens.

Os órgãos e entidades do Poder Executivo terão um prazo de 360 dias para o compartilhamento de informações que possibilitem a atuação integrada e sistêmica na expedição de atestados e certidões.

Outra medida pretende priorizar a gestão por resultados.

Trata-se do contrato de desempenho insti-tucional que permitirá ao governo acompa-nhar os resultados efetivos dos órgãos e instituições mediante a pactuação de metas de desempenho. O contrato de desempe-nho também prevê o pagamento de um Bô-nus de Desempenho Institucional (BDI),

como incentivo para que os órgãos cumpram as

metas pré-estabelecidas, além do aproveitamento das economias com despesas correntes, o que redire-cionará os recursos economizados para reinvestimentos nos próprios órgãos. O projeto ainda prevê incen-tivo aos servidores, com a oferta de bonifi cação, por meio do Programa de Premiação por Economia com Despesas Correntes (PEDC), que visa estimular e premiar a implanta-ção de projetos e ações de racionali-zação no uso dos recursos públicos. $

Somente para o cargo de Analista-Tributário seria necessário a abertura de cerca de dez mil vagas

para suprir a carência depessoal no setor.

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