revista ti inside - 62 - outubro de 2010

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MPS.BR expande número de adeptos TIC turbina a economia no Nordeste Cloud computing ou outsourcing de TI? SAÚDE DIGITAL Ano 6 | nº 62 | outubro de 2010 www.tiinside.com.br Governo e iniciativa privada investem em soluções de TIC para oferecer novo padrão de atendimento ao paciente

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Revista TI Inside - 62 - Outubro de 2010

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Page 1: Revista TI Inside - 62 - Outubro de 2010

MPS.BR expande número de adeptos

TIC turbina a economia no Nordeste

Cloud computing ou outsourcing de TI?

saúde digital

Ano 6 | nº 62 | outubro de 2010 www.tiinside.com.br

Governo e iniciativa privada investem em soluções de TIC para oferecer novo padrão de atendimento ao paciente

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>editorial

Instituto Verificador de Circulação

Presidente Rubens Glasberg Diretores Editoriais André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon Diretor Comercial Manoel Fernandez Diretor Financeiro Otavio Jardanovski

EditorClaudiney Santos

RedaçãoJackeline Carvalho

(Comunicação Interativa)

ColaboradoresClaudio Ferreira e Fausto Fernandes

TI Inside OnlineErivelto Tadeu (Editor)

Pedro Canário (Repórter) Victor Hugo Alves (Repórter)

ArteEdmur Cason (Direção de Arte); Débora Harue Torigoe

(Assistente); Rubens Jardim (Produção Gráfica); Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica);

Alexandre Barros e Bárbara Cason (colaboradores)

Departamento ComercialManoel Fernandez (Diretor)

e Francisco Cesar Jannuzzi (Gerente de Negócios); Marco Godoi (Gerente de Negócios Online)

e Ivaneti Longo (Assistente)

Gerente de Circulação Gislaine Gaspar

Marketing Gisella Gimenez

Gerente AdministrativaVilma Pereira

TI Inside é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 603,

CEP 01243-001. Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP.

SucursalSCN - Quadra 02 - Bloco D, sala 424 - Torre B -

Centro Empresarial Liberty Mall - CEP: 70712-903 - Fone/Fax: (61) 3327-3755 - Brasília, DF.

Jornalista ResponsávelRubens Glasberg (MT 8.965)

ImpressãoIpsis Gráfica e Editora S.A.

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização

da Glasberg A.C.R. S/A

CENTRAL DE ASSINATURAS 0800 014 5022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

Internet www.tiinside.com.brE-mail [email protected]

REDAÇÃO (11) 3138-4600E-mail [email protected]

PUBLICIDADE (11) 3214-3747E-mail [email protected]

Ano 6 | nº 62 |outubro de 2010 | www.tiinside.com.br

A saúde em primeiro plano

>sumário

A melhoria da renda per capta da população brasileira está alavancando não apenas o setor de comércio e serviços, mas também a preocupação com a qualidade de vida. E isso envolve novas inserções

nos planos de saúde, provocando uma mudança de perfil de consumo e, obviamente, da oferta de serviços. Para acompanhar o ritmo da economia e da sociedade, as empresas de planos de saúde, conhecidas tecnicamente por saúde suplementar, os hospitais, clínicas e laboratórios, caminham para a profissionalização e buscam se capitalizar a partir de fusões, aquisições e integrações, marcando o compasso de uma revolução altamente dependente de novas soluções de tecnologia da informação e telecomunicações (TIC).

As estimativas de mercado – não há dados oficiais – prevêem que os aportes do setor em novas soluções e na manutenção do parque de TIC chega a bilhão de reais, com expectativas de expansão ainda mais acentuadas, não só pelos novos investimentos do setor privado, mas também forçado pelos projetos do poder público, que começa a dar sinais de preocupação com a qualidade do atendimento.

Outro ponto relevante é que o enriquecimento da sociedade não só ampliou a classe média brasileira, como aumentou o nível de exigência. Soma-se a isso o fato de o sistema precisar se organizar para absorver o envelhecimento da população. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil, em 2025, será o sexto país mais envelhecido do mundo, com 15% da sua população idosa.

Por esses e outros motivos, a cadeia das empresas que envolve o setor de saúde tem se mostrado fortemente inovadora, com investimentos em tecnologias de ponta, soluções de telemedicina, telediagnóstico, monitoramento de pacientes, o que cria um novo mercado, o qual se convencionou chamar de MHealth (mobile health) ou WHealth

(wireless health). Um ambiente que atrai grandes empresas de telecomunicações em parceria com desenvolvedores de software e provedores de serviços.

A busca pelo ROI (retorno sobre o investimento) também abriu no setor da Saúde novas demandas em sistemas, em especial as soluções de gestão hospitalar – que em outros setores são chamadas de gestão empresarial, de processos, gestão de documento, integração, segurança, soluções de business intelligence, CRM, entre outros. Ou seja, uma oportunidade que se abre não só para empresas especialistas, mas também para players tradicionais em TIC, que começam a criar verticais de negócios.

A expectativa de crescimento virtuoso da economia brasileira mobiliza vários setores e atrai multinacionais, interessadas não apenas o setor de Saúde. Como prova temos a consolidação da compra da CPM Braxis, uma das maiores do setor de outsourcing brasileiro, pela francesa Capgemini. Nesta área de desenvolvimento de software e outsourcing, outra reportagem desta edição relata que a indústria nacional dá exemplo de busca de excelência na oferta de serviços e fortalece os investimentos na certificação nacional MPS.BR, tendo como alvo a elevação da competitividade local e até na região latinoamericana.

Muitos negócios e inovações serão esperados até o fim deste último trimestre do ano, e devem refletir em um início de 2011 virtuoso. O Brasil reúne todos os ingredientes para ingressar nesta nova década muito bem na fotografia internacional. Daqui da redação da TI Inside estaremos acompanhando e registrando todos os fatos que impactam fortemente o setor, e contamos com a sua companhia.

Boa leitura!Claudiney Santos

Diretor/[email protected]

Capa: EDITORIA DE ARTE/CONVERGE

NEWS6 DobradinhaMarketing digital: uma dica para o crescimento

7 ControleCosan adere à onda de gestão de materiais

8 À francesaCapgemini conclui aquisição da CPM Braxis

GESTÃO10 Controlam-se impressõesRossi terceiriza parque de impressoras para reduzir custos

12 auditoriaCongresso da Febraban discute como alinhar controle de riscos e fraudes com TI

14 Caixa pretaAté que ponto os orçamentos de TI no Brasil são geridos de forma transparente?

MERCADO18 Nordeste DigitalPernambuco investe em programas de incentivo à indústria TIC, incluindo software e serviços

SERVIÇOS22 QualidadeCertificação “brazuca” conquista adeptos

28 Outsourcing X cloud computingEspecialistas concluem que modelos de compra de infraestrutura de TI não são concorrentes

INFRAESTRUTURA38 Segurança móvelComo garantir a melhor segurança para os dispositivos móveis corporativos diante da grande diversidade de plataformas

42 Mobilidade Mercado derruba barreira e abre caminho para a consolidação do m-payment

INTERNET44 e-CommerceA polêmica em torno das taxas de crescimento do comércio eletrônico no Brasil

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VERTICAL SAÚDE30 CapaSetor de saúde brasileiro promove revolução silenciosa baseada em recursos de TI e Telecom

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>newsA dobradinha da eficiência

Estudo feito pelo CMO Council e pela Accenture aponta que uma transformação operacional é

necessária nas áreas de marketing e tecnologia para adoção de novas ferramentas de marketing digital. O foco é a atração, manutenção e melhoria da relação com os consumidores, além de crescimento do faturamento. O relatório ainda revela que os executivos das áreas não acreditam que são efetivamente parceiros, já que lutam por atingir objetivos parecidos.

A pesquisa foi realizada com 320 profissionais de marketing e 300 de TI, para entender os desafios, o momento atual de mercado e impressões das expectativas dos clientes, que afeta a sinergia entre as duas áreas.

Poucos dos entrevistados de TI acreditam que suas companhias estão preparadas para explorar novos canais digitais, apesar de compartilharem a convicção que a tecnologia sustenta e modela toda a experiência do consumidor. Apenas 4% dos participantes declararam que suas organizações estão muito bem preparadas para explorar os canais de marketing digital. Oito porcento dos profissionais de marketing e 6% dos de TI disseram acreditar que os dados e a análise de informações são completamente integrados, enquanto aproximadamente 1/3 (29% de marketing; 27% de TI) afirmaram ter dificuldades em unir as capacidades analíticas críticas ou acreditam que elas não estão integradas.

Como os consumidores aumentam a sua demanda para estarem sempre conectados, novas opções de serviços e experiências interativas, 78% dos profissionais de marketing e 68% dos de TI pensam que o marketing digital é importante para suas organizações. No entanto, respectivamente, apenas 35% e 10% disseram que suas companhias estão

Pesquisa revela oportunidade para executivos de marketing e CIos aumentarem faturamento melhorando a relação com o consumidor

Marcos Roberto Teixeira é o novo diretor de Tecnologia da Informação da TAM. Com mais

de 13 anos de atividades na companhia, Teixeira tem sob sua responsabilidade as áreas de infraestrutura, telecomu-nicações, sistemas e segurança da informação.

Marcos Teixeira ingressou na companhia em 1995 e foi trabalhar na IBM em 2007. Foi convidado a retornar à TAM em 2009, com o desafio de

conduzir o projeto Amadeus/Star Alliance, no cargo de gerente de Desenvolvimento de TI. Paulista, é tecnólogo em processamento de dados, com especializações em análise de sistemas e gerenciamento de projetos. Possui MBA em gestão da tecnologia da informação pela Universidade de São Paulo (USP) e mestrado em engenharia da computação pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT).

“Com Marcos Teixeira na diretoria de TI, promovemos a valorização de nossos talentos internos, reforçamos nossa cultura e fortalecemos a busca contínua da excelência em nossos produtos, processos e controles de TI”, explica Ricardo Froes, vice-presidente de Finanças, Gestão e TI da TAM.

“profundamente comprometidas e investiram” na área.

“A importância do marketing digital e de integrar os canais online e offline é reconhecida, mas as empresas precisam dar um passo a frente para alinharem as estratégias entre as áreas de marketing e TI”, disse Tim Breene, líder do Accenture Interative.

•64% dos executivos de marketing e 48% dos de TI disseram ter tido problemas ou desafios na implementação de soluções de marketing ou projetos de TI para melhorar a eficiência da área.

• As áreas de TI e marketing não parecem preparadas para capitalizar os investimentos uma vez que eles tenham sido feitos. Fundos insuficientes (citado por 59% dos executivos de marketing) e falta de entendimento das oportunidades pelos gestores (46% dos executivos de TI) são apontados como problemas primários pelos entrevistados.

• Existe uma desconexão entre os executivos de TI e marketing. Enquanto 58% dos profissionais de TI afirmaram estar liderando ou delineando a estratégia digital das companhias, 19% dos profissionais de marketing disseram reconhecer que TI é a responsável por essas decisões. Enquanto isso, 69% dos executivos de marketing declararam serem responsáveis por esse planejamento.

• 64% dos executivos de marketing disseram que a implementação de novas soluções tem sido um desafio, 46% revelaram que o marketing não é uma prioridade para os profissionais de TI, 44% ainda também disseram que os seus budgets não são grandes o suficiente para executar os seus planejamentos.

•Do lado da tecnologia, 30% disseram que falta tempo e recursos para auxiliar o marketing, 39% têm a ressalva que o marketing toma um atalho e trabalha diretamente com o fornecedor; e 31% disse que a área impede o progresso tomando o controle do processo e isolando a TI da escolha de soluções de marketing, estratégia ou implementação.

por que não deu?

TAM TEM NOVO DIRETOR DE TIMarcos Teixeira assume as áreas de infraestrutura, telecomunicações, sistemas e segurança da informação

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Cosan adere à onda de gestão de materiais

NTT completa compra da Dimension Data

O Grupo Cosan, player totalmente verticalizado do setor sucroenergético, implementou

um sistema para a otimização de processos internos, com economia de tempo e de materiais. O Painel Gráfico da Administração de Materiais já reduziu em 90% o tempo gasto em processos como a organização de relatórios gerenciais e a obtenção de informações fundamentais ao funcionamento de toda a companhia.

Dados que antes só poderiam ser obtidos em, no mínimo, duas semanas, podem agora ser acessados em tempo real, o que possibilita mais agilidade ao suprimento interno da companhia, além de otimizar investimentos e facilitar o planejamento do ano-safra.

Implementado na área de Logística Interna e de Materiais, o software facilitou a extração de informações gerenciais na rotina dos processos de planejamento de materiais em todos os almoxarifados da companhia, que conta com 23 unidades industriais no Brasil, além de dezenas de terminais de distribuição e demais escritórios.

“Com a utilização do Painel Gráfico, podemos contar com uma ferramenta simples para tomadas rápidas de

Segundo Rogério Cortellazzi, gerente de logística e materiais da Cosan, “o sistema foi desenvolvido exclusivamente para atender às necessidades da gestão de materiais. Sua customização permite que informações do sistema SAP estejam disponíveis amigavelmente no nível operacional”.

A adoção deste programa está em linha com os valores do Grupo Cosan, em especial os relacionados à Agilidade com Disciplina e ao desenvolvimento do potencial humano.

decisões nas operações, sempre em linha com uma visão estratégia baseada nos mais modernos conceitos de gestão de materiais”, afirma Frederico Bazarello Coelho, coordenador da área de Gestão de Materiais da Cosan.

Entre os itens que podem ser consultados em tempo real pelos colaboradores autorizados da Cosan estão saldo e valor de estoques, consumo e giro comparativo de estoque por tonelada de cana-de-açúcar moída tanto em unidades como de maneira geral. Além da otimização de tempo para a obtenção de dados, outro benefício deste programa é a eliminação da incidência pontual de erros operacionais na formação e extração dos dados e gráficos gerenciais. É possível ainda verificar itens mais elaborados, como curva de tendência do estoque, ranking de giro e participação dos diferentes grupos de materiais necessários ao estoque da empresa.

A NTT, controladora da operadora japonesa de telecomunicações NTT DoCoMo, completou a compra da sul-africana Dimension Data, fornecedora de soluções de

planejamento, suporte e gerenciamento para infraestruturas de TI. A transação, anunciada em julho deste ano, totalizou 2,1 bilhões de libras esterlinas (US$ 3,2 bilhões).

O negócio foi divulgado como uma estratégia da companhia japonesa de expandir suas ofertas de serviços de TI, principalmente em cloud computing. À época do anúncio da oferta, a NTT declarou que pretendia usar as operações da Dimension Data para migrar para um modelo de serviços de infraestrutura gerenciada.

software permitirá a obtenção de diversas informações estratégicas em tempo real, garantindo rapidez e agilidade no fornecimento de suprimentos para todas as unidades da companhia

De acordo com cálculos do BNDES, até o primeiro semestre deste ano as operações de financiamento ao setor de software totalizaram R$ 2,75 bilhões,

considerando-se os diferentes estágios do programa Prosoft e ainda os desembolsos via Cartão BNDES.

O maior impulso parece estar sendo dado através do Cartão BNDES, onde os números indicam uma alta de 80% nos financiamentos. Nos 12 meses entre julho de 2009 e junho de 2010, o total de operações relacionadas a software via Cartão BNDES passou de 4,8 mil para 8,7 mil. E a soma dos valores saltou de R$ 91 milhões para R$ 156 milhões.

Software financiado

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>news

A transação de compra, anunciada pela Capgemini e pela CPM Braxis em setembro último foi concluída

na terceira semana de outubro. Pelo negócio, a organização francesa pagou R$ 517 milhões, tornando-se a sexta maior da empresa de serviços de TI do mundo, contando com uma força de trabalho de 6,5 mil profissionais, dos quais 5,7 mil vêm de CPM Braxis.

A empresa brasileira, que mantém uma base de 200 clientes, teve crescimento de 12% em 2009, e deve atingir 20% neste ano, com o faturamento da companhia chegando a cerca de R$ 1 bilhão (450 milhões de euros). Já a margem operacional deve ser de 6% e tende a aumentar ao longo dos próximos anos, segundo a companhia.

“Esta aquisição marca um novo passo em nossa estratégia de crescimento, o que nos permite ampliar a presença num mercado em rápido crescimento. No longo prazo, nosso objetivo é fazer 10% das receitas da companhia virem dos mercados emergentes”, afirma o CEO do Grupo Capgemini, Paul Hermelin. A venda proporcional de ações dos atuais acionistas da CPM Braxis, que

Capgemini conclui aquisição da CPM Braxisempresa francesa adquiriu 55% da organização brasileira de serviços de TI, em um investimento total de r$ 517 milhões (233 milhões de euros)

permanecem na companhia, somou R$ 230 milhões (104 milhões de euros). A Capgemini tem a opção de comprar os 45% restantes, e os atuais acionistas poderão vender suas ações remanescentes. Essas opções só poderão ser exercidas entre o terceiro e o quinto aniversário da operação, com base em preço estimado, calculado a partir de valores de mercado vigentes no momento das opções.

A General Elétric (GE), grupo norteamericano que atua nos setores de infraestrutura, finanças e mídia, anunciou a compra da fornecedora australiana de software para

smart grid Opal Software. Após a conclusão do negócio, as soluções da companhia serão integradas ao grupo Digital Energy, braço da GE que desenvolve tecnologias para gestão de gastos com energia. Em comunicado, a GE diz que a aquisição da companhia australiana faz parte da estratégia para ingressar no mercado de soluções para gestão de energia da região da

Ásia-Pacífico. As tecnologias da Opal Software para outros setores relacionados a utilities (energia elétrica, água e saneamento e gás) serão incorporadas às operações da GE em breve, segundo a empresa.

Os funcionários da Opal serão absorvidos pela subsidiária da GE Electric na região, braço de fornecimento de energia do grupo americano. O negócio ainda precisa ser aprovado pelos órgãos reguladores do setor

os termos financeiros da transação não foram revelados. Funcionários serão absorvidos pela Ge eletric, mas o negócio ainda precisa ser aprovado por órgãos reguladores

a CapgeMini teM a opÇão

de CoMprar os 45% restantes,

e os atuais aCionistas

poderão Vender suas aÇÕes

reManesCentes

GE incorpora desenvolvedora de software para smart grid

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>gestão

serviço, cifra que pode ser alterada a cada novo pacote de serviço adicionado ou em caso de um eventual volume de impressão acima do pré-acordado, caso em que a empresa pagará um valor por página extra.

Para cada escritório de vendas e filiais foi criado e colocado em prática o conceito de ilha de impressão, ou seja, recursos que permitem ao usuário realizar as impressões em cores ou mono, em um único local, como forma de centralizar o controle. “Com as ilhas de impressão, nossos colaboradores passaram a utilizar um único local, o que facilita a gestão e Contabilização”, diz Mobrizi.

ResultadosPara otimizar o controle das

impressões e apoiar a redução do custo causado pelo desperdício, que era de 20% do total, foi criado um sistema que propôs a liberação de documentos por digitação de senhas individuais ou via cartões de identificações individuais. Desta forma foi possível eliminar o desperdício e contabilizar corretamente as páginas impressas, evitando um custo superior ao consumido.

Outra melhoria para a Rossi foi a gestão ativa dos consumíveis e a manutenção preventiva dos equipamentos. Com um controle via

web, o suporte técnico é capaz de prever a necessidade de trocas de peças e reparos, evitando a interrupção do trabalho ou minimizando o incidente para o usuário.

“Encontramos uma forma de atendimento diferenciada. Um dos benefícios que estamos obtendo com o novo projeto é a maior produtividade dos usuários, que podemos estimar em 30% em relação ao sistema de impressão anterior”, finaliza Mobrizi.

A emissão de contratos, de planejamentos e de plantas é constantemente necessária para os negócios da Rossi, que possui um grande volume

de material impresso. Afinal, logo na página de entrada do seu website, a empresa estampa a sua rápida expansão. Entre as principais construtoras e incorporadoras do País, a companhia se estabeleceu em aproximadamente 70 cidades, entregou mais de 32 mil unidades residenciais e comerciais e garantiu a compra de imóveis a mais de 60 mil brasileiros, dos mais variados perfis de renda, ao longo dos 30 anos de história, completados em 2010. Para uma melhor gestão do consumo de documentos impressos, a incorporadora apostou na parceria com a OKI Printing Solutions para a criação e execução de um projeto de terceirização do parque de impressoras, visando a redução de gastos e o aumento da produtividade.

Anteriormente, a Rossi realizava suas impressões em impressoras laser monocromáticas, e para formatos maiores, como A3, por meio de equipamentos jato de tinta. Após um levantamento do serviço prestado por um terceiro, a empresa verificou que o custo de impressão de plantas de imóveis estava aquém do registrado, e o sistema de contabilização de impressões era feito por meio de um software de bilhetagem, que apresentava falhas.

“Não tínhamos um relatório de consumo e o controle das impressões era praticamente inexistente, o que permitia que funcionários imprimissem qualquer tipo de arquivo, que muitas vezes ficavam abandonados na bandeja do equipamento”, diz Reginaldo Mobrizi,

rossi terceiriza parque de impressoras para ganhar eficiência na gestão do processo e afinar o controle da reposição de suprimentos e da manutenção dos equipamentos

gerente de TI da Rossi. “Outro problema é que a tecnologia dos equipamentos não atendia às necessidades. Sem contar que, quando um equipamento quebrava, demorava ser reparado”, complementa.

Com tantos problemas, a incorporadora procurou no mercado uma solução que se adaptasse ao seu modelo de negócio e, após analisar o projeto desenvolvido pela OKI, as empresas fecharam um contrato de terceirização que contempla a matriz, em São Paulo, e as unidades de Campinas, Santos, São José do Rio Preto, Porto Alegre, Brasília, Fortaleza, Vitória e Rio de Janeiro.

O início do projeto ocorreu no começo deste ano e, atualmente, já são gerenciadas cerca de 370 mil impressões mensais. Estima-se também que o serviço deve ser implantado gradativamente em outras unidades da Rossi em todo o País e que o volume chegue a 600 mil páginas mensais ao final de 2010.

processoSegundo Alexandre Lessa, supervisor

de terceirização de impressão da OKI Printing Solutions, o primeiro passo foi promover um levantamento do consumo e assimilar a expectativa de crescimento da Rossi para chegar à média mensal de impressões. Com este número, foi estipulado um valor fixo mensal para o

PROjETO DE TERCEIRIzAÇÃO DA

INFRAESTRUTURA E DA GESTÃO DE

IMPRESSõES DA ROSSI ATINGE hOjE

370 MIL IMPRESSõES

MENSAIS E DEVE ChEGAR A 600

MIL PáGINAS MENSAIS ATé O FINAL DE 2010

Controlam-se impressõesFAUSTO FERNANDES

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Controlam-se impressões

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da FEBRABAN e superintendente nacional de Auditoria Geral da Caixa Econômica Federal. Schumann buscou fazer a interação entre as três áreas representadas no congresso, tratando fronteiras de ação, evitando gaps de cobertura ou sobreposições, buscando uma visão integrada dos riscos.

Além de Schumann e essa integração, as sessões de palestras e debates ainda falaram sobre: análise de risco de crédito; gestão de risco operacional; riscos de mercado e liquidez; ética e compliance e a cultura ética – compliance e educação empresarial.

O evento também contou com a palestra de Antonio Gustavo Rodrigues, presidente do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que participou dos debates sobre o fluxo internacional de financiamento a ações ilícitas, abordando aspectos de prevenção à lavagem de dinheiro e o relatório do GAFI (Grupo de Ações Financeiras) sobre o Brasil, e questões de financiamento ao terrorismo. Seu painel também abordou ações desenvolvidas pela inteligência internacional e que contam com o respaldo da tecnologia para o seu controle.

A maturidade do mercado financeiro pode ser medida pelo alto grau de confiabilidade do SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro) e pela

comppliance exigida tanto pela Febraban como pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela Susep (Superintendência de Seguros Privados). Esta é uma das premissas mais importantes retiradas do balanço da XI edição do Congresso de Auditoria Interna, Compliance e Gestão de Riscos – realizada pela Febraban.

O evento foi aberto pelo diretor geral da Febraban, Wilson Levorato, que ressaltou a relevância do Brasil como um grande pólo de investimento internacional. “As organizações mundiais se voltam para o Brasil como umas das principais alternativas de investimento”, reforçou. O executivo também citou a importância da realização do evento no cenário atual. “Agrupamos os melhores temas nas três áreas que o congresso aborda. A intenção é a busca da interação dessas áreas, para eliminar as falhas de cobertura de gestão de risco e buscar soluções e parceiros de qualidade”.

“O Congresso ganhou corpo ao longo dos anos, tanto é verdade que nesta edição passou a ocupar três dias. Acho que conseguimos manter uma audiência grande, com palestras de qualidade e muita participação dos presentes. O que percebo nessa evolução é que os temas ganham, mais e mais, uma posição de destaque e geram muita sensibilidade e investimento junto às instituições financeiras”, aponta Hugo Costa, country manager da ACI, presente no evento, inclusive sendo um de seus patrocinadores (veja mais sobre as soluções apresentadas pela ACI no BOX: Lavagem capturada).

Assim como a ACI, outros provedores de TI também se fizeram presentes como a MAPS, fornecedora de soluções de gerenciamento de riscos e

A XI edição do Congresso de Auditoria Interna, Compliance e Gestão de riscos, realizada pela Febraban, mostrou como o setor financeiro consegue associar e alinhar seus processos dentro destes temas em conjunto com TI

também patrocinadora do evento, que apresentou a família Amon – uma linha de produtos que integra funcionalidades qualitativas e quantitativas para gestão de riscos operacionais, incluindo conformidade e controles internos. O carro-chefe da companhia é o sistema Mihos, voltado para gestão qualitativa do risco operacional.

presenças ilustresUm dos destaques do Congresso é a

presença do keynote speaker internacional Erich Schumann, diretor e fundador da GAP (Global Atlantic Partners), consultoria norteamericana com atuação global e especializada em consultoria de riscos, governança corporativa e de processos de negócios; auditoria interna e prevenção a fraudes. A GAP possui 44 clientes transnacionais, sendo ao menos 30 deles grandes instituições financeiras (bancos, seguradoras e corretoras internacionais), além de companhias como Wells Fargo, Timberland (roupas e produtos para esportes) entre outras.

Ao lado dele esteve o debatedor Edmundo Augusto Chamon, diretor-adjunto da Comissão de Auditoria Interna

riscos, fraudes e outros “bichos”CLAUDIO FERREIRA

A ACI mostrou o PRM, um sistema de detecção e prevenção a fraudes baseado em rede neural e regras, desenvolvido para auxiliar as instituições financeiras no combate a esquemas de fraude e lavagem de dinheiro. A solução combina a capacidade de análise e reconhecimento de comportamentos de uma rede neural com a customização de modelos de risco e avançado sistema de regras.

Assim como apresentou o AML (Anti-Money Laundering), voltado para a “antilavagem de dinheiro”, a empresa emitiu o alerta de que uma ameaça ainda paira sobre as instituições financeiras, colocando em risco a reputação e fazendo com que seus players paguem multas aos órgãos reguladores do governo. Uma solução que combina a força de regras definidas com um modelo de rede neural customizado, ajudando a identificar atividades financeiras incomuns e favorecendo o compliance.

No Brasil, 10 grandes bancos, como revelou Costa, utilizam a solução. Com 33 anos de atuação no mercado, a ACI fatura US$ 405 milhões, com a meta de alcançar o faturamento US$ 1 bilhão nos próximos anos, e marca presença em mais de 90 países, com a meta de alcançar o faturamento US$ 1 bilhão nos próximos anos.

laVageM Capturada

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riscos, fraudes e outros “bichos”

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reforço das áreas de negócios. “A pergunta que eles fazem para TI é: vale a pena investir em tecnologia? Ou devo focar no negócio?”, aponta o especialista.

Para a Forrester, as organizações de TI que conseguem fazer a transição de gestores de ativos de tecnologia para prestadores de serviços internos devem fazê-lo, traduzindo ativos em serviços empresariais. “Eles devem apresentar um catálogo de serviços e de fornecimento aos seus clientes dos projetos de TI”, escreve o analista principal da Forrester, Craig Symons.

Qual é o turning point?Em 2009, aponta Symons, os

gastos globais com TI variaram de 1% da receita para as empresas de comércio até 7% em empresas de serviços financeiros. No entanto, acrescenta ele, normalmente há “pouca ou nenhuma visibilidade de como esta despesa está ligada à estratégia e valor”.

Ou como Dreyfuss assinala ao contar uma situação: “falta a percepção de que o que importa é fazer o negócio simplesmente funcionar. Um CIO pediu para que eu falasse com o presidente dele sobre o orçamento porque esse gestor máximo estava chocado com os custos da infraestrutura e, de fato, essa linha é a mais custosa. Porém, não tem

Os departamentos de TI desceram do “Castelo”, algo que pode ter acontecido no final do século 20 com o advento do

“bug do milênio”. E, agora, terminando a primeira década do século 21, outros fatores, como a recente crise econômica, impõem uma nova realidade. Os orçamentos de TI, por exemplo, nunca mais serão os mesmos. Em parte por conta das regulamentações setoriais e também pela necessidade de maior controle exigido pelas corporações em relação a seus gastos e investimentos, algo que também deve ser atendido por TI, ou seja, tudo que é desembolsado deve fazer sentido e, de preferência, oferecer retorno.

O relatório da Forrester Research, “From Black Box to Glass Box: Case Studies in IT Financial Transparency” – em tradução literal algo como: “Da Caixa Preta para a Caixa de Vidro: Estudos de Caso sobre Transparência Financeira em TI” – exorta os CIOs a “mergulharem” no tema e repensarem ou mesmo aprimorarem o conceito de que não são mais apenas os gestores da tecnologia, mas provedores de serviços internos e, portanto, precisam demonstrar quanto custa e quanto deve ser investido em TI.

documento da Forrester research mostra que as organizações deveriam repensar a maneira como controlam os orçamentos da área de tecnologia, e a TI Inside perguntou: até que ponto as finanças de TI no brasil já são geridas de forma transparente?

“A montagem dos orçamentos mudou, por conta da demanda das áreas de negócios que exige valor da TI na entrega. Progressivamente, tudo ficou mais transparente, e isso acontece em uma velocidade razoável. Em paralelo, as organizações ficam mais maduras. Em 2008/2009 tivemos uma pressão muito grande, mesmo no Brasil, para abrir o orçamento por conta da crise econômica”, garante Cássio Dreyfuss, analista do Gartner. Ele admite que a pressão do financeiro na área de TI sempre existiu, mas agora ganha o

De pedra a vidraça?CLAUDIO FERREIRA

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>gestãoE os orçamentos em 2011? Para

Dreyfuss, os CIOs brasileiros podem ficar mais tranqüilos. “Fizemos uma pesquisa e na América Latina os investimentos em TI vão crescer 4,2% enquanto no mundo terá uma elevação de 1,3%. No Brasil, devemos observar algo um pouco maior que na região, porém, claro, abaixo dos 7% previstos

para o crescimento do PIB este ano”, aponta o analista.

Ele reflete que é urgente que os CIOs locais encarem cloud computing de frente, como uma alternativa importante de custos. “É uma tendência inexorável, e o CIO precisa liderar esse processo ou então alguém vai fazer por ele, de olho na diminuição do investimento em ativos imobilizados”, completa. (C.F.)

como se fugir disso ou tudo pára”, alerta. “O próprio Gartner fez pesquisa com 4 mil CIOs em todo o mundo e reconheceu que a infraestrutura consome 2/3 de todo o orçamento. “E isso, como dizemos, vai parar “embaixo do piso”, finaliza.

Mal comparando é algo como para os políticos – já que vivemos ano de eleições – investir em esgoto ou saneamento básico. É algo importante e traz uma série de benefícios, porém ninguém vê na sua frente o que é feito. “É algo que precisa ser feito de qualquer jeito, porque mantém a operação”, completa Dreyfuss.

E parece que a maturidade sobre o tema no Brasil não é das melhores (veja o Box: Maduro, eu?), mesmo com alguns fatores positivos apontados no estudo “Brazil Infrastructure Maturity X-Ray”, realizado pela Accenture, empresa global de tecnologia, consultoria e outsourcing, em parceria com o IDC. “Apesar da maturidade da Gestão da Infraestrutura de TI ainda estar abaixo da média esperada, o crescimento de investimentos em iniciativas estratégicas pode ser um indicador do amadurecimento do mercado como um todo, apesar de existir a possibilidade de influência de execução de investimentos represados no ano anterior em função da conjuntura econômica”, afirmou Ricardo Chisman, líder para a área de consultoria em tecnologia da Accenture.

Pior, os gastos com TI são mais freqüentemente classificados por grandes categorias ou classes de ativos, que muitas vezes refletem como os bens são adquiridos e pagos. “Mas quase nunca como eles, eventualmente, são utilizados”, escreveu Symons no documento. Assim, embora seja possível comprar ativos como servidores, storages, licenças de software etc, os usuários consomem seus serviços como e-mail, suporte a desktop, acesso à Internet, hospedagem e assim por diante.

Não quero pagar!Em comparação, é como se um

usuário de uma empresa de abastecimento tivesse que pagar o valor de uma torneira e não apenas da água. Em TI, é como se o gerente de negócios tentasse descobrir como é possível conectar o custo de TI com valores mais abrangentes ou insolúveis. “É algo impossível de prever ou

controlar a quantidade. Nesses casos, a TI é uma caixa preta”, aponta Symons.

Para o analista do Forrester, em um mundo ideal ou de acordo com as necessidades corporativas atuais, a necessidade é que os orçamentos sejam mais e mais transparentes. Rumar para um ambiente com esse requisito, segundo Symons, deve partir

de três requisitos: construir credibilidade, não subestimar a magnitude do esforço e não oferecer um operacional “pesado”. “O esforço exige um tipo diferente de organização de TI com novas funções, competências e foco”, alerta. A meta de ser tecnicamente competente é ideal, mas é preciso agregar foco no cliente, no fornecimento e na exploração dos serviços voltados aos negócios.

Maturidade da gestão da infraestrutura em TI no Brasil continua baixa, revela pesquisa da Accenture. Pelo menos é o que se entende a partir da segunda edição do estudo “Brazil Infrastructure Maturity X-Ray”, realizado pela Accenture, empresa global de tecnologia, consultoria e outsourcing, em parceria com o IDC.

O estudo revela que o nível de maturidade de Gestão de Infraestrutura de TI do mercado nacional ainda está abaixo da média desejada (3). Em uma escala de 1 a 5, o país recebeu em 2010 a nota 2,5. No ano passado, o número foi de 2,4.

Para definir nível de maturidade do mercado brasileiro em relação à Gestão de Infraestrutura de TI das organizações, a pesquisa considerou cinco níveis distintos – inicial, replicável, definido, gerenciável e otimizável –, pelos quais as empresas precisam passar para alcançar a excelência desejável.

Para o estudo foram entrevistadas, durante os meses de agosto e setembro de 2010, mais de 100 grandes organizações de grande porte de diversas áreas como: serviços financeiros, telecomunicações, saúde, governo e comércio.

Considerando as oito áreas chaves de TI selecionadas para o estudo – Green IT & Data Center, Segurança, Redes, Mobilidade, Análise de Investimentos em TI, Delivery, Suporte e Governança –, o destaque é o aumento dos investimentos das empresas em inovação, que saltou de 35% no ano passado para 40% do orçamento de TI neste ano.

Algumas áreas apresentam uma baixa pontuação em relação ao nível médio de maturidade alcançado (que foi 2,5), são elas: Delivery, que obteve a média mais baixa do estudo, Segurança e Suporte que foram avaliadas em 2,3, 2,4 e 2,4 respectivamente. Outras conclusões gerais apontam que a adoção de Cloud Computing ainda é baixa (27%) e que as empresas continuam a planejar melhor do que executam. “Para que o Brasil seja maduro é necessário disciplina no planejamento e atenção na execução de todo o processo de melhoria, o qual deve ser tratado de forma integrada e não pontualmente”, aponta Jesus Lopez Aros, líder para a área de infraestrutura de TI da Accenture.

Maduro, eu?

para a Forrester, as organizaÇÕes de ti que ConsegueM Fazer a transiÇão de gestores de atiVos de teCnologia para prestadores de serViÇos internos deVeM Fazê-lo, traduzindo atiVos eM serViÇos eMpresariais

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>mercado

Investimentos do governo em parques tecnológicos permitem o desenvolvimento de novas tecnologias e a incubação de empresas para estimular a economia local. Principal exemplo é o CesAr, de recife

O Estado de Pernambuco está investindo em diversos programas de incentivo à indústria de tecnologia, tanto no segmento industrial quanto de

desenvolvimento de software e serviços. O principal projeto é o Parque Tecnológico de Pernambuco (ParqTel), um complexo industrial de mais de uma década que ficou sem receber investimentos até 2006.

O secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, Anderson Gomes, em entrevista à TI Inside Online explica os projetos em desenvolvimento:

TI Inside - O Governo reativou o projeto do parqTel através de recursos com o MCT. Quais os objetivos principais do projeto nas áreas de tecnologia da informação e telecomunicações?

Gomes - O projeto do Parqtel, com apoio do MCT e contrapartida do Governo do Estado abrange investimento na construção do Centro Administrativo do Parqtel; apoio ao Porto Digital; a implantação de um observatório tecnológico, também conhecido com Centro de Inteligência Competitiva, para as áreas de TIC e eletroeletrônica no Estado. Por exemplo, a incubadora CAIS do Porto recentemente inaugurada pelo Porto Digital, é apoiada por este projeto.

TI Inside - parte do investimento está previsto para ser liberado esse ano. Qual o estágio atual do projeto?

Gomes - O investimento total do

projeto é de R$17 milhões, 50% do MCT/FINEP, e 50% do Governo do Estado. Deste montante, já foram liberados desde 2009 50% da FINEP e o Estado aportou sua parte. Estes recursos estão sendo usados, como frisado anteriormente, para Construção do Centro Administrativo do Parqtel (obra já iniciada), e de ações do Porto Digital. O projeto está seguindo conforme o cronograma.

TI Inside - Quais os benefícios para as empresas se instalarem no parqTel?

Gomes - São muitos os benefícios: estarem instalados num ambiente de parque tecnológico, com sinergia com outras empresas; redução ou postergação de alguns tipos de impostos (esta parte é pactuada junto à AD-DIPER); uso de

equipamentos multiusuários, comuns a todas as empresas e o compartilhamento das facilidades do Centro Administrativo (em construção).

TI Inside - Já existem empresas interessadas e em fase de negociação?

Gomes - Sim, existem mais 3 empresas, além das que já estão no Parqtel.

TI Inside - Quais os incentivos para a formação de profissionais para atuarem nessas empresas?

Gomes - O Centro Administrativo terá duas salas de treinamento, nos quais tanto as empresas quanto a SECTMA, irão viabilizar cursos de interesse técnico e social dos profissionais. Além disso, cursos irão também beneficiar a comunidade local.

TI Inside - Quais os principais projetos do Governo para o incentivo à pesquisa no setor? Quais as parcerias com as universidades?

Gomes - A SECTMA está remontando o Comitê Gestor do Parqtel, que tem representantes das Universidades, para retomar esta interação. Além da UFPE, a UPE será um parceiro bastante ativo. Também as instituições do interior, como UNIVASF e Instituto Federal, serão convidadas a participar.

TI Inside - Quais os principais projetos de inclusão digital do Governo de pernambuco?

Pernambuco incentiva a indústria de TI e telecom

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sergipeTec finaliza licitação para a construção de centro de competências

Gomes - Existem diversos projetos de pequeno porte espalhados por outras Secretarias. A SECTMA está coordenando um projeto mais amplo de inclusão sócio-digital que constem a parte de infraestrutura, ambientes e conteúdo. Na parte de infraestrutura, a SECTMA, juntamente com o ITEP, já iniciou a instalação de uma rede sem fio na RMR do Recife. Casa Amarela já está parcialmente conectada, além da ilha de Fernando de Noronha. O projeto está em andamento. Esta infraestrutra será interiorizada. No tocante a ambientes,

temos no momento 9 espaços chamados de espaço cidadania, que são salas de telecentro já em funcionamento (em cooperação com a ATI). Mais 9 salas serão implantadas nos próximos 2 meses. Estes locais se espalham por todo o interior do estado. Um projeto para uso do ambiente das lan-houses também está pronto, mas só será lançado após o período eleitoral for força de Lei. Do ponto de vista de conteúdo, monitores de diversas localidades já foram treinados para dar cursos básicos de informática com software livre e softwares comerciais,

além de cursos ligados à empregabilidade com apoio do SEBRAE.

TI Inside - além do parqTel e do porto Digital, o Governo tem novos projetos para incentivo na área de tecnologia?

Gomes - Estamos discutindo com empresas incubadas na área de Biotecnologia a criação de um Parque de Biotecnologia. Na área e SUAPE também está previsto um Parque tecnológico com atuação das Universidades, cujos temas estão em fase de definição.

A licitação para construção da sede definitiva da SergipeTec, associação sem fins lucrativos que atua no fomento à criação de empresas de

base tecnológica e à construção de redes de relacionamentos que envolvam agentes do processo produtivo, do ensino, da pesquisa e da inovação, está pronta para ser publicada. A unidade será instalada em uma área de mais de 140 mil metros quadrados, ao lado da Universidade Federal de Sergipe, com o objetivo de possibilitar a total integração entre o ambiente acadêmico, o mercado e o Estado.

A informação foi dada pelo presidente da entidade, Marcos Wandir, que adiantou que o montante previsto para as obras de infraestrutura, construção do prédio principal e de um centro vocacional tecnológico é de R$ 19,5 milhões, provenientes do Ministério da Ciência e Tecnologia e contrapartidas do Estado de Sergipe.

Além disso, já estão previstos recursos adicionais no valor de R$ 14,5 milhões da Finep, contrapartida estadual para a construção de projetos como biofábricas e laboratórios diversos.

A SergipeTec tem três áreas de atuação principais: biotecnologia; energia, com foco em petróleo, gás e energia renováveis; e TICs (tecnologias da informação e comunicações), com

prioridade em software e serviços. Mas enquanto a sede não fica

pronta, a entidade já oferece um complexo empresarial com área construída de 8 mil metros quadrados no município de São Cristóvão onde o Imposto sobre Serviços (ISS) é de 2,5% (na capital, Aracajú, o ISS é de 5%) por dois a três anos, a fim de atrair empresas de desenvolvimento de software e de capital intelectual, que já operam no mercado. “Empresas de software têm a transversalidade, ou seja, pode ser aplicado nas demais áreas, como energia e biotecnologia. Esse prédio oferece toda a

infraestrutura, como auditório, salas de reunião, biblioteca etc. Lá já funcionam 19 empresas (17 de TICs e duas de energia) e temos o objetivo de reunir 25 até o fim do ano”, explica Wandir.

Outra vantagem é que a SergipeTec mantém convênios com a Universidade Federal de Sergipe, o Instituto Federal de Sergipe e a Faculdade de Negócios de Sergipe - Fanese. “Também tem parceria com as escolas técnicas, com o objetivo de incentivar o empreendedorismo e a criação de empresas juniores, para que, além da formação, os alunos tenham perspectivas de emprego”, afirma.

O centro vocacional, criado em parceria com o MCT, também prevê a formação profissional, mas nesse caso de caráter não formal. Como a área do entorno do projeto é povoada por jovens de baixa renda, o centro vai oferecer cursos gratuitos em laboratórios com 25 computadores por sala, para ensino de Java, PHP, multimídia, etc.

projeto inovador Atualmente, o Parque está instalado

em prédio cedido pela Federação das Indústrias, em Aracajú, onde trabalham 200 funcionários diretos e cerca de 1,3 mil colaboradores indiretos.

Já está em andamento o projeto denominado C3TI-Centro Catalisador de Competências em TIC, que realiza atividades de capacitação e pesquisas

MARCOS WANDIR: MONTANTE PREVISTO PARA AS OBRAS DE INFRAESTRUTURA, CONSTRUÇÃO DO PRéDIO PRINCIPAL E DE UM CENTRO VOCACIONAL TECNOLóGICO é DE R$ 19,5 MILhõES

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2 0 T I I n s I d e | o u T u b r o d e 2 0 1 0

>mercadoem qualidade de software. “Estamos, em parceria com a Finep, para implantar um centro de teste de software, visando garantir a qualidade dos códigos de desenvolvimento. O objetivo é ter uma engenharia de requisitos, que é um processo que engloba todas as atividades de desenvolvimento de sofware, visando asseguar sua manutenção ao longo do tempo”, diz Wandir.

Capacitação tecnológicaCerca de R$ 27 milhões serão

investidos pela Prefeitura de Recife para a construção do Parque Científico e Cultural do Jiquiá, através de um convênio entre a Prefeitura do Recife, o Governo do Estado e o Ministério da Ciência e Tecnologia. O projeto está em fase de licitação com previsão de início das obras em janeiro de 2011, e o complexo abrigará o Museu da Ciência e o Planetário.

Segundo o secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Recife, José Bertotti, a iniciativa vai gerar um centro de produção de conteúdo multimídia, não só voltados a esses dois projetos, mas também para formar jovens profissionais alinhados com a proposta cultural da cidade.

Além disso, a Prefeitura tem um programa contínuo de incentivo fiscal, com redução de 60% do Imposto Sobre Serviço (ISS), para a criação de pólos em diversas áreas de negócios. “O que se destaca é o Porto Digital, que em dez anos de atuação, conta com 135 empresas e mais de quatro mil profissionais, sendo a grande maioria de nível superior”, diz ele.

Bertotti ressalta ainda que o Porto Digital recebe reconhecimento internacional e tem investimentos de empresas multinacionais como Motorola e Nokia, e também de nacionais como Procenge, Capital Login, entre outras. “Mas o programa contempla outras áreas, como o Pólo Médico, por exemplo”, salientou.

Todo ano, o programa é reavaliado e, se o resultado for positivo no incremento do recolhimento de imposto, é renovado automaticamente, evitando-se assim qualquer ineficiência por parte das empresas beneficiadas.

Outro recurso investido no Porto Digital, da ordem de R$ 38 milhões, foi para capacitação profissional e renovação da infraestrutura dos

laboratórios, tendo em vista a competitividade internacional.

“Além disso, o Porto Digital formalizou um acordo com o INPI para criar pela primeira vez a certificação de origem de desenvolvimento de software, pois hoje essa modalidade só existe para produtos manufaturados”, explica Bertotti.

Na área social, a Secretaria está investindo na criação de mais sete unidades de telecentros, totalizando 18 no município, que aumentará a capacidade de atendimento com serviços de internet gratuita de 600 usuários por mês para 1000 usuários mensais. As novas unidades serão inauguradas até dezembro deste ano.

“Mas não se trata de uma lan-house apenas para joguinhos. Por exemplo, o Colégio de Damas de Recife recebeu

um telecentro onde os alunos aprenderão a fazer pesquisas, serão capacitados profissionalmente e preparados para o trabalho’, enfatizou o secretário.

Ciência e Tecnologia“Para nós, o século XXI não é

apenas o século da C&T, mas é principalmente o século da inovação e da sinergia, onde saber é mais importante do que ter”, afirma Aurélio Molina, secretário executivo de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Pernambuco, para quem “a tecnologia da informação é fundamental para a economia do futuro, que é a economia criativa, e para a construção de um projeto de nação mais justa, livre e desenvolvida”.

Segundo ele, “a premissa é promover em Pernambuco a implantação de um programa de inclusão sócio-digital que seja utilizado pela sociedade em ações que vão desde a educação até o empreendedorismo, portanto oferecendo o tripé infraestrutura, ambientes e conteúdo”.

Em termos de conectividade, a banda larga, no programa do governador reeleito Eduardo Campos, ganhou status de direito básico e, portanto, política de Estado também. Nesse sentido, uma série de ações e programas de inclusão estão em andamento, tais como: núcleos do interior, projeto em parceira com prefeituras e entidades parceiras no qual a Secretaria fornece a infraestrutura e as entidades locais gerenciam e disponibilizam essa infraestrutura para a população; espaço cidadania, locais disponibilizados pelo Governo à população para acesso a internet através da PE Multidigital; centros vocacionais tecnológicos, programa que tem o apoio do Governo Federal para estruturação de centros de formação profissional para inclusão social; programa de inclusão digital e lan-houses, ações que têm o objetivo de disponibilizar conteúdos e promover a formação profissional em lan-houses selecionadas e cadastradas; e o projeto cidades digitais, programa do Ministério das Comunicações, operado em Pernambuco pelo ITEP, que visa a disponibilização de acesso gratuito à internet em espaços públicos através de rede sem fio.

“A tecnologia da informação é

fundamental para a economia do futuro, que é a

economia criativa, e para a

construção de um projeto de nação mais justa, livre e

desenvolvida”AURéLIO MOLINA,

SECRETáRIO ExECUTIVO DE

CIêNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR

DE PERNAMBUCO

“Porto digital recebe

reconhecimento internacional e

tem investimentos de empresas

multinacionais como Motorola

e nokia”jOSé BERTOTTI, SECRETáRIO DE

CIêNCIA, TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO

ECONôMICO DO RECIFE

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o u T u b r o d e 2 0 1 0 | T I I n s I d e 2 1

RONALDO MOTA*

tecnológico nacional. Essa margem poderá ser aumentada no caso de bens e serviços com inovações relevantes.

Tal benefício valerá também para empresas do Mercosul e poderá ser estendido a outros países com os quais o Brasil possa vir a firmar tratados de cooperação.

Outra alteração importante é que, para critério de desempate nas licitações, será levado em conta o fato de produtos serem produzidos no país.

Muitos países, incluindo Estados Unidos e China, já fazem uso intenso do poder de compra como efetivo instrumento indutor de desenvolvimento econômico favorecendo a incorporação de avanços tecnológicos e de estímulo à inovação.

Esta iniciativa, pioneira no Brasil, reforçar a correta percepção de que uma sociedade sem apreço por inovação tende a inibir terminalmente o surgimento de empresas inovadoras. Por sua vez, a existência de sociedade com indicadores de gosto por inovação não é condição plenamente suficiente para fazer brotar espontaneamente empresas inovadoras.

Em suma, sociedade com propensão à inovação é condição necessária, ainda que insuficiente. Assim, é imprescindível estimular processos inovativos via a adoção de políticas públicas consistentes e persistentes para que um meio social propenso às inovações, como é o caso da sociedade brasileira, de fato colha os frutos da presença de empresas inovadoras no seu desenvolvimento sustentável.

A Lei 8.666 regulamenta as licitações públicas no país. A Medida Provisória 495/2010, editada pelo Governo Federal no mês passado, altera alguns de

seus dispositivos visando propiciar importante dispositivo de apoio à inovação, ou seja, abre a possibilidade de conceder margem de preferência nas licitações estatais, especialmente às empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento.

A capacidade de transferir conhecimento para o setor produtivo constitui elemento essencial para viabilizar um país competitivo e em condições de enfrentar seus desafios internos e de se afirmar soberanamente no conjunto das nações. Portanto, a capacidade de inovar é reconhecidamente um instrumento fundamental para o desenvolvimento sustentável no cenário mundial contemporâneo, permitindo gerar emprego e renda e estimular a democratização de oportunidades.

Inovação compreende a introdução de um bem com que os consumidores ainda não estejam familiarizados ou de uma nova qualidade ou funcionalidade de um produto já conhecido, bem como a introdução de um novo método de produção que ainda não tenha sido testado, em geral baseado em descoberta científica ou avanço tecnológico, podendo resultar em maneira inédita de manejar comercialmente uma mercadoria ou um serviço.

Sob a ótica do caráter contínuo e cumulativo de certas inovações, estas podem ser incrementais, referindo-se às inovações que ocorrem de forma contínua na empresa, e radicais, como as

A iniciativa de adquirir produtos com forte composição nacional é pioneira no brasil e visa reforçar a correta percepção de que uma sociedade sem apreço por inovação tende a inibir terminalmente o surgimento de empresas inovadoras

Inovação e poder de compra governamental

descobertas de novos conhecimentos voltados para um resultado prático desejado, normalmente associado a avanços decorrentes de novidades científicas e tecnológicas relevantes.

Em suma, inovação apresenta um conjunto amplo de definições e abordagens, mas tendo sempre em comum o atendimento de demandas, a existência de público consumidor e de conhecimentos a serviço de oferta de novos produtos, processos ou funcionalidades que atendam ao mercado.

A medida provisória 495 cria a possibilidade de o Executivo Federal em seus processos de licitação estabelecer uma margem de preferência de até 25% para fornecimento de empresas instaladas no país baseado em argumentos de geração de emprego e renda, efeito de arrecadação e, especialmente, desenvolvimento

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* Ronaldo Mota é secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia, professor titular de Física da Universidade Federal de Santa Maria e pesquisador do CNPq.

A CAPACIDADE DE TRANSFERIR CONhECIMENTO PARA O SETOR PRODUTIVO CONSTITUI ELEMENTO ESSENCIAL PARA VIABILIzAR UM PAíS COMPETITIVO E EM CONDIÇõES DE ENFRENTAR SEUS DESAFIOS INTERNOS E DE SE AFIRMAR SOBERANAMENTE NO CONjUNTO DAS NAÇõES

>artigo

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>serviço

Yes, nós temos metodologia! A MPS.BR – sigla para Melhoria de Processo do Software Brasileiro, que pode ser definida como uma

metodologia nacional que atesta a qualidade dos processos e das melhores práticas no desenvolvimento de software, está ganhando espaço. Na prática, ela representa uma alternativa mais viável economicamente falando e com requisitos muito próximos da certificação mais reconhecida globalmente, a CMMi (Capability Maturity Model Integration), na qual se inspirou.

Os provedores, ao contrário da numeração da CMMi que evolui o nível com a escala numérica ascendente, de 1 a 5, aqui partem da letra G (patamar inicial) até o A (o grau máximo de excelência). E, ao contrário da CMMi, que exige certificadores estrangeiros e acaba por representar custos altos, a MPS.BR requer investimentos menores, sem diminuição dos requisitos. No Brasil, se calcula em mais de 180 empresas com tal nível de certificação e as corporações, mais notadamente às ligadas aos governos, estimulam a sua requisição em licitações.

seja por meio de solicitação em requerimento de projetos ou mesmo pelo reconhecimento local e internacional, a certificação de melhores práticas de desenvolvimento de software MPs.br ganha espaço entre provedores de porte médio e pequeno e se torna uma alternativa com requisitos próximos da CMMi e custos mais em conta do que o primo global

Até mesmo quem não a possui, como a Tivit, por seu porte e histórico de certificações, já com o CMMi Nível 3 e tendo alcançado também diversos padrões do gênero ISO (veja mais no Box: ISO e aquilo), ressalta a importância do MPS.BR no atual cenário de desenvolvimento de software. “Ela se transformou em uma opção importante para pequenos e médios provedores, por desonerar os custos de certificação, e também como forma de alavancar e trazer uma referência de qualidade para os players. Vejo como uma metodologia mais light se comparada com a CMMi, porém tem um bom nível e o Ministério da Ciência e Tecnologia tem estimulado sua adoção”, garante Carlos Mazon, vice-presidente de ITO (terceirização de infraestrutura de TI) da Tivit.

Como comparação, ele admite que a CMMi envolve custos maiores e mais dedicação e exclusividade das pessoas, o que nem sempre pode ser feito em desenvolvedores e provedores de menor porte. “Em alguns casos, eles chegam em níveis que equivalem a CMMi 2 ou 3. Acho, no geral, muito positivo, porém a empresa não pode ver a certificação como algo estanque e sim como um motor para melhorias internas. Certificar por certificar não vale a pena”, aponta Mazon.

No caminhoRenato Stehling, diretor da área de

desenvolvimento e manutenção de aplicações da BRQ, enfatiza a certificação. “É um qualificador importante para participar de alguns projetos, fizemos um trabalho de

fortalecimento de nossos processos e precisamos

acompanhar a demanda do mercado”, garante. A

BRQ possui atualmente a MPS.BR de

nível C, na unidade de Curitiba,

recebida no final de fevereiro

desse ano, enquanto a unidade do Rio de Janeiro a obteve em agosto último.

Os investimentos para a certificação nas duas unidades foram de certa forma

Certificação “brazuca” conquista adeptos

CLAUDIO FERREIRA

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distintos. “Na unidade de Curitiba queríamos verificar o grau de maturidade, e o investimento foi de curto prazo. Trouxemos uma consultoria para certificar se os processos estavam comppliance, e levamos algo como seis meses para nos ajustar e revisar algumas coisas”, admite Stehling. Já a motivação no Rio de Janeiro foi diferente. “Existe uma demanda maior, e temos o Governo local como um cliente forte”, garante. A customização dos processos realizada em Curitiba ajudou na finalização do projeto carioca ao utilizar a mesma certificadora.

Ele admite que a obtenção da CMMi ainda é mandatória em requisições de muitas corporações, mas a MPS.BR ganha espaço aqui também, fora da esfera dos governos. “É um investimento de longo prazo e contínuo”, enfatiza.

Stehling revela que o próximo investimento é no sentido de obter a MPS de nível C no centro de delivery da empresa no Nordeste e nas demais bases da BRQ para cumprir uma necessidade interna de nível de maturidade. “Eles estarão comppliances até o final de 2011. E a partir daí vamos chegar aos níveis B e A, mas para chegar a esse patamar precisamos ter uma história, com o controle dos projetos atuais, em cima da prática e da evolução contínua dos processos, baseados em modelos históricos”, explica. Sua expectativa é chegar até o final de 2011 com esse background. “E é indispensável trabalhar com parceiros externos que ofereçam uma visão isenta”, completa.

Investimento pesado?Apostando no serviço de

desenvolvimento de sistemas para crescer, a Smart Solutions, provedora brasileira de soluções de TI, ampliou o seu espaço físico e investiu R$ 1 milhão na certificação MPS.BR. Atualmente, a companhia está no nível F, que trata dos processos de apoio ao desenvolvimento de sistemas.

A meta, agora, é alcançar o nível C ainda neste ano. Como comparação, o nível F equivale ao nível 2 da CMMi. “A certificação é um fator que nos confere credibilidade no mercado, inclusive para buscarmos projetos internacionais. A empresa ganha visibilidade e comprova a qualidade e transparência dos processos que utiliza no desenvolvimento de software”, afirma Roberto Monteiro, diretor comercial da

Smart Solutions.O executivo lembra que toda a

preparação para a obtenção da certificação teve início em dezembro de 2008. Naquela data, a Smart foi avaliada e aprovada nos seguintes itens: gerência de projetos, gerência de requisitos (nível G), gerência de configuração, gestão de portifólio de projetos, garantia da qualidade e medição (nível F). A instituição avaliadora foi a Riosoft, empresa credenciada pela Softex (Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro), entidade responsável pela implantação da certificação brasileira MPS.BR.

A fábrica de software da Smart Solutions possui mais de 20 profissionais, entre gestores de projetos e desenvolvedores. “Com a ampliação do espaço físico e um plano de conquista de novos contratos, pretendemos ter 60 pessoas na equipe até o final de 2010”, revela Homero Tavares, gerente da fábrica de software da Smart.

A companhia também acredita no

“A MPs.br se transformou em uma opção importante para pequenos e médios provedores, por desonerar os custos de certificação, e também como forma de alavancar e trazer uma referência de qualidade para os players. Vejo como uma metodologia mais light se comparada com a CMMi, porém tem um bom nível e o Ministério da Ciência e Tecnologia tem estimulado sua adoção”CARLOS MAzON, DA TIVIT

RENATO STEhLING, DA BRQ: A CERTIFICAÇÃO BRASILEIRA é UM QUALIFICADOR IMPORTANTE QUANDO AS EMPRESAS QUEREM PARTICIPAR DE ALGUNS PROjETOS, PRINCIPALMENTE jUNTO AO GOVERNO

potencial de receita dos serviços de planejamento e especificação de testes de software, além de testes de integração e sistemas. Afinal, a empresa conta com profissionais especializados que atuam desde o levantamento de requisitos, análise e concepção dos projetos até as etapas de programação e testes de integração e do próprio sistema.

No total, foram investidos R$ 1 milhão em todo o projeto, da certificação à ampliação física da companhia. O próximo passo é conquistar o nível A da certificação MPS.BR, que corresponde à CMMi 5. “Pretendemos alcançar este objetivo em 2011”, conclui Tavares.

Contra a maréMas nem sempre o MPS.BR é o

caminho natural de uma empresa de desenvolvimento e prestação de serviços de médio porte. A catarinense Teclógica, de Blumenau, investiu primeiro na certificação CMMI N2 e agora está em processo para a certificação CMMI N2 - For Services.

“Antes do processo para atingir essa dimensão de CMMi, tínhamos apenas a certificação individual dos profissionais. Faltava o respaldo da empresa por uma organização externa, que mostrasse nossa qualidade, preço e prazos”, garante Gilmar Tamanini, presidente da Teclógica. A prioridade se deve à requisição por parte de clientes de perfil multinacional como o Grupo BAT (British American Tobacco), Bunge, entre outros.

No entanto, agora, a empresa avalia quando e como poderá ingressar no time dos provedores que possuem a MPS.BR. “Estamos conversando com a consultoria Soft Process e sabemos que as diferenças do MPS para a CMMi são mínimas. Depois de atingirmos a CMMi de nível 3 vamos partir para a certificação local”, revela o executivo.

Como avaliação, Tamanini qualifica a certificação “brazuca” como brilhante, “ao tropicalizar as práticas de desenvolvimento e levar reconhecimento à produção de software no Brasil, em capacidade e similaridade com a CMMi. Não há diferença, a MPS.BR é sólida e séria, e em gerenciamento de risco ela é até mais completa. Vamos buscar essa equivalência”, reitera.

Escala evolutivaA escolha da consultoria para

auxiliar no processo, a Soft Process,

Page 24: Revista TI Inside - 62 - Outubro de 2010

Propostas e projeções políticas e regulatórias. O que muda com a posse do novo governo em 1º de janeiro.

Feira, Seminários, workshops e palestras discutem e analisam as tendências da WEB 2.0 no mais importante e completo evento do setor no Brasil.

Evento que apresenta estratégias e tecnologias que viabilizam a entrega de conteúdo audiovisual em múltiplas plataformas.

Palestras e Workshops com conteúdos que abordam as novas tecnologias para Call Center, novas ferramentas de CRM e as regulamentações do setor.

As inovações e propostas desenvolvidas por operadoras, agências de propaganda móvel, integradores de valor agregado e soluções empresariais e fabricantes de dispositivos móveis.

Único evento de satélites da América Latina, para debater os temas mais importantes do setor.

Discute as questões de estratégia, legislação e sustentabilidade em TI, abrangendo ainda temas como energia em data centers, resíduo eletrônico, projetos de facilities e infraestrutura.

Trata de plataforma de comunicação unificada; mensageria e colaboração; gerenciamento de contact center; teletrabalho e fidelização de cliente, integração, desenvolvimento e aplicações móveis para negócios.

Ponto de encontro de executivos de televisão de vários países, produtores, distribuidores de conteúdos e operadores de TV paga e telecom.

O maior e mais importante evento de negócios de TV por assinatura, mídia, entretenimento e telecom da América Latina.

O mais abrangente encontro que discute os modelos para a banda larga sem fio e seus efeitos nos lares e escritórios brasileiros.

Soluções, novas tecnologias e experiências no uso da TI para melhorar os sistemas de gestão do ecossistema da saúde.

Evento pioneiro que aborda as diferentes soluções oferecidas por fornecedores de TI e Telecom e discute as dificuldades e vantagens na adoção destas soluções.

Auditório da Finatec/UnB, Brasília, DF Centro de Convenções Frei Caneca,São Paulo, SP

Centro de Convenções Frei Caneca,São Paulo, SP

Centro de Convenções Frei Caneca, São Paulo, SP Rio de Janeiro, RJ São Paulo, SP São Paulo, SP

Centro de Convenções Frei Caneca,São Paulo, SP

Transamérica Expo Center, São Paulo, SP

São Paulo, SP São Paulo, SP São Paulo, SP

Fórum Saúde Digital

Fórum

24Fev 16 a 18Mar

08 e 09Jun

27 e 28Set 05 e 06Out 25Out 09Nov

15 e 16Jun 09 a 11Ago29Jun 23Ago 14Set

Com o apoio editorial das revistas TELA VIVA, TI INSIDE e TELETIME, os eventos da CONVERGE COMUNICAÇÕES recebem um público qualificado cujo diferencial é a capacidade de garantir um retorno máximo para seu investimento.

A Converge traz para você os melhores eventos do ano.

A cadeia de valor das soluções inovadoras de TI, que inclui cloud computing, virtualização e SaaS - Sotware as a Service.

Trata dos investimentos, adequação estratégica e perspectivas de resultados nas decisões sobre tecnologias, plataformas e soluções de rede, gerenciamento, provisionamento e sistemas.

A maior feira e congresso da indústria brasileira de TIC terá como foco: inovação em TI, gestão empresarial, logística e distribuição, agribusiness, telecom, mobilidade, web 2.0 e negócios digitais.

Evento com discussões sobre conteúdo para celular e entretenimento móvel, além de conceitos técnicos e de negócios aplicáveis ao setor.

O primeiro evento voltado para os setores governamentais que demandam soluções de TI e telecom em suas atividades.

Trata das redes de energia digitais e inteligentes que representam uma revolução para o mundo das telecomunicações, tecnologia da informação e do setor elétrico.

São Paulo, SP São Paulo, SP Porto Alegre, RS Centro de Convenções Frei Caneca,São Paulo, SP

Auditório da Finatec/UnB, Brasília, DF

São Paulo, SP

06Abr 26Abr 10 a 12Mai 18 e 19Mai 26Mai 31Mai

Informações 0800 77 15 [email protected]

Para PatrocInar 11 [email protected]

Page 25: Revista TI Inside - 62 - Outubro de 2010

Propostas e projeções políticas e regulatórias. O que muda com a posse do novo governo em 1º de janeiro.

Feira, Seminários, workshops e palestras discutem e analisam as tendências da WEB 2.0 no mais importante e completo evento do setor no Brasil.

Evento que apresenta estratégias e tecnologias que viabilizam a entrega de conteúdo audiovisual em múltiplas plataformas.

Palestras e Workshops com conteúdos que abordam as novas tecnologias para Call Center, novas ferramentas de CRM e as regulamentações do setor.

As inovações e propostas desenvolvidas por operadoras, agências de propaganda móvel, integradores de valor agregado e soluções empresariais e fabricantes de dispositivos móveis.

Único evento de satélites da América Latina, para debater os temas mais importantes do setor.

Discute as questões de estratégia, legislação e sustentabilidade em TI, abrangendo ainda temas como energia em data centers, resíduo eletrônico, projetos de facilities e infraestrutura.

Trata de plataforma de comunicação unificada; mensageria e colaboração; gerenciamento de contact center; teletrabalho e fidelização de cliente, integração, desenvolvimento e aplicações móveis para negócios.

Ponto de encontro de executivos de televisão de vários países, produtores, distribuidores de conteúdos e operadores de TV paga e telecom.

O maior e mais importante evento de negócios de TV por assinatura, mídia, entretenimento e telecom da América Latina.

O mais abrangente encontro que discute os modelos para a banda larga sem fio e seus efeitos nos lares e escritórios brasileiros.

Soluções, novas tecnologias e experiências no uso da TI para melhorar os sistemas de gestão do ecossistema da saúde.

Evento pioneiro que aborda as diferentes soluções oferecidas por fornecedores de TI e Telecom e discute as dificuldades e vantagens na adoção destas soluções.

Auditório da Finatec/UnB, Brasília, DF Centro de Convenções Frei Caneca,São Paulo, SP

Centro de Convenções Frei Caneca,São Paulo, SP

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Centro de Convenções Frei Caneca,São Paulo, SP

Transamérica Expo Center, São Paulo, SP

São Paulo, SP São Paulo, SP São Paulo, SP

Fórum Saúde Digital

Fórum

24Fev 16 a 18Mar

08 e 09Jun

27 e 28Set 05 e 06Out 25Out 09Nov

15 e 16Jun 09 a 11Ago29Jun 23Ago 14Set

Com o apoio editorial das revistas TELA VIVA, TI INSIDE e TELETIME, os eventos da CONVERGE COMUNICAÇÕES recebem um público qualificado cujo diferencial é a capacidade de garantir um retorno máximo para seu investimento.

A Converge traz para você os melhores eventos do ano.

A cadeia de valor das soluções inovadoras de TI, que inclui cloud computing, virtualização e SaaS - Sotware as a Service.

Trata dos investimentos, adequação estratégica e perspectivas de resultados nas decisões sobre tecnologias, plataformas e soluções de rede, gerenciamento, provisionamento e sistemas.

A maior feira e congresso da indústria brasileira de TIC terá como foco: inovação em TI, gestão empresarial, logística e distribuição, agribusiness, telecom, mobilidade, web 2.0 e negócios digitais.

Evento com discussões sobre conteúdo para celular e entretenimento móvel, além de conceitos técnicos e de negócios aplicáveis ao setor.

O primeiro evento voltado para os setores governamentais que demandam soluções de TI e telecom em suas atividades.

Trata das redes de energia digitais e inteligentes que representam uma revolução para o mundo das telecomunicações, tecnologia da informação e do setor elétrico.

São Paulo, SP São Paulo, SP Porto Alegre, RS Centro de Convenções Frei Caneca,São Paulo, SP

Auditório da Finatec/UnB, Brasília, DF

São Paulo, SP

06Abr 26Abr 10 a 12Mai 18 e 19Mai 26Mai 31Mai

Informações 0800 77 15 [email protected]

Para PatrocInar 11 [email protected]

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>serviçopassou por uma avaliação prévia do que existia em termos de serviços do gênero não apenas em Santa Catarina como também no eixo Rio-São Paulo. “Eles também já tinham trabalhado conosco no CMMi e temos confiança neles”, aponta.

Como ele disse, o primeiro step é chegar ao CMMI N2 - For services, depois o CMMi 3 e posteriormente investir no MPS. “Estamos há 1 ano e meio nesse trabalho do N2 e o objetivo é certificar nossa fábrica de software como um todo e não algumas áreas. É preciso treinar as pessoas e modificar a cultura organizacional”, enumera.

A proposição de mudança cultural é avaliada por Tamanini como algo crucial nesse investimento em certificações, no qual o profissional precisou absorver essa prática e o cliente também tinha que entender a mudança – garantindo assim um trabalho de desenvolvimento no melhor custo, no tempo ideal e com o esforço ideal. O valor do investimento de acordo com o executivo é de R$ 850 mil.

“Estamos trabalhando na continuidade. Já saiu a primeira versão do CMMi N2 – For Services e temos a nossa fábrica de software e uma área de gerenciamento de software de acordo. Temos o CMMi 2 For Development e avaliamos que não

poderíamos chegar na fábrica com o nível 3 antes da área de gerenciamento avançar, como forma de equalizarmos as duas áreas”, garante. Até o final do ano a empresa deve alcançar a CMMi N2 para a manutenção dos sistemas e, então, partir para ter as duas áreas no nível 3.

O futuro planejadoA previsão é que as duas áreas

iniciem os trabalhos em janeiro de 2011 e atinjam o nível 3 em dezembro. “Será mais rápido e menos traumático que o processo de obtenção do nível 2”,

compara. Se tudo der certo nessa evolução, depois de alcançada a maturidade no nível 3, algo que deve ser finalizado em 2012, será iniciado então a MPS.

“Projetamos o investimento em 2013, mas, claro, vamos ficar de olho no mercado, se a evolução for mais rápida na necessidade de termos o MPS podemos fazer em paralelo”, pontua. A mudança seria a necessidade de montar grupos de profissionais para “climatizar” a empresa na direção do MPS. Hoje, a Teclógica possui um time de seis pessoas dedicadas integralmente a CMM que conta com o apoio de profissionais nas áreas que participam de grupos de trabalho.

A exemplo de outras empresas, revela Tamanini, a Teclógica ficou muito resistente internamente às mudanças, principalmente por existir uma insegurança das pessoas envolvidas. “Parece algo sem sentido para alguns, mas garantir um mesmo prazo e padrão nas atividades é algo que traz resultados fantásticos. A adoção de um modelo de maturidade garante redução de prazos, menores custos e de 20% a 30% em retorno financeiro do investimento. Aproveitamos melhor os nossos recursos, criamos uma série de indicadores e temos um índice de retrabalho menor”, conclui.

“Antes do processo para

atingir essa dimensão de

CMMi, tínhamos apenas a

certificação individual dos profissionais.

Faltava o respaldo da empresa por

uma organização externa, que

mostrasse nossa qualidade, preço e

prazos”GILMAR TAMANINI,

DA TECLóGICA

A razão para a variedade de certificados colecionados pela TIVIT é explicada por Carlos Mazon, vice-presidente de ITO (terceirização de infraestrutura de TI) da companhia. “As certificações muitas vezes são pré-requisitos para atendimento, como as mais tradicionais de gestão das empresas, como a 9000, ou a 20.000 de gestão e ainda a 27001 de segurança, são certificações importantes, assim como a CMMi na área de desenvolvimento”, explica.

A Tivit tem procurado avançar em outras linhas, com certificações novas. “Temos uma política de investimento para manutenção e obtenção, isso faz parte do nosso orçamento, sempre colocamos novos targets para aprimorar os serviços. É uma prática constante e isso passa uma credibilidade para os clientes, naquilo que temos e que avançamos”, avalia.

A HDI, por exemplo, bem recente, é voltada para o service desk. “É algo muito novo no país, assim como a

PCI, voltada para os meios de pagamento eletrônicos. Neste caso, quem a obtêm são nossos clientes. A

nossa responsabilidade é de suporte à cadeia de valor. Focamos em projetos estratégicos para elevar o nível da governança e nos tornarmos uma referência para o cliente”, acentua.

A Tivit trabalha agora no sentido de obter a CMMi de nível 5 para amplificar a participação da empresa em serviços de offshore, já que a certificação nesse patamar é uma exigência de qualificação do mercado global. “Ela possui ciclos de melhoria continua, com grande interação com os clientes. São processos definidos e controlados, com métricas aditáveis. Para a 5 precisamos ter uma evolução contínua e aprofundada e uma mecânica de melhoria que o cliente consiga nos auferir. Temos clientes que colocam nossas métricas nos seus objetivos de mercado, com indicadores de serviço que partem de nós. Devemos chegar a esse patamar em 2011, no primeiro semestre”, projeta.

iso e aquilo

sopa de letrinhasAs coleção de

certificados da TIVIT

iso 9001:2008

iso 27001:2005

iso 20000-1:2005

CMMi níVel 3

hdi

pCi-dds

2 6 T I I n s I d e | o u T u b r o d e 2 0 1 0

Page 27: Revista TI Inside - 62 - Outubro de 2010

São Paulo mudou de endereço.OpOrtunidades, desafiOs e nOvidades em ti e telecOm neste eventO inéditO.

fórum nOrdeste digital 2010. participe e venha fazer negóciOs.

BuSineSS CaSe: azul Linhas aéreas BrasileirasPalestrante: Paulo Nascimento, diretor comercial, marketing e TI

Mobilidade 2.0 - Soluções e negócios que trazem mais produtividade aos negóciosPalestrante: Renato Improta, diretor executivo de mídias digitais da Accenture

WeB 2.0 - Inovação digital e negócios nas redes sociais.Palestrante: Gil Giardelli, diretor da Gaia e coordenador da ESPM - Escola Superior de Propaganda e Marketing

Os desafios dos CiOs - As recomendações de como os profissionais e tecnologia devem se preparar par a adoção de novas tecnologias.Palestrante: Pedro Bicudo, sócio-diretor da TGT Consult

inovação nas empresas, na educação e na SociedadePalestrante: Dr. Ronaldo Mota, Secretário Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia

ecossistema da mobilidade: Visão geral dos players e oportunidades no mercado.Palestrante: Cassio Bobsin Machado, diretor de operações da Human Mobile

Ti como alavanca de valor para o negócioPalestrante: Lélio Souza, diretor da Totvs Consulting e SV+

Cenário e desafios em desenvolvimento de software e serviçosAs oportunidades para o desenvolvimento de aplicativos e soluções de TI e Telecom.

inscrições: 0800 77 15 [email protected]

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22 de novembro de 2010A u d I T ó r I o d o S e b r A e | r e C I f e | P e

Patrocínio Gold apoio

RealizaçãoParceiros de Mídia Promoção Organização

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w w w . c o n v e r g e c o m . c o m . b r / e v e n t o s

Page 28: Revista TI Inside - 62 - Outubro de 2010

x>serviço

2 8 T I I n s I d e | o u T u b r o d e 2 0 1 0

A expansão acelerada de soluções de computação em nuvem, cuja demanda está cada mais crescente e assim deve se manter pelos próximos anos, gerou a

dúvida no mercado se este modelo de venda de tecnologia canabalizaria de alguma forma a terceirização de infraestrutura computacional, também conhecida como hosting. Especialistas do setor que participaram do 6º Seminário Outsourcing, promovido pela TI Inside e organizado pela Converge Eventos, afirmaram que esse cenário não ocorrerá e que tais tecnologias têm propostas distintas.

De acordo com o sócio-diretor da TGT Consult, Pedro Bicudo, o outsourcing e o cloud computing são modelos diferentes de compra de tecnologia e um não substituirá o outro, mas ambos serão complementares. Ele recomenda às empresas que visam terceirizar tanto a infraestrutura quanto as

plataformas, operação, gestão e os riscos do ambiente de TI, que optem pelo modelo de outsourcing. Por outro lado, no que tange às companhias que

pretendem manter o controle e gestão da TI internamente, mas querem terceirizar a infraestrutura, para não ter de arcar com investimentos iniciais, a opção de computação em nuvem é a mais adequada. “O cloud computing é uma evolução, são dois mundos diferentes. Um não substitui o outro. A empresa deve estar preparada para gerenciar ambos os modelos de compra de tecnologia. Elas podem ser utilizadas de forma mútua”, enfatiza Bicudo. Ele salienta que o modelo de cloud computing é baseado em soluções padronizadas, às quais o cliente precisa se adaptar. Além disso, ele observa que na computação em nuvem o fornecedor não assume nem os riscos e nem a gestão dos sistemas que estão na nuvem, atividades que ficam a cargo do cliente.

Entre os benefícios do cloud computing, os especialistas presentes no evento citaram a disponibilidade imediata,

O mercado brasileiro de serviços terceirizados de tecnologia da informação deve movimentar US$ 16 bilhões em 2013, o que representará um crescimento de 60% na comparação com os US$ 10 bilhões esperados para este ano, de acordo com estudo da Ovum. A consultoria aponta os setores público, financeiro e de utilities como os principais responsáveis pelo crescimento.

A Ovum diz que o Brasil chama a atenção por apresentar boas oportunidades tanto para serviços de infraestrutura quanto de desenvolvimento de aplicações, o que tem atraído muitas empresas estrangeiras de TI para o país.

De acordo com a consultoria, o mercado nacional é

apontado como o melhor e, provavelmente, o maior para offshore outsourcing de TI do mundo, além de ter como vantagem o fato de não ter uma diferença muito grande de fuso horário em relação aos Estados Unidos e a Europa.

Mas há uma ressalva: o país ainda precisa se adaptar a nova realidade econômica e reduzir a carga tributária sobre as empresas, principalmente para aquelas que usam intensivamente mão de obra. Além disso, deve-se diminuir a burocracia para a contratação de serviços. Para driblar essas dificuldades, a Ovum sugere que os contratos sejam assinados para atender a necessidades específicas do cliente e do prestador de um determinado serviço.

Fortaleza

VICTOR hUGO ALVES

especialistas do mercado salientam que outsourcing e computação em nuvem são modelos de compra de tecnologia distintos e que um não substituirá o outro, mas se complementarão em alguns ambientes de TI, dependendo do objetivo da empresa

outsourcing de infraestrutura cloud computing

“o cloud computing não

substitui o outsourcing. são

dois mundos diferentes. A

empresa deve estar preparada

para gerenciar ambos os modelos

de compra de tecnologia, que

podem ser utilizados de forma

mútua”PEDRO BICUDO, DA

TGT CONSULT

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o u T u b r o d e 2 0 1 0 | T I I n s I d e 2 9

a facilidade para aumentar ou diminuir a infraestrutura contratada e os custos mais baixos. Já no que tange a obtenção de tecnologia por meio de outsourcing de data center, Bicudo analisa que esta é uma solução na qual o fornecedor assume a responsabilidade pelo gerenciamento dos sistemas e por todos os riscos envolvidos, estando o cliente protegido por acordos de nível de serviços (SLA).

Além disso, as soluções de outsourcing permitem grande customização, com o desenho da solução atendendo especificamente os requisitos de cada ambiente. Entretanto, os custos não são tão baixos e podem, em alguns casos, ultrapassar o investimento a ser realizado em um data center interno, por exemplo.

Bicudo ressalta que se o cliente tem baixo grau de padronização em seu ambiente de TI, é mais adequado para ele optar por uma solução de outsourcing. Caso contrário, o modelo de computação em nuvem se encaixa melhor às suas necessidades. “Cloud computing é uma revolução, e as empresas não podem usar conceitos de TI interna ou de outsourcing para entender e gerenciar este modelo. As companhias devem desenvolver capacitação específica para gerenciar serviços baseados na nuvem”, conclui.

Tarefas do CIONo cenário de múltiplas tecnologias, e

ainda sendo cada vez mais pressionado pelas empresas a criar estratégias, estabelecer perspectivas e alinhar a TI ao negócio, o CIO atual precisa manter o foco em três responsabilidades: “na de aquisição de produtos e serviços de fornecedores externos (sourcing), no gerenciamento da operação e na montagem de uma estratégia de negócios”, orienta o consultor Luiz Alfredo Sales, gerente sênior da PricewaterhouseCoopers.

Ele revela que atualmente apenas 25% dos CIOs realizam esses três requisitos com excelência e, citando estudo realizado pela consultoria, salienta que a maioria dos CIOs, ou seja, 50% deles, tem conhecimento abrangente de apenas dois desses pilares, enquanto somente 25% possui conhecimento

avançado de um dos itens. “O CIO deve combinar liderança e atributos de vendas e comunicação, com foco nas questões relacionadas ao negócio. Para isso, é necessário desenvolver um amplo conhecimento sobre a estratégia de negócio da empresa para a qual ele trabalha”, afirma Sales, ressaltando que as organizações querem cada vez mais que a área de tecnologia seja ágil para acompanhar as mudanças econômicas e dos negócios.

Dentro deste mundo de outsourcing e cloud computing, o CIO atual deixa de ser um homem essencialmente de tecnologia para se tornar, na maioria dos casos, um gestor de contratos e de negócios, sendo responsável pelos relacionamentos e acordos realizados com os fornecedores.

Cio MultidisCiplinar

o aperto de mãos brasil-Índia

Estratégia colaborativa envolve o intercâmbio de informações, know-how e o estabelecimento de parcerias entre companhias brasileiras,

indianas e sul-africanas para o desenvolvimento de soluções, pesquisas, inovação, OEM, serviços e até joint ventures

Para impulsionar a atuação das empresas nacionais de outsourcing de TI, a Softex firmou, neste ano, acordos de cooperação com a Associação Nacional das Empresas de Software e Serviços da Índia (NASSCOM), entidade que conta com 1.300 associados, e também com a Business Process enabling South Africa (BPeSA), que abriga 220 companhias.

Segundo o órgão, tais parcerias

têm como foco diversas iniciativas conjuntas como de business management, project management e desenvolvimento de recursos humanos. “Até 2020 o mercado mundial de outsourcing deverá movimentar cerca de US$ 250 bilhões e, na nossa avaliação, é possível que as companhias desses três países possam trabalhar em conjunto para capturar uma participação expressiva. Esse encontro é a plataforma de lançamento dos programas contemplados por esses acordos”, avaliou Djalma Petit, diretor de mercado da SOFTEX.

“Ao contrário de outros players que enxergam a Índia, por exemplo, como um concorrente, nós entendemos o país como um importante parceiro. Em nossa visão, os negócios futuros em outsourcing só poderão ser trabalhados

de forma colaborativa”, argumentou o consultor da SOFTEX, Robert Janssen. Para ele, é essencial entender de que forma o Brasil, a Índia e a África do Sul devem atuar no sentido de participar de forma mais expressiva do modelo de oferta global (global delivery model) norteamericano e europeu.

Janssen apontou que em relação à Índia, o Brasil oferece como valor o entendimento mais profundo das regras de negócios em razão de seu mercado doméstico robusto, além de um fuso horário privilegiado, principalmente no que tange aos Estados Unidos. Por sua vez, ressaltou ele, os indianos têm um enorme contingente de programadores que falam Inglês e a África do Sul de profissionais especializados em contact center. “A união dessas expertises é positiva para todos”, concluiu Janssen.

Fonte: PricewaterhouseCoopers

50%25%

25%

Tem conhecimento abrangente de apenas

dois desses pilares

Profissionais com habilidades para adquirir produtos e serviços externos (sourcing); gerenciar a operação; e montar uma estratégia de negócios

Possui conhecimento avançado em apenas

um dos itens

Page 30: Revista TI Inside - 62 - Outubro de 2010

3 0 T I I n s I d e | o u T u b r o d e 2 0 1 0

>vertical saúde

jACkELINE CARVALhO

Fusões, aquisições e integrações de empresas marcam a revolução pela qual passa o setor de saúde no brasil. um movimento altamente dependente das informações geradas a partir de sistemas e que explora a infraestrutura de TI e telecom para suportar as novas operações. em paralelo, governo federal, estados e prefeituras arrumam a casa para prover um serviço de melhor qualidade, tudo baseado na digitalização do sistema

Não há dados exatos, mas a estimativa é que os investimentos do setor de saúde – hospitais, clínicas médicas e

laboratórios – em novas soluções de tecnologia da informação e telecomunicações, suporte e manutenção dos ambientes, varie entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão anuais, ou cerca de 1% do investimento feito em saúde, cifra

calculada atualmente em R$ 67 bilhões. Os valores não são elevados, quando comparados a outras indústrias, mas o setor parece estar emergindo de um longo sono. Desde 2009, uma série de incorporações, aquisições e fusões, o colocou em evidência, assim como os aportes na modernização e em uma melhor infraestrutura para o provimento de um serviço mais qualificado por parte do Governo.

Um grande esforço para

acompanhar a mudança de perfil da sociedade, que ganhou alguns pontos na renda per capita nos últimos 10 anos, movimento que ampliou a classe média brasileira, e também preparar o sistema de saúde para absorver o envelhecimento da população. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil, em 2025, será o sexto país mais envelhecido do mundo, com 15% da sua população idosa, além de mais informada e exigente. Assim, o comportamento atual das empresas posicionadas na área de saúde, bem como o atendimento estatal, tem fundamento e se agrava quando observada outra estatística: apenas na área de saúde suplementar, os planos de saúde estão se aproximando a 81% de sinistro, segundo informações da Benner Sistemas. “É necessário informação

saúde digital: uma transformação silenciosa

Page 31: Revista TI Inside - 62 - Outubro de 2010

para manter um negócio viável”, sentencia Severino Benner, presidente da empresa de mesmo nome.

Os especialistas ouvidos para esta reportagem, tanto os representantes da indústria TIC, quanto executivos responsáveis por TI em hospitais, planos e seguradoras de saúde, além de clínicas médicas, são unânimes em afirmar que o atual cenário exige intenso investimento em sistemas e em infraestrutura TIC, em especial para a geração de informações capazes de reduzir custos e aumentar a eficiência das operações. “Em linhas gerais, observamos que o mesmo movimento intenso de uso de TI feito por outros setores agora está de fato ocorrendo na Saúde”, pontua Claudio Giulliano A. da Costa, presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS). Segundo ele, há uma crescente onda de informatização dos hospitais públicos e privados e um aumento do uso de várias ferramentas de TI pelo profissional, principalmente o médico, personagem mais importante da cadeia e o mais resistente ao uso dos recursos de TIC até aqui.

“Quem fundou essas organizações foram os médicos, que até gostam de TI, mas não reúnem o perfil de investimento”, destaca Luciano Regus, diretor geral da MV Sistemas, empresa posicionada exclusivamente no setor de saúde, fornecedora de um pacote de soluções para gestão hospitalar (administrativa) e médica. “Agora

que estão surgindo os grandes grupos, a taxa de investimento em TIC deve crescer percentualmente em relação ao faturamento das instituições”, completa.

Costa, da SBIS, credita o momento de profissionalização da gestão do setor à formação de grandes grupos empresariais,

instituições que até pouco tempo eram gerenciadas por seus fundadores, a maioria médicos e, portanto, mais preocupados com equipamentos operacionais do que com a informação gerencial. “Com o movimento crescente de

consolidação e a formação de grupos hospitalares, a profissionalização cresceu e os antigos donos foram substituídos por profissionais preocupados com gestão e que, portanto, precisam de informações melhores”, resume.

Ele completa o raciocínio defendendo que “não há saúde sem gestão e não há gestão sem informação”. Uma tese que justifica o crescimento da indústria de sistemas formada especificamente para atender ao setor de Saúde, a exemplo da Benner Sistemas, da qual 42% da receita advém dessa área. Além da oferta de sistemas de gestão hospitalar, a empresa hoje oferece um BPO (business process outsourcing) da área de saúde, prestando serviços médicos tanto em gestão de internados – cuida da pessoa no hospital para fazer auditoria e segunda opinião; faz o trabalho de gestão de crônicos (desenvolve um plano de cuidado individual e o executa com a equipe que visita o paciente; quanto em home telemedicina, para as consultas a distância.

A MV Sistemas é outra prova viva da dinamicidade que se estabeleceu ao longo da primeira década do século XXI na área da Saúde, período em que cresceu 11 vezes. Começou os anos 2000 com faturamento anual em torno de R$ 7

o u T u b r o d e 2 0 1 0 | T I I n s I d e 3 1

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A SulAmérica acredita ser a primeira empresa do segmento de seguros a adotar a tecnologia da certificação digital para a troca de documentos

eletrônicos com seus 27 mil prestadores de serviços. A empresa deixou de utilizar este ano 1,1 milhão de folhas de papel com a certificação eletrônica das apólices relativas a 85 prestadores de serviço.

Segundo Marco Antunes, diretor de operações da empresa, considerando que uma tonelada de papel corresponde a cerca de 50 eucaliptos, 100 mil litros de água e 5 mil quilowatt de energia, se todo o setor de saúde eliminasse as transações em papel para consultas e

exames, seria possível economizar de 25 mil a 30 mil eucaliptos, 51,5 milhões de litros de água e 2,5 milhões de quilowatts de energia. “O grande problema do papel, além de aumentar a possibilidade de erro e ter o custo da guarda do documento, é o impacto ambiental”, afirma.

A certificação digital é analisada de uma forma corporativa pela comissão de sustentabilidade da SulAmérica e a iniciativa faz parte das práticas de tecnologia da informação voltadas para a redução do uso de recursos naturais e geração de resíduos poluentes. Hoje, quase 2 milhões de contas, ou algo entre 20% a 25% das contas de clientes SulAmérica já são certificadas.

a iniCiatiVa da sulaMÉriCa

apenas na Área da saúde supleMentar, os planos de saúde estão se aproXiMando a 81% de sinistro, segundo inForMaÇÕes da Benner sisteMas

“É necessário informação para manter um negócio viável”SEVERINO BENNER, DA BENNER SISTEMAS

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>vertical saúde

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milhões e deve concluir o período com receita de R$ 70 milhões. “Isso ocorreu porque os hospitais cresceram. O produto estava certo no local certo”, diz Luciano Regus, ao completar que a expectativa é triplicar o tamanho da empresa nesta nova década.

Já a Stefanini quer embarcar na onda de crescimento do segmento de operadoras de saúde. Criou, no último ano, uma área totalmente direcionada para esse segmento, e passou a prover soluções que podem abranger desde iniciativas simples, como a implementação de ERPs, prontuários eletrônicos, atendimento à regulamentação, eliminação de papéis e o uso de BI para melhorar o atendimento, até aplicações mais sofisticadas de telemedicina e o uso de recursos de telecomunicações – rede móvel – para suportar o atendimento remoto, gestão de ativos e recursos hospitalares, etc.

“Atualmente, há muito desperdício de recursos no sistema de saúde no Brasil, incluindo a saúde suplementar, o que pode ser motivado, entre outras razões, pela forma de remuneração que privilegia a quantidade de procedimentos realizados, e não a efetividade da atuação”, especula o gerente de consultoria e inovação da Stefanini IT Solutions, Roberto Nascimento.

Outro importante player do setor, a Intersystems, hoje tem 70% da

receita na área de Saúde, embora não seja exclusiva desse setor. Nasceu no MIT (Massachusetts Institute of Technology) fazendo sistema para um hospital. Tem a

maioria da receita nos Estados Unidos, mas este ano espera crescer 50% nos mercado internacionais. “Percebemos que as possibilidades são maiores. Brasília e Chile representam 8% da receita

mundial da companhia”, revela Fernando Vogt, diretor de Saúde da empresa.

O projeto de Brasília, conduzido pela empresa em parceria com o governo local, está se tornando referência para todo o mundo. Escócia e Chile, por exemplo, foram contratos conquistados a partir da iniciativa brasileira de adoção do conceito de saúde conectada. O país latinoamericano decidiu informatizar 100% do sistema de saúde e entregou à Intersystems 70% do projeto.

Exemplo públicoEm Brasília, conta Vogt, o

conceito de saúde conectada é baseado em vetores de gestão, como exames, farmácia (sistemas horizontais), escala de médicos e leitos (são 4 mil leitos), de forma a medir demandas e retornos de cada iniciativa colocada em operação. Nos laboratórios, por exemplo, foi

constatado que 20% dos pacientes não voltam para retirar o resultado dos exames; 35% perde o exame antes de agendar o retorno médico, que as vezes leva 2 a 3 meses; e uma terceira parte do grupo

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FERNANDO VOGT, DA INTERSySTEMS:

PROjETO BRASILEIRO,

ExECUTADO COM O GOVERNO DE BRASíLIA, FOI

ExPORTADO PARA O ChILE E ESTá

CONQUISTANDO O MUNDO

segundo dados da organizaÇão Mundial de saúde (oMs), o Brasil, eM 2025, serÁ o seXto país Mais enVelheCido do Mundo, CoM 15% da sua populaÇão idosa

Em agosto último, no limiar do início da campanha eleitoral, o Ministério da Saúde anunciou a

implantação de 28 novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) 24 horas, ampliando para 430 o número destas instalações, sendo 77 já em funcionamento, 36 sendo equipadas e outras 88 em construção. O restante está em fase de licitação ou de elaboração de projeto.

As 28 UPAs vão demandar um investimento federal de R$ 54,2 milhões para a construção e R$ 56 milhões por ano para o custeio. A expectativa é que 5,3 milhões de pessoas, em 22 municípios dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Amapá e Rio Grande do Sul, sejam beneficiadas. Juntas, as UPAs têm capacidade para atender até 8 mil pacientes por dia.

Os programas UPA 24 horas e Samu 192 são serviços integrados que cumprem papel fundamental na redução das filas dos hospitais. Eles inovam ao oferecer estrutura simplificada (com raio X, eletrocardiografia, pediatria, laboratório de exames e leitos de observação) para atendimentos de urgência.

As UPAs preenchem um espaço importante entre a atenção básica e os hospitais. Por meio desse modelo

de atendimento - implementado nacionalmente em 2009, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a contar com uma rede organizada, articulando e integrando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e as centrais de regulação do Samu com o atendimento 24 horas (para urgência) oferecido nas UPAs.

o noVo perFil do atendiMento púBliCo

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simplesmente descarta o resultado do exame antes de ele chegar às mãos do médico.

Numa comparação feita em Brasília entre as áreas informatizadas (40%) e as que ainda não passaram pelo processo, constatou-se que, com o ajuste fino na gestão, ao invés de pedir 12 exames por ano, o médico passou a solicitar quatro exames por paciente nas áreas informatizadas. Nas farmácias, a economia foi ainda mais intensa, pois se estabeleceu o controle por doses de medicamentos e não por embalagens. “Eram retirados um vidro de colírio para um tratamento que usaria apenas a metade do recipiente, e uma cartela de paracetamol para um paciente que precisava de apenas um comprimido”, exemplifica Vogt, da Intersystems, principal provedora do projeto. Hoje, Brasília já reúne 7500 pessoas com senhas para acesso à rede de saúde, sendo que 2 milhões delas podem acessar a informação individualmente. A previsão é que ao final de 2011, toda a rede de saúde da região esteja informatizada, mas já há 2 milhões de prontuários eletrônicos na rede única de saúde, o que permite que um exame de sangue seja publicado no portal e no prontuário do paciente, por exemplo.

DesafiosJunto com a necessidade de

informatização das redes de saúde pública e privada, um grande desafio é fazer com que os profissionais utilizem os recursos tanto de gestão

quanto os processos automatizados. No Hospital Israelita Albert Einstein este é o principal obstáculo para levar adiante um projeto inovação da gestão hospitalar.

Sergio Arai, diretor de TI da instituição, conta que a arquitetura de sistemas atual está dividida em duas plataformas principais – a gestão clínica e a gestão administrativa, além dos sistemas satélites que giram em torno desses dois ambientes.

Implantada entre o final de 2008 e início de 2009, a plataforma de gestão clínica reúne os aplicativos de agendamento, atendimento, internação e controle de leito. “Admissão, tratamento e alta do paciente estão neste sistema”, diz Arai. No ambiente SAP, focado na administração do hospital, estão os aplicativos de compras, suprimentos,

inventário de estoque, finanças, controle de projetos, a parte orçamentária, e todos os sistemas voltados à administração dos recursos humanos, hoje somando cerca de 11 mil colaboradores diretos e indiretos, como os médicos.

O SAP foi colocado em operação em 2005 e sofreu a última atualização no final de 2008, quando o hospital implantou também os

aplicativos de RH, reunindo funções como o controle de pessoal, administração da folha de pagamentos, o portal do funcionário, o e-recruting, entre outros. “Em volta destes sistemas há mais de 100 outros que são os verticais – banco de sangue, nutrição, laboratório, cardiologia, etc.”, diz Arai.

Ele considera a área administrativa já bem estruturada no SAP e diz que agora está investindo em novos recursos para a gestão clínica, em especial nos serviços diferenciados para médicos e pacientes, mais especificamente de suporte à decisão – acesso a medicamentos, alertas sobre alergias, horários de medicamentos, checagem à beira do leito e informações para a comunidade. “Cada vez mais os médicos têm uma dinâmica física muito grande,

circulam muito até mesmo dentro da instituição e, por isso, precisam ter a informação disponível em locais e em plataformas diferenciadas. Temos informação em plataforma web e disponível nas várias estações de trabalho espalhadas pelos corredores das nossas oito unidades. E também há investimento em canais móveis, preferencialmente o celular”, descreve o CIO do Einstein.

Também atento ao grau de eficiência da instituição, Milton Alves, CIO do Hospital Santa Catarina, trocou o sistema de gestão hospitalar, o ERP, há três anos e passou os últimos 24 meses fazendo ajustes e evoluindo os aplicativos. O sistema desenvolvido internamente e em operação por cerca de 20 anos foi substituído pelos aplicativos da MV Sistemas.

Para suportar a transformação e a operação dos 320 leitos, o Hospital mantém 40 servidores e 800 microcomputadores em operação. “Justamente nesses dois últimos anos, em especial no último período, quando a nova diretoria tomou posse, traçamos como meta mudar a imagem de hospital, muito conhecido pela maternidade”, revela

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estiMatiVas indiCaM que os aportes do setor de saúde eM soluÇÕes de ti e teleCoM VariaM entre r$ 500 MilhÕes e r$ 1 Bilhão anuais

MILTON ALVES, DO hOSPITAL SANTA

CATARINA: INVESTIMENTO EM

SISTEMAS DE GESTÃO E DE

SUPORTE OPERACIONAL PARA

ACOMPANhAR A ESTRATéGIA DE

ATUAR MENOS EM SAÚDE DA MULhER,

EM ESPECIAL MATERNIDADE, E

MAIS EM OUTRAS áREAS DA SAÚDE

“Com o movimento

crescente de consolidação e a

formação de grupos

hospitalares, a profissionalização

cresceu e os antigos donos

foram substituídos por

profissionais preocupados com

gestão e que, portanto,

precisam de informações

melhores”CLAUDIO GIULLIANO

A. DA COSTA, DA SOCIEDADE

BRASILEIRA DE INFORMáTICA EM

SAÚDE (SBIS)

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A computação móvel passou a fazer parte do dia-a-dia dos enfermeiros e técnicos de enfermagem do ambulatório do Núcleo de Hematologia e Oncologia, em Belo Horizonte. A

clínica contou com o apoio da Intermec, empresa especializada na oferta de soluções integradas de tecnologia para a transmissão de dados entre a cadeia de suprimentos, na implantação de um projeto que busca garantir a segurança na aplicação de medicamentos em pacientes da clínica.

O Núcleo de Hematologia e Oncologia é referência nacional em tratamentos na área de hematologia geral e oncológica, além de ser o único serviço privado de Minas Gerais capacitado a realizar transplantes de medula óssea. Diante de tal responsabilidade, é imprescindível que a clínica assegure aos seus pacientes um melhor controle dos processos, buscando na tecnologia uma ferramenta que atendesse a essa necessidade.

Para isso, foi desenvolvido um software aplicado ao CN3, computador móvel robusto da Intermec, que além de aumentar a agilidade no processo, garante que a medicação que está sendo aplicada é a prescrita pelo médico, passando mais segurança aos pacientes e enfermeiros na hora de receber ou aplicar os medicamentos. “A principal vantagem da implantação do projeto foi a automação do processo. Com ele, tornamos o procedimento mais rápido e seguro, evitando erros humanos e garantido 100% de segurança a todos os envolvidos.”, conta Wanda Roenick,

gerente administrativa da clínica.O sistema de código de barras foi

implantado em todo o processo de aplicação de medicamentos da clínica. O CN3 faz a leitura desses códigos de barras que permite identificar os dados do paciente, a prescrição médica, a ordem da medicação e o profissional de saúde que está aplicando o medicamento, emitindo um alerta em caso de erros.

Antes de ser implantado, em dezembro de 2009, foram feitos diversos testes que possibilitaram ao Núcleo de Hematologia e Oncologia um maior conhecimento sobre a operação do aparelho e os recursos disponíveis, superando as expectativas da clínica. O projeto reduziu em 60% a chance de falha no processo de aplicação de medicamentos, segundo sistema FMEA, utilizado pela clínica para detectar o risco de erro de determinado processo.

MoBilidade na apliCaÇão de MediCaMentos

Alves. Tanto que no final de setembro a instituição inaugurou uma unidade de radiooncologia com equipamentos de ponta, e inovou as áreas de ortopedia e cardiologia.

No primeiro ano após a instalação do pacote de gestão empresarial, Alves diz que toda a operação de TI ficou focada nos ajustes administrativos, dedicada a fazer com que o sistema não se perdesse. “Agora, estamos focados na assistência, para fazer com que de fato tenhamos 100% dos médicos atendendo eletronicamente”, conta.

Como a inovação na unidade de terapia intensiva (UTI) e no pronto-socorro, a instituição tem instalado o sistema e-nurse (enfermeiro eletrônico), que informa a evolução dos xames pedidos pelos médicos.O sistema está integrado à área operacional do Fleury, parceiro laboratorial do Hospital Santa Catarina, e avisa ao corpo de enfermagem quando um exame ficou pronto, para agilizar o encaminhamento da informação ao médico.

ROI, ROI, ROI"O principal retorno sobre o

investimento em TIC (ROI) feito pelo setor de saúde é a qualidade de

atendimento", defende Claudio Giulliano A. da Costa, da SBIS. Mas ele mesmo avalia que é possível ir além, com ganhos de produtividade e eficiência operacional; redução significativa dos custos hospitalares, porque aumentam os controles; a possibilidade de ter informação mais precisa; e também uma redução do erro médico. “É mais visível e claro que instituições que usam aplicações clínicas, como prescrição eletrônica, por exemplo, se possui

um sistema acoplado de interação medicamentosa, será mais eficiente ao saber se a combinação de um ou mais medicamentos é prejudicial ao paciente”, exemplifica.

O especialista vê como ponto negativo da política pública de saúde, o fato de não se investir na geração, gestão e análise de dados para o desenvolvimento de novos projetos e até como forma de prevenção de epidemias. E cita o contraponto dos Estados Unidos, onde o presidente Barack Obama, ano passado, assinou lei de incentivo e regulação do setor, batizada de Hi-Tech Act, de Health Information Technology, que receberá investimento de 20 bilhões de dólares para incentivar o uso de TI na Saúde. “O próprio presidente foi em busca de estratégia nacional. Algo que não se vê por aqui”, lamenta Costa.

Apesar do baixo empenho político pessoal, é bom lembrar os exemplos das UPAs e AMAs, conceitos novos no Brasil. Uma das vantagens das Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), iniciativa do Ministério da Saúde (veja reportagem “O novo perfil do atendimento”) e das AMAS (iniciativa da prefeitura de

“Atualmente, há muito desperdício de recursos no sistema de saúde no brasil, incluindo a saúde suplementar, o que pode ser motivado, entre outras razões, pela forma de remuneração que privilegia a quantidade de procedimentos realizados, e não a efetividade da atuação”ROBERTO NASCIMENTO, DA STEFANINI IT SOLUTIONS

software aplicado ao Cn3, computador móvel da Intermec, garante a legitimidade da medicação prescrita pelo médico

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Grupo Amil-Medial integra operações em 283 dias e surge como maior conglomerado de saúde suplementar do País

Integração em tempo recorde

A maior das mais recentes operações entre empresas do setor de saúde, a aquisição da Medial pela Amil, em 2009,

reflete o dinamismo estabelecido nesta área. A transação envolveu R$ 1,2 bilhão e fez do novo Grupo o maior na área de saúde suplementar do Brasil e um dos maiores da

América Latina, com mais de 5 milhões de beneficiários.

O negócio Amil-Medial também guarda outro fato inédito: foi a incorporação mais rápida na história recente do setor – a compra foi realizada em 19 de novembro de 2009 e, em 5 de julho de 2010 todo o processo já estava concluído. “O nosso departamento de TI cumpriu um desafio muito complexo, porque

tínhamos aproximadamente 3,3 milhões de beneficiários (Amil) e absorvemos uma empresa com quase o mesmo tamanho, cerca de 2 milhões de beneficiários, e fizemos a integração em tempo recorde”, comemora o presidente do Grupo, Henning Von Koss.

Sinal de que os ouvidos da direção estão abertos às opiniões do CIO da companhia, Telmo Pereira, é

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“Cada vez mais os médicos têm

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dentro da instituição e, por

isso, precisam ter a informação disponível em

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diferenciadas. Temos

informação em plataforma web e

disponível nas várias estações

de trabalho espalhadas pelos

corredores das nossas oito unidades”

SERGIO ARAI, DO hOSPITAL ISRAELITA

ALBERT EINSTEIN

São Paulo) é que boa parte da gestão foi passada às mãos da iniciativa privada – organizações sociais, cujas visões de gestão são mais objetivas do que no serviço público e há um poder maior de investimento. “Em São Paulo, as AMAS são informatizadas e há, inclusive, a integração com um sistema para encaminhamento de pacientes para as unidades básicas de saúde”, diz Costa.

E futuro?Como tendência, a SBIS identifica

que no serviço público ainda haverá grande investimento em sistemas de regulação e de cartão de saúde. “Ainda são esses os dois elementos básicos para se pensar em algo mais sofisticado. Ainda se está investindo nas paredes da casa – para marcação de consulta e encaminhamentos - e os cartões nacionais ou municipais de saúde são básicos nesta fase.

Costa acredita que também deve ser criado, a médio prazo, o registro eletrônico de saúde – um conceito que vai fazer com que a informação clínica circule desde as unidades básicas de saúde até os hospitais para atendimentos mais especializados. Este é um sistema usado na Inglaterra e no Canadá, para que as informações sobre o paciente estejam disponíveis em todos os locais de atendimento, e uma tendência para mais de cinco anos.

No setor privado, a entidade acredita que algumas iniciativas possam avançar um pouco mais

rápido, apesar de a maior preocupação ainda residir na sedimentação do uso de sistemas de gestão clínica – prontuário eletrônico – e, com eles, a adoção da certificação digital, que dá o suporte legal e

jurídico para ter um sistema 100% online (veja reportagem “Iniciativa da SulAmérica”).

Após a pavimentação das estradas, Costa acredita que devam amadurecer iniciativas na área de mobilidade, com o uso de iphone e outros tablets, redes sociais e cloud computing, tudo com impacto tanto

no setor público quanto privado. “Não estamos nos referindo a um setor virgem, mas ainda há muito a avançar na saúde digital”, diz Costa.

O especialista avalia que ainda estamos muito distantes da digitalização total, mas não muito diferentes de países economicamente mais avançados. Uma estatística norteamericana mostra que apenas 0,7% dos hospitais nos Estados Unidos são 100% sem papel, online, onde todos os médicos utilizam o sistema e nada é feito em papel. Os laboratórios clínicos são exemplos de uso mais avançado de TI na área da saúde, mas porque, por natureza, eles utilizam equipamentos de tecnologia.

As estatísticas em relação à digitalização dos hospitais aqui no Brasil ainda são imprecisas, mas um registro de liderança credita ao Hospital de Saúde Clínica de Porto Alegre o título de mais avançado na eliminação de papéis. “Fora isso,

menos de 10% dos hospitais brasileiros usa algum tipo de sistema. A maioria não tem nada de sistema ou tem apenas um sistema de faturamento ou outro que cuida apenas da internação. Ainda estamos longe de ter um hospital digital. Mas o mercado está crescendo muito”, conclui Costa.

uMa estatístiCa norteaMeriCana Mostra que apenas 0,7% dos hospitais nos estados unidos são 100% seM papel

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o fato de Koss repetir a fala do colega na primeira oportunidade. “O CIO sempre diz que nem tudo é TI mas tudo passa por TI. Especialmente no plano de saúde, a TI joga um papel único. Não venho deste setor (era funcionário da Bayer), mas rapidamente vi que nesta área TI assume um papel estratégico pois cuida da organização de dados, o ativo mais importante da organização”, diz o executivo.

Segundo ele, em uma indústria tradicional se conhece os custos mas nunca o faturamento, e em saúde ocorre o inverso, pois sabe-se quanto vai faturar – porque os clientes são conhecidos -- mas nunca se tem a precisão de quanto o empreendimento vai custar. “Nunca se sabe o custo da doença”, sentencia Koss. Neste sentido a parte estatística – dados, acompanhamento, etc. – tem que ser o mais preciso e completo possível.

O presidente do novo Grupo, apesar de recém-chegado ao setor, já aprendeu a lição de que a diferença entre um plano de saúde e outro, assim como ocorre no setor financeiro, é a qualidade do atendimento. Um item, segundo ele, amplamente vinculado à TI, pois quanto mais simples é o serviço para o cliente final, mais complexo é o processo sob o ponto de vista da tecnologia.

Posicionado em três ramos de atividade, a operadora (plano de saúde); os serviços médicos (hospitais, ambulatórios, total care – clínicas especializadas para exames e tratamento); e a medicina diagnóstica, o Grupo Amil-Medial ainda enfrenta o desafio adicional de se manter na liderança do segmento de saúde suplementar, provendo serviços de qualidade e diferenciados o suficiente para surpreender a clientela. Tanto que mantém no último mês uma campanha na mídia com a qual visa divulgar as mudanças de processos internos visando uma “humanização” do serviço. Como atendimento é uma das partes mais importantes de plano de saúde, ele tem que estar sustentado em ambientes sólidos, complexos e rápidos”, define Koss.

Para consolidar o alinhamento

entre as três áreas de negócios do Grupo, Pereira conta que foi construído um sistema mestre, o SisAgenda, no qual a operadora do teleatendimento identifica o grau de

risco do paciente e, dependendo da complexidade do caso, tem liberdade para agendar o atendimento em qualquer ponto de atendimento, seja hospital, clínica ou laboratório. “Outra coisa, se um paciente foi internado no

Hospital Paulistano e passou por outra unidade anteriormente, todos os exames e procedimentos são vistos pelo portal”, explica o CIO Telmo Pereira.

Uma das prioridades atuais da Amil-Medial é o prontuário eletrônico, no qual será registrado o histórico do paciente. Uma ferramenta em constante desenvolvimento e algo que a Medial já possuía e que foi alavancado com a fusão. As informações estão em processo de migração para uma base unificada de prontuário eletrônico, apesar de já poderem ser acessadas pelos profissionais a partir dos totens instalados nas unidades de atendimento.

Quase todos os executivos de liderança do Grupo já possui iPad e podem acessar aplicativos baseados em plataforma de business intelligence (BI) para acompanhar o nível de ocupação de hospitais e dos leitos. “Isso reflete em beneficio do

usuário, porque tomamos decisões mais rápidas. Na área de resgate da Amil, enquanto um cliente está em atendimento, todo um suporte já está sendo acionado para a sua recepção”, conclui Pereira.

“o nosso departamento de TI cumpriu um desafio muito complexo, porque tínhamos aproximadamente 3,3 milhões de beneficiários (Amil) e absorvemos uma empresa com quase o mesmo tamanho, cerca de 2 milhões de beneficiários, e fizemos a integração em tempo recorde”hENNING VON kOSS, DO GRUPO AMIL-MEDIAL

A One Health — divisão de negócios da Amil Participações (Amilpar) voltada para o segmento premium de assistência médica — colocou à disposição dos clientes o primeiro aplicativo exclusivo para Iphone, One Health Mobile,

que oferece acesso a serviços de saúde. Com apenas um toque, o cliente tem à disposição informações sobre o plano de saúde, carteirinha virtual, além da facilidade no agendamento de exames, acesso ao Resgate Saúde, entre outros serviços.

No iphone, pela localização, o usuário terá a informação sobre o atendimento mais próximo, além de outras aplicações. “O One está servindo como embrião de uso de web e outras informações do iphone”, diz Gabriel Matias, analista de marketing do One Health.

De maneira rápida, é possível entrar em contato diretamente com hospitais e laboratórios para agendar exames ou se preferir, falar com o Concierge One, central de relacionamento responsável pelo agendamento e contato com os clientes. Outro diferencial do aplicativo é que ele permite acessar o status de reembolso referente aos três últimos meses e acionar diretamente o Resgate Saúde.

Segundo Matias, a iniciativa voltada à classe alta da sociedade serve de embrião para iniciativas mais amplas do Grupo Amil-Medial. “Somos um grupo menor e mais exigente”, completa.

para Vips

grupo aMil-Medial nasCe CoM 5 MilhÕes de BeneFiCiÁrios e o desaFio de se Manter na lideranÇa

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>infraestrutura

Pesquisa da Trend Micro em quatro países de ponta no uso da comunicação móvel – Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e Japão – revelou que os

funcionários não têm práticas bem fundamentadas no que diz respeito à segurança. O estudo, que conversou com 1,6 mil usuários, apontou, por exemplo, que 50% dos entrevistados admitem ter trafegado dados internos por meio de contas de e-mail inseguras, entre outras muitas práticas de risco.

Lá, como aqui, os dispositivos móveis e a sua ampla possibilidade de equipamentos acabam por tornar esse problema ainda mais evidente. Principalmente quando se sabe que as políticas de segurança não acompanham a dinâmica do mercado e, pior, quando os devices entram sem que os departamentos de TI saibam de sua existência.

Ainda de acordo com a pesquisa da Trend, 60% dos colaboradores remotos admitem que utilizaram sistemas de mensagens instantâneas para divulgar dados em todos os países – prática que no Japão chega a 78%. E os usuários, notadamente os que utilizam laptops estão em maior risco por utilizarem e-mails pessoais indiscriminadamente.

A diversidade de equipamentos, de blackberry a smartphones em geral, e ainda os iPhone, iPad, notebooks etc, invadiram o cenário corporativo, e muitas vezes entram pela porta de trás. então, como garantir a melhor segurança para os dispositivos móveis corporativos a partir dessa multiplicação de plataformas?

CLAUDIO FERREIRA

As pessoas, ainda mais quando em ambientes móveis, enfrentam um risco maior de ataques e perda de informações que aqueles que estão no ambiente de trabalho. E agora, mesmo em seus escritórios, é cada vez mais comum o uso de uma vasta gama de dispositivos – netbooks, smartphones e os emergentes iPads –, o que também amplia o risco.

Um estudo global patrocinado pela Unisys e realizado pela IDC revela o

crescente aumento no uso das chamadas tecnologias de consumo e redes sociais pelos trabalhadores brasileiros por meio destes dispositivos, algo que atinge 92% dos trabalhadores no Brasil.

A pesquisa chamada “Consumerização de TI” – que significa como os equipamentos pessoais e as redes sociais, utilizadas pela sociedade de modo geral, estão ganhando espaço nos escritórios – pode afetar as organizações e seus funcionários (veja mais detalhes sobre sua metodologia e amplitude no BOX: Por dentro dos números) com efeitos benéficos por um lado e catastróficos no que tange a política de segurança.

O inimigo está aquiDe acordo com o estudo, os

iWorkers brasileiros, como são chamados esses usuários, assim como em outros países, disseram que estão investindo seu próprio dinheiro e tempo em avançados aparelhos de tecnologia e em aplicações web – tecnologias muitas vezes mais poderosas do que as utilizadas pelas organizações onde trabalham. Além disso, os brasileiros reconheceram utilizar estes recursos, indistintamente, tanto para o trabalho como para temas pessoais.

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A complexa equação da segurança móvel

PAULO ROBERTO CARVALhO, DA

UNISyS BRASIL E AMéRICA LATINA:

é CRESCENTE O NÚMERO DE

FUNCIONáRIOS QUE UTILIzAM DISPOSITIVOS

MóVEIS PESSOAIS NO AMBIENTE DE

TRABALhO E AS PODEM, E

DEVEM, INTEGRá-LAS DE MANEIRA

QUE POSSAM CAPITALIzAR

ESTAS INOVAÇõES

TRAzIDAS POR SEUS

FUNCIONáRIOS

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30% dos funcionários disseram utilizar este tipo de aparelho. E pior, eles acessam em qualquer lugar (veja mais no Box: Na rua, na chuva, na fazenda...e no templo).

Visão dos especialistas“Existe um gap entre o lançamento

de um dispositivo e a sua entrada no mercado corporativo e o impacto que isso traz. As corporações norteamericanas estão mais atentas, mas por aqui, como tudo é ainda mais novo, o problema se acentua. Há ondas que invadem o ambiente corporativo, como as do iPhone e do iPad. O usuário gera uma tendência e adquire o device, e a corporação, muitas vezes, não tem ideia do que acontece”, admite

Leonardo Bonomi, especialista da Trend Micro. Como filosofia, a provedora de soluções de segurança tenta divulgar entre os clientes a necessidade de oferecer proteção aos usuários finais independente do dispositivo.

É interessante notar que os smartphones atuais são mais poderosos que muitos notebooks do início deste século e trazem recursos de ponta, além da infraestrutura de telecomunicações e mesmo de redes sem fio ter avançado muito, o que alimenta ainda mais essa sanha dos usuários pelas novidades móveis. “O consumidor/usuário possui a tecnologia e quer usá-la no trabalho. Atendo a diversas empresas, no ambiente das grandes corporações, que possuem uma política restritiva, mas o executivo não quer saber e sempre descobre uma justificativa de negócios para utilizar o device”, aponta Vladimir Amarante, engenheiro de sistemas da Symantec.

Pior, a heterogeneidade das plataformas, com seus diferentes sistemas operacionais e características, complica ainda mais a equação. “O BlackBerry já passou por esse momento, e agora temos uma série de novas plataformas como o iPhone e o iPad. A diversidade de equipamentos traz dificuldade de gerenciamento. Existem situações nas quais a empresa oferece suporte, mas para atender aos requisitos de segurança é preciso ter tecnologia por trás. É preciso ainda que exista inventário, controle, antivírus e, em alguns casos, bloqueio de funcionalidades”, enumera Amarante.

Outras iniciativas de segurança dos dados passam ainda por provisionar, homogeneizar e entregar os equipamentos, e ainda equipar com soluções de criptografia de envio de dados e até mesmo em lidar, quando de sua substituição, com a destruição do aparelho ou a possibilidade de apagar totalmente os dados que estão nele. Mas isto seria no mundo ideal ou utópico.

“Vejo algumas corporações com uma visão mais madura. Não são todas que ficam a mercê dos executivos que “invadem” a empresa com seus dispositivos pessoais. Muitas organizações, aliás, já aderem a esse movimento e passam a trabalhar melhor a concepção das políticas de segurança”, garante Vanessa Pádua, engenheira de sistemas da Fortinet. Para a executiva, a conectividade com

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“o consumidor/usuário possui a tecnologia e quer usá-la no trabalho. Atendo a diversas empresas, no ambiente das grandes corporações, que possuem uma política restritiva, mas o executivo não quer saber e sempre descobre uma justificativa de negócios para utilizar o device”VLADIMIR AMARANTE, DA SyMANTEC

Em sua segunda fase, o estudo chegou aos executivos de TI, revelando que as organizações no Brasil não estão integralmente conscientes a respeito de quais tecnologias seus funcionários utilizam durante o expediente de trabalho. Além disso, os executivos entrevistados demonstraram não integrar estas tecnologias de consumo em suas organizações. O que mostra o descompasso entre os usuários e a política ou controle corporativo.

“Esta pesquisa mostra-se importante porque pode ajudar as organizações a definirem melhor como lidar com o uso dos dispositivos de consumo e das novas aplicações web por seus funcionários”, apontou Paulo Roberto Carvalho, diretor de negócios da área de outsourcing e serviços de infraestrutura da Unisys Brasil e América Latina. “O número de funcionários que usam estas ferramentas está aumentando e as empresas podem, e devem, integrá-las de maneira que possam capitalizar estas inovações trazidas por seus funcionários”, afirma o executivo.

O estudo apontou que vários trabalhadores brasileiros, por exemplo, afirmam ter a autorização de suas empresas para acessar sites na internet não relacionados ao trabalho, postar em blogs por razões pessoais ou mesmo armazenar dados e arquivos pessoais nos computadores do trabalho durante o expediente, enquanto os executivos de TI entrevistados indicaram que estas atividades não são permitidas na mesma proporção dita pelos funcionários. “Esta diferença entre aquilo que os funcionários dizem ser permitido e o que as organizações realmente autorizam, mostra que há mais atividades ocorrendo dentro das empresas do que a organização imagina”, explica Carvalho.

O estudo da Unisys também revelou que o uso de notebooks, smartphones e celulares pessoais no local de trabalho é mais do que o dobro acreditado pelas organizações. Algo como 55% dos trabalhadores brasileiros entrevistados afirmaram usar notebook próprio no trabalho, enquanto os executivos disseram que apenas 16% de seus trabalhadores utilizam este tipo de equipamento. O mesmo ocorre com outros devices: os líderes de TI afirmaram que 10%, em média, de seus funcionários utilizam Blackberrys e smartphones semelhantes, enquanto

“Há ondas que invadem o ambiente corporativo, como as do iPhone e do iPad. o usuário gera uma tendência e adquire o device, e a corporação, muitas vezes, não tem ideia do que acontece”LEONARDO BONOMI, DA TREND MICRO

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>infraestrutura

o avanço das redes 3G é o grande motor para a aquisição dos devices, assim como a possibilidade de portar sistemas corporativos neles.

O remédio possívelComo minimizar ou equacionar a

questão, surgem algumas possibilidades. Não apenas no âmbito da política de segurança, como falamos antes, mas também nas melhores práticas e soluções. Uma delas é a montagem de uma VPN para fugir dos descontroles causados pelas redes 3G. “Isso diminui a vulnerabilidade, e pode ser associado a um “túnel” de tráfego de informações criptografadas ou mesmo a filtros de privilégios por usuário”, aponta Vanessa. Iniciativas como inspeção dos acessos e auditoria – indicando de onde e em que horários foram feitos seus acessos – são recomendáveis. E, hoje, é possível agregar até mesmo antivírus e antispams em mensagens móveis (SMS).

Porém, as empresas de uma forma geral, para outros analistas, ainda são conservadoras em demasia. “A prática mais comum é a restrição do acesso aos dispositivos. O que vemos é a montagem de planos-pilotos com aplicações e suas políticas de segurança. No entanto, o problema é que os executivos colocam os dispositivos no ambiente de forma independente e a melhor forma de combater não é a barreira total, e sim a construção de uma política de segurança bem definida e conhecida”, argumenta Bonomi, da Trend.

Amarante, da Symantec, também é partidário da premissa de que o ideal é que a empresa seja dona do ativo, algo que nem sempre pode ser feito. “Essa é a forma de quebrar outras justificativas. E existem mais, como reduzir o acesso às informações corporativas ou mesmo estabelecer que o usuário traz o dispositivo e a empresa é que vai gerenciá-lo. Esse é o mínimo aceitável”, aponta.

Do it or not?A recomendação da Trend, por

exemplo, é que o dispositivo móvel deva ser tratado como um equipamento no qual a informação não está nele e sim na empresa. Outra prática é a de fazer com que o uso de sistemas de segurança esteja embutido neles, tanto de maneiras mais simples, com controle de senhas de acesso, ou ainda por encriptação. De uma forma geral, todos os provedores de segurança possuem soluções específicas ou mesmo módulos de suas suítes que tratam do ambiente de dispositivos móveis.

O perigo do acesso descontrolado e sem políticas de segurança estabelecidas chega até a perda ou

vazamento de dados ou ainda, como efeito colateral, resulta em diminuição de produtividade. “Tudo é amplificado se não existe um planejamento e uma política associada”, completa Amarante.

De certo, é possível ainda dizer que a presença dos dispositivos móveis, mesmo que se troque a plataforma com grande rapidez, é irreversível. Assim como o aumento de usuários e o acesso dos dados corporativos por meio deles. O que, claro, vai resultar em mais e novas formas de ataque e em maiores perigos de perda e vazamento de informações. Portanto, é preciso enfatizar essa delicada questão nas políticas de segurança, e investir em seu gerenciamento.

“Vejo algumas corporações

com uma visão mais madura.

nem todas ficam a mercê dos executivos que “invadem”

a empresa com seus

dispositivos pessoais”

VANESSA PáDUA, DA FORTINET

A pesquisa feita pela IDC também mostrou que os iWorkers brasileiros checam suas caixas de e-mail de qualquer lugar. Em alguns casos, muitas vezes, com mais intensidade do que os iWorkers de outras partes do mundo. Por exemplo, 17% dos brasileiros disseram que acessam seus e-mails do trabalho quando estão em templos religiosos – mais do que o dobro apontado nos Estados Unidos (7%), Europa (5%) e Austrália/Nova Zelândia (4%). Também 36% dos entrevistados no Brasil checam seus e-mails do trabalho quando estão em aviões – quase o dobro dos australianos/neozelandeses (19%) e ultrapassando os europeus (24%) e os norte-americanos (22%),

Além disso, 21% dos iWorkers brasileiros disseram checar suas caixas de e-mail enquanto estão dirigindo carro – mais uma vez, quase o dobro do número obtido na Austrália/Nova Zelândia (11%) e superando os 15% dos entrevistados nos Estados Unidos e Europa. “Estes dados sobre o uso da tecnologia para fins de trabalho de qualquer lugar demonstram ainda mais que a consumerização de TI já é uma realidade tanto para os funcionários como para as organizações no Brasil, que precisam cada vez mais entendê-la e explorá-la”, conclui Paulo Roberto Carvalho, diretor de negócios da área de outsourcing e serviços de infraestrutura da Unisys Brasil e América Latina.

na rua, na ChuVa, na Fazenda...e no teMplo

O estudo “Consumerização de TI”, patrocinado pela Unisys e realizado pela IDC, foi realizado em duas fases. No Brasil, a primeira etapa contou com entrevistas a 301 trabalhadores, usuários de aparelhos existentes no mercado – celulares, smartphones, palms, laptops etc – e de redes sociais – blogs, Twitter, Facebook etc – nas seguintes cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador e Fortaleza.

Essas entrevistas fizeram parte de uma pesquisa global com 2820 funcionários de 10 países. Na segunda fase da pesquisa foram entrevistados 100 executivos de diversas empresas localizadas no Brasil. Já globalmente, o estudo ouviu aproximadamente 650 líderes na área de TI em 10 países.

por dentro dos núMeros

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a colaboração como instrUmento gerador de receita Para as corPoraçõesPalestrante: Edison Morais, sócio-diretor da Entelcorp

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>infraestrutura

A maior capilaridade das redes de terceira geração (3G) e o aumento da base instalada de smarthphones no País aumentaram as

oportunidades para desenvolvimento do mercado de pagamento por meio de dispositivos móveis. E a falta de consenso entre bancos e operadoras, que emperrava a expansão do m-payment há algum tempo, muito mais pela questão modelo de negócio do que pela ausência de recursos tecnológicos capazes de decolar a atividade, caiu por terra. Cada vez mais as teles e as instituições financeiras estão buscando parcerias e acordos, o que tem viabilizado algumas formas de serviços financeiros móveis.

Esta nova realidade foi desvendada por especialistas que participaram do 3º Forum Mobile+, evento promovido pelas revistas TI INSIDE e TELETIME, e organizado pela Converge Comunicações, que aconteceu no início de setembro em São Paulo. Segundo Carlos Alberto Luz Roseiro, gerente de projetos de m-banking da Vivo, o ambiente de mercado atual é totalmente distinto daquele verificado há alguns anos. Hoje, diz o executivo, as conversas entre as operadoras e os bancos são muito mais produtivas e mais fáceis.

Roberto Rittes, presidente da Oi Paggo, conta que há cerca de uns três anos as instituições financeiras não acreditavam tanto no sucesso das soluções de celulares para serviços financeiros e faziam propostas de acordos nada interessantes para as operadoras. “Agora o cenário foi totalmente alterado e as propostas são muito mais generosas, podendo resultar

se há algum tempo a falta de consenso e de modelos de negócios existente entre as operadoras e bancos era a principal barreira para os pagamentos pelo celular, também conhecido como m-payment, agora essas empresas fazem fortes parcerias para impulsionar o desenvolvimento dos meios de pagamento

VICTOR hUGO ALVES*

em parcerias interessantes. Algo importante para gerar massa crítica e aumentar a chance de sucesso dos serviços”, observa o executivo.

Essa maior aproximação ficou evidente no anúncio recente de parceria entre o Banco do Brasil e a Cielo (ex-Visanet) com a Oi, para operar o sistema de mobile payment em grande escala em todo o país. A ideia da iniciativa é compartilhar as expertises das três empresas de forma a oferecer mais comodidade e mobilidade aos clientes, com o objetivo de popularizar o acesso aos serviços financeiros.”

As empresas informaram que a partir da parceria a rede de aceitação de pagamento por meio de celular passará de 75 mil para 1,8 milhão de estabelecimentos. A operação envolve dois negócios: o Banco do Brasil e a Oi firmaram acordo para emissão de cartões de crédito com bandeira compartilhada (co-branded) e pré-pagos,

no formato tradicional, mas baseado na tecnologia mobile payment. Em outra frente, a Cielo e a Oi anunciaram a criação de uma joint venture orientada ao incentivo da aceitação de mobile payment no Brasil.

O Banco do Brasil diz que a sua atuação no mercado brasileiro de crédito ampliará a capacidade de venda de produtos financeiros para clientes da Oi e que a união de sua oferta de crédito com a base de clientes da operadora potencializará a utilização dos serviços de crédito via celular. O BB e a Oi lançarão também produtos com foco em pré-pagamento para uso em sistema de débito. Segundo as empresas, o portifólio de produtos contemplará os mais variados perfis de clientes da Oi, inclusive os usuários do serviço Paggo, que serão convidados a migrar para os novos produtos a partir do primeiro semestre de 2011.

Já a sociedade entre a Cielo e a Oi possibilitará a expansão de soluções de meio de pagamentos móveis nos locais onde o terminal eletrônico para pagamento (PoS) não tem forte penetração. O objetivo das empresas são varejistas e prestadores de serviços com baixa movimentação financeira como taxistas, feirantes, profissionais liberais, e representantes porta a porta.

Levando em conta esse movimento de parcerias entre operadoras e bancos, o gerente da Vivo ponderou que o celular tende a ser realmente um instrumento de bancarização, com as operadoras podendo auxiliar os bancos neste processo de atingir novos clientes, devido ao fato de deterem maior conhecimento sobre este público. Segundo ele, o celular pode ser um canal alternativo de atendimento dos bancos,

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“As propostas são muito mais

generosas, podendo

resultar em parcerias

interessantes. Alianças entre

bancos, empresas de

cartões e operadoras são

importantes para gerar

massa crítica e aumentar a

chance de sucesso dos

serviços”ROBERTO RITTES,

DA OI PAGGO

A mobilidade chegou para ficar

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o u T u b r o d e 2 0 1 0 | T I I n s I d e 4 3

mas com custos mais baixos de operação. Entretanto, salientou que esse processo passa pelo desenvolvimento de múltiplas interfaces e aplicações. “Os bancos podem utilizar os diversos serviços já existentes nas contas de celulares para basear as suas ofertas de serviços financeiros, o que representa um grande potencial para gerar receita. Mas o SMS será uma das principais plataformas”, disse.

projetosA Vivo, por exemplo, é parceira da

Redecard, Mastercard e do Itaú em um projeto piloto de mobile payment que será realizado em uma cidade de médio porte do estado de São Paulo, e no qual o celular será utilizado como terminal de ponto de venda (PoS, na sigla em inglês). O nome da cidade não foi divulgado, mas o gerente de m-banking da Vivo diz que os clientes da operadora interessados em usar o serviço terão de trocar o SIM card dos seus celulares por um outro já adaptado ao produto, além de cadastrarem a linha no serviço. “Com isso o cliente faz a associação do cartão ao celular para

realizar compras nos estabelecimentos cadastrados”, explica ele, frisando que poderão ser utilizados tanto cartões de crédito quanto de débito.

O lançamento do projeto ocorrerá ainda este ano e a estimativa é que seja expandido nacionalmente já no início de 2011. O credenciamento dos estabelecimentos que utilizarão o serviço

começará em breve, com alguns locais já cadastrados na Redecard incluídos na lista. “O objetivo do projeto é ser uma rede de pagamentos complementar à do PoS, com custos inferiores para os estabelecimentos. Ele se adequa a locais que ainda não aceitam pagamentos via cartões devido ao custo dos terminais e aqueles que querem proporcionar o pagamento eletrônico nas compras feitas por delivery”, argumentou Roseiro.

Já a Oi Paggo, companhia de pagamentos móveis, começou um projeto piloto interno de pagamento via celular sem contato, com a tecnologia Near Field Communication (NFC), em parceria com a Gemalto. A iniciativa consiste na inclusão dentro dos celulares de um SIM card, fornecido pela Gemalto, que já embute a tecnologia de NFC. O serviço será oferecido aos clientes da Oi Paggo a partir outubro, em algumas cidades do Nordeste. Rittes revela que a meta é levar essa tecnologia para transportes públicos e cita como exemplo a solução Bilhete Único utilizada na cidade de São Paulo.

*COlabOROu FERNaNDO paIVa

“A questão da desconfiança dos bancos foi superada e alterada para uma oportunidade de negócio”CARLOS ALBERTO LUz ROSEIRO, DA VIVO

Atualmente, as operadoras móveis brasileiras trabalham com dois preços diferentes para mensagens de texto (SMS) compradas no atacado por clientes corporativos. Se for uma mensagem com o objetivo de prestar uma informação para o consumidor, tal como alertas de movimentações financeiras, o preço gira em torno de R$ 0,10. Se for uma mensagem de uma campanha de mobile marketing, o preço sobe para algo perto de R$ 0,35.

Os valores variam levemente, dependendo da operadora, mas o importante é que ao adicionar o custo do integrador e da agência de marketing, o preço para o anunciante pode chegar a R$ 0,50 por mensagem de mobile marketing. Vale ressaltar que em campanhas de interação são necessárias pelo menos duas mensagens: uma enviada pelo usuário e depois outra como resposta de confirmação, o que gera um custo de pelo menos R$ 1 por participante.

A política das operadoras de preços diferenciados para o chamado “SMS corporativo” e aquele de mobile marketing foi adotada há cerca de dois anos e desde então vem sendo duramente criticada por atores do mercado, que a acusam de com tais valores inviabilizarem economicamente uma série de iniciativas de mobile marketing. “É difícil explicar para o anunciante a razão para essa diferença de valores”, comenta uma fonte.

A boa notícia é que as operadoras parecem dispostas a rever essa estratégia. O gerente de

serviços de valor adicionado (SVA) da Claro, Rafael Lunes, reconheceu que é necessário segmentar essa tabela para que o mercado volte a crescer. Ele entende que campanhas que envolvam interação com o consumidor via SMS deveriam ter um preço mais baixo por mensagem do que aquelas que sejam puramente de mobile advertising.

Outra questão sempre mencionada no mercado é o fato do mobile advertising ainda carregar a imagem de que as operadoras

não conseguem entregar dados confiáveis sobre o resultado de campanhas para celular. Mas especialistas e executivos desta cadeia de valor afirmaram que a falta de métricas não é um problema para o segmento de publicidade móvel. “Dá para saber quem baixou, quem acessou e quem comprou pelo aplicativo. Isso é mito. Quem não domina, abomina”, pontua Leo Xavier, presidente da Pontomobi.

Melissa Beltrão, diretora de soluções mobile da Yahoo, corrobora a mesma opinião e apontou que, no seu ponto de vista, o mundo móvel oferece mais métricas que a própria internet. “Dá para colocar inúmeros filtros, como por tipo de aparelho”, detalha.

O Yahoo oferece a ferramenta de busca dos portais das operadoras Vivo, Claro e, recentemente, fechou com a TIM. Melissa conta que não existe mais distinção entre os produtos para a web e para o celular e que as 60 pessoas da área comercial da empresa vendem anúncios para as duas plataformas. “Os mais novos nem acreditam que a parte móvel era uma empresa separada dentro do Yahoo”, diz ela.

CaMpanhas no Celular ainda têM Custo alto

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4 4 T I I n s I d e | o u T u b r o d e 2 0 1 0

>internet

Os números são alentadores quando falamos em e-commerce no País, no entanto, ainda existe um desencontro de

informação entre as fontes de pesquisas de mercado. Algo que pode até prejudicar a entrada de novos players e de novos investimentos por conta da imprecisão e abismo entre os números. Vejamos: enquanto um estudo encomendando pela Visa revelou que o e-Commerce cresceu 170% entre 2007 e 2009 no Brasil, atingindo US$ 13,23 bilhões somente em 2009, a e-bit e a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (câmara e-net) apontam que o mercado ao final de 2009 era de R$ 10,6 bilhões. Uma diferença que mesmo antes da conversão do dólar em reais já ponta uma discrepância.

“Existem hoje muitas medições que acompanham o segmento. Eu acredito

um período de aumento expressivo dos consumidores virtuais, atingindo a marca de 23 milhões de e-consumidores contra os 17,6 milhões registrados no ano passado.

ataque e defesaEm defesa de seus números,

Guillermo Rospigliosi, diretor-executivo de canais emergentes da Visa Inc. cita que eles são decorrentes de dados bem concretos. “Estamos confortáveis com os nossos indicadores. E este é o terceiro estudo que fazemos, depois dos anteriores em 2006 e 2008”, argumentou.

Por outro lado, Tolda aponta que os 170% de crescimento de mercado entre 2007 e 2009 detectados pela pesquisa da Visa não são reais. “Em dois anos algo como 80% já seria interessante, 170% é um exagero. O próprio Submarino não cresceu nem 80% no período. Acho que esse índice de 170%

que o e-commerce cresça na taxa dos 30% ao ano, e deve seguir nesse patamar nos próximos cinco anos”, garante Stelleo Tolda, vice-presidente de operações do MercadoLivre, falando de uma taxa próxima daquela avaliada pela e-bit e a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico para o crescimento do setor este ano, avaliado por eles em 35%, chegando aos R$ 14,3 bilhões de faturamento.

Apenas no primeiro semestre, apontou a e-bit, o mercado movimentou R$ 6,7 bilhões, alavancado pela entrada recente de novos players e ainda pelo advento da Copa do Mundo, que acelerou a venda de televisores pela web. Com o segundo semestre turbinado pelo Natal, que promete novamente bater recordes de faturamento, de acordo com a e-bit (veja como eles chegaram aos seus números no Box: Metodologia dissecada), 2010 pode ainda representar

enquanto a Visa aponta que o e-commerce no país cresceu na ordem de 170% entre 2007 e 2009, a e-bit e a Câmara brasileira de Comércio eletrônico estimam outros números, assim como players do peso de um Mercado Livre. Vamos tentar entender os números e os fatores que têm levado as taxas elevadas de crescimento

e-comm cresce, mas qual a velocidade?

CLAUDIO FERREIRA

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o u T u b r o d e 2 0 1 0 | T I I n s I d e 4 5

“A confiança dos e-consumidores em relação à segurança nas transações pela internet aumentou e chega a 77% no brasil”GUILLERMO ROSPIGLIOSI

não corresponde a realidade”, critica.Números para lá e para cá à parte, se

nos fixarmos em 35% ou 40%, a taxa já é extremamente relevante. Para a e-bit, o comércio eletrônico faturou R$ 7,8 bilhões no Brasil de janeiro a julho deste ano, um crescimento de 41,2% em comparação ao mesmo período do ano passado, algo que se comparado com o “mundo real”, representa vendas superiores ao total alcançado pelos shoppings centers da Grande São Paulo no mesmo período, estimado em R$ 7,2 bilhões. Os dados resultam de uma pesquisa desenvolvida pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) em parceria com a empresa e-bit.

Avaliando apenas a Grande São Paulo, o e-commerce movimentou R$ 1,25 bilhão de janeiro a julho de 2010, uma alta de 29,3% ante igual período de 2009. Apenas em julho, o segmento correspondeu a 2,3% do total das vendas locais. No total do “bolo” do varejo na Grande São Paulo em 2010, a Fecomercio projeta um crescimento de 7% ou 6,6% no varejo tradicional e 25% pelo meio eletrônico.

a receita do boloMas quais os fatores que tem

contribuído para garantir altas taxas de crescimento mesmo passando, como aconteceu em 2009, por um momento de crise econômica global? De acordo com a pesquisa da Visa, diversos fatores contribuíram para essa evolução do e-commerce, como: mudanças (ou maior confiança) no comportamento dos consumidores, percepções e demanda; aumento no número de computadores; maior penetração da banda larga; melhorias da segurança online; expansão das indústrias-chave tais como viagens e turismo, além do aumento da aceitação dos grandes varejistas. Veja mais detalhes do estudo da Visa abaixo:

Penetração de computadores e banda larga: no que se refere à tecnologia, mais acesso à Internet e a maior penetração da banda larga contribuíram com o crescimento do canal. Conexões mais rápidas facilitam as compras on-line já que esta é uma maneira mais fácil e conveniente de adquirir bens e serviços tanto regionalmente como internacionalmente.

Pagamentos com cartão oferecem mais segurança online: muitos emissores e comerciantes tornaram as transações

dos entrevistados consideram os níveis de segurança para compras online como altos ou muito altos. “No Brasil, chegamos aos 77% de confiança, o que favorece a prática”, aponta Rospigliosi.

Presença dos grandes varejistas: quanto mais as empresas reconhecem que o comércio eletrônico representa uma grande oportunidade para os seus negócios, mais elas têm modificado e implementado novos e avançados modelos de negócios online adaptados às necessidades específicas dos consumidores, o que tem aumentado o número de transações online localmente – vide entrada das Casas Bahia – e regionalmente. Quanto mais os grandes varejistas continuarem apresentando ofertas cada vez mais sofisticadas, mais eles contribuirão com o aumento do volume de transações online.

Para a Visa, o Brasil tem se beneficiado principalmente pela entrada de novos grandes varejistas, como Wal-Mart e Casas Bahia, neste canal de vendas. A entrada desses players

somada a grandes investimentos tecnológicos e logísticos e ao fluxo de 4,4 milhões de usuários de Internet no País têm contribuído para o rápido crescimento do Brasil, que registrou mais de US$ 13 bilhões em 2009, o que representou 61% do total de gastos realizados através de comércio eletrônico na região.

Crescimento da indústria de turismo: essa indústria é responsável, sozinha, por uma grande parte do comércio

online mais seguras para seus clientes. A percepção dos consumidores sobre a segurança e a confiabilidade associada ao processamento de transações online feitas com cartões melhorou muito ao longo dos anos, abrindo caminho para

mais consumidores se motivarem a fazer compras online.

O estudo indicou que 88% dos consumidores entrevistados em toda a América Latina e Caribe (veja ainda o BOX: Muito bem na região) preferem os pagamentos eletrônicos no lugar de dinheiro, cheque e transferência bancária quando realizam compras online, devido à maior segurança e comodidade que os meios de pagamento eletrônico oferecem. Além disso, mais de 72%

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Na avaliação regional de toda a América Latina e Caribe, os gastos online subiram 106% de acordo com a Visa e o Brasil foi o grande motor, com os tais 170% no período. O país inclusive representa 61% de todo o consumo

online da região, bem a frente das “fatias” do México com 12% e do Chile com 5%. Na comparação e-commerce com o PIB, o meio de compras digitais representa 0,84%. Ainda distante do índice nos Estados Unidos que chega aos 2,5% do PIB.

“O Brasil está mais à frente que seus pares na região. Chile, México e Argentina possuem mercados menores e estão em um estágio atrás. A penetração do e-commerce no Chile é alta, mas o mercado é restrito. E temos o México com o monopólio de comunicação que inibe o crescimento da web”, aponta Tolda, que possui a visão de toda a região por conta da penetração do Mercado Livre.

Muito BeM na região

aValiando apenas a grande são paulo, o e-CoMMerCe MoViMentou r$ 1,25 Bilhão de Janeiro a Julho de 2010, uMa alta de 29,3%, ante igual período de 2009

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>interneteletrônico na região, principalmente

hotéis e companhias aéreas. Nos últimos anos, várias empresas passaram a oferecer promoções exclusivas e altamente competitivas disponíveis apenas nos seus websites e, com isso, guiam as vendas diretas e aumentam o tráfego via Internet. Muitas pequenas e médias empresas da indústria do turismo também começaram a seguir as estratégias de comércio eletrônico das grandes empresas e adaptá-las às suas necessidades, implementando com sucesso suas vendas online.

universo em expansãoNa avaliação final da Visa: “o

comércio eletrônico é um canal em que as grandes empresas, e também as pequenas e médias, podem se desenvolver, com um grande potencial de acesso a novos mercados e a mais clientes. Este canal tem permitido às pequenas empresas, que funcionam de maneira bastante informal, integrar-se a uma plataforma mais adequada para realizar seus negócios”.

Como parte da sua estratégia de e-Commerce, a Visa Inc. adquiriu recentemente a Cybersource Corporation, empresa especializada no fornecimento de soluções de pagamentos eletrônicos, controle de risco e segurança de pagamentos, com o objetivo de facilitar e incentivar o comércio eletrônico em todo o mundo. A Visa entende que o aumento dos investimentos em tecnologia, plataformas, produtos e serviços são essenciais para o desenvolvimento do comércio eletrônico da região.

Como complemento, Tolda, do MercadoLivre, aponta que apenas 1/3 da população brasileira possui acesso à web, e os restantes 2/3 podem garantir taxas altas de crescimento à medida em que entram no mercado. “Temos estimativas internas que apontam que apenas 25% de quem tem acesso fez compras online, isso também é um fator de crescimento da base de compradores”, conclui.

Outro fator específico do Brasil, é o aumento do poder aquisitivo da classe C. “Esse contingente de consumidores também têm ganho mais peso quando falamos em e-commerce”, aponta Rospigliosi. Um fato que tem sido motivação de avaliação e até mesmo da cobiça dos players de e-commerce.

O site de compras do Extra chegou a TV digital e busca atingir o público da classe C. A meta é oferecer mais

comodidade aos clientes e a possibilidade de acessar ofertas exclusivas pela televisão. A novidade ocorre graças ao StickerCenter, portal gerenciador de aplicações baseado no padrão DTVi voltada a negócios interativos. A tecnologia

foi desenvolvida pela Totvs e funciona com um módulo embarcado nos televisores ou nos receptores. Os Stickers são acionados por meio do controle remoto. A concretização da compra é feita pelo televendas, com a informação do código do produto.

A interação permite uma nova forma de marketing digital através do aparelho mais utilizado pelos brasileiros, ou seja, a televisão e torna-se uma alternativa para atender à crescente demanda de consumo das classes D, C e B que são

as que mais crescem no Brasil. “O e-commerce do Extra é democrático e busca dialogar com a família brasileira onde ela estiver, nos mais diferentes canais de comunicação. A marca reforça assim sua presença nos meios digitais e busca um relacionamento mais próximo com os consumidores”, afirma German Quiroga, diretor de e-commerce do Grupo Pão de Açúcar.

Filtro e razõesMas qual o grande gargalo que o

e-commerce enfrentará nos próximos anos? Aparentemente são os mesmos do comércio formal: deficiências na logística e infraestrutura do país. “É o grande gargalo, mas acredito que a iniciativa privada ache seus caminhos, temos visto a oferta de serviços diferenciados e alternativos que minimizam os problemas”, garante Tolda.

E como explicar que um player como a B2W – dona do Submarino, Americanas.com e outras marcas – não consiga ter resultados tão expressivos

na Bolsa de Valores? Para os analistas, a concorrência acirrada no Brasil, ao contrário de outros países da América Latina, pode explicar essa evolução lenta das ações da B2W.

Para 2011, a expectativa geral é seguir no ritmo de crescimento entre 35% e 40%, assim como nos próximos 4 ou 5 anos. Depois, dizem os analistas, será necessária uma avaliação para saber se o ritmo, a partir de um mercado mais consolidado, será um pouco menor.

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“existem hoje muitas

medições que acompanham o

segmento. eu acredito que o

e-commerce cresça na taxa

de 30% ao ano, e deve seguir

neste patamar pelos próximos

cinco anos”STELLEO TOLDA,

VICE-PRESIDENTE DE OPERAÇõES DO

MERCADOLIVRE

A pesquisa sobre e-commerce da e-bit parte de amostra de 2.500 empresas no Brasil, o que representa mais de 90% do faturamento do e-commerce. São aplicadas todos os meses 100 mil pesquisas, e exclui-se da amostra o

setor de serviços, passagens aéreas e vendas de veículos.Já o estudo da Visa foi conduzido pela AmericaEconomia Intelligence. E seus

resultados foram baseados em pesquisas coletadas entre 2008 e 2009 na região da América Latina e Caribe, baseados nas informações fornecidas pelas fontes oficiais de cada país (Câmaras de Comércio Eletrônico ou Associações). As informações foram categorizadas e complementadas com a análise industrial de especialistas, relatórios financeiros de grandes empresas e duas pesquisas: TGI 2009, feita pela KMR, e uma pesquisa online feita, em maio de 2009, pela AmericaEconomia Intelligence.

Metodologias disseCadas

hÁ duas VisÕes soBre a reCeita do e-CoMMerCe no Brasil: us$ 13,3 BilhÕes, segundo a Visa, e r$ 10,6 BilhÕes, de aCordo CoM a CÂMara e-net

Page 47: Revista TI Inside - 62 - Outubro de 2010

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Page 48: Revista TI Inside - 62 - Outubro de 2010